Uma igreja impugnou autos de infração aplicados pela Receita Federal por não pagamento de impostos sobre a distribuição de uma revista religiosa. A igreja alega que a revista se enquadra na imunidade tributária prevista na Constituição para templos e serviços relacionados às suas finalidades essenciais. Pede a anulação dos autos e a devolução das revistas apreendidas.
Uma igreja impugnou autos de infração aplicados pela Receita Federal por não pagamento de impostos sobre a distribuição de uma revista religiosa. A igreja alega que a revista se enquadra na imunidade tributária prevista na Constituição para templos e serviços relacionados às suas finalidades essenciais. Pede a anulação dos autos e a devolução das revistas apreendidas.
Uma igreja impugnou autos de infração aplicados pela Receita Federal por não pagamento de impostos sobre a distribuição de uma revista religiosa. A igreja alega que a revista se enquadra na imunidade tributária prevista na Constituição para templos e serviços relacionados às suas finalidades essenciais. Pede a anulação dos autos e a devolução das revistas apreendidas.
ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO
BRASIL DE JULGAMENTO EM __________.
Auto de Infração Processo n.º _______________ Objeto: Impugnação
I – NARRATIVA FÁTICA
Em 16/11/2021, o impugnante teve receptado por agente fiscal, remessa de
2.000 exemplares da Revista "Amanhã É Um Novo Dia", editada pela Igreja Nova Era, com sede na Capital. Na ocasião, foi lavrado Auto de Infração e Imposição de Multa (AIIM), o qual descreve as seguintes irregularidades: falta de pagamento do imposto por ter escriturado a operação como não tributada; falta de pagamento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal (arbitrado por média e retroativo à março de 2011, data da criação da revista).
Não aceitando a alegação de que se tratava de uma instituição religiosa e não
comercial, foi ainda lavrado o auto de apreensão da mercadoria.
Diante das mencionadas irregularidades, inconformada, a impugnante vem por
meio da presente peça, contestar os autos lavrados pelas razões que passará a expor para, ao final, requerer.
II – DO DIREITO
II.1 – DA LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR
O art. 150 da CF/88 traz em rol taxativo as imunidades tributárias, que
significam a limitação ao poder de tributar, ou seja, são hipóteses previstas constitucionalmente que asseguram ausência de tributação. No caso em tela, a impugnante teve auto de infração lavrado e imposição de multa, e decorrência de ter escriturado como não tributada a remessa de revistas editadas pela Igreja Nova Era, além de ter sido apontada em levantamento fiscal, o qual foi constatado, indevidamente, o não recolhimento de período retroativo à data de criação da revista. Ocorre que é preciso observar a literalidade do texto constitucional, disposto no art. 150, inciso VI, alínea b c/c parágrafo 4º, que assim dispõem: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c",
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Da leitura e compreensão sistemática dos dispositivos supracitados, depreende-
se que os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade beneficiada com a imunidade, também seriam imunes, ou seja, uma vez que a referida revista objetiva retransmitir os dogmas da igreja, esta se enquadraria como serviços relacionados à finalidade da mesma.
Diante disso, incabível, de fato, a aplicação de auto de infração pelo não
recolhimento dos tributos, uma vez que a atividade possui imunidade, ou seja, “isenção” estabelecida pela Carta Magna.
Disso deriva também a impossibilidade de autuação em razão do levantamento
tributário, tendo em vista que não é possível o auditar os referidos tributos, por ser inconstitucional sua cobrança, não sendo constitucional a autuação outrora feita.
III. CONCLUSÃO
Neste diapasão, a impugnante requer a baixa dos referidos autos de infração,
cancelando os débitos cobrados, uma vez que, constitucionalmente, não pode ter serviços tributados, uma vez ligados à finalidade essencial da instituição religiosa, bem como que a remessa de revistas seja devolvida, considerando ainda que não exerce atividade comercial.