Você está na página 1de 76

CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC DE BLUMENAU

JAQUELINE SALDANHA

OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE


BLUMENAU

BLUMENAU
2021
JAQUELINE SALDANHA

OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE


BLUMENAU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Centro Universitário SOCIESC de Blumenau
– SOCIESC como requisito parcial à obtenção
do grau de bacharel em Direito.

Profª. Orientadora: Msc. Mayara Pellenz

BLUMENAU
2021
JAQUELINE SALDANHA

OS BENEFÍCIOS E IMPACTOS DA GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS DE


BLUMENAU

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
bacharel em ciências humanas e aprovado em
sua forma final pelo curso de Direito, do Centro
Universitário Sociesc de Blumenau.

Blumenau, 02 de dezembro de 2021.

___________________________________________________
Profª. Orientadora Msc. Mayara Pellenz

___________________________________________________
Silvia Helena Arizio, Me

___________________________________________________
Edivane Brum, Me

BLUMENAU
2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por me permitir chegar até aqui com saúde,
principalmente no cenário em que vivemos atualmente, e conseguir concretizar esse
trabalho.
Agradeço à minha mãe, pois é o meu maior incentivo.
Agradeço a cada um que de alguma forma me ajudou, influenciou ou motivou
a chegar até aqui, seja por uma simples frase de motivação ou por ajudar no dia a dia.
Agradeço aos meus amigos que fiz durante faculdade, que foram suporte
essencial para a jornada diária de estudos.
Agradeço aos professores, que foram fontes de inspiração e conhecimento ao
longo de cinco anos, e em especial à minha orientadora Mayara Pellenz, pela sua
atenção ao longo desse trabalho.
“A terra possui recursos suficientes para atender as necessidades de todos,
mas não a avidez de alguns.” (Mahatma Gandhi)
RESUMO

A sociedade atual vive um conflito entre o desenvolvimento economico e a


preservação do meio ambiente em que está inserida, produção e consumo
aumentaram drasticamente nos últimos anos. Isso enseja a necessidade da
cooperação entre sociedade, empresas e Estado, cabendo às empresas uma grande
parcela nessa jornada, devido seu papel de extrema importânecia perante o
desenvolvimento sustentável. O objetivo do presente é analisar como as empresas de
Blumenau vem se adequando para contribuirem para o desenvolvimento sustentável
e como que essas práticas adotadas, pode beneficiar as próprias empresas, a
sociedade e o Estado. A responsabilidade ambiental das empresas enseja na gestão
ambiental empresarial, que parte de uma iniciativa pró-ativa da empresa, onde vai
além da legislação e se previne de mudanças de podem ocorrer. Além dessa
obrigação de estar em dia com a legislação, a gestão ambiental propicia atender os
interesses e necessidades dos stakeholders e agregar valor ao seu produto e/ou
serviço, e firma uma imagem positiva perante a sociedade. Foi realizada uma pesquisa
de campo, onde comprovou-se a preferencia da sociedade por empresas que
contrinuam para o desenvolvimento sustentável, pois se preocupam com o local em
que vivem. Com a Prefeitura de Blumenau foram coletados dados onde demonstram
que quando as empresas estão regulares com e possuem uma gestão ambiental, há
uma redução do dispêndio de verbas públicas, podendo ser investida em outras
atividades necessárias. É inegável que a gestão ambiental gera benefícios, mas ainda
é algo que precisa de uma disseminação mais ampla, seja do Estado ou das
empresas.

PALAVRAS-CHAVE: Ambiente. Desenvolvimento sustentável. Direito Ambiental.


Economia Verde. Empresas. Gestão ambiental. Sustentabilidade.
ABSTRACT

Today's society is experiencing a conflict between economic development and the


preservation of the environment in which it is inserted, production and consumption
have increased dramatically in recent years. This gives rise to the need for cooperation
between society, companies and the State, with companies playing a large part in this
journey, due to their extremely important role in sustainable development. The
objective of the present is to analyze how Blumenau companies have been adapting
to contribute to sustainable development and how these adopted practices can benefit
the companies themselves, society and the State. The environmental responsibility of
companies leads to corporate environmental management, which starts from a
proactive initiative of the company, where it goes beyond the legislation and prevents
changes that may occur. In addition to this obligation to be up to date with the
legislation, environmental management provides for meeting the interests and needs
of stakeholders and adding value to your product and/or service, and establishes a
positive image in society. A field research was carried out, which proved society's
preference for companies that contribute to sustainable development, as they care
about the place where they live. With Blumenau City Hall, data were collected showing
that when companies are regular with and have environmental management, there is
a reduction in the expenditure of public funds, which can be invested in other necessary
activities. It is undeniable that environmental management generates benefits, but it is
still something that needs wider dissemination, whether by the State or companies.

PALAVRAS-CHAVE: Companies. Environment. Environmental Law. Environmental


management. Green Economy. Sustainability. Sustainable development.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O tríplice resultado ................................................................................... 25


Figura 2 – Elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável ..................... 27
Figura 3 – Ciclo de vida útil de um produto considerando os impactos ambientais em
cada etapa................................................................................................................. 29
Figura 4 – Medidas de bem-estar.............................................................................. 30
Figura 5 – Tipologias de consumo em relação ao meio ambiente ............................ 31
Figura 6 – Etapas do planejamento ambiental .......................................................... 33
Figura 7 – Indicadores para a sustentabilidade empresarial ..................................... 34
Figura 8 – Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade ................................................... 36
Figura 9 – Modelo de sustentabilidade empresarial .................................................. 36
Figura 10 – Responsabilidade social: temas centrais e exemplos de questões ........ 38
Figura 11 – Motivação para proteção ambiental na empresa ................................... 41
Figura 12 – Diferenças entre a economia tradicional e a nova economia ................. 43
Figura 13 – Benefícios econômicos e estratégicos organizacionais da gestão
ambiental empresarial ............................................................................................... 44
Figura 14 – As etapas do planejamento e do gerenciamento ambientais ................. 46
Figura 15 – Logo certificação FSC ............................................................................ 49
Figura 16 – Logo certificação LEED .......................................................................... 50
Figura 17 – Logo certificação PROCEL .................................................................... 51
Figura 18 – Família de normas NBR ISO 14000 ....................................................... 52
Figura 19 – Avaliação do SGA .................................................................................. 53
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
1 CONCEITO E NOÇÕES GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL E SEUS
PRINCÍPIOS................................................................................................................ 7
1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .............................................................. 9
1.1.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável ....................................................... 10
1.1.2 Princípio do Poluidor-Pagador .......................................................................... 12
1.1.3 Princípio da Prevenção ..................................................................................... 15
1.1.4 Princípio da Precaução ..................................................................................... 16
1.1.5 Princípio da Participação .................................................................................. 17
1.1.6 Princípio da Informação .................................................................................... 18
1.1.7 Princípio da Cooperação entre os Povos .......................................................... 19
2 ASPECTOS DESTACADO SOBRE SUSTENTABILIDADE ................................ 21
2.1 CONCEITO E PRINCIPIOLOGIA ....................................................................... 22
2.2 SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................ 26
2.3 A RESPONABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E SUA CONEXÃO COM A
SUSTENTABILIDADE ............................................................................................... 35
3 GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL .............................................................. 40
3.1 GESTÃO AMBIENTAL INTERNA ....................................................................... 45
3.2 CERTIFICAÇÕES ............................................................................................... 48
3.2.1 Certificação Florestal ........................................................................................ 49
3.2.2 Certificação LEED............................................................................................. 50
3.2.3 Certificação INMETRO/PROCEL ...................................................................... 51
3.2.4 Certificação ISO 14001 ..................................................................................... 52
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... 55
4.1 SEMMAS (PREFEITURA DE BLUMENAU)........................................................ 55
4.2 EMPRESAS QUE POSSUEM GESTÃO AMBIENTAL ....................................... 56
4.3 SOCIEDADE ....................................................................................................... 59
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 65
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 67
5

INTRODUÇÃO

A ágil forma de acesso às informações fez o ser humano se desenvolver em


diversos aspectos. Um deles é a preocupação com o meio ambiente, que tem vindo
cada vez mais à tona em diversos assuntos.
O atual modo de vida, a produção e consumo acelerados, e a preocupação com
a limitação de recursos naturais, são fatores que impactaram as mudanças de hábitos
em grande parte de população e também a cobrança sobre o posicionamento de
marcas e do setor empresarial.
Não apenas a necessidade de se manterem competitivas, mas também a
cobrança da sociedade, ensejam que as empresas passem a assumir um
compromisso com o meio ambiente.
Essa competitividade empresarial em que a sociedade está inserida, de certa
forma gera dificuldades em uma implantação de gestão ambiental, que gere um valor
agregado ao produto/serviço, já que essa competividade está atrelada a entregar
qualidade e sustentabilidade com preço atrativo.
A Organização das Nações Unidas em sua cartilha de metas para 2030 (2017)
indica que é necessário criar políticas sólidas que incentivem as empresas públicas e
privadas a reduzirem ao máximo o uso de substâncias químicas contaminantes e
compostos orgânicos persistentes, bem como incentivar as empresas, em especial as
grandes empresas e as empresas transnacionais, a adotarem práticas sustentáveis.
Destarte, é nítido que a sociedade está em processo de evolução em questões
ambientais, mesmo gritando por socorro, ainda é um processo em amadurecimento.
Deste modo, o presente trabalho engloba em si pesquisas realizadas com
empresas, pessoas da sociedade e poder público, a fim de identificar como o modo
de uma empresa exercer e ter preocupações com meio ambiente inserido pode
influenciar no consumo de seus clientes, bem como estar precavida ao que o mercado
e âmbito jurídico podem exigir.
Para tanto, o presente busca também estudar o contexto e evolução do direito
ambiental e seus princípios, sustentabilidade, bem como como surgiu a necessidade
da gestão ambiental empresarial, como se apresenta nos dias atuais e ressaltar como
esta pode melhorar a relação empresa-meio ambiente. Assim a estruturação deste
trabalho se dá em: introdução, desenvolvimento, apresentação de dados da pesquisa
6

e considerações finais.
Ao final, busca-se responder: como que a gestão ambiental pode proporcionar
um retorno lucrativo para empresas, uma melhor utilização dos recursos públicos e
qualidade à sociedade em que estas empresas estão inseridas?
O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar quais são os benefícios e
impactos gerados através da adesão da gestão ambiental em empresas de Blumenau.
Para atingir o objetivo geral foram abordados em cada capítulo os seguintes
objetivos específicos: apontar o princípio do Direito Ambiental e seus princípios;
destacar aspectos sobre a sustentabilidade; demonstrar quais os benefícios podem
ser adquiridos pela sociedade em geral com a gestão ambiental; apresentar dados
coletados de entrevistas com o tema sustentabilidade e gestão ambiental.
O método que será adotado para esta pesquisa será o indutivo1. As técnicas
serão: Categoria2, Conceito Operacional3, Pesquisa Bibliográfica4 e Documental5.

1
“[...] base lógica da dinâmica da Pesquisa Científica que consiste em pesquisar e identificar as partes
de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral” (PASOLD, Cesar
Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011,
p. 205).
2
Nas palavras de Pasold (PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática.
12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011, p. 25): “[...] palavra ou expressão estratégica à
elaboração e/ou expressão de uma idéia”. Grifos originais da obra em estudo.
3
Reitera-se conforme Pasold (PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e
prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011, p. 37): “[...] uma definição para uma palavra ou
expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que
expomos [...]”. Grifos originais da obra.
4
“[...] Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais” (PASOLD,
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial,
2011, p. 207).
5
“[...] Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais” (PASOLD,
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Conceito Editorial,
2011, p. 207).
7

1 CONCEITO E NOÇÕES GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL E SEUS


PRINCÍPIOS

A sociedade vive em um ambiente que decorre de seus próprios atos, e estes


geram impacto ambiental. Diante desses atos praticados surgiu o Direito Ambiental, a
fim de proporcionar direitos e segurança para a sociedade.
Para Carvalho (2001, p. 126):

Direito Ambiental é o conjunto de princípios, normas e regras destinados à


proteção preventiva do meio ambiente, à defesa do equilíbrio ecológico, à
conservação do patrimônio cultural e à viabilização do desenvolvimento
harmônico e socialmente justo, compreendendo medidas administrativas e
judiciais, com a reparação material e financeira dos danos causados ao meio
ambiente e aos ecossistemas, de um modo geral.

A necessidade de proteção ao meio ambiente em que está inserida a sociedade


não é algo recente, mas ganhou notoriedade quando amparado na Constituição
Federal (CF) de 1988 em seu artigo 225:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.

O artigo citado demonstra que a sociedade tem o direito de desfrutar de um


meio ambiente de qualidade, mas também tem a obrigação de mantê-lo preservado
para gerações futuras. Segundo Mazzaroto e Berté (2013, p. 15):

É o meio ambiente que nos proporciona vida. É importante compreender que


o meio ambiente não é um simples objeto de pesquisa ou um armazém de
matérias-primas.[...] ele tem um significado muito maior e nós, seres
humanos, somos apenas uma parte desse contexto.

Sendo um fator essencial para a existência da vida, vem a necessidade de


proteção para tal direito. Silveira e Berté ilustram em sua obra de 2017, um caso em
que a deterioração do meio ambiente resultou no desaparecimento da civilização
local. O caso ocorreu na Ilha de Páscoa, onde vivia a civilização Rapa Nui, o local
sofreu intensa exploração do meio ambiente devido o desenvolvimento, isso gerou a
migração da civilização devido à escassez de recursos naturais.
Na visão de Silveira e Berté (2017, p. 37):
8

A sociedade dá significados ao meio ambiente e aos recursos naturais em


função de sua condição histórica, porém não reconhecer o elo que tem com
a natureza torna rarefeitos os significados que podem ser atribuídos por meio
dessa relação. Quanto mais consciente de sua relação com o meio ambiente,
mais consciente de si mesma e de sua cultura estará a sociedade.

Diante de tudo isto, existe a necessidade de desenvolver uma relação sadia de


sociedade, Estado e empresas com o meio ambiente. Daí surge o Direito Ambiental,
que é um ramo jurídico que permite regulamentar esse equilíbrio.
O Direito Ambiental se efetivou na Constituição Federal de 1988, no artigo 225,
já mencionado, e ele abrange não só o meio ambiente, mas também assegura
proteção aos animais, ao patrimônio cultural e atividades que norteiam as atividades
humanas.
A CF trouxe em si a tutela dos valores ambientais, e se destaca ao tratar de um
direito que vai além de ser um bem público ou privado, pois vai além do direito
tradicional e se classificando como um direito difuso.
Direitos difusos são assim classificados por não poderem dimensionar o seu
impacto, onde os tutelados são indeterminados. Pode-se usar como exemplo o direito
ao ar puro, que é essencial à vida, mas não há como dimensionar sua abrangência,
pois todo o mundo é afetado.
Para Fiorillo (2021, p. 69):

O art. 225 estabelece quatro concepções fundamentais no âmbito do direito


ambiental: a) de que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado; b) de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
diz respeito à existência de um bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, criando em nosso ordenamento o bem ambiental; c)
de que a Carta Magna determina tanto ao Poder Público como à coletividade
o dever de defender o bem ambiental, assim como o dever de preservá-lo; d)
de que a defesa e a preservação do bem ambiental estão vinculadas não só
à presentes como também às futuras gerações.

Neste ponto, é de extrema valia o compromisso e a seriedade da prática dessa


obrigação imposta a todos, já que todos compartilham do mesmo ambiente e as
consequências afetam a todos.
É necessário destacar que o artigo 225 da CF usa a expressão “todos” em sua
composição. A palavra todos não é direcionada apenas ao ser humano, mas também
a tudo que possui vida. Assim, o ser humano tem limitações em sua exploração à
animais e à natureza.
Sendo todos tutelados pela própria CF, ocorre o conflito de direitos e que geram
9

entendimento contrários. Pode-se usar como exemplo a farra do boi, tema abordado
pelo STF no RE 153.531-8, onde foi proibida sua prática por ser cruel com o animal.
Quando uma tradição cultural é apresentada com atos que ferem o direito
imposto no artigo 225 da CF, vem à tona o questionamento de até onde pode ir a
tradição cultural. A artigo 225 da CF é claro em sua disposição quando informa “Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida[...]”, assim pode-se afirmar que tradições
culturais geradoras de crueldade, tortura e ilegalidade não se apresentam como um
item essencial para a qualidade de vida.
Assim, o Direito Ambiental aborda a tutela de toda e qualquer vida,
resguardando o essencial ao ser humano.
O advento da CF resultou na recepção da Lei 6.938/81, que tem como objetivo
o exposto no art. 2:

[...]tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade


ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana.

A Lei 6.938/81 é de extrema relevância, já que desenvolveu o funcionamento e


diretrizes das políticas públicas perante ao meio ambiente.
Apesar da existência dessas diretrizes impostas em lei e do posicionamento do
ordenamento jurídico, ainda há conflitos em entendimentos sobre este assunto. Para
haver um equilíbrio entre esses entendimentos é que há a existência de princípios
basilares.

1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Os princípios do Direito Ambiental, além de serem instrumentos que direcionam


para um sistema sadio entre sociedade e meio ambiente, também tem intenção de
orientação e promover a consolidação da tutela do meio ambiente.
Para Fiorillo (2021, p. 87):

Aludidos princípios constituem pedras basilares dos sistemas político-


jurídicos dos Estados civilizados., sendo adotados no Brasil e
internacionalmente como fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada
10

e indicativos do caminho adequado para a proteção ambiental, em


conformidade com a realidade social e os valores culturais de cada Estado.

Os princípios do Direito Ambiental são orientadores e reguladores da execução


de forma correta.

1.1.1 Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Este princípio abrange a utilização de recursos ambientais de forma sustentável


de uma maneira que atendam às necessidades da sociedade, assim como das futuras
gerações.
O termo desenvolvimento sustentável originou-se no Relatório de Brundtland
(Our Common Future de 1987), realizado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, onde foi definido que desenvolvimento sustentável é:

Aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a


possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias
necessidades. Ele contém dois conceitos-chaves:
O conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos
pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade;
A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social
impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes
e futuras.

O desenvolvimento sustentável permite sinergia entre os aspectos econômicos,


elevada produção e intenso consumo com os recursos naturais, sem haver riscos, já
que a sociedade depende destes recursos.
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 68):

Até os anos 1980 o termo sustentável era mais utilizado por profissionais da
área ambiental como referência a um ecossistema que permanece robusto e
estável (resiliente), apesar de agressões decorrentes da exploração humana.
Por exemplo, pesca sustentável é aquela que não compromete a reprodução
dos cardumes, isto é, não afeta a sua estrutura enquanto nicho ecológico.

O Relatório de Brundtland divulgou dados alarmantes e que engajaram a


necessidade de mudança em relação ao meio ambiente, como conseguir equilibrar o
crescimento e desenvolvimento sem resultar em sequelas ao meio ambiente. Este
relatório se baseia em políticas públicas, ou seja, uma ação do Estado. Relata o texto
do relatório Nosso Futuro Comum:
11

O mundo deve desenhar, rapidamente, estratégias que permitam que as


nações saiam de seu processo de crescimento e desenvolvimento atual,
geralmente destrutivo, em direção ao desenvolvimento sustentável. Isso vai
exigir uma orientação das políticas [públicas] em todos os países, tanto no
que diz respeito ao próprio desenvolvimento e a seus impactos sobre o
desenvolvimento de outras nações.

Tal estratégia desenhada para atingir o desenvolvimento sustentável é


necessária a ação de governos, empresas e sociedade.
O Relatório de Brundtland foi o pontapé para levar este tema a discussões
internacionais com mais frequência e também ganhar destaque e enfoque necessário
para executar o plano estratégico.
Para atingir os objetivos propostos em anos anteriores, a ONU promoveu a
Agenda 21, que foi divulgada no Rio 92.
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 72) a Agenda 21:

[...] foi concebida como um plano de ação para ser adotado nos níveis
internacional, nacional e local, envolvendo diversos tipos de atores sociais
(governos, empresas, organismos internacionais e Organizações Não
Governamentais) que podem cooperar para a solução dos problemas
socioambientais.

Essa conferência incentivou e provocou um compromisso em todos para


executar o desenvolvimento sustentável. Assim, os Estados deveriam implantar ações
que pudessem apresentar resultados de um desenvolvimento sustentável efetivo.
O desenvolvimento sustentável para se efetivar precisa ser composto por ações
do Estado, empresas e pessoas, pois ações pequenas como reciclagem, redução do
desperdício e atitudes conscientes, desencadeiam resultados a longo prazo, pois
assim, o conceito principal do desenvolvimento sustentável se concretizará.
Em uma nova conferência realizada em 1997 pela ONU, para avaliar resultados
dos planos traçados em 1992, constatou-se que esses resultados foram pouco visíveis
e que seria necessário um plano que pudesse se concretizar e pôr em prática o
desenvolvimento sustentável.
Diante os resultados analisados, foi criada em 2015 a Agenda 2030 da ONU,
onde 193 países se reuniram e estipularam 17 objetivos basilares para se atingir o
real desenvolvimento sustentável, visto que cada objetivo precisa ser alcançado para
que então o desenvolvimento sustentável possa ser considerado como alcançado, são
eles dispostos no site da ONU:
12

Objetivo 1: Erradicação da pobreza – Acabar com a pobreza em todas as


suas formas, em todos os lugares;
Objetivo 2: Fome zero e agricultura sustentável – Acabar com a fome,
alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável;
Objetivo 3: Saúde e bem-estar – Assegurar uma vida saudável e promover o
bem-estar para todos, em todas as idades;
Objetivo 4: Educação de qualidade – Assegurar a educação inclusiva,
equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos;
Objetivo 5: Igualdade de gênero – Alcançar a igualdade de gênero e
empoderar todas as mulheres e meninas;
Objetivo 6: Água potável e saneamento – Assegurar a disponibilidade e
gestão sustentável da água e saneamento para todos;
Objetivo 7: Energia limpa e acessível – Assegurar o acesso confiável,
sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos;
Objetivo 8: Trabalho decente e crescimento econômico – Promover o
crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo e trabalho decente para todos;
Objetivo 9: Indústria, inovação e infraestrutura – Construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a
inovação;
Objetivo 10: Redução das desigualdades – Reduzir a desigualdade dentro
dos países e entre eles;
Objetivo 11: Cidades e comunidades sustentáveis – Tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
Objetivo 12: Consumo e produção responsáveis – Assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis;
Objetivo 13: Ação contra a mudança global do clima – Tomar medidas
urgentes para combater a mudança climática e seus impactos;
Objetivo 14: Vida na água – Conservação e uso sustentável dos oceanos,
dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
Objetivo 15: Vida terrestre – Proteger, recuperar e promover o uso
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e
deter a perda de biodiversidade;
Objetivo 16: Paz, justiça e instituições eficazes – Promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis;
Objetivo 17: Parcerias e meios de implementação – Fortalecer os meios de
implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento
sustentável;

Esses objetivos apenas serão alcançados com a consciência de todos, desde


o micro até macro, com a cooperação entre os povos, para que assim possa ocorrer
o real desenvolvimento sustentável com resultados permanentes.

1.1.2 Princípio do Poluidor-Pagador

Tal princípio pode ser considerado com reparador do dano ao meio ambiente
ao máximo possível. É importante ressaltar que este princípio resigna a obrigação de
13

preservar e reparar danos ao meio ambiente, mas isso não significa que é um direito
danificá-lo.
Para Fiorillo (2021, p. 109):

É correto afirmar que o princípio do poluidor-pagador determina a incidência


e aplicação de alguns aspectos do regime jurídico da responsabilidade civil
aos danos ambientais: a) a responsabilidade denominada “civil” objetiva; b)
prioridade da reparação específica de dano ambiental; e c) solidariedade para
suportar os danos causados ao meio ambiente.

A Constituição Federal de 1988 prevê este princípio em seu artigo 225,


parágrafo 3º e artigo 170: “§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI - defesa do meio ambiente;

Este tema já foi abordado pelo STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade


3.378-6-DF de 2008, com a seguinte decisão:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º


E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE
DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE
EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL.
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 1º DO ART. 36. 1. O
compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº
9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver sido a própria
lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de
conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da
separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo
para o Executivo impor deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão
licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a
compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório -
EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-
pagador, este a significar um mecanismo de assunção partilhada da
responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade
econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade.
Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à
defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras
gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade
constitucional. Medida amplamente compensada pelos benefícios que
sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em
sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a
meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor da
14

compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao


impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a
ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do
empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente.
(STF - ADI: 3378 DF, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento:
09/04/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-112 DIVULG 19-06-
2008 PUBLIC 20-06-2008 EMENT VOL-02324-02 PP-00242) (Grifo nosso)

Essa decisão, embasada no princípio do poluidor-pagador, visa que tal princípio


não é composto apenas na necessidade de reparação do dano, mas que existe
também a responsabilidade de amparar os custos para preservação e conservação
do meio que sofrerá os impactos de tal dano ambiental.
Tal decisão também tomou proporções importantes sobre uma legítima
interpretação desse dever imposto a todos, o que possibilitou em que tal princípio
fosse firmado ante a Constituição Federal.
Assim, aquele que é responsável por atividades e ações que resultem ou que
possam resultar em algum dano ao meio ambiente, deve ser aquele que custeia os
gatos, sejam eles para reparação ou prevenção. O único responsável por ressarcir o
dano causado é aquele que causou o dano, sem que essa obrigação caia para
terceiros, seja o Estado ou a sociedade.
Para Machado (2004, p. 54):

O princípio do usuário-pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo


qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado.
Assim, para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou pela sua
poluição não há necessidade de ser provado que o usuário e o poluidor estão
cometendo faltas ou infrações. O órgão que pretenda receber o pagamento
deve provar o efetivo uso do recuso ambiental ou a sua poluição. A existência
de autorização administrativa para poluir, segundo as normas de emissão
regularmente fixadas, não isenta o poluidor de pagar pela poluição por ele
causada.

Diante isto, pode-se afirmar que o princípio do poluidor pagador tem o propósito
de prevenção e reparação.
O princípio do poluidor-pagador, portanto, tem mais de um proposito, estes
ensejam uma ação do Estado em políticas públicas, prevenção por parte do usuário e
consciência da sociedade, pois uma ação que cause danos, não afeta apenas o
usuário, mas todos que usufruem do meio ambiente.
15

1.1.3 Princípio da Prevenção

Existem danos ambientais que podem ser irreparáveis ou irreversíveis, a fim de


que não ocorra tal degradação, destaca-se o princípio da prevenção.
A Constituição Federal garantiu em seu texto a obrigação de todos para a
prevenção do meio ambiente, estando disposto no artigo 225 caput.
Este princípio coloca em prática a prevenção de danos ou catástrofes que já
são premeditados, que se sabe que pode ocorrer. Em um exemplo prático, a
construção de um empreendimento e uma área que será desmatada, o causador
deste dano precisa tomar medidas que supram esse dado ou que amenize ao máximo,
e uma dessas medidas pode ser o plantio de árvores em áreas desmatadas.
Segundo Machado (2002, p. 67) o princípio da prevenção tem como
fundamentos:

1º- identificar, inventariar espécies animais e vegetais de um determinado


território, visando conservação e controle da poluição; 2º- identificar e
inventariar ecossistemas, elaborando o mapa ecológico; 3º- realizar o
planejamento ambiental e econômico integrados; 4º- ordenamento territorial
ambiental para valorização das áreas com sua aptidão; 5º- realizar o estudo
de impacto ambiental.

Diante estes fundamentos, o princípio da prevenção protege o meio ambiente


contra perigos já identificados e conhecidos, diante todo este avanço da tecnologia e
aceleração do consumo.
Ainda segundo Machado (2013, p. 123):

A aceitação do princípio da prevenção não para somente no posicionamento


mental a favor de medidas ambientais acauteladoras. O princípio da
prevenção deve levar à criação e à prática de política pública ambiental,
através de planos obrigatórios.

Com o conhecimento do dano ou perigo que pode ser para a sociedade, fica
fácil agir e não ter que sofrer uma necessidade de restauração.
Nesse sentido, o Direito Ambiental tem como objetivo fundamental a prevenção
dos danos ao meio ambiente.
16

1.1.4 Princípio da Precaução

Apesar deste princípio ser sinônimo do princípio anterior, eles têm distinção
entre si, sendo aplicados de formas diferentes no âmbito jurídico.
Segundo Bonjardim e Aguiar (2010, p. 111):

O princípio da precaução designa ações de proteção contra o perigo abstrato


ambiental, ou seja, em momento anterior à identificação da lesão, em
atividade cujos efeitos danosos ainda não estão determinados pela ciência e
tecnologia, mas há verossimilhança da produção de tais efeitos nocivos, ou
seja, há a potencialidade de dano, cuja ocorrência não se pretende arriscar.
Seu conteúdo exige que as autoridades responsáveis façam a gestão
ambiental da atividade, avaliando os riscos e deferindo sua atuação ou
abstenção com o intuito de impedir a agressão ambiental.

A Declaração do Rio em 92 trouxe em seu texto este princípio como um dos


basilares para atingir os objetivos de tal. O princípio 15 da declaração que contempla
este princípio, enseja a presença da ação do Estado. Diz o texto (1992, p. 5):

De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser


amplamente observado pelos Estados, de acordo com as duas capacidades.
Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de
absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar
medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação
ambiental.

Analisando o texto, pode-se identificar que o princípio da precaução atua antes


dos demais princípios, pois ele garante que não haverá a existência de algo ou alguma
ação, que danifique o meio ambiente, já que seus efeitos são desconhecidos e não
podem ser mensurados para medir o impacto dano. É necessário haver a certeza
científica para garantir catástrofes.
Diante dessa necessidade de haver uma segurança científica, é que cabe ao
desenvolvedor de tal possível dano o ônus da prova, pois ele que precisa garantir que
não haverá danos, ao meio ambiente e sociedade.
Machado em sua obra Direito Ambiental Brasileiro cita a visão do autor
Marchisiso (2011, p. 69):

O princípio da precaução emergiu nos últimos anos como um


instrumento de política ambiental baseado na inversão do ônus da
prova: para não adotar medida preventiva ou corretiva é necessário
17

demonstrar que certa atividade não danifica seriamente o ambiente e


que essa atividade não causa dano irreversível.

Este princípio não deve ser visto como inibidor de desenvolvimento e avanços,
mas sim como aliado à garantia de qualidade de vida, bem como a segurança desse
direito.

1.1.5 Princípio da Participação

O meio ambiente saudável e equilibrado é um direito de todos, mas também é


uma obrigação a preservação do mesmo. Essa obrigação de todos não é implícita,
pois está disposta no artigo 225 caput da CF, sendo uma obrigação do poder público
e sociedade em geral.
Este princípio encontra-se também amparado no princípio 10 da Declaração
Rio 92, que diz (1992, p. 4):

A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a


participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado
às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade
de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e
estimular a conscientização e a participação popular, colocando as
informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se
refere à compensação e reparação de danos. (Grifo nosso)

É evidente falar que a vida depende de um meio ambiente saudável equilibrado,


pois sem a existência de recursos naturais, não haveria sequer a possibilidade de
sobreviver e desenvolver-se. Assim, para a existência de todos, é necessária a
participação de todos para cumprir-se tal princípio.
O inciso VI do artigo 225 da CF ressalta que o Estado deve: “promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;”
São pequenos atos que podem resultar em uma recuperação do meio
ambiente, não apenas no presente, mas geram impacto para gerações futuras. O
objetivo é manter resultados que durem para sempre.
Para Fiorillo (2021, p. 135):
18

Ao falarmos em participação, temos em vista a conduta de tomar em


alguma coisa, agir em conjunto. Dadas a importância e a necessidade
dessa ação conjunta, esse foi um dos objetivos abraçados pela nossa
Carta Magna, no tocante à defesa do meio ambiente.

Diante isto, é necessária uma ação do Estado, para promover a efetivação


deste princípio. Pode-se usar como exemplo a educação ambiental à nível nacional,
para que assim seja cultivado desde cedo nas raízes este princípio.
Ainda segundo Fiorillo (2021, p. 137):

Educar ambientalmente significa: a) reduzir os custos ambientais, à


medida que a população atuará como guardiã do meio ambiente; b)
efetivar o princípio da prevenção; c) fixar a ideia de consciência
ecológica, que buscará sempre a utilização de tecnologias limpas; d)
incentivar a realização do princípio da solidariedade, no exato sentido
perceberá que o meio ambiente é único, indivisível e de titulares
indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente acessível a
todos; e) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades.

É a união de cidadãos e Estado com atos geradores de recuperação e


precaução que garantirão a garantia ao meio ambiente de qualidade.

1.1.6 Princípio da Informação

Este princípio caminha lado a lado ao princípio da participação, pois se


complementam.
No princípio 10 da Declaração Rio 92, já citado, expressa-se este princípio
(1992, p. 4):

[...] No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às


informações relativas ao meio ambiente de que disponham as
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a
oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados
irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular,
colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado
o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no
que se refere à compensação e reparação de danos. (Grifo nosso)

Assim o Estado precisa ser um garantidor de que toda e qualquer informação


pertinente ao meio ambiente, já que todos são interessados. Com as informações
necessárias os cidadãos sabem qual medida tomar, criando mais consciência sobre
os atos praticados.
19

Segundo Fiorillo (2021, p. 136):

Ressalta-se ainda que a informação ambiental é corolário do direito de


ser informado, previsto nos arts. 220 e 221 da Constituição Federal. O
citado art. 220 engloba não só o direito à informação, mas também o
direito a ser informado (faceta do direito de antena), que se mostra
como um direito difuso, sendo, por vezes, um limitador da liberdade de
informar.

Ainda seguindo a lei, há a Lei 6.938/81 em seu parágrafo 9 e incisos VII e XV


citam esse direito:

Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:


[...]
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
[...]
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando
inexistentes;

O acesso à informação tirar a venda da ignorância dos cidadãos e permitem


agirem antes que os danos sejam irreversíveis.

1.1.7 Princípio da Cooperação entre os Povos

Para haver um equilíbrio ambiental mundial, que forneça desenvolvimento


equalitário a todos, é necessária a existência da cooperação entre os povos.
Este princípio é extremamente enfatizado na Declaração Rio 92, conforme
abaixo (1992, p. 2):

5. Todos os Estados e todas as pessoas deverão cooperar na tarefa


essencial de erradicar a pobreza como requisito indispensável do
desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir as divergências nos
níveis de vida e responder melhor às necessidades da maioria dos
povos do mundo.
6. Dever-se-á dar especial prioridade à situação e as necessidades
especiais dos países em desenvolvimento, em particular os países
menos adiantados e os mais vulneráveis desde o ponto de vista
ambiental. Nas medidas internacionais adotadas com respeito ao meio
ambiente e ao desenvolvimento, também dever-se-iam ter em conta os
interesses e as necessidades de todos os países.
7. Os Estados deverão cooperar com espírito de solidariedade mundial
para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do
ecossistema da Terra. Considerando que têm contribuído em diferente
medida à degradação do meio ambiente mundial, os Estados têm
20

responsabilidades comuns mas diferenciadas. Os países


desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca
internacional do desenvolvimento sustentável, em vista das pressões
que suas sociedades exercem no meio ambiente mundial e das
tecnologias e dos recursos financeiros de que dispõem.

Para que haja pleno desenvolvimento mundial, juntamente com um meio


ambiente sadio e de qualidade para todos, é necessário que haja cooperação, auxílio
e empatia entre os Estados, pois nem todos possuem de recursos e estrutura para
oferecer e desfrutar. Isso não significa apenas dispor de meios físicos e sólidos, mas
também de conhecimento, direcionamento e informação, para que todos possam
andar lado a lado, sem o prejuízo de qualquer Estado.
21

2 ASPECTOS DESTACADO SOBRE SUSTENTABILIDADE

Dentre todos os aspectos destacados com relevância sobre o conceito de


sustentabilidade, sua origem, o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade
social empresarial têm um grande e visível destaque. Tais aspetos despertam instigam
esse destaque por englobarem fatores que interferem em todos e tudo, social,
econômico e ambiental.
A sustentabilidade apesar de ter surgido a partir de uma temática ambiental. vai
além de tal conceito, devendo ser vista como um meio de proporcionar soluções
duradouras e seguras em todos fatores que esta engloba.
Nesse contexto, coube à sustentabilidade combinar três essenciais fatores para
uma harmonia global.
O autor Dias (2019, p. 46), defende a o tripé da sustentabilidade, que para ele:

O Triple Bottom Line é também conhecido como os 3 Ps (People,


Planet and Profit, ou, em português, Pessoal, Planeta e Lucro). No
Brasil é conhecido como o tripé da sustentabilidade, é um conceito que
tanto pode ser aplicado de maneira macro, para um país ou o próprio
planeta, como micro, numa residência, nume empresa, numa escola
ou pequena vila.
People – refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa
ou sociedade.
Planet – refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade.
Profit – trata-se do lucro. É o resultado econômico positivo de uma
empresa. Quando se leva em conta o Triple Bottom Line, essa perna
deve levar em conta os outros dois aspectos.

O Triple Bottom Line é direcionador para empresas, mas ele também pode ser
aplicado ao ambiente mais micro possível. Essa possibilidade de aplicação do TBL se
deve ao fato de envolver exatamente todos os aspectos necessários para
sustentabilidade, social, econômico e ambiental.
Para Boff (2020, p. 153), além de ser composta por fatores sociais, econômicos
e ambientais, a sustentabilidade:

[...] não deve ser entendida como um produto final, mas como um
processo que vai criando relações forjadas de sustentabilidade. Isso
nos obriga a equacionar os tempos da natureza (longos e com ritmo
próprio) com os tempos de produção humana (rápidos, buscando
eficácia imediata). Eis um desafio ingente, pois não estamos
habituados a escutar o que a natureza nos diz, nem equilibrar nossos
ritmos aos ciclos naturais.
22

A sustentabilidade vai além de um conceito de preservação, pois se trata de


uma evolução alinhada com tudo e todos.

2.1 CONCEITO E PRINCIPIOLOGIA

A palavra sustentabilidade parece ser um tema atual, devido ao peso da


importância do destaque que recebeu nas últimas décadas, porém sua origem é
distante.
A sustentabilidade não surgiu com o conceito que é a presentando nos dias
atuais. Boff (2020), apresenta em seu livro que começo a partir da preocupação com
a limitação dos recursos propiciados pela natureza, que colocou em debate qual seria
a forma ideal para utilização adequada dos recursos naturais. Por volta de 1700
originou-se essa preocupação, devido a utilização da madeira em excesso, final era a
matéria-prima para construção de casas e móveis, para cozinhas alimentos, aquecer
durante os invernos intensos e intensamente utilizada para construção de barcos em
uma época de desbravamentos dos oceanos.
Segundo Boff (2020, p. 34):

O uso foi tão intensivo, particularmente na Espanha e em Portugal, as


potencias marítimas da época, que as florestas começaram a
escassear.
Mas foi na Alemanha, em 1560, na Provincia da Saxônia, que irrompeu,
pela primeira vez, a preocupação pelo uso racional das florestas, de
forma que elas pudessem se regenerar e se manter permanentemente.
Neste contexto surgiu, a palavra alemã Nachhaltigkeit, que significa
“sustentabilidade”.
No entanto foi somente em 1713, de novo na Saxônia, como Capitão
Hans Carl von Carlowitz, que a palavra “sustentabilidade” se
transformou num conceito estratégico.

Daí pode-se afirmar que a sustentabilidade teve sua origem, limitada apenas à
preocupação cm o excessivo uso da madeira e degradação de florestas.
Ainda na explicação de Boff (2020, p. 35):

Foi então que Carlowitz escreveu um verdadeiro tratado na língua


cientifica da época, o latim, sobre a sustentabilidade (nachhaltig
wirtschaften: organizar de forma sustentável) das florestas com o título
de Silvicultura oeconomia. Propunha enfaticamente o uso sustentável
da madeira. Seu lema era: “devemos tratar a madeira com cuidado”
(man muss mit dem Holz pfleglich umgehen), caso contrário, acabar-
se-á o negócio e cessara o lucro. Mais diretamente: “corte somente
23

aquele tanto de lenha que a floresta pode suportar e que permite a


continuidade de seu crescimento.

Assim surgiu o primeiro conceito sustentabilidade, que nem sempre teve seu
lema cumprido. Diante o agravo da exploração intensa, a sustentabilidade expandiu
seu conceito básico de preservar madeira e florestas, tema intensificado nas últimas
décadas.
Segundo Bosselmann (2015, p. 78): “O princípio da sustentabilidade em si é
mais bem definido como o dever protegere restaurar a integridade dos sistemas
ecológicos da Terra.”
Apesar de ter se originado há muito tempo, a sustentabilidade se firmou apenas
nas últimas décadas, pois a industrialização havia sido o foco principal de toda
sociedade. A partir dos impactos resultados dessa intensa industrialização, surgiu um
novo conceito para sustentabilidade, que foi abordado em eventos que ressignificaram
a sustentabilidade, sendo eles: Estocolmo a Primeira Conferência Mundial sobre o
Homem e o Meio Ambiente (1972), Nosso Futuro Comum (1987) e Rio 92 (1992).
O primeiro evento promovido pela ONU em Estocolmo (1972), contou com a
participação de 113 países, foi a primeira reunião que unia diversos Estados. Nesta
conferência, a sustentabilidade começou a ser desenhada para o que é hoje, e já
destacavam a importância desta em seu item 6 em sua declaração oficial:

Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos


atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que
podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença,
podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da
terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário,
com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente,
podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade,
condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo
com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de
elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória
são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade
de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua
liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve
aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A
defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações
presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade,
que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas
fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento
econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas.

Apesar de não ter apresentado resultados imediatos que possam ser


considerados visíveis, foi o gatilho para um alerta inicial e pôde colher resultados nas
24

décadas seguintes.
Sobre o evento de Estocolmo realizado em 1972, Pereira, Silva e Carbonari
(2011, p. 66) explicam:

O conceito de sustentabilidade explora as relações entre


desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e equidade social.
Ele começou a ser delineado, quando a Organização da Nações
Unidas (ONU) promoveu a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, em Estocolmo Suécia).
Sustentabilidade pode ser definida como a característica de um
processo ou sistema que permite que ele exista por certo tempo ou por
tempo indeterminado. Nas últimas décadas, o termo tornou-se um
princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação
das necessidades presentes não deve comprometer a satisfação das
necessidades das gerações futuras.

Em 1984 ocorreu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento, que teve a participação de muitos especialistas. Esse evento
resultou no relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório
Brundtland.
O Relatório Brundtland trouxe um conceito de prosperidade para
sustentabilidade, onde um olhar de atenção é lançado para as possíveis
consequências dos atos presentes.
Além de apresentar pesquisas, o Relatório de Brundtland deu um novo conceito
para sustentabilidade, também abrangendo o desenvolvimento sustentável, sendo
ele, apresentando no Nosso Futuro Comum: “[...] aquele procura satisfazer as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de satisfazerem as suas próprias necessidades”.
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 69):
Esse relatório apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento,
definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades”. A partir daí, o conceito de desenvolvimento
sustentável começa a se tornar mais conhecido.

Ao definir que gerações futuras precisam ser consideradas nesse conceito,


pode-se ver que o direito difuso, onde os titulares são indeterminados e
indetermináveis, é um dever de todos para com todos. Essa definição se disseminou
e se firmou entre todos os conceitos existentes para muitos autores, e indo além dos
aspectos social, econômico e ambiental.
A figura abaixo demonstra quando há a idealização de sustentabilidade quando
25

se alinha os aspectos sociais, econômicos e ambientais:

Figura 1 – O tríplice resultado

Fonte: PEREIRA, SILVA e CARBONARI (2011) p.78

Para Freitas (2019, p. 45), a sustentabilidade:


[...] trata-se do princípio constitucional que determina, com eficácia
direta e imediata, a responsabilidade do Estado e da sociedade pela
concretização solidaria do desenvolvimento material e imaterial,
socialmente inclusivo, durável e equânime, ambientalmente limpo,
inovador, ético e eficiente, no intuito de assegurar, preferencialmente
de modo preventivo e precavido, no presente e no futuro, o direito ao
bem-estar.

Seguindo a intensificação e disseminação da preocupação de um colapso


ambiental, foi realizada a conferência Rio 92, que resultou no documento Agenda 21.
A Agenda 21 é um plano de ação que visa a reformulação no aspecto ambiental,
econômico e social.
Para Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 72):

Ela foi concebida como um plano de ação para ser adotado nos níveis
internacional, nacional e local, envolvendo diversos tipos de atores
sociais (governos, empresas, organismos internacionais e
Organizações Não Governamentais) que podem cooperar para a
solução dos problemas socioambientais.
26

A Agenda 21 é um compromisso firmado que tem como pilares a cooperação e


participação. Tais pilares precisam de harmonia entre Estado, sociedade e empresas
na execução do plano.
A sustentabilidade tem sido base de muitos discursos dentro do âmbito
ambiental, com a intenção de abrir os olhos da sociedade e conseguir ver que está
inserida em areia movediça e que aos poucos irá sumir, caso não tome
posicionamentos e iniciativas que vão além de palavras.

2.2 SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Não há como falar de sustentabilidade, sem mencionar o desenvolvimento


sustentável, pois por mais que sustentabilidade pareça ser aversa ao
desenvolvimento, ambos trabalham mutuamente. Assim como expressa o quarto
princípio da Agenda 21 (1992, p. 2): “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a
proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento,
e não pode ser considerada isoladamente deste.”
A primeira citação sobre desenvolvimento sustentável foi no Relatório
Brundtland, com o conceito de satisfazer as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas.
Segundo Bosselmann (2015, p. 2015):
[…] desenvolvimento sustentável é igual a “um desenvolvimento
ecologicamente sustentável” e pode ser interpretado da seguinte
forma: “Não há prosperidade econômica sem justiça social e justiça
social sem prosperidade econômica, e dentro dos limites da
sustentabilidade ecológica”. Essa norma pode ser formulada como a
obrigação de promover em longo prazo a prosperidade econômica e a
justiça social, dentro dos limites da sustentabilidade ecológica.

O desenvolvimento sustentável expandiu o conceito de sustentabilidade, indo


além do aspecto ambiental e englobando aspectos econômico e social.
Segundo Barbieri (2020, p. 22):

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano


(CNUMAH) realizada em Estocolmo em 1972, constitui um dos marcos
mais importantes para o entendimento acerca do desenvolvimento
sustentável, embora essa expressão ainda não fosse usada. Ele se dá
no contexto da Segunda Década do Desenvolvimento da ONU, iniciada
em 1971, e que teve, entre outros, os seguintes objetivos: alcançar
uma taxa média anual de crescimento do produto bruto de 6% para o
27

conjunto dos países em desenvolvimento, alcançar para esse conjunto


uma taxa média de crescimento do produto per capita de 3,5%;
distribuir de modo mais equitativo esses resultados a fim de promover
a justiça social, aumentar a eficiência produtiva, ampliar o nível geral
do emprego, de saúde, de nutrição, educação e proteção ambiental.
Também foram estabelecidos os objetivos de melhorar o bem-estar
das crianças, bem como o dos jovens e das mulheres para que estes
possam participar ativamente do processo de desenvolvimento.

A figura seguinte demonstra de forma clara a composição do desenvolvimento


sustentável em seus aspectos.

Figura 2 – Elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável

Fonte: BARBIERI (2020) p.133

O desenvolvimento sustentável é uma forma de poder definir como será o


futuro, pois ações atuais podem mudar o curso de possíveis degradações, destruições
e escassez.
Para Boff (2016, p. 147):

O desenvolvimento sustentável resulta em um comportamento


consciente e ético face aos bens e serviços limitados da Terra. De
saída, impõe sem sentido de justa medida e de auto controle contra os
impulsos produtivistas e consumistas, aos quais estamos acostumados
em nossa cultura dominante. Caso contrário, afetamos o capital
natural, que deve ser preservado, quando não, enriquecido.
28

Diante essa afirmação, é nítido que deve ocorrer uma cooperação mútua e
participação entre Estados e toda sociedade para que o desenvolvimento sustentável
seja alcançado plenamente.
Nas últimas décadas com a obtenção de capacidade financeira da sociedade,
o consumo se acelerou, o que acabou gerando um grande desperdício e também o
grande espaçamento entre classes sociais.
Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 100):

É importante examinar não somente a quantidade de recursos que é


consumida, mas também os padrões de consumo. A eficiência
econômica por si só não resolve os problemas relacionados aos
recursos naturais; é preciso rever padrões atuais de consumo, assinala
o Instituto Akatu, entidade brasileira que tem o objetivo de difundir o
consumo consciente.

O consumo não é um veneno para a sociedade, já que possuir capacidade de


consumo está alinhado com o desenvolvimento sustentável, o problema é quando o
consumo se extrapola, passando a ser consumismo e deixando marcas na sociedade.
Ainda para Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 101):

O consumo é um dos grandes instrumentos de bem-estar, mas é


necessário aprender a produzir e consumir os bens e serviços de uma
maneira diferente da atual, visto que o modelo hoje predominante de
produção e consumo contribui para aprofundar aspectos da
desigualdade social e do desiquilíbrio ambiental.

O consumo é resultado de uma cadeia de processos que envolve todos os


steakholders, e cada um desses tem uma parcela no impacto que o consumo pode
causar.
A figura 3 ilustra o processo percorrido por um produto até chegar na fase de
descarte dos resíduos e restos.
29

Figura 3 – Ciclo de vida útil de um produto considerando os impactos


ambientais em cada etapa

FONTE: ALVES (2019) p. 33

O ciclo de vida de um produto gera impacto em todos, porém o impacto ainda


é maior quando o consumo básico não chega a todos. Grande parte dos problemas
que estão existentes na sociedade são oriundos do não acesso às necessidades
básicas, ainda há pessoas que não tem acesso à água potável, energia elétrica e itens
essenciais à sobrevivência, como comida, medicamento e produtos de higiene. Tudo
isso, por não terem condições econômicas que permitam acesso a isso.
A figura abaixo apresenta quais são as medidas para se atingir o bem-estar de
um indivíduo.
30

Figura 4 – Medidas de bem-estar

FONTE: BARBIERI (2020) p. 43

Na visão de Alves (2019, p. 31):

Os problemas sociais são caracterizados pela grande parcela da


população que não tem acesso a bens e serviços elementares para
sua sobrevivência como alimentos e água, podendo gerar diversos
problemas relacionados à saúde como s desnutrição, por exemplo. Os
problemas sociais também são caracterizados pela parcela da
população desprovida de condições econômicas para adquirir bens e
serviços que lhes deem o mínimo de conforto para viver, podendo
ocasionar situações como subemprego, moradia em condições
precárias, violência, dentre outros. Já os problemas ambientais são
provocados, em parte, pelos impactos ambientais negativos da
produção e descarte de produtos e suas respectivas embalagens, e
também pelo impacto do consumo de bens além do considerado
“suficiente”, resultado em atitudes de consumo denominadas de “luxo”
e “extravagância”, caracterizando o chamado “consumismo” da
sociedade moderna. Paralelamente, as medidas para minimizar esses
impactos ambientais negativos têm sido insuficientes e, em muitos
casos, ineficientes.

O consumo ideal permite uma equidade entre todos, além de evitar o


desperdício. O mais benéfico para a sociedade é atingir o consumo sustentável, que
para Filho (2008, p. 64):

O conceito de consumo sustentável está ligado à satisfação da


exigência publica por melhor qualidade de vida e pelo subsequente
consumo de produtos e serviços de maneira cumulativamente não
destrutiva aos recursos e ameaçadora à vida em escala planetária.
Nesse sentido, mesmo que o grau de consumo pata alguém esteja
31

dentro de suas necessidades, se forem além do que comporta o


sistema ambiental, será considerado consumismo.

Apesar do consumo sustentável ser o ideal, a realidade do indivíduo varia de


um para o outro.
A figura abaixo esclarece as tipologias de consumo em relação ao meio
ambiente:

Figura 5 – Tipologias de consumo em relação ao meio ambiente

FONTE: FILHO, 2008 p. 75

Sempre necessário analisar a realidade de cada indivíduo, mas o consumo


excessivo compromete um dos pilares do desenvolvimento sustentável. Muitas vezes
a sociedade não tem conhecimento da excessividade do consumo, e isso incube ao
Estado prestar toda informação necessário para que a sombra da ignorância se
dissipe.
A obrigação do Estado prestar informações à sociedade está explicito no
princípio 10 da Agenda 21 (1992, p. 3):

“A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a


participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados.
No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as
autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade
de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e
estimular a conscientização e a participação popular, colocando as
informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se
refere à compensação e reparação de danos.”
32

O desenvolvimento sustentável além do mencionado, precisa ter equidade,


para todos se desenvolvam de forma justa. Assim transcreve o quinto princípio da
Agenda 21 (1992, p. 2):

Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável


para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa
essencial de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades
nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da
população do mundo.

A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 225 caput, que a proteção
de defesa do meio ambiente advém de uma atuação parceira entre Estado e a
sociedade civil.
Diante disso, incube ao Estado uma parcela significativa para contribuir com o
desenvolvimento sustentável, seja com informação e assistência à sociedade, como
cobrança e incentivos às empresas para cumprirem seu papel. Assim, além de ser
necessário a preservação da integridade do meio ambiente, são necessárias ações
que estimulem o desenvolvimento social e econômico.
Para Barbieri (2020, p. 51) os aspectos sociais e econômicos são:

1) Sustentabilidade social: refere-se ao objetivo de melhorar


substancialmente os direitos e as condições de vida das populações a
reduzir as distancias entre si padrões de vida dos grupos sociais.
Refere-se, portanto, busca de equidade social entre os membros da
atual geração;
2) Sustentabilidade econômica: refere-se à necessidade de manter
fluxos regulares de investimentos públicos e privados e à gestão
eficiente dos recursos produtivos, avaliada mais sob critérios
macrossociais do que microempresariais e por fluxos regulares de
investimento; [...]

O Estado é uma peça essencial ao processo do desenvolvimento sustentável,


pois ele é o regulador, o fiscalizador e a fonte da informação.
A Constituição Federal de 1988 foi um basilar para regulamentação de leis a
procederam, a sua importância para o desenvolvimento sustentável é destacada por
Freiria (2011) como grande marco em termos da legislação brasileira, pois reservou
um capitulo próprio para o meio ambiente, podendo destacar sua importância e seu
caráter estruturante da política ambiental.
Para que o Estado possa exercer seu papel no atingimento do desenvolvimento
sustentável, é necessário um planejamento, estabelecer metas, para que os objetivos
33

sejam claro e que o caminha a ser traçado seja evidente a todos.


Sobre o planejamento, Freiria (2011, p. 141) define que:

[...] o planejamento, enquanto ferramenta para auxiliar na


administração presente e futura das relações ambientais, é uma das
etapas de gestão que deve estar expressa na política ambiental,
sobretudo na política pública ambiental, uma vez que é a política que
direciona a gestão e, por conseguinte, o planejamento.

Não há um roteiro a ser seguido em um planejamento, pois pode sofrer


adaptações dependendo dos objetivos, mas este planejamento, por evidência, é
indispensável.

Figura 6 – Etapas do planejamento ambiental

FONTE: FREIRIA (2011) p. 142

O planejamento para ser excetuada de forma precisa, precisa da participação


das empresas, pois essas são as estimuladoras da economia e propulsoras do
consumo.
As empresas além de serem as peças fundamentais para a execução do
planejamento, são as que impactam também o âmbito social, já que são apenas
estimuladoras do consumo, mas também geradoras de empresas e crescimento
econômico.
Para Dias (2019) as empresas possuem papel a ser cumprido no âmbito
econômico, social e ambiental. No âmbito econômico, deve cumprir seu papel levando
em consideração o aspecto da rentabilidade, ou seja, dar retorno ao investimento
realizado pelo capital privado. Já em termos sociais, as empresas devem atender os
34

requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados,


sempre visando a cultura existente na sociedade em que está inserida, além disso,
propiciar os deficientes de modo geral. E por fim, no ponto de vista ambiental, deve
pautar-se pela ecoeficiência dos seus processos produtivos, adotar uma produção
mais limpa, exercer uma postura de responsabilidade ambiental e procurar participar
de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades governamentais no que diz
respeito ao meio ambiente natural.
Na figura abaixo expõe como as empresas exercem seu papel no
desenvolvimento sustentável:

Figura 7 – Indicadores para a sustentabilidade empresarial

FONTE: DIAS (2019) p. 43

Dentro do desenvolvimento sustentável, as empresas possuem o papel da


responsabilidade social, que vai além de simples processos, mas sim um
compromisso com todos que estão à sua volta
Ainda tendo governança e planejamento, há o engajamento, que pode ser difícil
de ser despertado em todos. Esse engajamento para se efetivar, precisa ser composto
de: clareza, integração, independência, acompanhamento e adaptação.
Durante as últimas décadas surgiram tecnologias, habilidades e recursos para
o desenvolvimento sustentável seja atingido, mesmo assim ainda continua numa fase
35

extremamente inicial, mas com a união de todos, os frutos serão colhidos e serão
duradouros.
O atingimento de todos objetivos que são considerados englobados pelo
desenvolvimento sustentável é demandado de governança e planejamento de uma
pirâmide, empresarial, sociedade e estatal.

2.3 A RESPONABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E SUA CONEXÃO COM A


SUSTENTABILIDADE

Sendo as responsáveis, em grande parte, por geração de empregos,


pagamento de impostos e ofertas de produtos e serviços para o funcionamento do
mercado, as empresas são engrenagens fundamentais para o desenvolvimento da
sociedade.
As empresas possuem uma grande parcela perante ao desenvolvimento
sustentável, pois, como já mencionado, para que este seja atingido, precisa da
cooperação e participação de todos, assim, as empresas precisam fazer sua parte e
aí que entra a responsabilidade social empresarial.
A responsabilidade social empresarial precisa ser baseada num tripé, que tem
como basilares, o social, ambiental e econômico.
Dias (2019, p. 184) cita Toldo sobre o conceito de responsabilidade social
empresarial:

São estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em


consonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa
garanta, além do lucro e da satisfação de seus clientes, o bem-estar
da sociedade. A empresa está inserida nela e seus negócios
dependerão de seu desenvolvimento e, portanto, esse
desenvolvimento deverá ser duradouro. É um comprometimento.

A figura abaixo representa a estruturação da responsabilidade social dentro da


sustentabilidade e quais critérios cada aspecto abrange:
36

Figura 8 – Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade

FONTE: DIAS (2019) p. 46

Para a ONU (2003) em seu site:

A responsabilidade social da empresa vai além da filantropia. Na


maioria das definições se descreve como as medidas constitutivas
pelas quais as empresas integram preocupações da sociedade em
suas políticas e operações comerciais, em particular, preocupações
ambientais, econômicas e sociais. A observância da lei é o requisito
mínimo que deverão de cumprir as empresas.

A sustentabilidade empresarial está representada na figura abaixo:

Figura 9 – Modelo de sustentabilidade empresarial

FONTE: PEREIRA, SILVA e CARBONARI (2011) p. 156

O atual modelo tradicional de mercado, visa buscar receita e lucro ao máximo


37

possível. Esse modelo vai contra a responsabilidade social e passou a ser quebrado,
para que pudesse se adaptar às cobranças feitas pela sociedade e Estado.
Nessa linha, Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 156) citam:

Sob essa nova perspectiva, uma organização, com ou sem fins


lucrativos, passou a compreender que deve agir de maneira
socialmente responsável, de modo a atender aos interesses de todos
os seus principais stakeholders, isto é, de todos aqueles que afetam
ou são afetados por suas atividades.

A visão da sociedade está mudando, e essa mesma afirmação é feita por Dias
(2019, p. 185):

Do ponto de vista ambiental, a consciência ecológica empresarial tem


sido motivada, em parte, pelas pressões continuas do Poder Público,
da opinião pública e dos consumidores, e em muitos casos pela
possibilidade de melhorar sus imagem junto a determinados mercados,
o que resulta num aumento de seus benefícios.

Já na visão de Mazzarotto e Berté (2013, p. 57):

Em virtude do crescimento do mercado verde e da mudança de


padrões do consumidor, em empresas passaram a sentir a
necessidade de vincular seus produtos a imagens “ecologicamente
conscientes” para atender às novas exigências do mercado. Dessa
forma, o marketing ambiental, ou marketing verde, como é chamado, é
o tipo de estratégia usada para essa vinculação de imagens, que faz
com que o consumidor conheça a empresa ou indústria como
sustentável e ecologicamente correta e, é claro, prefira essa empresa
às outras que não tem essa imagem.

Diante de tais necessidade de mudança e cobranças externas, as organizações


assumiram o papel de modificação e passaram a desenhar uma nova sociedade
baseado no desenvolvimento sustentável.
Por mais que se adaptar a essas mudanças possa gerar um dispêndio, a
direção é única e ter que retroagir, pode custar mais caro.
Nessa mesma linha, há a afirmativa de Nidumolu, Prahalad e Rangaswami que
Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 163), citam sua obra: “É tentador seguir os
parâmetros ambientais menos rigorosos pelo maior tempo possível. Mas é mais
inteligente aderir aos padrões mais rigorosos antes deles se tornarem lei.”
Mesmo que haja um desembolso inicial para mudanças de processos
empresariais, a mudança deve ser vista como oportunidade, afinal de contas, há
38

redução de desperdício, economia de água e energia e no âmbito social é possível


afirmar que com uma sociedade mais igualitária, o potencial de consumo cresce e a
empresa cresce junto. Ainda indo além, é nítido que o produto ou serviço passa a ter
um valor agregado e nova imagem diante da sociedade, passando a ser vista com
outros olhos e atraindo mais consumidores.
Isso é afirmado por Mazzarotto e Berté (2013, p. 57):

O marketing verde vem, portanto, modificando algumas atividades,


como a elaboração de produtos, os processos produtivos, as
embalagens e as propagandas. Essa nova forma de fazer marketing
pressiona os profissionais da área a perceberem os processos internos
e externos de produção em relação aos consumidores, bem como os
impactos dessa produção nos fatores consumo, qualidade e
desenvolvimento sustentável.

Cada aspecto é aprofundado que características que algumas vezes podem


não ser óbvias ou que não parecem estar ligadas à responsabilidade social, mas
estão, como demonstra a figura abaixo:

Figura 10 – Responsabilidade social: temas centrais e exemplos de questões

FONTE: BARBIERI (2019) p. 61

Esses temas devem ser abordados pelo novo tipo empresa, que é aquele que
39

permite transparência, transparece preocupação, demonstra responsabilidade e está


preparada para mudar o futuro para melhor.
Esse novo tipo de empreender, sem focar apenas em lucro, mas de ter
consciência de fazer parte de algo maior, é o que deveria ser ensinado para os
empreendedores em ascensão. Esse tipo de educação e ensino, precisa partir de
incentivos estatais e de demais empresas grandes que querem fazer a diferença nas
empresas menores.
Sobre o novo empreendedorismo, afirma Pereira, Silva e Carbonari (2011, p.
163):

O ensino do empreendedorismo orientado para sustentabilidade não


garante o surgimento de mitos como Mark Zuckerberg, que fundou o
Facebook em 2004, mas ajuda na formação de melhores
empreendedores e na geração da riqueza intelectual de um país. A
escolha é clara.

O papel de empresas na sociedade está mudando, basta olhar para as últimas


décadas e ver tudo o que foi conquistado. Mesmo que as mudanças ocorram de forma
lenta, cada passo é rumo a um lugar melhor.
40

3 GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

Dentre todos os agentes que geram impacto no meio ambiente e que são partes
para o atingimento do desenvolvimento sustentável, as empresas possuem a maior
parcela de contribuição.
O avanço industrial e empresarial, precisam caminhar junto com o
desenvolvimento sustentável, e para isso é necessário que ocorra equilíbrio entre
empresas e meio ambiente, afim de evitar ou reduzir ao máximo os impactos
ambientais.
Os impactos ambientais gerados pelas empresas foi e é um tema abordado em
todos os encontros ambientais. Nesses encontros pode ser demonstrado que as
empresas deveriam assumir um compromisso com a sociedade e meio ambiente, para
que pudesse reverter as consequências de seus atos.
Segundo Dias (2019, p. 102):

O relatório da Comissão Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, destacou


a responsabilidade e o impacto das atividades industriais no
desenvolvimento sustentável. Ofereceu uma visão do crescimento
econômico sustentável e da elevada qualidade ambiental que poderia
ser alcançada através de boas práticas industriais e produzindo mais
com menos.

Os movimentos ambientais e a sociedade passaram a cobrar que as empresas


assumissem um papel de responsabilidade diante aos impactos ambientais.
Albuquerque (2009, p. 111) explica que:

O fato de existir um aumento da preocupação ambiental nas últimas


décadas contribuiu de maneira significativa para mudança de atitude
do empresariado, que passou a incorporar a gestão ambiental nos
processos produtivos, a fim de oferecer uma resposta à sociedade e
se adequar às novas legislações de proteção ao meio ambiente.

Para Dias (2019, p. 118):

As pressões sociais de todo tipo certamente são o fator mais


importante na consideração por muitas empresas da questão
ambiental. Ao mesmo tempo, devemos considerar a influência dos
cidadãos dos países desenvolvidos, que provocam o surgimento de
várias restrições legais as empresas ali sediadas, além de
pressionarem no sentido do desenvolvimento de tecnologias e
produtos ecologicamente aceitáveis. Deste modo, muitas destas
empresas, quando instalam suas plantas industriais em países em
41

desenvolvimento, levam esta cultura organizacional, influenciando a


mudança de atitudes em relação à problemática ambiental.

Segundo Alves (2019, p. 155):

As novas exigências do mercado promoveram mudança na gestão das


empresas. Para se adequar a essas novas regras, diversas
organizações passaram a ficar mais atentas com a origem e a
composição da matéria-prima dos produtos que fabricavam ou
comercializavam.

Essas cobranças colocaram em questão sobre como esses impactos afetam a


sociedade. Dessa cobrança surgiu a necessidade de as empresas implantarem uma
gestão ambiental.
A figura abaixo mostra a sequência de motivação que uma empresa tem para
aderir à gestão ambiental:

Figura 11 – Motivação para proteção ambiental na empresa

FONTE: KRAEMER et al apud CALLENBACH (1993)

A gestão ambiental empresarial visa direcionar as empresas para o


desenvolvimento sustentável através de um planejamento com medidas possíveis.
Esta gestão tem o objetivo de controlar os efeitos e impactos que as indústrias possam
gerar no meio em que se inserem.
Na visão de Dias (2019, p. 107) a gestão ambiental:

[...] é uma expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial


que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o
meio ambiente. Em outros termos, é a gestão cujo objetivo é conseguir
que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do
meio onde se encontra a organização, ou seja, obter-se um
desenvolvimento sustentável.
42

Lima cita Nilsson em sua análise sobre desenvolvimento sustentável (2016, p.


1):

Gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a


empresa a alcançar metas especificas, em uma analogia, por exemplo,
com o que ocorre com a gestão de qualidade. Um aspecto relevante
da gestão ambiental é que sua introdução requer decisões nos níveis
mais elevados da administração e, portanto, envia uma clara
mensagem à organização de que se trata de um compromisso
corporativo. A gestão ambiental pode se tornar também um importante
instrumento para as organizações em suas relações com
consumidores, o público em geral, companhias de seguro, agências
governamentais, etc.

Assim, pode-se dizer que a gestão ambiental busca o melhor para a


coletividade. Os serviços e produtos passam a ser produzidos de uma forma
sustentável e a cultura interna da empresa também se adapta à essa mudança,
buscando o equilíbrio entre meio ambiente e empresa de forma sustentável e
permanente. A gestão ambiental se demonstra ser um processo de evolução das
empresas que antes se preocupavam apenas com o seu avanço industrial, passando
a ser parte essencial do desenvolvimento sustentável.
Para Dias (2019, p. 107):

A gestão ambiental é o principal instrumento para se obter um


desenvolvimento industrial sustentável. O processo de gestão
ambiental nas empresas está profundamente vinculado a normas que
são elaboradas pelas instituições públicas (prefeituras, governos
estaduais e federal) sobre o meio ambiente. Estas normas fixam os
limites aceitáveis de emissão de substâncias poluentes, definem em
que condições serão despojados os resíduos, proíbem a utilização de
substâncias tóxicas, definem a quantidade de água que pode ser
utilizada, volume de esgoto que pode ser lançado etc.

Qualquer porte de empresa pode se adaptar à um plano de gestão ambiental,


pois a redução de consumo de energia, de água e reciclagem, que são práticas
simples, que podem ser incluídas em qualquer empresa.
A gestão ambiental não deve ser vista apenas como um dever das empresas,
mas também como uma aliada para a competitividade empresarial.
As empresas que são adeptas à gestão ambiental passam imagem de cuidado
e confiança com a coletividade e ganham destaque em relação às demais empresas.
Essa imagem que é passada para a sociedade se deve à nova economia, que
prioriza o meio ambiente e a inclusão social. A figura abaixo demonstra como a
43

economia tradicional mudou para a nova economia:

Figura 12 – Diferenças entre a economia tradicional e a nova economia

FONTE: PEREIRA, SILVA e CARBONARI (2011) p. 117

Segundo Fenket et al (2015, p. 28):

O envolvimento do nome e imagem da empresa como causadora de


impactos ambientais negativos pode causar, entre outros, perdas
financeiras; perda de reputação; reação dos consumidores e da
sociedade em geral e ações gerais.

A falta de um elaborado plano de gestão ambiental pode causar grandes


prejuízos.
44

Figura 13 – Benefícios econômicos e estratégicos organizacionais da gestão


ambiental empresarial

FONTE: SILVA adaptado de DONAIRE (2016) p. 21

A figura acima demonstra os benefícios que a gestão ambiental pode trazer


para a empresa em todos seus ambientes.
Além da imagem perante a sociedade, os benefícios da gestão ambiental vão
além, podendo gerar ganhos financeiros, melhoria em seus produtos, adequação à
legislação, entre outros.
Quando a gestão ambiental é utilizada por pró atividade da empresa, ela exerce
o princípio da precaução e prevenção, e isso é um diferencial que a coloca à frente
das demais empresas.
Com o direito ambiental sendo amplamente tutelado, é normal que surjam leis
para proteção do meio ambiente e quando a empresa já está prevenida com sua
gestão ambiental, evitará custos e dispêndio de tempo para ter que se regulamentar.
Segundo Fenker et al (2015, p. 28):

A legislação brasileira instituiu o que se denomina “pena de morte” para


as pessoas jurídicas, consubstanciada na suspensão das atividades,
interdição ou liquidação forçada nos casos de descumprimento da
45

legislação ambiental que especifica (artigos 21 a 24, da Lei 9.605/98),


aumentando com isso o impacto.

Na afirmativa de Nidumolu, Prahalad e Rangaswami que Pereira, Silva e


Carbonari citam sua obra (2011, p. 163): “É tentador seguir os parâmetros ambientais
menos rigorosos pelo maior tempo possível. Mas é mais inteligente aderir aos padrões
mais rigorosos antes deles se tornarem lei.”
Além de estar um passo à frente em parâmetros ambientais legais, empresas
adeptas da gestão ambiental são beneficiadas no âmbito financeiro, pois ganham
incentivos fiscais e taxas diferenciadas em financiamentos.
A adesão à gestão ambiental é um investimento ambiental empresarial, pois o
retorno tende a ser duradouro e benéfico para todos, pois de insere dentro do
desenvolvimento sustentável, que se trata de um interesse coletivo.
A gestão ambiental pode ser aplicada em todas empresas, mas é necessário
analisar o porte, necessidade, investimento possível, capacidade para se saber a
gestão ambiental ideal.

3.1 GESTÃO AMBIENTAL INTERNA

A gestão ambiental interna, é composta de processos que são controlados e


geridos pela própria empresa. Normalmente são empresas grandes que possuem
uma área específica que pode fazer esse acompanhamento ou ações pequenas e
simples que fazem toda a diferença.
A base para uma boa gestão advém de um planejamento estruturado
corretamente. Para Szabó Jr. (2009, p. 35): “O planejamento deve ser um conjunto de
ações que permitam a escolha da melhor estratégia para que as metas sejam
alcançadas.”
46

Figura 14 – As etapas do planejamento e do gerenciamento ambientais

FONTE: FREIRIA (2011) p. 156

A figura acima demonstra que objetivos claros e bem traçados podem levar a
resultados promissores.
Para tirar o plano do papel e colocar a gestão ambiental em prática, é
necessário ter uma mudança cultural, desde práticas simples até à educação
ambiental corporativa.
Na visão de Dias (2019, p. 117):

A adoção de Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas deve vir


acompanhada de uma mudança cultural, em que as pessoas têm que
estar mais envolvidas com a nova perspectiva. Nesse sentido, alguns
hábitos e costumes arraigados que são consolidados no ambiente
externo das empresas devem ser combatidos e outros positivos devem
ser assimilados pelo conjunto da organização.

O maior fator dentro de uma organização é: colaboradores. São os


colaboradores que farão as mudanças acontecerem desde as menores ações até as
macros. Para que esse trabalhe a favor da mudança cultural, é necessária a educação
ambiental corporativa.
Dias (2019, p. 120) afirma isso ao dizer que:
47

A educação ambiental dos seus empregados deve ser política


fundamental de recursos humanos de uma organização, desde o
pessoal da alta administração até a base da pirâmide organizacional
constituída pelos empregados mais simples da área de produção. O
processo na realidade deve se iniciar na fase de recrutamento, pois a
existência de certa consciência ambiental deve integrar os critérios de
seleção de uma organização voltada para a perspectiva do
desenvolvimento sustentável.

Essa afirmação continua ao citar Martins (2009, p. 53) que diz que:

Muitas ações podem ser praticadas, no âmbito dos colaboradores de


uma empresa, em termos de contribuição para reduzir o impacto
ambiental e promover a sustentabilidade. Com suas ações, os
colaboradores de uma empresa podem se tornar, ao mesmo tempo,
grandes multiplicadores, junto a famílias e comunidades, de ações
positivas na proteção e recuperação do meio ambiente.

Certamente a virada da mudança não se dá em 100% dos colaboradores


imediatamente, mas conforme um vai espalhando os benefícios e vantagens que viu
ou ganhou, mais colaboradores aderem à essa mudança.
Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 181) expõem essa mesma afirmativa:

A expectativa é de utilizar o networking da sustentabilidade como um


dos canais de influência, mas sem esquecer que capacidade pouco
vale sem oportunidade. Pessoas ouvem quem elas conhecem e, por
isso, todos são responsáveis por criar oportunidades de diálogo com
diversos públicos-alvo. Por isso reafirmamos ser possível influenciar os
executivos da empresa – mesmo que você não faça parte desse seleto
grupo - , pois o que deve ser feito é gerar oportunidades de diálogo
com foco no resultado organizacional duradouro.

Com a educação ambiental implantada, as ações são colocadas em prática e


então os resultados aparecem. As ações que os colaboradores podem praticar e que
trazem resultados podem parecer simples, mas quando somados, geram uma onda
de resultados positivos, tanto para as empresas, como para a sociedade. Essas ações
são: a) economia de água: atos simples como fechar a torneira enquanto escova os
dentes, não deixar torneira pingando e utilizar a água da chuva; existe também a
reavaliação do processo produtivo, para que seja analisado se algum método ou
processo possa ser melhorado; b) economia de energia: a substituição de lâmpadas,
o meio de obtenção de energia (solar, eólica, etc.), maquinário que seja preparado
para reduzir o consumo de energia, além da conscientização dos colaboradores; c)
reciclagem: a separação de materiais de lixo descartado é ação simples, mas que
geram um impacto benéfico para o mundo.
48

Essas ações citadas acima dependem de ação dos colaboradores, mas ainda
há ações que as empresas, dependendo do porte e da atividade da empresa, podem
realizar para controlar internamente, podendo ser tratamento de resíduos, avaliação
de processo produtivo, preservar áreas ambientais, entre outras.
A gestão ambiental ao ser aplicada internamente depende de vários fatores,
que precisam estar alinhados e claros. Segundo Freiria (2011, p. 133):

O processo de gestão ambiental implica sempre tomadas de decisões


sobre a melhor solução, o melhor encaminhamento para determinada
questão ambiental. Desde a definição de se estabelecer um processo
de gestão ambiental em determinada organização até a execução das
ações para se atingir os objetivos planejados, cada passo da gestão
ambiental é marcado pelo processo de tomada de decisões que
precisam ser respaldadas por conhecimento técnico capaz de justificar
cada escolha feita na direção daquilo que foi previamente definido
como meta em termos socioambiental.

A gestão ambiental deve ser alinhada com o modelo da empresa, porém


alinhada com a legislação vigente e manter uma margem de flexibilidade para que
possa mudar caso necessária, a intenção é a gestão ambiental seja vista como uma
vantagem duradoura para as empresas.

3.2 CERTIFICAÇÕES

As pressões que ocorrem por parte da sociedade são um fator extremamente


importante para as empresas na consideração da questão ambiental. Ter uma imagem
que demonstre zelo e cuidado com meio ambiente passa segurança e acaba
ganhando preferência e destaque das demais empresas.
Para dar mais enfoque às ações ambientais que a empresa vem praticando, a
adesão à certificação ambiental é uma grande aliada, já que a certificação ambiental
garante ao consumidor que tal produto ou serviço passou por um processo produtivo
de impacto ambiental reduzido ou que a empresa pratica alguma outra ação que traz
benefícios ao meio ambiente.
Segundo Silveira e Berté (2017, p. 145):

A certificação ambiental é um processo de verificação realizado por


uma terceira parte, emissora do certificado, de que determinada está
49

atuando de acordo com critérios uniformes preestabelecidos em


relação ao meio ambiente, com base em uma norma técnica.

As certificações são garantias para os consumidores e demais stakeholders.


Para cada setor empresarial há uma certificação que se encaixa, indo do setor
industrial até o florestal.

3.2.1 Certificação Florestal

A certificação FSC (Forest Stewardship Council, no Brasil Conselho de Manejo


Florestal) é uma forma de reconhecer empresas que contribuem para a preservação
e recuperação de florestas.
Segundo o site da FSC:

O selo FSC é a ferramenta de controle da produção florestal, que tem


por objetivo orientar o consumidor em suas decisões de compra. Em
suma, ele oferece uma ligação confiável entre a produção e o consumo
responsáveis de produtos florestais, permitindo que consumidores e
empresas tomem decisões em prol das pessoas e do ambiente.

Figura 15 – Logo certificação FSC

FONTE: https://br.fsc.org/pt-br/faq

Essa certificação, como qualquer outra, é um processo voluntário, onde a


empresa se coloca à avaliação da certificadora. Essa avaliação pode exigir mudança
de processos simples ou complexos.
Para Martins (2009, p. 45) quando o empreendedor adere à certificação
florestal:
50

Significa que o empreendimento florestal certificado, contém um plano


manejado adequado, não contribuindo com o desmatamento ilegal, e
também não usa mão de obra escrava ou qualquer outra modalidade
de trabalho degradante. O empreendimento florestal também é
promovido ouvindo-se as comunidades locais. Quando o produto
derivado de uma floresta certificada pelo FSC chega ao mercado, o
consumidor sabe, portanto, que ele é resultado de um processo de
produção sustentável, nos aspectos ambiental, econômico e social.

Quando o consumidor vê que o produto a ser comprado veio de uma cadeia


que gerou benefícios e menor impacto ambiental possível, ele se sente parte daquilo,
pois ao comprar está contribuindo para que o negócio continue.

3.2.2 Certificação LEED

As construções que ao longo dos anos modificam a paisagem de uma cidade,


também podem ser certificadas. Se trata da certificação LEED (Leadership in Energy
and Environmental Design, traduzindo Liderança em Energia e Design Ambiental), que
visa garantir a minimização do impacto ambiental dessas edificações.

Figura 16 – Logo certificação LEED

FONTE: https://www.gbcbrasil.org.br/

Segundo o site da LEED:

LEED, ou Leadership in Energy and Environmental Design, está


mudando a maneira como pensamos sobre como os edifícios e as
comunidades são planejados, construídos e operados. Líderes, dos
mais de 160 países que utilizam a Certificação, fizeram o LEED ser a
principal plataforma utilizada para green buildings ou edifícios verdes,
com mais de 170 mil m² certificados diariamente.

A redução do impacto ambiental dessas construções pode se originar desde a


51

construção até a entrega para uso final.

3.2.3 Certificação INMETRO/PROCEL

Essa certificação já é muito conhecida entre os brasileiros, pois é a certificadora


dos eletrônicos e eletrodomésticos.
Segundo o site da PROCEL:

O Selo PROCEL foi criado com o intuito de indicar aos consumidores


os equipamentos e eletrodomésticos disponíveis no mercado nacional
que apresentam os maiores índices de eficiência energética em cada
categoria. Além disso, estimula a fabricação e a comercialização de
produtos mais eficientes, do ponto de vista energético, minimizando os
impactos ambientais no País.

Figura 17 – Logo certificação PROCEL

FONTE: http://www.procelinfo.com.br/main.asp

Essa certificação promove o melhor custo-benefício para o consumidor final,


que garante redução de consumo de energia e reduz gasto com essa despesa mensal.
52

3.2.4 Certificação ISO 14001

Essa é a certificação mais conhecida entre as empresas brasileiras, pois avalia


amplamente os riscos ambientais da atividade empresarial.
Segundo Dias (2019, p. 107):

Uma das ferramentas mais eficazes para as empresas no


enfrentamento dos riscos ambientais é a norma de gestão ambiental
ISO 14001, que foi revisada em 2015. Esta norma preenche os
requisitos necessários para que as empresas enfrentem as ameaças
ambientais previstas pelas agências internacionais e que afetarão os
negócios nos próximos anos. Além disso, a certificação propicia que as
empresas se posicionem em condições melhores que seus
concorrentes em termos de competitividade, pois além de
demonstrarem uma melhor gestão de seu próprio negócio, estrão
contribuindo efetivamente para melhorar condições de vida na
sociedade como um todo.

As normas ISO são normas ou padrões estabelecidos internacionalmente pela


International Organization for Standartization, no Brasil representada pela ABNT. A
certificação ISO 14001 é parte da família de normas NBR ISO 14000 que são normas
estabelecedoras sobre o âmbito ambiental de uma organização.

Figura 18 – Família de normas NBR ISO 14000

FONTE: DIAS (2019) p. 110


53

Mesmo que seja o plano de gestão ambiental com uma grande adesão, a ISO
14001 é flexível para futuras mudanças, a sociedade muda, as leis mudam, assim ela
evolui para se adequar à realidade atual.

Figura 19 – Avaliação do SGA

FONTE: SILVA (2016) p. 37 apud ASSUMPÇÃO

A figura 19 demonstra que quando a ISO 14001 é colocada em prática, ela


permite encontrar riscos ou desvios e corrigir a tempo, evitando maiores impactos
futuros e que isso não chegue a gerar transtornos para a empresa.
Quando uma empresa adere à uniformização de processos e padrões, é visível
que há uma redução em custos, ganho em mercado e contribui para o
desenvolvimento sustentável.
As pressões e cobranças da sociedade sobre os impactos ambientais
causados, são um grande fator para que empresas passem a seguir um plano de
gestão ambiental. Mas muitas vezes não como comprovar que a empresa segue uma
gestão ambiental, e a certificação ambiental é uma forma de comprovar que a
empresa é ambientalmente correta.
Segundo Szabó Jr. (2009, p. 40):
54

Embora não exista nenhuma legislação que obrigue uma organização


a implantar em suas dependências um SGA e obter um certificado da
ISO 14001, os clientes estão exigindo cada vez mais de seus
fornecedores tanto o SGA devidamente implantado quanto o seu
reconhecimento formal, ou seja, a certificação.

Mesmo que uma empresa não seja adepta de gestão ambiental ou de uma
certificação ambiental, isso não significa que a empresa seja menos comprometida
ambientalmente, pois ações pequenas quando somadas geram uma onda de
mudanças.
55

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para o atingimento dos objetivos deste trabalho, foram realizadas coletas de


dados através de questionários e entrevistas com indivíduos da sociedade de
Blumenau, empresas de Blumenau e a Secretaria de Meio Ambiente de Blumenau.

4.1 SEMMAS (PREFEITURA DE BLUMENAU)

No dia 10 de setembro de 2021, foi realizada uma entrevista virtual com Ricardo
Sieves, Diretor de Licenciamento e Controle Ambiental na Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) da Prefeitura de Blumenau.
Na entrevista foi informado que o objetivo da SEMMAS é poder controlar os
impactos ambientais que as atividades empresariais podem causar para a cidade de
Blumenau, esses impactos podem ser poluição, fluentes químicos, corte de
vegetação, maus tratos, despejos irregulares em ribeirões e até mesmo, o controle de
barulho que uma empresa, bar ou boate causa.
O entrevistado ainda informou que há uma participação ativa da população, que
denuncia atos irregulares de empresas quando presenciam atividades de poluição,
demonstrando a preocupação da sociedade em querer um meio ambiente com
qualidade e que olham para o que empresa faz.
Nenhuma empresa deu algum retorno para a SEMMAS de quais benefícios
obteve com práticas de gestão ambiental, não sendo mensurável por parte deles esse
indicador de satisfação das empresas.
Apesar de não obter um retorno direto das empresas, a SEMMAS quando faz
a avaliação nas empresas, e além de fazer um estudo que avalia quais os impactos a
empresa pode causar, indica os benefícios que práticas de gestão ambiental pode
propiciar para empresa, sendo eles: economia de energia, economia de água,
aumento de renda, e muito importante que foi destacado na entrevista, a precaução e
a prevenção, assim a empresa não corre riscos maiores.
O entrevistado ainda informou que quando as empresas estão reguladas, é
mais ampla a visão que se tem do município e fica mais fácil de controlar e até diminui
o volume de denúncias.
Quando uma empresa não se segue a lei e causa dano ao meio ambiente, resta
56

aplicar multa e a obrigação da reparação do dano. O entrevistado deixou claro na


entrevista que a reparação sempre será a primeira medida a ser tomada e a multa
será a segunda medida.

4.2 EMPRESAS QUE POSSUEM GESTÃO AMBIENTAL

As empresas são os maiores agentes para o atingimento do desenvolvimento


sustentável, também são geradoras da disseminação da educação ambiental, seja de
forma direta ou indireta.
Para expor de forma prática o que foi apresentado na teoria, foram trazidas
informações de cinco grandes empresas de Blumenau para demonstrarem na prática
o que a gestão ambiental pode propiciar, essas empresas são: Cia. Hering, Karsten,
Altenburg, WEG, e uma empresa sigilosa da área têxtil.
A primeira empresa entrevistada foi a Karsten, empresa do ramo têxtil.
A entrevistada foi Sara Quevedo, analista ambiental na Karsten, que informou
que as práticas adotadas são: coleta seletiva, uso de lâmpadas led no parque fabril
(70%), logística reversa, entre outros.
Além dessas práticas informadas pela entrevistada, o site informa publicamente
alguns dados sobre sustentabilidade.
Na Karsten, todo os resíduos possuem destino ambientalmente correto e
contam com um sistema de gestão de resíduos bem definido e implantado. Além dos
resíduos gerados, o processo de produção têxtil utiliza um grande volume de água,
por isso, contam com uma ETA (Estação de Tratamento de Água) própria para tratar
a água captada no Ribeirão do Testo, que posteriormente é utilizada no processo
produtivo.
Indo além dos processos de produção, a Karsten aplica a conscientização
ambiental em seus colaboradores, na Semana do Meio Ambiente, que é realizada
sempre em junho, no mês que é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente.
A segunda empresa a ter coleta de dados foi a Cia Hering, não foi através de
entrevista, mas acesso aos dados públicos que a Cia. Hering faz anualmente através
do relatório de sustentabilidade.
A Hering é uma marca muito conhecida entre os brasileiros, e a sua imagem
está atrelada a ações a práticas de gestão ambiental visíveis aos olhos do consumidor.
57

O tratamento dos riscos Ambientais, Sociais e de Governança (ASG) é aprimorado


continuamente dentro de processos existentes ou na criação de novos processos para
acomodar o desenvolvimento das pautas do negócio.
A Cia. Hering conta com uma Comissão Interna de Conservação de Energia e
Meio Ambiente (CICE), que monitora e delibera sobre os impactos ambientais de
todas as unidades da Cia. Hering, considerando o consumo de combustíveis, de água,
de energia, além da geração de resíduos e efluentes.
Em números a Cia. Hering em 2020: reduziu 16% do consumo de água, 93%
do consumo de energia proveniente de energia renovável, reduziu 23% do consumo
de energia com a aquisição de duas máquinas, deixaram de gerar 150 toneladas de
CO2, redução de malha extra para 1.010.940 camisetas.
Como parte das ativações, também conta aos colaboradores mais sobre a nova
parceira com o selo EuReciclo, para a gestão de resíduos da Companhia, com
conversas descontraídas sobre a relevância da reciclagem. Ao final do Mês do Meio
Ambiente, realizam um quiz para testar o conhecimento de todos sobre as práticas de
sustentabilidade da Cia. Hering, trazendo perguntas que reforçavam o conhecimento
sobre as iniciativas.
Além dessa gestão de processo interno, a Cia. Hering criou práticas que
chegam até o consumidor final, através das peças Reuse e H+. A Reuse é produzida
pelo reaproveitamento de fibras diversas, reforçando sua circularidade. O fio é feito a
partir dos retalhos crus da própria malharia da Hering. Estes resíduos são trabalhados
para voltarem ao estado de fibras, que geram uma nova malha. A H+ Possui
tratamento antiodor e o suor não é absorvido pela malha, portanto não é necessário
lavar a peça com tanta frequência, ajudando o meio ambiente e o bolso do
consumidor.
A terceira empresa a ter os dados coletados foi a WEG, após contato a empresa
informou que os dados solicitados estavam disponíveis no relatório de
sustentabilidade realizado anualmente.
A WEG é uma das maiores empresas de fabricação de motores do mundo.
Na WEG, sempre há a otimização em processos que reduzam impactos
ambientais, pautando as atividades em medidas preventivas de proteção ao meio
ambiente, como por exemplo na conservação de recursos naturais e gestão da
geração de emissões e resíduos, no investimento em tecnologias e em melhorias
58

constantes de processos, através do estabelecimento de objetivos e metas


ambientais.
O Sistema de Gestão Ambiental estabelece os seguintes objetivos: otimizar o
uso de matérias primas e insumos, desenvolver processos e produtos menos
agressivos ao meio ambiente e otimizar o gerenciamento de resíduos e efluentes nos
processos de fabricação.
Assim como muitas empresas, a WEG através do Kaizen, que é uma forma de
gestão participativa, promove a participação dos colaboradores na solução de
problemas e de atividades de melhoria contínua que gerem resultados positivos em
todos os processos.
A WEG possui o programa WEG Manufacturing System (WMS), que visa a
prática de gestão da ecoeficiência e produção mais limpa. O WMS tem como objetivos:
reduzir impactos ambientais; reduzir consumo de recursos energéticos e hídricos;
reduzir refugos; reduzir perdas e desperdícios.
Esses objetivos do programa atrelados ao processo produtivo estão
relacionadas a: energia elétrica, combustíveis e ar comprimido; resíduos; consumo de
insumos; limpezas químicas.
Além dos produtos destinados ao consumo, a WEG possui uma fábrica de
embalagens, a RF Reflorestadora. Esta unidade produz todas as embalagens de
madeira utilizadas pela empresa em seus produtos. E para isso, contam com áreas
de reflorestamento que garantem o fornecimento contínuo de madeira e a preservação
deste recurso natural e de áreas de florestas naturais, reserva legal e áreas de
preservação permanente que ajudam na preservação da biodiversidade local.
A quarta empresa a ter os dados coletados foi a Altenburg, da qual a coleta de
dados foi através de contato por e-mail e de um relatório de sustentabilidade
celebrando 90 anos da empresa que demonstra quais as práticas em gestão
ambiental, que foi localizado na internet.
As principais iniciativas da Altenburg são: tratamento da água para uso;
produção de mantas de fibra de poliéster que não consome água; reaproveitamento
em 100% da resina utilizada; geradores próprios reduzem consumo nos horários de
pico; uso de lâmpadas frias e construções inteligentes; resíduos têm destino correto:
coletores para baterias e pilhas, reciclagem de papel, plástico, embalagens e retalhos
da produção; seleção de fornecedores.
59

O contato da empresa afirma que o principal benefício trazido com a gestão


ambiental foi a visibilidade.
A quinta empresa solicitou sigilo sobre sua identidade, mas permitiu divulgar os
dados, se trata de uma empresa têxtil que forneceu informações através de um
questionário respondido por e-mail.
A empresa possui gerenciamento dos resíduos sólidos, logística reversa, uso
consciente de água, algodão mais sustentável, economia circular, entre outras. Todas
essas práticas são realizadas visando o desenvolvimento sustentável, sendo afirmado
pela própria empresa
A empresa destacou ter uma gestão ambiental trouxe ganhos sustentáveis,
financeiros, ambientais e sociais, e isso também permite sempre melhorar os
processos.
Todas as empresas selecionadas tem objetivos em comum com a gestão
ambiental: apoio ao desenvolvimento sustentável e estar em conformidade com a lei.
Quanto aos benefícios trazidos com a gestão ambiental, além do da economia
apresentada em números que foram citados e que constam nos relatórios de
sustentabilidade de algumas empresas, todas citaram que estar em harmonia com
meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento sustentável é um diferencial que
gera vantagens competitivas.
Ainda foi citado que a gestão ambiental traz benefícios à comunidade em que
a empresa está inserida, isso gera benefícios para empresa pois tem mais mão de
obra à disposição se necessário.
Hoje os consumidores buscam produtos com propósito. E uma empresa
demonstrar que realiza investimentos em pilares socioambientais não é apenas um
diferencial, mas um pré-requisito.

4.3 SOCIEDADE

Foi aplicada uma pesquisa de campo, com a participação de 96 pessoas, com


8 perguntas, sendo 3 perguntas identificando o perfil e 5 identificando o
comportamento dessas pessoas perante empresas com práticas de gestão ambiental.
60

Questão 1 - Gênero

Gênero
Femino Masculino

33%

67%

Das 96 pessoas que participaram da pesquisa, 64 são do gênero feminino,


representando 67%, enquanto as demais 32 pessoas são do gênero masculino,
ninguém se identificou com algum outro gênero.

Questão 2 – Idade

Faixa Etária
1%

16%

50%
33%

Até 18 anos 19 a 30 anos 31 a 40 anos Acima de 40 anos

A pesquisa demonstrou que a participação de 50% dos participantes é da faixa


entre 19 e 30 anos, seguidos de 31 a 40 anos com 33%. Juntas, essas duas faixas
somam 83% dos participantes, onde se concentram o maior volume de consumidores
ativos atualmente.
61

Questão 3 - Grau de Instrução

Grau de Instrução
2%

Fund. Completo 2% 2%
5%
Fund. Incompleto 2%
5%
2º Grau Completo
2º Grau Incompleto
26%
Superior Completo
Superior Incompleto
Pós Graduação 55%

Doutorado

O gráfico acima demonstra que 62% já possui ensino superior completo, sendo
55% com graduação completa, 5% com pós graduação e 2% com doutorado. Também
pode-se ver que 26% possuem superior incompleto, podendo ser que estão cursando
ou que tiveram a experiencia do ensino superior em algum momento.

Questão 4 - O que você acha de empresas que possuem práticas de gestão


ambiental?

Pergunta 1

19%

81%

Bom Muito bom Indiferente

Analisando a primeira pergunta, quando questionados, pode-se ver que todos


os participantes demonstraram que acham bom ou muito bom empresas que possuem
práticas de gestão ambiental. Nenhum participante selecionou a opção indiferente,
isso afirma o que foi demonstrado pelas citações de diversos autores que dizem que
os consumidores se importam com o que as empresas fazem em relação ao meio
62

ambiente.

Questão 5 - O que você acha de empresas que não contribuem para o


desenvolvimento sustentável?

Pergunta 2

5%

33%

61%

Ruim Péssimo Indiferente

Quando o assunto desenvolvimento sustentável é abordado, 61% dos


participantes demonstraram que para eles quando as empresas que não contribuem
para o desenvolvimento sustentável é péssimo e 33% ruim, ficando apenas 5% com
a opção indiferente.
O desenvolvimento sustentável é composto pelo tripé econômico, ambiental e
social, esses 5% significam que algum desses aspectos não apresenta relevância
significante para o esse grupo.
Talvez isso deva ocorrer pelo fato de não terem informação suficiente para
entenderem como o desenvolvimento sustentável é indispensável e necessário para
todos. O Estado tem o dever de disseminar informações para garantir o direito ao
princípio do acesso à informação.
63

Questão 6 - Empresas que possuem gestão ambiental tem preferências em


suas escolhas?

Pergunta 3

7%
25%

28%

40%

Sempre Ás vezes Depende do custo Nunca

Apesar dos participantes acharem bom ou muito bom empresas que possuem
práticas em gestão ambiental, no momento de fazer a escolha da empresa que vai
fornecer o produto ou o serviço necessário, ainda entra a condição do custo. Apesar
de 40% informar que opta às vezes e 28% sempre, aparece 25% com a condição do
custo, demonstrando que precisa ser bom para ambos os lados, empresa e
consumidor.

Questão 7 - Você evita comprar marcas e produtos de empresas que não


contribuem para o desenvolvimento sustentável?

Pergunta 4

14% 11%

22%

53%

Sempre Ás vezes Depende do custo Nunca


64

Ao serem questionados sobre a preferência de marcas e produtos de empresas


que contribuem para o desenvolvimento sustentável, o custo também se apresente
como um fator importante na decisão, representando 22% do total. Apesar disso, 53%
afirmaram que às vezes preferem marcas e produtos de empresas que contribuem
para o desenvolvimento sustentável. Esse às vezes, talvez se deva ao fato de nem
sempre o consumidor saber qual empresa realmente contribui para o desenvolvimento
sustentável.

Questão 8 - Você apoia que todas empresas deveriam contribuir para o


desenvolvimento sustentável?

Pergunta 5
1% 2%

39%

58%

Com certeza Sim Não sei Não

A pesquisa finalizou perguntado aos participantes se apoiam que todas


empresas deveriam contribuir para o desenvolvimento sustentável, somando as
opções “Sim” com 39% e “Com certeza” com 58%, chega-se a um total de 97%, um
número muito alto. Essa porcentagem alta demonstra a preocupação que população
tem com o papel que as empresas tem dentro da sociedade e que conforme afirmado
por diversos autores, isso forma a imagem da empresa, produto ou serviço perante o
consumidor.
65

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada vez mais, a sociedade consumidora está consciente e interessada em


adquirir produtos que não agridam a natureza. Isso desencadeia na necessidade das
empresas se posicionarem eticamente, para manterem sua sobrevivência e imagem
diante a sociedade.
Não só a sociedade tem se imposto, mas também há a responsabilidade das
empresas em contribuírem para o desenvolvimento sustentável, pois possuem grande
parcela para atingimento de tal.
O processo do atingimento do desenvolvimento sustentável é feito pela
integração de empresas, governo e sociedade, sempre se baseando no tripé:
econômico, social e ambiental.
Perante a importância e impacto que as empresas podem causar no ambiente
que estão inseridas, e à capacidade de transformação que estas podem causar, seja
geograficamente, ou economicamente, visa-se a necessidade da responsabilidade
ambiental para contribuir com o desenvolvimento sustentável.
A responsabilidade ambiental das empresas enseja na gestão ambiental
empresarial, que parte de uma iniciativa pró-ativa da empresa, onde vai além da
legislação e se previne de mudanças de podem ocorrer. Além dessa obrigação de
estar em dia com a legislação, a gestão ambiental propicia atender os interesses e
necessidades dos stakeholders e agregar valor ao seu produto e/ou serviço, e firma
uma imagem positiva perante a sociedade.
A entrevista realizada com a SEMMAS demonstrou que quando as empresas
estão regulares, há um menor dispêndio de verba pública com vigilância e tem uma
visão ampla do município.
A coleta de dados realizada com a empresas comprovou que a gestão
ambiental traz apenas benefícios para a empresa. As práticas em gestão ambiental
geram redução de custos, por consequência gerando aumento na receita, além disso,
comprovou-se que gera valor à imagem do produto/serviço, sendo um valor intangível.
Os resultados da pesquisa de campo demonstraram que sociedade está
disposta a escolher produtos/serviços de empresas que contribuem para o
desenvolvimento sustentável e possuem gestão ambiental, não em sus totalidade,
pois o preço ainda é um fator que impacta a decisão, mas se o preço não for elevado,
66

certamente optarão por marcas ou empresas que possuem essas práticas.


Com base nos dados trazidos e no que foi exposto, pode-se ver que as
empresas podem mudar seu posicionamento no dentro da sociedade e passar a
desenvolver práticas de gestão ambiental que lhes levarão a estarem adequadas com
o que a sociedade espera. Isso muda a imagem da empresa, permitindo vantagem
competitiva em relação às demais, lucro e contribuindo para o desenvolvimento
sustentável.
Visto todo o apresentado e exposto, pode-se ver que os objetivos deste trabalho
foram alcançados com sucesso, e obtiveram resultados positivos, demonstrando que
a gestão ambiental é uma forte aliada para as empresas e só traz benefícios para a
sociedade.
Também é possível afirmar que a pergunta problema foi respondida, onde
demonstrou que além de retorno financeiro, ao reduzir custos, a gestão ambiental gera
valor ao produto/imagem e isso não tem como mensurar, passando a ser um valor
intangível. Também se comprovou que há redução de verbas públicas com
fiscalização quando as empresas estão regulares e seguem legislações e por
consequência isso gera o desenvolvimento sustentável, propiciando melhor qualidade
de vida à sociedade.
Por fim, aqui fica o desejo de que esta pesquisa possa contribuir com demais
estudos que podem ser advindos de pontos abordados, e que podem ser pesquisados
e esclarecidos com mais profundidade.
67

REFERÊNCIAS

AGENDA 2030. Conheça a Agenda 2030: Conheça o Plano de Ação Global Para
Mudar o Mundo Até 2030. Disponível em: <http://www.agenda2030.com.br/sobre/>
Acesso em 09/05/2021.

ALBUQUERQUE, José de Lima. Gestão ambiental e responsabilidade social:


conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009.

ALTENBURG SUSTENTÁVEL. Sustentabilidade, Branding e Resultado: Uma


sinergia possível. Disponível em: <https://www2.fiescnet.com.br/web/recursos/
VUVSR016RTNNUT09> Acesso em 21/10/2021.

ALVES, Ricardo Ribeiro. Sustentabilidade Empresarial e Mercado Verde: A


transformação do mundo em que vivemos. Petrópolis: Editora Vozes, 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1474: Informação e


Documentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistemas


de Gestão Ambiental. Especificações e diretrizes para sua utilização. Rio de
Janeiro: ABNT, 2004.

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento Sustentável: Das origens à Agenda


2030. Petrópolis: Editora Vozes, 2020.

BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: O que é – O que não é. Petrópolis: Editora


Vozes, 2016.

BONJARDIM, Estela Cristina; AGUIAR, Fátima Azevedo. Os Princípios da


Precaução e Prevenção e a Inversão do Ônus da Prova no Direito Ambiental.
Disponível em:
68

<https://www.metodista.br/revistas/revistasmetodista/index.php/RFD/article/download
/1970/1975> Acesso em 29/05/2021.

BOSSELMANN, Klaus. DO Princípio da Sustentabilidade: transformando direito e


governança. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

BRASIL. Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.378-6 Distrito Federal.


Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/imprensa/pdf/ADI3378.pdf> Acesso em 29/05/2021.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm> Acesso em 05/06/2021.

CARVALHO, Carlos Gomes. Introdução ao Direito Ambiental. São Paulo: Editora


Letras e Letras, 2001.

CIA HERING. Relatório Anual 2020. Disponível em:


<https://relatoriosustentabilidade.ciahering.com.br/> Acesso em 21/10/2021

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.


Nosso Futuro Comum. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4245128/mod_resource/content/3/Nosso%2
0Futuro%20Comum.pdf> Acesso em 09/05/2021.

DECLARAÇÃO DO RIO DE JANEIRO. Disponível em:


<https://www.scielo.br/j/ea/a/szzGBPjxPqnTsHsnMSxFWPL/?lang=pt&format=pdf>
Acesso em 29/05/2021.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade.


São Paulo: Editora Atlas, 2019.

FARIA, Carolina Lemos de. O Princípio do Poluidor-Pagador. Disponível em:


<https://jus.com.br/artigos/34803/oprincipio-do-poluidor-pagador> Acesso em
29/05/2021.

FARIAS, Talden Queiroz. AMBITO JURIDICO. Princípios gerais do direito


ambiental. Disponível em: < https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
ambiental/principios-gerais-do-direito-ambiental/ > Acesso em 28 de março de 2021.

FENKER, Eloy Antonio et. al. Gestão Ambiental: Incentivos, Riscos e Custos. São
Paulo: Editora Atlas, 2015.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São


Paulo: Editora SaraivaJur, 2021.
69

FREIRIA, Rafael Costa. Direito, Gestão e Políticas Públicas Ambientais. São


Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.

FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: Direito ao Futuro. Belo Horizonte: Editora


Fórum, 2019.

FSC BRASIL. Disponível em: <https://br.fsc.org/pt-br/faq> Acesso em 16/10/2021.

GBC BRASIL. Disponível em: <https://www.gbcbrasil.org.br/> Acesso em


16/10/2021.

GIACOMINI FILHO, Gino. Meio Ambiente & Consumismo. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

HERMANNS, Angela Kathe. Gestão ambiental empresarial: aspectos legais,


mercadológicos e econômicos. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2005. Disponível em: < http://tcc.bu.ufsc.br/Economia295568> Acesso
em 15/11/2021.

KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. et.al. Gestão Ambiental e sua Contribuição


para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <https:
//www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/52118614.pdf> Acesso em 12/10/2021.

LIMA, Rafaela Assis. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável nas


Organizações Modernas. 2016. 4 f. VII Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental,
Campina Grande, 2016 apud NILSSON, W. R. Services instead of products:
experiences from energy markets - examples from Sweden. In: MEYER KRAHMER,
F. (Ed.). Innovation and sustainable development: lessons for innovation
policies.Heidelberg: Physica-Verlag, 1998. Disponível em:
70

<https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2016/XI-038.pdf> Acesso em:


15/11/2021.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 12ª edição. São
Paulo: Editora Malheiros, 2004.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21ª edição. São
Paulo: Editora Malheiros, 2013.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro.12. ed. São Paulo:
Malheiros, 2011. apud MARCHISISO, S. Gli atti di Rio nel Diritto Internazionale.
Rivista di Diritto Internazionale 3/581-621. Milão: Giuffrè Editore, 1992.

MARTINS, José Pedro Soares. Empresa e Meio Ambiente: O papel da empresa e


de seus colaboradores. Campinas: Editora Komedi, 2009.

MAURICIO JR., Alceu. Compensação Ambiental e o Princípio do Poluidor-


Pagador: Comentários à Decisão do Supremo Tribunal Federal na ADI 3378/DF
Disponível em:
<https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/observatorio/article/view/258/214>
Acesso em: 29/05/2021.

MAZZAROTO, Angelo de Sá; BERTÉ, Rodrigo. Gestão Ambiental no Mercado


Empresarial. São Paulo: Editora Intersaberes, 2013.

MEU RESÍDUO. Conheça Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da


ONU. Disponível em: <https://meuresiduo.com/categoria-1/conheca-os-17-
objetivosdo-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/> Acesso em 09/05/2021.

MIRANDA, Dheyson Lobo da Silva. O Princípio do Usuário-Pagador e Poluidor-


Pagador no Direito Ambiental. Disponível em:
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direitoambiental/o-principio-do-
usuariopagador-e-poluidor-pagador-no-direito-ambiental/> Acesso em 29/05/2021.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Articulando Os Programas de Governo


com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
<https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-
71

10/Publica%C3%A7%C3%A3o%20Articulando%20os%20ODS_REQ_ID_6998.pdf>
Acesso em 09/05/2021.

PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 12. ed.
São Paulo: Conceito Editorial, 2011.

PEREIRA, Adriana Camargo; SILVA, Gibson Zucca da; CARBONARI, Maria Elisa
Ehrhardt. Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Meio Ambiente. São
Paulo: Editora Saraiva, 2011.

PROCEL INFO. Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/main.asp> Acesso em


16/10/2021.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro:


Editora Garamond, 2009.

SILVA, Celiane Campelo da. Aplicabilidade da Gestão Ambiental no Ambienta


Empresarial: Análise na empresa Cerâmica Tarumã Ltda – ME de Itaituba – PA.
Disponível em:
<http://www.faculdadedeitaituba.com.br/pdf.php?id=3&f=TCC%20CELIANE%20ANA
%20.pdf> Acesso em 12/10/2021.

SILVA, Daniellly Ferreira; LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. Empresas e Meio


Ambiente: Contribuições da Legislação Ambiental. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/interthesis/article/view/1807-
1384.2013v10n2p334/25926> Acesso em 09/05/2021.

SILVEIRA, Augusto Lima da; BERTÉ, Rodrigo. Meio Ambiente: Certificação e


Acreditação Ambiental. São Paulo: Editora Intersaberes, 2017.

SZABÓ JR., Adalberto Mohai. Guia Prático de Planejamento e Gestão Ambiental.


São Paulo: Editora Rideel, 2009.

VEIGA, José Eli da. Para Entender o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo:
Editora 34, 2015.

WEG. Relatório Anual 2020. Disponível em:


<https://www.weg.net/institutional/BR/pt/sustainability> Acesso em 21/10/2021.

Você também pode gostar