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Mestrado em Exercício e Saúde

Fisiologia  do  Exercício

Pedro Miguel Queirós Pimenta de Magalhães


E-mail: pmaga@ipb.pt
Web: www.desporto.ese.ipb.pt
Mestrado em Exercício e Saúde

Tópicos
4. O sistema cardiovascular e o exercício físico

Funcionamento geral do sistema circulatório


O sangue
Adaptações sanguíneas ao treino
O coração
Adaptações do coração ao exercício e ao treino
Vasos sanguíneos e circulação
Respostas circulatórias ao exercício físico
Regulação e ajustes cardiovasculares ao exercício físico

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Bibliografia

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Bibliografia

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Bibliografia

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Sangue
Funções  do  sangue

Transporte
Transporta o O2 dos pulmões até aos tecidos

Transporta o CO2 até aos pulmões para ser excretado

Transporta nutrientes do sistema digestivo para os tecidos

Transporta os resíduos do trabalho celular para o fígado e rins


para desintoxicação e eliminação

Transporta hormonas das glândulas endócrinas para as células


alvo

Transporta o calor para a pele de forma a ser eliminado,


auxiliando na regulação da temperatura corporal

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Funções  do  sangue
Protecção
Desempenha vários papéis durante a inflamação

Os leucócitos destroem microorganismos e células cancerosas

Os anticorpos e outras proteínas neutralizam toxinas ou ajudam


a destruir microorganismos

As plaquetas promovem a coagulação, minimizando as perdas


de sangue

Regulação
Transfere água para e dos tecidos, auxiliando na manutenção
do equilíbrio hídrico
Atenua os ácidos e as bases, auxiliando a estabilizar o pH
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Formação  de  células  sanguíneas

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Cons<tuição  do  sangue

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Hematócrito  em  
homens  e  mulheres

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Es<mulação  para  a  produção  de  eritrócitos

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Valores  normais  de  Hb  e  Vs  em  homens  e  
mulheres
Indivíduos Idade Hb Hb Conc. Hb VS VS
(g) (g/kg) (g/100 ml) (L) (ml/kg)
Destreinados

Mulheres 37,6 555 8,5 13,6 4,07 62,1

Homens 24,0 805 11,6 15,3 5,25 75,0

Treinados

Mulheres 26,0 800 12,5 14,1 5,67 88,6

Homens 36,0 995 13,7 15,1 6,58 90,1

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Coração
Visão  anterior  do  coração

(atrioventricular esquerda ou mitral)

(atrioventricular direita)

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Cons<tuição  da  parede  cardíaca

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Fibras  musculares  cardíacas

‣ As fibras musculares cardíacas são mais curtas do que


as do músculo esquelético, contendo uma maior
quantidade de mioglobina e de mitocôndrias.

‣ Encontram-se interligadas através dos discos


intercalados, possibilitando que o miocárdio funcione
como se fosse uma única e grande fibra.

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Irrigação  do  coração

‣ O músculo cardíaco é irrigado por duas artérias


principais, as artérias coronárias direita e esquerda.

‣ A maior parte do fluxo sanguíneo venoso (±75%) é


drenado para o seio coronário (veia de grande calibre).

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Irrigação  do  coração

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Irrigação  do  coração

‣ O miocárdio retira do sangue uma grande quantidade e


de O2 (±75%), em comparação com os restantes tecidos
periféricos ±25 a 30%).

‣ O fluxo sanguíneo das artérias coronárias ↑ ±250 ml/min


em repouso para ±1000 ml/min em exercício máximo
(um aumento de 4 vezes mais).

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Resumo  do  controlo  CV  
durante  o  exercício

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Nódos  sinoatrial  (S-­‐A)  e  atrioventricular  (A-­‐V)

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Propagação  do  impulso  eléctrico

‣ O músculo cardíaco possui um ritmo contráctil inerente,


parcialmente resultante da actividade dos nódos S-A e A-
V localizados no átrio direito do coração.

‣ O nódo A-V retarda a transmissão do impulso cardíaco


dos átrios para os ventrículos em 0,10 seg.

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Despolarização  do  músculo  cardíaco
A  ac%vidade  dos  nódos  S-­‐A  e  A-­‐V  pode  ser  alterada  
tanto  pelo  SN  simpá%co  como  pelo  SN  parassimpá%co

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Duração  dos  períodos  da  sístole  e  da  diástole  
em  repouso  e  em  exercício

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Ciclo  cardíaco

‣ O termo ciclo cardíaco refere-se à alternância eléctrica e


mecânica que ocorre no coração durante e após um
único batimento cardíaco.

‣ Em repouso o intervalo de tempo sistólico representa


~1/3 do tempo do ciclo cardíaco total (~0,3 segundos).

‣ Na mesma condição, o tempo diastólico representa ~2/3


do tempo do ciclo cardíaco total.

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Ciclo  cardíaco

‣ Em repouso, o tempo
gasto na sístole
representa 33% do
ciclo cardíaco total
em repouso.

‣ Durante o exercício
máximo a sístole
pode representar
66% do tempo do
ciclo cardíaco total.

(1ª - fecho das válvulas atrioventriculares)


(2ª - fecho das válvulas aórtica e pulmonar)
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Anomalias  da  FC

‣ Bradicardia FC < 60 bpm.

‣ Taquicardia FC > 100 bpm e < 250 bpm.

‣ Fibrilação FC > 250 bpm.

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Treino  e  FC

‣ Em indivíduos treinados, especialmente em regimes


aeróbios, observa-se com alguma frequência uma
acentuada bradicardia fisiológica que se aproxima dos
40 bpm.

‣ Durante a realização de exercícios físicos de elevada


intensidade, o ↑ da FC pode ser superior a 200 bpm em
algumas pessoas, podendo tratar-se de uma
taquicardia sinusal.

Impulso para a despolarização do miocárdio


com origem no nódulo sinoatrial.
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Volume  de  ejecção  do  ventrículo  esquerdo  


em  repouso
‣ Homens
" Sedentários ! 70 a 90 ml.batimento-1

" Treinados ! 100 a 120 ml.batimento-1

‣ Mulheres
" Sedentárias ! 50 a 70 ml.batimento-1

" Treinadas ! 70 a 90 ml.batimento-1


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Volume  de  ejecção  do  ventrículo  esquerdo  


em  repouso
ou volume
sistólico (VS)

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Volume  sistólico  do  ventrículo  esquerdo  em  


repouso

‣ Em repouso, apenas 55% a 60% do volume diastólico


terminal são ejectados normalmente durante cada sístole
ventricular (VS).

‣ Em exercício, a intensidade da contractilidade cardíaca


vai aumentar, elevando também o volume diastólico
terminal para os 75%.

O ↑ da intensidade da contractilidade do miocárdio é mediado


pelo sistema nervoso autónomo e por influências hormonais.

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Retorno  venoso

‣ O aumento do VS depende da quantidade de sangue


que retorna ao coração através do sistema venoso
sistémico.

‣ Eventos responsáveis pelo ↑ do retorno venoso durante


o exercício:

1. Bomba do músculo esquelético;

2. Bomba ventilatória e abdominal;

3. Venoconstrição.
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1. Bomba  do  
músculo  
esquelé<co

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2. Bomba  ven<latória  e  abdominal

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3. Venoconstrição

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Débito  cardíaco  (DC)

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Débito  cardíaco  (DC)

L.min-1 ml.batimento-1

Débito Cardíaco DC = FC x VS

bpm

DC ! Débito cardíaco
FC ! Frequência cardíaca
VS ! Volume sistólico
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Débito  cardíaco  (DC)

‣ Em repouso, existe pouca diferença no débito cardíaco


entre indivíduos treinados e destreinados.

Oscila entre 5 e 6 L/min

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Débito  cardíaco  (DC)

‣ Em exercícios máximos, os indivíduos treinados podem


alcançar valores acima dos 30 L/min.

↑ 5 a 6 vezes em relação aos valores de repouso

‣ Os indivíduos treinados possuem capacidades aeróbias


mais baixas, exibindo um débito cardíaco entre os 20 e
os 25 L/min.

↑ 4 a 5 vezes em relação aos valores de repouso


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Débito  cardíaco  (DC)

‣ Quanto mais elevado for o DC máximo, mais alta será a


potência máxima aeróbia (VO2máx) e vice-versa.

Deve-se essencialmente ao ↑ da FC

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DC,  VS  e  FC  durante  o  exercício


Platô do VS (entre 40 a 60% do VO2máx)

150/170

100/120

(VE)
(DC)

(FC)

DC e FC intimamente
relacionados ao VO2máx

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DC  em  treinados  e  destreinados

‣ No geral, as FCmáx são semelhantes tanto em


indivíduos treinados como em destreinados.

‣ O factor que contribui para o maior DC observado em


indivíduos treinados é o aumento do VSmáx.

O VSmáx de um atleta pode ser quase 2x


superior ao de um indivíduo destreinado.

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Comparação  do  DC  entre  homens  e  mulheres

‣ Para cargas de trabalho com o mesmo VO2, as mulheres


evidenciam um maior DC.

(≠ entre 1,5 e 1,75 L·min-1)

Está, em parte, relacionada com o facto


de as mulheres apresentarem uma menor
capacidade de transporte de O2 devido
aos níveis mais baixos de Hb.

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FC  em  indivíduos  treinados  vs  destreinados

‣ Os indivíduos treinados em regimes aeróbios têm uma


FC de repouso mais baixa comparativamente aos
destreinados, com valores a rondar os 40 bpm.

‣ Uma FC baixa, associada a um VS elevado, dá


indicação de um sistema circulatório eficiente.

Isto ocorre porque para um determinado DC,


o miocárdio não se contrai tantas vezes.

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Ex.
FC  em  indivíduos  treinados  vs  destreinados

‣ Indivíduo treinado em regimes aeróbios, com:


‣ DC = 20L·min-1
‣ VS = 150 ml·batimento -1 (0,15 L·batimento -1)

DC 20 L.min-1
FC = = = 133 bat.min-1 <O 2
VS 0,15 L.bat-1

‣ Indivíduo destreinado, com:


‣ DC = 20L·min-1
‣ VS = 120 ml·batimento -1 (0,12 L·batimento -1)

DC 20 L.min-1
FC = = = 167 bat.min-1
VS 0,12 L.bat-1 47
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FC  para  o  controlo  do  treino

‣ Pode-se utilizar a resposta da FC para:


‣ orientar a intensidade do treino;
‣ determinar os efeitos de um esquema de treino.

Ter a noção que a utilização da FC para o controlo do


treino deve ser sempre feita em bases individuais, devido
à grande variabilidade inter-individual.

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DC  durante  o  exercício  
submáximo  de  curta  
duração  (5  a  10  min.)

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DC  durante  o  exercício  submáximo  de  longa  


duração  (mais  de  30  a  60  min.)

Diminuição progressiva do VS devido:


1. ao ↑ da temperatura corporal (ambientes quentes);
2. à ↓ do volume plasmático. 50
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Variação  da  PA,  VS,  DC,  FC  e  da  diferença  do  conteúdo  
do  O2  em  função  da  intensidade  do  exercício

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DC,  VS  e  FC  
durante  o  exercício

53
DC,  VS  e  FC  durante  
o  exercício  e  na  
recuperação

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Comparação  entre  
PA  e  FC  durante  o  
exercício  de  
braços  vs  pernas

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Vasos  sanguíneos  e  
circulação
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Distribuição  do  sangue  no  adulto  em  repouso

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Hemodinâmica  do  sistema  circulatório

Principais factores hemodinâmicos

‣ Pressão arterial Força propulsora que tende a


movimentar o sangue através
do sistema circulatório.

‣ Resistência ao fluxo Oposição oferecida pelo


sistema circulatório a essa
força propulsora.

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Hemodinâmica  do  sistema  circulatório

Fluxo sanguíneo

‣ O sangue flui ao longo de gradientes de pressão, de


uma área de pressão mais elevada para outra de
pressão mais baixa.

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Pressão  sanguínea  média


(artérias  de  grande  calibre)

100  mmHg
60
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Pressão  sanguínea  média


(artérias  de  médio  calibre)

95  mmHg
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Pressão  sanguínea  média


(arteríolas)

70  mmHg 62
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Pressão  sanguínea  média


(capilares  conXnuos)

35  mmHg
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Pressão  sanguínea  média


(capilares  perfurados)

15  mmHg
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Pressão  sanguínea  média


(vénulas)

10  mmHg
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Pressão  sanguínea  média


(veias  de  médio  calibre)

5  mmHg

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Pressão  sanguínea  média


(veias  de  grande  calibre)

0  mmHg
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Resumo  da  variação  da  PA  média  na  circulação  
sistémica

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Valores  da  tensão  arterial  nas  nas  


componentes  do  sistema  circulatório

As flutuações
tensionais vão
diminuindo, até
desaparecerem
ao nível capilar,
devido à
elasticidade
das artérias

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Pressão  arterial  média

‣ É a pressão mais importante, pois é ela que determina a


velocidade do fluxo sanguíneo através do circuito
sistémico.

‣ Reflecte melhor a pressão que perfunde os tecidos em


qualquer momento específico.

Pmédia
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Cálculo  da  pressão  arterial  média  (repouso)


Pmédia = Pressão diastólica + 1/3 pressão do pulso

P de pulso = Pressão sistólica - pressão diastólica

Ex.

Pmédia = 80 mmHg + 0,33 (125 mmHg - 80 mmHg)


Pmédia = 80 mmHg + 0,33 (45 mmHg)
Pmédia = 80 mmHg + 15 mmHg
Pmédia = 95 mmHg
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Resistência  do  fluxo  sanguíneo

‣ A resistência do fluxo sanguíneo deve-se ao atrito entre


o sangue e as paredes dos vasos sanguíneos.

‣ O atrito depende de:

1. Viscosidade do sangue
2. Comprimento da vaso sanguíneo
3. Diâmetro do vaso sanguíneo

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Anomalias  da  FC

Pmédia
R=
Q

O ↑ da PAS deve-se ao: 1. ↑ do DC


2. ↑ da resistência vascular nos
tecidos metabolicamente
menos activos
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Velocidade  do  fluxo  sanguíneo

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Redistribuição  sanguínea

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Redistribuição  sanguínea      (outra  fonte)

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Redistribuição  sanguínea

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Alterações  do  fluxo  
sanguíneo  muscular  e  
visceral  em  função  da  
intensidade  do  exercício

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Redistribuição  sanguínea

‣ A vasoconstrição dos tecidos menos activos desempenha


um papel especialmente relevante com valores da FC
acima dos 100 bpm.

devido ao:

1. ↑ da actividade do SN simpático;

2. ↑ dos níveis plasmáticos de noradrenalina.

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Redistribuição  sanguínea
‣ Vasodilatação das arteríolas dos grupos musculares
metabolicamente mais activos.

1. ↑ da temperatura;
2. ↑ do dióxido de carbono;
3. ↑ dos iões potássio;
4. ↑ dos iões hidrogénio;
5. ↑ do ácido láctico;
6. ↓ do oxigénio;
7. ↑ da libertação de substâncias
vasodilatadoras de origem endotelial;
8. ↑ da resposta simpática de vasodilatação.
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Exercício  e  volume  sanguíneo


‣ Com o exercício físico ocorre um movimento de plasma
sanguíneo para as células musculares activas e para o
espaço intersticial circundante.

Essa redução (~10%) do conteúdo plasmático


do sangue recebe a designação de
hemoconcentração que, durante o exercício
físico, pode elevar a concentração de Hb em
5 a 10%.

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Treino  e  volume  sanguíneo

‣ O maior volume sanguíneo que ocorre com o treino


contribui para um maior VS observado em indivíduos
treinados nas situações de repouso e de exercício.

‣ Contribui também para a manutenção do retorno venoso


durante o exercício, o qual é necessário para manter um
débito cardíaco adequado.

‣ Com o treino, vai também ocorrer um ↑ das proteínas


plasmáticas, com maior expressão da albumina,
contribuindo para o ↑ da osmolalidade sanguínea.

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Resumo  das  respostas  CV  ao  exercício

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Obrigado  pela  vossa  


atenção!

Pedro Miguel Queirós Pimenta de Magalhães


E-mail: pmaga@ipb.pt
Web: www.desporto.ese.ipb.pt

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