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Violação Sádica
De acordo com Groth, neste tipo de violação, a sexualidade e a agressão fundem-se numa
experiência psicológica unitária denominada de Sadismo. Verifica-se uma transformação sexualizante
da raiva e do poder, de tal forma que a agressão em si se torna erotizada.
Este tipo de ofensor obtém uma intensa gratificação ao maltratar a vítima e tem prazer com o seu
tormento, angústia, aflição, desespero e sofrimento. A violação envolve geralmente, bondage e
tortura, frequentemente associadas a uma componente bizarra ou ritualista. O ofensor pode sujeitar
a vítima a atividades invulgares (ex: cortar-lhe o cabelo, banhá-la ou limpar-lhe o corpo, forçá-la a
vestir-se ou a comportar-se de determinada forma). Tais comportamentos são acompanhados de
outros explicitamente abusivos (ex: mordeduras, queimaduras com cigarros ou flagelação). As zonas
sexuais do corpo da vítima (seios, nádegas, órgãos genitais) constituem alvos privilegiados de agressão.
Em alguns casos, o ofensor pode servir-se de objetos como paus e garrafas para penetrar a vítima. Nos
casos mais extremos, nomeadamente naqueles que envolvem homicídio, podem ocorrer
comportamentos grotescos, tais como a mutilação sexual do corpo da vítima ou a cópula com o seu
cadáver.
As prostitutas ou mulheres que o ofensor considere promíscuas podem converter-se em alvos
particularmente apetecíveis. Habitualmente as vítimas são desconhecidas do ofensor e partilham uma
ou mais características comuns, como a idade, a aparência física ou a profissão. Estas mulheres
tornam-se símbolos que o ofensor deseja punir ou destruir. A violação é deliberada, calculada e
premeditada, e o ofensor toma precauções contra a deteção, como o uso de disfarce ou o vendar dos
olhos da vítima. A vítima é perseguida, raptada, agredida e, por vezes, assassinada.
O violador sádico, contrariamente ao violador por raiva, planeia ao pormenor as suas ofensas, não
se verificando qualquer libertação explosiva da fúria. Geralmente este ofensor captura a vítima e só
depois atinge estados de excitação, à medida que a agride. Para o violador sádico, a experiência da
violação é marcada pela intensidade da excitação e pelo seu aumento progressivo. Tal excitação está
associada ao sofrimento infligido à vítima, sofrimento este de natureza física e psicológica. O ódio e o
controlo são erotizados, de tal forma que o ofensor obtém satisfação ao agredir, humilhar e, em alguns
casos, destruir a sua vítima. Para alguns violadores sádicos, o infligir de sofrimento, por si só, constitui
uma fonte de gratificação; para outros, constitui um comportamento preliminar para outras formas de
atividade sexual. A excitação sexual é função da agressão: quanto mais agressivos são, mais poderosos
se sentem; e quanto mais poderosos se sentem, mais excitados se tornam. O ofensor sádico revela
frequentemente sentir-se excitado com a resistência fútil da vítima, que vivencia como uma
experiência excitante e erótica. Pode, inclusive, estar impotente no início da agressão, até que a vítima
lhe resiste fisicamente, ou sofrer uma ejaculação espontânea durante a agressão.
A natureza ritualista e potencialmente letal das ofensas perpetradas pelo violador sádico leva, muitas
vezes, a que este seja estereotipado como um indivíduo claramente perturbado ou psicótico quando,
na verdade, esta oculta com sucesso os seus impulsos daqueles que o rodeiam. Uma das características
mais desconcertantes deste tipo de violador é a sua aparência afável, em clara contradição com o
estereótipo do predador sexual, característica esta que é rentabilizada na obtenção de acesso à vítima
insuspeita. O imaginário deste tipo de violador é povoado por pensamentos mórbidos, ligados ao
oculto, violentos e bizarros, centrando-se as suas fantasias sexuais em temáticas sádicas. Geralmente,
estes indivíduos interessam-se por pornografia sadomasoquista e colecionam recordações das vítimas,
tais como fotografias e peças de vestuário. As suas violações sádicas são repetitivas e intercaladas com
outras violações menos dramáticas, assim como encontros sexuais consensuais. Pode, ainda, verificar-
se uma escalada ao longo do tempo, sendo cada violação mais violenta que a anterior.
Os impulsos sexuais podem tornar-se aparentes noutros contextos, desde as suas relações sexuais
consensuais até outras atividades não explicitamente sexuais, tais como envolvimento em lutas ou
atos cruéis para com animais.
Em síntese, Groth considera que a intenção do violador sádico é abusar e torturar a vítima, o seu
instrumento é o sexo e a sua motivação é a punição e a destruição. Dos três tipos, este é o menos
frequente, correspondendo a cerca de 5% dos casos examinados pelo autor.
Abuso sexual de crianças e pedofilia não são a mesma coisa. A população de abusadores sexuais
constitui um grupo heterogéneo, com diversas características pessoais e referentes ao delito. Há
pedófilos que nunca abusaram sexualmente de um menor. Há abusadores sexuais de crianças que
não são pedófilos.
Abusadores Primários ou Preferenciais
Indivíduos com uma orientação sexual dirigida primariamente para crianças, sem interesse por
adultos e com condutas compulsivas não despoletadas por situações de stresse. Possuem um campo
limitado de interesses e atividades, o que os leva a uma vida solitária. São, no sentido estrido do termo,
pedófilos.
Consideram as suas condutas sexuais apropriadas e planificam-nas com antecedência. É muito
frequente a existência de distorções cognitivas, como atribuir a conduta à sedução dos menores ou
considerar que este tipo de comportamento é uma forma de educação sexual adequada. Não revelam
sentimentos reais de culpa ou vergonha pelas suas atividades pedófilas.
Podem evidenciar uma fobia ou rejeição do sexo com mulheres. A origem desta tendência pode estar
relacionada com:
• a aprendizagem de atitudes extremas negativas face à sexualidade;
• abusos sexuais sofridos na infância;
• sentimentos de inferioridade;
• incapacidade para estabelecer relações sociais heterossexuais.
Alguns deste abusadores selecionam mulheres com crianças com o propósito primário de ganhar
acesso a estas. Os contactos sexuais que possam ter com adultos visam o objetivo final de facilitar o
acesso às crianças.
As características mais salientes deste grupo são a exclusividade das interações, a atração pelas
crianças e a ausência de remorsos. Inserem-se ainda neste grupo pessoas que se sentem atraídas por
menores, cujos desejos não se concretizam ou se valem da masturbação com fantasias em que figuram
crianças.
Pedofilia
Aproximação sexual por parte de um adulto a uma criança, rapaz ou rapariga.
Em alguns casos, o pedófilo cinge-se a despir e observar a criança, exibindo-se a si próprio e/ou
masturbando-se na presença desta, além de a tocar e acariciar. Noutros casos, a sua atividade implica
sexo oral, vaginal ou anal, bem como a penetração com as mãos ou outros objetos, empregando por
vezes a força física.
Estas atividades podem ter como um pano de fundo material pornográfico. Raramente os pedófilos
atacam uma criança de forma violenta, fazendo antes uso da manipulação para se servirem da
ingenuidade das crianças com o intuito de terem atos sexuais.
O suborno é mais comum do que as outras formas de coerção mais violentas. Habitualmente, os
pedófilos usam como estratégias de aproximação a ameaça, o tráfico organizado de crianças, o rapto
a estrangeiros ou estranhos, a sedução e o aliciamento de crianças vizinhas, amigas ou familiares.
Habitualmente, os pedófilos comportam-se de forma generosa e atenciosa, à exceção dos casos de
sadismo sexual. Importa considerar que existem pedófilos que nunca abusaram sexualmente de
crianças, recorrendo apenas a fotografias com crianças.
A personalidade dos pedófilos é caracterizada pela:
• Introversão
• Timidez e Sensibilidade
• Tratando-se de indivíduos solitários, depressivos e com fraco sentido de humor.
A relação entre a pedofilia e orientação sexual:
1. O pedófilo é atraído igualmente por ambos os sexos visto o seu objeto serem crianças
impúberes;
2. Existem pedófilos hétero e homossexuais, sendo a sua orientação sexual a determinar a
escolha. – Esta tem reunido maior consenso.
Abusadores secundários ou situacionais
São indivíduos que têm contatos sexuais isolados com crianças, os quais são, regra geral, reflexo de
uma situação de solidão ou stress. As condutas habituais destes indivíduos são relações sexuais com
adultos, normalmente heterossexuais.
Este tipo de abusador comete um ato abusivo em consequência de uma crise existencial e pessoal.
O comportamento abusivo é também a consequência de uma crise de identidade .
Na esfera cognitiva podem perceber este tipo de condutas como anómalas e executarem-na de
forma episódica e impulsiva, em detrimento de um modo premeditado e persistente. É comum o
surgimento posterior de intensos sentimentos de culpa e vergonha, bem como a inexistência de
distorções cognitivas.
As condutas de abuso podem ser um meio para compensar a auto-estima deficiente dos indivíduos
ou para libertar uma hostilidade que não se pode exteriorizar por outras vias.
Geralmente, estes abusadores não são pedófilos, isto é, não têm uma preferência sexual por crianças.
São mais velhos, com uma idade média superior aos 35 anos e com uma profissão mais qualificada
dos que os violadores. Estes indivíduos abusam frequentemente de crianças da própria família,
desejando na relação com a criança compensar as lacunas nas relações com os outros.
Incesto
Significa abuso sexual intrafamiliar. É o tipo de abuso mais comum. São familiares diretos. Mais
esporadicamente podem ser a figura materna.
Os abusadores intrafamiliares revelam preferências sexuais menos desviantes, dado que mantêm
relacionamentos convencionais. O padrão tende a entrar num escalamento no que toca à frequência
e à gravidade dos abusos.
O pai incestuoso costuma passar mais tempo com a vítima do que com os restantes filhos, dando-
lhe mais afeto. Em casos mais extremos de incesto, a vítima pode ser proibida de ter amigos ou
relacionamentos amorosos.
Características familiares:
• Deterioração do relacionamento marital
• Família numerosa
• Isolamento social
• Excessiva coesão familiar
• Comunicação familiar disfuncional
Características pessoais:
• Conduta violenta
• Autoconceito diminuído
• Autoritarismo
• Défice de assertividade
É típico no incesto familiar o abusador querer fazer crer à vítima que o tipo de relação é normal em
todas as famílias. Quanto deste é descoberto, já ser perpetrado há muito tempo, devido à intimidade
e confiança existentes entre a criança e o abusador.
O incesto é o espelho do fracasso do casal parental no dever de cuidar dos filhos, na medida em que
o progenitor causa danos, sobretudo à filha, e a figura materna não consegue impedi-lo. É reflexo da
disfuncionalidade, desestruturação e inversão hierárquica pois a filha (ou o filho) substitui a mãe nas
atividades sexuais com o pai.
1.4.2. Indicadores de abuso em crianças e jovens
• Ansiedade
• Depressão
• Baixa autoestima
• Ataque de pânico
• Sentimentos de desânimo e impotência
• Sentimentos de insegurança e desconfiança relativamente aos adultos em geral
• Isolamento social
• Ambivalência afetiva
• Desenvolvimento de uma sexualização traumática – procura excessiva, insistente e
inadequada de contato físico de forma erotizada, masturbação compulsiva, insistência em
tocar nos genitais dos pares ou dos adultos ou, pelo contrário, rejeição ao toque, evitamento
da proximidade física
• Mentira compulsiva
• Redução do rendimento escolar
• Comportamentos regressivos
• Comportamentos de violência auto-dirigida (auto-mutilação)
• Ideação e/ou tentativas de suicídio
• Alterações de natureza psicossomática (anorexia, cefaleias)