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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente para apreciar a demanda


proposta)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE


BENEFÍCIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. PAI
VIÚVO.

PARTE AUTORA, (nacionalidade), (estado civil –


indicar se há união estável), (profissão), portador(a)
do documento de identidade sob o n.º..., CPF sob o
n.º..., e-mail…, residente e domiciliado(a) na rua.., bairro..,
cidade.., estado.., vem a presença de Vossa Excelência propor a
presente

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), pessoa jurídica de direito público,
na pessoa do seu representante legal, domiciliado na
rua..., bairro..., cidade..., estado..., CEP..., pelos
fatos e fundamentos que a seguir aduz.

1. FATOS

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O Autor postulou o benefício de salário-maternidade, tendo
em vista o óbito de sua esposa após o nascimento do(a) filho(a), ocorrido
em... (data do óbito da esposa).

Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS.

Todavia, o Autor preenche todos os requisitos necessários à


concessão do benefício.

Desta forma, a limitação apresentada pela Autarquia Federal


não se justifica, razão pela qual busca o Poder Judiciário para ver seu direito
reconhecido.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

O benefício do salário-maternidade vem regulado no art. 71 da


Lei 8213/91, o qual prevê como beneficiário apenas a mulher.

De fato, o art. 71 da Lei 8.213/91 diz que o benefício é devido


à segurada. Isso, todavia, não impede que a lei seja lida à luz de
circunstâncias excepcionais. De ordinário, como presumiu o legislador,
a criança, ao nascer, tem uma mãe que lhe promova os cuidados
primeiros. Sendo a mãe segurada, fará jus ao benefício pelo período
legalmente estabelecido, como forma de permitir que, na sua vigência,
possa a genitora dedicar-se, com a exclusividade que o momento exige,
à tarefa de ser mãe. Situações excepcionais, todavia, exigem
interpretação excepcional.

No caso, a criança veio ao mundo órfã de mãe e a única


pessoa de que dispunha para exercer o papel da mãe era o pai, por
acaso segurado do RGPS.

Assim seja, o benefício tem como destinatário a própria


criança, muito embora deferido à mãe. Com efeito, é a criança quem
precisa dos 120 dias para adequar-se à vida extra-uterina e à rotina do
novo lar. O salário-maternidade representa em verdade, para o bebê, a
garantia de que terá à sua disposição alguém que lhe seja inteiramente

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dedicado durante período de tempo mínimo necessário para o seu pleno
desenvolvimento nos primeiros meses de vida, sem que essa dedicação
signifique qualquer diminuição do rendimento familiar, já por si mesmo
abalado pela chegada de mais um membro. No caso dos autos, essa
pessoa era o pai, não a mãe.

Disso resulta que, ausente a mãe, como destinatária natural


do benefício, mas presente o pai, que assumiu, em face da viuvez
prematura, os cuidados com a criança, é ele também destinatário, por
substituição, do salário-maternidade. Essa conclusão também pode ser
extraída de forma direta da norma do art. 227 da Constituição Federal
que, ao partilhar a responsabilidade pela vida dos menores entre pais,
sociedade e Estado, permite sem dúvida uma leitura extensiva da regra
contida no art. 71 da Lei 8.213/91, para amoldar o seu texto às
situações excepcionais como a espelham os autos.

Nesse sentido, tem-se os seguintes precedentes:

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE


SALÁRIO MATERNIDADE PARA O PAI DAS CRIANÇAS.
ANALOGIA. I - Considerando-se que o salário-maternidade não
é um benefício destinado à mãe segurada, mas sim à proteção
da criança em seus primeiros meses de vida, impõe-se ratificar
o entendimento do r. Juízo a quo, no sentido de que aplica-se
in casu o princípio constitucional da isonomia para que a
criança que não pode ter os cuidados e a atenção de sua mãe
em seu início de vida, possa receber esses cuidados de seu pai,
que não seriam integrais, caso não lhe fosse concedido o
benefício em epígrafe. II - Apelação do INSS improvida. (TRF3,
DÉCIMA TURMA, AC: 1684 SP 0001684-04.2011.4.03.6127,
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO,
Data de Julgamento: 21/05/2013, sem grifo no original)

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. ÓBITO DA


GENITORA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONCESSÃO DE
BENEFÍCIO EM NOME DO GENITOR. POSSIBILIDADE. - O
salário-maternidade encontra-se disciplinado nos artigos 71 a
73 da Lei nº 8.213/91, consistindo em remuneração devida a
qualquer segurada gestante durante 120 dias, com início no
período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência
deste ou, ainda, à mãe adotiva ou guardiã para fins de adoção,
durante 120 dias, em se tratando de criança de até 1 ano de
idade, 60 dias, se entre 1 e 4 anos e 30 dias, de 4 a 8 anos. - O
direito da adotante ao salário-maternidade foi inovação
introduzida pela Lei nº 10.421, de 15 de abril de 2002. - Os
cuidados com a criança norteiam o sistema previdenciário, no

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tocante ao referido benefício, tanto é que, nos casos de adoção,
se presume a menor necessidade de auxílio quanto maior for a
idade do adotado. Não se trata apenas de resguardar a saúde
da mãe, interpretação que apenas teria sentido se mantida a
proteção à mãe biológica, nos moldes da redação original da Lei
nº 8.213/91. Com a extensão do direito à mãe adotiva, resta
claro que se deve dar à palavra maternidade conotação mais
ampla, dissociando-a daquela relacionada apenas ao parto e
aleitamento, e ressaltando-se o direito da criança à vida, à
saúde, à alimentação, garantido pela Constituição, no artigo
227, e instituído como dever da família. - Possibilidade de
aplicação dos expedientes previstos no artigo 4º da Lei de
Introdução ao Código Civil, atual Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro, conforme redação dada pela Lei nº
12.376/2010. - Na hipótese em que a mãe venha a falecer,
considerando-se o interesse da criança em ter suas
necessidades providas, possível a concessão do benefício, por
analogia, ao pai, ora viúvo, concretizando-se a garantia prevista
no artigo 227 da Constituição Federal. - O benefício é previsto
na legislação previdenciária, por prazo determinado, com sua
respectiva fonte de custeio, e foi concedido a segurado
(contribuinte) do Regime Geral. - Agravo de instrumento a que
se nega provimento. (TRF3, OITAVA TURMA, AI: 27307 SP
0027307-84.2012.4.03.0000, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL THEREZINHA CAZERTA, Data de Julgamento:
28/01/2013, sem grifos no original)

SALÁRIO-MATERNIDADE. REQUERENTE O PAI VIÚVO.


ART. 71 DA LEI 8.213/91. INTERPRETAÇÃO AMPLIATIVA.
Conquanto mencione o art. 71 da Lei 8.213/91 que o salário-
maternidade é destinado apenas à segurada, situações
excepcionais, como aquela em que o pai, viúvo, é o
responsável pelos cuidados com a criança em seus
primeiros meses de vida, autorizam a interpretação
ampliativa do mencionado dispositivo, a fim de que se
conceda também ao pai o salário-maternidade, como forma
de cumprir a garantia constitucional de proteção à vida da
criança, prevista no art. 227 da Constituição Federal de 1988.
Recurso do autor provido. (TRF1, RECURSO CÍVEL Nº
5002217-94.2011.404.7016/PR, por maioria, julgado em
28/02/2012, Relator: Guy Vanderley Marcuzzo, sem grifo no
original).

Assim, estão presentes os requisitos que autorizam a


concessão do benefício de salário-maternidade pretendido pelo Autor.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na


pessoa do seu representante legal, para que responda a presente
demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;

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2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da
Parte Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais
e honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua
família, condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei
n.º 1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para conceder o benefício de salário-maternidade, bem como pagar as
parcelas vencidas desde o... (requerimento administrativo/ data do
parto), monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e
acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do
efetivo pagamento;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS


para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de


prova admitidos em direito, notadamente a documental e testemunhal.

6. Informa, por fim, não ter interesse na realização de


audiência de conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do
CPC.

Dá-se à causa o valor de R$... (valor da causa)

Pede deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

Rol de documentos:

...

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