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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

TAÍS MESSINGER RIBEIRO

GLOSSÁRIO SOBRE A CLÍNICA PSICANALÍTICA

Setting

São Leopoldo

2023
O setting psicoterápico refere-se ao ambiente físico e emocional onde a
terapia ocorre. Conforme Pechansky (2015) o setting “é considerado um espaço
dinâmico a serviço do bom andamento de toda terapia, na qual se envolvem
paciente e terapeuta. É o ambiente que se estabelece a fim de propiciar as melhores
condições para a instalação de um bom clima de trabalho”.

Geralmente, é uma sala segura e acolhedora, projetada para promover a


confidencialidade e o conforto. Além do ambiente físico, o setting inclui as
características da relação terapêutica, como a empatia do terapeuta e a construção
de uma aliança terapêutica sólida. Pechansky (2015) destaca que “na caracterização
do setting, sempre se considerou a neutralidade, a abstinência e o anonimato como
integrantes essenciais para sua manutenção e fundamentais na preservação e na
continuidade do processo terapêutico”.

Greenson (apud Pechansky 2015) menciona o que a psicanálise exige do


ambiente analítico (setting), argumenta que:

[...] o termo se refere à estrutura física e aos procedimentos


de rotina da prática psicanalítica que constituem parte
integrante do processo de ser analisado [...] e que realmente
facilitam e aumentam bastante o aparecimento de todas as
diferentes reações transferenciais.

Embora estes sejam aspectos da prática psicanalítica, pode-se concluir que


também é justo assumir que muito do que pode ser deduzido disto pode ser aplicado
num ambiente psicoterapêutico. Deve-se levar em conta que existem diferenças
tanto em relação à técnica quanto aos objetivos a serem alcançados, que limitam os
limites de ambas as formas de tratamento.

Para a maioria dos autores, existe uma diferença fundamental no


desenvolvimento da "neurose de transferência" e, portanto, o ambiente específico
desempenha um papel importante. É isso que Greenson sugere quando examina o
ambiente analítico a partir da perspectiva dos elementos que contribuem para a
neurose de transferência e facilitam o trabalho.

Alguns exemplos de elementos que fazem parte do setting psicoterápico:


 Privacidade: Garantia de confidencialidade e isolamento para criar um
espaço seguro no qual os pacientes sintam-se à vontade para
compartilhar suas experiências.
 Iluminação Adequada: Uma iluminação suave pode criar uma atmosfera
relaxante, enquanto a disposição das luzes pode influenciar a sensação
de abertura ou intimidade.
 Arranjo Físico: A organização da sala, como a disposição das cadeiras ou
sofás, pode afetar a dinâmica da interação terapêutica, proporcionando um
ambiente que encoraje a comunicação.
 Elementos Simbólicos: Algumas salas terapêuticas incluem objetos
simbólicos ou artísticos que podem servir como pontos de discussão ou
reflexão durante a terapia.
 Comportamento do Terapeuta: A empatia, autenticidade, respeito,
neutralidade, a abstinência e o anonimato do terapeuta contribuem
significativamente para o setting, influenciando a qualidade da relação
terapêutica.

Esses elementos combinados formam um ambiente propício para a


exploração emocional e a construção de insights durante o processo
psicoterapêutico. O setting desempenha um papel fundamental no estabelecimento
de uma atmosfera propícia à exploração e transformação pessoal durante o
processo terapêutico.

Para Dutra (2004), no campo psicanalítico, o setting é um espaço que se


oferece para criar uma estruturação simbólica dos processos subjetivos
inconscientes, reunindo as condições técnicas básicas para a intervenção.

Então podemos dizer que no tripé do setting são englobados todos os


elementos organizadores do processo, sendo eles, o espaço físico de atuação, o
contrato estabelecido para o seu desenvolvimento e os princípios da própria relação,
transferencial e contra transferencial.

Quando nos referimos ao setting terapêutico, somos sempre atraídos pelas


funções que devem ser atribuídas ao terapeuta que se dedica à investigação e ao
tratamento, para que só assim possamos realmente compreender a função principal
da neutralidade. Existem tantas variações, "acidentes de trabalho", que é necessária
uma vigilância constante por parte de todo terapeuta para evitar cair nas armadilhas
da transferência e da contratransferência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUTRA, Elza. Considerações sobre as significações da psicologia clínica na


contemporaneidade. Estudos de Psicologia, v. 9, n. 2, p. 381-387, 2004.

PECHANSKY, I. Setting psicoterápico: neutralidade, abstinência e anonimato.


Em Eizirik, Cláudio L; Aguiar, Rogério W; Schestatsky, Sidnei S (Org.). Psicoterapia
de orientação analítica: fundamentos teóricos e clínicos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed,
2015.

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