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Três escolas que abandonaram o formato de organização por leiras contam como a
experiência mudou a dinâmica na sala de aula
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25/04/2018 Fileiras na sala de aula, nunca mais
começou a “maquinar” como aquela experiência portuguesa poderia inspirar a
realidade de sua escola. “Não copiamos o modelo, mas buscamos inspiração para
os desa os que a gente tinha e, a partir daquelas experiências, desenhar nosso
projeto com outras abordagens”, diz Ana. Mas a Amorim Lima tinha um desa o
imenso. “Precisávamos sair de um modelo tradicional em que o professor só se
preocupava com as suas turmas e seu trabalho para ter um espaço coletivo”,
relembra. Os pais não vieram buscar o
aluno. E agora?
Saiba quais são as responsabilidades da
escola quando pais e responsáveis se
atrasam demais para pegar a criança
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problemas de fato. Foi um momento importante, em que todos nós olhamos para
nossa coerência”.
A transição de modelos
Para quem sempre foi tradicional, mas decidiu mudar, é preciso um pouco de
paciência. A colaboração e compreensão da comunidade é essencial para que a
transição não seja abalada pelo pessimismo sobre o modelo. Eliane da Motta
Pinheiro já integrava o corpo docente quando a EM Waldir Garcia decidiu “deixar
de ser tão tradicional”. A apreensão reinou durante algum tempo. “No primeiro
ano da mudança, eu sofri. As crianças de seis anos já são inquietas por natureza e
a conversa cou mais evidente”, relata a professora do 1º ano do Fundamental.
As reclamações foram generalizadas: as crianças não paravam mais sentadas, era
muita falação, indisciplina e os professores estavam com di culdade de dar aula.
Não eram apenas eles que queriam a volta do modelo tradicional. “Os pais me
procuravam para falar que antes a escola era organizada, mas que agora estava
uma bagunça. Teve até denúncia na secretaria de Educação”, relembra Lúcia. A
diretora decidiu então embarcar juntamente com outros membros da equipe para
São Paulo em uma imersão de escolas que já haviam adotado a prática com
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sucesso, como a Amorim Lima e o Projeto Âncora, em Cotia, no interior do
estado.
No Projeto Âncora, uma associação lantrópica, não existem aulas e nem séries.
A organização é por núcleos de aprendizagem: iniciação, desenvolvimento e
aprofundamento – cada um com seu propósito. “Independentemente da idade,
as crianças são organizadas pelo grau de autonomia. Isso não signi ca que uma
criança de três anos vai car junto com uma de 12, porque os graus de autonomia
são diferentes”, explica Edilene Morikawa, coordenadora pedagógica do projeto.
Nesses núcleos, as crianças ganham autonomia para tomar decisões, desenvolver
seus percursos de aprendizagem e construir senso de responsabilidade individual
e coletivo.
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Eles compartilham mesas coletivas, quadradas, redondas, mas também
individuais. Mas não são elas que de nem a mudança. “Para nós, a mesa é
apenas mais uma ferramenta para desenvolver algo maior. Não é ela que
determina se uma criança aprende mais ou menos dependendo de como se
posiciona”, diz a coordenadora. No Âncora, todo o território escolar é realmente
visto como espaço de aprendizagem: salas de aula, da coordenação, refeitório,
horta e outros espaços abertos. A inspiração também veio da Ponte, em Portugal.
O impacto da mudança
“Com a mudança das carteiras, a gente começa a mudar outras coisas”, admite
Lúcia. É preciso construir novas relações entre professores e alunos, mudar
atitudes diárias, o modo de ensinar e de orquestrar a dinâmica da sala. Sem o foco
na lousa e no professor, as três escolas optaram por trabalhar com roteiros de
estudo e pesquisa. Qual a vantagem? O respeito ao ritmo de aprendizagem de
cada aluno.
“A gente até usa a lousa ainda, mas não é o principal”, a rma a diretora da
Waldir Garcia, em Manaus. Na avaliação da formadora Célia Senna, o objetivo da
mudança da organização do espaço é justamente para que o modo tradicional de
ensinar seja revisto. “Nada impede que, em um primeiro momento, as instruções
estejam na lousa e se vá adaptando aos poucos. A possibilidade de um material
impresso, como os roteiros, é uma opção interessante”.
E como ca a avaliação?
A primeira vantagem é a quebra do estigma que separa os bons alunos dos ruins:
quem ocupa as primeiras carteiras são os alunos dedicados, os “CDFs”, enquanto
o fundão ca por conta dos bagunceiros. “Nessa disposição, ca mais fácil
perceber o que estão fazendo. Di cilmente alguém vai se debruçar na carteira
para dormir em grupo”, diz Célia. Mas a lista de ganhos é longa, de acordo com
as escolas: amplia a inclusão de crianças com de ciência e de alunos
estrangeiros, melhora a convivência e colaboração tanto entre estudantes quanto
professores, maior respeito ao tempo dos colegas e, consequentemente, a
aprendizagem ganha muito.
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Se elas voltariam ao modelo tradicional? “Não”, a rma a professora Eliane. Ana
endossa: “Eu acho que a responsabilidade que eu sinto hoje é muito mais forte.
Essa dimensão do nosso trabalho tomou outra proporção com as mudanças da
Amorim Lima”. Para Lúcia, a resposta vem das crianças novas que chegam à
escola. “Quando pergunto o que eles acham, a resposta é de que é a escola dos
sonhos deles: onde eles conversam, são ouvidos e participam”, diz a diretora.
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