Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – UFJF

NOME: ESTER VAL FERREIRA TOSTES

LEVINE, Donald. A Tradição Francesa. In: LEVINE, Donald. Visões da


Tradição Sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 142-163

Postulados:

Montesquieu argumenta que, como os indivíduos nascem em sociedade e não


se enfrentam fora dela, é inútil discutir a origem da sociedade e do governo.
Além disso, ele apresenta 3 postulados importantes para a Tradição Francesa:
o Postulado do Realismo Social, segundo o qual a sociedade é um fenômeno
não redutível a propensões individuais; o Postulado de Normatividade Social,
que apresenta os juízos normativos como melhor fundamentados quando
visam o bem-estar da sociedade; e o Postulado de Moralidade Social, o qual
determina a sociedade como fonte de hábitos morais transmitidos pelas suas
instituições, como a família, religião, governo, etc.

Rousseau defende que o ser humano em seu estado de natureza é benigno e


autossuficiente, marcado pelo instinto, mas que apenas em sociedade ele
alcança a moralidade e a razão e adquire a liberdade civil e moral, limitada pela
vontade geral e pela lei. Também articulou o princípio da primazia existencial e
normativa da vontade coletiva.

Condorcet, Maistre e Saint-Simon acreditam no racionalismo humanitarista que


progressivamente aprimora a sociedade. Condorcet defende que o ser humano
passa por um processo de progressiva libertação dos flagelos da natureza e
servidão social.

Comte propõe a ideia de uma ciência positiva, na qual a razão é subordinada a


fatos empíricos. Acredita numa progressão evolucionista da sociedade na
medida em que ela se aproxima da sua forma positiva e objetiva, numa
coordenação crescente de razão e observação. Sustenta que um critério
essencial para a saúde social é a solidariedade social.
Durkheim defende o estudo da sociedade em fatos sociais, concorda com o
estudo positivo de Comte e formula a explicação sociológica de causas
eficientes e finais. Ele rejeita o modelo de evolução única comtiano e propõe
que a evolução das sociedades possui várias ramificações, com diversos
padrões característicos de moralidade.

Trechos selecionados:

“Além disso, o interesse pessoal não pode ser uma base suficiente para as
instituições humanas, de modo que a possibilidade de bom governo dependa
da socialização moral e da implantação de virtudes cívicas. Por fim, não pode
haver um critério universal para a moralidade; antes, o que é moralmente
apropriado deve depender de circunstâncias particulares de uma sociedade
[...]” (pág. 143)

“[...] os franceses acabaram substituindo a fantasia do corpo do rei pela ‘idéia


de um escopo social constituído pela universalidade das vontades... um corpo
social que precisa ser protegido, em um sentido quase médico’” (pág. 154)

“[...] as principais figuras da tradição francesa vincularam a vida boa à


incorporação de disposições morais socialmente transmitidas e a sociedade
boa seria aquela que manifestasse um grau máximo de solidariedade.” (pág.
157)

Síntese:

A Tradição Francesa enxerga a sociedade como um todo não redutível a


propensões individuais e permeada por disposições sociais que são
transmitidas pela família, educação, religião, governo, etc. Desse modo, a
moralidade depende do contexto social. A vontade geral é vista como superior
ao interesse pessoal e os juízos normativos devem buscar o bem comum. O
corpo social é constituído pela universalidade de vontades e precisa ser
protegido do individualismo, que ameaça a solidariedade social.

Você também pode gostar