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UNIVERSIDADE WUTIVI

FACULDADE DE ECONOMIA E CIÊNCIAS EMPRESARIAS

CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

DISCIPLINA: FINANÇAS PÚBLICAS E DIREITO FINANCEIRO

TEMA:

INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS PÚBLICAS E DIREITO FINANCEIRO

Notas de Aulas

ÍNDICE

1. Introdução a Finanças Públicas................................................................................................................................................................................................................... 1


1.1 Objecto do estudo das Finanças Públicas.................................................................................................................................................................................................. 3
1.2 Objectivo de Finanças Públicas................................................................................................................................................................................................................. 3
1.3 Missão das Finanças Públicas................................................................................................................................................................................................................... 5
1.4. Principais acepções da expressão “Finanças Públicas”............................................................................................................................................................................ 5
1.5. Fenómeno Financeiro............................................................................................................................................................................................................................... 6
1.5.1. Perspectiva Política do Fenómeno Financeiro....................................................................................................................................................................................... 6
1.5.2. Perspectiva Económica do Fenómeno Financeiro................................................................................................................................................................................. 8
1.6. Conceitos de Finanças Públicas e Finanças Privadas............................................................................................................................................................................. 13
1.6.1 Diferenças entre Finanças Públicas e Privadas..................................................................................................................................................................................... 14
1.7 Processos das Finanças Públicas............................................................................................................................................................................................................. 16
1.8 Definição Finanças na óptica do Governo............................................................................................................................................................................................... 17
1.9 Conceito de Dinheiros Públicos.............................................................................................................................................................................................................. 18
1.10 Necessidade de existência do setor público e respetivas funções.......................................................................................................................................................... 18
1.10.1 Necessidade da existência do Estado................................................................................................................................................................................... 18
1.11 Actividade Financeira Pública ou Economia Pública............................................................................................................................................................................ 19
1.12 Actividade financeira como forma de satisfação de necessidades.........................................................................................................................................................21
1.13 Classificação das Necessidades............................................................................................................................................................................................................. 22
1.14 Traços Fundamenais das Necessidades................................................................................................................................................................................................. 22
1.15 Necessidades financeiras como necessidades públicas......................................................................................................................................................................... 23
1.17 Critérios de satisfação pública de necessidades sociais......................................................................................................................................................................... 24
1.18 Características de bens públicos ou bens colectivos.............................................................................................................................................................................. 26
1.19 Provisão dos Bens Públicos e Bens Privados........................................................................................................................................................................................ 27
1.20 Actuação Financeira do Estado............................................................................................................................................................................................................. 28
1.21 Função do Estado.................................................................................................................................................................................................................................. 29
1.22 Externalidades, Bens Públicos e outras Falhas de Mercado.................................................................................................................................................................. 31
1.23 Finanças Públicas como Instrumentos da Política Económica.............................................................................................................................................................. 32
1.23.1 Função do Estado............................................................................................................................................................................................................................... 32
1.23.1.1 Função Afectação................................................................................................................................................................................................................................32

1.23.1.2 Função Redistribuição.........................................................................................................................................................................................................................33

1.23.1.3 Função Estabilização Económica.........................................................................................................................................................................................................34

1.24 Actividade financeira do Estado............................................................................................................................................................................................................ 35


1.25 Os meios de financiamento dos bens públicos...................................................................................................................................................................................... 37
2. Finanças Públicas, Clássicas e Modernas.................................................................................................................................................................................................. 37
2.1 A evolução dos sistemas e regimes económicos..................................................................................................................................................................................... 37
2.1.1 As Finanças Públicas e os sistemas económico-sociais........................................................................................................................................................................ 37
2.1 Características fundamentais do modelo capitalista liberal (Finanças Clássicas)................................................................................................................................... 45
2.2 Transição para as Finanças Modernas..................................................................................................................................................................................................... 47
2.3 As finanças intervencionistas ou modernas............................................................................................................................................................................................. 47
2.4 Finanças Públicas Modernas................................................................................................................................................................................................................... 48
2.5 Factores Críticos ao Sucesso de um Sistema de Finanças Públicas Moderno.........................................................................................................................................48
2.6 Conclusão................................................................................................................................................................................................................................................ 49
3. Direito Financeiro...................................................................................................................................................................................................................................... 50
3.1. Conceito e natureza................................................................................................................................................................................................................................ 50
3.2 Fontes de Direito Financeiro................................................................................................................................................................................................................... 52
3.3 Divisão interna do Direito Financeiro..................................................................................................................................................................................................... 53
3.4. Relação entre finanças públicas e direito financeiro e outros ramos de direito......................................................................................................................................53
3.4.1 Direito Financeiro e Direito Constitucional......................................................................................................................................................................................... 54
3.4.2 Direito Financeiro e Direito Administrativo......................................................................................................................................................................................... 54
3.4.3 Direito Financeiro e Direito Penal........................................................................................................................................................................................................ 55
3.4.4 Direito Financeiro e Direito Processual................................................................................................................................................................................................ 55
3.4.5 Direito Financeiro e Direito Privado.................................................................................................................................................................................................... 55
3.4.6 Direito Financeiro e Direito Internacional............................................................................................................................................................................................ 56
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................................................................................................... 57
1. Introdução a Finanças Públicas

Falar de finanças, é falar de meios ou instrumentos financeiros, que são o dinheiro (fundos) e os créditos; os meios financeiros que têm de se adquirir e servem para se

utilizar na compra de produtos/bens e serviços ou como reserva de valor.

As Finanças Públicas compreendem a globalidade de todos os processos e respectivas operações de planeamento e administração financeira do Estado que garantam a

captação, mobilização, alocação, controlo e registo dos recursos públicos (internos e externos) e a sua aplicação em programas, actividades ou património de

Instituições dos Sectores Público e Privado do Estado, incluindo o respectivo controlo e prestação de contas, com vista à:

 Prossecução de fins de interesse público ou privado do Estado;

 Satisfação de necessidades colectivas (imediatas e mediatas); e

 Promoção do crescimento económico inclusivo, em prol do desenvolvimento integrado local, nacional e regional.

O que é Finanças Públicas?

1
Finanças Públicas são as actividades económicas através do qual o estado ou outro ente público afecta bens económicos para a satisfação de certas necessidades

sociais.

As finanças públicas estudam a função financeira do Estado: aquela parte de tudo o que envolve o dinheiro público, quer seja aquela parte da arrecadação de receitas

(de impostos e taxas) quer seja a parte das despesas (onde gastam). Obviamente que esta disciplina da ciência tem pontos de con-tacto com outras ciências, como, por

exemplo, com a Economia.

A autonomia das Finanças Públicas

Há até quem diga que não há grande diferença entre Finanças e Economia e que as primeiras não têm autonomia relativamente às segundas. A posição da Escola de

Coimbra (a posição mais ou menos unânime) é que há, de facto, autonomia.

A Economia é a ciência que estuda a afetação de recursos escassos e de emprego alternativo e fina-lidades de desigual importância. Os recursos não são suficientes

para satisfazer todas as necessidades e, por isso, há que os distribuir.

O critério da Economia é, então, o critério da eficiência. Aos olhos da Economia, a melhor forma de repartir os recursos é fazê-lo da maneira mais eficiente, porque

isto será garantir que se satisfaz o máximo de utilidades.

1 1 Bem económico - é aquele que a sua oferta tem preço e é um bem escasso ao contrário do bem livre.
As finanças públicas também estudam o mesmo que a Economia mas, com a particularidade de que os recursos são os recursos/fundos públicos do Estado. É dinheiro

que o Estado, com a sua auctoritas, vem buscar aos cidadãos e, por este facto, implica um cuidado especial e regras especiais quer na vertente da cobrança desses

fundos (temos de ter regras jurídicas claras), quer na vertente dos gastos públicos.

Finanças Públicas é o estudo científico da atividade financeira das administrações públicas, numa perspetiva descritivo-indutiva (procura detalhar e estudar os

fenómenos retirando depois as conclusões necessárias, por outro lado) e, em termos monetários, a partir da abordagem do Direito. A sua principal abordagem é no

aspeto financeiro do Estado, como os órgãos do Estado adquirem, gerem e aplicam os meios financeiros → vertente positiva

Já a Economia Pública realça, em maior ênfase, os aspectos reais da actividade económica, o problema económico. Economia Pública aborda analiticamente os

problemas económicos e a consequente relação entre o Estado e a Economia, privilegiando o método hipotético-dedutivo (não se preocupa em estudar os fenómenos

em grande detalhe, mas sim em criar um conjunto de pressupostos aceitáveis que poderão constituir um modelo preditivo que depois será estrutural para explicar os

fenómenos), em termos reais, assumindo a vertente positiva (qual o efeito do uso da política orçamental nos objectivos económicos?) e a vertente normativa (qual

deve ser o grau de intervenção do Estado na economia?).

 Vertente Positiva – A Economia Pública mede, numa vertente positiva, os efeitos das medidas económicas. Mede os impactos, positivos ou negativos, e

como o Estado vai resolver o problema económico. Ou seja, procura descrever e explicar os fenómenos económicos.

 Vertente Normativa – estabelece recomendações sobre acções a tomar. Está presente o pensamento da melhor via para atingir certo objectivo, estando

inerente o juízo de valor.

Quando surgem as Finanças Públicas?

As Finanças Públicas surgem como consequência da incapacidade do mercado em prover bens e serviços para a satisfação das necessidades colectivas.

Entende-se como necessidade colectiva as carências comuns sentidas por uma colectividade. O exemplo disso são a falta de estradas para a circulação de pessoas e

bens, a falta de Escolas Públicas onde as crianças possam estudar, a falta de protecção dos Cidadãos. A função de prover bens e serviços públicos é exclusiva do estado.

Por quê da existência de Finanças Públicas?

As Finanças Públicas surgem como necessidade de gestão de coisa pública, porque o estado emprega dinheiro para realizar as suas actividades. A Actividade

Financeira Pública, para poder ser desenvolvida supõe que se tenham tomado decisões financeiras e que exista um substrato organizacional e humano que não só as

haja preparar como as vá executar.


1.1 Objecto do estudo das Finanças Públicas

O objecto do estudo das Finanças Públicas abrange o estudo de todos aspectos que envolvem a aquisição e a utilização de recursos económicos, pelo estado com vista

alcançar determinados níveis de emprego, crescimento económico, desenvolvimento e de distribuição de rendimento, através de bens e prestação de serviços.

1.2 Objectivo de Finanças Públicas

O Objectivo de Finanças Públicas é o estudo da actividade fiscal, ou seja aquela desempenhada pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos para

realizar despesas e investimento dos Serviços Públicos. Assim a política Fiscal orienta-se em duas direcções:

a) Política Tributária que se materialize na capitação de recursos para atendimento das funções da administração pública;

b) Política Orçamental que pretende atingir objectivos que podem ser assim sumarizados:

 Eficiência na afectação de recursos;

 Distribuição adequada de rendimentos;

 Estabilidade económica;

 Crescimento e desenvolvimento económico.

 Eficiência na afectação de recursos

Um dos vectores da actividade financeira do Estado é a execução de programas de despesas que constituem a aplicação de recursos a determinados sectores e agentes

económicos com vista a alcançar os objectivos pré-determinados.

 Distribuição adequada de rendimentos

Para garantir uma distribuição adequada de rendimento os Estado intervêm através de Finanças Públicas em dois sentidos:

 Primeiro subtraindo parte dos rendimentos individuais e empresariais, através do sistema de tributação;

 Segundo, aplicando as receitas obtidas em programas de despesas que beneficiam, directa ou indirectamente a população e as empresas.

 Estabilidade económica

O Estado está privilegiadamente colocado para regular o fluxo circular do Produto e do rendimento Nacional, e neste contexto adoptar os meios para anular possíveis e

indesejadas flutuações.

 Crescimento e desenvolvimento económico


O crescimento económico, que em termos reais é avaliado pelo crescimento real do PIB à um ritmo maior que o crescimento populacional, devera ser um dos

objectivos da política económica dos Governos e da actividade financeira do estado. O desenvolvimento económico é no essencial, um processo dinâmico visando

alcançar a progressiva redução dos desequilíbrios entre regiões e na distribuição do rendimento nacional.

1.3 Missão das Finanças Públicas

A Missão das Finanças Públicas é garantir a captação, mobilização, alocação, controlo e aplicação prudente, criteriosa, eficiente e transparente dos recursos públicos

com vista a satisfazer as necessidades de interesse público e promover o crescimento económico inclusivo e o desenvolvimento harmonioso e sustentável do País.

1.4. Principais acepções da expressão “Finanças Públicas”

A expressão Finanças Públicas pode ser utilizada em três sentidos diferentes, a saber:

 Sentido orgânico – conjunto de órgãos do Estado ou de outro ente público que tem por função gerir os recursos económicos destinados a satisfazer

determinadas necessidades sociais; (p. ex.: Ministério das Finanças).

 Sentido objectivo – designam a actividade em si desenvolvida pelo Estado ou outro ente público com vista à afectação dos meios económicos necessários

à satisfação de determinadas necessidades sociais.

 Sentido subjectivo – Refere-se a disciplina científica que estuda os princípios e regras que regem a actividade do Estado com o fim de satisfazer as

necessidades que lhe estão confiadas.

No segundo e terceiros sentidos, tende-se modernamente a designar-se por Economia Pública, quer esta forma de actividade económica, quer o ramo de Economia que

a estuda.

Na vertente normativa, na resolução do problema económico, temos três abordagens, três princípios de intervir:

 Princípio da Eficiência – analisa o melhor meio de afetar os recursos.

 Princípio da Equidade – analisa a melhor ou pior igualdade no mercado (justiça social).

 Princípio da Liberdade – analisa se as políticas respeitam a liberdade individual (soberania do agente económico).

O problema económico (necessidade que têm de ser colectivamente satisfeitas), em termos de escolhas públicas, insere-se num ambiente político: no âmbito da Teoria

da Escolha Pública (Public Choice), analisa-se a influência de factores institucionais e políticos na tomada de decisão colectiva, podendo os agentes políticos

prosseguir interesses não coincidentes com o interesse público (agentes políticos egoístas, que seguem interesses próprios) – falhas de governo – originando desvios

face à perspetiva normativa da maximização do bem-estar social (o político tem de ir ao encontro do bem comum para ser (re)eleito).

Em suma: O que nos leva a estudar as Finanças Públicas é, fundamentalmente, a existência de uma actividade financeira pública, que se traduz em obter receitas

para a realização de despesas com vista à satisfação de necessidades colectivas.


1.5. Fenómeno Financeiro

As entidades públicas, ao satisfazerem as necessidades que lhes estão confiadas, utilizam bens económicos, desenvolvendo uma actividade na natureza económica.

Assim, fala-se em fenómeno financeiro procura exprimir justamente essa utilização de meios financeiros próprios para a satisfação das necessidades comuns.

Igualmente, representa o estado das relações económicas entre as pessoas e instituições sociais, por um lado, e o Estado, do outro com essas instituições. Sendo o

fenómeno financeiro, fenómeno social pode ser encarado sob muitas perspectivas. As mais importantes são: (1) a política, (2) a económica, e (3) a jurídica.

1.5.1. Perspectiva Política do Fenómeno Financeiro

A Perspectiva Política do Fenómeno Financeiro – compreende (a) Finanças Públicas e Poder Politico, (b) as Comunidades Religiosas (para leitura), (c) as

Organizações Internacionais (para leitura), e (d) as Instituições infra-estatais.

(a) Finanças Publicas e Poder Político – o fenómeno financeiro, tal como hoje o conhecemos, pressupõe é um processo socialmente organizado e, em regra,

coactivo de interpretação e satisfação das necessidades públicas, em função do bem comum da comunidade considerada. Trata-se, pois, de um fenómeno cuja

base é social, (no sentido de que pressupõe a existência de uma sociedade) e que implica ainda mais a organização dessa sociedade em comunidade politica, com

existência de uma diferenciação entre governantes e governados e exercício do poder politico pelos governantes.

Na base da actividade financeira encontram-se dois pressupostos:

(1) A existência de necessidades sociais, ou seja necessidades que resultam da própria vida em sociedade e que são sentidas pelos indivíduos enquanto

elementos integrantes da sociedade e sentidas, ainda, pela própria sociedade em si.

(2) A existência de um processo pelo qual são definidas as necessidades que irão ser satisfeitas, de acordo com a hierarquia estabelecida, afectados os

recursos à sua satisfação e impostas as opções aos elementos da sociedade (indivíduos e grupos).

(b) Comunidades Religiosas – existem no âmbito das comunidades religiosas fenómenos que se assemelham, pelo menos formalmente aos fenómenos financeiros.

Numa dupla perspectiva: satisfação das necessidades colectivas e financiamento do funcionamento das instituições. Estas comunidades funcionam à base de

comparticipação dos fieis, quer através de doações espontâneas, quer do pagamento de determinadas taxas em troca de serviços, sem no entanto, sem recorrer à

coacção.

(c) Organizações Internacionais – o problema de particular actualidade é o de saber se o fenómeno financeiro se restringe ao quadro estatal ou se existem para

além do Estado fenómenos financeiros próprios da comunidade internacional, nomeadamente nas organizações internacionais. A indagação sobre a existência de

fenómenos extra-estatais não se confundem com o reconhecimento forçoso de que existem regras internacionais que se fazem sentir sobre a actividade financeira

interna do Estado, como sejam os tratados e convenções internacional relativos à tributação e luta contra a evasão fiscal.

Trata-se de saber se na vida das organizações internacionais existem, de facto, fenómenos financeiros. Em princípio, pela sua própria existência e funcionamento, as

organizações internacionais implicam que haja formas de financiamento e processos internos que se podem aproximar daqueles que são prática corrente dos Estados.
Enquanto esse financiamento for assegurado através das contribuições voluntárias do Estados Membros, como sucede nas Nações Unidas, por exemplo, não existe

qualquer elemento que nos permite dizer que estamos perante os fenómenos financeiros.

No entanto, o desenvolvimento moderno de organizações supranacionais veio introduzir novos elementos na questão, na medida em que veio nalguns casos atribuir-se

a essas organizações um poder que se exerce dentro das fronteiras dos Estados Membros e lhes permite entrar em relação com os cidadãos de cada país; por exemplo,

Organização Internacional dos Transportadores (OIT) vs Organizações Nacionais de Transportadores (ONT) geram receitas próprias, com estas receitas podem pagar

uma percentagem na OIT.

Assim, aumenta o volume financeiro dos recursos afectos a organizações internacionais e qualitativamente, surgem fenómenos financeiros próprios no seu âmbito

(finanças supranacionais).

(d) Instituições infra-estatais – seria impensável que o Estado chamasse a si a totalidade de satisfação das necessidades públicas; e mais ou menos em todos países

existem áreas que estão afectas a outros entes públicos. No país, para além do Estado, encontramos outras entidades que exercem uma verdadeira actividade

financeira pública. Assim, no seio da Administração Pública podemos encontrar serviços com autonomia administrativa e financeira que movimentam somas

avultadas de fundos são os casos de empresas públicas e autarquias locais e institutos nacionais e outros entes equiparados.

1.5.2. Perspectiva Económica do Fenómeno Financeiro

A Perspectiva Económica do Fenómeno Financeiro – compreende (a) economia privada, social e pública, (b) o poder e a economia, ordenação económica,

intervenção económica e actuação económica do Estado.

(a) Economia privada, social e pública – a actuação económica das pessoas, dos grupos e da sociedade pode ser exercida de diversas formas.

Em alguns casos, deparamo-nos perante indivíduos, famílias ou organizações de base contratual que na produção, no consumo, na repartição ou na circulação actuam

como unidades individuais ou como organizações de base contratual, na satisfação das respectivas necessidades, segundo critérios predominantemente individuais.

Trata-se de economia privada, em regra contratual.

Outras vezes, deparamo-nos, também, com organizações que visam satisfazer necessidades, segundo uma lógica cooperativa ou colectiva, recorrendo à disciplina

institucional interna do grupo, mas sem a possibilidade de recorrer a mecanismos de coacção externa. Por exemplo, as tradicionais formas de comportamento

económico comunitário, as novas modalidades de unidades cooperativas ou autogestionárias, as instituições não contratuais. Estas formas de organização económica

constituem exemplos da economia comunitária, cooperativa ou colectiva.

Finalmente temos a economia pública (sujeito actual e importante: é o Estado) quando as pessoas podem associarse em organizações políticas, nas quais tem por fim o

interesse geral de sujeitos indeterminados, indo para além da simples satisfação de necessidades comuns sociais. Para tal se socorrem de poderes de autoridade – no

duplo sentido da produção de preceitos sociais obrigatórios, mesmo para quem não participou na respectiva elaboração, e da possibilidade de recorrer, se necessário, à

coacção por parte dos órgãos da instituição.


A economia privada baseia-se no livre comportamento dos agentes económicos e em equilíbrios, parciais e gerais, por eles livremente estabelecidos, de acordo com os

seus interesses próprios confrontados com transparência e medido por referências comuns – os preços formados em mercados. Tem como instrumentos fundamentais

os contratos e como instituição básica de apropriação dos bens, produtivos ou de consumo, a propriedade privada.

A economia social assenta na solidariedade, organizada em grupos de diversa dimensão e nível económico, na liberdade de comportamentos das pessoas e dos grupos,

na combinação da propriedade privada com a propriedade social e comunitária, na cooperação organizada (mais livremente ou com maior peso dos interesses sociais);

ela pode integrar instrumentos de racionalidade e solidariedade orgânica diversificadas, que combinam o individualismo com o solidarismo, nos seus diversos matizes.

A economia pública assenta, à partida, na existência de uma solidariedade organizada e dotada de poder político – portanto, da coacção máxima social – à escala da

colectividade ou de subsistemas do sistema social, numa lógica de direcção económica planeada, com formas de apropriação dos bens pela sociedade através dos seus

órgãos políticos e juízos colectivos de utilidade; estes impõem-se do centro (órgãos de decisão política) para a periferia (membros da sociedade), seja qual for a forma

de designação e o critério de funcionamento interno da entidade pública considerada.

(b) O poder e a economia – é importante entender a relação entre o poder político (modelo ou padrão da organização do Estado) e actividade económica,

entendida como o processo orgânico de satisfação das necessidades humanas mediante a afectação de bens materiais raros ou escassos a fins alternativos

tais como individuais ou sociais, privados, comunitários ou públicos. Esta relação pode ser de três tipos principais, a saber: (1) a ordenação económica; (2) a

intervenção económica e (3) a actuação económica pública.

(1) A ordenação económica – corresponde a primeira função da máquina politico-administrativa, à qual compete proceder a definição de quadro geral de natureza

jurídica e social em que se vai desenvolver a actividade económica. Resulta da própria definição de uma política ou doutrina económica e social do Estado, que

2
se pode inspirar, por exemplo, nas filosofias abstencionista , liberal, socialista, comunista, etc. e por essa via estabelecer os contornos da actividade económica.

Os princípios inspiradores concretizam-se na Constituição Económica que compreende ao conjunto de várias normas, às quais há-de obedecer toda a vida

económico-social, e na Legislação Económica que se consubstancia na produção das normas jurídicas que aspiram regulamentar a ordenação económica.

O Estado pode ainda, ao abrigo da sua função ordenadora da vida económica, produzir directivas gerais e específicas. No que concerne a directivas gerais que

não demarcam os quadros fundamentais de toda a vida económica, mas a ela se subordinam, seja para toda a actividade económica, seja para certos sectores,

tipos de actividade ou conjunto de relações económico-sociais gerais e permanentes, regulando de forma directa, por exemplo, um sector ou uma área de

actividade.

As directivas gerais podem abranger as instituições gerais (nas áreas de produção, do consumo, dos instrumentos reguladores – mercados e plano, da circulação

de bens – moeda e crédito, dos mercados de factores de produção, de repartição de rendimento e das relações internacionais). E, as directivas específicas

orientam a funcionalidade sectorial, por exemplo, agricultura, industria, comércio e outros serviços.

Em resumo:

2 Abstenção económica do Estado – o Estado tende a não exercer funções de regulamentação e intervenção sobre a actividade económica, para deixar agir espontaneamente a livre concorrência. Toda a
orientação económica é dominada pela preocupação de não modificar o comportamento normal dos sujeitos económicos privados, abstendo-se quanto possível de interferir sobre eles ao desenrolar o
seu comportamento próprio (actividade económica)
A Ordenação económica (o que se pode fazer) – é o estabelecimento de um quadro politico-institucional (essencialmente através de meios jurídicos), que regula a

actividade económica e condiciona o seu desenvolvimento, e que decorre:

a) Dos princípios da doutrina económica e social que obedecem à filosofia de organização económica de cada país (liberalismo, social-democracia, socialismo,

comunismo);

b) De princípios gerais – constituição económica – isto é, normas e práticas jurídico políticas que regulam a atividade económica (em Moçambique, esta relação

encontra-se na Constituição da República de Moçambique);

c) De linhas/diretrizes concretas que especificam as orientações gerais, consolidadas na legislação económica, regulando a actividade económica em geral ou,

então, apenas determinados sectores ou grupos da sociedade (por exemplo, lei da concorrência e lei de delimitação do sector público/privado);

d) De administração ou jurisdição económica, isto é, imposições decorrentes de decisões políticas ou judiciais que definem padrões e quadros em que o

comportamento económico se desenvolve.

(2) A intervenção económica do Estado acontece quando utiliza os instrumentos monetários ou financeiros de que pode lançar mão dentro dos parâmetros gerais

previamente definidos na sua função ordenadora da vida económica.

Supondo que o Estado considera indesejável que se produzam mais tecidos de fibras sintéticas. O Estado pode intervir da seguinte maneira:

a. Pode evitar que se abram mais fábricas;

b. Poderá baixar o preço dos têxteis, implicando a falência de algumas unidades fabris, e outras podem retrair a produção;

c. Poderá restringir o crédito ao sector;

d. Poderá afixar quotas do mercado; ou

e. Restringir a produção de fabricas.

Neste contexto, o Estado recorre ao seu poder para modificar o comportamento de sujeitos económicos (não alterando os quadros gerais da actividade económica); e

isso pode resultar de disposições directas limitativas, como por exemplo, de restrições financeiras, do agravamento de impostos, de simples movimento de forte

persuasão, ou coação psicológica (particularmente quando existem crises graves), ou de muitas outras formas indirectas.

A intervenção económica do Estado, como vimos, pode ser directa ou indirecta, e representa a relação mais flexível, diversificada e variada entre o Estado e a

actividade económica. De referir que, o Estado ao intervir, fá-lo, sem modificar os quadros gerais, da actividade económica, e sem tão-pouco tomar decisões relativas à

utilização de bens e satisfação de necessidades sociais ou estaduais, isto quer dizer o Estado não assume-se como sujeito económico.

Em resumo:

A Intervenção Económica (como influenciar o comportamento dos agentes económicos face a determinados objectivos delineados na ordenação económica) - trata-se

da intervenção dos poderes públicos, com base no seu poder de soberania (com incentivos), de forma a alterar o comportamento dos agentes económicos sem alterar o

quadro geral.
 Concretiza-se através da política económica, que é a forma mais racionalizada de intervenção económica, mas também através de atuações

pontuais e casuísticas (por exemplo, planos de recuperação do setor financeiro);

 Mera persuasão ou coação psicológica − e pode dirigir-se a alterações de comportamento em sentido negativo (ex.: a lei do tabaco) ou

positivo (ex.: incentivando o uso de energias alternativas, através de uma bonificação a quem compra veículos elétricos → é um estímulo para

que as pessoas actuem dessa maneira).

(3) A actuação económica do Estado - O Estado pode, como “forma” de organização política da sociedade, desenvolver uma actividade de sujeito económico

colectivo ou social, comunidade e das pessoas. Em todos os tempos existiram efectivamente zonas da actividade económica que, por serem conexas com as

próprias funções do Estado, foram por ele exercidas (desde que existe o Estado). Essas zonas são a Justiça, a Defesa, a Segurança Pública, a Administração Civil

e outros Serviços afins, que só o Estado pode satisfazer. Quando o Estado presta serviços, está a desenvolver uma actividade económica na medida em que se

trata de serviços úteis e “pagos” por taxas ou impostos, que implicam decisões quanto à afectacao de bens ou meios económicos raros, e de serviços que têm

custos e implicam o uso de bens económicos. Para além das zonas consideradas, anteriormente, existem outras áreas de actividades que o Estado chamou a si

prestar, variando de país para país, como, por exemplo: os Correios e Telecomunicações, certas modalidades de Créditos, a Rádio e Televisão (por vezes em

concorrência com os privados).

Resumindo: em todos os casos vistos designam-se por actividade económica directa do Estado, quando o próprio Estado actua como agente ou sujeito económico,

formulando escolhas ou opções económicos no interesse de comunidade que lhe cumpre satisfazer.

Exemplificando as relações entre as modalidades têm-se:

(1) Como formas de ordenação, pode referir-se as disposições constitucionais que se referem à actividade económica; a legislação sobre os sectores

institucionais de produção; a legislação sobre sociedades comercias.

(2) No que diz respeito a intervenção, de referir, por exemplo, a realização de compras pelo Estado para facilitar o combate à depressão económica; a

constituição de empresas públicas com o fim de promover o desenvolvimento económico; o tabelamento de preços (por exemplo, combustíveis), adopção

de medidas anti-inflacionárias, a acção psicológica da persuasão dos industriais para estimular o aparecimento de novas indústrias; a aprovação de um

Plano Económico e social pelo Parlamento sob proposta do Executivo.

(3) Na sua actuação económica, o Estado cobra imposto e realiza despesa; dispõe de edifícios, de florestas, de recursos minerais; tem acções e obrigações de

que é titular; contrai e reembolsa empréstimos; vende o seu património; etc. Nenhum dos comportamentos acima referidos exclui um do outro são

cumuláveis. Assim, a actuação do Estado pode ser uma forma de intervenção, por um lado, e por outro pode não o ser, a ordenação económica pode

assumir-se como mera forma de intervenção generalizada, e até pode ser tomada como meio de criação de bens.
1.6. Conceitos de Finanças Públicas e Finanças Privadas

 Finanças Públicas – é o estudo das relações financeiras ligadas a formação (angariação), aplicação e o controlo dos recursos financeiros pelas entidades

públicas, com vista a satisfação das necessidades em bens e serviços públicos, isto é, a actividade financeira das entidades públicas.

 Finanças Privadas - compreendem aspectos tipicamente monetários do financiamento de uma economia, abrange problemas relacionados com a moeda e

créditos ou, mais restritamente, os mercados financeiros onde se transaccionam activos representados por títulos a médio e a longo prazos.

1.6.1 Diferenças entre Finanças Públicas e Privadas

A actividade financeira das entidades públicas enquadra-se nas Finanças Públicas enquanto a actividade das pessoas singulares e colectivas privadas se considera no

âmbito das Finanças Privadas.

O Estado e as Empresas têm as suas próprias finanças, as finanças públicas e as finanças privadas, respectivamente.

A produção dos bens e serviços pode ser feita pelo Estado ou pelas Empresas Privadas. Por vezes, as empresas não querem satisfazer as necessidades, pois na maior

parte das vezes estas têm de renunciar total ou parcial do lucro. Para ocorrer a satisfação das necessidades colectivas tem o Estado que se encarregar delas, e acarretar

com as despesas inerentes que acabam por ser pagar através dos impostos. Esta é a principal diferença entre as Finanças Públicas e as Finanças Privadas.

As empresas privadas produzem bens, fazem despesas, para financia-las tem de recorrer aos meios de financiamento. Estes podem ser o dinheiro do dono ou dos sócios

ou através do recurso ao crédito. Porém este financiamento deve ser recuperado através da venda de mercadorias (produtos).

No entanto, o Estado também recebe unidades monetárias que se destinam à cobertura de despesas, mas estas não conseguem cobrir a sua totalidade, tendo de

recorrendo aos impostos. Na raiz dos meios de financiamento da empresa privada está sempre uma relação de troca; os preços, na verdade, representam a

contraprestação, presente e futura, das mercadorias que as empresas fabricam ou vendem. Os impostos pagos pelos contribuintes representam a maioria das receitas do

Estado, os fenómenos financeiros que dai advêm são estudados pelas Finanças Públicas.

Uma qualquer empresa precisa de reconstruir, através da venda dos produtos e serviços, o valor dos capitais fixos e circulantes utilizados na produção, dai resulta que

tenha de pautar as suas despesas pelas receitas que possa obter. Se as despesas não forem inferiores ou, quanto muito, iguais às receitas, a empresa começa a ter perdas,

pouco a pouco arruína-se e pode mesmo desaparecer. Com o Estado não acontece o mesmo, o Estado pode lançar impostos obrigando os cidadãos a entregar-lhe, sem

contrapartida, parcelas do seu rendimento ou capital; tem, portanto, nas suas mãos um meio poderoso de financiamento. Daí que as despesas do Estado não estejam

subordinadas às suas receitas: ele pode cobrar receitas na medida das despesas que se dispõe a realizar.

À medida que o Estado aumenta os impostos vai também aumentando a resistência dos contribuintes, e não só dos contribuintes dos grupos ou classes sociais

dominadas, como os contribuintes, em número cada vez maior, dos grupos ou classes dominantes. A certa altura a resistência de uns e de outros começa a ser tão forte,

que o Estado tem de atacar, deixando de prosseguir com o agravamento dos impostos.
O Estado, no fundo, determina as receitas e as despesas em ordem aos fins que pretende atingir. O Estado também produz bens, também faz despesas, também tenta

reduzir ao mínimo as suas despesas. Mas o Estado ou não vende os bens que produz – é o caso dos bens públicos, que apenas satisfazem as necessidades colectivas; ou

os vende a um preço que não é estabelecido com a mira do lucro, e sim com a mira da satisfação das necessidades individuais julgada conveniente – é o caso dos bens

semi-públicos.

O Estado, ou não pode propor-se, ou não se propõe receitas superiores às despesas. Se em qualquer serviço público as obtém, não é com o intuito de lucrar, mas com o

intuito de apenas satisfazer as necessidades que julga deverem ser satisfeitas. Neste caso, ficam de lado, claro está, as explorações em que o Estado produz bens

privados, as quais exorbitam do campo das finanças públicas e praticamente quase nada contam.

As finanças Públicas distinguem-se claramente das privadas quanto ao fim que prosseguem quer quanto aos meio utilizados.

a) Quanto aos meios utilizados:

As Finanças Públicas, utilizam meios de financiamentos obtidos através do exercício do poder de coação. Para dizer que, os recursos das finanças Públicas advêm das

contribuições autoritariamente imposta pelo estado aos cidadãos, isto é, o estado coage ao cidadão a contribuir, sob a forma genérica de tributos, enquanto, as Finanças

Privadas utiliza meios de financiamentos provenientes da troca dos bens e serviços produzidos no mercado, isto é, os recursos que resultam dos preços pagos pelos

cidadãos, estabelecidos segundo uma forma negocial.

b) Quanto ao objectivo (seu fim):

As Finanças Públicas providenciam bens e serviços para satisfazer necessidades públicas, isto é, satisfação das necessidades colectivas da sociedade; enquanto, as

Finanças Privadas providenciam bens e serviços que colocam no mercado destinados a satisfazer necessidades individuais ou particulares (privadas).

c) Quanto às relações entre Receitas e Despesas

As Finanças Privadas, são as receitas que determinam as despesas. Uma entidade privada não pode efectuar mais despesas do que o montante que prevê arrecadar

com a venda do seu bem/ serviço. Enquanto, as Finanças Públicas, aparentemente são as despesas que determinam as receitas, mas, há que ter em conta que o Estado

determina as receitas e as despesas em função do que pretende atingir.

Inter-relacionamento entre as Finanças Públicas e as Finanças Privadas


O Estado regula a actividade dos particulares, limitando ou incentivando o consumo privado,
tendo como exemplo o IVA. Por seu lado, os particulares emprestam dinheiro ao Estado, perante
a Inflação é necessário emitir dívida pública através da compra de títulos, como Obrigações de
Tesouro, Títulos de Tesouro, Certificados de Aforro e Bilhetes de Tesouro.
1.7 Processos das Finanças Públicas

Designa-se de Processo de Finanças Públicas ao conjunto estruturado de funções, actividades, operações e respectivos procedimentos e responsabilidades pela sua

execução, de forma padronizada e em cada componente ou subsistema específico de Finanças Públicas, que concorra para a prossecução da Missão das Finanças

Públicas, em geral, ou de uma ou mais partes específicas das Finanças Públicas, em particular.

Os diversos processos de Finanças Públicas classificam-se em Primários, Associados, Influentes e de Suporte, atribuindo-se-lhes, respectivamente, os seguintes

entendimentos:

 Processos Primários - os processos que intervêm e contribuem directamente na implementação e prossecução da Missão das Finanças Públicas;

 Processos Associados - os processos que têm ou podem surtir impactos ou efeitos financeiros sistémicos na cadeia de valor e na prossecução dos

objectivos de Processos Primários e da Missão das Finanças Públicas;

 Processos Influentes - os processos que, ainda que as suas actividades decorram fora do sistema ou da cadeia de valor das Finanças Públicas, os seus

efeitos têm ou determinam algum impacto significativo na gestão das Finanças Públicas, podendo implicar a reorientação ou o desvio de aplicação de

recursos para se atender a situações concretas ou a efeitos decorrentes da sua ocorrência.

 Processos de Suporte - são aqueles processos instrumentais e cuja intervenção ou contributo é indispensável para a viabilização ou facilitação da

implementação da missão das Finanças Públicas, na sua cadeia de valor.

1.8 Definição Finanças na óptica do Governo

As finanças públicas representam a fotografia das transacções financeiras do governo. Estas transacções incluem a colecta de receitas através da política tributária ou

outras fontes de receitas, assim como a despesa orçamental e as operações financeiras que não são consideradas despesas mas são executadas pelo governo. Por

exemplo: o recebimento de um empréstimo ou donativo externo que financia o orçamento. Inclui-se nesta definição as operações do governo central e as dos governos

provinciais, a gestão da dívida pública e a gestão de activos do Estado da economia.

As contas das empresas públicas e dos governos autárquicos não fazem parte das finanças públicas. Embora a legislação referente a Conta Geral do Estado, o

encerramento das contas do Estado devem incluir balanços gerais das empresas públicas e dos governos autárquicos.

1.9 Conceito de Dinheiros Públicos

Os Dinheiros Públicos – são todos os fluxos anuais de fundos e de valores equiparados, movimentados, durante o período financeiro, no âmbito do Sector Público

Administrativo, nomeadamente, pela Administração Central, Provincial, Distrital, pelos fundos e serviços autónomos, pela segurança social, pelas autarquias locais, em

principio, no quadro dos respectivos orçamentos anuais independentemente da sua origem ou destino.
São, igualmente, dinheiros públicos, todos os fluxos de fundos e valores equiparados, movimentados, possuídos, pelo sector público empresarial, independentemente da

sua origem e do seu destino.

As entidades públicas que devem possuir ou deter os dinheiros públicos são: o Estado, as instituições públicas, as autarquias locais, as empresas públicas, ou outros

organismos ou entidades devidamente autorizados.

Notas suplementares

1. Para efeitos de entendimento dos dinheiros como públicos é indiferente o facto de terem sido gerados ou despendidos no estrangeiro; por exemplo as

receitas e despesas consulares;

2. Os dinheiros públicos não perdem a sua natureza pública pelo simples facto de serem transferidos para beneficiários privados, exteriores ao sector público.

1.10 Necessidade de existência do setor público e respetivas funções

1.10.1 Necessidade da existência do Estado

Na literatura especializada, existem várias explicações teóricas para a existência do Estado. Uma classificação muito comum organiza estas teorias em:

 Teoria de origem familiar do Estado (patriarcal; matriarcal) - o Estado seria o desenvolvimento e ampliação da família. o Teoria patriarcal: o Estado

derivaria de um núcleo familiar cuja autoridade suprema pertenceria ao homem mais velho. (patriarca);

 Teoria matriarcal: primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe e seria esta organização familiar que estaria na origem do

Estado.

 Teoria de origem violenta do Estado (teoria da força) - o Estado, que resultou do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos, os quais tiveram de

criar meios (regras) para exercer a sua soberania (não tem uma maneira democrática de exercer o poder - Estado real) – visão negativa comparativamente à

visão positiva dada pela Teoria de origem contratual.

 Teoria de origem contratual/do contrato social (é nesta teoria que se baseiam todas as teorias modernas) - o Estado decorre de uma convenção entre

os membros da sociedade (Estado racional) para defender os seus direitos naturais e satisfazer as necessidades coletivas (ordem e condições mínimas -

exemplo: defender a propriedade, aumentar a segurança, proteger a organização política, etc.). O contrato social prevalece enquanto a população concorda

com as necessidades coletivas a satisfazer e a forma como estas são satisfeitas. – Visão democrática.

 Teoria de origem divina – está interligada com as teorias de origem familiar (está na sua origem) - crença de que o monarca tem o direito de reinar por

vontade de Deus e não dos seus vassalos.

 Teoria do direito natural – está interligada com as teorias de origem contratual (está na sua origem) - existência de um “Estado da Natureza” antes da

existência de um Estado contratualista.


1.11 Actividade Financeira Pública ou Economia Pública

O fenómeno financeiro é um tipo cientificamente definido de fenómeno social. Na verdade, faz parte da vida social e pode ser objecto de uma análise segundo a óptica

própria das diversas ciências sociais: do Direito, se for encarado na perspectiva dos valores de justiça e das normas que se propõe a regulá-los; da Economia, se

encarado como forma de afectação de recursos materiais e financeiros escassos a fins alternativos; a Ciência Política se for como forma de exercício do poder em

geral; ou politico em especial; da Psicologia, se for encarado nos aspectos de psicologia individual e social; e da Sociologia, se for concebido na sua essência pura e

mais geral de fenómeno social.

A actividade financeira pública ou economia pública - compreende a actuação económica directa do Estado através de utilização dos meios económicos raros

susceptíveis de aplicações alternativas por entidades públicas ou pela própria comunidade, a fim de satisfazer necessidades comuns. Tomemos, um exemplo.

Imaginemos que há uma praga de mosquitos, portadores de malária, numa colectividade, e que os membros da comunidade pretendem exterminar os insectos. Para

isso, as alternativas possíveis são as seguintes:

(1) Não sair de casa para não ser picado por nenhum mosquito. Excepto se algum mosquito entrar em casa, a solução será eficiente; tem porém um

inconveniente de os residentes da área não poderem se deslocar fora da casa. O custo directo desta alternativa é quase nulo; mas ela tem o grande contra de

impedir a actividade normal das pessoas.

(2) A comunidade fica em casa instala-se ar condicionados e assim melhoram as condições de vida e de trabalho. O custo seria mais elevado: 55.000,00Mt. E,

o mesmo inconveniente continua a de não permitir a comunidade de desenvolver as suas actividades normais.

(3) A comunidade pode sair de casa; usando cremes ou outros processos de protecção contra os mosquitos (redes mosquiteiras). O incómodo pode ser grande,

e a eficácia da solução é razoável, mas ela é barata: 800,00Mt. E permita às pessoas fazerem a sua vida fora da casa.

(4) Pode-se utilizar um nebulizador ou extintor no jardim de cada um dos residentes, afastando um pouco mais os mosquitos infectados. A eficácia é duvidosa

e o custo mais elevado: 5.500,00Mt.

(5) Nenhuma destas soluções elimina o mal na origem: os mosquitos continuarão a existir e a multiplicarem-se. A única solução totalmente eficiente será a

pulverização aérea dos seus viveiros com pesticidas adequados: esta solução custará, por hipótese, 250.000,00Mt. (frete de uma avioneta e aquisição de

produtos químicos).

A escolha entre estas diferentes soluções técnicas – que não são equivalentes mas todas minimizam o problema de combater mosquitos causadores de malária –

depende das possibilidades orçamentais (constrangimentos orçamental) de cada pessoa e dos inconvenientes pessoais de cada uma delas. Para a generalidade, a

alternativa 5 seria desejável, mas estaria acima das possibilidades orçamentais de cada um.

As outras quatro alternativas seriam escolhidas consoante o custo e os orçamentos de cada um: os mais pobres teriam acesso apenas a alternativa 1; outros disporiam de

outras alternativas. A acção individual tem, em regra, acesso às quatro primeiras soluções alternativas.
Na verdade, a quinta solução, ainda que estivesse ao alcance dos recursos económicos de algum particular muito rico, sempre possibilitaria a “boleia” ou “borla” de

todos os outros: estes tirariam o mesmo proveito que o financiador da iniciativa, mas de graça, enquanto este a pagou por inteiro. Ou então, para ela poderão associar-se

os vizinhos, empreendendo um acção comum: mas quem garante que todos queiram contribuir, admitindo que algum tome por si a incitativa, de modo parcialmente

altruísta?

A verdade é que, sem fazer nada, os vizinhos que nada gastaram tiram o mesmo benefício da extinção dos mosquitos; e, mesmo ficando mal vistos, podem não gastar

nada, utilizando – por “boleia” ou “à borla” – os benefícios gerados pelas acções dos outros. E pode suceder que os poucos que aceitarem pagar ou cooperar de outra

forma, acabariam por achar o custo tão caro que isso os levaria a desistirem por não poderem financiar a acção necessária.

A acção pública mostra-se a mais adequada, pois, é a que é empreendida por entidades públicas: entidades dotadas de poder de autoridade, obrigadas à prossecução de

fins gerais da colectividade e representativas dos seus membros, com base institucional que não é necessariamente a da voluntariedade de associação (embora possa sê-

lo em associações publicas livres). Este conjunto de actividade constitui o cerne da economia pública (em sentido amplo, abrangendo as actividades de ordenação,

intervenção ou actuação económica publica); ou em sentido restrito, abrangendo somente a actuação económica publica (do lado de obtenção de recursos – finanças

públicas stricto sensu).

1.12 Actividade financeira como forma de satisfação de necessidades

Os intervenientes da Economia são todos agentes que intervém na economia exercendo pelo menos uma actividade económica (Produção, Distribuição e Consumo)

Empresa – todo conjunto organizado de recursos financeiros, materiais e humanos actuando na produção de bens e serviços que satisfazem necessidades, cujo principal

objectivo é a maximização do lucro. Famílias – São os principais demandantes de bens e serviços produzidos pelas empresas e são em simultâneo a mão-de-obra das

mesmas. Estado – é o agente regulador da economia, com o intuito de satisfazer as necessidades colectivas.

Necessidade - É o estado de carência ou insatisfação pela ausência de consumo de um bem ou serviço. O Estado, ao desenvolver a sua actividade age ou actua para

satisfazer um conjunto de necessidades comuns. Assim, é pelo tipo de necessidades e pela forma como são satisfeitas que se pode caracterizar a actividade financeira.

1.13 Classificação das Necessidades

Primária

Importância

Secundária

Necessidades Económicas

Custo

Livres
Individuais

1.14 Traços Fundamenais das Necessidades

As necessidades podem ser caracterizadas por três traços fundamentais:

(1) Necessidades sociais

(2) Necessidades públicas

(3) Necessidades de satisfação passivas

Necessidades sociais – são aquelas que resultam necessariamente da vida em sociedade e são sentidas pela sociedade no seu conjunto, ou como um todo.

Necessidades públicas – são aquelas cuja satisfação é feita pela actuação do Estado ou de outros entes públicos.

Necessidades de satisfação passivas – são aquelas cuja satisfação se faz pela mera existência dos bens, e não exigem, qualquer actividade do consumidor. Por

exemplo: a necessidade de defesa do território. Os habitantes de determinado país sentem a necessidade de estar permanentemente defendidos ou protegidos contra

possíveis ataques externos, mediante o serviço de exército. Daí a razão de criação de exército, e que basta que esse serviço tenha sido criado, para que todos o utilizem,

isto é, para que todos satisfaçam a sua necessidade de defesa do território.

1.15 Necessidades financeiras como necessidades públicas

O que permite caracterizar uma necessidade como pública é a forma por que é satisfeita. E, a circunstância de ser satisfeita pelo Estado ou por outro ente público.

Quanto a forma de satisfação, assume-se a satisfação privada, que pode ser através de criação de bens, da prestação de serviços ou de utilização de bens.

Quanto a circunstâncias de estas necessidades serem satisfeitas pelo Estado ou outro ente público, tem importantes consequências:

(1) a possibilidade de uso de coação na determinação das necessidades, como na escolha dos processos de financiamentos (a obtenção de recursos para satisfazer as

necessidades). Para isso vai implicar a imposição de um sacrifício patrimonial aos particulares; e

(2) (2) os critérios de opção são distintos.

Embora possa haver decisões políticas, em geral o processo da decisão financeira obedecer aos critérios que orientam em geral o sistema económico-social.
Necessidades de satisfação passiva: As necessidades de satisfação passiva não assenta num mecanismo de procura; o seu financiamento faz-se por imposição de um

sacrifício ao património dos particulares. São os casos de segurança pública, a defesa nacional, a administração civil e outros serviços. É ao Estado que cumpre a

responsabilidade de assegurar a satisfação.

Necessidades de satisfação activa: As Necessidades de satisfação activa são aquelas cuja satisfação exigem uma certa actividade do consumidor. Por exemplo: a

necessidade de alimentação. Para uma pessoa se alimentar, não basta que os bens existam, que mantimentos tenham sido produzidos; é preciso que a pessoa os procure,

que desenvolva uma actividade para os utilizar. Estas assentam no mecanismo de troca (procura e oferta no mercado) no qual o critério objectivo do valor é o preço de

bens ou serviços.

1.16 Circunstâncias de Satisfação

Activa (princípio de exclusão): o produtor dos bens pode exigir um preço pela utilização desses bens. Aí, vigora, o princípio da exclusão: o preço exclui os que não

podem ou não estão em condições de pagar. Por exemplo: o padeiro que fabricou o pão, ao marcar o preço impede quem quer comer o pão sem ter pago previamente.

Isso permite lhe, através da venda, cobrir as despesas da produção.

Passiva (princípio de inexclusão): o produtor dos bens já não pode exigir pela utilização dos bens preço nenhum. Imagine-se que alguém se recordou de organizar o

serviço do exército. Desde que o serviço existe, passa a ser utilizado por todos sem pagamento de qualquer preço. O indivíduo que criou o serviço de exército não

beneficia do princípio de exclusão: vê-se impossibilitado de obter o mínimo pagamento dos utentes ou utilizadores desse serviço e fica com as despesas integralmente a

seu cargo.

1.17 Critérios de satisfação pública de necessidades sociais

Vários critérios têm procurado definir objectivamente critérios de racionalidade económicas, que explicassem as opções formuladas antes ou para além de qualquer

decisão política. De todas teorias, um critério que importa reter é o dos bens públicos ou bens colectivos. Os bens públicos tem uma natureza que implica uma

alternativa ou não existem, e afecta o bem-estar geral; ou só pode ser produzido por entes públicos. Tomemos os seguintes exemplos:

(1) O farol de navegação marítima, a sua criação e funcionamento é incompatível com as regras do mercado e, no entanto, a sua necessidade é sentida por

todos os que fazem a navegação costeira. As utilidades que ele presta não podem ser imputadas a um determinado agente económico que possa como tal

pagar a sua criação ou funcionamento. E,

(2) Um interesse egoísta chega para financiar o uso de um bem, mas não pode vedar a sua utilização pelos outros: o caminho municipal que dá acessos à

quinta do Sr. Mungoi, financiado pelo dono da quinta, é acessível a todos, além de ser considerado beneficiário, fica compensado pelo proveito que tira do

caminho. Todavia, isto só sucederá com pessoas altruístas e com bens cujo custo de produção ou provisão não seja excessivamente elevado. Pode ainda

suceder que vários interessados se associem para construir o caminho de acesso às suas quintas, mas não poderão, se se tratar de vias públicas, vedar a
utilização a outros pelo que alguns se sentirão tentados a não participar, beneficiando-se da obra comum; ou então tentarão cobrar uma portagem, ou vedar

o acesso aos outros – o que só pode ser o Estado a consentir ou impor.

Provisão Pública de Bens consiste no fornecimento de bens ou serviços através de prestação de serviços públicos com vista a proporcionar maior bem-estar

económico e social. A provisão pode assumir o carácter duradoiro (património do Estado) ou anual (despesas públicas). Há uma diversidade de bens.

Os bens classificam-se em:

 Bens Públicos;

 Bens Privados; e

 Bens Sem-Públicos.

Assim, entende-se por um Bem Público um bem cujos benefícios são usufruídos por toda comunidade de modo indivisível, independentemente da vontade de um

qualquer indivíduo querer ou não consumir o bem público.

Bens públicos ou bens colectivos são aqueles em que, para um determinado nível de existência ou provisão do bem, a sua utilização por uma pessoa não prejudica

minimamente a utilização por qualquer outra. Ex.: estradas, hospitais públicos, escolas públicas, defesa nacional, etc. É o caso de um farol, da defesa nacional, do

serviço de patrulha policial ou patrulha costeira, do funcionamento geral dos órgãos de soberania, caminho municipal que dá acesso a quinta do Sr. Beltrano.

Bens públicos propriamente ditos (puros) – são os que se limitam a satisfazer as necessidades colectivas. O consumo destes bens por um indivíduo não afecta o seu

acesso por outro. Todos usufruem dos bens e não há como o governo mensurar o quanto cada indivíduo o usa e assim tributálo, podendo ser usados mesmo por aquele

que não é tributado. Ex.: iluminação pública.

Bens privados são aqueles produzidos por Entidades Privadas e que para sua aquisição, o produtor exige o pagamento de um preço, excluindo todos os que não querem

pagar. Estes bens satisfazem as necessidades individuais ou pessoais. Ainda pode-se definir:

Bem privado é aquele que não pode ser compartilhado por todos. Há concorrência entre os indivíduos. O direito de propriedade não permite que todos tenham acesso

ao bem.

Bens semi-públicos são aqueles produzidos por uma colectividade de carácter público ou privado podendo ser gratuitos, parcial ou totalmente custeados pelos

utilizadores. Por outra: Bem semi-público - é aquele que pode ser oferecido tanto pelo Governo quanto pelo sector privado. O governo o oferece para tentar reduzir as

desigualdades de acesso. E, em alguns casos, há uma selecção para possibilitar o acesso ao bem, atendem ao princípio de exclusão ou seja excluem do usufruto aqueles

que não pagam. Ex: serviços de Educação e Saúde.

Aspecto importante:
 Um bem público não é necessariamente propriedade do Estado.

 É público no sentido de estar inteiramente disponível para toda a gente.

1.18 Características de bens públicos ou bens colectivos

a) Prestam pela sua própria natureza, utilidades indivisíveis todos os indivíduos têm acesso aos bens públicos à mesma disponibilidade, isto é, os bens

públicos não são susceptíveis de serem utilizados por um só indivíduo isoladamente. Ex.: a iluminação pública.

b) São bens não exclusivos, significa que não é possível privar ninguém da sua utilização. Ex.: o Estado de segurança nacional que é garantido pelo exército

e pela polícia é usufruído por todos sem nenhuma exclusão; e

c) São bens não emulativos – significa que os sujeitos não entram em concorrência para conseguir a sua utilização.

1.19 Provisão dos Bens Públicos e Bens Privados

Bens Públicos:

 Os bens públicos/colectivos são normalmente fornecidos por entidades públicas;

 Pode haver provisão conjunta ou por iniciativa comum de bens colectivos por entidades públicas e privadas, caso em que, em regra, a decisão fundamental

será pública, contando com a colaboração privada;

 Satisfazem as necessidades colectivas

 São produzidos por entidades públicas

 São custeados por via coativa ou pelo pagamento de um preço igual ao custo do produto

 Não há concorrência entre os consumidores para a aquisição do bem.

 O mercado não os pode produzir

 Não se pode limitar a sua utilização ao um só sujeito.

 Em contrapartida é extremamente difícil excluir alguém dos benefícios de segurança interna ou defesa nacional, só para mencionar estes dois exemplos.

Bens Privados:

 Os bens privados são fornecidos por entidades privadas;

 Pode haver bens/serviços individuais objecto de provisão mista (caso muito frequente: parcerias público-privado);

 A generalidade dos bens individuais tende a ser objecto de provisão privada;

 Satisfazem as necessidades individuais;

 São produzidos por agentes privados;

 Implicam concorrência entre os consumidores;


 Pagamento do preço fixado pelo mercado entre os produtores e consumidores. Bens semi-públicos

 São produzidos pela colectividade pública ou privado;

 Satisfazem necessidades independentes da procura dos consumidores;

 Podem ser gratuitos, parcial ou totalmente custeados pelos utilizadores.

Resumindo: Consoante a entidade que oferece os bens ou serviços, consideraremos de bens públicos, nos casos de bens oferecidos por entidades públicas; de bens

privados, nos casos de bens oferecidos por entidade privadas e de bens semi-públicos nos casos em que há provisão conjunta ou por iniciativa comum de bens

colectivos por entidades públicas e privadas.

A provisão dos bens públicos pode e deve ser feita pelo Estado por diversas razões:

 O Estado tem uma perspectiva de interesse geral;

 O Estado tem perspectiva temporal ilimitada e uma capacidade de risco superior à dos outros grupos ou associações contratuais;

 O Estado dispõe de autoridade para impor regras da utilização dos bens patrimoniais e seu funcionamento (coacção, no seu aspecto sociológico); e

 O Estado tem por via de regra, em cada comunidade, dimensão que lhe possibilita empreender esforços que não estão ao alcance de instituições ou

pessoas privadas e que a comunidade em si não pode resolver com êxito.

1.20 Actuação Financeira do Estado

As Formas de Actuação Financeira do Estado assumem dois momentos importantes a destacar:

 A provisão do bem nas condições adequadas à obtenção da satisfação óptima: significa prestar serviços públicos ou colocando bens à disposição da

colectividade, com carácter duradouro (património do Estado: edifícios, equipamentos, terra, etc.) ou em cada ano (despesas públicas);

 Deve observar-se que em casos se trata de actividades sem as quais não haveria Estado;

 A defesa do prestígio e autoridade do Estado pode levar a proibição de exércitos privados mas não a serviços privado de segurança, já que a sua existência

fornecem bens/serviços privados a par do bem público da segurança.

 Obtenção dos recursos necessários para assegurar a provisão dos bens através de financiamentos: receitas públicas (impostos), créditos e donativos.

1.21 Função do Estado

Os elementos constituintes do Estado são:

 Povo

 Território

 Poder Político Definição do Estado: conjunto de pessoas, ou agregado populacional (que possui cultura, costumes, hábitos, passado histórico e língua

comuns) que se fixa num determinado território e aí exerce o poder político.


A divisão moderna das funções do Estado é a seguinte:

(a) Funções Políticas – através destas o Estado garante os interesses superiores da Nação, gerindo a administração pública, e aplicando os recursos na satisfação das

necessidades colectivas e promovendo a paz. O Estado dispõe, portanto, de múltiplas instituições como as polícias, os tribunais ou o exército.

(b) Funções Sociais – O Estado promove a melhoria das condições de vida e de bem-estar da população. A garantia de acesso gratuito a serviços essenciais aos

segmentos da população mais carenciados (justiça, saúde, educação, etc), correcção das desigualdades sociais, segurança social, fazem parte destas funções.

(c) Funções Económicas – intervindo mais ou menos numa economia moderna, espera-se do Estado que:

a) Afecte criteriosamente os escassos recursos da economia;

b) Estabilize a economia e garanta o seu bom funcionamento,

c) Defina as regras jurídicas que regulamentam a vida económica,

d) Promova o crescimento e o desenvolvimento económico.

Tradicionalmente, estudam-se as três funções do Estado, segundo o critério de Musgrave (hoje, muito utilizado):

 A função de alocação (afetação de recursos);

 A função de estabilização económica;

 A função de redistribuição.

A função do Estado de alocação de recursos é quando o estado se substitui ao mercado na produção/disponibilização de bens – trata-se dos bens públicos e dos bens

semipúblicos. Aceitando que os mercados funcionam tendencialmente bem, a verdade é que há falhas de mercado. Quando estas ocorrem, significa que os mercados

não produzem determinados produtos nas quantidades desejáveis. Nestas situações, o Estado substitui-se aos mercados privados para garantir a eficiência e a

equidade.

A função do Estado da estabilização da economia tem a ver, especialmente, com o pensamento de Keynes. Keynes veio contrariar a chamada Lei de Say, a lei dos

mercados, que diz que a oferta cria a sua própria procura. Quando temos oferta e não temos procura (porque há uma preferência pela liquidez, aumentando esta última

na economia), temos uma crise cíclica. As economias capitalistas caracterizam-se precisamente pela sua tendência para as crises cíclicas. Então, tal como afirma

Keynes, é preciso que o Estado, com políticas de despesa pública, fomente/incentive a economia.

A função de estabilização não é apenas face a uma crise, sendo muito importante também em perí-odos inflacionistas. Quando não há crescimento económico, tende a

haver uma pressão inflacionista e, aqui, faz parte da política de estabilização a política anti-inflacionista. O estabilizar não é apenas uma política contra a recessão,

podendo ser também, por exemplo, uma política anti-inflacionista.

A função do Estado da redistribuição relaciona-se com facto de que quem distribui os rendimentos são os mercados, através dos salários, rendas, juros e lucros (são

estas as quatro formas de distribui-ção do rendimento pelos mercados). No entanto, o que acontece é que o Estado, sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial (uma vez

que, graças ao investimento americano na Europa no pós-guerra, algumas pessoas começaram a viver melhor e outras a viver pior), tem a função de redistribuir as
riquezas para que os rendimentos distribuídos pelos mercados sejam mais iguais. Ou seja, para que os ricos recebam menos e paguem mais e os pobres recebam mais e

paguem menos. Esta redistribuição pode operar-se tanto nas receitas como nas despesas.

O Estado deve ir buscar a quem tem mais para dar a quem tem menos, para garantir um mínimo de subsistência/sobrevivência a todos – a isto chamamos de taxa

progressiva. Que tem menos rendi-mento paga uma percentagem menor e quem tem mais rendimento paga uma percentagem maior. Há quem defenda que os impostos

de taxa única (a taxa única de IRPS) são injustos, porque tanto o rico como o pobre pagam o mesmo.

1.22 Externalidades, Bens Públicos e outras Falhas de Mercado

1) Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses

impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão. Portanto, existe uma externalidade, quando a acção de consumo, producão ou outra

realizada por um agente económico, afecta significativamente o bem-estar de outro agente e, esse efeito não é transferido através do sistema de preços.

Há vários tipos de externalidades:

 No consumo e na produção;

 Envolvendo poucos ou muitos agentes;

 Positivas ou negativas;

 Unidireccionais ou bidireccionais, etc.

Assim, por exemplo, empresa de fundição de alumínio (MOZAL), ao provocar chuvas ácidas, prejudica o ambiente e sobre tudo a colheita dos agricultores da

vizinhança. Esse tipo de poluição representa um custo externo porque é a agricultura, e não a indústria poluidora, que sofre os danos causados pelas chuvas

ácidas. Estes danos não são considerados no cálculo dos custos industriais, que inclui itens como matéria-prima, salários e juros. Portanto, os custos privados,

nesse caso, são inferiores aos custos impostos à colectividade e, por consequência, o nível de produção da indústria é maior do que aquele que seria socialmente

desejável. Já a educação gera externalidades positivas porque os membros de uma sociedade e, não somente os estudantes, auferem os diversos benefícios

gerados pela existência de uma população mais educada e que não são contabilizados pelo mercado.

2) Externalidades Negativas

Vamos agora considerar o caso de um bem ou serviço que envolva a geração de externalidades negativas. Esse é o caso, por exemplo, dos custos da empresa de

fundição de alumínio (MOZAL), que não está levando em conta os efeitos negativos da poluição. O custo total dessa actividade, para a sociedade, inclui tanto os

custos privados da produção de alumínio como os danos causados pelas externalidades (custos externos) aos agricultores e cidadãos que polulam a região de

Beluluane.

3) Externalidades Positivas

Em presença de externalidades positivas, os níveis de produção, associados ao equilíbrio de mercado, são inferiores àqueles que seriam socialmente ótimos.

Assim, por exemplo, a expansão da educação básica gera benefícios para a sociedade que extrapolam os benefícios auferidos pelos estudantes e suas famílias.
Esses benefícios externos não são considerados na decisão privada de frequentar a escola porque os estudantes não são compensados pelas vantagens usufruídas

pelo resto da coletividade, decorrente de sua decisão de estudar.

1.23 Finanças Públicas como Instrumentos da Política Económica

1.23.1 Função do Estado

Existem três funções do sector público numa economia mista contemporânea: a) afectação, b) distribuição e c) estabilização.

1.23.1.1 Função Afectação

A função de afectação tem por objectivo:

 Promover a afectação eficiente dos recursos;

 Assegurar os fundamentos do funcionamento dos mercados (direitos de propriedade etc.);

 Ultrapassar os fracassos do mercado (provisão de bens públicos, correcção das externalidades, lidar com assimétrica da informação).

Uma das áreas de intervenção do sector público é a da provisão de bens e serviços públicos que, sendo desejados pelos cidadãos, não encontram provisão através do

funcionamento dos mercados.

O princípio base subjacente a esta função é o da eficiência económica − Uma economia a funcionar livremente com base nos mecanismos de mercado tenderá a situar-

se num ponto ineficiente (ponto não situado na Fronteira de Possibilidades de Produção), devido à existência de falhas de mercado. Assim, a função afetação do Estado

surge para promover a alocação eficiente dos recursos, através de uma acção corretiva que, preferencialmente, não deve prejudicar nenhum agente económico

(movimento de Pareto – movimento onde conseguimos aumentar a produção de um bem sem diminuir a de outro bem), e que aproxime a economia o mais possível da

Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP).

Razões para a existência da função Afectação (porque é que o Estado intervém no mecanismo de mercado):

o A Economia está a afastar-se das regras de concorrência perfeita. O Estado atua como fiscal.

o Mesmo que a Economia atue dentro das regras de concorrência perfeita, existem falhas de mercado, responsáveis por a Economia estar num ponto

ineficiente (para as ultrapassar, é necessário desencadear uma ação corretiva adequada, dentro da área de Pareto), sendo elas:

o Existência de bens e serviços públicos (cujo fornecimento o mercado não assegura): o consumo é partilhado (não rivalidade - a maioria dos

consumidores podem usufruir dele, sem prejuízo do consumo alheio) e ninguém pode ser excluído pelo preço (não exclusividade). Exemplo:

caso da segurança pública ou da iluminação pública;

o Externalidades (positivas/negativas) - Existência de efeitos externos da produção ou do consumo de bens mercantis não sinalizados pelo

preço de mercado conduzindo a uma divergência entre o ótimo de mercado e o ótimo social.
 Acto involuntário;

 Não é refletida no sistema de preços (a externalidade em si não tem esse efeito, o Estado é que pode intervir, mexendo no

sistema de preços);

 Influencia outros agentes económicos. Exemplo: o tabaco, que é prejudicial à saúde e ao meio ambiente - para evitar esta

externalidade negativa, o Estado aumenta o seu preço

 Monopólios naturais – O Cmg está abaixo do Cmd, o que impede que nesta indústria se pratique P=Cmg, mas sim P=Cmd

o Informação imperfeita – informação assimétrica (quando alguém tem mais informação do que outro) e informação incompleta (quando estão

todos a actuar na base da ignorância), o que leva à incerteza e ao risco.

1.23.1.2 Função Redistribuição

A função distribuição tem por objectivo:

 Promover uma sociedade mais justa;

 Igualdade de oportunidades – assegurar a todos os cidadãos o acesso a certos bens e serviços considerados meritórios (cuidados básicos de saúde, ensino básico,

defesa, etc.)

 Desigualdade de rendimentos – alterar a distribuição de rendimentos resultante do mercado. A distribuição de rendimento e riqueza numa sociedade é, em grande

parte, uma herança do passado, na medida em que determina a distribuição de direitos de propriedade entre os agentes económicos.

O princípio base subjacente a esta função é o da equidade. Mesmo que a situação de mercado seja eficiente, a distribuição dos recursos económicos feita pelo mercado

(distribuição primária), em função da dotação de fatores produtivos das famílias e da respetiva remuneração, pode não ser consistente com o que a sociedade entende

por uma distribuição justa − o conceito de equidade é claramente mais subjetivo do que o conceito de eficiência.

Desta forma, segundo o princípio da Equidade, o Estado deve intervir para promover a justiça social) a dois níveis:

o Redistribuição (monetariamente), para tornar a distribuição mais justa - Através da distribuição secundária (transferência) de rendimentos; porém,

este tipo de intervenção pode gerar ineficiência: por exemplo, a existência do subsídio de desemprego pode alterar a escolha entre trabalho e lazer há que

avaliar o trade-off entre equidade e eficiência.

A redistribuição dos rendimentos pode actuar pela via da receita (diferenças ao nível dos impostos), ou pela via da despesa (subsídios ou mecanismos

similares).

o Provisão de bens e serviços primários e de mérito (bens com externalidades positivas sobre a sociedade – é benéfico o consumo destes na sociedade),

para promover a igualdade de oportunidades e de acesso a todos esses bens (ex.: subsídios em espécie – são subsídios condicionais, na medida em que

exigem certos requisitos, como as bolsas de estudo).


1.23.1.3 Função Estabilização Económica

A função de Estabilização tem por objectivo principal o seguinte:

 Promover a estabilização macroeconómica da economia, ao nível de:

o Emprego;

o Estabilidade de preços;

o Equilíbrio de contas existentes e;

o Crescimento económico.

A função de estabilização tem por objectivo, promover a estabilização macroeconómica da economia, de forma a contribuir para o crescimento sustentado da

economia, para níveis de emprego elevados, para uma estabilidade de preços e para um equilíbrio das contas externas.

Consiste na utilização da política orçamental, monetária e cambial, com o principal objetivo de minorar os ciclos económicos, através de:

o Crescimento económico sustentável (através de políticas estruturais);

o Níveis de emprego de recursos elevados (através de políticas conjunturais);

o Estabilidade do nível geral de preços (através de políticas conjunturais);

o Equilíbrio das contas externas e consequente independência nacional (através de politicas conjunturais).

1.24 Actividade financeira do Estado

A actividade financeira e seus critérios finalistas compreendem (1) os princípios doutrinários e políticas da actividade financeira, e (2) funções de sistema financeiro.

1) Os princípios doutrinários e políticas da actividade financeira – a actividade financeira numa economia descentralizada de mercado, não deixa de ser regida

por critérios essencialmente políticos, significa que as decisões políticas estão em primeiro plano embora se observe o primeiro de racionalidade económica. Por

tanto, os critérios doutrinários e ideológicos se fazem presente no desenvolvimento da vida social, particularmente no campo económico.

As decisões políticas são profundamente influenciadas pela época histórica em que ocorrem, e sujeitam-se a um princípio de equilíbrio entre bens públicos e bens

privados, tendentes a definir, em cada sociedade, os óptimos sociais de previsão relativa dos bens públicos e de dimensão global do sector publico, nomeadamente o

sacrifício imposto pelo Estado através da tributação, que é nas sociedades modernas o melhor índice sintético da relação públicoprivada.

Opções de sistemas: temos correntes de pensamento a considerar (i) Milton Friedman e F. Von Hayek defendem que a socialização operada pelo crescimento do sector

público e das necessidades satisfeitas de forma pública põe em risco os valores liberais, e (ii) Joseph Schumpeter mostrou como a evolução da organização empresarial

se orientava no sentido de instauração evolutiva de uma certa forma de socialismo, pela gradual transformação interna do capitalismo.
Tudo depende, de opções de princípios e de fins gerais que eles ditam à actividade financeira; a pretensão de apresentar explicações científicas compatíveis com o

comportamento do Estado na sociedade industrial não dispensa de ter como enquadramento doutrinário ou ideológico de uma teoria que, não obstante, ser necessário

ajustar a uma dada realidade. Há por certo, argumentos teoricamente fundados: o mercado orienta a produção com eficiência, mas não distribui a riqueza com justiça;

as soluções globais são, sempre no campo de doutrinas e no plano de ideias e políticas.

2) Funções do Sistema Financeiro – Richard Musgrave e Sousa Franco identificaram três funções do sistema financeiro do Estado:

(i) afectação de recursos;

(ii) distribuição de riqueza; e

(iii) objectivos macroeconómicos (estabilização, crescimento e reformas estruturais).

(i) Afectação de recursos – significa atribuição eficiente de recursos sociais apropriados pelo Estado à provisão de bens públicos, incluindo a função

segurança do Estado.

(ii) Distribuição de riqueza – significa atribuição, de acordo com os critérios adoptados, dos recursos existentes entre os membros da sociedade

(iii) Objectivos macroeconómicos – designadamente:

o Estabilização: manutenção de um nível satisfatório da actividade económica, assegurando a expansão equilíbrio, a plena utilização de

recursos e a estabilidade da moeda que passa pela adopção de medidas apropriadas, por exemplo o controlo de inflação.

o Crescimento e reformas estruturais: aumento do potencial produtivo nacional, garantindo assim a manutenção ou intensificação da

expansão em períodos longos, outras formas de remodelação das estruturas económicas e sociais.

1.25 Os meios de financiamento dos bens públicos

Os bens públicos são financiados por três tipos de receitas públicas, nomeadamente, as receitas patrimoniais, as receitas tributárias e as receitas creditícias.

(1) Receitas patrimoniais – são valores que o estado recebe pela prestação de serviços, venda de bens e produtos sob o seu domínio ou pela utilização

individual do património público. As receitas patrimoniais são voluntárias, pois surgem da manifestação de vontade de um determinado indivíduo em

usufruir de um produto, bem ou serviço que esteja sob domínio do estado.

(2) Receitas tributárias (impostos e taxas) – são valores provenientes do cumprimento de obrigações impostas por lei aos cidadãos. São, portanto, receitas

coativas.

(3) Os impostos – são prestações coativas, unilaterais, sem fins de punição, que são impostas aos indivíduos em relação aos quais se verificam certos

pressupostos, previstos na lei e que exprimem determinadas situações de riqueza.

(4) As taxas – são prestações do mesmo tipo que os impostos mas, que se diferem daqueles pelo facto de que os particulares a quem são exigidas auferem

uma determinada utilidade relacionada com o funcionamento de um serviço ou utilização de um bem.

(5) Receitas creditícias – são resultantes dos empréstimos contraídos pelo estado para cobrir défices orçamentais ou de tesouraria, ou ainda para esterilizar o

poder de compra e combater a inflação. Podem ser portanto, receitas voluntárias ou coativas.
2. Finanças Públicas, Clássicas e Modernas

2.1 A evolução dos sistemas e regimes económicos

2.1.1 As Finanças Públicas e os sistemas económico-sociais

Sistema Económico – são formas típicas e globais de organização e funcionamento da sociedade em geral (sistemas sociais) e da sua actividade económica em

especial. Estes sistemas socioeconómicos são inspirados por ideias e conhecimentos da sociedade e são condicionados pelas estruturas sociais, cujos modelos de

organização são bem diversos.

Estrutura Socioeconómica – a forma como se configuram numa dada economia, quer os seus elementos extra-económicos (condições geográficas, demográficas,

institucionais, etc.), quer os elementos económicos permanentes: as estruturas da produção, da repartição, da circulação e do consumo, numa dada economia.

Sistemas pré-industriais e sistemas da sociedade industrial – para efeitos de delimitação dos sistemas económicos, a rotura fundamental estabelece-se em torno da

revolução industrial, que constitui um marco de separação histórica para a sociedade moderna na medida em que veio introduzir profundos alterações nas instituições,

nas técnicas e até na forma vital e psicológica como as pessoas encaram a actividade económica.

Sistemas Económicos Pré – Industriais: Economia dominal ou feudal – caracteres de um organismo social e cultural e de direcção central do processo económico

existentes na economia tribal e feudal.

Economia urbana – existe no modelo de Economia Grega-latina como nas economias nacionais do sec. XV ao sec. XVIII europeus em diversas economias mais

evoluídas extra-europeias.

Sistemas Económicos Pós – Revolução Industrial: A Revolução Industrial produziu modificações fundamentais nas técnicas de produção, nas mentalidades, nos

comportamentos e nas instituições económicas. É a partir dela que se pode falar nos actuais sistemas económicos dominantes: o capitalismo e o colectivismo – apesar

de todas as diferenças, também têm entre si traços comuns, que advêm da Revolução Industrial.

Estes são dominados pela influência de idênticos factores fundamentais como a sujeição a uma tecnologia complexa, evoluída e integrada com o saber científico,

motivações hedonísticas e materialistas nos agentes económicos e a adopção de atitudes económicas activas. Numa época o capitalismo foi dominante e o colectivismo

quis ser a sua alternativa global. Hoje há ainda economias nacionais colectivistas e economias mistas (de transição para o mercado), mas o mundo hoje é dominado

mais do que nunca por uma economia de mercado com forte presença do Estado.

Capitalismo: As instituições típicas do sistema capitalista são, no domínio da produção, o capital e a empresa. Ao mesmo tempo, um conjunto de direitos fundamentais

vai integrar a organização e funcionamento do sistema – propriedade privada e iniciativa privada.


A ideia de propriedade privada começa por ser entendida em termos absolutos, dela decorrem o predomínio do capital dentro da empresa, sem que haja praticamente

qualquer possibilidade de intervenção do Estado.

Por outro lado, a iniciativa privada concretiza-se numa serie de princípios, entre os quais assumem particular destaque:

 Liberdade de contratar: total autonomia da vontade individual como reguladora dos contratos, e destes com o principal instrumento regulador da actividade

económico-social.

 Liberdade de trabalho – cada um exerce a profissão que deseja e dispõe do seu trabalho, contratando ele próprio com total liberdade as condições em que

vai trabalhar.

 Liberdade de empresa – o poder de criar livremente quaisquer unidades de produção e o direito de as gerir e delas dispor.

A ideia básica do funcionamento deste sistema é que a propriedade privada e liberdade económica são as condições do progresso e bem-estar de todos. Para a economia

funcionar é necessário encontrar um princípio de mercado, que é dominado pela Lei da Procura e da Oferta, definindo a relação entre os bens e o preço.

Assim, o funcionamento seria muito mais correcto quando aproximamo-nos da concorrência bilateral. As motivações deste sistema estão relacionadas com uma

economia de ganho ou uma economia de lucro, em que os sujeitos económicos são dominados pela intenção de ganho.

Regimes económicos do Sistema Capitalista

No sistema capitalista podemos distinguir dois tipos de regimes económicos:

 Liberalismo – reduzido poder político na actividade económica, que se desenrola sobretudo em obediência ao principio da liberdade dos múltiplos sujeitos

individuais; finanças neutras/clássicas.

 Intervencionismo – importante papel de ordenação e intervenção económica do poder político que, no entanto, continua a respeitar os princípios

fundamentais do sistema, ou seja, a propriedade privada e a iniciativa privada; finanças modernas/finanças activas.

As principais doutrinas que têm inspirado este regime económico estão agrupadas em quatro tipos:

 Individualismo – concebe o sistema social como uma simples rede de relações entre os Indivíduos e o Estado com o objectivo de prosseguir os fins

individuais agregados.

 Concepções solidaristas – solidariedade social determina a existência de relações, que dão origem ao aparecimento de instituições com fins e funções

próprias (Institucionalismo), ou o aparecimento de relações de corporação entre as instituições (Corporativismo), ou visam prevalecer os interesses ou

valores sociais nas organizações (socialismos não marxistas).

 Doutrinas organicistas – dotadas de entidades próprias na sua organização, quer se trate de uma organização baseado por extractos sociais

(Corporativismo), quer na prevalência do Estado como forma social de entidade suprema (Estatismo diverso tipo).
 Transpersonalismos sociais – encaram a organização social e do Estado como expressão de realidades que transcende a sociedade.

Regime liberalista

Este regime económico caracteriza-se por um Estado Mínimo e com um papel restrito, assegurando apenas as funções de soberania: defesa, segurança e justiça.

As Finanças Públicas são caracterizadas por umas finanças liberais que têm quatro perspectivas fundamentais: privatização da Economia, Sector público reduzido,

Princípio Mínimo e a simplicidade das finanças públicas.

Ao Estado compete apenas criar as condições que permitem à sociedade manter-se organizada e estável.

O sector Público é reduzido substancialmente em relação a outros períodos, desfazendo-se o Estado de muitas actividades, atingindo no máximo 10% a 15% do PIB.

O Estado (Actividade Financeira) apenas deve intervir de modo a prevenir o bem-estar da sociedade, absorvendo a menos parcela possível do RN.

Extrema simplicidade da actividade financeira, cobrando apenas a administração tradicional de forma homogénea e uniforme, não existindo empresas públicas,

administração autónoma, complexos regimes especializados e complexos regimes financeiros.

A separação científica e teórica entre finanças e economia, sendo a segunda uma separação radical. De acordo com a separação científica, as finanças são dominadas

por princípios mais jurídico-administrativa e política, sendo a economia dominada por princípios económico-sociais.

A Actividade Financeira deve ser organizada de forma a não perturbar a actuação livre dos sujeitos económicos, tendo duas consequências: a actividade financeira não

deve causar distorções na actividade económica privada; as instituições e actividade financeira não devem propor alterações ou comando da actividade económica.

Os Estado abstêm-se na intervenção da Actividade Económica, não exercendo funções de regulamentação e intervenção sobre a Actividade Económica, agindo de

acordo com a livre concorrência. Caso haja orientação por parte do Estado, esta é dominada para não modificar os comportamentos normais dos sujeitos económicos.

A Actividade Financeira é regulada normativamente, decidida na aplicação concreta e controlada na execução e objecto por parte do Governo, cabendo à instituição

parlamentar defender os cidadãos e representa-los.

A limitação da participação dos proprietários deve-se a existência do sufrágio censitário, limitando as formas de participação directa.

A Actividade Financeira decorre entre o poder público e o direito privado, onde os liberais põem em causa os direitos fundamentais.

No domínio jurídico-político, criou-se e aperfeiçoou-se as instituições financeiras, sobretudo as que orientam a defesa, com o objectivo de limitar o aumento da

despesa pública e dos encargos que recaem sobre os contribuintes e ainda uma forma de garantir o respeito pela propriedade privada.
O princípio da legalidade em sentido estrito vem garantir aos cidadãos - proprietários a reserva de competência no parlamento.

O imposto é uma receita típica das Finanças Clássicas, sendo neste período conhecida também por Finanças tributárias, levando a uma redução do património do

Estado, aumento da riqueza mobiliária no RN acompanhada pela abstenção do Estado, a ideia de contribuição como dever de cidadania. Este instrumento financeiro

atinge as classes agrárias tradicionais e os consumidores.

O Regime Capitalista assenta na ideia de justiça meramente formal. Apenas assegurando a igualdade formal de cada contribuinte perante a lei e manter um nível

ponderado de tributação.

O equilíbrio orçamental significa que as despesas totais devem ser cobertas pelas receitas normais ou pelos rendimentos do Estado, só recorrendo ao crédito em

situações de calamidade ou guerra. Sempre que existisse um défice, o Estado iria recorrer a emissão de moeda e empréstimos, sendo que estes podem levar a uma

situação crítica do país.

Liberalismo → Intervencionismo

No domínio dos factos, ocorreu uma serie de acontecimentos que foram determinantes ou justificando um maior papel do Estado na direcção da vida económica, como

o sejam: o aumento da intervenção política das classes mais desfavorecidas e das próprias classes médias, pelo sufrágio universal e o aparecimento dos partidos

trabalhistas e socialistas; a crescente concentração de empresas e o capital cada vez mais elevado que é necessário produzir; a larga diversificação dos modelos sociais

de desenvolvimento e a necessidade de intervenção militares por forças armadas profissionais crescentemente caras.

A intervenção do estado foi também determinada por uma série de acontecimentos que originaram roturas mais ou menos profundas com o liberalismo:

 Guerra de 1914-18 – enorme esforço militar em economia de guerra, provocação de roturas e acelerações dos movimentos sociais;

 Primeiro pós-guerra – grande depressão e instabilidade, sobretudo na Europa;

 Crise 1929 – depressão com deflação, enorme volume de desempregados e subaproveitamento de factores de produção;

 Segunda guerra mundial – ainda mais exigente e destruidora que a primeira;

 Segundo pós-guerra – necessidade de uma intervenção económica para a reconstrução das economias abaladas;

 Anos 70/80 – perturbações no plano interno e internacional, após as crises monetárias e os choques petrolíferos.

 Fim dos anos 80 e anos 90 – tendências de privatização, neo-liberalismo e nacionalismo

Regime Intervencionista

O conceito de Intervencionismo corresponde a uma doutrina e uma prática segundo o qual o Estado procura corrigir os aspectos do seu funcionamento que se

mostraram particularmente ineficazes, injustos e inconvenientes.


O funcionamento da economia baseia-se no livre comportamento dos sujeitos económicos, caso não resulte no progresso bem-estar, este intervém correctivamente,

alargando consequentemente as suas formas de actuação, conhecendo assim o Estado Providência ou de bem-estar.

As Finanças Públicas são caracterizadas por umas finanças modernas, com autonomia do sector público e das suas funções, a regra do óptimo, a dimensão crescente

do sector público e a pluralidade e complexidade do sector.

A autonomia do sector público é contrária ao princípio da privatização (subordinação do sector público ao privado), que traz-nos uma maior autonomia no exercício das

novas funções e na realização dos objectivos da política económica e social para a satisfação das necessidades colectivas ― Finanças Activas.

As Finanças Públicas numa situação de equilíbrio parcial do sector da economia pública e num equilíbrio geral da Economia Privada e da Economia Pública leva a um

sistema económico que tende ser misto, ou seja, as Finanças Colectivistas.

A regra do óptimo é um critério que serve ao sector público como meio de melhorar a satisfação das necessidades públicas e o possível óptimo social que inspiram as

finanças públicas na actividade económica.

A dimensão crescente do sector público absorve uma grande parte do Rendimento Nacional resultante de uma maior complexidade do sistema administrativo e da

criação de novas necessidades.

Esta complexidade deve-se ao facto do Estado ter uma estrutura muito elaborada e daí ter necessidade de criar empresas Públicas (SPE) e de recorrer com frequência a

empréstimos públicos (Crédito), dado que as receitas (Impostos) não são suficientes para cobrir estas despesas.

A actividade financeira e as Finanças estão sujeitas aos princípios sociais, económicos e políticos que estão interligados com um conjunto de teorias e práticas

intervencionistas.

As finanças Públicas abandonam as finanças neutras, dado que visam o bom aproveitamento com o objectivo de influenciar o comportamento dos sujeitos económicos

privados e da economia global - Finanças Funcionais. Assim, as Finanças Públicas passam a ser utilizadas como instrumentos de políticas sociais e económicas

(Políticas Financeiras). Dado isto, as Finanças Públicas são dominadas pela funcionalidade e a sua estrutura e gestão é determinada pelos fins sociais que pretendem

realizar.

As Finanças Intervencionistas no domínio jurídico-político, marca o declínio das Instituições Parlamentares, passando os poderes a concentrar-se nos Governos,

tecnocratização e na burocratização das decisões. Além destas, as politicas definidas pelo Governo e pelo Banco Central relativas a políticas monetárias influenciaram

esta decadência parlamentar.

Assim, surgem direitos económicos e sociais com grande peso financeiro devido a existência de formas diversificadas de participação e intervenção social.
Os instrumentos financeiros utilizados pelas Finanças Intervencionistas são caracterizados pelo ressurgir do património, a saturação fiscal e o abandono do equilíbrio

orçamental.

O reaparecimento do património e consequentemente as suas receitas, fez com que o Estado torna-se um empresário (SPE) com a criação de empresas públicas ou

mistas.

O imposto nas Finanças Modernas é visto como um instrumentos fiscal (Finanças Clássicas), mas também como um instrumento de políticas económicas e sociais que

servem para a redistribuição da riqueza ou para combater a inflação.

O abandono do princípio do equilíbrio orçamental é por vezes esquecido para combater problemas económicos e sócias, como a recessão e o desemprego.

Colectivismo

Os sistemas colectivistas surgem apenas no séc. XX, que se caracterizam por três grandes traços: a apropriação pública aos meios de produção (com desaparecimento

tendencial da propriedade privada), a subordinação vinculativa ao plano e a existência de motivações dominantes de interesse estatal, solidariedade social ou bem-estar

colectivo, mais propriamente o igualitarismo.

Funções dos instrumentos financeiros

 Asseguram o exercício de certas actividades essenciais para a sobrevivência da colectividade, que não são consideradas directamente produtivas – ensino,

a Administração Pública, a Segurança. social, etc.

 Equilíbrio na distribuição de recursos por sectores e regiões;

 orçamento é um relevante instrumento de execução do plano, na parte referente a infra-estruturas, serviços e equipamentos sociais;

 Desviar recursos que de outra forma se manteriam estéreis para o funcionamento de certas actividades socialmente úteis, através da existência de

empréstimos públicos impostos indirectos ou sobre o rendimento.

Em resumo:

Os sistemas financeiros dependem do regime económico. No capitalismo encontramos dois regimes:

(a) Liberalismo (Finanças Clássicas)

 Reduzido peso do poder público na actividade económica

 Liberdade dos múltiplos sujeitos individuais

(b) Intervencionismo (Finanças Modernas)

 Maior coordenação e intervenção do poder politico na economia, respeitando, no entanto, a iniciativa/ propriedade privada.
2.1 Características fundamentais do modelo capitalista liberal (Finanças Clássicas)

a) A privatização da economia

A economia era totalmente privada, competindo ao Estado criar condições para manter a sociedade organizada e estável e a propriedade privada por si, se defendia.

Eram funções do Estado, a defesa, segurança, administração geral e manutenção da ordem, quando muito, a prestação de outros serviços que não interessassem ao

capital privado.

b) O princípio do mínimo da actividade económica pública

Tanto em quantidade como em qualidade, a actividade financeira estatal deve-se reduzir ao mínimo imprescindível de modo a absorver o mínimo de rendimento

nacional e restringindo-se as actividades básicas de autoridade e administração.

c) Neutralidade financeira

Há uma neutralidade entre a actividade financeira e a económica. A actividade financeira é organizada de forma a não perturbar nem destroçar a actividade económica

privada e nem deve propôr finalidades de alteração ou comando de actividade económica privada.

d) Importância dos impostos e os sistemas fiscais

A receita típica do liberalismo é o imposto. O período das Finanças clássicas é o período das Finanças tributárias. O imposto garantia um peso devido a redução do

património estatal, aumento da importância da riqueza imobiliária do conjunto do rendimento nacional e ainda generalização da ideia de que o imposto é dever de

cidadania. Os sistemas fiscais típicos do liberalismo assentam na ideia de justiça meramente formal.

e) Equilíbrio Orçamental

Era o princípio orientador da actividade liberal. Para os clássicos, este equilíbrio orçamental significava que as despesas totais devem ser cobertas pelas receitas

normais (impostos e receitas patrimoniais) e o recurso ao empréstimo seria excepção em caso de guerra.

Resumindo: As Finanças clássicas correspondem a fase de puro liberalismo económico e reflectem todas as suas preocupações, designadamente a restrição do

papel do Estado e o elogio da actuação da iniciativa privada como instrumento fundamental da actividade económica. As duas características fundamentais do

liberalismo económico são:

 Reduzida dimensão do sector público;

 Abstenção económica estadual.


2.2 Transição para as Finanças Modernas

A transição das finanças neutrais para as finanças modernas ou intervencionistas foi determinada pelos seguintes factores:

1) A passagem do sufrágio de censitário a universal – o voto passa a ser garantido não só pelas classes possuidoras mas também pela classe operária e para

conquistar o voto desta última classe, o governo no poder cria certos benefícios que aumentam a despesa pública, nomeadamente a instrução e a

assistência médica gratuitas entre outros, abrindo-se deste modo o caminho para o alargamento do sector público;

2) reconhecimento pelos clássicos de que a distribuição da riqueza, exclusivamente fundada no funcionamento do mercado, não era a mais desejável do ponto

de vista do equilíbrio geral;

3) A existência de muitos monopólios e oligopólios, o que levou à subida de preços, aumentou a necessidade da intervenção do estado como regulador e

como agente económico, dedicandose a actividades que exigiam grandes quantidades de capital e que pudessem concorrer com as grandes organizações

monopolistas.

4) Após os efeitos nefastos das guerras, os liberais sentiram já a necessidade de que o estado lhes garantisse a paz, liberdade e segurança.

O surgimento de novas teorias económicas com maior ênfases nas de Keynes, que defendiam a existência de um “estado do bem-estar” (welfare state), reafirmando a

necessidade da intervenção do governo com vista a corrigir os desequilíbrios, dos quais o subemprego era a manifestação mais visível. Foi com estas teorias que se

desenvolveu a ideia de que o recurso ao empréstimo e à emissão da moeda em certas circunstâncias podia ser benéfico à economia.

2.3 As finanças intervencionistas ou modernas

As Finanças Intervencionistas ou activas – têm a sua génese nas teorias keynesianas dos anos 30 do séc. XX e defendiam políticas económicas com vista à

construção de um “estado do bem-estar social” – (Well fare state).

Princípios fundamentais das finanças intervencionistas

1) A regra do mínimo é substituída pela regra do estado óptimo – o estado procura, com a sua intervenção directa, suprir as falhas do mercado;

2) Alargamento do sector público, motivado pelas novas funções assumidas pelo estado;

3) O estado passa a intervir directamente na economia, abandonando o seu papel abstencionista e assumindo um papel de relevo na actividade económica.

2.4 Finanças Públicas Modernas

As finanças modernas são fruto dos regimes económicos intervencionais e dirigistas. Esta é a razão de ordem. A dimensão crescente dos actos públicos é uma das

características das finanças modernas a qual passa a resolver parcelas que se situam entre 30 a 50% do rendimento nacional. Alarga-se o património estatal,

multiplicam-se as empresas públicas e o peso do imposto cresce. As finanças tornam-se activas, pois passam a ter uma atitude e uma prática interveniente. Com o

crescimento do papel do Estado na actividade económica, a actividade privada fica restringida e condicionada.
Ao contrário do sistema liberal, há uma integração entre a economia e finanças estando sujeitas à intreracção das mesmas forças e princípios. As finanças públicas

abandonam o ideal de neutralidade e passam a ser utilizadas como instrumento das políticas económicas e sociais – ou seja, surgem as políticas financeiras. E

também alguns aspectos jurídicos próprios do liberalismo como é o caso das garantias individuais que sofrem alterações. O imposto ganha maior importância e surgem

as receitas, provenientes do património mobiliário estadual. Portanto, nas finanças modernas o imposto tem tanta importância como nas clássicas; mas ele passa a ser

utilizado como instrumento de politica económica ou de politica social servindo, por exemplo, para redistribuir a riqueza.

2.5 Factores Críticos ao Sucesso de um Sistema de Finanças Públicas Moderno

De entre os aspectos que o Governo, o Estado e os actores do mercado em geral devem assumir como factores críticos para o sucesso de um sistema de Finanças

Públicas efectivo, levando em conta o seu próprio contexto e estágio de desenvolvimento económico e social nacional, e para os quais os processos de suporte e de

governação devem concentrar maior atenção e esforços, figuram os seguintes:

 Assegurar um domínio interno total, efectivo e duradoura de gestão e de execução das operações de Finanças Públicas e de uma Administração Financeira

do Estado adequada ao contexto da tendência à modernização e globalização do mundo actual;

 Assegurar que as transformações organizacionais sejam suportadas por tecnologias de informação e comunicação e prossigam os benefícios económicos e

sociais desejados e garantir a escolha e implementação de tecnologias apropriadas e a gestão adequada de mudanças organizacionais e comportamentais

para esse efeito requeridas;

 Assegurar que as transformações se realizem de forma controlada e sistémica, gradual, coordenada, coerente e contemplando, adequadamente, os papéis e

estágios de maturidade de cada instituição e aliadas a prioridades estratégicas do Governo e com uma clara Visão de Desenvolvimento e das Finanças

Públicas; e

 Assegurar a valorização da profissionalização dos recursos humanos e uma capacidade política, organizacional, técnica e tecnológica compatível com a

capacidade económico-financeira e à altura de promover e viabilizar a implementação de reformas institucionais e comportamentais que se mostrem

necessárias ao longo do processo desenvolvimento da gestão das Finanças Públicas e do respectivo sistema no seu todo.

2.6 Conclusão

Os bens públicos, apesar da indivisibilidade que lhes é característica, podem prestar utilidades individuais. É o caso dos bens semi-públicos. Importa salientar que o uso

comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso, conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica à qual o bem pertencer. Ex: o uso do zoológico é

oneroso.

A introdução das receitas tributárias como meio de financiamento dos bens públicos deveu-se essencialmente à insuficiência das receitas patrimoniais, as quais

tornaram-se muito mais baixas desde a afirmação do liberalismo. Hoje em dia, as receitas tributárias apresentam a parte mais significativa das receitas públicas e em

Moçambique apresentaram um aumento considerável desde o último trimestre do ano passado.


A intervenção do estado no domínio económico é muito importante, não só em questões de regulação e controlo, mas também para a criação e execução de políticas de

distribuição do rendimento que reduzam as desigualdades sociais.

3. Direito Financeiro

3.1. Conceito e natureza

Para Carvalho (1997, p.12), Direito Financeiro é a actividade estatal destinada a conseguir meios para acudir às necessidades públicas, ou seja, são os meios para o

Estado desempenhar as suas actividades. Ficará a cargo do Direito Financeiro a regulamentação para a obtenção, a gestão e a aplicação dos meios materiais

necessários à realização dos interesses do Estado.

Franco (2008, p.97) considera Direito Financeiro, o direito das receitas, ou seja, que respeita à regulamentação dos processos pelos quais o Estado ou outros entes

públicos obtêm os meios necessários ao financiamento das necessidades públicas. É um ramo de direito que regula mediante um regime próprio a actividade

financeira do Estado.

“O Direito Financeiro não é em si autónomo, por não constituir um sistema orgânico de preceitos e ser apenas um conjunto de normas heterogéneas unificadas em

função da matéria que os regula”. Teixeira (1992, p.13)

De acordo com Teixeira (1992), a limitação da autonomia do Direito Financeiro, deve-se a sua limitação no que tange ao alcance e interesse. O direito financeiro não é

uma ciência fechada, ela, aceita a incorporação de normas subsidiárias de tratamento das matérias no seu âmbito desde que não se confrontem com os princípios

particulares do direito financeiro.

Tendo em consideração os critérios objectivo – “conjunto de normas, relações e instituições distintas das demais e dotadas de um espírito e de um regime comuns e

próprios” (A. Sousa Franco) – e subjectivo – disciplina jurídica que tem esses elementos como objecto – há muito que o Direito Financeiro ganhou autonomia na

ciência jurídica. Com efeito, o Estado de direito moderno foi-se construindo graças à afirmação das instituições deste ramo de direito, onde se relacionam os regimes

das receitas públicas, das despesas públicas e da autorização orçamental, na tripla dimensão jurídica, política e económica.

Temos uma forma específica de regulação social (sem a qual não se reconhece a especificidade da satisfação das necessidades públicas), um regime jurídico autónomo

e coerente que permite o exercício de uma função social complexa, instituições jurídicas próprias e uma disciplina jurídica autonomizada.

Estamos perante um muito antigo ramo de Direito, produto do Estado liberal saído da tripla influência inglesa, norte-americana e francesa. Nele encontramos o

consentimento dos contribuintes, a separação e interdependência de poderes, a distinção entre poderes de autorização orçamental e de execução orçamental, a

autorização para cobrança de receitas e realização de despesas, a legalidade e o cabimento orçamentais, o regime tributário, a autorização do crédito público, o

exercício de formas específicas de responsabilidade financeira dos agentes responsáveis pelos dinheiros e valores públicos correspondentes à jurisdição própria do
Tribunal de Administrativo. E se virmos bem temos permanentemente uma arbitragem entre a atividade do Estado e a dos cidadãos, enquanto contribuintes e enquanto

beneficiários dos serviços públicos.

Os poderes financeiros são diversos dos administrativos. Antes de mais, a Administração pública não pode, por si só, pôr em prática as opções orçamentais de receitas e

despesas – que dependem de consentimento parlamentar. Não existe, pois, o privilégio de execução prévia e há o recurso para os tribunais fiscais ou financeiros. E se

os poderes financeiros têm especificidade própria também se distinguem da aplicação do Direito Civil ou do Direito Comercial – uma vez que no Direito Financeiro

estamos perante poderes de autoridade do Estado (v.g. no regime da dívida pública).

Em suma, no Direito Financeiro estamos perante um ramo de Direito Público, em que o interesse público está presente, ainda que este deva ser sempre ponderado em

função da protecção da esfera privada dos cidadãos (contribuintes, credores do Estado, beneficiários dos serviços públicos).

Por outro lado, estamos diante de instituições próprias (imposto, orçamento, crédito público, tesouro) e vida jurídica autónoma (administração financeira, Tribunal

Administrativo). O Direito Fiscal é um sub-ramo do Direito Financeiro, com as mesmas características deste, mas que se autonomizou em razão da grande relevância

social da tributação – considerando os direitos, deveres e interesses dos contribuintes.

A autonomia do Direito Financeiro deve ser analisada em vários ângulos. No sentido legislativo, onde, ela está imbuída de Leis próprias e fontes, quer no sentido

didáctico (imposta por conveniências práticas do ensino), quer ainda a um sentido científico.

3.2 Fontes de Direito Financeiro.

De entre as fontes de Direito tradicionais, a lei é a fonte fundamental do Direito Financeiro. A partir desta noção muito ampla de lei, temos de começar por referir a

Constituição da República, numa acepção formal.

No tocante às leis, refira-se que o regime de finanças das a lei do Orçamento de Estado reveste de um valor reforçado, devendo ser respeitada pelas leis que sejam

aprovadas no seu âmbito, prevalecendo hierarquicamente.

A violação da lei de o Orçamento do Estado poderá dar lugar a uma inconstitucionalidade material, se se entender que o legislador ordinário não tinha liberdade para

adoptar caminho diferente, na sequência do disposto na lei fundamental (v.g. quanto a princípios e regras orçamentais).

O Orçamento de Estado é aprovado por lei, num sistema monista parlamentar, que tem uma natureza especial, como veremos, de lei-plano, com vigência anual, que

se traduz numa autorização política, jurídica e económica ao governo, para cobrar receitas e realizar despesas, concebendo e realizando uma política de finanças

públicas.
A lei e os decreto do Conselho de Ministros são as principais fontes de Direito Financeiro. A Constituição prevê que seja por lei formal que se adoptem providências

gerais e abstratas em matéria de: criação de impostos, definição do sistema fiscal, autorização de empréstimos e outras operações de crédito que não sejam de dívida

flutuante.

No caso do Orçamento e da autorização de empréstimos, a iniciativa do Parlamento é exclusiva e a reserva absoluta, não podendo haver delegações ao Governo.

Infelizmente, a tendência tem sido para reduzir ao mínimo estas competências parlamentares, amiúde desrespeitadas. O decreto, em domínios onde não haja reserva de

competência parlamentar, é fonte de direito normal, plena e concorrente com a lei. O decreto legislativo é um acto legislativo, podendo reger matéria financeira.

No âmbito definido por leis e decretos, temos os regulamentos financeiros. Estão neste caso, com graus diferentes de eficácia: os decretos regulamentares, as

resoluções de Conselho de Ministros, portarias, despachos ministeriais, despachos e instruções de responsáveis administrativos e deliberações de entidades autónomas e

órgãos locais que tenham carácter genérico.

Quanto à jurisprudência, ainda que se discuta a inclusão dos actos uniformizadores entre os actos normativos, a verdade é que os mesmos assumem indiscutível

importância, com consequências práticas na vida jurídica, pela relevância na esfera jurisdicional – quer se trate de decisões do Tribunal Supremo, do Tribunal

Constitucional ou do Tribunal Administrativo.

O regime relativo ao Direito internacional, segundo o qual as normas e os princípios de direito internacional geral e comum fazem parte do direito, tem importância

sobretudo em domínios como tratados e acordos em matéria de dupla tributação ou de desarmamento aduaneiro. No entanto, a matéria financeira pública é

primacialmente nacional, ainda que, cada vez mais, haja uma dimensão internacional ou supranacional a considerar.

A doutrina e o costume não são entre nós fontes de direito; e a interpretação das normas de Direito Financeiro e a aplicação das leis no tempo não revestem regras

especiais diferentes das que vigoram na nossa ordem jurídica em geral.

3.3 Divisão interna do Direito Financeiro

O Direito Financeiro, compreende três ramos que, embora sem autonomia científica, cada um deles, são nitidamente separáveis – o Direito das Receitas, o Direito das

Despesas e o Direito da Administração Financeira.

3.4. Relação entre finanças públicas e direito financeiro e outros ramos de direito

Segundo Teixeira (1995, p.28), a natureza unitária e incindível da ordem jurídica, o consequente carácter relativo da autonomia de qualquer dos seus sectores e a

impossibilidade de existir um ramo de Direito inteiramente independente, auto-suficiente e fechado, vivendo só por si, sem comunicação com os restantes, impõem

naturalmente que as várias zonas do mundo jurídico se relacionam entre si, se entrecruzem e interpenetram, trocando influências, princípios e soluções dogmáticas.
Realmente, ao falar do Direito Financeiro, ela tem as suas origens no direito público, donde emergem outros ramos como são os casos do Direito Processual, Penal,

Civil, administrativo, constitucional, entre outros. Assim, apercebe-se que ela não é em si exclusivamente independente dos outros, existem alguns elementos que o

mantém ligado aos outros, dai a relevância de se fazer um cruzamento para podermos perceber o que o liga dos outros ramos acima citados.

3.4.1 Direito Financeiro e Direito Constitucional

Miranda (1997, p.14), afirma que falar em Direito constitucional, pensa-se mais na regulamentação jurídica, no estatuto, na forma de Direito que é a Constituição.

Falando em Direito político pensa-se mais no objecto da regulamentação;

O Direito constitucional deve ser apercebido como o tronco da ordem jurídica estatal (mas só desta), o tronco donde arrancam os ramos da grande árvore que

corresponde a essa ordem jurídica; O Direito Constitucional trata da estrutura estatal e da instituição política do governo; É o ramo principal do direito, porque

condiciona os demais; organiza o Estado; distribui competências do poder público que faz parte o Direito Financeiro. Esta actividade é a ciência das finanças,

consubstanciada em normas legais que emanam do Direito Constitucional.

3.4.2 Direito Financeiro e Direito Administrativo

Direito Administrativo - é o ramo do Direito Público que regulamenta a actividade estatal, com todos os serviços públicos postos à disposição da sociedade, em busca

do bem comum. Vale dizer que o Direito Administrativo se preocupa com a prestação do serviço público, a forma e limites de actuação e ainda disciplina o

relacionamento entre entes públicos e privados, e a relação dos indivíduos com a Administração Pública.

O Direito Administrativo funciona como fiscalizador dos actos praticados pelos agentes públicos. Todo o acto público só tem validade após a anuência do direito

administrativo. Dai que, esta, encontra-se ligada ao financeiro, pois, é quem valida os seus actos.

Basta admitirmos que a tributação é realizada a partir de relações jurídicas em virtude das quais o Estado irá arrecadar os seus recursos indispensáveis ao

funcionamento da estrutura pública e o segundo disciplinará como os mesmos serão empregados, tudo conforme a Constituição e as Leis.

3.4.3 Direito Financeiro e Direito Penal

Direito Penal é o ramo do direito público que disciplina as condutas humanas que podem pôr em risco a coexistência dos indivíduos na sociedade. O Direito Penal vai

regular essas condutas com base na protecção dos princípios relacionados à vida, intimidade, propriedade, liberdade, enfim, princípios que devem ser respeitados no

convívio social.

Dessa forma, o Direito Penal vai descrever as condutas considerados crimes (condutas mais graves) e contravenções (condutas menos grave) e as respectivas penas

cominadas. Vale dizer que o Estado é o responsável pelo direito de punir, e o faz mediante critérios pré-estabelecidos, com o intuito de desestimular os indivíduos a

transgredirem as normas, e, também, de readaptar o indivíduo ao convívio social.


Assim, o Direito Penal vai fornecer as regras de incriminação de condutas contrárias às normas de Direito Financeiro. Ex. Lei de Responsabilidade Fiscal . Casos

de sub ou super facturação; Casos em que o agente público sonega imposto; Transferem dinheiro para sua conta bancária; entre outros actos ilícitos cometidos.

3.4.4 Direito Financeiro e Direito Processual

Para definir o objecto de estudo do Direito Processual, primeiramente é importante dizer que é o Estado que detém o poder de aplicar o Direito, estabelecendo a ordem,

aplicando as penalidades, e solucionando os conflitos entre as partes, por meio de um processo judicial. Dessa forma, o Direito Processual visa disciplinar de que forma

isso vai se dar, estabelecendo princípios e regras a serem previamente obedecidas, tanto pelo Estado, quanto pelas partes na disputa judicial. Assim a função do Direito

processual é organizar a forma de como o Estado vai prestar esse poder dever de julgar, e como as partes devem agir no embate judicial.

3.4.5 Direito Financeiro e Direito Privado

O Direito Privado se refere ao conjunto de todas as normas jurídicas de natureza privada, especificamente toda norma jurídica que disciplina a relação entre os

particulares.

O Privado visa disciplinar as relações inter-individuais, e os interesses privados. Tal concepção não abrange a totalidade dos direitos e inverte a ordem de consideração

da matéria, pois não se deve dizer que uma norma é pública ou privada porque amparada por acção pública ou privada; o correcto é afirmar que a norma é resguardada

por uma acção pública por ser de direito público, ou por uma acção privada por pertencer à área do direito privado. O facto de o direito privado praticar actos públicos,

ela, deve respeitar aos preceitos estabelecidos pelo Direito Financeiro.

3.4.6 Direito Financeiro e Direito Internacional

Direito Internacional Público: é o ramo do Direito voltado a disciplinar as relações entre os vários Estados, possuindo princípios e directrizes, que visam uma interacção

pacífica entre os Estados, tanto na esfera política, económica, social e cultural. Vale dizer que são criados organismos internacionais, tais como a ONU e a OMC, para

auxiliar na descoberta de interesses comuns, e de que forma interacção dos Estados vai se dar. Os instrumentos dos acordos entre os Estados são denominados tratados.

Conclui-se que, o Direito Internacional fornece ao Direito Financeiro regras jurídicas relativas a actividade financeira internacional. Ex. A contracção de um

empréstimo junto ao FMI, BIRD, BM, perdão de dívidas, entre outros.


BIBLIOGRAFIA

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Comentada, Almedina.

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PEREIRA, Paulo Trigo, AFONSO, António, SANTOS, José Carlos Gomes. ARCANJO, Manuela, CABRAL, Ricardo. (2009). Economia e Finanças Públicas, Editora

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