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Secretaria da Saúde
Escola de Saúde Pública
Residência Integrada em Saúde
Programa de Residência de Gestão em Saúde
Disciplina: Seminário Integrado de Gestão em Saúde I
Porto Alegre/RS
Abril de 2022
Os eixos trabalhados no módulo I da disciplina de Seminário Integrado de Gestão em
Saúde I, quais sejam, “SUS: conquistas e desafios” e “O SUS e o avanço da privatização na
saúde”, foram introduzidos e postos em discussão junto à turma de residentes mediante a leitura
crítica de textos de autoria de Arouca (2007) e Fleury (2009), relativamente ao primeiro eixo,
e de Trevisan e Junqueira (2007) e Bahia e Scheffer (2018) no que concerne o segundo eixo de
estudo.
Ainda na senda deste eixo, o artigo de Fleury (2009) constrói, mediante observação
crítica do processo de criação e desenvolvimento do SUS e abarcando os sistemas de proteção
social que o precederam, um raciocínio de ruptura com os modelos de Estado e de cidadania
anteriores ao Sistema Único de Saúde como resposta à mobilização social que a precede o qual,
contudo, encontra óbice nas convergências e divergências hipertróficas dos elementos
constituintes da Reforma Sanitária brasileira, quais sejam, a subjetivação da saúde enquanto
processo de individualização e/ou comunitarismo, a constitucionalização da saúde enquanto
fator que encoraja a judicialização, e a institucionalização da saúde enquanto fator
burocratizante dos processos sociais.
Da leitura crítica dos textos e após debate em aula, chega-se à conclusão de que o
Sistema Único de Saúde, em um primeiro momento, é fruto da conjuntura do desenvolvimento
teórico da saúde coletiva nos espaços acadêmicos com posições à esquerda no espectro político
e da experiência prática estabelecida em municípios brasileiros após o retorno das eleições
municipais diretas em 1972. Ademais, conclui-se que os espaços de debate e desenvolvimento
da saúde pública mostravam-se favoráveis às iniciativas democráticas ao passo em que
ofereciam oportunidades de troca entre teóricos, gestores e a população assistida sem
subjugação entres os diversos grupos envolvidos, como ocorreu na 8ª Conferência.
Bahia e Scheffer (2018), por sua vez, analisam o impacto das dificuldades operacionais
do SUS no surgimento de sistemas de saúde paralelos representados pelos planos de saúde
privados e pelos repasses de verbas públicas as entidades privadas, fatores que implicam no
ideário popular a noção de suplementaridade do SUS e não da inciativa privada.
Por todo o exposto, da leitura dos textos e dos debates havidos em aula, depreende-se
que a trajetória do Sistema Único de Saúde, desde os processos que o antecederam até a sua
institucionalização pós Constituição Federal de 1988, é marcada pela sua gênese democrática e
descentralizada que, ao se afirmar e exigir regulamentação, acabou por encontrar óbices ao seu
próprio desenvolvimento através da sua manipulação política, sendo engessado por atos e
repasses centralizados na União em conjunto com os interesses privados em sedimentar no
entendimento popular o caráter suplementar do SUS relativamente aos serviços de saúde
privados.
Desse modo, cabe aos novos gestores, sabedores das origens democráticas do SUS,
resgatar o ideário que o instituiu, aproveitando as contribuições havidas na sua
institucionalização com vistas críticas ao seu controle excessivo por parte de agentes políticos
envolvidos, reestabelecendo o caráter descentralizado e de atuação em rede dos serviços de
saúde.
Referências: