Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
N?1
trrundação Urivcrsidarle tle llrasília
EDITORÀ
L_Jfr
t"§srB
I) ir:etora Ana Mariu ]iernanrlcs
EDITORA
NZ
UnB
Equrnr rDlror\r^L
(irpyrighr O 201-3 by
Iltlitora Llnivetsir:{ade de Brasílie
lnrprcsso no Br""il
l)ireitos exclLsiyos par:r esr;r eclil:áo:
lrrli«rra Uuiversicladc cle Brasília
SCS, rlrraclra 2, blorrr fl, no 78, c<iificio ()K, 2a anrJar,
Ctt.P 7 0302-907. llrasília. [ ) [i
'I'clcl-one: (61)
3035 42OO
I:ax: (61) l()35-423{l
wrvw.cc{ it orn. r rnb.b r
Iricha catalográíica eleborad:r |cla Bihliott:ca ce.rrrÍ rla (J*ivcrsidade rle lJrasília
t{cidcgger, Maltin.
ÍI'/27.Yh Explicaçõcs da pocsia dc Il<ilderlin / Martin
Ileicicgger ; Itraduçrio de Clautiia Pellcgrini
Druckell. - Rrasília : llclitora IJnivcrsiclac{c rie
llrasilia, 20 I 3.
IStsN 97U-85-230,1089 8
1. i{iikierlin, }olrann Christian l"-rjeclrich, I770- O texto desta eclição é iclônÍ.ico quanto à letra e à paginação ao
1843.2. Poetas alernães. 3. irilosofia cla arte. 4. da reedição clo volume 4 cla eclição coligida das obras de l-ieiclcgger
Iiilosofi a contemporâ11ea.. L'l'ítulo.
(Gesomtausgaüe), pubiicacla ao mesmo tempo. Eclitado por
CDU 830 Irriedrich-Wilhclnr von I-lerrntann. Sexta edição, revisada, I99ó.
Surnário
['rti1ogo............ .........__.._........_..._...15
...93
O poerna.......... ...........................203
......219
Martin Heidegger i 9
PREFÁcIo A LEITURA
DÔS POÊMAS DE HOIOTRIITTI
Âindir assirn, apellas poucos poemâs podern ser ditos aqui. thl
parcimônia se limitii a uma coleção. Ela conservará a aparêncla cle
MartinHeideggerlll
arbitrâriedâde, que se âteDuaú, se acompanhârmos mlicitaneüte, I'oÍ meio dâ âudição repetida nos tornaremos mâis aplos â
por meio de umâ âldição frequente, as sentençâs orienladi{tuc quc I ouvir. Mas também miis âtentos à maneirâ .onlo o dto do poera
sáo liradês da poesiâ de Hôlderlir. {I pôde ser dito- I,ois ndâ mnis djÍicil que selecionar os poemâs, é
A primeira sentença orientâdoÍa ó: âcertar o tom. No hsLlnte da íala tecricamenle registrâda, o t.rn
mâs dê modo isualmente rácir Pode ser
' 'rudoéirrenso :::*fi};[***"'
(Rascunho"FiguràeespíritdlEdiçãodesruttsáÍrII,r,p.rzr.)
."".f.:,,:."r..i:"il1,il,:";:::,:":ff:;ITl"H§:?j:l
Isso qucr diar: cada qual transferiu a posse de si mesmo âo
odro, mas tal que permânece em seu próprio, e sí, então, de fato, aúUe o snD desâfina,a por coi§âs humildes
est€ ponto: os 4gs9§-e--o-qh"o. J,tsns, lIE eJ 4l A iDtcnsidâde não cono a nerc, corn o qual os homêns râze' soâr â hora do júrâr.
signifi€a nenhlunâ fusào ou dissoluçâo dâs disúnções. Â jnleDsidâ.le
nomeiâ o pe(encimento recíproco do estnngeirq o imPério dâ Nestas pâlâvras, o iocomum e gmndioso é nomeado mediant€
estrqnheza, a exigênciado püdor a humildad€ do cotidiâno:
À segunala sentença orientadora é uma Pcrguntâ:
Martin Heidegger I l5
Por coisas huinildes A CHETANA
lJesafinava corno pelâ ncvc A CASAIAOS PARENTES
o sino, corr o qual
os honrct.ts lazent soar
A lrorr rio jitir{irr.
)
'li;rnquilos cintilarn, contudo, os culltes c1e prata 1á no alto,
cobertir tle rosas jír estií lá em citna a neve luminosa.
U nrais alto aincla, por sobre a luz habita o puro
berrr-aventur;tdo L)eus clue se aJegra com o jclgo clos raios sagrados.
Silcn[.e rnora ele soziniro, e claro aparece scu rosto,
conterrâncosl por vós pedi, enrl.rautti o ltgo tne enrbiilava, Aí tue rcccbcm. Ó voz da cidacie, da rnãel
e o rernador, calmamente se seirtava e lrirvessia.
lottvava a 'Iiitocas, tu clespertas em rninr algo há rnuito sabiclol
Na ampla superfície clo lag«-r havia l)rrr flutuar alegre 'lbdirvia tudo ísto irincla existe! Ainda Í']clresce o srll e a alegria vossa,
sob as velas e agora lloresce e se ilurnina a cidacle <i caríssimos! Vê-se no oihar aincla nrais clara do <1ue antes.
[á ao arnanhect-r, e viucio clos Alpes sutnbrosos Siurl O Ar.rtigrl ainr{a existel Iile liutifica e arnaclurect-., nras nacla
venl beln concluziclo e clesctursii agora no porto tt rtavio. cir-re vivc e arnir clesiste da fideiidade.
Cálicla é a ntargem aqui e an-rigávcis :rlrertos vaies, hzlas o nrelhol, o tesoluo que está sob o arco da paz
belos, ilLnlinados por trtirlhos, verLlejarn e me visluttrbrarn. sagrariir fui reservaclo para joveus e velhos.
]arciins se empareihau e o botãrl reluzente já brota, Iralo crn delírio. Li cle alegria. Mas amanhá e no futriro
e o canto das avcs con'n,ida o vitjante. quartdo sairntos a passeari e olharnros o cal)rpo vivo ircliante,
1-uc1o parece iarniliar, até a saucltiçao de passagern sob o florescer cias árvores, nos Iêriaclos da prirnavera,
l)arece rlita por arnigcls, cirtla roslo l)111:el:e aparentaclo. clirei muito sobre isso e muito aguarclarei cortvosco, ó carosl
atribuíclo àc1ueles que liabitanr o país natal. Da pátria, o próprio e as Í[orcstas, o verrle clas iir.vores santas, t»rle agr.acla
no mais alto grau já é enviado ])or um envio, ort, como agora nós iro carvalho ircorr"tprrnhar as bétulas e llias,
empregarnos o termo, "lIistória'l I)o mesrno modo, o cPte ntl etrvio e i\s montrrnhas url lugirr.anrigtirrel nrc prcncle.
tempo intertlitado é o reservaclo. llnquanto reservaclo, o tesouro o rnais convidirtivo e jii vern ao eÍrcontro, clevemos chaurar pelo noure
achado já vem ao tnc()ntr(), e pennallecc {) procurado. Por quê? tlue lançir srra luz sobr-e [otlo o p()ema 'A chegacla a casi'com a palavra
'b Àlegrel Na segu,cl. est«rle acumnlam*se as referência.s ao 'Alegri'
Porclue aqueles "carregam preocupaçôes na pátria' ainda não
estão prontos para possuir o mais próprio cla pátria, "o alemão", e i\ alegriir, assim como na últinril. Nas denriris estroGs, essas palirvras
como se fclsse sua proprieclacle. Assim, a chegacla a casa reside ressoírlrr de rrrotlo mais esparso. Apenas na qllarta estrofe, que narríl
precisamente em qlre os conterrâneos sintam-se em casa, pela ilnetliatirrnente a visào do Alegre, a palavra se Írusenta. o corleço clo
primeira vez, dentro c1a essência cla pátria ainda reticla; de fatcl, poenra norneia o'Alegre" igualmente ern sua relação corlr o yroernatizar:
mente, cla "Montanha tlr:s Alpes'l atrirvés cla águas clo lago ató os clunes clti tenrpcl, c os iluericlos
vivem perto, esnorccenrio
â rnargem cio país natal. Ilenulrcia'se à estadia "sob os Alpcs", a
ent Íllcllrles clue l.orrâil a distâncir iníinita,
proxin'rirlacle ao lubilante, precisatue tlte em função da chegaclir
tlá-nos, água inocente,
a casa. E, clecerto, ainda rltais estrauho qtle o Alegre apareça, aincla
oh cli nos asas, para atravessar pair;r Jii
assim, sobre as águas cluc levanr o poeta para lgrrge tia cordiiheira
cle ânir-uo fidelíssin'ro e voltarr rie novo.7
dos Aipcs, sob as aslts tlo ttitvio \lllc u cllrl'cgtl:
segredo cia proxiniiclacle ao cltLe estii prtixirno. Ille o cottta i:rlttÍilrntc jVttritos tentaram em vão clizer.irlegremente o
]ubilarúe,
iranslirrma o Jtrhilirnte en'r poesia. O poctnatizar trãti corttent;r tr arlui finalmerrte ele r^e cleclara a rninr, aqtri rro [uto.
2. "ll por lsso the íiri <iado [...] o mais perigoso dos bens, a lírgr_ra,
para que elc [...] dô testemunho do que é [...]" (l\i 24íj) l
Martin Heidegger | 43
forma aló rnais rica do que na criação de Fiiildcrlirl, lão prenriltura e sobre apenas circo sente,ças n'rtearlcrras do poeta sobre a .poesia.
brtrscamente in terronrpida. o orclenanreuto cletc.minado destas senterças e sua concxão inl.erna
Pode ser. Contudo, lIôideriin, c sír ele, foi escolhitl<t. Mas ó clcve.r pôr diarrtc dos nossos olh.s a essência essencial cla poesia.
possível, de toclo, recolher da obra dc urn único pocta a essência
universal c1a pocsia? O ttniversal, no seirticlo daquilo qlle vale Para 1
testeruunho clo que é, do qrre.lela ltercltlrt e aptencleu, o t1-te cle tnais pertencirnento tx) ente no seu toclo acontecc como história. I?ara que
divino ela posst-ti, o Atnor rluc ttrtlo ttrantérn (tV,2'16).4 a história seja p«:ssíveJ, conrucl., a Iíngr,ra l'oi dacia ao hornenr. Ela é
rrnr belr do hornent.
A língua, o campo cia 'bcutr;ação mais ioocente" de todas, é 'b En'r que rnetlicla, por'ém, a. lÍngutt éo "mais perigoso rl<ls bens',?
lrais perigoso clos bens". Como se reconcilianr alrbos? I)eixemos esta Illa é o perig. stlprerno, pr-li.s constitui a po.ssibilidtrrle c1e tun perigo.
pergllnta em segtrndo plano, por ora, e reflitamos sobre três qrrestÔes O perigo d: a arneactr, rnediante o entc, ao ser. Mas é bent graças à
preliminrires: a) De quem língtta é um bem? b) Íln qtle lnedicla ela )írg,a clue o ho*rern, clc tocio, sc expÕc a algo
r,a,ifesto, que corro
é o bem mais pe rigoso? c) F)nr que meclicia ela é, de todo, tttrt betn? ente asseclia e inllarna o honrern efil sell estar-aí, e ceuio não ente
Consideremos a seguir eln que lugar se encontra a sentença o engaltil e decepciona. A língtia cria pela prirneira vez o lugar cie
sobre a líng'"ra: no prtijeto Para unl poerna rluc cleve tlizer quenr é tlmeaçi] ao ser e cle cr|o, e rrssinr it pclssibilidacle cle perciir do scr, isto
o homem, em contraste coill iis outrirs criattlras tia ltatureza; são é, de perigo. JVIas a língua não é só o pe:rigo clos perigos, rnrs abriga
mencionaclos 0 rosa, os cisnes e o vcado na lloresta (IV, 300, 385). em si ntesrna e parâ si nresnla, necessariamente, urn perigo contíüut>.
Por estabelecer uma distinção, o esboç() fragmentário mencionaclo A tarela cla língua é tornar manilcsto o enle, co_rno tal, na obra e
começa com: "fuIas etn chottpauas vive o hon'renil const-'rvá-lo. Na liligua vênr à palavra tanto o mais puro e o urais
Quem é o hornem? É acluele que deve dar testemunho clo c1r-re recôntlito quanto r,l rnais turvo e colrrurn. De Íato, a paiavra essenc--ial
é. Dar tester.nrinho sigrrifica, por um l;ido, reportar; Inas ao üIesnlo até cleve lornar,se comunt, para que se tonre compreenclida e, desse
tempo signilica resp<lntler, ao reportar, pelo reportiid«1. O h«lrrrem rnodo, urna posse compartilhacla. Em cclnÍtormiciade com isso, cliz-se
é aquele qtte é precistltnente ao atestar o sell estar aí [,])asaín]. ]iste en) oulro esboço fragmentár:io cie Hrilclerlin:'I'u falas à clivindade, rnas
testernunho não signiÍictr aqui uma exPressão posterior e acessória isto vós torlcls esqueceis, c}rc as primícii,rs nunca são para os rnortais,
do ser^homem, antes ela ajuda a consl"ituir o estar-aí. L)e qr-re, clue elas pertencerlr aos deuses. o fruto prrecisa se torna rnais comurn,
porém, deve o homem clar um tcstemunho? IJe seu pertencinrento rnais coticliarto, para que seja próprio aos mortais (IV 238). 'Ihnto
à terra. Ilste pertencimento consisie em ser o hotnenr o hercleiro e plrro colno o cotnlln) sâo, igualmente, cla orclern cio clito. por issc»,
o aprencliz, em todas as coisas. Esttrs, contuclo, se eDcolltl'aln en) a palavra conro palavra nLrnca ofàrece irneriiatarnente ;r garantiil de
estado de conflito. Aquilo (:llle separa tocias as ctlisas etlt <-lposição, e ser esseucial ou lantasnraliórica. Ao contrário: uma palavra essencial
com isso ao nlesrrlo ternpo as re(rne, IIôlderlin chama "iniensicladil sc pr'esla a ser tomacla, l)a sua sirnplicidacle, írerluentcrncnte col)to
O testemunho do perteltcirnell[o a ta] interrsitllcle acotrtece Por se Íbsse algo cle nã«l essetrcial. Por outrri lado, aquilo que, ern seus
meio c1a criação de um mundo e do seu ernergir, assinr cotno pela aclornos, dti a impressão de ser essencial é apenas uma récita oLl rrnla
clestil-rição e declínio deste mestno lnundo. O lestemunho acerca clo refêrência. Assin'r, ir língua tleve se postar c«rnstarlernente no interior
rle unra aparência procltrzirla por elir nlcsrlra e, por iss(), ameaçar o
clue lhe é rnais prriprio, <l riizer ar-rtênl-ico.
4 QUIN1ELA, lL)97, p.44.8, rnodilicada.
e o aparecer clo rrir.urdo não são antes cle trttltl ttnta cousetlttêllciir cltl cieve ser lixaiio, enr opcrsição ao arrebata,rento; o sinrples cleve ser
acontecimento cla língua, mas antes lhes são sin'rullâncos" li isto é tanto extraício dir cclnhrsão, a rneclicla devi: ser oíerecicla ao clesrlecliilcl.
rliiis verclttcleiro conltcrrtle a corlversa que sol)Ios, e(n scnti(lo próprio, o que slrstenta e d.nrinir o eute cnr sLra totaliclade cleve se torntrr
consiste efir norrear os cleuses e uo torltar-se palavrir clo tnutrclo. rnanifesto. O ser tleve ser frauquetrcl<i, para clue o cnte apar.eça. Mas
Os deuses, porérn, só poelem chegar: a ser clitos, erltão, se eles a[é r:resnro este ])ennar]enter é algo fugiclio. 'hssim é velozmente
mesmos nos dirigircnt a palavra e Ilos itrtet'pclarent. A paliivra c1r-tc transitórÍo tuclo o qtre é ceJeste; rnas não em vão" ( IV I ó3- 164)./ para
norneia os cleuses é sernpre ulnâ resPos[Ll a tal exigêr'rcia. llsta resl.rosta que este perrnalleça, p.rérn, e'tonÍiacio aos cuidac"l.s e ao serviço dos
brota, a cacia vez, da rcsportsabilicltrcle cle utrt clestino. (jott{irrrttc poetas" ([V i45). O poeta nonreia os deuses e nonreia lotlas as coisas
os cleuses lrazem à línguir o n()sso estar-aí, renlolitalllo rlos pcla rraquilo que el;is são. Ilste fiolnear não consiste em prover tle urn
primeira vez ao àrnbito cla riecisãti: se nós n<ls prottlctertltts tis clcttses nonre algo já previarnente conhecitlo. Ao cuntrário, pelrr noirleaÇão o
ou se t1os ]"ecusamos a cles. ente ó uomeaclo no clue ele é, pela prirncira vcz, conlornre o poeta cliz
Só agora abarcatnos corrt a vista pela Prirncirit vcz o (ltle a palavra esscncial. Assim, o cnte se clii a conliecer como errte. r[ por-'siir é a
significa'descle que soltlos rlnr colti<1itio..ll l)escle qtle os clettses nos l'unt1ação do .ser prela palavra. O que pernrauece,
l)ortarlto, nunca é
6 lixplicrçocs ilapocsLr cle lliilderlin l-.1'll. IIt.ic[1ger, i!)51 ( 1. J-cr d /d/r//)r), §§ 79-11 I 7 ()IJIN tllt.A, 1997, p..11)0
clesmedido. Não encoutralro$ nunca o futrdanrento uo abismo' aí huur.ro. liste é "p«rótir:o" no seu fundamento. Mas entendernos
O ser nunca é um ente. Mas porque o ser e a essência clts coisas agora a pclesia come o rloilear ÍirDdante dos deuses e da essência das
nunca rcsultarn de um cálcul«r nenr poclei'n ser derivados a partir clo coisas. "LIa[tita i: pclcticame nte" significa; perrnallecer na presença dos
disponível à mão, cles tlevcur scr livretlretlte cria,"los, postos e doados. clc,ses e scr atingicl<; pela proxirnidacle esscncial das coisas. "poóticri'
'l al ciolrçii,, livrc ó funJa,r'ao. é o cstar-aí em serl funclarnento - isto significa âo rnesmo teml)o eln
O estar-irí tio hornetn é traziclti Parii unla relaçâo scgllrâ e clue o estar-aí, coníorrne ó irrstituído (funrlacio) não o é em llrrçiro rlc
coloca«lo sobre utnir base, rlltaudo ocorl-e atls c]euses serent notrteados serviços prcslados, mas poÍ cloação.
de modcl originário e de a cssêucia <las coisas vir i\ palavra, irâra qtle  poesia não é urtr enfcite acessório do estar-aí ]rtrmitno, não
destc tnodo as coisas reluzirm, pela priu.reira vez. O dizcr dos poetas é apcuas rrrn enlusiasrno passagciro e muito Ínenos urla sintples
não ó uma íunclação aPellas no senficitl cla livre doação, tnas atltes e exrltação e entrelcnirncnto. A poc'sia ó o íundanrell[o ql]e sustcllla
ao rresrlo teürpo no sentit{o cle uma fuilclamentação firtne clo cstar-aí a histririn e, portanto, taurpouco é apenas uma rtranifestação cla
lrumano sobre sua base" Se abarcarmos esta essência da poesia' a saber cultura e, sobretucln, jarnais utra rnera "expressão" de uma "alrna
clue ela é a funclação d<l ser pela palavra, então po«leretnos pressentir civiliza cionai'l
algo sobrc a verdacic ciaclr-r.cla seutcnça prolericla por i lirlcleriin, llem (]tre nosso eslar-aí sejt, no lirndo, poético tanrpouco pocic
cicpois da iroite cla loucur:a o hirver tonraclo sob stra proteç:ão. significar, ao Íirn e ao calro, que ele seja em senticlo çrrriprio apenas
utn joqo inolcnsivo. Não é o próilrío HÕlclerlin, 1.rclrém, cii_re chama
5 a pocsia "ir nrais inocente dc 1o<lirs as ocupações" nir setrteltça
orientaclora ntençionacla inicialrnente? Cclmo eia se c-oacluna c(»1r a
Iirrcontrarent<ts t quinta sentença Ilo poctllil ao llleslno le ll1po essência da poesia agora cicsclobrada? Com isso voltautos ir pergurita
rnagníÍico e terrívcl que cot-Iteça: qrre ailrcla agor"a cxcluíntos. Corrfr-rnne rcsponclarlos a esta pergutlta
ag«rra, tcnturclrlos ir{) n)esmo tcrnpo reunir cliantc rlo oiiro interior ;r
Âqui I Iiildcrlin tliz: partir cla cssôrrcia cla lírrgua. Iint scguida, porém, tornou-se claro <.iuc
a pr:csiir é o norncar funtlante clo ser e da essência cle todas as cojsas *
Chcio cle n-rérilo, contrtclo poeticiiurcnte habita não unt discrrrso aleakirio, ruas acluele pornrcio <1o qual tudo n<1trikr
«r hotncrtt sobre csta'l'erra. rllle corlversltnlos enl IíngUa coticliiina e sobrc clue debirtemos adentra
rto pela prirneirir vez" I)onr.le n pocs.ia jan-rais totra a língua corno
o aire
O clue r.r hotrretl rcaliza c cmpreertde é'aclcpiriclo e cou«ryistacltr unr material jh disponível à mão que pode ser trabalhaclo; rnclhor
por meio rkr seu próprio esforço. "ContLrclo'-'diz. I'ii)lder:lin enl <lizendo, a pocsia l.ontir a líugua possível pela primcir:a vez. A poesia
como ft-rndaçáo cio ser. A iíngua, triclavia, é "o rlrais perigosrl clos
Il urrL ano rnais tirrclc, clcpois clue Iliildcrlirr voltara à casa da
bens'l Portanto, a poesiit é a clbra milis perigosa e ao lneslno tertrpo "a
ntãe conio irlgr-Lc1nr já atingido pela louctrra, e screvc r() mcstnL| lmigo,
rrtais iurtcetltc t'ic todas i.ls ()cul)llçocs".
baseaclo nas recrlrclações cla estaclit na França: "O elemento violento,
De làto -- só quandt) Pensarmos c<lnjutr[atnent.e ambas as
o Íilgo do céu e a calma clos hornens, sua vicla na natureza, e seu
determinações, na stlil uniclatle, conceberemos a essência crinlpleta
correclimento e conten tameuto, imirressionara m-me cotrti nu arnente
r1a poesia.
e, como se contu. tios hertiis, bcrn posso clizer que Apolo nre l.eriri'l
Contr-rclo, a poesia é, eritáo, a clbra rnais perigosa? Na carta il
A claridacle excessiva lançou o poeta na escLrricião. Será necessiirio
um amigo imecliatatnertte tnterkx à ptlrlicla para a última viagern
outro testenrunho para a extrerna pcricuklsidacle cla sua'bctrpaçâo"?
à França, escreve t{õlderlin: "Meu amigo: O munr-io se mt)stra pâra
O destino rnais própr io do poetir cliz tuclo. Ilessoa coilto um presságio
rnim, com clarkliiCe ut:rior clo que outrora e com maior graviclaclel
a sentença t1o Empódocle.s c1c ikjlderlin:
Agracla-me o que acontece, aglacla-ure cotrlo, t.to verão, b pai antigtl
sagrac'ro envia das nttvells eucarnadas, coln luão seretla, l"aios de
..Iile, queru o cspíri«t Íitli,r, cle,,,e partil ir lemlio. (ill, 154)
bençircll l)entre toclcls os sintis cle i)e trs que posso ver, este se tornott tl
meu prefericlo. Antigamente eu 1-rodia exrrltar diante de uma vertlacie
lodirvia: a poesirr é "a mais jnocente dc toclas as ocr_tpirçires."
Fl,
nova, de umil opiniào llrelhtlr .r respeito do cl"re se ettcotttm ilcima e
destino do velho'1ântalo, que recebett
Iltilderlin assitn o eÍ;cre\re ern slra c-arta niro apenits parii poupar a
ao reclor rle trós" Agora, tcmo <l
rrrãe, mas ântes porqLte sabe cpre esta rollpagen-r inoli:nsiva pcrter)ce
clos deuses mais do que porlia silportar" (V,321)'
riisto r à essênciit da poesia, assirn corno o valc l-rertencc à ntontirrrlra; pclis
0 poeta se expõe aos rilios do cler'Ls. Diz algo a respeit<'r
conrtl, enlão, cstir tuais perigosa das obras pocieria ser excrcicla e
poemit que reconhecemos colno o poenratizar nrâis pul'o da essência
prcscrvarln, se o poeta não fbsse "expulso" (Erupédot:les,III, 191) do
da poesia, e que colneçir:
tltre é costunteiro na sna é1;oca e protcgiclo conlro este peltr aparência
dc irrocuiclitcie cla suir ociipaçío?
Assiur cotno em dia s:rIrto, l)ilrâ ver as terras,
o lavrador sai, pela nranhá, quarrrkr... (lV, 151 ss.)
3 A poesiu se parecr cr)nt jogo, e, tonlucltl, não é. O jog<r
r.trr)
tc'úrte os lxlrnens, iiecerto, nias dc tal lirrntir c1r-re nele c:rcla urn se
esquece precisirmenle cle si mesrno. Na poesia, :to cotrtriirio, o hrtrnertr
Aqui a ú1tima estrofe enttncia:
sc leúure sobre o firnclarriento clo seu estar,aÍ. lile atinge então cr
8 9 (lUlN'l'lil.A, li).)7,yt.373:
QUINI'EI.A, 1997,P.37 t.
estar enl casa. E, cot-tlutlo, o real ó bem irntes o ctltrtriirio; ó o que o tctrtpg5[nd6, prt'ssagi I trtlo seus
poela diz e aceita scr. Assim a Pirnteia tle Entltédodes achl]ite, a Partir rleuses viurlouros, urtecipaclaÍnelllc - (l\,, 135.)
cio claro sabcr de ltrna atniza<lc (lII, 7lt):
.A firndação <1o ser clcpendc do aceno dos deuses. E, ao rncsrno
... Ser si ntestuo, ó ternpo a palavra poótica ó apcnas a interpretação clir "voz clo povo,i
a virla e o re.sto rie nós ó o sorrlto clela. Assinr, nomeia IlÕklerliri os clitos elr que um povo ciernonslra
recorclar-se <1o seu perteilcin.rento ao errte en1 sua totirlidacle. Mas
Assir-n, pârece qire a cs5ôncia cla poesirl, ,lu scLt ill)ilrcLel frecluentemcntc esta voz emuclece e .sc e)ilenua ern si mesrla. Ilm gcral,
autôr-rlico, abala sua roltpagem cxterior c se trurntétt't firlne. l)ois eltr é cle toclo incapaz, dc ctizer o ar,rtôntico a partir de si rlesma, mas precisa
lncsma, na sLlil cssôttcia, é, toilavia, llnclação isto é: lirlclamentação de quent a interirrcte. O pssms cjr-re traz o título "Vrz c1o povo'nos Íiri
ílrnre. lep,aclo erl duas versÕes. sobreti-rkr, as estrofes finais são rlistir.rtas, e cre
I)eccrto, tocla firnclação pcrmatrece Llma livre rloação, e fato c1e lal rno«lo qlle sc comple tam" Na primeira versão, o Íêcho é:
iliiliierlin ouvc tlizerem: "scjaur livrcs, çomo ancloritlhas, os Poetas"
(iv, 16g). Mos esta liberdadc não ó arbitraricdade iliruittrtla ncnt I\rrrlrre cla ó pia, ve nero [)or Íll]or âos Celcstiais
desejo obstinado, mirs atttes nccessidirdc suprelna. a voz elo l)(.)v0, il tranquila,
A poesia se vô, conro furrdação dti ser, duplamt:nt.e <lbrigrrila' poL dcrrses e clos horlens conluclo
Ao consicierarmos estâ lei interna abirrcantos ctltnlrlctatllctlte, pela que scr trantluiia lrão a contente scmprcl (1\a 141 .)
prirneira vez, a essêltcia cia poesiir.
O poetnatiz.ar óa nolrretrção originária tlos rleuses' Mas, etltãtl, Alcr.u dcsta, ii segurrda versão:
calle à palavra p0éticit sua lorça noureaclot'a, sc os prt'rpri<ls dcttscs
nos lrottxeren.r a lírtgua. (lorno ÍhJirrlr os clcrtscs? ...c tnuilo
lloas sii<l as sagâs, l)ois siio runa urentóriir
L ircen<ts são tlos z\l{.íssiuros, crrrlrora ela Prer:isc
Descle os {cntpos atrligos a língtra rlos tlettscs. (lV' 135.) cle LIrn ilue intcrprete o cclcstc. (IU 1.14.)
A lala r1o poeta é o actllhimetlttt destes accror], para que Assirn, t poesir csih irrscrida nestas Ieis clo acerno dos cleuscs
em scguida âccrle fl sctl povo. Eslc acolliilrtt'trlo <lo siital c ult e clir r«rz. do povo lcis qr.re tenderl para a clivergência e para a
pela prinreira vez unta nr.rva época, confornre ltrntlit riovametrte Mtrs cles são, (lizes t,, li()lro os stltrtos sacercl.les clo cie,s clo'inho,
a essôncia cla poesia. É a época «los deuses fugicios e dos clenses clue ianl r1e terra cltl terra na noile sagritdu.r0
vinclonros. E a ópoca indípentt:, irois se encr()rllra ent nreio a umir lirlta
e l)cgação ciuplas: ao Ítão rriais ckrs tleuses fugidos e ao aincla nÍo clos
vindouros.
A essência cia poesia, tal corno fr-rnclada por I kiklerlin, é
histórica no mais aitcl gi'au, pois antecipa urna épocit histórica. Como
essência histórica, porém, é a única essência e,ssencial.
Indigente é a é1,,'rci1, ê l)or isso setr p6ettr é próiligo e11
presentes - não prócligo que Íreqnentemenlc preferiria afrouxar-se
l0 QUIN1 tit.A, i9e7, p. j59
Martin Heidegger i 6l
seglrnclo lei lixa, colno outrora, saíclo cio (laos sagraclo, Ir, por isso irebr:n.r Í-ogo celeste agora
senle se tlc novo o eillu\iilsltl() os Íllh,,s tla tt'rrir s(.ili r)e t.ig().
qr-re tuclo cria. lVias a nós cirbe, sob ls trovoadas «lo .ierrs,
ri poetas! perrtlarleccr de cirbeça dcscoberta,
il como ucl olhar clo liolnern ltrilhir urn Íbgo e coln a própria rlão agarrar o raio ritr l)ai,
Liuando coucebett altas coisils, assirn o próprio raio, e ocr-rlta na canção,
se incencleia de rtrivo c'trs sinais, c'os Íeitos clo rllrtnclo agora, olàrecer ao povo a daidiva cclcster.
Lim íbgo na altna dos poetas. Pois se rrris formos puros cle corirção
e o que outrora aconteceu, mas tlal se sr:ntitt, conro criançlls, c ils n()ssas nrios sern cul1>it,
eis qlle só agora se reveia,
e as que a sorrir nos lavraratn o calnpo «l raio ckr P;ri, o puro, não o qucrimarh,
ent fignrzr de escravos, são-te agora crlnhecidas, e, firnclarnente abalario, sofrenclo clo rnais lorte
ts semprL'vivas, as lbrças dos deuses. as riores, r'r coraçãcl eferno contr.rdo irca lirnie.r
queres interrogá-los?: ntr canção sopra seu espíritil, Ape,.s I i 0 a'os rnais taxle se t',rou
llste poenra clata cle 1800.
quando c1o so1 clo clia e da terra quente c<»rhecirlo clos alemries. Nolbert von Iiellingrath lhe deu unia lornra
ela desperta, ou clas trovoadas clo ar, e cle outrirs . partir de estroços rniL^uscritos, e o publicou pcla prirneira vez no
que, mais preparaclas nas fuudttras do ten.tptl liuo clr 1910 Desdc então, rnais rrma geração se passou. Durante estas
e mais ricits de senticlo i: il nós rr-raris clistirltas, rlécarlas, cotncrç(ltl o tumr-ilkr rtranilesto da histclria rnunclial rnoriernir.
vagueiam entre terril e cétt e entre os povos. Sua,rarcha compele à clecisão a respe ito da lciçâo Íirtrrra cla tlominação
pensamentos do espírito ctlmunr são, hirmarra que, tornacla inconclicional, subjLrgir o glolro terrestre irrieiro.
'lirtlaviir, o poema tle I-Iôlderlin ainda agurarda sua irrterpretaçio.
que acabarn calmos na ahna clo poettr,
0 texlo qlle seÍ:ve rle base t esjta conlerência, ctlnlericlo
tais que cia, Íêrida de repente, hri nlrito já rePeticlanrenlc com os prinreiros esboços escritos, repousa sobre <r
patente ao Influitcl, trerne t1e recorclação, etrsaio rle interpretaçáo qne sc segLle.
e, inflamacla rlo raio sagraclo, lhe é datlo |alta unr títrilo ari pocn)a. 0 todo se divicle ern sete estroÍàs.
hotrtetls, (lacia roíe c.nsisLe, à exceçâ. cla quirita
o flruto nascido en) atttor, ollra de dettses e e.st e cia sétinra, de nove ve rsos.
o canto, qtte a atlbos clê testemttnlio. lia qrrinta estro[e firlta o norro vcrso. ,A sétinra estlole, cle acorcio corn
Assirn caiu, colllo os lx)etas contam, por ela tlesejar a etlii:ão (lc v()' Ilcllirrgratlr, conrprr:ende cloze verso.s.,A. e<1ição de
ver coln os olhos o cletts, o seu raio sobre a casa de Sênrele, Zinl<erntrgcl acresccrila, t\ guisa cie oitava estroÍe, Írirgnientos clc uur
c ell, ti'ririr tto rletrs, palitt, pro.ieto anterirtr.
fruto cla trovoacla, o Bac«t sagraclo.
I QtllNl'hl.A, 1) 371 )7-1, u11)(lilr(.arla
A prirneira estrof'e trarisporta-nos para fora, para a campina "natureza" perr-neia o pocma inteiro, até a última palavra. Â
naturr:za
onde esl:i run camporrês, nzr nianhã cle urn iiia santo. O tl'aballro estii "ecluca" o poera. Ensir-ur e aplç1161i7u..1o só conseguenr incutir
razões
suspcnso, e o l)cus sc aproxinra rnais clos homors. 0 camponês qucr .tr conhecirnenlos. lvfas por: si i-nesmos náo têm pocler nenhurn.
vcr conlo o fruto íicou cicl:ois <lt ternpcstacle que, surgicla cla t'roite Alguma oulra cois:1, além tlo zckr lrurnaro
|ela fabricaçã. hurnana,
quente, arlreâçoll a coll'reita. C) [ror,ã<l clue se afasta aincla traz o rncrlo cleve educar, clc urna outra Íbrn.ra. A natureza educa 'irraravillrosa
à lelnbrança" Mas ncnhunr;r ir.runclação anreaça o câuri)o. Irresco, e oniprcsente'l i:inr tudo que é real, ela está prcscnte. A natrrreza
o solo r.ercleja. A vii{eira se alegra peia bençiro da bebida sagratla. ver, à lrresençâ no trabalho lurman' e no destino dos pc-rvos, nas
 flor:esta se pÕe soh a luz tranquila do sol. O carnponês entcnde eslrelas e nos deuses, rnas tarntrém r1âs pedras, pianlas e animais,
o clirna arreaçii constanlenrente seus haveres, mas ain<la assirn
qr-re e taurbórn nos rios e tcrnporais. "I\tlar:avilhosa" é a oniprese,ça <Ja
sente por locia parte o rcpouso do cpre traz alegria. Coníiante, elt: rillurcza. Ela nr,rnca se pcrrnite apontar precisarlente cJentro clo
aguarda o rlour Íuturo do cÍrÍ]rpo e d:r.ridcira. O fiulo e o hornerr ânrbito rlo rcal, corno sc Íirsse algo reai si,gular. o o.ipresente nu*c.
cstão abrigaclos pela [íraça qric regc ar tcrra e o céu, e que concccle ó, [amp..rc., o rcsrrltaclo c1a co,rp.sição cle vários indivícl*os reais.
aigo permanente. A tr:taliclarle do real, pol sua vez, é, quar.rcio muito, a consequência cL:
l,is o que é nonreado na primeira estloÍc, qllase colno se onipreserrtc. I;ster se esquiva a. tocla expiicação a partir do <Ire ó real.
cpriscsse ciescrrevcr urn querclro. Seu íiltirno ver:so tcnnina, ltoréur, Jarnais o .nip'cse,te Pocleria ser insinuado por mcio do q,e é real. Já
por ciois pontos. Â primcira estrclfe clesemlroca na segunda. Ao prescutc, elc irnpcrie, impcrceptivelnrente, r;ue o rcal exerça sobrc si
"assinr como" cia primeira cstrofe con:espotrde ao "irssim" collr que algu,ra forrna específica de coerção. se o íazei-.rlulnano o ter)r.a, o, se
começa a scgunda. As cxpressões "assim como" er "assirn" estão enr o efctuar diviuo é enrpr:cgado coll esse propósito, conseguern apenas
uma rclação comparativir, que inclui a priureira estrofc junto com a cleslruir a sirnpliciclacle ticl rmaravilhoso. Este se esquiva a tocla ação
seguncla rlentro da mcsrnir chave, e talvez esí.abeleça uma uniclirrie tie procluzir, e, no ent.nt., Perpassa cada qual conl sua presença. Eis
cour torlas as cstrolcs scg,uirrlc:;. p()rque ir natureza cduca "errr leve enlace'l o onipresente não conhece
l)o n.resrno modo que um calnponês, ern seu carnirrlro no llcÍn a unilatcraiidaclc, rrern o pcso do apenas rcal, qr"re se limita a
campo, se demora e se alegra porqlre scu n-urnclo cstá abrigado, oríi apeltas aprisionar tl homem, ora apenâs o repelir, ora âpenas
'hssim se erguenl eies cnt tempo propicio" - <ts
iroctas. Ii rlucrrr lhes pcnrancccr cstiivcl, scrnpre o alrancionando à dispersão de tucl() 0
coucecle a graça cia faculriirdc dc prcssenÍir o pr:opício? A graça de q*e é casual. o "levc e.lace" cla natureza não inclic:a talnp.uco unra
ser aquelcs irnpotência dos fracos. A'hnipre.sente" c, de fato, a "potente,l I)e olcle,
porénr, ela tirrr sua força, se, em trido, jii estii previamente prcsente?
IA] querr nernhrLrn nresirc só, a qucnl nraravilhosa A nirtrrreza nã<l toma rlc emprésÍirno ainda n:rais força cle lugar
c oniprcscr-rtc educa c cria cm lcve' enlacir ncnhurn. ulr é o quc torlla f<rrte. A essência da ftirça se <Ieterrnina a
ir polenlc, a clivinanrcntc bela Nalureza. parlir tla onii.rreserrçir da nalurcza, ciue I-{iilderlin chama, 'h potcr.ite,
a cljvinamente beiiii A nirtureza é potente porque divinarnenlc
O nrovitlentt'r interriri deslcs três yersos visa i\ palavra lr.e[a" .li]a seria, portanto, igual a .m deus ol.t rllna deusa? Se tosse
"r.ratureza'] tcrminarrclo cle vibrar rrela. 0 que Hiilclerlin lrpri citarna assinr, então 'h rratureza" cluc já está presente em tud«r, inçlusive
resislêr1cia ao oLltro permi{llece, na sua rccirlcitrâtrciit, separado r-lele. sc enclte dc luto tarnbtiur ir íirce rkls l.rocttrs,
Assirn, os opostos se clescobrt,trl na suil trtáxittt;t rriticlez. () aparerlle parreceln cstat' soziniit.,s, rrrirs eles l)rcssentcrn scllpre.
eilcontrem sua uniclade, e assittt cleixa quc tuclcl esteja prescnLe em que lhe li-li letirado e parece disttnte. (J L_rto não snbrnerge, conto
tuclo a partir cia pttre?.it f}edieutilrcil] do completattlertte rliverso. qr-re arrastaclo por rllna corrente, crn ctireção ao qlle fiti sitnplesmefile
A beieza é o onipre'sente. l'l 'tlivirranrente beli' se ehiima a llattlreT.a, perciicio. Ille ileixa que o ilusente l'etorne selrpre de novo. por isso,
porque urn cleus oll Lul1r cleusa, attt itpàreccr, evocitttl, tie nroclil parece qlre írs poelas enjulrttlrs se crrnÍ-rnilrrr ao scLl isolarnento,
eminente, o senrblante tla atraçiio e arrebatarlrento. (l<itrtttclcl, na encarceraudo-se nelc. Eles naio estáo "soz.inhos'l Na verdade, "eles
verrlaclc eles ainda não alcanç:aur o l)Llranrente belo; pois sua aparição pressentem senrpre'l O pressentinlento pensa antecipadirmcrlte nL)
car:rcterísticrl continua settclo tttttrt aparêtrcia, ptlis a pura cilPttlra di.stante, cpre uão distancia, nras, ao contrário, vem zr nós. C<_rntuclo,
("epifania') parcce o arrebatatttellto, c o arrebattttrtcnto (na .ittir't.sào urna vez qtre o vindouro ainda repousa na sria iniiuguraliclacle, e rrela
rnística) parece urua captLlra. Ainda assitn, o l)etrs alcatlça o g,râu se mantérn etll reserva, o pressentirnento
clo vindor-rro é ao rtresr:to
nráximo da apar:ência de belez.a, c assitu é «t qtte tuais se aproxittla a«.l tr:rupo um pensilr antecipaclanrente c um pensar retrri.spectivo. Assim
n-ráxirno <1o puro írparecer rla oniprescnça" pressentilclo> perscvcraÍ[ os poetas uo 1>ertencirnento à "r:ratu.reza":
aleatória c inclcternrinaclainente escolhicios. "Os poetas" são os quc conro lralavra hurdamçrrtal, signiíica o rcbcntar no abcrto, o clarcar
têm no firt,,rro seu iugar de origern - os Viuclruros - cuja essência rlc t.cla çla'cira clentro clr qual algo porlc i-rp[*.oÇor, assur,ir.sçus
será rledicla quanclo ela mesma tonrar a essôncia cia "rraturezd' por corrt(rrrr<.rs. rnostrar-sc no scu "ílspccto" (eiôoç, rôá«), c
dçstc rnockr
meclida. il o que aclrri se nomeia algo há rnui!'r tenrpo conirecicio, Prcscnoiar c;orro iskr ou ncluilo. rlrúotç ó o rctorna a si quc rcbe:nla, c
e eutrementr,:s desgastaclo mccliante a anrbigrrida«le clrr palavra ,o,rci, o prcsenciar-se clo qrie pcrclura cor,o rchcntar, e tícste nr'<lo
"natureza" -, tlevc ser dctcrnrinado somente a partir deste írnico sc nrantónr atrerto ç é. I'crccbc-sç a clarçira clo abcrto, clo modo
rnais
poema singrrlar. pur.r, qua,do ela tlcixa pâssar a transparôncia da clarcira, isto
ó, a
Ile
resto, "a natureza" vern ao encontro nas clistinçíles "luz". ôúotq óo rebc,tar clarcira do ihirninacl,, e assim a larcira
tJa
habituais cntre "natuleza c arte", "nirlurcza e espírito'] "naturcza c c .lugtrr rln luz. O luzir cla "luz', pcrtencc ao Íbgo; ó o lbgo. []stc e,
história'i "uatureza e sobrenatural']'iratureza r: <Jesnatut'amentol luo n.1cÍirl.lo (cmpo, clarirladc c ardor. A claridaclc brilha,
e só cla dá a
Assirn, "naLurczi' signiÍrca a cacla vez unt ântbito particular do cnte. t,clo aparccor o espaço at:crlo, bem ço,ro clá a tuclo o que .parece
Se quisés.seuros, porém, i<'leniiÍicirr o quc neste poerna se chirrna a pcrccptibilidaclc. o ardor ilur.nina c inccndeia ató
abrasar, até torrrar
"uatureza" corl o que Schelling, o alnigo de lliilclerlin ni1 rreslna aparentÇ t.do que circrge. Assirn, o fogo é, como "luz" ilurninanrc
c
época, chamou 'espíritol no sentido dc "identitlaclc'l tirrnbérn nos ao mÇ)srno lemlro arclento,0 abcrto cluc já esl.ir prcr,,iarncnl.c em tud<i
enganaríamos. Nem nresnro o que o próprio Ilôlllerlin cliz até estc o quc, no âmbito <io aberlo, vetr e se vai. z\ (túotç cstá cm tudo quc
lrino, rro Llilté,rion e nos prirncilos projctos paraEn4tédoclc.s irlcança o cstá prcs,ilc. Clonluclo, sc ... natureza', é Qúorq, ela não dcvc ser ao
que agora se quer nonrear corn a expressão "clivinarnente oniprescnte'l rllÇsrlro tclllllo a ardcníç crr tocla partc, já que e ',oniprçsçntc,,?
Ilis
Ao rnesmo Ir:rnpo, "naturezii'ilgora se torna urna palavra inadequatla l)or(lrrc Itiilclcrlin nOnrcia "a nâ1urÇ2a", nestc pocrna, tarnbóm â (.que
coru rcspeito ao vinrlouro que ela dever nomear. Do rncsrnt-r nrodo, tLrtlo cria" c a "scrrrpre viva".
Agora, porém, rorrlPe o clial []u esperalva e viit o vtr, unra rla outra, a palavra rlecicle seu courbate. A palavrii é uma anna. Iiis
e o que vi, o Sagrado, seia o nren Verbo. p(,rqrie, l1o rnesmo lr iuo "]rurtcl t\ nasceute do DanÍtbio'i I lôklerlin iàla cla
"arrna da palavra" conril cle,;rl'tllru sagradri'que preserva o Sagraclo.rt
A exciamação collt (ltle c()meça a terceira estrofe nolleia o LJrna vez qtrelrii apeltírs urna iinica coisa para ser dita, e que cle
rebentar c1a claridacle ardente. O raiar do dia é a r;hegada tla naturezit 1àÍo é posta ern palavras - a (irre lirz romper o clia, a c1e levc enlaço
anteriormente em repouso cheio de pressentirnenlos. A anrora é ir e rnariivi[ho.s?u]lellte itniirresente ,, "ltgora" a natllreza "desperta
própria natureza que cliega. A exclamação: 'Agclra, porém, rompe o coni rilído r-le armas'l lvlas por que 'b Sagraclo" dcve ser a palavra
clial" soa como Ltm apelo cla natureztt. Só que o apeltl já invoca aigo a do pcleta? Irois aclucle que "sc ergue eltl tentpo prripício" stl tcnt
carninho. A palavra do poeta é o purcl ittvocar do <1ue os poetas qtle cle ttoruear aqui[o c1're ouve, presseutinclo: ál l]atureza. (lorrlbrrne
pressentem semprc já espcrarn, dacluilo pelo clual sempre já anseiam' desperta, clcsencobre sua pr:ópria essêr.rcia, corllo o Sagrarlo.
4 IiPLl,scgundaccliçáo,l95l:Naturez.rerqilalrtoo-sri{r,rrlo-- prccisadeuósnat(),nea\âoesteé
o "a l)artir Lic orr<li' e t. llrissrrr'r II, 2, íi95 ss,
(ltllN t'lil.A,
3 QUINTILA, t997,P.1Bt. 5 19(t7, p. .181.
entre todos os reais. O real collsiste írpenils em tal irrternrecliação A niecliação risorosa, porérn, ti a lei.
e é, corno tal, algo interrnediiitlo. O que é assil.u meriiaclo é airenas
em virtude cia ntecliação. Ptlr isso, a mediaçãcl deve estar eln tudo. O que está presente previamente eru tudo reírne tudo o qtre
O próprirl aberto, ctlntttclo, que olcrece trm ârubilo a ttrclo quc é lbi isolatio ern rrr.r presença uniíicada e trarsmite, a cacla tim,
recíproco e artictúatlo, para clue entabulenr tais relilçÕes, não o apârecer. i)ara ruclo ciuc foi intenncdiirdo, isto e, o mediaclcl,
provém de nenhunra mecliação. O aberto é, ele t'nestntl, o irtediattl. a onipresença irnecliata é a r.,et1i.triz. o imecliato nunca é rinr
liís porcltre nacla mediaclo, seja Deus oti ltonretn, collseSrl€] atingir rlrcciiaclo; ao contriirio, o jmediato, a r:igor, é o clue torna possível a
iruecliatirnrente o irneclialo. Ao olhar para dentro clesta prolirndezir rr-rediaçiio clo rnecliado, porqLle ela torna este írliimo possível er)l suâ
essencial cla totaliclacle, Fltilcierlin recouhece, a partir tlo seu pflipricl essêrrcia. A "nalureza" é a mecliaçãcl que tucio interrnedeia; é a..lei,l
pensarirerrto, itrn fragmcnttl cle Pírtclaro (Schliider, 1922,,yt" l6()): Porclue a nertureza pernlanece sentiri o inau5lr-Lrar, préviir a t,clo r,ais,
origi,ariar.nente inabalável, eia é a "lei fixal confbrrne a natureza
uópoq b 'tLailal:lv Pucl).eÜq acorda paril si rlresrra, ela brota de acordo corn a própria essência:
0votôv tt Kctt c0cruomcov "segundo lei fixri'l
&rye L Excxiôu tb l3ratótutou 'l'otlavia, a
natureza saiu dcl '.Claos sagra<Jo,,. Corno se
tneptóag, Xerpi coadunarn "Claos" e "nómos" (lci)'/ para nris, .,Caos,, signiÍictr o
dospr.vitlo dc lei, a dcsorcler,. 0 próprio l{Õlder.lin diz: .,8 íinca
Na tradtiçit, tle IIôldcrlirr (\", -17t'): raízcs, nruito pleparanclo, asslyageria sagracla,,(..OsT.itãs,,, IV,,20g).
EIo se rolere às "sclvas santas" (1V,,2,50,341) conro à,.selvirgcria
A lei, acanhada" (1V., 216) o ri "uonflrsiio antiquíssinra,, (..O lleno,,, IV,,
para toclos sol.eratta, para mortiris e
180). Contu<io, X,ooÇ signilica, enr primeiro Iugar, o bocpiaborlo, o
imortiris; por isso contlrtz
abisnro entreaberto, o aberto c[le se abre previarncnte e pelo c1r-ral
poderosa até tnesmtr
turlo é engolido. O abisnro reousa qr:alclucr ponto cle apoio a algo
o direito rnais jttsto com a Inão u-rais alLa.
distinto e fundarncrrtado. ll por isso o câos parece, <1o ponto de vista
senl.ido, ó, poróm, o dcsuaturatnetlto clo c1r:c "Caos" significa. sc incetr<leia de novo cirs siuais, cirs feitos do mundo agora,
Pcnsarlo, a partir da "natr-rrçza" (rfúor"ç), o Cacls pcrnlancce aqtrcla rurn firgo na alrna clos poetas.
atrcrtrrra (luc sc abrc a partir tio abcrto, para quÇ estc conr;çcla a caila
çoisa distinta sua prcscnciação ciclimitracia. [')is porquc IXÔltlcrlin I)o nresnro n.r'do rlue o alto projeto clo homern meclitativ.
chama o "Caos" e a "sclvagcril" "santt'rs". O Claos é o próprio se reflele err seu oll-rar:, também se incendcia ur.n clarão ..na alr,a
Sagraclo. Nada quc sc"ia real plccctlc çsita abertura; rtrclhor dizcndo, <los poetas'l sc o Sagrir«lo vern e, aovir, se cncobre. Urna claridade
ela o pcnrieia continuatnçnte. Tcrcla aparição já c ultrapassacla. por se cxpandc nas alnras solitárias c10s poetas que, enlaçaclos pelo
ola. Para todas as coisas e, sobrctrido, antetriorniçute a totlas çlas, a sagracio, pr-'r'terrce,r-lhe. Por<1ue eles e'lutam junto co,r a
'e no
natureza que pressentc, illuninarn-se tambóm
naturçza ó sernprc "Çoltlo outrora". ílla ó couro cta antcs, cm duplo rnorncnto em que
c o rnais anligo rlc ltrdo o c1t-tc vcio antcs e o tttais
sonticlo. [',la ela acorda, e elcs mesrnos se tornilm uma clarjclarie. -Iais
lroetas
rcccnlc dc tr-rdo o cluc vcio clr:i-lois. Confclt'mc a nalurcza acorda, eslão abertos dentro do abcrto que se ilurnina, cles<ie o'.alb clo
a sLra chegrtla advóm cot]ro o viudor:ro no ntais alto grau, a partir Étcr até ao l'*,clo abismo". A abert*ra do aberto se aÇresce,ta ao
que chamanros "muncl<il só p.r isso ó qut:, rlo ponto de vista destes
clo passado nrais antigo quc nttlrÇa ctrvelhccc, pois ó sernprc o nrais
jovcn-i" poet.s,.s si.ais e os feit.s d. mundo poclem aclentrar u.n lugar
O que sctnpre conto crutrora ó o Sagraclo, pois ulnil vez
á:
ilurni,ado, pois os poetâs não são desproviclos de mund.. Iirnbrrra
os poetas perlerrç:arn, enr ,irtr.rcle da própria essência, ao Sagrad<t, e
inaugirral, ele cotrtittua jncóluttrc c "sirivo" cttr si tncsnto. O origi-
sejarn esscncialrne ntc "inspri1xj6s", isto é, penscnr o ..cspír.ito,l ainda
nariarnente salvo concecie a caila real, meclianle sua oniprescnça, a
assirr rlevenl, iro ulesnlo terupo, ser adn-riticlos dentro clo real,
graça clo seu demorar-se. I!{ar; il graÇa} lrem crlnro aqui[o que coucccle e
pcnliu)cccr r:ativos dcle.
a graçir, enccrrail cttr si, como o itrtecliatcl, toda pletlitucle e cada
cstrutura, c, deste nroclo, nenhlttrr indir,ícirro, sejir elc unr cleus oLl tlln
Os I\rclas turnbónr, quc são d<t lrispírito,
honrenr, porlc sc aproxint:rr do inrccliato" Uttln vez cpte <l Sagrado nãcr
tônt r;uc scr do Murrclo.
e piissível de aproxintaçlto, Íorna vã cpralqucr pretensão irlretliata, da
("{ ) lJrricril l}rinreira vcrsão.) 6
parte do niecliarlo, a irnpor-se. O Sagraclo cxpulsa toda experiência
cle seu lugar hirbitual, rctira o solo sobrc o qrral cla se crgrlc c a clcstilui
Por iss., os sinais c: Í'eitos rio mu,do poclcrr se torn,r ur.irir
lhr: é atribuíilo. () ciuc tlt:ste tlociti clestittri é rl 1rrti1.'l'irr
cl«l l.rosto clue
opoltuuidadc para quc o illrnrinar cla claridaclc quc rebonta sç in{lanic.
l-lorrível. Scrt car:itcr .1c ltotrívcl, porólrt, pcrlnallcce cncoherto
As "scnsaçõcs", "rc.lizaq:ilcs" e "sucessos,, ..mundanos",ão
pela sriavidarle rio leve cttl;icc. fortltie rl Icve etrlace, tttclavia, ctluca sãcr
rnais que ooasiõcs; pois algo muudano nào pocleria cm rnornçrr(<r
os poertas vinrloitros, eles cotrhccct.n o Sagraclo, qtianrl<l tlclc sãtr
algum «:Í-ctrrar', p.r si rnçsl,o, a chegacla r1o Sagrado. Só aqucles
engajaclos. Seu saLrel í: o pressctttir. C) pre.sscrltintcrlkr cliz rr:spcito a«r
quc.já vÇcm a virrda do que vcm conseguent çsclareccr quc algo
chegar e ao rebenl:rr, isto é, à aurora. 'hgora, porértt, rolllpe o clial" O
qrle acontcce, cluanclo o prtiprio Sagraclo ndvórl-l i*,tullrrr I rv.li p.,r,,,t.
sinais e os Í'citr'rs do mttndo .iarnais são o qtte deve, propriaÍnente, posíçáo cle sr,rperi.riciacle frente a toilo sLrcesso. lila permitin que os
adentrar o allcrto. Na abcrltrra, e por isso tanrbém tro âmbito cla h.neus ,ã. co'rpre.nrlessern cl Sagrirdo. no porto cle vista de tal
pc|cepção humana "só agora" cltega o qLle "outrora acottteootl, tnas nial entenclickl sobre "a nattrrez,a'l cacla clrral 'é" apenas o <}re rencle,
nral sc senl.itt". "Otttrora" sigtriÍioa aqtti o qrtc e Irtais art(igrl qtrc o c:r.rquanto nn verdacie caclir qual só rendc o t}re é. Conluclcl, cada
clrral,
tempo, anterior a tudo o mais qtre seja tla ordertt clo real, cltre loi incl*sive cailir li*'ra'idacic, "é" soflrerlte cle ,.forura,,
ircord. com a
percebido deccrto auteriormeute, ainda clue allenas meiliante tle um conlo rl niltureza, a partir de si rncsrna - islo e, o sagrado -, continna
primciro brilho. O rebcntar inicial e inaugural clo que esl.á presonte presente nele.
enr tr-rdo o quc, descle cntão, está prcscnte é tt "rlatttreza" (QÚorE), NIas r:or,. o "p.vti'cleve se llril,ter rra presença cro sagrackr, se
ainda quc ela tambóm, t'lesclo então, tenha se desviatlo e ate caído no aperlas ()s poetüs sã0 lever"nentc enlaçadcls pelii niiturezir cllripresent.e'l
esqllecinlerlto. Ctlutudo, ctirlto intpcrava () (luc é intiugttral antçs clc clonro os "lilhos cla terra" rier.eil exPerlrnertar as "for.ças serlrpre
ter', agora, rccot.treçado a acordar c se tornado conltccitlo? vivas'l o sagratlo, se o lirg. pel'rlranecre encerrtrdo apenas'irir al'ra,
cios poetas? N.rr .serr.er o Pocta alc.rrça jar.ais o sagrarkl por [rrna
[1 as ciue a sc'»rrir nos lavrlrant o c.rll1PO reflexão pessoal, nem e§gotarr-r sua essônciil, n.,nl conseguern,
i)or
ilm ligura de escravos, são-te agora corthecitlas' 11r-resticinar, arrirstri-Io para ir-tnto cle si.
-r\s senrpro v-ivits, iis tilrS:as cltls tlettses.
primeira estrofe, está aqui ntt lugar dc tr.rclo clll qtle ti l.ioment ttt<lrit
e cle qne eie vive. 'A sorrir'l a 8raçü <1o Sagrado csleve outroril elll No prinieiro rnirnuscritri coÍtstir, tle rnitrkr incquívoco,
tuclo o qrre é presente, seln 1iúiga, an:igavelinente, e por isstl fiIe.slno 'ilesperfii' (t:rtttuoclt) a. i,vés r1e "brota" (enlruadtst),
como c,,sta
indilàrente ao fato cle os horncrts "tnal setttiretd' ti que acontecia. Na .as eciições até agora. A ca*ção de'e ciesce,clcr cio acorrlar da
sua precipitação em direção itt-l palltável, os hotnens recel'reram o quc natureza "clo alt. clo Etcr atti ao hnclo abisrrro". euanrio cla ircorda
thes foi reservado pela natureza rlivinirmente bela apeÍias crlnforme rlssirn, junto crnr o'entusiasinoclue acorda'l sopra sobre eia o háli«r
lhes Íbi útil, e o emprcSarüllt ctn setl serviçtl, assint rebaixanclo a cla clregrrcla clo Sagrad'. Agor;r a or:igem ria canq:ão é criferente do
(luc era no pâssaclo. seu dcspertar acontecc rlas "trov()a(1as" que c irr:cser:vado riil suavitla<le. O <;uc, no Sagracicl, clespcrta horror
"vitgueiarl cntre tcrra c céu e en[re os povos'. O ttirnulto t-le toc]o este ícpousâ na suaviciacle cla alura'Uo poetai O Sagradr: ainda esi;i
ânrbito ent que a natureza anles parccia clorn-rir é necesshritl. Ilste presente, como vindouro. I)«rr isso tirmbém é que nunca pode ser
tutnulto clo tor{o surgc tlc um abalo "mais prepar-arlo tlas fttnclnras representado or,r apreenriido corr.ro objeto. De fato, ao lclngo dc todo
clo ternpo'l L) clcspcrtar reiüoltta ao tcmp(} lnais antigo clc tocltls, a o p{)crÍrit ili)ldcrlin se refere aos poctas, no plural (v. 10-11, 1(t-17,
partir clo qual tocio vinclotrro já eski prcpafado. Por isso tantb(rln 31, 56). Ailui, irorém, sti te tn elr vista r: poettr qr-rc rliz: "Eu espcrava c
ó quc os abalos clo to<lo são'lniris ricos rie scn{ielo a ntis'l a slrller, via-o vir'l Do sctt súer 1-rrovétr-t a certeza cla sentença: "Pensartrent<ls
parâ os poetas que clesl]ertan-r junlo com elc. Â riclueza do inatrgural cl«respírito corluln sãro,i Quc acaltam calntos na alla do poetal'
presentcia srra_palavra com fal proÍirsão clc sig0ificaclo clue nral pode Se contarmos, Íàltarh ufit vcrso na quinta cstrofe. Assim, urn
ser l)rofef ida. Ir,is porcltie uma'targa tlc achas" Íbi posta sotlrc scus ]rensânrcnto intermediírrio tleve ser acrescentado, para que se faça
omtrros. f)aí tambóm ser, parâ cJes, "muilo o tlue <leve scr griarcllrJo' tuurl trarrsição mais clara para a pr<ixinra estrofb.
("Maduros são'l lV', 7i) c "rnuito o que irh pilril tlizcr" (1y, 219,221), Agora rlue o clia ror-npc tarnbótl, o "pocta" cstá acorclilclo.
ltá inda Útuit.o a câr1tor" ("Junttt à nasr:enlr: rio I)irnítbio'l lV"
,'pois Perpassado pelo entusiasrno clesperlante e concorcle com elc, algtrérn
"cspiritual" agortr está deternrir.ra<lo a ser o irnico poeta, c é rla major
161). Mas porqrlc os iiliralos descendem clas prttfi.rrrrlezas lnais antiqas
cla natureza que lcorcla, c Porqrif. oS p{}ctas sãr-t por elir levetitente
irnportâtrr:ia clue haja ull poeta, para que a canção receba unta
cnlaçatlos, Para eles o enlusiasrnr) estii presente enr grau n.rais alto e, palavra. Iis(c pocta singulaç na quietude cio seri silêncio, preselva o
portanto, é "mais díslintcil abalo clo Sagrado, entremcntes sossegaclo. lJma vez que uln rertinir
de palavra legírima s(i pocle surgir a partir ila quietucie, ttido agora
Pcttsatrtcntos clo espírito contrttn sito, cstá preparaclo:
I{ôlderlin intencionahDerrte pôs untr vírgiila clcprlis elc "siiti'. patcntc ao Iirfitrito, trcnrc clc recordação,
c, inflarnatla rkr rrrio .saglaclo, lhe é alortrurado
como unta cinzelada invisível <10 escnlkrr dá ur.n cunho cliÍi:rel.rte
l\ figura, assim tirmbéttt a r'írgula <1á urlr pcso especíÍico ao
"sã«il o íiuLo r-rasciclo eÍl ilÍlor, obra tle dcuscs c homens,
riuc ir rrrnbos rlô tcsternunho.
A "nalureza <1ue acorcla'l <; "eirtusiasmo" está presente" A Íôrrua da
() canto,
rleve ser Lnrla âÍneaçir? A partir tle cFrê, seuâo drr possibili<iaclc conrlição essencial cio poeta rrãti .se funcla rra recepção clo I)eus, mrs
cle não suportirr a Íbrtulra? Biltit en[etrtli.elrl, a lirrtttrla atlvincla tla z.rnl.es nil enlirce pelo Sagraclo.
venlura t-recessiiria Pírt'il () ttitsr.;ittretlto cla carlçiio. Mcsttlo tlttc a No etrtanto, <r poeta s0 erglre ergorir etn temlro propício, tal qtre
alrna cio poeta possil prL'scrvirr cll)'li it llrcsença tltl vintlttttro' tl estri Ían.riliarizatlo conr tl qrie jii se piesenciir cle anternão etn tudo o
pocta niio collsegue nlll'lcJ, Pot'si titt'srtto e irtrecliatlnlerlte, n()n1etu' r1-re é finito, ou sejtr, corn o "infinitril lt porclue a nirtureza <»tipresente
o Sagrado. O ardor tlo lrrz-ir, ntttliilo tratttlttilaulentc rlü alrrra clo é "mais velha tlue os ten-r1,ros", () perlerlcinrcnto it ela existe "irii rnuito
poeta, necessita ser irrflar.rraclo. Sti Lttrl rtti() cle luz que losse enviaclo, já'l Se,'rgora, o raio sagrado atiltge o poeta, ele não é arrebatado
m;ris urna vez, pelo próprio Sagraclo scritr lbrle o sr-tÍicienle plrra pe[o ardor do raio, mirs antes volta-sc] conrirletamente na direção tlo
isso. Portanto, é necessár'io que alguém lance o raio clue irrllamarlt Sagratlo. A alrna <-lo poeta, de fato, "lrerne'l e permitc clr-re <lesperte
a alma do pocta - algr.rern aitrcli'L mais alttl e próxirno iu) Sagrado, ern si o abalo tranquilo; nras cta trerle de recrtrtlação, a saber, cie
e que, justamente por não ser o Sagratlo, se lhe sttbortlitte - isto e, e,ypectativa rilt que jti aconteceu previanrente, ou seja, a aberturir do
urn l)eus. Assim, o l)errs totna a iietl ellcargo o qtl(l está acinla clc Sagraclo. C) tremor interronrpe a cirima clo caiar,se. À palavra su.rge.
si mesmo, isto é, o Sagrlclo, e o cotttlensrt, clandci lhe a agrrtlez.a e A tlbra-palavrír que surgiu assim deixa aparecer o pertencintentcr
conttrndência cle ttnr único raio clrrl: "envii'ao httmettt, colllo Llm reL:íprocc) cle, horlerrs e cleuses. A car-rçft«t testenlruha n tiudamento
presente clivino. do seu perlencimeuto recíproco, e1a testenrr.rnhir o Sagrado. "Só
Porque ilenl os hontetrs nenl os deuses pocletl-l consltnlar, a agorii'c1ue piltentes os pensanlentos clo espírito cornu[] é que o
saro
partir de si tnesmos, utna relação itnr:tliata con:r o Sagrailo, os hollletls cirnto agracia a almtr rlo poeta. Ma.s nem sen)pre a lortuna sobrevénr,
precisam dcis deuses, e os (lelestiiris necessitalu dos tnortais: cluanclo urna olrra é realizrrla.
()s cleuses
Assiur caiu, conlo os L)oetas contant, por ela desejerr
lli(, rotlsegtlülti ttttlrl. li (lllL' {'\ tttot Iltis
ver cont os oliros o cleus, o seu raio soLrle ir casa tie Sôlnele,
alcançtim o abisnto tttais cetlo. c cl,r, li'ritlr Ll() Li('ns, l)ariu,
("rVIenrr-rosirr a'l)
lruto da trovoacla, o 13aco sagratlo.
É só pr:rrque os clettses clevenr ser tlettses e os hottiens clevem A curiosidacie o tleus cle urna rrrancira hunranantente
cle ver
ser homens, tal que tlellhLtlts potlern exisl.ir sr:tu <ls ottttos, qr-re hii acleqr-rlda clespcclaçou Sêrnele no ardrlr singular do reiâmpirgo
ilmor enl t:e e1es. NÍerliarrte a rrieiliirçâ«l tlestc' lnlor, cottlttclo, elcs rlesatarlo. A geslante esqueceu o Sagr:rcio. I)ecerlo, nasccu rlaí o
l1unca perteltcenl a si rnesnros, lllas alllL's ao Slgmclo, qtre é para i'ruto, lJaco, o deus cla "r,idcira' rlue
eles a "mctiiação rigortlsa'l a "lei'l Agr-rra, sttbitirtrrettte, o raiti sagrado
atiuge o poeta. NurD á[irno elc é afirrtrurac]o cont a plcnittrcle <livina. 'lesternunha da tcrrt e clo céu, clLriurtlo emlretricla
Assim "atingjdo" elc pocleria se clecidir crronearllur|[e ir aPenils segtlir pelo sol nrais a1to, eleva-se ir partir rio solo escuro...
esla fortunir, perclet-rclo'se tra possessão pelo l)er-rs. Mas isto seria a (t.iltirrro cstroço do "lirrrp.(eloclcs'l)
Mas o f.r:ttto ttão nilsce tl clela, ciir pirrturiente que ardett até as nraneira aiucla nrais clccisivir que antes. Encluanto o inofensivo ag<».a
cjnzas ao concebê-io. Ao contrário, o rlestino cle Sêlltcle ensina qr-re só ó siinplesurente clestilraclo aos filhos da terra ("E por isso bcbcm..i'),
a presençrl do SaCraclo garflnte que o carrto rrcrclacleiramente florcsça. «rs poelas vindouros ("I\4a.s a nós cabe...") são expostos ao perigo
A r.eí'erência ao clestin0 de Sêrnele cotrtaclo por liü'ípides (Ilacant.es) rnais extrclno. Agora clevern erguer-se precisamente oncle o pr<'lprio
cpor C)víclio (Mr:tonutr"foses I1I, 293) estii apenas irnpiícita llo l)oelnâ, Sagratlo, rltis
prepar:rttiricl c nrais inaugnral, se abre. Os poetas
corlto 1111râ réplica. Iiis porqr-re tiu.ribérn o contcço cla cstrole seguinte dcvcl-n abrnclonar iro inrcdiato seu imediatisnto, ao rresnto tempo
(tr sótinra) não se concctou ao fim clir sexta estrofe, trras pilrte tlc'r eln que cmpreenden'I, colltr) larefa única, sel.sua mecliaçãrt. por isso
centro desta: sua cligniclarle e obrigação consistern em pcrrÍril.necer referitlos ttos
rncdiarlores nrais allos. Agorl clue rolllpe o clia, a'iarga <le acltas" rrão
[i iror issr.r bcbcnt f<rgo ccleste agorir cljurinr.riu, t.nirs aunrentou irlé o lirnite do suprortável. Se, tarnbént, o
os fillros (lit l('l rl scn) |cl i8(,. in.rcdiato nunca pnclcr" ser perr-:cbiclo imccliatamente, então <Icrre-sc
rttas a tttis cahe, solt as trovoticiits clo detts, aincla assim'tom a pr(pria tuiur agarrar o raio" n-ierliaclor, e pcrtnanecer
ti poctasl l)crrrlanccer de cabcçli clcscr;berta, sob as "trovoaclas" dcsatar.las pclo inaugurai. Ilor çonhecer a parte que
lhes loca, os poctas fomrnr Llm grupo. "Nós proetas" - estes sáo os
I)c Íàto, o "bebeni' relrolltil ao tleils clo vitrho, mas visa, solitários, os Viuclouros, cios quais Iiôltlerlin anuncia tudo o quc [rá
sobretuclo, a colheita cltt outro Íiúo: a percepção, por piltte doíi para dizer, scn«lo elc mesnro o prirneiro clentre e1es. A tare fa assinaiatla
homens, clo espírito qi]e soprâ na cilllção af<rrlunacla. () que elcs iurs poetas pode ser curnpricla, se o geslo c1e segurar e alcançar ccur
perccbenr ira catrção ri <l entttsiasmo que acorda, a clariclatle qtle arcle: as mãos é perpassado por urr] 'toraçâo puro I "Coraçãti' significa o
"fogo ccleste'l lista exprcssão, clue a partir rlaí é rccorrente no,s I'rinos lugar em quc se concentra a essôncia mais própria rlestes poctas:
("O llenti'v. 100; "Os titãs" v"271) nãr-r significa o rÍrio, nras aquele a tranquilir.lade tlo pertencimcnto ao enlace pelo Sagraclo. "purri'
"fogo' que "irgora se accnclcu na alrna dos poetas" antes do nascinlento ser!)pl e significa para I liilderlin o mesrno que 'briginário': aquilo clue
c1o cauto, isttt ir, o Sagr:ar1o. "Ceieste" se chanla esle ft>go, pois se l)enranece <lecididamente em urna cleterminação inaugural, colno as
transmite por utn "Cehstial'l 'Agora' que "rolrlle o riial "agora" que criarrças. O'toração prrro" não tem aqui unr sentirlo'inoral'l A palavrr
il natureza "ircordou cotn t'rtíclo dc arrnas'] "agorli' qlle "se rcvela o nonrcia a lonna da rclação e a ntaneira <la corrcspondêtrcia ir naturcza
que outrora aconteced', "agora" o Sagraclo pcrtlctr scu tnaior perigo 'ilripreserrlcJl Se <ls poctas pern:altecerelr no interior da oniplcsença
para os Iilhos cla lerra. O abalo do Oaos que não tlÍàrece nenhntn rla "rratureza" pol.entc e hela, errtiio cessará clualquer possibiliclatle <lc
irpoio, o horrtlr diartte do imerliato clue frustra qualclrier imposição scrvir-sc apenas do que lhe á próprio e assinr ecluivocar-sc a respcito cla
er o Sagrado sc translllulam ua suaviclatie da palavra lnetliaclora e lci. Suirs nrãos são "ir.roceutes". Sua íimrcza slrprenla, o c.lizer poético,
Íircilitadora, graças i\ trar:ciuili<iade do PoÇti't quc os atrriga. aprescnla então o aspecto cla 'inrris inoccnte de todas as octLpações'l
Porrque o cilnto que pror,ém rla cltcgaila foi al'orttrnado, os l)o ponto cie vista clo conteúrclo, o verso 62 conclui a sétirtra
"Íilho.s cia terra" e, sobre tuclo, "os poetirs" são ctlncluzi<'los a uma trov;r estrole; nras tantbárn 11«r porrt<l de vista do nír rnero de lersos escolhiclcr
klrrna essencial, toclar.ia de tal modo que as condiçÕes esseuciais prirâ as estrofes. A vírgula postrl por Fiellingr"ath e Zinkemagcl clcpois
talto {os filhos da terra conlo dos p6etas se afastaur mtttuatncntc, cie clc 'iuãos'l rro Íirn clti vcl-su (r2, não coÍrstir do manuscrjto original.
texto trünscrito no início cleste cttsaio, Íoi postti Llrll pollto ntl ltm tlir poerlla.
verso 62, cleixaclo por l-Iôlderlirt setn nenhtun sirral tle pontttação. O Sagrado e1, na sua origem, a "lci Íixiil aquela "mecliirçã<r
A sétima estrofe trata tle nnt assttnttl dupltl: o tlonr tllr cançíio, ri1;orosa" em que se encontrc.rrr toclas irs relações etrtret todos os reais.
mediado por clos "Cclestiais'l ciregil aos lilhos dii terra por
uln 'iirrlo é apeliíls porque tbi reuniclo na onipresença do incóltune.'llrclcl
interrnédio do poeta; os próprios poetas, corttuclo, se põe sob lrs está dentro da intensiilarle clo incólurne:
"trovoaelas de Deus'l No entatrto, a invocação clos filhos tla tcrra e dos
'iudo é interrso.
poetas não pclcleria colclrtir il totaiiclâde cleste poenra. I)«lis o t1r-rc lhe é
<lestinado propriamente, e por isso cleve ser tliL,i rla stril c()llsr.lnlaçáo,
o próprio poenla já diz. na terceira estrtlle, (lLre stlstellla toclo o resto:
I,lis colno conlcçir trrn esboço tardio ([V,,3{ll). lirclo ó irpenas
conlilt'rnc brilha a partir da intcnsíclirclc cla onipresenq:r. O Sagrado é ir
Agora, porém, ro,llpe o clial [u cspcriva e via-r' vir, própria inlensirlarle - "o coraçãcil
Cclnlutlo, o ,Sagrad<l "acinra dos rlr:uses" é "rnais velho <1ue os
e o aluÊ vi, o Sagrado, sejir o tnett Vcrbo.
tenrpos'l O quc liri orrtrora, anterior e postcrirlr a tucir,r o mais, ó o r1ue.
A palavra conclusiva deste poemir clcve retornar ao Sagrado. precedeu trrtlo e o incluiu enr si: o rlue inirurgrira, e rieste nrodo o
O poema só faia, além clisso, dos poetas e dtl tl«rrn tla cirnçáo porque (lue perrnallece. SeLl pern-rarleccr é ir etemidacle do elerno. O Sagrailcr
o Sagradcl é o terrclr que altala tuclo e o imecUato. Donile os Íiliros e ir irrteusirlar.le cle outrora, é 'ir coração eteruo". A peru.ranência clo
cla terra necessitam da mediação do Sagrad<l no donr do canto Sagratkr e amerrçarcla peia rnecliação tltre surgiu dele mesmo e que Íoi
inofensivo. Mas precisamente o fât{) r,le o Sagratlo clepetlcler c]e uma pct:rliticlir IJor sLra vinda, por: rncio cla palavra clntarlzr. Nenr secluerr
mediação divinir e pocticà e perntânecer ir salvo uô callto representa, é a palirvrir lrumana a mtiol omeitçâ. Antes, e cie rnodo aincla rnais
para a essênciâ do Sagr:aclo, a allleaça que ele se converta no seu clilacerante, jii o "ririo sagratlo" nranclat-io pelo Pai atneaça trurto
contrário. O imecliato se transfortna em algo rnediaclo. Pclrclue o arraucar rl Sagriido clo seu inrediatisnio, ao inílarnar ir palavra e
canto só clesperta com o acordar dtl Sagratlo, até nle$nlo r-i mecliatlo ofertá-lir errt tcsLenturrho, conto irbandouar o Sagraclo à anitluilirção
brota do próprio irnecliato. [,sta origen-r clo canto, o "rtríckr tle artnas" c1a sua essência, ao fralrspor[á lo para cLentlo do nreciiaclo. l)ois até
'tom" o qual a natLlreza acorcla, é tamhém o âbâlo que desce dtl alto lulesmo r-ro "raio clo Pai'l o Sagraclo tarnbón-r já firi exteriorizaclo para
até a própria profundeza cssencial do Stgraclo. ConÍbnlre o Sagrado clentrtl clo r-nediiido, pois trrlvez até os prdlprios iurortiris cstc,ian'r
se tornil paiavra, sua essênciit nlais íntima vacila. A lei e âlreirçada. ligaclos ao Sagraclo de nroclo apenas ntediaclo. Mas
O Sagrado está sob arneaça cie perder a Íixiclez- Sir
() raio do Pai, o pr.rro, uão o tprcirrrarri
O raio do Pai, o prtro, não o clr"rcimará,
e, fundtrmente abalacio, so{ierrdo tlo rnais ftrrte Não 'ii'qtreimará o coração eterno. "()r,ieinrlr" signiírcir nqui
as dores, o coração etertto cotrtudo fica firtne. o rnesülo que 'cicstruir:", corno na locução alc,rnã se;rgen unl brenne14
saÍlrac1o, amcoç?, de ttraneira ainda nrais e'ttrellla até tncstno Prcsta-se a sr:r dito. Slra l,rcrnranência, porém, nâo sigr-riÍica rrunca
o
Sagraclo cotn a percla da sua essência. contuclo, estir esí'era é apetlas a nlcr:t drrraçâ«r vazia de ultrâ presentidade, mas é antes a clregacla
,,mais
alta'l não a "aitíssinral Assim, o rlue strrgiu da origem nacia cio começcl. Nada pode ser concebiclo colno anterior ao conteço,
pocle contra ela. Il, por isso fica "Íirme" o "coração ctetno", aitltla oern L:onlo rnais inrtrrg,rrral rluc ele. A pernrlnôncia corno chegada é a
<1ue
"fundarnentc abalaclo': I)ecerto o abalo se fiittila tlirquela prof'untleza inatrgnralidacle clo cor»eço, antes do qual narla é pensável.
a partir cla qrral o Sagraclo "conrpartilha as dorcs de u[ll I)cLrdl
Com<r
soíre o L)eus quc se envia cotilo relâmpago l1o raio sagla<lo? 0 raio N'las o ryue Íica, os poetas o funtlam. (Recordaçiio)7
I)cscrto citcio dc l"ostos, tal que Pr:Ímâllí'cer ctrl it.tocctltc Agoll, porérn, r()n)pc o dial i:lu csperava e vii,r-o vir;
próprio IIôlcle11in cliz: 'Agora, ptirém, r()rnpe o di''r!"' I)ecerto, agora o charnado inaugnral do próprio vinclouro, para qlre o designe
o "agora" nomeia o lempo ,.1c I {Õltlcr}in, e trt-,nhutrt tiittro. i'Jo eI)tiurto, "Sagrndo", e apt:llâs a clc. A palavra hínica ó agora ,,Íbrçacla de santa
a palavra de Flôitierlir, e rnais natla, r1á 0 tom iro scu terlll)o.
() lenrp<r rrcccssidade"; c por que íbrçrda de rrecossiclacle ..santa,,, tambenr
de tlôldertin, a rlgor e acinra de tuckr, é o seu tetnpo. lVlas esle ser-t "s*ntame,te stibria". Isto é'que c'liz urn esboço cio ano de 1g00,
tempo nãO é, precisAlnentc, t) clue tarnbéIl i,lcônteceu tlesta tnest't-tlt intitulado "Canlo clos aleniães":
época, o apenas sinttrltâtreo, elrr setrticlo usttal.
O "agora" nomeiir a chegada do Sagrado. Só crsta chegarla ...então está sentaclo r-ra luncla sombrtr
indicer o "telnpo" cm que há "tcmpo" para a lristóriil se ilelrontar cluantlo sobre a cabeça sussur.ra o ulrneiro,
com cleoisões essenciais. Iiste tcmpo não se dr:ixa tloclnrar ("datar") jr.rnto arl regato que respira fl-escr.rra o poela alernãcr
rrern pocle ser mecliclo eni núnrero de anos or: irrtervalos de secttlos. e ciultir, depois cle Lreber já bastant.e rla água
,.Datas históricas" são apenas uru lio condtttor cstentlitlo sobre o sun{antente sóLrria, escutando lii ao longe nti silêncio
cálculos. Datas histórieas scrtrprc Llctlpar)l âp(]llas o vcstíbLrlo cln (llsboço n. 111. 11r:, 221;1.)
então liá história.8 a palirvra poc(iica clo arrlclr excessivarnente potente clo "fitgo clo
Ao aclvir o Sagrirclo "rnais velho que os tt:trtpos" c "acitna dos céu'l ,r\ irescura e penurnbra cia sobriedade i:orrespondenr ao
cleuses" lunda urn otrtro conreço dc unrit otttra história. O Sagr:ado sagrado. Esta sclbrieii.cle rriro ,ega o entusiasrr.r.. A sobriedatle é <l
tlecicle de nrodo inaugural e de antemão sobre os deuscs e os hometls alinarnentr r lundamental [ ( ]ru n d s t i n rnr ung], pronta a torlo rnomen to,
se são, quem, c(»1]o e quanclo são. Ao r.'ir, o villdtltlro é cnnnciadrl cla clisponibilidacle para o Sagrado.
-
meciiante o chamaclo. C) vcrbo tlc lrlriiclcrlin e agora, a começrar por A palavri,i cle I{ólderlin tiiz o Sirgracll, e tleste rloclo norneia
o
cste pocma, r-r verbcl clue c:hatt'tit. A palavra dr; Fltllclcrlin e agora espaç() de tcmpo cla clecisão irrar.rgural parir a estruturação essencial
"hino" em Lrllt sentiilo recórn-currltaclo e singttlar. 'lratluz'itttos, dii lristtiria vindoura clos derrses c clrrs hunrauir{ades.
habitualrrtente, a palavra grega bptulÍv por "lotlvar" ç "cclehrar"' Aincla lão ouvida, esla ;ralavra estli salvagui.rrtlada na língtra
Temos eirt vista, corn isso, um csn[ar, óbrio do palavtas, sobte irlgo ocicÍental clos alenries.
ou para algnem. Agora, porétn, a palavra poélica c o dizer firntlador.
Apalavra clestc canto já uão e rnais unl "hino a" algo, tlr:ttt tttn "tlitto
aos poetas" e lnenos aitrtla ttnr lrino "à" natttl'cza, rtias o hirto "dtl"
sagrado. o sagrarlo ol'erta a palavra e vcrn ele mcsmo tresta palavra.
8 O hino de f]ôlderlin 'Assirn (rrrno cnr clia santo..ll I " etl 1tlrll; la5 ,\g.yn st:lbsl. 9 (.ltlINl lifA, *)t)'/, çt. 37 t, rnodilica<la
Martin Heidegger | 93
A este chamarn o Istro. ain.la nre lentbra bern c corlo
I
tle tlias dc rmor,
e os jarciil-rs de ltlorclérrs
l
e dc açites (lue acotlteccnl"
ali oncle na margenl escalPacla ii
I
l
Mas ondc estão t.rs anrigos? Rclarrnino
lá baixo cai o regato, ct'l(lLl.tlll() úlll Lilnil
I
c()lll o cóllprlrihcir-o?,\,htitos
con[etlplit um nol.»re Par ll
I
pois é no rnar quc c()nlc:çir
il
a rír1"reza. lrles,
( ()lllO I)int()r('\, ;tjUrrlltrrr
il
o belo r-la'l'ernr c lão rlcscienham
2 OillN lTlI-A, 1997, p.415
I a gllerru alacla, c
3 Ibiclem.
I
li
l'-
enr relato de viageur, aluclc "enr prosa"? Segunclo gsln çrp.inião con-entc,
Ínorar so]itários, âllos a íio, sotr
o poema tern ull direito lcgítimo e evidente a levar seu título.
o nlastro scnr fblhas, otlde llão iiurninatn a noite
os rliirs tle Í'esta ila cicitlcle, No cntanb, supondo que o 'tonteúclo" do poenla nãcl seja a
ncnr a Jira netn a rlançil Ilativa. mesnta coisa rluc o que, de modo enrinenle, é poernatizado l:o poeÍna,
e suponclo também clue o título do poema norneie o poematizaclo pela
Mas agorn ftrrirtn para as Ínclias su.r poesia, c nào os contcúrlos que tambénr ocorrelir irí, entáo ]loss()s
Martin l-leidegger | 97
96 | Explicações da poesia de Hólderlin
,.recorclaçãci' já é unl cllt rcctl(), elltio f)(jllsll
perrsallle nto clistinto da conÍirlrnação poélica das lenrbranças ile viirgem do
sc
nos rios clos inclilnos e clos gregos. À,Ías "recorclar" é apenas pellsar preceptor Ilôlclerlin.
enr rccu<t? A lernbranq:,r r.l<l que L-)assorr se tlepara cotl} O irreversível.
ljsle já não permite nenllLnr tluestionat-ucllto. AssiÍ1t, "rectirtlur" O Nordeste sopra,
preservt't o que passou, estltrivancio-se a cltlaltltter intlagação' Mas o o nrais cluerirlo orrtre os ventos
pra nrirn, pois pronrete lbgoso
poelna "ReCor:ciaçãii' qtrestionl. [lrgLre-sc, l1o setl Cetitrtl, l1o L]()Illeço
espírito e botr viaqclu i«rs navcganles.
cltr cluarta estrofe, a pergtttrta:
NIas oncle estão os anigtrs-( C) Norcleste é o venllr (r:nr vuiante clcl ctialeto suábio: iler ItJ'.,"o
ar") clue desanuvia 'b ar" (o F,Ler, die Luft) da piitrizr do poet.1 e abre lar go
O chamaclo aos anligos niio é un] cismilr aí'erraclo ao iritssirclo a esp.lço para a Sereniclacle. O Norcleste lirnpa o céu. Abre un'ra triiha livre
respeiio clo clur: procieria ter lhes acorttecido. A Pelgttt1ta reíletc sobre e íresca pírra os laios e o luzir: do sol (pirra'il fr.,go clo céu"). A clariclacie
o lugar para oncle Í'oraru os aurigtrs, se caminharat-rl até a nilscente, e pelletrante desle vento traz a transpirrência inconsptrrcada cle tocias
como foi.'I'trl questionanrento p0tlc se clramar "recort[açã«i'? coruo as coisas .lo ill em uue tricJo o clue vive e, sobretr.rclo, que os íilhos cla
un1 perlsar relrosprectivr:, "líric<i' e retnetrorativo :l 'I'erra respirarn, 0 Norcleste arcjtr a attnosfcra, ilo tnesmo temp() em
se explica eir
sentençâ cr,tlminante <leste poer' a? cprelhe dtí estabilidadc, e firz arrradurecer a estação livre de név<>as.
"Este venki' (dieser Luft) santtfrca o "ar sirgraclo, irmão do espírito,
Mas o qr.re Íicir, os poetrs o lirttilam. qtre lôgosarnente potentc rege e vive ent nós" (ÍIipérion, t. I, 1. 2, II,
147), O Nordeste aponta parer alérn do país nativo e conduz além
0 poeta "pensa" arlui rro passatlo, llo qtle perllliinecr dele, nunra clireção irnica, a clo cér-r sucloeste e seu "fogtil Quern se
apenrs coll1o L1Ín rersíduo? Para c1ue, então, irin<la urna firnclaçtio? cletem nas terras clo Sul recebe do I'Iordeste a nlensagenl de frescor e
A lunrlação nâo "pensa' ântes "nti' vinciour()? Ilttlãtl "rr:cot'c1ar" clareza penetrantes da pátria. IJrn I}agrnento (Ileliingrath n. 24, IV,
seria,'pensar enr", mas r1c r]lotlo tal â pensar uo vindottro. Sttptlndo 256 251') riomeia'bs eslonrinhos que, no pais clas oiiveiras, cultivarn
clue esta "I{ecorclaçlo" pense ac{iar.rte, então o pensatlelrtcl en] a inteligência. ll a pátria clue erles pressentem,..i'
recuo tampouco porle pellsar em um "pretérito" qrte classiÍ'icatl'rrls
apeltas colno irreversíve[. Perrsar no vitrclottro sti é possível Mas quanclo
COmO reCorcltrçãCl cle Utl passatl,l qtle ConlPt'deutlerttos cOtllo tlm o ar abre se u carlinho
presente quc ainda vige a distància, ao crlntráritl de utll sirrples e niais o Nordeste, sopninclo cortante,
pretérilo. o que é, então, este recordar ambíguo? o pcietir respolrcie aguça-lhes o olhar, levurtaur vôo,
descriçâr "poóticai' cla "natnreza', Iaivez taurtrém a rnolclul:il 1;ic1órica prrrtitla nrarílirna par:1 o estrangciro. A experiêrrcia <1o logo r1o céu nir
par.r "pensalnenl.<.rs" posteriores. Ou talvez o verrso conÍjrnrc, arr tÉrrra es[rar)geira é irrorneti<la pelo Nor<leste. Este rre nto 'Hrar.i' os
inlcrromper rirn silêncio encober[o, qüe unla clecjsão inlrochrziu a por:tas a encontrar-se no clestino clil sua essênciir histór'ica. prx.quc o
l.ortuna? () vcrso não soa cont() urn agradecimento? Não clevetnos nos Norclcstc fnz cia preservação clcste destino uma dádiva, ele é a verclatle
anlcciPar ao coÍneço rleste poenia, e peltsar etn tttll loflgo prclúclio, da vrxrtacle esse,cial cu.oberta dcstcs poetas. Neste poerna, semprc
pítra que ouçâlltos crlrretl-anrcnte o começo POr cste vcrso? O N«lrtleste que iltilcierlin cliz "eu" e "pilra mim'l ele fala con-ro urn destes poetiis.
é sautlaclo: "() trrais qtrelitlo entre <ls ventos / Pra min.r,'.l'Por que, Isto niro vaie aPe,as para âs ocorrê.cias de "pronomes pess'ais,, enr
enlre to<los os ()utros,0 Norcleste é o ven[<l hotuenagcatlo? Ondc riualcluer <Lrs pocnras de l-iôklcrlin, porquc. csta "recordaçiro,,
1.;crrsa
()trerrt a partir da clcstinaçiro essent:itl desle poeta, avança daí ent vez cle
cstri lqr"rele (lue quer e ama este vcnto mais clo cluc os outros?
yollar,se para trás, pârír sllas "vivências pessoais'l  predileção dcstc
Íàla aqui? O prriprio l{Õlclerlin. Mas qucur é, aqui e agora, tlÔlderlirr
em si ntesrno? [i aquele cuja essênciil foi prce[chicia pcla "votttarle" poeta pelo Nordcstc saúda ueste vcnto a irrgtalação clo cspaço de
que 0 ve Ítto scja tln ntaneira coÍto ó. O assirn recoihicio na volrtade te,rpo enr «1ue a vont^de essencial será a,ontadc'clos" vinclouros.
essenr:iai de uni si nrcsrno ó o l-Ilais rlucrickt e amtclo. 0 Nor"deste ó
"Contudo, aí vcrn o que rluero" (fragmento n. 25, I\,,, 257.) "euerer,,
o venlo nrais quericio, "ptlis promete ftrgoso / Ilspírilo e boa vingetrl nirl si;,,,,,,,,,,,,,,,,;.ifica aclui de morio irlgunr a compuisão urovicla pelo cgoísnro
peio Norcleste invoca'trs navegantes'l A eles, e sol'llcnte a cles. reÍcre- Iúcida para o pertencinrento ao cicstino. I.,sta vontade sír quer o quc
se à quarta estrofe Co poetna. A quinta estrofe fala rios hotnens t1ue, :rcivém, por(pre o vinrlou«r já compromeleu esle querer com unt
sirinclo do rio "iargo como um nrar", "foralri pâra as Ínclias'l "Os sabcr c o cr>rrclanta a l)erl]lauecer exposto ao vcnto da promessa.
navcgilntcs" sio novantente rnencionarlos, prccisalnctrtc na estr()fe Na prcdilcção pelo Nortle.stc rcg,e o amor pela experiência do ,'[crgo
quc: tcnnina com a referêltcia aos "poetas'l Scria, para Ili)lcieriin, <l <1. cérr" no estrangeiro. A lci essencial c1o destino é o arnor ao não
r]c»trc "os navegatrtes" o sitrôtlitno essencial pilra 'irs poetas"? iirn làrniliar cujo propósito é cstabelecer resiciê*cia no lugar err qre o
unr esltoçO CornparccelIt Os seguintes versos, clescotrcctados c aincla. prríPrio es1á. Mecliante tal lei, o poeta é destinado a ftrndar a histtiria
assitt r-cleridos tlt'ls ilos outl"oÍi (fragn-retrto n. 1, i\2, 2-]7): tlo "país *atal'l Ft<ilcierli, cleclara seu saber decicljdo a respcito <icsta
lei r.ra'trrta" quc cnvia tro anigo rnttes da particia para o Sui cla t;rança
Assirn peregrinâ o tcnlpo de i)etts acitrta (v, lle-320):
rnas teu catrto sagtatlo
e buscas, ii p1lb1e navegante, o habitatlo Nh<la nos ó niais dillcil de:rprcndcr tlo que o uso livr.e clo
olha para as cstrclas nrrr:ional. E, couro creio, exatamentc a clarcza cla exibiçiio é-rros
originariamente tão rlatul'al cotno o Íbgo clo cétt era Pirra os grdlÀos. a preparação ile nrolclLrriis e lârriinas, a clivisão c a classiÍiolçiio.
[...] Porém, o .]tle nos é próprio tetu cie ser aprettditlrt, [ão [rern crttrlrr Ilá mtrito tenrpo c;ue o nalLrr';r[ aos alen.rãcs .jri tleixou cic scr
o que nos é cstranho. Por isso nos são os gregos irrdispensáveis. Só lrropriarnernle o qltc llres ó próprio, uma vez que a capacidaclo de
que lhes não devemos seguir as pisadas exirtâlnellte llo (lllc llos ó aplcensão niro sc vô prcniida ncnl Í) aproencler o inaprcensível,
próprio, no naciontil nosso; pois qltc, cotl1o jii ciisse, o titte é rrtais ncnr de, urna vez confiontada ooln Lrsto, proporoionar a si lltesr-na
.ljl'ieil.1 o /llr,'uso Llo proltrirt." Lima íbnna dc contenção. O cpre cleve vir ao errcnntro dos alcntães,
cnriuanto o cstranho dcvc ser cxperintentado no estrangeir.o é o
Eis n lei cla domiciliação poólica no ptóprio, a partir dil "Íogo clo çéu". Na urgênciu da pcrplcxidado r,lespcr.l.ada por. este,
travessia poótica da estranheza n(t eslrangeiro. 0 prclprio aos grcgos e eles stio lequisitados a se apropriar rJo sen próprio e a usá-lo
o "fogo do céu". São-lhes nativos alü?.e o ardor qLle ihes garanl.cm a adecprarlamentc. llis po[ciuc, lta epoca clos alenrãcs, a "tenclôncia
chegacla e a proxiÍniclade dos deuses. Mas no c{)mt:ço de sua história principal" devt: ser, sÇgLrndo a scntenç:a clo poela, "ser capaz cle
elcs precisamente aincla não estão à votrtiicie oonl este Íogtl. l)ara se crrcontrar aigo com precisão, ter 'jeilo' para o clestino lGeschik
apropriar deste próprio, pr€cisam atravessar cl que lhes é ostranho. zu hobenl, pois a ausência do ticstino ltlas ,Sr:hiksactllosel, <.: 6ít
Trata-se da "clareza da exibiçâo". l)evern ser srlrprecnilidtls c olt.Opoy, é a nossa fiaclueza." Esta obscrvação st; encontrzl l.lils
captLlrados por ela, para que os ajude a contluzir o Íilgll pcla prirttcira considerações clue Flijlclcrlin aclescentoLr ii sua tr.aclução da
vez ao brilho claro da clarielade estrutltrada. A travossia clo que ltres .ltrtí{tntr (V. l5X t.
ó estranho -' o pocler apreender-se friatrrcn{.e translirrma-lhes o O "naturzri" a Ltrn povo histórioo só é, porlanlo, natureza
seLl próprio, pela primeira vez, em proprierlacle. A partir do rigor: vcrclaclcira, isl.o e, solo essenoial, sc o natural e translirrrnudcl rro
da sua apreensão poétioa, pensante e irnagética, conseguem ir ao histórico de Lrnta história. Para isso, é prcciso qrie a hislória de trnr
encontro dos deuses en1 uma presenÇa clara e estruttlra(la. Eslc e llovo sc t;ficontre no scu próprio c habitc aí. Mas coltlo habita o
â sua fullclação e construção c1a nól"tq como lugar r:sse:noial da hotrrenr sobre esta'1'erra? No "l}n amcno a't-ll...", urn poerna tardio,
história, deteminado pelo Sagrado. A'nÓÀrç dotertnina "o político". de provcniência obscura, e ainda assinr irnpensável quanto à sr-ra
Ilor sçr uma oonsequência, o político nunca pode decidir notu stlbre verdirde senr o au.rílio do espírito vigilantc de I-lillderlin, onool'ltra-sc
ser-r próprio ftlndarnento, uetlt sobre a prtipria ttbXt.ç netn solrre o a se ntençtr (VI, 24-2.5):
funclatnento dcsta. A l'raqtteza tlcls gregos oonsiste enr ttão conseguir,
diantc do cxÇesso «lo destino c tlas suas destinações, lnallter o (lheio dc rnérito, conturlo
iroe ticanrcnte habitir
controle destes. Sua grandeza cottsistcr en1 [er aprendirlo o que lhos c o hornent esta l-cr-rir.
estranho o arttocontrole.
Conludo, o "natural" aos alcnrãcs e, ao contrário, ir "clarcza Os rrelsos contênr urnir rcsti'içào ao (luc Íoi concecliclo antes.
da exibição". Arrebatam-nos a capacidade tlc: crlntÍ»'cender, a "Clreio cle merito'l c1e lal.o, é o ]r«»ueur, quarrclo setL agir cria olrras.
prefiguração cle pro.icÍos, a corrslruçã«l dc andaintes e cercaduras, In-rcnsurável é o que o hornertr executa e por ureio rie que se arranjii na
tcrra, conforrtre a trabalhrt e exilr..rrc, servinrlo-se clela para se abrigar,
para Íi)merliar suas realizações e obterur.na situação segura. "(--«lntrrr[o"
6 Q Ul N' lnl.A, 1997, 1t. 7 6'1
-7 68, nxrrlilicatla.
- será que tuclcl isso já é o habitar eri que o hornenr pode l'azer llotlso, c) espírito é a vr,tilcle lúcicla que concebe cacia coisil clue possa vir a
Íicanclo ii vontacle no que aí hai rle ver<Jacleiftl? 'lbcla rcirlização e obra, se torllar real e scr c.ln<l irlgt'r iluc acedeu à verdacle cla sua essência.
construção e cultirro fiermanecejll i;eucl<l 'ttrltr-rra'l Íi senlpr:e apellas o espírito pensa a realiclade qr.re advé,r a tudo q*e é real a partir clar
e já a consecluência de um haiti|cr. Mas este é
"poético'] No etltirtllo, ruriclaclc dc sua essência. O espírito é a r«rntadc lúcirla «1a origem.
couto, de oncle proví:m o poetico? Será algo procluzi<Io i:elos poctas? O cspir:ito é, crxno espírilo cle torles, o espírito. .,Os pensamentos cio
Otr serã<t os poetas e o yroéticr-r a carlâ vcz cietcÜninados pela poesia? i'spírilo cornuni' L)crlsirm a rcalidacle do real, antecipar.rdo-se a este.
Mas qual é a essência tla poesia? Qtrenr a deterrlirtâ? Ijstir essêlrcia z\ rcalid.<le é cornputacla pclo real corno algo irreal que, prr;jetado
pode ser recolhida a partir clos vhrios méril"os lrun[rttos ucsta'I'crra? prcvianrente efi sua vcrdacle sohre a real.idacle, nela se consolida.
Parece que sim, pois a opirlião da Tt1ade Moclertra corlt:r o pocta Assinr se crursolidantlo, a Pr(lpria realiclacie irreal das çoisas reais
entre os prtlclutores criadores, e colllpllta errotletlrltcnte a pocsia sc lonra ci prirueil. assunto a Íier poematizado. os pensanrenl"os
eltre as realizaçí:es culturais. Se, prtrén, cle acortio colll () versç rltr clo espírit«r conll-nn são poóticos. euando "o espírito,l porvcnlura,
pneta, o poético se cttntrapõe a todo "mórito'l e r-rão «:ai soh ir rtrbricrt qucr sc tornar 'b cspíritri' cl;r história cie uma huruanidacle na .I.erra,
clos préstimos hurnatros, c se tamportco é algo prcsellie à mão enr os pcllsalrentos roéticos clo espírito devem se rcunir e cor)surllaf
quaiqr.rer: canto, ci,ttto os hornctrs clevetn expcril1rcntii'.lo etitãq, para nir alina rlo 1.,oeta, conforine este aponta acima da terra, na <iirer;ão
irabitar etn slia lei essenciai? Qucnr t-uais, seuilo o lrocta, potlc p<:nsar rlo cóu, e por ilicio clc tais sinais deixa pela prinreira vez que r tcrra
na cssônçia r1a poesia? Portanlo, devc har.crr poctas «;tte cxibanr Por.' ilpare!:a lro selr óter Poético. Entusiasmacla pelo espírito poético, a
si nresrnos o "poético" e o Íindanlentelll, conlo n lirtrdarne-nto clo alnra <1o iroela é vivificarrte, porque ele nonreia o funtlamento poético
habitar. Ilm prol clesta fuudamcntiição, eslr:s poetirs clcvcm habitar ckr rcal e o lev. até srra'essência" rnecliante sua in<iicação elo rlue
poeticarnente, eles rnesmos e dc saícla. Onclc cles pocler}t perttratleccr? scja a rcaliclade. o erspír'itr; poélico fundamenta, por intcrméclio do
Como o espírito poético encontril stia pátria, e onile ela Íi<-a? "auirnaclor", o habitar poético d.s filh.s da'Ierra. O próprio .,espíriro,,
cle'c, portanto, irabitar cle saída o solo fundante. o habitar poétir:o
Ii que o cspírito r-rão csl-á elll câsa tlos p.ctas lrrececlc o habitar poético ilos homens. por isso, o espirit*
r)em no ittício, nem tla nitst:ctl(c. A pritria o cspre ita. iroético, corno tai, cstará "ern casa" clesde a origeni. A árvore tarlbérn
t) espír'ito anra a co'lôuia, e o coritjoso r:stluecitrtt'trlo' se r:nraízir no solo, scrrr abandon;i-lo, clcsrlc o rnonrcnto en) que
Nossas ílot'cs c as sonibras tic nossas Ílctlcslrts alcgt:rrrt
o soliirlo. (]uase «ltre o lrnitnlclor rrrict't' scr titrivarla tlo priLtcipi<t cla srrlrjetividacle irrconclicionada ria mctatlsica ak:raã rlo alrsojuto
de Schellirrg e Ilelyl, senunclo ctriâ (loutrina o esltr-em si mcsnto cLt cspíriro o i[rpelq
para
o tct()rl(l a si ntcsmo e estc, poÍ suâ vez, exiile que o espírjto pros.siga adiante pôra Írrra rle
Il,stes versos pej:tencetu a rttn esboço tartlio tla r:stroí'e fiiral cla si tncsttto, r lanrbl:nr cnt <1rrc tiretlirll o recltfr^o à metalísicr, Jllfsilo qltc ar.erigrie correlaçi,c5
"lrisloricnnrcnte corrctrs'l conlribui rnais para esclarecer ou mais parir obscurc«r a
eicgia "C) pão e o vinho""7 Notrieiatn 'ir erspírito" e "o rtnimitclrr". lci 1roéticr,
Àlctrt tiiss,r. ca[rc,,irscrvar que a qlrestão clrr "viratla ocirleDral" dc Ilijldcrliit, fre<liierrlenrerrte
alrotrlutl:r oos csludos robÍ(' esle arrlor (se elc se interessa
fclo Ct istjanisslo porquerlh as costas
à í irécia ot, 9e tuoriiílça sttr alrrirtirgqlq de arrrhos), é peosa(lil clç tirrlia ailtla 11uit9
csircila
7 Irrierlrichli<'i."ncrrlt'scobriucstcsvelsosainrirnrio.li'.,ulgr,los1,or llcllirg,rrllrt'ttslxtblictrtt L(»no (lrrcsti](), ( l)clrlr.ncce tlcltcttdetrle tlr alivirlacic crtiinsccí ile prrblicirçirc. "histririt.as'l
pela prilreira vcz er)r seu irupor lanlc esi:ri{o')\s trarltrqires <1e iliil(lcllill a Partir (lÍ) Sirgdl 1c)-13, I\ris I liilrlcr lj n tlct cl lo rlrrrli,rr. lns rrâo tlc nrrno. r\o murlar, cn( oittrou
Pela ;trilteira vez o rlue
p. l,U. lleis-§rct lanrllór1 rccorrll:çcu o signiíicatlo (1c(1es veÍ.cos para a cxplir:rr;io rla tlllcslãtr Ílte et t prliprio c a rluc serttf.rc se rletlicar r. (}rrI esta ntrtcla[ça sc trartslorrna, tle
ponta ,r p9rr1n,
ila relaçã,r dc Iliiltlcrlirt r:orn "l IesPória c (irór:ja'l ()rre seja rPettas srtl,ttrelirlt, à rellexrrr o saltcr tla verclatle da Itclenirlatle c tlr crislaldadc e "do Orictrte". Cadtrcar,, o, ."tu, jp,,.".
lei 1:oetir:arrrerlte errrtrciada ttcstes verstls srtllte a Jtis(rrricirlaLJe lrx1c IrabilLralrrrerrtc crnprcgrrckrs na cou.sirleroçiro lrislórica. (N. do A.) ", "
l)oslctior eDl quc lnccli<lr a
enrpregar para falar do real, cl.ralquer tlue se'ja ele. Pois etlt r-ertas éprtlcas é, ntr cnrneço, repudiaclo e lançado a rr[ra busca cada vez mtris vã.
ele íacilmente clii aos hotnetts a impressão c1c ser 'triailor" e 'gerrial'l No Assim, o espírit<l - assi* c.m., tir*le, suas forças essc^ciais
'rais
entanto, todri "proclutor" cleve, ntl lugar clo nascitlrento, setll.ir-se ern - se tonra a presa da própria vontacie cle sentir-se iurediatanrerrfe
casa. Senão, como pocleria elevar-se elr sLlA'granciezii'? Parece até clue enl casa dentro cio qr-re lhe é próprio. A piitr:ia, encerrada ern si
o espírito devcria, cotno cl "vivo" por excelência, ser airtda nlilis vcgetal rnesnla, o irbate. Eia anreaçil o espírito proeítico com o ab;rtirncnto,
que a plantâ, e tnais anitual que o animal. Contuclo, o esPírito é o espírito' cpre signiÍica a perda cla essência. Mats até neste instante o espírito,
Ser,r clizer poético segue Lrma lei pr:ópria. côrno vouta(ie 1Írcicia cla oligcrn, prrnrarlcrjc orientaclo na direção cla
"É que o espírito não cstá eln casa / Ner-r.r rlrl início, llelll na pátria, tal que precisamente esta orientação lhe desperta a vontade
nLlscente'l No corneçtl, o espírito nãtl se sente eln casa nx própria expressa cle buscar o nãri Íiu-[iliar, erri firnção da pátria, cle tal rnotlo
casir. A <lomiciliação é o qtre, rnecliante a proxirniclacle à pirlria qlre (ple esta rneslrrlt pátria qLrr: ora se lhe fei:lrir é trazida pÍlra pertc)
brota cla própria pátria e se coltservrl junttl cleltr. A pátria é a origern pelo não lurniliar. Isto aco-trtece clrianclo o espírito assulttc lta suâ
eo o espírito "nil ctlnteçtl" niio ser
soio c1e origern clo espírito. Se vontade essencial irquilo que presclrva essencialmerrte a corrdição
domiciliou, entao no corneço, qtlc aqLli significa "iníciri', talrpouco rle forâneo.'Irata se clo esh'angeiro qlie, ao nlesn)o tertprt, perurite
ele estti "na nascente". A locr,tção "nr:nr na llascellte" nrio se lirlrita ;r que pellselnos na p;itria,
repetir de outro Ítlodo a locuçáo "nent no irríciol Ptlis tl plinleiro "O espírito arua ir colôuial' A ccllônia é n tilha que sc rernete
'irern" do verso nega o precedenle "eru casal ellqu;rrtl() o segttrlclo i\ rnãe. Clorrl'orme o esprírito alna unt país cie tal essênciir, ele sri arna
"nem" nega o "na nascettte" cltre tt suceclc. Assim, é clito t1tr.: o Iolnflr de moclo in'redia1o, aincla que encoberlo, a Pátria nrãe. Iista é tr lerrir
don-ricílio 'ira própria casát'' consiste elll o espírito poótictt cletlrorar- piitria, <1uc segundo o irino'A peregrinação" tr, contudo,'dificil cle
se "na nascenle". Mas por que o espír:ito poético, isto é, cl irniruaclor, corrrluislar, a reser*racla" (lV, 170). Urna vez. que o espÍrlto não se
não está na nirscente ao corneçar'? linritou a Íugir na ciircçã<t do exótico, nras cle iato "ama a colôuia']
'A pátria o espreita'l O espírito está, crlnto espíritrl, tiurlbém já ele "niio" se sente "enr casa" rle nroclri essencial, il() amar clestir
forrla.
de saída no aberto; de outro modo ele não seria rl espírito- I)or isso, "[i o corajoso escluecimento" atrrir o es;;írito. ]lste arnor nao é
tarnbém a pátria vem ilo encontro da vclntade lírcicla. Mas elir venr urn outro, mas parte do antrlr à colônia. O "e" signiÍicer "e por isso'l c
í
cln virtucle deste amor, o espirito "tirrnbórn" ama uln esquecimeuto. exibição clara, lilrei'e sua forçir essencial rnediantc o contato cor)r (r,
O que é isto? Conhece[1os o esquecinrento, sobretuclo sob a íirrrna fogo e courpr.ureta a força esse,cial da iacurdade cre exibição com
cle urrr "não mais pensar ent". Ele é como uma ítlrma de recordação. o tFre deve ser exibido. com a liberação do próprio a páü:ia se abre
"llsquecer" pocle signiÍicar que algo sc nos cscrpíl c vai ertbttra, e torna pâtenlc s*a pxtpriedade, para que seja aproltr.iacla. Agilra,
nras tamlrétn rlue nós o dcixatnos csÇâPâr e o pertletnos clc vista. são as "r.rossas" flore.s c ns "nossirs" florestas oue fàzem cl* alcgria unr
Iisquecer ora é perclcr, t.rra (: cxpulsar, ora é arnbos. Sc maritelnos algcr pre'sente, alegria c,ja cssência consiste cnr abrigar o verdadeiro c
a rlistância, clttanc-lo esquecentos, então facilrnetlte nos evadimos na enr tal alrrigo dar inoraclia ao uso livre. As sornbras nativas trazcn]
clirc'ção cle algo que rlos cal-iva, tal que "ttos esqttecelltos clc n<is'l trjm Íl'escor ameno, o abrigo coÍrtra o arctror do íogr: estrirr.rgeiro. As
'
todas cstas Ílraneiras dc csquecer permâllecc um c()lllportatnetlltt iluc Íl,res nativas trazem o luzir suave, o atrrigo contra a claricla<le clo
cumprintos ou a qlle ttos tbandonanlos, cttqtlanto csquecernto's alg,o Íbg. crstrangeiro. No retorno à pátria que se abre, o pcleta, são e salv.,
e, coln respeito a várias çtiisas, (lstaillos cotlrpletauelttc es<ptccitlos. recouhece qrie "quase arcleu" i:i no estrangeiro, cluanclo privacio cla
No enÍanto, cxistc aincia urll outro c-cquecilncuto, cln qtle tlito nos pnrxinridacle à sua origern. I\{as este conhecirnento tambérn inclui a
esquecenlos cle aigo; rnelhor ciizeticlo, c[e nos esquecc, cle frrrnra que cr»rsciêucia cle que, se não tjvesse experirnentado o fogo, l.ernrpouco
sonros n(is os qtie foratn csquccirlos - ;relt dcstino -, e ttão reccbemils teria se:rpropriaclo rla cia.eza da exibição - clue é propria*ente o que
mais nenlrutrra destinaçâo, Il1as aÍltes vagamos pela l-ristória em tlevc ser apropriado n' f,escor suave c no h"rzir a,treno. o cspíritr.r
covarde fuga perante nossa própria origclll essencial. Ao ctltttrriri«r, poótic., que cleve fur.r<lar o habitar humano corno poétic., deve ele
o 'torirjoso esqtrecitttento" reccbc sua lnal'cil ciistintiva dtl amor rncsnio dorniciljar-se no que collcerne à lei da sua essêncja; o que
encoberto quc ama a origcm. À coragenl prei[eur:c o cttnhecimetlt<r acoutecerh, principalrner.rte, da maneira poética. Tal lei da poesia
daqr.rilo r1e rpte depen<le previaureute tu<lrl qtrc agitrtos c r;trÍ'retllos. <los poctiis vintlotiros é a lei fundamental da história que, por
Iitn vista destc saber ci tlue peltcuce r\ corageln celta tlohreza, cnr intcrnróclio claquela, se de Íirnrlar. f) retorno ao próprio concede
hrlr
distinção ii sinrl-ries "bravurii' ntt setttido da paixão arrcbiltaciora essôncia i\ historicidade da história e só pode ocorrer como partida
A coragetl ó rinra bravtrra qlle sailç:' No sctt
enr.olvicla no inrpulso. l)âril o estrangeiro. Eis 1)or qlle os poetas têm de sel antes cie iuclo,
snber encontra-se o I'undarnento da caltna, da circui'lsllecção, rla "nrvcg,anles" cuja viagern ao prlfs clo fogo celestc clepencle
do favor dcr
constância que distinguem o corajttsrt" O 'i:squecilnetlto corajoso" Nr»'deste L)ara sc orientar.
é a bravura i(rcicia para experinterti ,r'o cstrangciro, etrl visla da À sentcnçir "o Noi'destc sopra" é a. saudação cnviacla à chcgarla
aproxirnação futura do virrcioriro. ilntlenelrtcs, a coragcln clo csprírittr do ve,[. que "r,ai" e pernanece, precisa*rcnte ao "ir,l Mas coln. o
poético pro\ou a longa parlicla ao es;lrangeirtl. O cspíritci vek) para Nqrrdeslc deve, pois, permaltecer?
casa, l')orquc amou il colônia.
"Nossas Ílores e as sonrbras de nossas Ílorestas alcgrrrrn / O sotrici<il Vai, porérn, agola, c saúch
O cspírito, cuja pol.êucia' lto começo, rl priltria aittclir encerracla em si o belo (ialon:-r
Luna callnaria? c)u o "vai agclra" sigrrifica, rie prelerência: não tresites até a singularidade clir saudação poética enc()ntrarnos vários degratr.s.
mais irinclir r1o sell soPrar e sopre na millha tlireção, rla clircÇão Ao satrclar, o sa,clarte,orneia a si nres*ro, mirs apenas pirra ciizer
de quern te sauclou e rectlnhcceu qtle seLt telllPo é agtlra. I)or quê, cltre rrão qtrer nacla partr si, r11irs
frlrplvv-çionir ao sartclacltl tuc10 o que
contudo, o "pr-,rérn'? Porque cl poeta ele ntcsmo agtlra fictt parir triis lirc é rleviclo. A sar.rciação autêntica rec6n[s6" o clue é prtlprio iio
e ern tirl condição faz poesia. 'lVai, porénr, agorit'' aponta na clirtrçiitl sarrtiailo airrclir tlire sc aÍiliandcl à próirr:iir vontatle, clistir.rta portanto
clo "SLL[ c1a b'rança,, mas nonreia tlo morlo tnecliato, colno a pitlavri't rern(,trr cla vontacle clo saudaclo. A sauclação desdobr:r urna clistância
<laqureleque fici1, o lugar a partir tle oncie o Poeta diz'il Ntlrdeste errtre saudirnte e saudaricl, tal que em tal clistância se baseia uma
sopra': Suponilo qlle esta palavrir perpasse totlo o poelxa, etrtãtl, etn Proxinridade rlispensa a 1àmiiiariclade. A sauclação legítinra
clr-re
"vai, porénr, agoral' se deterrninam a lt-rcalidircle e cl lrtgar no ternptl errv[a ao saudaclo a aÍrniclac]c conr sllir essência. A sauclirçiro legítimii
desta poesia. O poe[a rlue licor-r para trás nãtt se etlctltttra nlais entre deix;r t\s vezes o sauciirclt.r ci,tilar cm slrir prrópri.a h,rz essenciai, tal
os navegaotes clue fcrram viajar. lile se callsotl da peregrinação? Ou que perca a tirlsa icienticlacie. A saudação legítirna instatrra ir prirnrrzia
será que a "boa viagerri' ao estrilngeiro o t()rllotl "valor<lso", Para tl tlo sr-rproslanrelite "irrcal" sollre o sirnplesnrente "rcal'l A sirudaç:âo
'tiregacla a casii' e forte o sLtllciente para perlnarlecel dolnicilia(lo? plrra e ao rlesllto ternpo sirnprles é poétit-:r seu irensar ncl sauclacltl ou
A permanência, na verclatle, tliio é urn cleixar-se restirr tle alguém recorclaç:ão perrlile clLrc este ac'lentre cle moclo originário a nobreza
que foi rrbanclC}naclo, tar}]potrc:O o perclurar <lesorientar.lo de algr-rem tla sua essê,cia, para que possLlâ, daí por dia,te ,. sautlação, seu
inexperiente, nlas arltes o retorn<l tlo que "foi pirra longi' etn bttscl Iugar esseneial ,ii o s.urlaclo sarida cle v.hir agorir, colno
siiuelaçã,.
do "tlestino'("O Istro", IV 220) e assilll se torlloLl niais experiente' sauciaclo, o sirurian[e, sem precisar ele rnesmo c'le outro rnensageiro.
A única conciição para a clouiciliaç:ão no prri;r|io loi satisfeita: a A satrlaçio ó r:ccorclação cujo rigclr cheio rrr-: rnistério abriga cle volta
particlar para o estrangeiro. Mas a satisÍàção sti oc<lrre se aqtr ilo tiue ftri o sauclaelo e o saudlnle na clistârrciir recíproca <le suts essências.
experimerrtarlo (a claridade e o ârclor clo l()g,l clo cétr) Íirr preservaclo, A sa,dação .ão q,er ,ac1a para si rnesrnr. e recc-be, precis*mente
cle tal nlodo que o poeta' rro exibir o que viver't' altrentla a làzer utn por isso, tudo aquilo cle quc, u sandante necessit;r para arlenfrar sua
uso livre do próprio. () cleixar-se íicar para trás, colro retttrntl, cleve Própria t:.ssê,cia. o envi, cla saucl;rçio é o retorno ao próprio tlaqrrcle
'fal tltte litott l)ilrit tl'ii\.
se'mpre recltar, enl pellsamento, a() ftrgo do cétt c recorriá-lo'
"Vai, p.r:ó,t, agorâ c saíic1a / O belo Garo,irll prirneira,rente,
recordação, n(] entaltto, não ;rocle simplesrr.rente produzir ai presellçil o
do que já l'c,i. O "f'ogo ckr cef' deve continuar a ser, LriISo tleva ser poeta cnvia sLra .saLrcllção ao i'io. o cspírito ckl rio é o espír:iro poctico.
acluilo que oferece a lo<la exibição a possibiliclacle cle ellct)r)triu'sua A. no rio, o poerâ pensil llirqueies que são os "sinais" cntre
perrrsar
cnnsistêucia. 0
pensamento clc, "passaclcl'l isttl é, dacltril<l qtte tcrn deuses e honre's, isto é, nos sinalizaclores. Iiôlcierlin tliz, no começo
sirio e chegou a ser, é a recorclação ern sentickl prciprio. cl:r déciura estlofc clo Poerna silbre a essência clo rio Reuo, clepois cle
"Vai, prtrétn, irgora e saúd.r-l A recordação é uurlt saucltrção' , jii ter antcrirtrtrcnte chanrarlo "fírriir clo serniclc:us,,o revoluteio clo
De fàto, quem licou para triis nío rnlris necessita do Nordeste para rio e,r r;ua rrasce,te esc,ril: "Se*ricleuse.s penso agora,, (,,O l{erro,]
parlir ao estrangeiro e, aincia assirn, precisa deste vento' O Nordeste iY I73). Pclr iss. tarnbé,r o poera cleve pens.r a'tes cre tlrdo'«: rio,
se transfbrma no melrsageiro ciir sauctação. Ilntre a sautlaq:ão gasta e
n., lllcsmo "agr:rd' em que ele se cleixa ficar na localiclacie cja sua
vazia clas trocas impensariâs, a raricllje lr1ior r.la sirttclirçirr gcuttína e e.çsêrcia e envia sua siruclar,:ão. Náo por ilcaso, o Canlnil é o prirrreiro
clcuma enurncr:rção das rnúltipias coisas rlue pertr'Ilcelll á paisagcr.n Não se trilla de "urn" atalho, ma.s'cio" fio estr:eilo e incronspíclr. <lr.,e
estrangeira. I'lle é o "bt:lo'l isto é, segundo o hintl ao l{ctro, o 'tlc lrela perllarlece pr<ixinio c 1;aralelo à 'irrirrgem escarpada,, e, a prartir
nroradal O cspírilo clo rio clue toi'lla a lerra "arável" e hirbitávcl é o <lc tal proxinridatle, i)rossegue juntr ao curso <1o espíritcl clti rio.
o
c1ue,segundo a or«lent cle itrtportância, tlevc scr saudatlo ettr prittreirtt irtallro abr:rto peios hourens rcrrrete ao espírito clo poet:r, sc clc l.alo o
lugar, porquc a pal'tir ciclc o país satrdaclo tttostra'sc lla stlil bcleza, lrabital hLrrnano da íàrtilidacle rla terra deve ser .,poeticcil
isto é, ern seu "scr": "[lrlpara o rio / Lá baixo cai o regato]r Urn regat. nrenor c lis<r
cujo f,u rrclcl irl)arecc eln nruitos lugares por baixo clo leito de peclra gasta.
f SlaÍrda l)ei,c se p.ecipitar para [;aixo, clas m.nlar.rhas ]á,. arto até a profuncleza
o l;clo Garona, e'r.rcolrerta ckr rio por este ser levado à sua deiernrinação, rio
lar11o, e
e os jarrlins c1e Ilordéus rnar que concluz à viagern d«rs navcgantes até a ,iolônia,l
ali onr'le uÍr margcrn cscarpatla "[Ii] nqua*to ern ci,a / contempral
Acima do rio e dos jardirs,
scl{llc o llallt,r c l)íll-a () ri() da ciclade, rlo atalho e rlo regato, co,tudo sempre partindo d. rio e
lá baixo cai o regalo, ettcJuatlto enr cilnir suir mírrgern errr direção à paisagem intcira, há rrma contemplação,
contempla um nobre par um ollrar (lue se abre e cm torno do qLrai cl aberto se reírne. cluem
cle canz;rlhos e cltoirpos argêntcos; Ianç:a o olhar e mantêrn tuilo aberto é "um nobre par / De carvallros
e chouiros .rgê,teos" rlecerto elas são clíspares: a árvore drrra,
Quem gostaria dc incorrer cm un.) clisctirso llreciosrl e, aincla fr'rrcl.sarnente e a árvore esgr"ria, trêmula de purior e levr:.
escrLrra
assim, cacl;r vez nrâis pobrr:? Qucm gostaria de dcsÍigttrar tl rltte é Illas c'urbi,ar,, p.rór,, no abcrto c1a sua nobreza quc sabe o que é
<1ito tão sinrplt:smettte Lrornleio cie paráfiases ilrlptlrtttnas? 0 que rlignirlatlc e por isso cliglifica, por rneio exciusivanrente do seu olliar
saitou à vista cle tnorlo pttro na saudaçâo poótica nãrl necessita clcr abr:r-to, o rio e tud'o que hallita em sua beleza. o orhar aberto desÍc
nosso discurso. Ao contrário, itós ó qtre prccisainos tic algr.rtnas "uobrc p:rr" nutrc a cssência e a vocação <Jo espír.ito cio rio. (]uant1<r
observaçõres, para que possalnos nolar o n:otlo cl»lttt o ttotncaclrr silt:ncia a saudaçiro rio "nolrre par" cle árvores da margem a.lta do rio,
nparece, isto é, con,rt o t;irudaclo quc saúda de voha o poetâ sartclantc, o ixrctil L)cnsa rla rlc,tpcdicla irnpreti.ritir que se tornou o conreço clil
para que o poeta possa pernl:lltecer i'lo canritrjro que conduz ao seu sr.ra at iviciade pr:ét[ca.
oficio de pocla. O dito não pode sc clissolvcr e1n ulllil de:'scrição
paisagística. O poettratizado cleste poema se confirrl-na ao rcrlor clo Ailrcla rlc k:rlblir bcrn
rio, rnecliante o cspírito do rio qtre fora sirudaclo etn printeiro Iug:rr.
"ll os jardins t1c llordé'us / Ali onclc ira lnarg,elll escat'pada". rcco*Jação, a saudaçã' recolhc acieq*ada,reirte o sa,clado.
1"\a
A ciiiacie e setrs jardins trão são Iromcados etn pé cle igualclacie com o sauclatlo rru,cir ít;i csclrrccido. 'Iarnpouco p<icle ser esqueciclo. Irois
o rio, mas este aparecc ante.s cotno o cspírito quc torna crtltiviivcis, o sariclaclo se cleciica, cln penÍiilnlento, ele mesrno ao saudante. Assir-u,
às mirrgens clo rio, os jar<lins verdejantes, cntrc os quais a ciclade se ir sarrclação não ó, ailsolutamente, sua
çrróirr:ia obra. será que talvez
encontra. A mai:getn é 'tscarpilcla'l O rio segtre, clecirliclo, seu cttrso, o saudante sti possa saudar i){)rque ele é quem de fato fcri sauclacio,
pois está scguro de sua determinação. Na margem "Seguc o atalh<il rluem Íbi interirelado erl suâ cssôncja histórica e rcçonheciclo em sua
cletenninação poél"ica? Não é r.r poeta que sc derlica ao sauclaclo; o bosrltre clos olnros, pur sobre o moiuho,
rnelhor dizeldo,'ii'saudtdtt se "(ledicl ellr ])clrsly)lentti'r,r ele, at'r no pd1i6, contLrclo, cresce utnii figrrcira.
Vinclourcl.'Aincla me lcrlbra llcl1]" é Lll1l verso cie trr.rnsiçãtl. llle (IV 10.1):
es{rofe, perrrtite que o poeti't rcctrpere o lôlcg<i e se Prepirre Parli percetrc, or"r é tarnbér:r acl.rilo cont qrle o "sempre ocupado" sempre
O encOntro SilpÍemo cCuu aqUil() que (} Nrlrtleste satttlatrtc stlirrit está atarcfado? (J rnoin,ro prepara o gríio ('b fruto') e contribui para
ila sua clireçãr:. L)e fat(), esle vcnto reiolrlil seu crrrs() a pirrtir cltr I)repafar o pão. li,m vistir cla sua reÍlexão sobrer o pão, nesta oíiciria r1o
encontro c[)Í11 o poeta. Vlas é trnr clos seg,rcclgs ci,t rr:corrlaç:li«r,-1rte trirbulho irrrrniritci, o poeta é levaclo ir pen-câr nos "Celestiais" ("O pão
ela pensa vgltâcla ao pe.ssaflo e (ige cste, l-tttl;rvia, ao ser allgrtlacl6, eo vinho'llV 124):
retOrna r-rO Senticlo opOst(), intlo a() ettCorttL() rlirrluelc qtlc pcrnsa
para trás. l)ecerto nãcl se visa agoi:a nnra lirrnra ile presentilicação 0 prio é o Íinto ila terra, rlrirs estri abençnacio pela luz,
Subitanrer-rte, a recorclaçã«r cleve pe[1sar o passitcl«l (ottto algtl tnais irrconspícua e até a "inragcrrt'' que parece visur altenas compur
qLle aiJlda nào se clesclobrclu. A sauililção Pcrcebe qtte cleve Ie:vrtr trnr cnfeite "poético" são palavras de saudação. illas sáo palavras
ern baslante cunsicleração irrluilo (jue ctlt perrslrue trto jir sc lhe cle "recordação" c pensamel)to: no estrirrrgeilo que Íic«ru para triis,
<1o tipo. Cclmo "rnoiuho" e "b,oscitte rle olinos'i "pátio" e "figtteira" festri'? ll,le os norncia porquc pelrsâ nas "mulhercs tnorenas pol aii"?
I
pocleriam não eutrar em hirrtrtonia? A clegia "O peregrino'l :rcirna As rnulhcres aparecem nos clias de Íi:sta ern belezl adomada" Mas por.
mcncionac{a, nomeia o lltesmo aspectcl do "pátio": que o poeta peÍrsa nas rnulheres? DiÍicilmente aindir seria nccessiir"i<r
jr"rstiíicá-lo em uma estrofe tão "poéticil Só que aqui não
se trata
[0]nclc o bosquc cobre cle vcrrlura o portãtr aberlo tle nenhurna descrição'thcia de atrnosfera'cla "terra e da gente'l de
da heldar'1e...8 nenhuura "poetagcnil mas clc poesia. Hôlderlin não alude aos clias de
Íêsta irrlr<1ue perlsa iras rnuihcres, mas nonreia as "nr,lheres moÍellirs
"Contuclo'l na rcc<lrclação saudaute é o país clo Sul gue saúda. por ali" porque tenr ent vista o dia <le festa. Mas por que isto?
O 't'orituclo" irrclina a recordaÇão da "Íigueira" na <lircção do fogo clti iieriirclos são clias de íesta. À primeira vista, "festejar,' signiÍica
céu do Su1. Os vcrsos scgrtintes apenas obedecetn a ersla tenclêllciil' interronrpcr a atividacle coticliana, çleixar o trabalho de lado. por isscr
h)lc's jii nãcr prccisatn riepender de ttttra palirvra cle transil:ãtt çoloca<la pode resultar que os clias de Êcsta, urna vez que referidos apenas aL]
l1o corncç() da estr-of-c. A sauclaçâo pertencc Çolllpletirnlente ao trabalho, scjarl vistos apcna.s corno Ltma interrupção clas l-ror:as cle
sau<laclo, âgorâ que cla rleve se cortslttnar. O sartilirtlo aparecc, por lrabalho. São entâo apenirs unra no ciecorrer: clo tlabarh<r
'ariação
Íinr, naquilo quc pertcucc pr:opriatnente ao csPirito poético c1o rio, e, finalmente, uma lrausa instiluída pelo próprio traballro eln selr
cpe ílri o pr:inreir«r a scr sarttlado. bcnefício. À4as a íe.sta, em serrticlo estrito, é algo dil.erente clo sirnples
vazio quc urria irrtcrrupçâo seria. I.tra trrel'a oposição ao trairalho pocle
Irrn dias cle ícs1ii vuo Iraver unra atitr.rcle clecisiva rle continência. Àí já vamos ern direção a
as nrullreres rnolcrtas por ali n(;s mcsrnos, rnirs não conx) sc nos embrenirássertros ern nosso "eu"
enr cl'rão clc sc<la, dc rnrncira cgoísta. De firÍo, o reÍicar-se transporta para uln âmbitcr
tro nrês c1e trarçlr, irrtrito pouco conh«:cido a partir do <}ral nossa essôncia se deternrina.
rluatt<k» a troite ó iguai ao tlia, A partil de tal desloçanrento cotrleça o espanto, ou tarnbém o terror,
c pot' sobre' os ataliros \rilgaros()s, ou ain<lir o 1rr.rdrtr. liil r1uak.;uet'Çaso, começa uma rcflexão. Ao rerlor
pcsrdas de sotrhos tlotttados, clo horncnr sllrge llr'na aberttrra. Mas o real a que o cotidiano nos
passâln blisas etttiralatloras. ircosturlou não conscgue maltter aberto o aberro. Só o instilib pode
ilulninar o abcrto, corrfornre ele encontra sua meclida secre[a na
Iirl utn
arco ítrtict'r, rnisteriosatttente vibrante clc tcnsão, os raridade clo sirlples cnt que se encobre a realidade do habituahnentc
versos sc: encaixaín naquclc pensilirertto do Unr ao qtlal il sâu(lação reri. O irrsrilito não se deixa tocar rlcm agarrar imediatamerrte
se volta. "E,m dias de festa" - a rncrtção aos "dias clc íistit" não foi no l.rabitr-ral. O insólito s(r se abre e só abre o aberto na poesia (ou
preparacla pelo que 1ôi c1ito anles e ocorrc corno <levida ao lllero cntão, clc fonrra abissalmcntc distinta, e l1a sua própria época, no
acirso. Por que o poeta pensir) prccisatneute agora clue seu pocura não "pensanierr[o"). lrestejar ó libeflar-se para o insólito que, em oposição
admitc lnais nenlnun aÇaso e: nctrhntn recurso arrxiliar, em "clias de à turvação sent l>riilro c'l«r <:oticliano, é iluminaclo. O festejo que sc
consrlnia aDcnas conro firn clo trabalho não olterece por si rnesuro
B ncnhurn nrotivo de celebração, e assim não é, essencialmente, unr
QUIN'I'tll.A, 1997,?.154.
fbstejo. Este se cietermina apenas por aqr-rilo que lesteja, a celetrração. A celeblação traz- c.nsig. ,,ra atnrosfêra rle pr-ernência encolrcrta,
De onrle vem a celebração? O ilue ela é, aos olhos clo poeta qtle pois é ela rnesula prenricia pela necessiclacle. Por issrt é rlue sc cliz, no
.,pensa
ern dias de festa'? A cerlebração, no sentirlo poétictl claclo por projeto de hincl "Mnclnosina" (Rccordaçào), para o c[ral tirrul;ém f'oi
este poeta, é "a bocla de homeus e tleuses". A clticirr.ra terceira estrolt cscollrido como título "O sinal" (1V,225, 3(D):
Ilntão celcbram a bocla hotnens e clettses o clil tla boclii, r'cceosos t-'stanros, contrrclo
Seru rlítvitlas,
Coneça com o verso:
lx)rellr, é o Altissirno.
Assim contcr em dia satrto...
l)ecerlo, o Altíssimo é o "suprento'l Mas este é 'b Sagradd]
A observarrnos â regra geral, este coll)eço parece introchtzir a lei que rlispire cie uma rnaneirit ciiÍêrentc cla lei liumana. l)«t
ponto tle vista riesta, o tu<lckr cotllo o Sagracltl disirõe cle todos os
uma comparação. No entanto, Pellsa-se, at1ui, em algo clistinttl'
'tsttrttrtos" "riem" potleria sc chanrar- lci, pois eia é o envio de unt
O "tlia santo" permirllecel ilnediatamente refericlo à ger:ação clo
<lestino. Mcdiante a aviclez clivisiva de ser um só, clesvirtua-se aqucle
semicleus e, cle acordo corl esta, à 'telebração tla boda'l lJe rer:eio e
intervalo que o scnticleus cleve observar. A aberlura do intervalo
pavor, decerto, se enche o seuricleus, pois ele, r+re é o sinalizador, tem
se lechir. Tirl fechanren[o turnil inacessível o que, na condiq:ão <1t:
cle sustentar o interva]o entre os homens e os deuses, mantendo-os
suprerno, "acirna ck.rs ltornens e dos deuses", perrnite pela prirleira
ern gposição e ao ftreslno tempo «llrservaldo o intervaltl entre eles.
vez quc stlrja o iutcrvalo eln quc ambos síro lar.rçados e crnl qLle
pelo Sagrado cie: âpenas cle acorcio conr sua cluraçãcl. A pausa é cornputada corlo algo
rurs são clestiuarlos aos outl'os' O quc lbi cnvi:ido
na cclebraçãtl tenrporário c posta dc la<i<l en; favor do que é constante. Mas a pausa
tnodo enlinente é a celehração. C) clenterito celebrarrte
O Sagrado rlr clcslino equiiitrrado é o tenpo de celebração. Sua cluração tern
ellcontra o fundan-rento cla sutr cleteuninâçã.o no Sagrrrr/o'
ó' 'lhl penrrissão íirrrna pri4rr:ia. A sirnples sequência que se estende indefinitlarnente
permitc tlue a celebração cla bocla scja o tiuc Par'1
scja é a saudação originária' A celebração éo rricltlelo ir que nos acostrrmamos quanckt se trata de cornpreeltder
qlle algo, rr111 sila essência,
"sappacld' saúrtla e' ao a ciuração. (luando se poc{e lenunciar nreucionar o começo c o Íim
é o acurteciÍllento c1a satlclação no qtlal o
a
celetrração r1a bocla da sequência, a cluração sem c()1neço e serrr Íim até parece equiiraler
sauclar, aPai'ece. O sernicleus geraclo rlurante a
cclebrante à sirnplcs pernriurôncil. O que tlura pouco, vislo descle o horizonte
é, porL;into saudado, do uodo nlais pr(')prio' O clernenlo
quantitativo, pode, t:ontuckr, clurar ató mais do que uma cluração que
ciacelebraçãoclaborias(lacarretarirunraaltritlsferacclcbrantesca
"clia cla tror-la-', vitrrar pura sc prolonguc inclefir.riclarnentc, se o íizer ii rnaneira cle uma pausa (lue
essência cio senridcus clue foi gerarlo no
ó obselvar tr rck)nlil a cssôncia rla destir.ração. A singrrlaridade clesta pausa não
er]l suíl cleterminação. contuclo, a essêucia cl() senriileus
,,clesigualdacie,, clianre rios rleuses e aos homel.is. ser e sta dcsigtralciacle re(luer unr regresso, 1)o.rqrrc cla é avessa a quakluer "repetição" clo
pa.ssado. No cntanto, tampoltco pausa para o singular é ultrapassável,
rclação ao céu c cotno à'l'er:r:a é o cpr: inrpcle a esÍiência
a a
tanto etn
pois ela dura para nos cnconlrirr a partir do vindouro, tai clue loclo
ele destinacla. Prc§ervar t essêtrcia ó o ajiistado ldas
Schicklichel"
isto é' vinc{ouro cirega a nris tra parisa cla singularidacle rio acontcr:icio.
O clestino encontl:ará etltão, e somentc c1]tão' seu equilíllrio'
não signilica A pausa rrão é Ílnitil nerr infinita. l,la antecedc tais nredições. F,sta
se a clesigualdaile existir como cicsigualclaclc' F'quilíbrio
r:tas pausa abriga o rcpollso clr.l qlre tclrlo envio clo destino está abrigarlo.
aqtri ueuhuirtit anulal:ão ciue leve à sttprcssáo cla clileretlça'
O ecprilíbr:io Ilntão o liagrarlo vem pela prirncira vez, abençoanclo a essência cla
equivale ao clcixar que a clifereuça il-IlPere no cliferentc'
deuses e h«ltnens pausa (lV 354):
não é ii apagamento do clifereute, lnas o retorno t1e
às próprias essências. Iirn tai retorno se ftrncla a
perlranêIlcia cla
ilconteL:e a ptlusà llil l],ntiro vr:m a crnção da lroda do céu.
clesiguirltladc. Quando esta permallece, só elltão
ql,,"in clestino pocle se rlemorar de tnodo puro ("O l(eno" rlécima
IV 78):
A 1-lirrlir: cio repouso desta pausa surge, pela prinrerira vez,
terceira estrofe, I
t<x[o movinrento clo sirlples acontccer. Por sua vez, neuhuu.r
acontecimento pode, por si só, encontrar o caminho que leva
Então cclebram a bo<ia hotnens c dcuscs
de voltir i\ prausa. A celebraçãcl enviacla pelo Sagrado, e só por ele,
celebratl ttltlos os',rivct ttes
perrnanece a origern cla história. Assim conlo a cordilheira lGebirg) é
e equilibraclo
o rlestii-to' a rerrniircr clas rnrintanlns [Ber,u,e.], a histót'ia fGeschichte) é a reunião
ntlnl;t PilLlsa es1á
cl<r.s acorrtccirnentos ldos Gesclichfl, o traço básico, originariamente
Germânia' e apeljas depois clestes ("(ierfitânial rhltinril estrole, 1V, enconLrâ livre curso, frxa "sitrrações histtiricas'l As mulheres alemãs
184 ss.). O poeta, exposlo ao sopr() clo Norcieste, é o satrclacio pela salvanr a chegada dos deuscs na suaviclatlc c1e uma luz anrigável. Lilas
saLrdação clo Sagrado. Por iss<,r cle cleve saudar () verli(l tlue o cxPõe retirarn desle acon[e(:inlento o itspecto ntedonho cujo hon:or pocle
à sua deterrninação esscrrcial. Por isso o poetil envia, tnecliattte este concltrzir errclneanre nte tlesnred idir, ou sob a Íi»ma cia rloaçiio de urna
vento, sua sauclação a0 ac0nteciclo. Acl pensar no ircotl{ecitlo, Pensír f<rrma setrsível à essência de l)errs e r\ s*a moracla ou sob a forrna tla
no vindoLrfo, Ou seja, tto Sagraclo, cuja vir-icla prei)afil o eletrreuttl apreensão conc:eitual da essência de Deus. A preservação da chegacla
ceiebrante ria celebração. A sauclaçiio c}re enVia setts cttntprit)lelltos é a contribLriçáo c.nstante à prcparaçã. cla celelrração. Na sauclaçiio
aO acOntecido nO que este tenl tle essencial clcvc, 1.1r6 isso ttlestttrr, cia "recortlação", çi111111ds, nã. siio rnencioradas as rnulheres alcn'is,
recordar a ceiebr:rção que pilssou. [r.is por<iue o poetii rccc»rcla clias c1e nlas antes
festa. Eles são a vespera da ceiet:raçao. Na nrelçã() atis clias cJe l'esta, a 'As mulheres nlorenas por ali'l lsso relemlrra o país ao Sul,
celebração da boda é incliciicla sob t1 lnoclo cla reticê1cia, e portllt.tttl onde o clcurento do "fogo t1o céu" irrarciia url excesso de clariclatle
cercada pelo máxirlo Pudor. e alrleírça quase consulnir os cltre se expÕem ao seu arclor. Contudo,
Mas porque a celebração é cle botla, o poela pelISa na celeblação a saudação às mulheres nlorertas é urua recorclação consunrad:r, do
clas n.rrilheres, quando it rectlrda. rnesmo moclo que a evocação do "rnoinho", tlo "rrimeirci'e do "pittio"
enuncia lrrn penr;alnento que recuir até o estrangeiro, porque se
Ilm dias de fesla vão estende adiante, isto é, no sentido cla ciomiciliação. para conservar
irs mulhercs ntrtrenas Por irli o clistante na proximidatle, otr seja, para couservilr sua presença a
em clrão cle seda, diz"por ali", urna exprcssão que o or_rvido de hr:rje
<iistância, o poeta
enrl)llrrd para o ârnbito clrr lirrguagern instituciclnal e comercial.
'As mulheres'l AqLri, signilicaclo mais anligt'r de "senhora' e
t'r Sri que cl elenrento poetico da situclação tleten.nina a atntosfera da
'guarcliÍ' aincla ressoa rlestc flolllc. Agora, porélrt, i,le é tuerrciouado csl r:oli: e1e rnirneira táo sirnples que toclo eco do elemento "prosaiccl"
com respeito Lrpenas a() nascirllento essencial clo lloeta. l',tn trtu Poenla se dissipli. Neste períorlo, o poeta está 1ãri p()uco assrrstaclo e
escrito pouco antes do período clos hinos e situaclo n:.t tr:atrsição prtra acuado por tu<Jo que pareça pertencer ao vocabulário não poétic«t
tal períocio, I-Itjlclerlin diz ttrclo cltre há para saber I l'cspeito ("(Jântictr e estrangeiro quc é capaz alé de ir Ao encontro deste, para escutii-
do alernão", décirna prinreira estroÍà, IV 130): kl cle maneira própria. Ele sabe que quanto rirais puro o invisível
deva ser, nrais decicliclantente ele exigirá que a palavra norneadora
Agratiecei às mttlhercs aletrâsl elas ncls se anule er:r Íàvor cia imagem que evoca estrirnlreza. "por ali" vão
prcservaralr o espírito aniigável tlirs inlalierls dos clettses, as urulhcres
I
I
.,Lnt o
lato cle não tcrmos o lnatruscrito rlcsla
chão cle secla'. 1 cluro e rígido ,o invenro corn o que há cle descontraído e vívic'lo
aiuda rnal lericla' Qr't pcnsarii (! l)oeta nil PróPria tcrra qrtc ctttlr
clirr enrPrimeiro lugar, conro se fossc o pólo "positivo',i Fazeuros corrr
«1ue a iloilc vcnha em seguicla, como se fosse o seu definharrerllo.
seu hálilo faz lirotat- c recel-re de volta, a partir tle r;i ntestltrr c sobrc
.i\ noite í: t firlta r1o clia. Ilara Flrilclerlin, uo entauto, a noite c1r-re
si rnesma, aqrrela cl0çura ,-1ilusa clc tucio qrrc, rccém brotanclo, se
anuncia, n() dcsponl"ar cla pl'imavera? Petlsari o Poeta na lerra e Prececlc o <Iia é urn transhorclamento desle, encoberto e, contrrclo,
aincla intleciso. A noite é a ,.rãe do rliir. Assirn culo no rornpcr clo
ilâ estaçãO cilt que Ac()ntecell), aO nleslll() tcnryo, () encobrilrrct'tlcr
clia, o Sagrarkr advénr e aco*tece a dádiva da preservação cia chegircla
do incleterrlittado e, ainda assim, tamirénr a decisão clo clue sc
tlos derises, a noite é o espaçci cle ternpo da Íalta de De r"rs. A. expressão
maDtén) fecharlo sobrc si ntesmo? o verso scguinte, que n0 idioma
niro sigrriÍica aqLri, de,roclo algum, a sirlples lacrina ou a ausência
original consiste em clnas palavras, someute tlos traz ir rcsposta a
nrra cle Deus. A época cla falta <1e l)eu.s encerra a intlecisão daquilo
esta pergunta:
rpre aincla irguarda uma rlecisão, cmbora seja de pritlteira
i nrp o r t â n c i a. A noitc é o terr.ipo de :rllrigar o "divinarnente passadri' c
No Inês .le março,
rie cncobrirenr-se os dcuses vindouros. Porque a noite de tal anoitecer.
abrigante c encolrriclor não é um nter:o nada, cla tem 'tlaridatie"
É trin'.r época cle transição. A transiçiitt [)areLe ilPCllils .sr.ra
perrnitir ílo dia qLie inicie a strbicla por llleio clo ritral a ultrapassarir, vento estrangeirti, o sauclaclo. os;rtalhos são as trilhas e caminhos
sem qllc il privc de sua essêllcia' Agora, a época é tle
etluilíbrio' it.tcor.tspícuos cia ultrapassagern. liics não são Iugzrre.s vazios,
que rompe recei)eu sua atnrosfi:r'a cle Feriatlo santo da celel)riiç1o cle sprr.lvirlos tler "atmosltera" própria. B[es são conceclido.s e envolviclos
o <1ia
<jabo<]a.Aslnull.rerest<tttliltt-tseusatalllol;,setioi[eediirestã()em pclas lrrisiis qLre os envoiveni, enrlralarr<1o tls. I]ara orrde? Ernbalar
eqr-riiíbrio.
rluer ilizi:r lcvar er-nbora, no rloce torpor clo soncr, é lransportar aló
a embriaguez Íltrtuante rlu estluecimento. As "irrisas crnbalarioras"
li ltor sobre os atdhos vngarosos, fitzent isto, rlurrnclo os ventos festiv.s sopriuu acimar dos atalhos
pesadas clc sonltos douratlos, trilhados enr dia santo? A r:mbriaguez perÍerrce à celebração. Jlla
brisls ernbaladoras será, contrrclo, a simples bebedeira de unra intoxicação cega? "I3risas
Pass'J1n
eniiralacloras" nao poclcriam pr.r.ocar o cleiírio do errrebatamento
"L, por sobrc os ttalhos vagarososll Já a primeira estrofe selvagenr. Aincla assim, o ato cle eirrbalar. se relaciclna ao bcrç:o. !)le
um trào cnte' unt nada? tralado cujo título é "O clevir: ern dissoh_rção" (ili,309-316). Aí se
e rcal é, enquaulo o nio efetivo e irrcal é
ellcontra proposição:
Por oncle passa a fronteira entrc o real e o irrcali llsÍarãrl os
tlrlis a
telni] para a cxplicZrção rolnatlil tla rolaçãtl etltre ltottrcttr o I)ctrs. Não lVladuros estão, mergtültaclos nr: fcrgo, cozidos
se coltscrva â essônciil clesta 0bra poótica. Iiis porque seu prittleiro Qrre eu possit rcpouÍiar; pois docr:
poeta deve, previa e cotttinuaineu[e, meciitar sobrc:r própria Seria entrc sornbras tl srrntr.
estrangeira. Na saudação, cot.ttttclo, aqtrele que é sau,Jacltl envia cle que a nleril chegada aincla não ó suficieure? será qr-rc a chegacla a
volla ut.n cunrpriri:rento àqrrele qr,re se rleixott Íicar. O fogo do cétt se casa apenas corxeça conl () regres§o à piitria? A permanência na
cledica em l)ensairien[o iro sirudante, e thc perlnilllccc prílxit1lo conlcl piitria não sc prochrz pur si nresma. Ela não consiste ern o poeta cslar
presença do quc passaclo clivino. O estrangeiro, Lilna vez conheciclo, rlisPouível, clo mcsrno moclo que as coisas nativas. A perrnanência
não pertence ao passaiio apenas como ttnla reprcscutação aitrda só drcg,a a ser o iluc deve mecliartc o rcgresso a casa. para os filh«rs
r1a '['erra, o regresso a casa é a passagern para o aprendizaclo do
pirssível de cv«-rcação, embora já clespr:oviria de prescr-rça e capirciciatic nso
<le enviar lrma sirudação. livrc clo próprio clue os própri.s Celestiais "usirm,l O poeta perle a
'Ainda trre lenrhra bcm e como". f) r'erso de tra[rsição conchtz taça, "para (iue possa rr:pousar". íl assjnr que o auclaz fala, para que
cla primeira estroÍê parâ a segutrcla. Ao tnesuio tetrrp<t, arrcnlessa possa conquistar o próprio? ori não será estc o apeio extcnrrarl0 tlc
uln arco que Jcva cla segunrla cstrole à lerceira' ['0is o "ber.ri' não alguein <}rr: sír busca a tranqiiilicla<lc? L) poeta pecie a taça, para rlrre
"possa" rePoilsar ou vernha a ter a capacicla<Ie de tal, e isto signiÍica
cliz apenas quc o regressaote ir casa "ainclii" Conserlra Íirtne c ftrrte
o [ogo estrangeiro. O "beni' irrcitri, além clisso, o sentido cle una que rlcvota todo seu clcsejo (arnor) ao "rel.,ous<)'] para que venlra a ser
"lirgo do capaz- ile tai, piira que'cnha a ter lorças sr.rf,cientes para clar:, por si
restrição a ser precisada pelo qtle virii a segttir. Decerto, o
sul" se aproxirna. certamentc, rluem {icou para triis e daí cnvior.r nlesnlo, enstjo ao repouso. Portanto, este repouso não porle §e[ ulll
uma sau<lação sc tortror-r nrais experiente' Contu<lo, ele iá é capaz' relaxarnent. descansaclo c sooolento. Íi fato que, nas sombras dos
cle permatrcccr ncl pr<iprio pof tcl' ficaclo para trlts c enviaclti uma lr.sclucs nativos, o poeta jh errtrorr em contato com aqrrilo que trâz a
saudação? um mandartrcnto essencial da lci cla hiritoricidacle {bi alcgria. o Íicsc.r das s.r,trras p.deria levá-I. a esquivar se clo Íbg',
olteclecido: a parlicla pâr.r a colônia. Mrrs por cstil nrcs]rlir t'azão, e c tlansíilrnrar a cstadir sob a sornbra err u,r1 descarrso parecirkr corn
exclusivirmeÍrte se vem sc juntar à re corclação clo l'inclouro' então o sor.ro não "scria" r.rada além de doce. Não é, porque nãcl lhe é
Pcrrrrititlo rlue srja. Assiru, o poetir pecle para ser capaz cle um orrtro
Aitrtiir tne ]crttl.r-a l,cttt c cotttc, tiiro dc rcPo,so. Iile jií tlisscra a palavra: 'hgora, porénr, rolnpe do
tl dial" (tV, I 51, I9). O p.cta clcve per.ranccer vigilante, c talvez ai,rla
Mas qtte tnc dê, rnais vigilanle i)ara ui,a nreclitirçã. mai.s alta. Ele só podc usar o
Chcia tle lttz escura, próprio, a clarczir cla cxibiçào, "livrenrentc" quando a clareza ckr clizcr ó
tnesllto ser que o escuro. O sirnples clarãrl arrrurça tocla exibição aincla nrais
pode se mostrar, e, inclicitntitl .unta orltÍa coisii, llocie ele
que por(lue seu aparecer aparenirr ser responsiivel por todo olhar. O poeta
um sinal. Só assim acontece a renútncia i\qucla Íalsa libertlade
pede a tládiva cla luz escr:ra c}re suavizir o clarão. IVias esta suaviclacle
consiste cm considerar irnecliatarnenle disponÍvel a her:ança natalicia
helciar não enflrlquecc a luz clo clarão. Pois a escuriclão Íianqueia o aparecer
colno se fosse um patrinrônio ilo poeta que este só precistisse
estabelece r1o qrLe encobertt c preservo neste o qr-re ele encobertou. O escuro
pâr.a que a possuísse. A vttntirile de Jlerdar imct'liatamente
"abate" tl espírito poéticrl. preserva a plenitucle do que o lr-rzir presenteon, en1 seu írparecet..
uma reiaçáo cega co!n zr p:itria, p()rque esta
A lrrz escura clo vinho rião suprirrre tr reflexão, mas antes r-leixa que
Aprencler o uso livre do próprio siglriÍica estar abertrl, tle nlrldo
cada
que esl)efa ela vii alérn cla rncra aparênciir de clareza qtre oÍêrece tucio quanto
vez nliris exclusivo, pafa o qLre se lhe destinclr.r, na vigília
clispersar: cle rnoclo seja tangível e nivelado, e sc eleve irté a altura e proxirniclacle do
o vindouro, na sobrie<lacle que se atéln, sern se
pafa o z\ltíssiruo. Porliutto, tirça cheia ruio produz nenhuur torpor. Illa não
vacilante, i\ verrladeira urgência. A abertura sóhr.ia c ticferente
a
i.lrriplio na to<los arlueles que ela afinor-r il. se rleciclirent pelo extrt'nro mais
que se aprencle o regresso de volta âo que ó origirliirio tt<l e
apartaclo tk: si mesrnos. lllcs não estiLl clecidiclos pur ter chegaclo a
próplria casa. Se for verclircle, ;lorénr, qrle a perlll.lltôrrcin lla clirricllrt]e
lirna ct)nclusàrt porrcleracla, rtrils porque sua essênciit firi crlnceclicla
pocle ser aprerrdida, como potle agora o poeta clizer
por aqrrilti que firz concordar tLrtlo que soil rlil mcslna atrlosfera.
A ernltriaguez não cortltuncle ris "sentitl{ls"; uri contriirio, trirz consigo
Mas que lne dê,
Chela de 1uz escttrri,
tr sobriedade cluc irermite que se "pcnse" "nas" ahuras. A sobrieelaele
Aiguérn a taça cltcirosa, cle qlrent não lirz exigênr:ias, lnils, il seu nrodo próprio, é sriliclo
e seguro rle si é tle tln tipo irenr clistinto ilarlucla sobriedarle rlue
L,uscatu ()s secos e os Írrrplssívcis, os ár:irlos e os virzios. Anrbirs as
Quancioopoetapecleataça,lrãclestirrápetiirrr'looçler.lirrnctla
à irrtoxictrção' forrrras clir sobrietlaclc se clifàrenciant esriencialtnentc, por sua vez, da
irnestesia que leva a<i esqttecittlento e à bebicla qttc leva
arfastando cla reflerão'i (J vinho é chamacio
"luz esr:r.lrdl l)o::tauto, o sobriccla<le que pernrite ao ebrio a iiuclhcia de lrcy'111or'r..er nas altrrras
cafirinhar cle unia v0ha para casir em senliclo pr<iprio. A canrirll.racla d«urr rlue o regressante i\ c:rsa oíerece, pritnciro, aos cleuses e, depois,
honrens rnoraln a ciisa en1 que os cclestiais poclcrão ser recetriclos ir ntoracla dcve se ergiler. A pcregrinação deste peregrino tern:irra no
devem "esl.ar abertos'i isto é, "segundo o espírito": o piris natir«r e il I)os rravegantes, c rlcpois i\ vossa, mcrus <luericlos, tarnbénr,
Pais e artrigos! c es(plcçâ cansciras e todas as clores
vento, o c0ração clos rn«irtais c os Cclcstiais.rlNelsta elegiir se e ncolltra
I-{ojc c auanhã e cnt brevc cstcia entre os uleus.
a palavra:
O clcus do vinho, a qneill os poetas Pcrtcncenl, cottçcclc o tlom l)e nst rlcntos.
ria fr<lnte ébria, asseguran<lo uma pcrmanência iia clareza supe rior
qite
tleve exibir, na paiavra nomeadora, 'b lLurlliuarlldl Unra vcz oÍcrtado Agora c1r-ic o Nordeste clcclica ao poeta, saudando-o, a f-esta já
acontccida na terra cstraltgciÍ:a, tanrbéru traz a fresca clareza.
O N«rrclestr: faz com íllic o poela reÍlita sobre a permanência no
i1111'l irlo llln cl'nle nlo esttlnlttl :\
-., *.f ," -l* i*rl-.irs i\ rcÍicxão ts sirlauintr:s l)cl1lllll1âs: i'
poesia,lcttirtaralrr,sepensarlllosplcvirLllclttco"aber(ri'tletnotlotlittr lr<lótic,r,tt,llosesuâ prírprio <ie sua clcterntinação poética. Por isso o poeta «leve pcnsar
jli ltru irtlt |ressett[id0
cssê,cia tbsse a cl ru.cira rfur scr, cuja rc nr ipjscôncir írrnclamcttl al os grtgrls n() (lLlc é pl'opício ao irpt'enrlizaclo do ljvre llso do próprrio tirlenlo
ao íalar ern tÀí10etô( (cles e|coltrimerrto), cntbora nrllctr tctt]raut
ptttiitlo lortrrr explí(ritâ? orr
ser;i gue a poesia, aqui, llio se ellcontra cQDi o Pellsamcltcl' aitrllt qtlc
vilr(lr' (li'!crtr)' (le tl'll par.r a exibição e o quc não é.
or*.,r ân,bito'i Cí. o clrsaio',4 rlorttritta tlc Í'laliio solrrc ir ve(la(le" 'Johtlrytlt Íi|r rlit geirtisT'
{iberl.ir{crung. Seguncio volutnc, 1942, ptrblicrclo como sel)irâ1i cnr l(l'17 1)í)r
A lrtaitcke' "Não ó porém born'l listir recusa uão leva de ntodo irlgum a
1)rrlrro' é 1ão alheirr
8ernn. Lrr"r.",r.",ru,, u .1u" ililhc chama 'ir Aberttil ra'litavt tlas 1ilrrgirrr '/r'
strficicllles 1'c7'Ls algo incleterrninacio. A sr:nteuça não é sequer relativa aos homens.
ao petlsân)ento sobrc o fturclalnctlro ila rrT"rl8r:tcr clue ó ilrlpossívcl lll()sLtar
cncorllra rros antípoclas tla Palavra tlc i liiltlerliu
(lí' llo[zw'y'e' l')5Q'
rrtnto a p,rlavra,-1c I{ilke sc Llla scrvc r\ reflcxão sobrc o qrre é conveniente à ltausa cio destino
l, ln) ss. { N tlrr A.).
tlize-lo. Iuconvetrietltc e ciesajeltacltr se ergue e'ntre os homens e <ls deuses, como intermecliário e indicaclor.
eqtrilibra<fu e dá ao poeta o jeilo de
alrta' - ptlis cotno pocleria o poela tle otttro irartinclti destc intervalo, ele pensa r1o que, acinra cle cieusers e homens
seria agora "estar sern
"artitr.taclor"? ";\nirn<i' e clil'erer.rtemente de
ambos, é capaz de revestir algo c1e caráter sagrildo
mocio eslar à allura cia snir essênciir, quc ó ser o
tle toclas e se oltt.ece para ser pensado e clito r.ro poeüta. persarndo dc motlo
significa aqui algo bern clistinto clo princípio gelirl rlir vidii
"'l'er alnla' sigllilica arlui ter ârtitrto nrortal, o poeta iroernatiza o A1tíssirno. Não ter tais pensarnenl.os niro
as coisas vivas, incllstintafilente.
"ârlüno" oti cspjríto. l)ccel:to, é propício à permanência poética no próprio.
lGenitt).'Ah:ra' significa o lrteslllo qtte
tarnbém esta Palavra já perdeu para rlós a sua Íorça Irotneatlorit
inaugural. Quando rnuito, o ânirrto ccluivalc parir nós art langor
cla ivÍas e botn
'A caminhada ao camPo' enullcia (IV 112): altivez da col'ascln que perrnite ao ânimo clcls rnortais se prcparar, rlc
maneira inaugr-rral, para a exigência de um destino qrie se rnanléru
acirna dos honrens e, conltrclo abaixo clos deuses, cleyendo suporlar a
Pois setlt ter poder, aintla pertctrcc à vida,
parcce Ao mesnlo tenliro convenicttl.e e alcgre' desigualdade própria ao serniclcus. o amor inserc o ânirno na ar-nroslôra
O que que rernos, e
de celcbração. As :rções Jiberam o ânimo para rnanter-se coostan[e no
lr
T
Se quisermos ettteuder a pergunt a "Mas onde estão os arnigos?" a chcgircla elr casa sri pode clar início ao regressc) :ro nStivo, tortr;rrlo
con-ro sirnpleslnellte retórica, cntão e1a clcveria ser lormLrlada LrolÍl(): c(,n10 .., pr(rprio. Eis porclue rl rccérn-chegacio pecle a taça, e clcseja
"Mas onde estiio amigos, de nloclo gcriil?" O poeta, 1rldavia' pergunta pcrmanccer 1ro próprio. Ainda clevemos nos surpreender se
1-ro«ier
por "Belarrlino e o contpitntreirci I l)e llodo inequ ívoco' a pergutttir se o pocta Pcrgrrnta oncle está, supondo qlle a perglurta se dirija cur
refere r;o-s at-nigos. lila pergtinta ondc estão' H unra p,ergurlta iegítima. pensrmento ii pergunta solrre a ilorniciliação: con]() se potie estar
Aincla assinr, praira algo cie in<leterrniuaclo soirre ela- Os ainigos sobre enr eirÍia no Próprio iugar cssencial? Assim, a "I{ecorclaçiro,, não
cujo par:adeiro se perg[]lta são tts dtlis tnenciottitrltls, cont quet.n o exc]ui o <luestionanrento. llla sri não se cleixa eniaranhar cm clúrviclas
poeta rlcve errtreter uma boa conversa, na colrclição cic tcrceira pnrte, tnes<luiirhas. AIótr riisso, o <1ueslionalnento poótico ó rlc r-rnr oirtrr-r
para qlle eic rnesrno possa rcpousar? Nesse caso, () própri«l pocta lipo qr,rc o qucstionirrrrcnto pcnsirrivo, pois é essencial a este lançar. sc
se ria aurigo e companheiro c1e viagcln. Ou "os arlliSos" scrão aqucles rro ciigrro rlc qr.re.stionarnerrto c dar-lhe urna outra solução, que não é
clois Cpre cleve.nr falilt'Um cont o <tttlrtl e Ottvir uln tro outrtr? Contgrlo, tiizcr r sag,raclo. o pensaclor irensa à parti'rlo nào-farniliar, qlre para
llôlc1crlin pettsa cleccr:to Ita collvcr§;l (ltie lLre é pr<pícirr, jsto ó, cle irão ó unr h.rgar rle passagcm, lras, ao contr:árjo, ó or-rclc se se ute cru
pnrpícia a<l salvarnento cte suit poesiir. .l)e qLrc 11tc scn'r: llmíl cotlversÍt câslr. A peígrrLtta p0ótica <1uc recorcl;r,
llor sua Yez, corupere o pocnla
entrer amil5os de,:1ue ele trão piuticipc? "llclarminii'é o nonrc clrl nirtirro" [)e acor<lo c(]nr () scnticlo rleste questiclnamerito, a úuica
d<-r
conrpanheriro cle viagetn colll qLleln "T'lipóriou" otltl.ora Lon\rersoll pcrllunta do pocnra llca sendo a <.lcscoberia rcçatada cia per.g,unt;.r
rnuito, em urna série clc cartas qtlc narranl "dias clc iltnrlr" c "açÕes". quc sc oculla na cssônciir dtr. "recorclaçào" e visa tal essênciit. Só r]uc
"I{ipór:iori' é o trolne rlo poeta. F,le mesmo partiu ctn vi;rg,ettl, ó tr o fiocta inrJaga poeticarnelrte. Apesar de suir indagaçâo err[àtizar
'tompariheiro" cle viagcrn sobre cujo parirdeiro se pergttn{a agora. ururr descoberta. ainda assirl iruplica em ocnltarncnto. o estacl«l de
Contudo, o poeta te m de satrer orrde está, aincla nrais agora tlttc sc dett ;r snsircnsão rieslc octrltiurrento dá i\ pergunta seu caráter cic aparentc
conhecer como rl silildânte, cont0 aquele que se deix<ln ficar ttir pátria. inr"lcternrinação, e cl interrogarlo na inlerrogação pernrite presserr(i-
Só que o poela pt:tgirnta, etn prirueiro lLigar, por lJclat:minti "e" os ki. 0 p.et;r perg,nta tanto pelos 't.t,panheir"os" de viagem, cotuo
cornpanhciros r1e viagetn. Iistar:ão os courpanhciros cottt Ilerlarrnino? pelori artigol;, conro, cnr primciro lugar, senão apenas) por si mesnro.
Ir,starãcl provavelmentc sepatrados? Onde estão os atnigos? À irergrinta I)ccer'to cler não se rern(ri ern íunção c1o "cu" de sua pessoa, rnas crcixa
não cli nenhttma iudicação geográlica sobre o paradciro drls anlig,os. o eLl parir triís a0 pergrrntar sobre o seu lugar essencial. A reirlização
À pergunta pensa a partir da essôncia do lugar e111 referência a pleua de urtra ativiciacle poéiica é o que convém ao eu. Sobre o que
cuja iocalizaçâo c1ual cada uttl clos amigos pode ser delerrrtinado. nrais aquele que chcga etn câsa poclcr:ia indagar, scnão se a chegacla
Pois neste tneio tetrpo, desdc tr época poética clo poema llipérion, realnreute já o trolrxe até a 'tasa'] a "nascente"?
a(onteceranl outras coisas ao poeta. Ntl poema [intpéilocles, o amigo
já não é Relarmittrt, o contpanhciro clc viagenr. lile pr,rrtiu cnl viirgett-t À4 rr itos
para urn outro lugar essencial. Até lncsuto este foi abatltiottarlo, 'lêrn pudor rle ir i\ nasccnLe;
A amiza<{e que oS caracteriza rep()usa s6[re rl t'rrvio à atividirclt: DatlrLilo por qrle pâssou, então terá err'r vista, previatrerrte, o clue lhe f,«ri
poética vincioura. Os irürigcls por clrrerrl o poel.a pcrgunta e tletltre os exibir. corn vistas ao vinriouro, ele já nã<i vê a "casi'clt; mesmo
clad,-r a
qLlílis cLe rrreslno se encorrtra sã(} os "travegantes" (aitrtla hrlie) octrllos, mocio couro airfes, rla juventude, quanclo aincia pretendia apreentler
pensados n() conlcç() ilo poetna. I)erttre estes atnigos, viirirls têrn a piitriit cliretamente. Só agora vige a regra da ter:ra natal, porclue o
pr-rclor c1e il t\ ntrsccnte. Isto signilrca cptc rttttitcls tênr ptltlrlr: c por issn rnodo cle exibir: clue el:r legula fbi detcrnrinaelo pelo fogo a ser exibiclo.
cclntrirritr a lei lirntlamental cla liisttlriciclatle, clite ri l lei cio vir a estar pclcle inclicar as coisas divinas, ainda clue a ciareza e trtrnclüiliclacie às
enl ccsa nr:r elemento nativo. No entiinto, tal doruiciliação requer a quais a exibição cleve se associar sejiirn vastas e profundas corno o céu.
experiência ria conclição rle estrangciftr a[é o Ponto rnais extrerno, e o pe6sn1lvs11lo c1a origenr clue reflui até a nascente é o mais clifícil cle
apetlas tal travessia torna alguém aPto a se apro|riar clo Prtipr:i<1. Pois todos. Por issr:l rnuitos têrl "pudor'] não porquc tenlArn o l11ais iliÍícil,
"'l rtascentd' é a origcm tlo rio tiue totrtal 0 cânlpo arável c irertnite nras porqrie o arnam. o ptrclor é algo bern dilêrente cla tinriclez qr-re
(lue os horrrens o irabitetn. A "nascente" é o esltíritri tlo rio, espíritrr nrÍo supera o itretlo e a insegrrrança sempre que encontra alguém otr
que abriga eIn si it prolusiio poéticir clo ;rró1tri<l cla ptitria. C«rntuclo, algo. Ao contriirio, o puclor .se contém em vista tla única cclisa, coesa
a nascente só se manifesta col|lo tal partt clttt:nr exPerintetita o tio e e unívoca, cliaute da cltial ele tern puclor. C) pu<ior não é inseguro
Seu desagllatnent0 no mirr. Ilis porquc a ciutrinhâcla '.\ niiscettte é cle e aincla assirn se cclntétn. 'Ial continência, conturio, não acarreta o
regresso a ela, torranclo o senticlo oposto lto curso hrrbitual tlo rio. Por risco cle qire os ptrclicos se enrerlern ern allições c.nsigo mesrn.s, à
isso a ca6inhada à nascente se âíasta cles[a, inicialr]Ientc, ao iuvés tle rnaneira clos rncdrosos. A continência <[. iruclor tampouco conhece
ir ao seu enCOnlrO c1e mocltl inleciiato. NO cclnleço do cresr:itnellto, tlíl a reserva. 0 puclor; enquantíl continência originária e firrne diante
juvcutr,tcle passada "ern casi', é itnpclssível experitlretltar cliretametrte tlo cltre pudcnclo é, ao'resmo tcmpo, a incii,ação rnais intensa em
a origem da domiciliação ern sua verdaclc. cotn respe ito a "o pãcl e ti clirt:ção a cste. Qtrern é lançarlo nir atnrosl'era do pucior é tomaclo
vinho", à elegia em função da qual foi explicitacla o lei cla clonrir:iliação, pela hesitação. No enlanto, o pudor hesitante não c:onhece nenhurrr
Norbert von I{ellingrath aclttz o seguinte esboç:o: nreclo ou clesalento. Sua hesitação se clecicle, resohrt.a e expectante, à
longarrimidatle. Ac1ui, a cxprectativa é a coragem, há muilo clecidida,
[iVÍ]as na origem i\ lenticiãii. A hesitaç,lo pudica é paciência. Mas tal hesitação nio
Pensa-se clificilmentc e a casa cla jr-rveuttrcle exaure ir
essêucirr clo pr-rdor. Pois precisamentc ncsta hesililção
Os videntes já uão abarcam' inipera urt peltsar qr-re se alêiç:oa ao pucler.rdo, e vai na direção cleste.
Contr:tlo algo vale, ell1 regrii pura, a 'I'erra. C) puclor é a rccorclação conticla, pacientemcnle csparrtacla, qllc se
Uma clariclacle, a noite, esta c o tratlcliiilo c<lnltece os recorciir c1o lrnlxiuro nnmir proximidar-le voltada
Para a rnanrrtenção
qrre a origem resto, mesrno depois cla sacicdade. A profusão legítima é aqr,rela clue
na" origcni, uma vez domiciliaclo' O pticior é o saber
é o ceutro dc sc ultrallassl e assim constitui unt excesso.'lal excesso irnplicir rlue
não sc <leixa apreencler irnediatamente' Este putlor
poetn crrja palavra o cxcessivo se translror«h e rctclrna rr si mesmo, clcscobrindo neste
graviclacle clrl quc cleve rcpousa'l o coração claqLtele
pr()ccríiso rlLrc não sc basta, porque constanternente sc cxcede. Mas
funda a canrinlracla histór-ii:a cle rlnta humanidadc eln
clireção à sr'ra
a origertr ii o clue nátt se btsta a si mesnto, excedendo-se. A riqueza
<lorrriciliação,paraqueacar.rrirllra<lanãtlpercaocquilíbrio'Opr.rcior
elll marcha o Lento' O puclor: I' a atutlsfera ó ir nasccnte esseuciai jurrto à clual o próprio, sri er-rtão e s«i assitr-r,
não incapacita. Mas PÕc
cclebração para os atalhos Yagârosos' O pudor dit
se lransíorrna enr proprit-'clatle. A nascente é o clesciobramento clo
Íun<lamental <1e
colll os LIno na inesgotabiliciacle dc sua uniclade. llste Uno é o Sirnples. S<i
o totn da catninh:rria à origr:nl. O pr'rclor afitra a camitlhada
pocle ser rico qucrn salre usar a riqncza iivremente e, sobretu<lo,
caminhos poéticos. llle é rnais clecisivo qtle toda vioiêttcia'
vcr de toclo a sr.ra essênciii.
S<i irlcança cste estágio qu.elr consegue
"Muitos /'1êrn pudor cle ir à nasceute;'l lsso não signifrca <}re se
verdac'le: rnuitcls ser pobre no scnticJo da polrrcza que exclui toda privação. Pois
:lfastarn c cleixarn dc ir à nascente. r\ sentença cliz nir
Síl no puclor eles a privação sentpre se enr:edir eln Lllna carência de <1uenr gostaria
hesita.trr e uáo se arrojaÍIl diretarncnte à tlascetrte'
rleixatn cle cle ter tuclo, iurediatrtrnetlte, porquc imediatamente nada tem,
conhecertr, coututio, a 1ci tla ida à origenr' Conftlrme
e
A riqucz'a é il prra cnltio, "largo como urn rnar", se preparar para o rnar e nele
conscqüônciâ c{a posse, pois é scmpre a base dcsta'
conÍitrme clcscnrbocar. () rio "é" a uascen[e, tal que a conseqtiôr-rcia de ele
prcll'usão riacytilo quc garante a posse da pr<ipria essêucia'
franclueia o cirlninho Para a apropliaçào destt e pcrfflallccc lei: dcsernbilcaclo rro utar é rltre a nascente se encobre a si lnesrna
L) etlitor"
Hcs,
Corno Pi ir torr:s, ajurttaln
O belo c1a'i'crra...
Á beleza é a pr:esença do ser. O ser é o verdacleiro clo ente.
o poenratizar destes poetas aincla náo é ptlesia na stla cssêtlcia
0 poeta cl<t l:lípériort, Iltiklerlin no perkrclo da particla para c)
estral)geiro, sempre c-harna "nalureza" ao verclirdeiro do ente. No cjia
mais própriâ. Ele aincla é cb tipo qrre os "pintores" praticatn. seu
eÍn (lue o poeta clomiciliaclo cleva dizer o qnc fiutcla propriarnente a
clizcr ait:cia niro se serltc em casir lto rlalivo. E aquele clizer poélico
,,Belarmiilo e os companheir.os" tinllam tle realizar: a poesia clor-niciliação,, decerto cle já niio cmpregará "nattrrezit'' como a palavra
qlre
rJe Ílipérion. Ao partir pilrd o cstrarrgciro |eltl ular clcs ajtrlrtarn
fr-rrrrlaruenlal riir sua poe,sia.r5 lrintr.etan{rl, porérn, os navegantes
rleveltr pelnritir qtre a beleza ria 'l'elra apâreçâ, se há qualcluer coisa
"o beio da'l'errril "O belo'não signilicir aqtri, de rltodo algut-rl' a
"O br:lo cla clne rievam rlizer na conclição tle poetas ckt ver.clacleiro. A beleza é o
rntútipliciilacle eclótica cle coisirs atÍaeilteÍj e agracláveis.
Uno originariantente uniÍicanle. liste Uno só poclerii irparecer; se Íbr
'Ierra' é a J'errai em sua beleza. (lorn esta palavra 1t Poeta clo ltipérion
"o ser" fSeyn). Ao invés tL: rnuilos testetnttn]tos, qr.re birste rcconclLrzido, enquírnlo uni{icante, à sr.ur uniclacle. O bv só se tonra
quer <1izer
(II, 546): visível a Piatão na Õ-Uyo,yúuyé,, isto é, returião. Mas os poetas, 'torno
a referência a um esboço cle prólogo pat'a o Hipériorr
pintrlres, ajrrntanil Eies pernriterr clLte "o ser" (a'rôéct) a1)areÇâ no
aspecto do visível. "Como pintores" não signiíicir que estes poelas
Pôr.Íirn t\quele conflitt) eterÍlo entre nós rnesnr()s c o ttltttttlti, restill-ll ar
talverz retlatetn o reai. O esscncial dtr pintura ó o projcto (,bnó0eoLq)
apàZstlpremii,cltleésttpetirlrirtodirrzrzão,uttirtrrrl-rrosàtta(urcza
cm url1 lbclo inlinito e o propósito cli: todo lossrt esltlr'ço, tltter trós o
dacluele olhür et1l cuja uniciade 'b belo" se ltrostra. (lorno o prólogo
('( )mPl cunrlilll toS' qtl(l l l,iL). nrencionario diz, os poetâs não siio 'i-elakrres tie inÍorrncçÕes"
quo c()rresseur atlris cla pura sut:cssiiu cle "lirttis" selxprc novos.
IVlas nem neltr }lossii ação cotrsegltel)1, etll ttetlltunl
r.rossr) sirbcr,
A conlparação clos poetas coril os pirrlrires ltio se relire de moclo
período cla existêncitr, chegrul a() ponto etll qtle Lotlo ctltlÍlito ct'ss.r-,
algrrrn.a\ "poesizt descritivtil Que ilõlclerlin a recrrsl,t, nlostra-o uln
onde tuclo e UrI; a lir-rha ticterrnjnacla só eÍlcontri a íniletenltirlaclir
clístico conrpost«t irletliatantente irpós a fliperiorr (ltl, {í):
numa aProxitlação infi nita.
ti,i
T
I
Os poctas, cujo olício e prerrnitir clue o belo apareçíl no projeto IOiudc n?io ilLrtr.rinain ir noile
Os clias dc {i:sta da citlatic.
clir belcza, strbcnr, aittclir cluc solllcllle sob a lilrnta c19 pressctttiitrctilrl,
Nenr a lira ncnr a dança naliva.
aonde seu cantinhâr os leva. Por isso não se furlatn ii particlir pelcl
rnar. 'firam a coragem para a pobreza do pucl0r diante a naÍiccllte,
pobrcza <}re não se coilsiclera b<ia dç:rtrlis para não te r c[t' rerilizar a
os ,avcga,lcs ,ã. tênr clias de íesra. parecc,ia que eles ,â.
têrn relaçãci nenhurna com a celelrração e estão c,nclenados a una
passagetil ntetliantc a percgrinaçito. Os poetas vitrjittll
éP<lca privada deias. Mas por tltie }{tilclerlin se icfere espcci.Êcamentc
t\ noite? Por cluc os nav(lgantcs ern viagern fazem
a vigília. Corfi:rrrre
[B] rrão rlestlctrharn
A guerra alada, a vig,ília dcterntina o modo conoeles suportam o tempo rlc
peregritraçã<), estc tclnp() apflrecc cotno o tempo da noite. À rr<lite
'Alacid' se chnma a "gtterrii' at1ui, scgurltlo as "asirs do não estã, clarame,tc cicciclidos neln o que ó estrangeiro, ,em o <1ue é
barcol expressão col1r quc lIõlclei'lin nourcia as velas, trir elegiiL nativo. Mas esta inclecisã«r não é rrada. o lempo desta noite não aÍirncia
"O arquipélago" (lV 9l). A Slterrâ alacla é a luta conl os velficls jan'rais ila lüera cscuridão que irnpecle toda transparência. Iista noilc
contrários e o clitnir adverso. Pois o ular 5s 2brc a toclos rlc vr-ntos. lcnr sua própria clirl:idncle; ela é sérja, desprovida da, aiegria <[o jogr,r
Netn sr:nrpre a viager.n é lroa e sua ciircç:ã() é nítida. Mtrita coisa Íica tranrliiilo, crnbora espcrc errr silêncio, embora esteja privaclir clo leve
inclecisa. (iontUclo, estü guerra clcixa qrre surjâ a possihilicla<le da balanço cla cliirrça nar-iva. A n'itc dir peregrinaçiio clos nayegirrltes
riqueza tanto legítir:-ra c011to ilcgíLima, e com isso c{á a «iiteção ató a «1ue saíratlr r:rn viagcm Pirra conhecer o fogt, do céu continrra a ser
nascelltc, mesnto que a gllerrir não sejir a sua própria llilsccnte" Por l nrãe do dia cscolhiclo pâra scr, enquanto feriado, a véspertr da
e cordarnes balançirnr iguais a unla á]:vore ll;r terntpcstadc, nâvcgallies é nobre c sóbritr. Ir',la ',,ivencia no estrangeiro o prirncir:o
desÍblhacla pelo inverno. No terripo clr arclor clo Íbgo clo sul, rcÍk:xo clo prriprio, para cuja apropriação eles clesejam tornar-sc
poróm, ele não oferece netliruma sotllllra. ;\ssiru tts ttal'egAlttes rnais expcriente. (J arrenlureiro, ao contrário, só é pttssívcl no csp:tç()
"urorant" longe das Ílorerstirs somitrosas da ph(ria, otrclc tl;lda lhes lrisl,riric. do absolutarrrcnte clesproviclo de celebração. cor.rtuclo, a<1ui
ó Íàmi[iar, c01no §e estirresscrn uo cstrairgeiro. l]lcs sirlri:tn cltre ll o âvcntureiro c aper)a§ o substituto para os hor-t-iens experient.es,
tenlpo qrre o rrer:dircieiro leva para irconlccer ó longo, e uinda assjtn strbstituto que ainrla lriro se reconhece, e cieste modo é o írltiltro
r"Lrn
suPortatn, "atros a l'ici' c<1uívoco <lo tcurpo desproviclo cie celcbração. Cs nat egantes, p()l"suâ
O sentido poético cllr perguntir "Nlas tlrlcle estão ils anrigos?" se dc estar distante, ltor:ém, é a satrdação. Se o poeta quisesse, ern suit
esclarece a partir cia resposta quc cofi]eçil a se desclobrilr na ulesulil icia até a llascente, cor.rtar apenas L:onr seus poderes indivicluais, e]es
"se extraviarial Mas não se extravia; pois ele c.onirece ilgora, como
estrofe. Perguuta-se: elll que ltrgar da stta cssência estãtl agtlra os
poetas clo ternpo vindouro? .À res;posta emprella rocleios ptrdicos tla diz ir seguncla estroÍê clo poer.na, 'tr jogo rnajs aliaclo clcls venlos'i sua
sua r:ec1ação e soa irssirn: alguns aincla estito alrstlrtos Pela viagerD auclição é nriris chra. Ser-r clisr:urso é rnais rigoroso. lr,{as ele uão é o
"enr "profeta" qrle trovejii p<;derosarnente. Ir,le recém cuneçou a aprencler
marítima. Não os conhecemos. ()trtrtl já se clonriciliou. Agrira
casf', ele colneça propriatnente a calninhar até a nàscente' Aquj' ti livre uso do próprio. Por isso, o eslrilngeiro cleve conÍinuar p«iximo.
ele é o prirneiro aprendiz, e iror iss(l aiflcla uão lettr cotnpatrheiros. 1)or isso, a peregrinaçrio conserva seu caráter rie tarefa indispensável
A palavra do hino aos 'litãs i[clica agora o que o fltturo próxitu<r para os poetas virrdouros, cie acordo corn a lei da donriciliação. prlr
reserva (IV 208): isso, cl poeta que está só e se dedica a pensâr no próprio cieve se cledicar
a pensar ao lneslro terupo nos cornpauheilos ("Os titãs'l IV, 208):
Mlls eu estou só.
Mas eu cstou só.
l
..N{asirgora,'SoacluaseCom()unlcliscttrsoclccepciiriraclo.os pr<iprio, e cxercitar.se nrelhrir no seu uso Jiwe. A viagcrlr qire cnrpuría o
ptleticatnentc h,mern rpie irprende e ensirra extrcmo mais distante cnrrespontle a
até o
navegantes não licaram no país saudaclo, qr'te represcnta
a Grécia. "Os l-rorüens"- nt) rascunho I{iilrlerlin esÇrevcLl
"os amigos" esle perrsamento -.conÍornre o invcrte * na época de tlipérbn, quantlo o
'. ,.forani,bern alérn tlo país sar-rdado, para o oritrtrlc, r;t»rto outror.r Prriprio já era buscado, ainda <p,rc apelias por indícios, mas o destinativo
()
('A percgtinaçir«l"' ainrla niio tinha siclo encr.rntracio. lJipérion escrcve a Belarrniuo, cluc
prripri<l pocta. Ele ctinla, afespeito ria sua peregrinação
(ll, lí)2):
tv 167): l)trrtiu
()trcro clregar até o Cátrcaso! Ii <-rxr.rtr rnc aborrcccssc com lreu Aclanras por tcr me c,leixado, mas
niur rne n[rorreço. Alr, eler bcm quisera voltar! Dizc.m quc se esconcle
nas profurtclezas da Ásia urll poyo de rara excelência; para lil o
os homens quc escrevempoesia se afastaratlt aiucla uriris le vou
slr,l esl)eratlçil, r:acla vez rnais longe.
rleciclidanrente tla phtria' Os travegantes, ilo es(lLreccr' clcvettt
scl:
cstejiun mais provados, e fiunbem ern concliçÕes cie cnt irrr rttrta srrtclaçãrr frurlo aos i.'ini-rcrlos, orrclc
por I)esct'o llordonhl
que chegue até o próprio ttriginiirio rlos ancr:strais c aqraclcr:er lhes
üa Pálria jurrtarrr:ntc com o sof. erLro
ter€rnl pt.eservarlo a origern qi.ie os viajarltcs rr:alizat'iio agora,
11
Mais tlma vez aPaÍ.cce r-i país jii salrdado atllerittr'tnetrte, só amizacle entre poetas: cle que tipo é a recor.clação cujos pensarnentos
sllrgem na "gr-rer-ra'coÍIl o mar c anima os navegalltLrs? De que tipo é
que agora se trata cle uür geslo tlc clespedicla qrir cJIrcSJ cttrlsigrr
Lrm retorllo transfofluaclo. 0 "curlte arejarltt' cnseja a rccortlaçao
a recordação que entusiirstna o "aninraclor,, cklmiciliado?
renovilda clg "vento", do "ar" do Norcleste .lue irgrlar.la ilÍl()1 .1", conr
Mas o rnal tira
suir agucleza inclulger:rte, o Illonlellto cle pôr os naveBanles rttnto i\
li tlá nrentiiria,
lonjura extrema em que se enc()ritra o "iüaugurai',. Nr-, lnar allerto
se prepâra a ciecisáo derracleira clo contgruo clue leva clo estrarrgciro
ao próprio. A riqueza da nascente começi} a se ofbreccr. Por isso os Quando se parle por ixar, â costa nativa cjeve ser escluecicla,
()
e perlsirmento cleve se ciedicar: a() praís estrangeiro. conforme o
poetas pavegarrtes devern, pâra cotlservlr . caráter vittclouro clo
"no ruar suprime a Iecorclação rla pátriil, a() n1esmo tempo clesclolrra
passaclo, concentr.ílr sua recorrlação "ali" onde tr-tclu se reúrre,
sua riqueza. llle concluz, iiuanclo sua extensão é atravessada, à costa
r-rrêsde rnarço'l et:r volta clo "rio" e seus "irtallros viigar()sos", e olrdt:
.,f6go () Poeta '.Iillcltr estrangeira, e aí tlesperta o pensament. s.bre o q*e, a respeito clo
o r-1o céu" aparece pela prirneira vez. Llrlqual)to
estrarrgeiro, devc ser aprenclitlo, para que no regresso se consllnle a
pensa rlos navegantes clistantes e no nroclo como eles clevetn pcllsar
apropriaçãr,i tl. próprio, a parri. cla exibição cio elemento estrangeiro
sua peregrinação, sUa própria "recrtrclaç:ão" é elevaclil i\ claritlâcle de
quc liri traziclo para câsil c clcsse rncldo transfclrmaclo. o nrar tira
suâ essêtlcia, neste entretclllPo eln clue veio a refletir s<lbre o regresso
nrerntiria deste modo, isio é, conftrrrne dii. só que ele dá rrernriria
a casa, tnoviciti pela ciregatla ao lar.
"Mas agora fcram para Íis Índitls / Os }rt»nensil Assinr tàla Ao l]]esrrr() lernpo em qlre a tira. A viâgen1 marítirnir preserva a
orientirção para o estrangeiro. A orientirção para levar o estrangeiro
agora a paciêncla [ranqtiila c1o "honiem solitárid] qtlc vivencia sua
errr ctln.sicle r-a<;ão despcrta, cle nrodo eminente, o pensitrner]to
solidão conto preenÇhirnento essenciai de ttrua arlizaclc tal que exige
sobre ri próprio. A recorclaçãL) que agora se oÍêrta, clue já peusa
o sacrifícir-r rle nm Prinreiro dentre os poetas, Para ele cltle apretrda o
previaruerite na cla .\ nascente, pernite que seja esqr,recido o clue há
uso livre do próprio. A rci:or<.laça<t l'az cotn qrre o Poeta cornl,reencla
cic ir;rcrrirs esrlr-risitc no elerncuto estrangr:iro, tal qlrc ileste últirrro
cacla lugirr que cleva se transfirrnlill'ern parlSe[I no curso da viagent
s<i sec.nselve ariuiln que será triinsfigurlclo mediante o próPrio r:
ao estrnngeiro coÍno unt lugar erssencial ttrecliarnte cuja localiclade a
eln seLr beflel'ício. só pclr<1ue a suplessão r.la mernória tarnbérn e
peregrinação se o1àrece r() seu 1:róprio corneço t1e Íilt nla lr-rais clecisiva,
tunra doação, e a cloirção tarnbérn é uma supressão, é que o nrar
isto é, mais inar,igural. Por issrl, tatuptltti.o ptlde o Poela estinrar
ftnto tira qllanto dri nrenrtlria. A viagcru rnarítinra é governada por
uin lugar rnais clo qLre o outro. I)o rnesuro moclcl, o país clos Sregos
rurna rccorclação que pensa eln recuo, l)a piltria dcixacla para Lrás,
recebe a prinreira sauclação, porque se distiDgue c1a pátria rlirtiva, e é
e atliant.e, üa pátria a ser ct-lnrluistrrdii. Por issrl, rt pensamento dos
o últinro dc ciuem se ciespecle o viajante que cleixa para triis o Ponto
(ie colltorno cla peregrinaç:ãg. O eilignra tlo ;retrsatnenl.o, cle acordo
rlilv(jgar)tes nunc;r pocle ser until recorclação prura, pois exige urrr
esrluecimento const.ante . Decerto esta recordação tarnbém remonta
com cujtr maneira pellsam os poetas recordtrntes, tlivulgtlLr agora stllI
já à 'tasa" nela assenta os pensirdores.
plenitude essenciitl sirtrples. 't'al plenitude reclirtrla tr verbalizaçáo
nítida de sua simpliciclade, parir qr-re seja possível ttma resposta às
il essêticia da Ii o am«ir tantbtlnr prenrle tliligentes ollrarcs.
pergltntas nas quais vibra a reflexão poética sollre
se <iistingue cla pura t:or-rternplação que se esgota no prazer c1e ertc. Mas cste pcnsaüle.to que re,re[e tudo ao urn ai,cla nã. vai
inspecionar. O cllhar drt espírito ,-1o amor não se aferra a asirectos, à nascenle. Para ta,t', os navegantes cievem, primeiro, ancorar
mas vai se juntar à essência do amado prara situti-lo flrnrcmente eIn às r.arge,s d. país,ativr, rcnu,ciar à r.iagern marítirna e
se por
seu solo, rÚcdiante olhares 'tliligentes'l l'lõlclerlin já l"ravia escrit<r er, rrrarcha i\ Proxirtidatle da orige*r. li vercla,_ie que, e.quarrto
anícs ([V, -]01): cstivcrern viajanrlo, rr:r corrclição rler navcgantes, estabeleceur algo
Íirurc sobrcr um solo, por irrvcsÍigilr sobre ele. Mas os lugares
ull csscnciajs rlue assirn cireganr a experir1)entilr thes rlegilm rlualqucr
O amor íixa pernrauênr:ia c os impecleln de ch<:gar :ro qrie fica.
Os olhos.
Mrs o qrre íica, os poetas o Íulrdam.
O olhar íixaclo do al'nor sc cleve à cliligência, i.sto ó, não rrpenirs
graçras ao cuiclado collstante, mas antcs graça§ "âo propirsiki'. Só qrre Aqrrikr pilra que o lullor olha ,o scu olhar esse,ciai é algcr
cste prclpósito não é contábil. lilc surge cla atenção ,.lo ollrar essellcial tluc íica. Mas o.lhar anrorrso não fturda nada. (l ,roc1o com() os
voltada para () solo essencial dos arnirntes. 'lhl atcnç:ão lixa tr.rclo u<r navc'Banlcs invcstigarn c esl*belccem o ún é uma firnclação" Mas
solo. O pensanlcnto cio espírito tlt an"lot prcndc e também recordil. r:lcs uão lirnclani o qrre Íica. l]or isso, não funcjam cle r-rma n.rirneira
os arnantcs pcnsain arliantc na essência do arnado c, contudo, ao Íirzê- oliginária. l)or iss«r, niio são aincla os poetas da atividacle poó,tica
Io, devem Pensar cttnstantefilellle em rectlo, ]rarâ qtle pcl'sevcrcln virdoura. 'iirdavia, o rl..c é 'ipre Íica"? En-i qric co*siste o "funcla,i'
eln pensamento junto a tirl essência. Na recorcl:rçiio r-los rlÍrvcg,atltes oliginiirio? L/nr nâo 1'rr,-clc scr pensaclo sern o outro" Na relação entre
c na rccordaçãrt tlrls amantes venr ;.i luz, agor:a pclir printcira vcz', a íical c lunclar é qrLc "os por-'Ías" cslão.
essôncia originária tia rccor<lação. I{ecortiar é ulrl rrodo rle íixar "O qtrc íica'l lrcnt),lpcnlc. (f,uq1 rrâcl sabr: o que é isl.,
I-i (.)
que consiste cill pcnsar elr algo lirtue junlo arl qual os pcnsariores cnrbora nuncâ o trrrrlra enconirado, aincla qtie s«l como algo vjsirclcr
se rnantêI11, para qtle p()sÍiilln perse\rclrar em stlil prr'lpria cssôtlcia. pelo rlesejr'i o pcrnrancrrtc é o irnutávei. À4as este pocie, junto con; a
A recordaç:ãri çonsoiirla <;s pensadorcs ao scll solo essellcial. Mas própria inrir labilithcle, ir .se
enrbor;r eÍr) urn instante . l)oncle o rluc nãr:r
netn () pcnsamento dos navegantes, ttetn o tl«rs attlatltcs é ;rincla a se vai ;rassa a sel, dr" m,clo cnritrc,te, t-l imperecível, já que trão perecc.
recorclaçrio origirriiria. Ain<la clue o illtlof pense utticarnctl{c tto soio () irnl.,crccír,cl se nroslra c()nro o serupiteuro. o permanecer con.siste
esseuciaI cl0s arnantes, slla recorclação Jjca, cottÍtttlo, rcstrita cltt per<luritt', no sentitl6 <la presença estável. Assjm, petlsallos o
iro quc collccrl-le ar)s arl1aDtcsr c Pen§il il0 sctt pcrtcttcitrlcrtltr Peflrranclrte rlc nrodo iigci[o c tlificilrr-lente a.tentamos que talvez
mútrro. O pensamento do arnor reivinclica para si o solo essclttiirl atr! o lcsírlrr. que sobrou leur unrír filrma de pennanência.
euando
clo atnOr. N<t entantO, p()r compreencicr 6 s01o es$encial ctlttt«r ;ttntlr, isto acorrtccc, a pcrnranêricia pcrclc a sua caracteríslica notável, ern
ildeteil-[inado e clesl)r()vido de tFralcluer reÍàrência Precisil. "Ul]l otigenr se ultrapassa ao cleirarr algo brottrr, uuucir se basta. Mas ela
e
permanenle" é o perlnarlellte tll' ttlll PL'l'lll;Illecer próprio' Não é sti pode ser pobre cle si ruesma porcjLle se firrna no seu solo essencia[,
trás envia sua saudrção â() l)i1ís csltrtrtlgeirti. lVliis <lttetlt Íicotr para it si nresmo a partir tle unt ponto recuado collsegue deixar clue alg<r
trás não persiste na fixiclez tle unt ubatrd«lr"ttl cegc-r. iile itrvoc:rt tluent sen por isso percler srra essêucia. A origer.» conserva
lrr<lte de si,
lht: c1ê a facuidacle de "clescallsar'l isto í', irernratrccer, pa própria suo essência rnecliante cste firmar-se no .solo, o qural é rerlrrisilirdo
cie[errninação. 'Ial perr-nanôrrcia abriga srta essêllciil na p(.rguÍ]|il: ertluiurto sol0 pcla prinrcirir vez. o atrtoÍirma[iento cia origerrr
"NIls onde estaio os anrigos-i" A permanôncia il«r prrlpr:io é a itla até a tornl Ilrnre «l solLi. Â firnreza prtipria à origern resicle sonrente no
nascentc. Ela é r orige[r da qual brota todo habitar pttssível aos hlhos tornur'íirme. o carátcr origiriiirio cla nascente não se esgota cle rnodo
tla terra. o pernranecer ó utrra catDiülrada à pr(rxirIrítlntic cla origcrn. algLrnr em oÍêrecer suas iiguas, corllo se fosse unr recipiente.ctrlto.
Quem habita esta proximirlirde preel)che a essêllciir clo Pt'rtnauecer. O brotar originiirio da nascctrÍe se volla para triis, para o solu. Nãcr
só a terra oculta a rlascclrte, rnas o próprio lrrotar é r:rna Íbrrna c1e
I)iÍlcilrrrcntc :lbatrdot'tir ocultar-se no soio, abriganclo-se nele. Deste ntodo é que a nilscenle
I')ste ltigat qltetn lllot'a pelkr <la origetlt. pcllnanece enl seil solo 1]rrne. Àrlorar pertrr clii origer-n significa,
que pcrsel/erl nesta aproximação, tllais a intlicação se aproxiura o qLre vcrn c1e cirna c se encontra acirna dos deuses e dos hotrens
clo indicado. stc penllanece clistante tta ntcsttta pt'oporç.io etrr pcnrrite, cio modo enrinente, que unr Aberto se abra, cle tai moclo que
que retirar-se lhe cabe de mocio essencial. A distância clttc assirlt aigo verdaciciro (rlcser-rcobert.) possa ser. o clue abrc previame.te é
progressir,amente se destlobra acolire, colltrtd(), a proxirnidarcle illais o Sagrado, o poclna não courponível r{e antentão, que já abrangcri
esscncial entre incljcac1o e inrlicador. Pois esta proxitniclacle nã0 se previanicntc to<Ia atividatlc poética, porque r-reia tocia funclação jii
presta a scr Inedida por intcrvalos espacitis' ülas ítlltcs tricla cspór-ie Íix., . qr-re ela fu,clou. o sagraclo se abre a liomens e cleuses ao
de abertura clo indicado e da indicirção tlue convén1 a cste. A orig,en.t rne.§fito tcmpo, se a ceiebmção IFe-çl] acontece. Na celcbração Írparecc
pcnlite <iue a clistâDcia cxtrcrna brote, ao voltar-sc pitrir triis, tornanckl cr []irme iFcstel no qual se firma a origem essericial do poeta.
a origern se a inclicação, nri condição dc retoruo da peregrirração, <1uc cstc vindourc pela prirnc'ira r.ez, e assirn se tornar acluele que iutlica c
í.oi perrnitirlo pela origein, tiyer sua erúradil arltlliticll nas inrediaçires faz p'esia, sc e lc a, rlleslro tenrpo pensa no fugo cio céu e concr,z esla
da origem. Deste uodri a ittclicação se crava a si tnesma, lirtnemcnte, experiência a un.ra cxibição cujo pensanlcnto se clirige à apropriaçiro
na {irmeza da origern. Isto signiÍica: ela funcla. Portattto, a [unclação é clas próirrias capaci<iades. Pois ele cstá aberto para a divir-rcratrc e
a perrnanôncia cltre se aproxiura da origellr, que permanece porque a l)ara a hurxilnidadc sonrcnte porquc, ao se lernlrrar o que aconteceu
Íunclação, encluanto camiuhada puclica à trasceutc, só coDl cliíiculdade clurante a percgriuaçã() c r1o que há para aprencler sobre a localidacle
conse€lue abandotrar o lugar cia proximidade. A fundação Íuncla a nativa, tem urna lnaneira indicativa c1e avistar o Aberto, que é o único
si rnesma, enquanto pertnanência indicativa. A prermanência, aqui, lugar em qrle os clcuses os cleuses se tornam hóspedes e os rromcns
ó o perrnanente. O poeta está autorizaclo a nomear o fr.rndatlo "um poclern co,struir urna habitação, o único lugar no interior ckr qual
pern-ianentd'. Apenas este fundado é 'b qrre tica", tal como pens:r«lri está algo ver<Jadeiro eÍn que eles poder, i,sistir. O poeta intlica
pelo poeta. esla aircrÍura clo intervalo clentro do quai ele mesrno deve nr.rar,
A busca de utna caracterizaçiio clesprtlvicia c1e conteítclo cla porque scu clizer inclicativo aconrpanha a origem. Assirl, seu dizer é
11r.re é o pe,t)anente <1ue Íixa o Sagra<lo que deve ad'ir
pennarlêlrciâ e cla Iundação parece correspondcr ao íccho do pocrna' na palavra d.
Mas esta impressão só clurará, claramente, etrqurtnttt tonlarnlos o pretir. sri então esta funclaçã<l é Íunciada pela primcira vez. o habitar
verso isoladamente e, alélrr clisso, clescuiclart'uos ,1l.tc ele trãtr cleixa próxirno à nascentc só é instituído se este permancnte pernrarlece.
c1e pensar nos poetas, mesn-io scndo indeternlilla(lo, à prin-rcira vista. Agora, a [u,daçiro csth "crn casa" rlil sua essência. 0 habitar fi,rnclantc
rle antemão não poder-n tambérn pensar previaürelrtc soilrc o cltte p«rvérn cLr vincktur«r, .luanto no qlre deve ser abrigaclrt, pois rccua no
pertence à construção cla casa, irenr ctltuo rro qtlc pernlite Preserviir senticlo do rlue já aconleceu. Assim, a[é meslno o estrangei«r pocle
a constrttção e assim firtnirr as reltrçÕes elll qtte cnlão tlettscs e ser algo próprio na apropriaçio rlo quc Íbi apropriack>. A recordação
homens enc0ntrirm uns aos riutrris? Claramente, insistir nilo é algo pellsa na loctrliclarle do lngar cie origen-r a() pensar na peregrinaçiio
Íixar é necessário o lligorosíssiruo. Nenhr.itn clos dois pocle substituir no o n)ar atra\.essado .- no qual a nasc:eÍlte, corno rio, desemtrclcir
o outro. Por isso a arte deve recltitr ern consideraç:ão à persistêncitr tle antemão. O espírito do rio carrega it nâscerlte alé o ntar e traz
da origem. Em utl1a seutença s«rbre <l fragrnento c1e Píntlaru que o nliir até ii nascente, que s(r se anuncia pela printcira vcz ct»rro
intitr-rlou'A suprema', Flôlderlin aÍirma o segtrirrte (V'277): nascentc cm vista clo reÍlujr clo rio. O fluir clo rio ltr-urcla a permanência.
A perrnanência prepara o lugar histririco em que a hLrmaniclilrle
r\ cliscipliDa, cont.anto qtle seja a ftlrtna elr qu(l cl hornent erlcoll[ra it histórica dos ale mães precisa aprencler a tomar resiclência, para clLre,
si mesnro e o Deus, a Igreja e a lei c1o Estado e os cstatutos hereclitários qr-ranckr chegue ir llora, possa clenrorar sL. ert unr intervalo clo destino
(a sacralida<le de L)errs e, para o honteftr, il possibiliilatle cle trr1l equilibraclcl. Só quern reÍluil até tal oermanecer ser/r forte o su{iciente
conheciltlento, cie uttr escltrecinlento) eles excrcem ptltlertrsirrnerrte para tal demorrr-se. A verciacle poética cia rec-orclaç:ão se abriga no
o clireito mais justo cor-u a rrrã() altíssirllt, eles nrirlttêtrl, mais "ir" clo rio. A recorclação nunca presentiÍica a origem já conhecicla.
lirmemcnte clue a arte, as relações vivas etr qtte utl1 Povo' ':oÍI1 o 'larnpouccl a cria. Scria rnerliiclr dizer que este perlsarnento se íixa
tclllP(). cllcr)lltril r cnL()l'ilr()t.l it si ntcst itt' rxr s«llo esserrcial cla pocsia aci indicar a origem, conforrue persc!{Lle
ate a origem a essêrrcia cia poesia 1:, tnecliante tal perseguição é, ele
Se, porém, tais "relações vivits" nttnca clregaram a ilcontecer rresillo, poesitr. A "i:ecordirçito" ó a permunência poética nir essência
e sufgir, isto é, se não ficanr funrladas Íirmemente ttil tlrigetn e nãcl rlrr rtivielacle poética rlestinaiiva e hábil, perntanência clue inclica seu
têm uma origem poética no seu s;olo essencial, enLão torl;r tlisciplinir, I solo fundacional cle moclo celebrirtório no destino Íêstivo rla poesia
i
por mais estrita clue seja, não possui r.radir Íirrne que prtdesse "ruanter futura <.los alernães. O clerstinou habilitou o poeta i\ essência clo setr
i
ri
o escolheu corü0 o plillleiro â scl'sacriíicrtio. llrn till A "recrir:diição" ó a composição única, llor si tnesfi)a regraclir,
L)Oelnatizar- e
Arluete t1're rlo "uras", palavra que nortreia o cnigma, que enquanto o "brotado cle
clestitraçáo, o pocta é satlrlaclo de matt*":ira originária'
a
indicir o cltre ihc é prtiprio. O sauclante, porórn' íica pirra trás' p<lrquc il
tlo Sa11raclo'
essência rlo siurdado sc transfirrtrlou, t.nctliatlte a sauclilçiro
prtlrtvrit clo Poctna
er]] pcrnranência. sua pernlanêncii', foi lirrrclada trii
..I{ecordar,:ão'l c) p()elrra üão "exprcssr,r vivêncizrs" tlo llcieta, tttls atrtc's
O Norcleste soPra,
i
Observaçao prelirninnr à conferêncin em Sttútgart
I
I
Martin Heidegger I 17l
I
I
asstrrtto clue deve lhe tlar Pcrrra,ecerií iuconcl,so se e como, por esse tleio, a p'esia
seja o moclo col11o se a clecicia, descuicla dtl
clilrcza sobrc a cle IIôlderlin, erclrant. p.esiir, virá ao nosso encontro enr sLra
a rledida. Corno? No senticlo ein que não é preciso
e lnelhor clilo' se essên ci a.
quern cleutre nós tTôiderlin pertc[ce, I11as, apel]as
r-rós, rta época atual do trrul<lo, conscguiremos
pí-'rtencer à ptlesia tle lr,porta correr o risc. de nroclular nossa representação usual
Iliildcrlin. e lorna-lii uma expcriôncia de Lrensamento inusual, porque sitnples.
somente a isso n0ssir reÍlexão se refere. il
urna tefrtativa rie O ârnb:ito eln que tal tn,<l,Iação ressoa, poré.r, é o r1. unta
irté rlue seja ulnir fala Poética pro'i,cla cle rrrra proesia que jamais conseguirernrs
mudar o aÊtratnertto de uossa represcntação usurrl
cle pensane trlo inr-rsua1' porqLle simplt:s'
(A r.rroctrulaçãrr c,rrceber us:urc[o co,,,ro fio r:ondutor as categorias literárias e
cxperiência
pcrlsatlte do trreio das rclaçcres ticirs.
lLhrtstirrtrttungl leva à experiência
es [é
é, cnqttanto
Ilõlclcrlin niro existe. (larlil trnl dos rnírltiplos catltitrhos explica a caractt'rizaçio hiilclerliniana da poesia com as segrrirrtes
mortal, urn ctes- catninho' scntÇnçirs, ao ílnal clo priurciro vohime de Oünderode:
"O poetnil
Se lbrvercla<le o que Paul Valéry diz d<t Poeilla:
ctrtão i't cscutir
* csta ltesitaçào perseveratlte ctltre sonr e sentido"-' lj assiut l)eus ernpregou o poeta conto seta paÍa, a partir do
tlrl escttla sã<r
do poetla c irtó, tall'ez, o petrsamctrto preliminar
cr-n
()rlrtltt<1o, tal hesiiação
arco, arrojlr scn ritrno, c queln niro o perccire nent se cllrva
irincla nrais hesitantes quc o própri0 poelllii. rlianrc diss.,unca será hábil orr atictica,rente
trata clc rtma virt,.s. para
possui unla cot.lvicção prr'rpria e sttperior; não t;tr s(-'rPocta, c estâ ])essoir sct'ii lraca demais para abarcar seja r.r
simples vacilaçã0' r:.ntcr'rrl,, st'.ja a pcrspccliva sobre o ruuntio clas Íbrnras nrais
a,ligas cir: rcprcscnt.çiio, seja
as nossas terrciências nas lirrr.as cle
ohscrvrrção ptc-linrinrtr à cctnfe rôrtcit:r cru l;riburg<s
cru llrisgtit"iL't
rePrr:scntaçáo rrrais recerrtes, e netrhur:tas lrorntas poéticas sc llre
(ltlc se ttrutirrá
Ncste ptltrto ó necessário ttlrl pr<iiogo ao rrrrrnifestarão. [).e tas <1uc praticârn formas j;i dacias conscgucnr
i
li irr e tertrpo cobren-r
Grécial
()'len'ível, para quc ncnhnm de rnais
(l vozes cio I)e stino, ó vias tlo Viantlalrtel
1-ror
( ) iuilt'ctltt]
lrt a-(,s 0tl
Pois ua escola az.ul Idos oiiros],
,\ alrua. Irois k:ngo tempo já csti'r aberta
De longe, no brarnir tll célr
(lrrrno [ir]has, paril rpr-eldcr, ou linlras e ângulos
Soa cot-t-to o canto clo trtelrtr
À Natureza.
A afinaçio Isegurai iilegre clas rttvcns' betlt
ii rnais clouraclas os sóis e ls luiis,
Aiinada pelil presetlça cte [)etrs, a tcnrpestacle'
Mls ent tenrpos
I1 apelos, como olhr.rr Pra longe
lirn que cluer acabar tr velha culir.rr-a
Pra ir irnor''aliclatle e os lreróis;
l)a Tbrra, isto é: conr histtir-ias,
Muitas recor-c1ações hti. Qttanclo a seguir
Iivoluítlas, corajosanrente lutarlas, como ern altrrras guia
l{essoirntlo, como pelc clc tiovilllo'
Der-rs a'lcrla. l)assos cle stnerliclos
A'l'errii, clcscle clevastações c tetrtaçõcs dos sanlos'
l,inrita-os cle poróm, lnas colllo flor-es tle ouro
I)ois lr prilrcil,irr u rrltt'i, se Iirr nla,
Se juntarn cntão irs forças da alma, os parentescos clir alura,
Se ltttc grarttlcs lt'is"r
(liôrr' iit
[)itru que na terra plefira
E a ternrtra e o laÍgo celt parecetidc) 'lepois
Morirr a ljeleza e clurtitlLrer fispírito
Puro ir-tvólttcro, cantAlt) tlLlvel)s callÔras'
Mais ttlt coútulu se jrrnte aos hornerrs.
I)ois l'lrltlc é da'I'erra
tur-rbigo' L que cativtrs t;nl lniirge ns clc
crvir cslittr
0
l)oce é entrio nrornr soh as altas sombras
,\s clrutnlts t {)s ullivclsilis
alto vive o lltcr' Mas [)e it'vores c colinas, ao sol, olde o canrinlro
Eterreltos. !,r1 sgl6ra medítrçiirl porétrt ntt
lrara a igreja é crrlcetaclo. N,tls aos viqantes, a (lue,
ar8ênteil
P()r an)or tla vida, r'nedindo-os scrlrpre,
Ent dias Pl,ros é a luz'
(lorno sitlril ck: antor
Os passos obetlccern, llcltesccrn
Az.u1-violela ir lcrril.
.lVIair; belos ()s L:anliltjtos, onric, o cirrnpo2
INius :rssirrt conl() Ô r'rtt [t'jtr
Vai ao casamcnto,l
Prn o rlue e hunriltle poile tarnbérn vir A terra e {} cóu cle }liilctredin
Unr granclc conlcço. A krla
ht»l c us'
e o céu -- a locução nrinte.ia uula couexão. A conjunçãcr
NI as t1l-oti<j.iarlamelltc, ó lllarav il I ra!' P()r anlol' cltls "d' o expressa, clecerto, mas não iliz nacla sobre o que e a conexão
Detts trtrz uln vestido.
e conro cla é, se ela subsiste por si ori se vent de rnnito longe. Neste
Il aos conirecitncnttls se octtlta a slta lace
citso, elir rlcveria pertencer a ur]ril relação mais plena, da rlual tarrkr
E cobre 0s arcs colr al-te'
tcll'it c()nlo céu |eceberiarn sua de terminação pela prjnleira vez..
loratn supritniclos
ra*"",,"1 corno irnpressir rra StA ll' p' 257. os versos ''scgurii'liirafir
entre
I' 'il. t
'haves iissirtalaclas n:r
;r;;;,;.i;;"r,eo' u pntuu"'"nttt''] igu'l''""t" crrtre chavcs' 2 (lUlhv f Ll.A, 1\)97,?.41t 4.1f, rrrodiÍicatla
primeirt varialte (N. do A')
à plitria' clcpois c1a prirnavera rnan(er trrdo cle pé, e pa1'x si nresrno, dc tal n-rodo que a certcza, nesÍje
c1o outono cie i 802, clepois de regr':ssar
I)aSSci
cla i;ratlçe e bcltladcs A nirtrlrezir piitria ntais potlerosamerrtc tne captrlra, quanto r.nais a
c vi tr tcrra ir istc e solitiiria; os pastorcs clo sLrl
t1a ciÚvitla estttr'lo. À tcntIcs1adc, r'rão aLrerras la sua lpariçã{, sLtf r(.rita, n)âs
individuiris' hotnens e 'tnttllleres qtle crcsce rtnl na angirstia
lncsrno sob cslc;lspccto nacional, eltLluanto força e Íigrrra, nas
alr':
pal-riótica e cia fornc'
tllls ltrrtrretrs, stta vitll ltlt ticnrais Íirlrruts tlo t.óu, a Irrz ctll seus efeitos, e euquanto princípio e
() clcmetrto r,iolcnto, o frlgo tlo cérr c a r:allrrir
À'ler-r caÍ;l Pcnso clut: os l)octas até os dias t1e lroje l1ão strÍ'Io Alérn clisst'r, considerareruos o lugar que) Llma vez âlcançado,
colneÍrtados, tllas dc lilto â li)rn)a d() cailto, en) gúral, lomal-1l Lun otltro o poeta conservou na memória, os carninhos (le sLla percgrinaÇã(), e
cariiter', e por isso r1ós não Prevalccrerelllos, Pois n(is, clescle os grcgos, Atentarefitos ao treslno tempo para a luz na qual tal recordaçâo se
ú rreceSsriria ilOs ilrlistas. I)e outro fltr)d() nã0 telrltlS tterrhtttrs pOr preparatório cle ltos tornarmos ouvintes il)elhores para o que o
nós lresntos; é [relhor alizer quc tl pellsruneut() pefLcnce llo (luadlo esl)oço (le p()enta "Crecia'diz sobre a terrâ, o céu e a relação enlre
sagrado qnc ntis pitltalllos. AtL:tts c lelicictratles. eles. ll)xporut)-nos aL) perigo, clesse modo, c{e ouvir crrado. Flle é tão
csscnciitl e graricle, que nenhum progresso cl<l conhecintento po(le
'l'er-r li.! erradicá-1o.
"O atlético das gcrllcs clo SLrl, llas ruínas clo espírito da
4 lvluitos clc vocôs lorarn irtlirrltta.los sttlrre c(ltlrcr cssil !aIta e, srllrreltttltl, r llrte Íoi esctila
uttl Antigúitltrcle" nlostrou a essênciír própria dos grcgos rnais clílrarncntLr
atlo anles lo nlesnlo atni11o, krgo .1,/e.r Llil I)elrgrilil,io ao su[ ,]a llrarlç4, tirrirtlr Iitett. iotriitlas a Hrjlcierlin. tlr;lderrlin nào cxporiencia "o atletico" separadantcnte,
.o cottcxto cla cxplicação clo cluc liri ctrarnado "r,iraclir ocirletttal" de t{iil,lolin c (llle o l'IóPrit)
(]litürIrtlúe,
l:lôlclerlir, te0cio ern rnclrte rlg() tlilcrrntc, pcLrsa sotl ir tiÍu[r "virtrlir Iiitrja". por si ntcsnro, ltlas llo t:lelncnlo do espírito Íintigo. 0 verbo grogo a)
rleventos ortvir o dlscurso dc Ilirltlerlirr sobre o'piitrio" e o "Lracirtnal" clil Li)llsollâocja
colü
o seltiJii cLo seLL pcnsiurclllo, e isto signihci iicsprcrxle l,,.tr: ltlssils replcselitrlôcs rtsttltis qle/w signilicu "lutrlr", "clisputar", "agarrar" e "snportar". Ircrrsucio
cstreitâs. (-) "pátrio" signiii,:a a rc'n)issâ() do l)ri corlr() l)ctts sttPrettro, sililliliaa tsla ldi!iio"
dor.lora cl c vi,lr cn) quc o hotnul lt se clrr.(r nLl r, r outol l r rc lc!t) tl tn
"dcsli rlril I )o rttesttl,r lttoclo o i ltrt. tudo o quo disputa tnutrrftlnento
lrelerricirrrrelrlc, o alletico tra'z
"naciortal" iiigrlilica o l'ií§ (lc lla§ccll!:1 (/r'l't' 1, aollra), t1tre, truludllto
'olncio'
dclerlllllla t) qtle consigo ulesmo, c tlaÍttém assilll. O atlético ó o "rnaroial" herírico
(l
Perlnanece:
no sentidü do ruÓ)"e;rOq, dacluola lrrta cluc lleráclito peÍrsa cor]lo
[Él qu.'o rlLrc Itriris po,le selxlo o nrovilnento no qual c para o qual os deuses c os honlens, o
L,r nlscinretrto,
E o raio rle lttz que liberto e o sorvil rcbentam para o brilho da sua cssência. O atletico
Al jlltlc u recÚrll-Ílilsci(lo.
tlo "crlrlto lieróico" não é netx o purameuIe sensorial nem o plástico.
A cltrartr estrofe clo hino ao llc[ci co|ti:nr ullia ÊxPli.ilção prelitDitlar tlo setttirlrr.la exl,ressáo li, o brilho clo espírito, quc se dosvcncilha ern sua rncdida corpi)rea r:
"vitatla 1,;ilria" e o "rrarlorlai";
Irerrciotirca. Niio se atei]larii aqrLi à re[lexii.r,le I liiltlerlin sobre a
de tnodo aiglrrn, apel)as pt,rque h;i llltlito a sill rc§l)cil() (lue airrrla Ll rliÍj'il 'lt cs':larcecr' íigura, e dcste modo sc aprccndc.
e
porque o cla totaliila,l" ai,,,lu ,rao sc tler icliu rrnivr)cirmetltc, rr)ds d lirl
trtes l)or(lr rc I liildcr
"e,iti,1o "O entenclirnento si-rpremo, em senticlo grego" é "faculclacie
,lcituu pat" tr'i§ a(luele cstiigio tle sett cantitllro qtle irens()ll sob tl littrlo tle "viraila 1riítria" nil cie
mon)cllto eltl que 0 sulreror,. Íi () quc [)lecisdlrrrr)tc rrÜs riiz o 1nlo tltte liaja estc l,octtra lartlitl reÍicxão" - islo significa a([ui: a capiiciclacle de deixal brilhar cle nrodo
"Gréria" tiaratletltc i1!)cllls (olli{) Pr()ic{o"
Iliilclçrlin clranra n Grcçia cn1 unla versíio tarrJia ilç "iraiirxrli' carta, rlcvc scr dcstaçad«r. As proposiçõcs seguintes o nonrciarn:
(stAII,p. Itj0)de..paísric.juvenl.Lrdedosollrosalkiticos".0olhartlcstcs
é, corno toclo olhar legítirno, cspirilual, ç brilha no c:o{r(rt'co' Os olhos A visão clas antiguicladcs cleu-rnc rüna impressào guc nio Lrllcltils ruc
somentc avislarn o quc brilha conformç são, dc atllelnãtl, ilunrinaclos o tornn os grcqos nrais intcligíveis, rnas também, crn geral, () supretno
visados por c1e. Os "olhos atiótic()s" avistatn o §çlçrza. Vivítla clc íirrrrra cla arte qr-rc, ató no movimento suprírfiro c na íênouenaiização rlos
grcga, cla ó a t,crrlaclc, ou soja, o clcscucobriltrottto clo quc: sc l-ltcscltteia conccitos c cnt tuclo o <1ue é inl,cntaclo scrilnientc, ainda continua a
para unl lLrgar [...] ó agora a tritlha alegria". Mctliante o lttgar qtrc o brilha por si nresr.r.to, é portirr.rto agora o verdaclciro: a bcleza. por isso,
pocta habita agora, a tcrra sc toflta novatucnle tcrra. Conro cdi[içio ele precislt cla arte, cla essênciit poerriatizante clo hornem. () l-ronre nr
dos Celestiais, cla abliga e Çarrcga o Sagrarlo, isto c" a çs['era do qLrc habita pocticamentc traz tudo que brilha * a terra e o céu e o
tlcus. Alerra só d 10çl'p Çnquanto Icrra c1o ceu, e só cnqrrattl() agc pttril Sagratlo.- il trlua lu;r qrre se erfjtrc por si rlesma e abriga turlo. Ijle
baixo, na clircção cla terra, ó que o cóu ó. sLra aparição a parlir dtr o traz, rra t:onÍiguraç:ão cla obra, a lim erguer-se segrrro. "Ilrgur:rrdo
altíssirlo, drl rclârnpago. ató as "dernais Íbrtnas" são mcuçionadas tutlo c pttr si rncsrnri' - significa: fundancio.
nas s0r.]tÇnças prcceclcfl1.cs ria cat'ta. Rclârnpago V]lilzl é a filcsll.llíl Portlnto, a Çarto r.le I Iõlclerrlin não f.ala sobre a Grécia. A prripria
palarrra quc olhar lr\lic:tr]. No olhar cstá a cxistência' Por isso, a Grircia ve* :ro sr:rr .r.rt:.ntro I'ro lrrilho cla terra e clo céu, no Sagrarlo
cartâ, já venros algrl nrais rio sinrples inÍinilo, que náo adrnite uenluun crescimento, graças i\
deus, niio seja enunciarcla expressilnle nte 11â
slra ruonotonia. Ao contriirio, a "relação terni' clir terra e do céu,
claramente: que a terra e o ceu em sllrl cotrexãtl encontraÍi)-se
en1
carlto clc l)eus c clo hornern, poile se tomar mais infinita. Irois o que não
uma relirçãcl rniris fecutrda. [)eixa de ser surpreendetlte qt]e Llrn
teur existência unilateralmente pocle vir: à h-rz de moclo nrais puro
chamado "Grécii' aincltr clerive clac1r'rilo que llil carta se
prcPartr' e a<;
Mais ltelos os catttirthos, otrtlc o catrptr Vozcs? lllrrs soarn. A elcgia "O pão c o viuho'pcri4unta, na quarta estrol.e:
"e oncie ressoa o llestirxr?" Pcnsa-se na "(ir:écia feliz." invocacla no
[íriu.l(]e
()u
esbo!:o se illtcrr()lnpc subitaü)eÍr[e; licl-iit por acilso?
Aqui <t corneço clcsta cstrofe, pirra quenl e crn querx o grancle L)estino ressoou.
porque a paisâgcn1 clas rclaçiles inÍinilas sc abrira [)ro[)rialncllfc ao Iini que clircçno, através rie cluc resso;It11 as "vt)zes do l)es{inci'?
projeto clc canto acillla reproduzi.lo? Pois na escola azul [rios olliosl,
"Mas ;ros
Nno rlcixcmos cle ouvir, torlavia, o "trlas" do vt-r$o 48: I)c longc, no brantir do cóu
viajantes..i'. o viarrdanle, isto ti, o poel.a, se c1ifcrcncia 1)or contrilste Soa conro r; ci.rnto c1o nteh<r
diz rlos vcrsrls imecliâtamentc ent:inra'-l<ls: A aíinação alegrc das nuvens, bcfir
cotn o que se
Âfinacia prela presenç:a tlc Dcus, a tenrpestade .
canrir.rho Íirrnemente estabelecidtl que leva à igrcja c iraz <le Volta Ao mcsr.nu tcrnpo crrr que iis ltuvens de tempestade o csÇondem, elas
clela. F,stc,::aminhil não ó <t seu. No en[anto, iltilderlin tlittl retrega a l)ertct]ccm ao llcus e intlicarn a Sua satisfação. I)onde as nuyeÍts
estareü1 "bcnt afinir<iirs'l isÍo é, na srrir cletcrminirção correta.
vizinirança tLt "campanáricl' que "floresce ctn azul anlello coll.l scu
telhado rnet;ilictil No esboço cÍtcoutra-se, inicialmentc, "a afilração scgura clas
Provém r.las mcsrnas reclon<lczas unt cut'tto tardio. só ilrrc cle nrrvcrrs'l "Sr:gur-ri' siguiíica aqri.i "secururr'l o clcspreocuparianrcrrte
"tt'tttrtas" <1tre "lrii sosscgaclo. l)orrltLe as nuveils estão afiriirclas lla sua de ternrinação
tantbént ó mais umir peregritração. Ele chega ató as
c()rret., isto é, poi-qur: são "puro inv<ilucrci'do c(:u, mctliar.rte o tJual
na Crécidl ató o "rei lictipo, clue talvez tetlha uur ollro a Inais'l tlté o
"filiro de l,aid', "ao pobre cstrangeiro tla (]rócill Flste caut<l cotlcltti: o cóu soa, clas cstão sossc'garlas, apesar dc todo bratlir.
O cótr soa. Ille é unra dirs vozes cl«r Destino. Urna outra vor. í a
Ressoando, como pele cle novilllo, erguc se (a orientação) e ninguéru irtc agora viu
A 'i'elra, l partir <.le onclc ela :rpareceu.
Assirrt como a pele do taurbor ruÍlrclo, trovejando à sua própria .,\ terra se lirnça nas grandes leis. Sobre clurais carninl.ros?
nrancira, rcpercute as baticl;is dr: tatrtbtlr, a'l'erra repercute os grllpes Iiles são n<lrneados (r,. 13-14); "a ciênciir e a ternura'.'A ciência,,, o
do re1âr»pago e a "chuva cie flechas" ("(irécia'l prilneira versão, StA sirbstantivti rrão adjetivacio, tal corno empregado aqr-ri, tern o sentid«i
Í1, p.25a,6). O soar e1a terra é tl eco clo céu' Ao reperctttir, a terrâ clo rnestre cle t{olclerlin, }--ichte, e clo seu arnigo, Hegel: "ir ciêncii'é
rerspoucle ao céu efit cLtrso pró;rrirl. o pensameüto clos pensaelores qLre receberam da Grecia sell norne e,
Urn fragrnento tarclio ciiz. (StA Il, p.334): junto conr esfe, sua essência. A clariclade do pensamenLo determina
"a luz em volta cla janela" através cla qual o poetâ "olha para fur:i'.
o apelo clos canl.orcs é o cllhar ciirigiclo irrliatlte t\ irnortalitlarle, lilc sc ajusta: isto ó, ele acorre ao estrangeiro e aí .se tem. l)aí o
isto é, à ciivin,-iatle que se abriga no Sag,raclcl' Os apclos são
cotn«r al,clo obsen aclclr do cantor não l.rocler avistar a própria face do I)e irs.
unt olhar para longe, para além <la terra rulllo à inrensidão do
céu. O cantor é cego. O L)eus é airenas coníonne se encobre. F.is porque a
Maraviihosa é a identidaclc eutre oli]ar c cilatllar I1() c:tnto tcrreno frrrr.na c«lnro o carltor ceg'cliz o Deus no seu cântico é uma arte que
I)e acorcio c0111 () n)anltscrito e com 0 assuflto, cleveria ler-se que recolhe os Quatro ao meio cia intensidirde é uma primcira
"pálpebras" no verso 28, ao invés tle "ares" ou cle "inragens"' tlri a[é chegada. í) co,reço pertlura en.iuanto chegarla.
euarrto ,rais o
rnesmo de "nmores". tiõlrlctlin qrler se relerir às pálpebras dos olhos c()nreço se nrantónr prórirno à possibiiiclade <Je cliegar e de trazer tr
cuja escola é o azul do ceu. rclaç:i. in.íinita - clue ele c,nserva juntcr a si, por ei.rviá-la - , nrais ele
Sâo quatr:o as vozes qrie fessoam: o céu, a terra, o homent' o l)cus' peÍsevcra. Ilntão tanrbém alg0 granclioso, p<lrem, cleve corresponcler
Nessas quatro vozes ô clestino reittte o conjunto da relação
inÍinita' à vincia clo grarrde coireço para abarcai,lo grancliosaÍlre,te, isto
contr:clo, nenhum clos quirtro sc sustém e caminha tlrrilateralrllel)te, é, deve estar enr condiçÕes de sustcrtar antecipacla,rente ,rna
graçâs a si mesnlo. Ncste senticlo, nenhunl é finitil' Nenhtttrr é setn expectiitivir grandiosa.
os
o qtte
outros. .Irr-Íinit:rmente eles se ntarltêm uns perantc os outros, são Crintnclo, lltrlc1erlin diz algo diferente (v.23-24):
sáo a partir de un-ra reiação ln-Íinitit, são esÍa tcltaliclaticr'
A terra e o cétt e sua collexão pertencertr, tlesse moclo' i\ Para o quc ó l-rr-rrnilcle potle tarnbém vir
relação rnais iecuncla cios Quatro. Esle núrmero irão lili Pensado Urn glantie conreço.
pertencimento recíproco. Illes já l«trat1r enunreratlos ncl setrticlo filos(rllctr. É o hric. lugar para qrre corvergiranr toclos <.rs ltrgares
originiirio cla ntrrraliva clcls 'tlitos antigos (quase nem tluviclos)" sagrados cia 'l'erra.
it Si a relâção irrteira. F.ntão, seria rle se sllpor que o tlestitto fbsse As lrcrntauhas abisrnadas. (StA II, p. 222, I ss.)
,,o ponto ürédio" que n-recleia, couforme ele primeiro investiga
os Quatro em selr pertencimetrto recíproco, envianclo-r)s a tai IJ<ilclerlin cliz:
!l maravilhosantente grau<1e tlregr, tl casiultento tambérn pertence à virrcla. Ele próprio cltcga. Á
()ucr erguer- se. (v. I B ss.) se'u resPeito,L{iilclcrlirr tliz no conreç<l da c]écima terceira estrofc r,lo
hino iro l{cno (StA il, p. 147, 18()):
Agora,clepoisqueirgrlrtrtleC()Ino\it()irrícialclactltrstrtrçãr]sc
aquietou, depois que "in princípio, a obrtr se foruloti'(v' i2)'
agora lu-rtão ícstejan.i os csfronsais horncns e deuscs,
está cle pe aquele edifício da qual sc diz (StA 11, p' 723):
A nriiva éa lerra, parâ quenr a canção clo cóu vcrn. É o qtre cliz
...pro {ln clanrcn Ie cncrtl'ltdo, o esiroço lardio (StA lI,1>.253,44):
cla mestna epoca soltrepirc, com suas litrhas, à "palavra germinal" clo expetlativa rro apelcl que olha para longe. O ternpo significa ac1ui, scmpr-r:,
.,um
to<lo: iugar secretci' (estrofe 5 dc "Gerrriânid'). Pcttencerá ao o lanri)o ce rto, quanclo é chcgacla il hora: o iustante histórico. lrste tern <,r
"único lugar" que o encontroll no país trirtivo' etrquanto o país seu 'tntãd' próprio. I)c rpre modo elc é, então, se está irnóvel sobre a llbrra,
Poeta
pobre (e secreto) àcluela humilciacle para a qual
"também poclc vir se o granclc conteço veio para o c.;ue é hurnikle? Flôlcierlin o diz (v. l9)2):
uru graude começo'? Mas cotno esLe viria?
osdoisVefsosqueprecedenaseirtenças0breavir-rc]ado llnr sotrora mcditação porém no alto vive o litcr. Mas argônlca
grande começo contênr a resPosta: Lrn rlias puros é a luz. Como sinal cle anror
Azul viole ta a '['crra.
Na sua sereiliclado o Dçus ircittta rttctlita sobrc o dcstino tla rclaçiio C)s celestes estão
comoComeçaocantoao]stro.()quevernnãoépropriill}]el1t€:oI)ctts. c<rntintralri t st..t'ttrluilo (luc porcrc (ca qublle paratt), isto é, a partc
o vindouro é a totaliclade cla rclação in-finitil, a (lue Pertel)ctxrl a tcrra preciosa cla'I'errn inleirir, a pérola tlo globo terrcsire, o céreLrro de
e o Çéu, junto cotn o i)etis, juuto com os hon1cl1s' A vincla do grancle trIrl colpo vastíssinro?
naquiio para que urn granrle comeÇo pode vir' ille aintia potle vir? clesta nriuteira, clevcnlos acresccntar às cluas perguntas cie Valéry talvcz.
c) ociclenltrl aincla existe? l]le se trans{brllotl l1íl llttro[rir. o scrr urna terceiril. Lla não inclagir soitrc a. direção que a iiuropa tourilrá a
âürbilo de rlorníilio tócnico-industrial se estetrcle sobre a l'erra segrrir, mas alttcÍi se r.olta para triis, para o começo eLlropeu. illa poderia
inteira. A 'I'erra, por sua vez, fili comilutada ctrtlttanto plancta no ser ftlrrnrrlar,la assinr: a Lurupl, enquânto cabo e cérebro, precisa sc
tlc
espilço cósmico iltterestelar clisponível colll(} csprlç(l planificado lranshlnnar ern urlr país clc tinra noite a partir da qual se preparirssc o
(f,ueln sc conlcço <lc ur.na outra arrrorit ilo destino trnir.ersal? A pergunta pilrcce
ação hulllirna. A terra e o céu «1o prclcua clcsaparcceralll'
atreveria a clizcr pilra oncle foram? A rclaçio iri-íillita <ie tcrrtr prcsliltçosâ nrbilr;iria. Não o[rstante, tcm o seu íunclaniento tanto
c cétr, e elr.l
horlern e l)cus parece tlestrr.rítla. ou será quc alé lrojc ela Í)unca ntn fato essenciiri cotl.to nulra sr.rposição essencial.
enquauto totaliclade, no sllprelno da arte? ilntão cla ttão pocli:ria porónr, pensa no scgr,rirrtc: o quc se transforma s«i consegue far,ê.lo
aparecimellto Íregâclo. llntâo iros caberia r:ellctir sobre esta rregllçãtr o cstarlo atual rlo mrrncio sri pode soÍier urna rnudança essencial, ou
trtrnh('nr Pocie rccebcr a i-)rcparaçao para tal ruudança a partir de scu
7 QtrlN'I'ELA, 1997,P. 4)5.
hrunilde. Este huniilde, cclututlo, nào potle nlais 1-lertltrlecer Ilo §eu cl inrpério disponibilizador dcl clesaíicl recebe seu cnr.io. O c1_re ele e?
isolamerrto ocidcrttal. Ille se abre para algtttrs potlcos otttros grandes llle é o rneio tla reltrção inÍinita reunida. O rneio é o próprio
coÍneços, ca<la qual conl o qttil lhe é pr:óprio, tocltls perterlcenclcr tle stino pruro. O inqr-rietante circuirclii o {l<Jbo [errestre, clue agora atinge
igualmer:ite ao colneço da relação infinita tla ciual a 'I-erra se retétlr. o clestino dos irornens desta épocu imetlktuntenle, e não nrecliaclo pekr
No ent'.rnttl nós, os hotnens desta época atuiil clo Inun(lo, soirr de srrils vozes. O clestino tnlrclo dos hontens os concerne unlil -
ettcontraülos na htrrrrilt'ladc e l1a eSCasSeZ
Sl"lpOStAÍnente ainda rtão ttos Íirrrnir errigrniitica cle silêncio. Supõe-sc que o homenr aincla contiluará
daqneizi pobreztr a partir da qual os ()r-ratro cla relaçáo inlinita se a não ouvi-lo cle nroclo algunr prtr ntuito tetnpo. Assirn, ainda não pocle
chaman uns üos outrr:s. Nós rnal nos cnc()ntrall1(is em estaclo de ilrrrpouco coruespr:nc'lcr ao envio da recusir. É ar-rtes o caso que esle se
lhe escape nrei-liante tentativas cacla yez mais desesperacliis (iLtcrer
i:enirria e precariecltrde. O caráter efilergerlcial rleste estarcltl consiste c1e
em que os mortais rtão o avistirur, netrt prestail atençàtt ao nrtlclo cotno controlar a tócnica por rneio cle sua vontacle n-rortal.
o possivelmente vinclc»ro virá parii nós, cle rntldo tão l)lais recePtivo Assim que corneçalnos a nos esforçar par:a reÍletir sobre isso,
quanto tlais recuLarntos diiurte clele. Mas para otrcle potleríamos surge ufilíl suposição: no int;rério daclr-rele desaÍio, isto é, no tlortrínio
rccuar? Para a discrição que aguarda. F,la é ern si, ao meslno ternpo, a essenciai e inconclicionado cla técnica moclcrna, poclcria irnperar o
suposiçao que pensir antecipadaltretrte.'lâl cliscriçãtl chega ao vindout'rl que reÍure unra articulação a ptrLir cla qual e nrediante a qual a relaçãcl
assinr que tenta experimetttar previanlente o qtte, presenlernettte, ti. in-flrritir irrteira articnlii em sua quaterniclade fVierfiiltigcs). A vot.
se
Se ouvirmos o que, no projeto cie poerna "(lrécia'] rePercilte ailirna clesta artic:r.rlaçãrl nos é ir rnais diííi:il de ouvir. Pois, para tanÍo,
tle trás para í'retlte, então se lu()strd qut rl ilparição ila relaçáo deveriatnos âr1tes nos prcpit.raf para altrenrler novanrente a ouyir rrr:r
infinita como totaiidade unidir se ilos r:eclrstt. liis ltrirque mal e mal riito rnais antigr>, no qual outrora rL.ssoon o grancle clestino cla (]recia.
conseglliinos ouvir as "t«tzes t1o clestiuo" a partir tla sua totalidacle. I)everíarnos nos antr:cipirr i\ experiência cotiilianrr e inscrir nela rr
O que se nos recusa nos diz. respeito, precisatnettte porque o qr.re Ileriiclito cliz no li'agnrento 54:
enqttanto rneciiarlttr, o <1ne articrtla c o quc: ciisponiiriliza' Ele é a para iongc a "r:scola azul dos oll:ros'l
articulaç.io cla relar,:ào tlos ()uatro que rccLl$a o §cl'l âptrccer' No ano cle suil morte I liilderlin ciita um poema para alétn, para
ilesde o colllÇç(j cltl gr"anclc comÇço colllcço o t[rÚolc'' o ânrbito silencioso rla r.clirçâo infini1a. í1 tutr rlaqueles pocrnas clrja
czâ" a relaçãr.r inicira jh sc llÍÇpârou para a chcllrcla. A bçlcza
..nal.trr Íirr:rna sorror"t uronocr'irdia, ciuase coinprirnida, iucolnotla ntuilos
ó chamacla :\ otrra para cluo adlnita c atrrigue Iudo c:ttl sou
próprio' são ouviclos. Nrlrbert von llellingrath diz a respeito ciestes poemirs ern
e salvo. O csboço "Circüia" çan{a assinl i.los versos 32 a
45l. 'A krucura clc I'li.ilclerlirr'] seu discurso profericlo em l915, quc elcs
são "a retomada cla cxecução cle uma er.rfoniir rla alma novamente
l'ois longo tcrnPo iii cst:i abcrta serenaclal O pocma a citie se Íaz. refe rêr-rcia agora norreia o hornenr crl
Conr<; íôlhas, parit aprenrler', or'r'linlras e âllgulos sLla rclaçào conr a rrirttrre?la, (]llc dcvemos pensar a[Jora no scntido cle
A Naturcz.a' Ltõlderlin conro acluiio que estii soZrre cicuses e homens, cujo inrpório
Ir, rrrais {6uraclas qs síris e irs lua.s, rus liornens às vczes conseÍluetn agiientar.
Mas ett.t tctrtPos O poe:nta norncia 'b dito antigo] o ntostrar-se do granr{c
Iinr <1tre rptcr acabar a vcllta cttltttra conleço. O grande coltrcço é. Sua irresença se presenteia "por loda
[)a Terra, isto é: com histririas, prrrtc" cnr torno cle um único [i,rgar; e isto "com espiritualiclacle']
Flvolr.rídas, coririosillll(rnte luta<.las, cotno €rÍI1 irhttt as guil
isto ó, com divjnchcle qrre habita., cla mesrna, o Sagrado. 'Io<ios os
l)ctts a 'Ierra. l)assos clesnleditlos
lugarr's sagrados sc rennirarn. i\«rs versos finais, o poema deposita
[.intita-os clc porétl'r, luas colllo Í]ores cle ourtr
alnr:i'
suir confiança nr
"hutuanidade'l Segundo o ernprego <le outrora,
Se juntam etrtão as lôrç:trs ria altlla, c-'s 1)ârelltescos da
a palavra "humanidarle" não significa a totaliciirde dc todos os
Partt tlrte tla tt-rra Preíirir
Itorncns, rnas, iissim como "liberclade" signiíica "essência clo livre'l. a
Morar a Bclcza e qtrrrlqucr Espírito
Iturnanicia<le nrimeja a essência tlo homem. Ilsta essência sc enrpenhir
Mais ettr cottlLlll.l sc iuute tros hotltetrs'
nas "r'elirçíics c clcstino vivos", isto ó, na "vidai
()
pocrna traz o título "(à:écia'e a assinatura de Scarclanelli;
Ijsia recorclação cio repouso ctlnsrtntadtl é o pcnsantctrlo rlttc
urn l)olnc cstrangr:ito, conto se o poc'ta também precisirssc lnnçar.
"peÍtence a(} quadro sagrirdo" que Ilõlclerlirt cluis "pintar" c()lll ()ri
Grécia
'l'exto revisàdo cla c()nferênciir cledicitcla ao
Assirn como os h<lnrens, ir vida é magnííica,
septuagésimo aniversário de Irriedrich Ci. Jiinger
Os hotnens sao alniútcle tnestres tlit llattttcztr,
em 25 de ngosto de 1968 ern Anlriswil
A tera espiêr'rdicla uáo se csconcle clos ltometls
Com encanto sllrgeln a noite e o dia.
Falar sobre o poenta talvez sigr-rificasse: falar cle cima para
Os caotpos abertos estão ct.rnro no dia cle colheita
baixo assinl descobrir a partir do exterior o que o poerna é.
e
Com espiritualiclade por tocla parte estii o clito ar.rtigo,
Oonr qtre írutoridade, a irartir cle qual conhecimento isto
E vicla nova rtasce rle ttovo da ltuntanidatle
poderia ocorrer? Ainbos estão em falta. Daí ser pretellsão a vontade
Assim cleclina o an() aolll ttrnit calnlil.'
c1e Íàiar sobre o poema. Mas corno poderia ser clifbrente?
Seria prelerível que nos deixerrlos interpelar pelo poenra â respeiLo
Vinte e rlttatro rle Maio tle 1748
(lotn strbserviêticia, claquilo ern (lue cclrtsiste sua peculiaridacle sobre a qual ele repousa.
Scar:tlanclli
l)ara percebê-lo de rnaneira suficieute, deveríamos nos
Íanriliarizar corn o poefira. Clontucio, só o poe[a é realmente íntirno
clo poerra e cle si meslno. A forma ade<,iuada para fillar do poenra
só pode scr a forma poética. Assinr, o poeta não fala nem sobre o
poelrra nern do poelna. LIe poematiza a peculiaritlade clo poenla. No
erlfanto, ele só a irtlltge quan(io faia a partir da detenninação do seu
poemâ, e urlicalnellte dela.
Um p<lcta rirr«r, quando não talvcz enigmático. Ille existe.
Cham;r-se flõlclerlin.
g (irkt hcnLn,l
Só que ele, ao que parece, jamais chega a se aproximar de nós
Wic lVlcrrsclien sinrl, so isl rlas Lebon priiclriig,
Ditr I"lcnschen sittd tler Ntrttrr õliors rlâchtig, ao ponto eu1 que sua paltrr.r'a nos alcirnce e atinjâ, de moclo a sernlos
Das priicht'ge L,aoci isl. lVlensulren nicht vcrborgcn
lvlit Ileiz erscheint clcrAbertl uld det Iúorgert' rrs atittBitlos c pclrllilnr'Lcl rrros a.\sitl).
Die olfircn frelder sind arls in der llrndtc'l'agc
Na poesia cle l-kilclerlin trperimentamos poeticalnente o
Mjl Geisiigl(eil ist wcit unrhcr (lic allc Sôge,
I Ind neLIcs l,ebcn l,.oltlnt atts Menschlrcit wierlcr poelna. "0 poema'- esta palarvra trai a sua arnbigüidade. "O poema"
So sinkt rias -lahr mit siner Stilte niedcr.
pocle signiÍrcar o poellr.t ern geral, o conccito cle poema que vale para
Der 24ien N{ai 1748 NIit llrrtcrtlrânigkoit,
toda iristória da literaturii.
ilcar tlar rcll i
qller o saiLranros otr não, cy'rer estcjamos proutos ou llãrl, l-rara uele Na obra poética tle Iliilderli^ e ,ro legaclo *an*scrito ocorre
nos ltrnçar ou não. nnrir ci|cunstâr'rcia singular com relação i\s varianlcs. As palavr.as
e crlll)rcgos quc não Íirram adn.ritidos nt] poema acabaclo co[rtôrn
Que IIôlderl-in pocnratize o Pocta, sua cletcrntinação c, cotrt
isso, a peculiaridade do poerna, o que é prtipricl Íro poema, rtostram- percepl:ires às vczers sr'rbitas e profundas sobrc a pccuiiariclacle clc sua
nos os títulos cle pocnlas ti'tis cotro "Ofício tle poetal'Ânilno de p()csia. A varia,te d.s versc,s 45 e 46 de "O pão e o vi.ho,,riiz (StA
cle proceclcr: clo espírito poético'i "Sobrc a cliÍêrença clas ftrrntas Arrtecipaclanrentc servir c pe[c()rrei. o gr.rltric <Jcsiino.
poéticas", "Sobre as Partcs c1o poerna'(StA IV, p.241 ss'); cle rnoclo
ainda mais abrangente, a partir do olhtrr poético em sults traduç(rcs
'hnt.es d. tcr,pol" E,r que tempo .s poetas co,vocados dizct,
clas "tragéc1ias cle Stililcles", nas "Obser:vações sobre o i-idipo'l nas a sua palwra? QLral rlestino ó o grande? No canto "Mnemosintil
"ObservaçÕes sobre a Antígona" (StA \{ p' 193ss., 2(r3 s.s')' I-ltilderlin diz o segLrinte srbre o telnpo eni relação ao qual o poctii sc
a csta lorrgir óp.ca, a palavra adiantada dos poetas também deve ser
terceira estroíe da elegia "O pão e o vir.:iro", que detlica a scit amigcr
poeta Heinzc e a qucm invocil (StA II, p. 91, ri. 4l ss'): dernoracla - esÍendenclt) suil cspera ao longe. Ela cleve conv,car 'b
granrle l)cstino'l Illa devc clizer pocticamente a chegacla <Jos deuses
...Vem, pois! Pâra contelnplat:tnos o espaço airerto, prcsentcs.
Para buscartt-tos algo de trrróprio, por longe qtte estcja' Contuckr, o que é "presente" aincla há de chegar? Sri que
'thegada" trq*i'ão sig,ifica jri ter chegado; melhor.dizendo, signiÍica
...a catla rtm t.'rnrbótn urlla prripria lhe é ciacla, ., acoutccin.rcnto da clregt<la anterior. os que chegaranr de tal moclo
I'ara lii vai e c:rtla ttrn cllcga até otr<lc poclc.r sc rDostrarn e n) uÍna aproxirnação peculiar. Nesta chegada eles esl.ã0
p|escntcs atr poertâ cla sua rnaneira própria: os que chegararn sâtl
clcnses q(rc sc p.stiu.n erl vigília [gegen-u,tirtige]. os que se torníur]
presclllcs r;otr este aspecto vinclouro não são, nranifestanrente, os
I ()t-,lN fliL^, 19q7, f.157.
"l)evo" cliz respeito i\ relação cio poetil cor. a presença dos cleuses
at experienciar o característico cla poesia tlue I Iôlclerliil está
prcserrtes. "l)eve" diz respeito i\ Íbrma de ncxneação pclr nrei, cla
clestinaclo a poenratizirt'. Mas este texto oferece grancles clilicrrlclacles
rl.ral o poeta nomeia os cleuses presentes. lim rlue metlir]a as ciuas
à meditaçáo stlgericla at1r"ri, e por isstl escolhcmos outra paiavrir clo
[ôr,as cle "rlever" estão unicl.s e relàrern-se ao lres,lo, ,u seja, ao
p()etír.
poenraiizar ao qtral Ilijlderlin se vê prernido, serii inciicaclo assirn
Ij,rn tocia sLri] deltsidircle, ela diz respeito tliretartlenle à It«lssa
q*e se tornar mais ciaro cle cltre mancira o
pergunla sobrc a poesia de l{tiitlerlin. A palavra tlo pocta a sr:r l.loenratizar deve se
Íàto tarclia, clo glancle reunir at,r poetil.
esclarecida a segtrir também é utna variirnte, <1e
(l'rrtr-rclo, arrtcs clisso perguntarnos: de onde vern
carrto "O arquipélagoiversos 261-2.68 (S1A ll, p' I tf )' a premê,cirr?
Por qrrê este iutperativo drqtlo?
são sete linhas. Elas klritrn publicadas pcla prirnciril vez enl
o prinreir. d«ls sete versos dá a rcsposta clue se estencie
1951 por. Frieclrich lleissner, na scgullda rnetacle clo segttncltl volttnle a. tuclo
0 quc vent a seguir:
da eciição cle stnttgart clc l{ôlderlin (p. 646). tt-xtrt etttttrcia:
facilmente, e não llecessitaria r1e ncnhuÍra intlicaçirn especial cl«r i)anÍrbiri'(StA II, p. 128, v. 89 ss.):
z-!üiliillJil'p +oo.
4
3 QUINT'lll.A, 1997, P.3s8. idcrn, p..l8l
no mais vcz.es;.Íàltanl-nos notnes sagratlos, se errvolve em aço" significa: o Derrs se envolve no fogo celeste ou ern
calar é o clue clevel)1o5 <{as
nuvens. O ttogo celeste que cega os olhos não é nreuos encobri<lor qr,rc
isso significtl apenâs nãr:l clizer nada, Íicar mudo? Ou escurir,liio drrs nuvctrs.
Calar - rr
só pode calar cle m«tclo erninente quern tem o qlle tlizer? Nesse caso
A
cietemrinação ternporai "antes" significa aquele "antes do
cirlaria no rnais alto griru cluern qltÍsesse deixar aParente, no seu dizer
tempo!" em que os poetas são lançaclos antecipadarnente junto corn
/ Dos hotuens' llarnn e elogio clevern ser pensados aqui ern scntido pindárico,
Seu passo é rlefronte o abismo
grego, cor11o aquikl rlre perurite clue algo apareça. Quenr scnte,
"Defronte" significa: dircção clo atrismo'
r.ra
anteciiranrlo-se a cle, o coração dos lrotneus sensitivos é o poeta. Ille
éo outro que os cicuses rccluisitatr:.
f)aclo ao poeta ó perseverar no dizer clir palavra da chegada:
.,paraqueeleterrhaasuir/posse,lAêrrfasenãorecaisrlsolirea (}lnr esta palavra tin'rici:rnrente sLrgericla a respeito tla
a "ptlssc"' nccessiclacle rk;s clcuscs e clçr uso corresponclente que Êazent cio poeta,
palavra "a sua", mas ao Inestllo tempo, c rtais ainda' sobre
i-fiilililIõ,p
(r ltk:rn, lt. -l9il.
a,a
casa"'se reltere'l Por iss,r, e apenas por isso ntts é permitido ateutar,
no cliscurso a seguir, para eslê poerxa, a úitima elegia de I{ôl<Jerlin. o
rnais íntinro drl Psç1113 se escontle no verso ,12, que nomeia as gentes
clo lugar:
pareça assim.
1\ terro e o céu tle Httlderlin. Conlcrência prolericla na jor:nacla
«la S«rcietla«le Iltilderlin errr jVluniclue, em 6 tle junho de 1959 no
IIôlderlin Assim como em dia santo..l" (Halle do s.: M. Niettteyer, Se você inverter ir sclltctlçir, resulta rpre:'A prc:sente tentaliva rle
intelpletação repollsa solrre o tcxto coÍrferido repetidanrcnte conr os
1g,11); por último, à separata t7<t Antuirío t-tôlderlin t95u-1960.
pri rneiros eslroços escr"itos."
sob supervisão cle Aclolf ilcck, e lroje diretor da Irunclação clos dcve lê-1o e quandct é estabeleci<lo cttrnpletaurente, enqLrallto tex1o.
Alerrráes livres ern FrankJirrt dcl MeDo -pecliu, elll ul1lâ carta
a llstas perguntas cstão tão essencialmente ligadas ii pergutrtir sobre a
Ileidegger cle 21 de fevereiro de I 951, um esclarecinlent<l s«lbte ttutit essência cla lingtragern e cia traclição linguagcira qLre etr rne lin'ritei
sentençil das Exltlicações dct ltoesia de I[õlderlin, especificamente clo toclo t> iempo ao absoh-rtamcnte necessiirio, quando havia aigo a
discurso sobre "O hino de flôlderlin Assim como eln clia santo..l'l notar sobre interpretação, explicação etc.
A sentença enuncia: "o texto que serve de base a esta conferêtlcia, f)e acorclo corn a eclição <le Beissncr ntostrou-se agoril, et)t ll, 2, pp.
corrferido repeticlamente corn tls prilneiros esboços escrittls, r(-PottsiI 695 ss., que a citaçio "Nós te nornciunos" está incornpleta (p. 56 clas
poesia
sobre o ensaio de interpretação que se segue"' (lixplicaçoes cla F.xplicações, eclição de J951). Ir4as a interpletação e l:úsa por câLrs.r
clisso, ou estirrá serluer correto o esclirrecirnento da passagenr íeito
clc I'lülclcrlin, P. 63)
entetrcto
..Não pol Reissncr? Ilá un texto ent si?-
observa Detlev l,üclers sobre esta Sentença:
como um texto pode repousar s:obre sua interpretação; unr texto' l.l
penso eu, é algo fixaclo literalmente' Sua frase envolve o paradoxo (jorn os nreus nrelhor-es cutnprirlrentos e votos de unr leliz trabalho
de o text.cl ser, por urn laclo, b que serve cle base', e, por outro
laclo'
scu ettsrtio
Corn precisão, Detlev l'iictrers ccin{irnra el)r
<1ttt:
htltrveumaterceiraecliçiiodasfr,:rplicaçot'stlttpoasictdelliililetlht,cl.lt
as rer:t1it;i-les a setltetlça
lg63, e uma quarta, ernlgTl,e qlle em alrtllar;
l:leitlegger
questionüda - contrarianlellte ao clesejo cie supressão cle
* perlnanec:e inalteracla.
lleicieggcr:
A carta c1e Detlcv Liiclers lbi grrardacla por lVlartin
Explicações
dentrcr exemplar de trabalho cla segurida eclição das
c1o seLl
exemplilr' a seDterlça
sem nenhuma anotaçãcl cle sua parte' Neste
questiontrda fcli inteirirmente mirrcatla t:m
verrnelho na tnitrgcrn cla
seu exeurplar cle trabalho cla prinreira
edição (194 1) clo
iiíguru. No
ell) clia santo"l'l a
cliscurso sobre"c) hino cle Ilôl<lerlin Assimcorno
"interpretaçãti' lcri posta
última palirvra cla setltença qttestionacla -
rnÍrrflenl direilir, I Icicleggcr
ent.e aspos e sublinhacla de leve a lápis; na
anototlesublintrouaiápis:.ilbservação,lAlélrrdestasarrrltirçôeslriio
nenl no resto tla obra
se encontra nenl nos exemplares cle trairalho'
se Martin
póstunra, rtenhuma inclicação <ia clual se puclesse concluir
<le suprirnir a trase' tenc.lo'
Heiclegger se manteve Íirnte no propósittt
se esqueciclo <le levá-lo a terttro nirs
duas ecliçôes seguintes'
contudo,
ouseelesetomououtradecisã(rc_cotttritriirtnetlteaoatrútncicierrr
SLla cartc - deixou conscienternetrte
que a sentença questiotlacla
penÍIanecess e e talvez qttisesse explicá-la'
conlo a irnotaçá<l à
sllpor' o c1*e acirbclu
lllargem rlo seu exemplar de trabalho permite
não acontecenclo por alguma razão desconhecida'
ljelrnente tr
Por solucionar ir difícil tarela c1e reproclttzir
marginália que I-teiclegger traçotl levernente
a lápis' agradeçtr
sinceramente a Walter v' Kenrpsl<i'