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4.1 Introdução
Os plasmídeos são moléculas extra-cromossómicas de DNA de cadeia dupla (dsDNA), que
ocorrem naturalmente em bactérias e algumas leveduras, existindo numa forma parasítica ou
simbiótica dentro da célula hospedeira. Tal como o DNA genómico (gDNA) do hospedeiro, o
pDNA é duplicado antes de cada divisão celular. Durante a divisão celular, cópias do pDNA são
segregadas para cada célula-filha, assegurando a propagação do plasmídeo às sucessivas gerações
da célula hospedeira. Uma vez que os plasmídeos podem ser utilizados como vetores de
clonagem, a purificação de pDNA surge como um processo fulcral na tecnologia de DNA
recombinante, tanto para a preparação de vetores como para a análise de clones recombinantes.
A purificação de DNA plasmídico (pDNA) implica a utilização de um método que permita reter
o pDNA e descartar o gDNA. O método mais utilizado para purificação de pDNA é o método
da lise alcalina, desenvolvido em 1979, por Birnboim e Doyle. Este método baseia-se nas
seguintes etapas:
2. Ressuspensão
As células são então ressuspendidas numa solução contendo Tris, EDTA, glucose e RNase A. A
presença de catiões divalentes (Mg2+ ou Ca2+) promove a atividade das DNases e ajuda a
manter a integridade da parede celular bacteriana. O EDTA forma quelatos com os catiões
divalentes, prevenindo assim a degradação do plasmídeo pelas DNases e ajuda a destabilizar a
parede celular. A glucose mantém a pressão osmótica, evitando que as células rebentem,
enquanto que a RNase A degrada o RNA.
3. Lise
O tampão de lise contém hidróxido de sódio e SDS. O SDS ajuda a solubilizar a membrana e
também desnatura a maioria das proteínas celulares, o que auxilia a separação do pDNA das
proteínas existentes em solução numa fase posterior do processo. Além de ajudar a quebrar a
parede celular, o NaOH quebra as ligações de hidrogénio entre as bases de DNA, convertendo
o DNA de cadeia dupla (dsDNA), incluindo o gDNA e o pDNA, em DNA de cadeia simples
(ssDNA). Esta desnaturação é a parte central do processo de purificação. É importante que a
lise seja realizada de forma gentil, de modo a não fragmentar o gDNA.
4. Neutralização
5. Lavagem e concentração
Após os passos descritos, o pDNA encontra-se numa solução contendo elevadas concentrações
de sal, EDTA, RNase e resíduos celulares, pelo que não pode ser diretamente utilizado. Existem
várias formas de limpar e concentrar o DNA purificado, incluindo a extração por
fenol/clorofórmio seguida de precipitação com etanol ou através da utilização de métodos
baseados em cromatografia.
Tal como outros métodos tradicionais para purificação de ácidos nucleicos, o método da lise
alcalina resulta na purificação de pDNA de elevada qualidade de forma relativamente barata. No
entanto, a utilização deste método para purificar pDNA a partir de um grande número de
amostras pode tornar-se moroso e pouco conveniente.
Por esta razão existem kits comerciais, alternativas bastante eficientes e muito mais rápidas, que
combinam os princípios da purificação por lise alcalina com os princípios da adsorção seletiva
do DNA a membranas de sílica. As colunas utilizadas por este tipo de kit, possuem uma
membrana de sílica. Na presença de elevadas concentrações de sal, o DNA liga-se à membrana.
Os contaminantes são eliminados na presença de sal e /ou etanol, de forma a que o DNA se
mantenha ligado à membrana de sílica. Para recuperar o DNA, a eluição é efetuada na presença
de um tampão com baixas concentrações de sal ou na presença de água, havendo assim quebra
das ligações entre o DNA e a membrana de sílica.
Figura 4.1-1 Principio de funcionamento das colunas de sílica com afinidade para ácidos nucleicos.
Nesta aula prática será utilizado para a purificação de pDNA o kit NZYMiniprep, cujo
protocolo está graficamente representado na figura 3-2.
Até ser usado pela primeira vez, todos os components do kit podem ser armazenados à
temperatura ambiente (20-25 °C).
Antes de usar pela primeira vez, adicionar 1 mL do Buffer A1 ao vial de RNase A vial e
vortex. Transferir essa solução para o recipient do Buffer A1 e agitar cuidadosamente.
A partir deste momento o Buffer A1 deve ser armazenado a 4 °C para uso frequente
ou a -20 °C se o uso é mais infrequente.
Adicionar 32 mL (MB01001) de etanol 100%, de grau P.A. ou para Biologia Molecular
ao Buffer A4.
Sempre:
A preparação do inóculo de células a partir do qual vai ser purificado o DNA plasmídico deve
ser feita no dia anterior à purificação.
NOTA: É extremamente importante que o tampão de eluição seja adicionado na zona central
da coluna. A incubação da coluna a temperaturas mais elevadas(37-50°C) pode aumentar o
rendimento no caso de plasmídeos de grandes dimensões (>10.000bp). Aquecer previamente o
tampão de eluição (55-80°C) também pode aumentar ligeiramente a eficiência da eluição. Se for
utilizada água para a eluição, o seu pH deve estar entre 7.0 e 8.5. A eficiência de eluição está
dependente do pH; um pH<7.0 pode diminuir o rendimento.
8. Medir a absorvância de uma solução de DNA purificado a 260nm, 230nm e 280nm, tendo o
cuidado de utilizar como branco o tampão em que foi realizada a eluição do pDNA. Calcular
a concentração e as razões indicadoras de pureza para a solução de DNA purificado.
Engebrecht, J., Brent, R., Kaderbhai, M. Minipreps of plasmid DNA. Current Protocols in
Molecular Biology (1991) 1.6.1-1.6.10.