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LÍNGUA PORTUGUESA

Textos multimodais: a nova tendência na comunicação


• por Silvio Porfirio, Francisco E.B. de Souza e Luis Carlos Cipriano
Com a disseminação das novas tecnologias, o texto vem adquirindo cada vez mais novas configurações, que
transcendem as palavras, as frases e, acima de tudo, a modalidade escrita da linguagem. Dizendo de outro modo, a
proliferação tecnológica tem instigado a promoção de novas composições textuais, sendo estas constituídas por
elementos advindos das múltiplas formas da linguagem (escrita, oral e visual).

De acordo com Nascimento et al. (2011), nas práticas corriqueiras do dia-a-dia da sociedade contemporânea, o espaço
concedido à imagem ampliou-se consideravelmente. Os documentos textuais presentes nas práticas cotidianas trazem
consigo não apenas a linguagem verbal escrita, mas também um amplo contingente de recursos visuais. Partindo
desse pressuposto, há um infinito contingente de elementos imagéticos e visuais, que podem ser empregados na
composição textual com fins a acarretar determinados efeitos de sentido, como é o caso, da seleção das cores
empregadas em um dado texto, da seleção do tipo de letra, do formato e da cor etc. A materialização de todo esse
contingente de elementos revela as particularidades dos propósitos comunicativos do autor, como postula Silva (2014).

De acordo com Moraes (2007), hoje, a composição textual está cada vez mais calcada na mescla da escrita e a
imagem, estando tais elementos fazendo parte de uma relação quase que indissociável. Essa junção advém da
propalação tecnológica, que tem deflagrado, nos últimos anos, uma intensa adesão ao plano visual. Esse contexto
marcado pela difusão tecnológica tem carreado a efervescência de novos formatos textuais. O texto assume, hoje, a
condição de multimodal. O que tem facultado a promoção de novas formas e maneiras de ler.

Linguagem verbal escrita e visual

No dizer de Costa Val (2004), os postulados da Análise do Discurso, da Linguística de Texto e da Semiótica trazem
consigo modificações na conceituação de texto, erradicando, assim, a perspectiva escrita e frasal que até então
ancorava este conceito. Na fala da autora, “pode-se definir texto, hoje, como qualquer produção linguística, falada ou
escrita, de qualquer tamanho, que possa fazer sentido numa situação de comunicação humana, isto é, numa situação
de interlocução. Por exemplo: uma enciclopédia é um texto, uma aula é um texto, um e-mail é um texto, uma conversa
por telefone é um texto, é também texto a fala de uma criança que, dirigindo-se à mãe, aponta um brinquedo e diz ‘té’”
(p. 1). Dentro dessa perspectiva, o texto é uma prática linguística, que pode ter sua construção efetivada não só por
meio da escrita, como também da fala. Ora, escrita e fala são registros da linguagem aptos a fazer parte da composição
textual.

Luna (2002) também adere a essa perspectiva, mostrando como o texto pode ser algo construído pelos variados
registros da linguagem. Para a autora, a construção textual advém da conexão/ união das múltiplas formas da
linguagem – verbal [escrita e oral] e não-verbal [visual]. Isso transcende a perspectiva de texto calcada na supremacia
da modalidade escrita da linguagem. O texto é, hoje, algo multimodal.

Dionísio (2007) define o texto multimodal como um processo de construção textual ancorado na mobilização de distintos
modos de representação. Isso remete não apenas aos textos escritos, mas também aos orais. Diante dessa acepção,
a multimodalidade discursiva abarca não só a linguagem verbal escrita, como também outros registros, tais como: a
linguagem oral e gestual. Na fala da referida autora, “palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens,
palavras e tipografia, palavras e sorrisos, palavras e animações etc.” (p. 178).

Nessa conjectura, o texto multimodal consiste em uma construção textual calcada na conexão/ união de elementos
provenientes de diferenciados registros da linguagem. Os textos multimodais mais conhecidos são os que estão
pautados na junção de elementos alfabéticos e imagéticos (leia-se linguagem verbal escrita e visual, respectivamente).
Sobre tal conceituação, podemos mencionar a título de exemplificação: os anúncios, os cartuns, as charges, as

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histórias em quadrinhos, as propagandas, as tirinhas etc.. Tais gêneros trazem consigo a materialização de signos
alfabéticos (letras, palavras e frases) e signos semióticos (imagéticos e visuais). Ou seja, esses gêneros têm sua
construção materializada mediante múltiplas e diversificadas semioses.

Leitura e a escrita adquirem novo formato

Os arcabouços teóricos de Nascimento et al. (2011) defendem que nenhum texto é monomodal e/ ou monosemiótico.
Pelo contrário, todo texto é multimodal e multisemiótico. Há textos que são materializados unicamente através da
escrita. Ainda assim, esses textos trazem consigo marcas e traços multimodais, tais como: cores e fontes diferenciadas
em um mesmo texto, o tamanho da fonte, o itálico, o negrito, o sublinhado etc. Para os autores, a predominância da
linguagem escrita em um dado texto não significa dizer que este é monomodal. Ainda que um dado texto seja marcado
pela supremacia da linguagem escrita e, conseguintemente, pelos elementos alfabéticos, ele pode materializar traços
multimodais. Isso acontece quando efetuamos alteramos a cor, a fonte ou o tamanho das letras.

Um exemplo que pode ilustrar bem tal situação. Na escrita de um texto, o autor quer destacar uma frase ou um
parágrafo, pois acredita que aquele ponto merece a atenção do leitor. Nessa parte do texto, o autor pode diferenciar a
cor, a fonte ou o tamanho, assim como pode inserir nessa parte do texto o negrito, o sublinhado ou o itálico. Todos
esses recursos ensejam determinados efeitos de sentidos em uma construção textual. É nessa junção que reside a
multimodalidade textual. Isso está em consonância com Dionísio (2007) e Silva (2013).

Nesse sentido, o uso de elementos e recursos multimodais na construção textual enseja a extensão das
potencialidades de produção e, em especial, de compreensão de texto. A compreensão textual não é algo resultante
apenas do texto verbal, mas abarca um grande leque de elementos semióticos. Ora, o leitor dá sentido ao texto tendo
o respaldo não apenas de signos alfabéticos, mas de elementos imagéticos e visuais. Ou seja, os leitores envolvem-
se em uma nova forma de ler marcada por documentos textuais materializados por elementos tanto verbais como
visuais. A leitura e a escrita vão, então, adquirir um novo formato e uma nova moldagem. A escrita, nesses documentos,
está imersa entre um amplo contingente de elementos imagéticos. Isso torna o texto multimodal ou multisemiótico.

Referências

COSTA VAL, M. G. F.. Texto, textualidade e textualização. Pedagogia Cidadã – Cadernos de Formação Língua
Portuguesa, Unesp – São Paulo, v. 1, p. 113-124, 2004.

DIONISIO, A. P.. “Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita (atividades)”. In: MARCUSCHI, L.
A.; DIONISIO, A. P. (orgs.). Fala e Escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

LUNA, T. S. A pluralidade de vozes em aulas e artigos científicos. Ao Pé da Letra (UFPE), v. 4, 2002.

MORAES, A. S.. Pôster acadêmico: um evento multimodal. Ao Pé da Letra (UFPE. Impresso), v. 09, p. 1, 2007.

MORAES, A. S; DIONÍSIO, A. P.. “O entorno dos pôsteres acadêmicos”. In: Anais do XVII Congresso de Iniciação
Científica da UFPE, Recife, 2009.

NASCIMENTO, R. G.; BEZERRA, F. A. S.; HEBERLE, V. M.. “Multiletramentos: iniciação à análise de


imagens”. Linguagem & Ensino, v. 14, n. 2, p. 529-552, 2012.

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SILVA, S. P.. O Texto Visual na Educação Infantil: contribuições para construção do conhecimento da criança. ArReDia,
v. n.º 03, p. 77-101, 2014a.

_____. Multimodalidade, afinal, o que é?. Observatório da Imprensa – Laboratório de Estudos Avançados em
Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, São Paulo – SP, v. nº 768, p. 01 – 02, 15 out. 2013.

Linguagem Verbal e Não Verbal

Escrito por Daniela Diana


Professora licenciada em Letras
A linguagem verbal é aquela expressa através de palavras escritas ou faladas, ou seja, a linguagem verbalizada.

Já a linguagem não verbal utiliza dos signos visuais para ser efetivada, por exemplo, as imagens nas placas e as
cores na sinalização de trânsito.

Exemplo de linguagem verbal


Exemplo de linguagem não verbal
Vale ressaltar que ambas são modalidades comunicativas. A comunicação definida pela troca de informações entre o
emissor e o receptor tem a finalidade de transmitir uma mensagem (conteúdo).

Nesse sentido, a linguagem representa o uso da língua em diversas situações comunicativas.

As duas modalidades são muito importantes e utilizadas no dia a dia, no entanto, a linguagem verbal é a mais
empregada.

Quando escrevemos um e-mail, utilizamos a linguagem verbal, que é expressa pela escrita. Quando observamos as
cores do semáforo, estamos diante da linguagem visual (não verbal).

Em resumo, se a transmissão de informações na mensagem é realizada mediante o uso de palavras, trata-se de um


discurso verbal. Caso contrário, se a mensagem não é produzida pela escrita, estamos utilizando um discurso com
linguagem não verbal.

Entenda mais sobre a Comunicação: Elementos da Comunicação

Linguagem mista

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Além da linguagem verbal e não verbal há a linguagem mista (ou híbrida). A linguagem mista utiliza as duas
modalidades de linguagem para emitir uma mensagem, ou seja, a linguagem verbal e não verbal.

Exemplo de linguagem mista


Um exemplo de linguagem mista são as histórias em quadrinhos, em que acompanhamos a história por meio dos
desenhos e falas das personagens.

Veja também: Linguagem Mista


Exemplos de linguagem verbal e não verbal

Podemos citar inúmeros exemplos de linguagem verbal e não verbal uma vez que recebemos esses dois tipos de
mensagens todos os dias sem nos darmos conta de sua diferença.

Quando assistimos uma palestra (ou uma aula) estamos decodificando a mensagem do palestrante (emissor), o qual
se expressa por meio do signo linguístico (palavra e expressões).

Nesse caso, a comunicação verbal está sendo efetivada e a palavra é o código utilizado. Outros exemplos de
comunicação verbal são: diálogos, leitura de livros, revistas, dentre outros.

Por outro lado, quando estamos assistindo a uma apresentação teatral, em que o ator se expressa por mímicas
(linguagem corporal) e não emite nenhuma palavra, estamos diante da linguagem não verbal.

Outros exemplos de linguagem não verbal podem ser: linguagem corporal, gestos, pinturas, esculturas, apresentações
de dança, dentre outros.

Linguagem formal e informal

As duas variantes linguísticas da língua podem ser classificadas em linguagem formal, chamada de linguagem culta, e
a linguagem informal, também denominada por linguagem coloquial.

Enquanto a linguagem formal é recorre às normas gramaticais (por exemplo, numa entrevista de emprego), a linguagem
informal é espontânea e despreocupada com as regras (por exemplo, numa conversa entre amigos).

Veja também: Linguagem Formal e Informal


Exercícios de linguagem verbal e não verbal resolvidos

1. Qual o tipo de linguagem utilizada abaixo?


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a) Linguagem verbal
b) Linguagem não verbal
c) Linguagem mista
d) Linguagem conotativa

Ver Resposta
Resposta correta: c) Linguagem mista.

Nas histórias em quadrinhos, a linguagem mista é a mais utilizada, ou seja, aquela que envolve a linguagem verbal e
não verbal.
2. Quando assistimos a um jogo de futebol, as linguagens verbal e não verbal estão envolvidas. Qual das alternativas
abaixo representa a linguagem verbal usada nas partidas de futebol?

a) Bandeiras de impedimento
b) Cartões vermelho e amarelo
c) Locutor do Futebol
d) O apito do juiz

Ver Resposta
Resposta: c) Locutor do Futebol.

Dentre as alternativas acima, o locutor de futebol utiliza a linguagem verbal, ou seja, expressa por meio de palavras,
enquanto as outras opções são expressar pela linguagem não verbal.

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