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O QUE É O SUJEITO

Com o avanço do pensamento filosófico sucedendo ao longo da história, iniciou-se a


busca para responder uma grande questão "́o que é o sujeito", que até então nem os
chamados primeiros filósofos tinham discutido, uma vez que estavam preocupados em
compreender a chamada physis (Natureza). Contudo, o conceito de sujeito foi evoluindo no
decorrer do tempo, sendo interpretado de maneiras distintas por diferentes filósofos.
Na antiguidade Clássica o primeiro filósofo a falar sobre sujeito foi Aristóteles, no qual
defendia que tal conceito partia de um ponto lógico, naquilo de que algo é predicado ou
enunciado, contudo, passando para o ponto de vista ontológico significa algo que existe, que
passa por um processo de modificação, que pertence a uma qualidade. Essa ideia advém da
diferenciação estabelecida pelo filósofo entre substância e seus acidentes. Os acidentes são
decorrentes das transformações que ocorrem em uma matéria e que prevalece semelhante
através deles, já a substância é algo que não está ligada a nada, ou seja, ela subsiste por si
mesma e assim sendo ela funciona como substrato.
Na Filosofia Medieval o termo sujeito não se modifica, ou seja, ainda continua sendo
voltado no pensamento Aristotélico. Os escolásticos que tinham seus ideais inspirados em
Aristóteles. Para eles, o sujeito é definido, aquilo que é posto por baixo que serve como base,
fundamento; e substância – a qualidade de cada coisa, sua essência, aquilo que é o substrato
dos acidentes.
Tomás de Aquino dizia que a substância, que é sujeito, tem duas coisas próprias: a
primeira delas é que não precisa de um fundamento extrínseco em que se sustente, mas é
sustentada por si mesma; e por isso se diz que subsiste, como a existir por si e não em outro.
A outra é ser o fundamento para os acidentes, sustentando-os; e por isso se diz que está
debaixo. Para o Santo Tomás, o sujeito conserva os significados de substância e essência.
Com isso, pode-se notar que o termo sujeito no âmbito filosófico é aplicado a qualquer
substância, não apenas ao homem. Esse pensamento vai dá Escolástica e permanece até a
idade Moderna, sobretudo, sem sofrer nenhuma alteração.
Todavia, quem definiu o sujeito como pessoa foi René Descartes no qual inaugurou a
Filosofia Moderna com um diferente modelo da racionalidade filosófica voltado à percepção
de subjetividade. Descartes partiu de um problema no qual estaria voltado na busca por um
ponto de partida evidente que fosse possível uma elaboração de todo discernimento a partir
de bases sólidas.
Em sua obra "Meditações da Metafísica", Descartes parte do ponto do "eu",e o
"pensar", logo, já usa a mesma fórmula "penso, logo existo", pois dado o momento que eu
penso, não posso duvidar que estou eu pensando, com isso, posso afirmar que sou uma coisa
O QUE É O SUJEITO

pensante. Essa é a primeira verdade evidente de Descartes Além disso, pode-se concluir que o
pensamento de descartes em relação ao sujeito contínua de uma maneira tradicional na
concepção Aristotélica -Tomista. Nessa concepção a alma passa a ser dotada numa noção de
mente, já o sujeito é dado como uma consciência, um "eu" que pensa.
Com o avanço da modernidade, Immanuel Kant traz à tona outros grandes marcos
com o avanço da teoria do sujeito transcendental. Kant conceitua o sujeito de acordo com um
princípio fundamental que o determina, ou seja uma unidade sintética de autoconsciência ou
ampliação transcendental. Essa percepção leva a ideia de um pensamento puro, sem
dependência da experiência, no qual se refere a todas as nossas sensibilidades, pois com a
ausência da síntese da consciência, estaríamos diante de vasto caos de informações e sentidos
que não possuem conexão.
Foi com Friedrich Nietzsche que houve uma oposição à caracterização cartesiana do
sujeito. Nietzsche acreditava que ao caracterizar o sujeito como uma consciência separada da
matéria, grega a transformação, traço de diferenciação. Na visão de Nietzsche, isso é
considerado uma ficção, logo deve ser descartado. Nietzsche acreditava que o sujeito é uma
unicidade emancipada que possui a capacidade de conhecer a si mesmo e o mundo ao seu
redor e de tomar decisões agindo de maneira liberta.
Foucault ao longo de suas teorias que discutiam sobre poder, o mesmo dizia que ao
falar sobre isso estava tentando entender o que é o sujeito, como o sujeito se torna sujeito.
Para Foucault, o sujeito é fruto das relações de poder, isto é, entender como o poder é
exercido é procurar discutir como o sujeito é feito, sendo este considerado uma produção,
produção essa que feita por ele mesmo.

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