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07/03/2018 Características ambientais dos aviários adotados atualmente no Brasil e respostas no desempenho produtivo – Animal Business Brasil

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Características ambientais
dos aviários adotados
atualmente no Brasil e
respostas no desempenho
produtivo PUBLICIDADE

Por Cecília de Fátima Souza, Fernando Costa Baêta, Ilda de


Fátima Ferreira Tinoco, Letícia Cibele da Silva Ramos Freitas e
Márcia Gabrielle Lima Cândido

Fundamentos de Ambiência em Avicultura

Nas últimas décadas, os envolvidos com a avicultura no Brasil


passaram a se preocupar com o ambiente de produção e sua
signi cativa importância para o desempenho produtivo. As
instalações avícolas estão cada vez mais padronizadas e
tecni cadas, para que as condições ambientais ideais para as
aves no interior das mesmas sejam obtidas e mantidas.

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Interior de galpão de frangos de corte com ventilação por


pressão negativa e fechamento lateral com cortinas azuis.

As perdas produtivas na avicultura, de corte ou de postura, são


causadas principalmente por ondas de calor e altas
temperaturas durante o ano, ocorrência típica de climas
quentes e úmidos. A susceptibilidade das aves ao estresse
calórico aumenta à medida que a umidade relativa e a
temperatura ambiente ultrapassam valores que de nem a zona
de conforto térmico, di cultando a troca de calor das aves.

De acordo com as bases do estudo sobre conforto térmico, o


balanço térmico do animal deve ser nulo, ou seja, a produção de
calor do organismo somado ao calor ganho do ambiente deve
ser igual ao calor dissipado. Caso contrário, o animal tem que
se defender utilizando mecanismos de termorregulação.

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Vista externa de galpão de frangos de corte, com exaustores


em uma das extremidades e fechamento com cortinas nas
laterais.

Animais homeotermos, que é o caso das aves, dispõem de um


centro termorregulador, localizado no hipotálamo, capaz de
controlar e manter a temperatura corporal por meio de
mecanismos siológicos e respostas comportamentais,
mediante o ganho e/ou produção e liberação de calor. Em
experimentos realizados para avaliar o comportamento de
poedeiras veri cou-se que em ambientes caracterizados como
de estresse térmico as aves não apresentaram os
comportamentos característicos de conforto como, tomar
banho de areia, bater e esticar as asas e chacoalhar as penas.
Porém, os autores relataram o aumento de frequência nos
comportamentos de beber água, sentar e car parada. Quanto
mais elevada foi a temperatura do ambiente, menor foi a
atividade física das aves.

Entre as respostas siológicas compensatórias das aves,


quando expostas ao calor, inclui-se a vasodilatação periférica,
resultando em aumento na perda de calor não evaporativo.
Assim, na tentativa de aumentar a dissipação do calor, a ave
consegue aumentar a área super cial, mantendo as asas
afastadas do corpo, eriçando as penas e intensi cando a
circulação periférica. A perda de calor não evaporativo pode
também ocorrer com o aumento da produção de urina.
Temperaturas ambientais acima daquelas preconizadas como
limites da zona de conforto também podem ser letais para aves
na fase inicial de vida, nas quais a perda de água pode gerar
desidratação e ocasionar inclusive a morte.

Imagem termográ ca de franga exposta a


ambiente de estresse calórico.

A principal consequência do estresse térmico na produtividade


animal está relacionada com a ingestão de alimento. Animais
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estressados por calor reduzem a ingestão (associada à queda


na circulação de hormônios tireoidianos) o que
consequentemente leva à perda de peso e aumento da
conversão alimentar, frequente em frangos de corte. Em
relação a galinhas de postura, pode ocorrer redução da
produção de ovos e perda na qualidade, com produção de ovos
mais leves, com casca mais na ou até mesmo sem casca.

Outra resposta siológica é o aumento na taxa respiratória, que


pode levar a uma alteração do equilíbrio ácido-base
denominada de alcalose respiratória, sendo esta a
consequência mais grave do aumento da temperatura
ambiente, e que pode resultar em aumento da taxa de
mortalidade de frangos de corte. Sendo assim, tanto na
produção de frangos de corte, quando na produção de ovos, a
manutenção das aves em estresse térmico resulta em queda na
produtividade e perdas econômicas.

Controle do microambiente em aviários

Para evitar o estresse térmico de frangos de corte, diversos


mecanismos de controle são aplicados aos aviários no Brasil.
De acordo com o tipo de controle ambiental aplicado podem
ser classi cados os seguintes sistemas: Convencional,
caracterizado por condicionamento térmico natural, ou seja, os
galpões têm apenas cortinas nas laterais e aberturas no topo
das coberturas, por meio das quais são de nidos os per s de
uxo de ar no interior, com base em ajustes feitos nas áreas de
entrada e saída de ar e, dessa forma, se atinge o controle
térmico adequado no ambiente interno; Semi-climatizado,
caracterizado por utilização de ventiladores em pressão
positiva que de nem os per s de movimentação do ar e
alteram condições de umidade e temperatura do ar no
ambiente interno, podendo o galpão ter ou não forro;
Climatizado, no qual o controle das condições térmicas é maior
que os anteriores devido ao uso de ventiladores em pressão
positiva ou exaustores em pressão negativa, para controle do
uxo de ar, sendo este conjugado a um sistema de resfriamento
que pode ser por nebulização ou “pad cooling” (placas de
resfriamento adiabático evaporativo).

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Interior de aviário de galinhas de postura com gaiolas em


arranjo piramidal, ventilação natural e coleta de ovos e
distribuição de ração manuais.

Na última década têm sido adotados no Brasil diferentes tipos


de aviários, em função dos processos aplicados para melhoria
do conforto térmico e bem-estar das aves. O modelo Dark
house é caracterizado pela aplicação de exaustores em
pressão negativa, sistema de resfriamento por nebulização ou
“pad cooling”, para controle da ventilação, associados ao
intenso controle da iluminação no aviário por meio de light-trap
nas entrada e nas saídas do ar, além de cortinas e forros
escuros. As intensidades são controladas de acordo com as
idades das aves. O Sistema Brown house assemelha-se ao
anterior tendo como diferença maior passagem de luz natural
nos pontos de entrada e saída do ar. No Blue House e no Green
House é utilizada a teoria da in uência das cores, sendo azul e
verde respectivamente, as que resultam em maior
produtividade das aves. Pode-se assim, fazer o controle da
intensidade da luz por meio de dimmers e da cor da luz por
meio das cortinas e forros. Nesses, o sistema de resfriamento
pode ser por nebulização ou pad cooling, exaustores em
pressão negativa e controle de luz natural por meio de light-trap
na entrada e saída do ar. Por m, pode-se mencionar os aviários
gigantes, que são construções, ditas agroindustriais,
consideradas de grande porte, ou seja, estruturas de 150 m de
comprimento, podendo alcançar 155 m, por 30 a 32 m de
largura. O sistema de ventilação aplicado, nesses tipos de
galpão é por pressão negativa, para o qual o controle rigoroso é
fundamental para se obter bons resultados produtivos.

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Vistas interna e externa de aviário de galinhas de postura com


sistema de ventilação cruzada [exaustores na lateral e entradas
de ar (inlets) no teto], sistema manual de coleta de ovos e
automatizado para distribuição de ração.

No que se refere à avicultura de postura brasileira, pode-se


a rmar que é conduzida predominantemente em galpões
abertos com sistema piramidal de gaiolas. Porém, nas últimas
décadas o cenário da avicultura de postura está se
modernizando e tendendo à implementação de tecnologias
aplicadas desde o processo de distribuição da ração, passando
pela coleta de ovos, recolha e distribuição de resíduos até o
manejo térmico das instalações. Aviários com maiores
dimensões, grandes baterias de gaiolas verticais e manejo geral
totalmente mecanizado já são uma realidade e necessitam de
um intenso controle térmico, obtido principalmente por
sistemas de ventilação por pressão negativa e pad cooling.

Respostas no desempenho produtivo

Alguns pesquisadores avaliaram a distribuição espacial da


temperatura e umidade em aviário de corte com sistema
climatizado (pressão negativa e nebulizadores) e constataram
que a temperatura média da instalação cou em torno de 28°C
e a umidade relativa, de 78%. O aumento de temperatura foi
gradual do centro do galpão para a extremidade onde se
encontravam os exaustores. O maior peso das aves, 3,030kg e
2,475kg para machos e fêmeas, respectivamente, foram
observados em regiões distantes dos exaustores, com
temperaturas próximas a condição de conforto, condizente com
as exigências das funções produtivas das aves. Como
resultados de outras pesquisas, foram veri cadas temperaturas
em torno de 29°C concentradas em uma das laterais do galpão
no sistema Blue House. No aviário Dark House as temperaturas
caram entre 24 e 26°C, também concentradas nas laterais.

Outras pesquisas mais recentes tiveram como objetivo


caracterizar o ambiente térmico de aviários de postura abertos
com ventilação natural e de aviários fechados com ventilação

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em pressão negativa e pad cooling. Nos aviários com pressão


negativa, a região de maior temperatura, 27°C, foi na
extremidade oposta àquela onde estavam os exaustores. Nos
aviários abertos, a região central do aviário foi a zona mais
quente com temperatura máxima entre 26 e 28ºC. Devido a
esta condição ambiental desfavorável, os ovos produzidos,
nesta região central, apresentaram um menor peso e menor
peso de casca. Como resultado de diversos estudos, cou
constatado que em ambientes com temperaturas acima de
28ºC, há redução do ganho de peso e consumo de ração das
galinhas poedeiras com consequente produção de ovos com
menor peso, menor gravidade especí ca e casca de menor
peso, espessura e resistência.

Considerações Finais

O aumento da temperatura interna dos aviários fechados


normalmente está associado a problemas na vedação das
cortinas e perdas na e ciência dos ventiladores, exaustores e
sistema de resfriamento. A caracterização das condições
ambientais nos diferentes tipos de aviários de corte e postura é
processo extremamente importante para que as ilhas de calor
possam ser identi cadas e assim se procedam as escolhas do
controle ambiental adequado e se façam as manutenções
necessárias para que as condições de conforto sejam impostas
às aves e assim se obtenha o seu máximo produtivo.

Do exposto, ca claro que os sistemas para produção avícola


passaram por grandes transformações nas últimas décadas,
especialmente no que se refere à tecni cação, implementando-
se novos equipamentos para controle ambiental, redução do
emprego de mão-de-obra e dos custos de produção.
Igualmente, mudanças relativas às tipologias das instalações
são visíveis. Acredita-se que a tendência para o futuro é a
melhoria contínua nos processos de acondicionamento do
microambiente interno dos aviários visando especialmente o
bem-estar e manejo mais humanizado das aves, para atender a
demanda crescente de um consumidor mais informado e
exigente em relação aos produtos de origem animal que utiliza.
Sendo assim, a indústria deve se manter atualizada em relação
a demanda do consumidor e a qualidade do produto oferecido.

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