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EFEITOS DA FALENCIA SOBRE OS SOCIOS

Um dos efeitos da falência é a arrecadação de bens do devedor para a formação da chamada


massa falida objetiva ou massa ativa.

a Lei 11.101/2005, traz o entendimento de que é possível estender os efeitos da falência aos
sócios das empresas de responsabilidade limitada, no entanto, acrescentou que isso só seria
possível quando presentes os requisitos da desconsideração da personalidade jurídica, ou seja,
em caso de abuso de personalidade jurídica caracterizada por desvio de finalidade ou confusão
patrimonial.

A desconsideração da personalidade jurídica é prevista no artigo 50 do Código Civil e serve


como remédio jurídico para reprimir fraudes contra credores em sociedades limitadas, que
escondem seus bens atrás do patrimônio pessoal dos sócios e administradores.

“Art. 50. Do Código Civil - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos
de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso.”

O artigo 50 limita a desconsideração aos bens do sócio não permitindo que a pessoa física seja
atingida.

Voto E. Desembargador Eliior Akel “Conforme já afirmei, em julgamento desta Corte,


quando ainda integrava a então Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais, “uma
coisa é a desconsideração da personalidade jurídica para submissão dos bens dos sócios à
satisfação de uma obrigação, em se divisando abuso de direito, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou confusão patrimonial (artigo 50 do Código Civil), vale dizer, a extensão, a essas
pessoas, das repercussões patrimoniais da quebra. Outra, diversa, é a extensão da própria
falência aos sócios, ao controlador, ou a outras empresas coligadas”. “(…) Em qualquer
hipótese de propositura de ação de responsabilização, de desconsideração da personalidade
jurídica e de extensão da falência, a sua eventual procedência só pode ter consequências
patrimoniais, ou seja, sujeitando os bens do sócio, controlador ou administrador ao
pagamento das obrigações sociais, mas não o sujeitando à condição de falido”

(Agravo de Instrumento nºs 521.791.4/2 e 553.068.4/2, Rel. Romeu Ricupero, j. 27.8.2008)

O incidente, por sua vez, poderá ser instaurado de ofício pelo magistrado, a requerimento de
um credor lesado pelo comprovado abuso de personalidade jurídica, ou a requerimento do
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, nos termos dos artigos 82-A, da Lei
11.101, 50, do Código Civil, e 133 e s.s., do CPC.

Com o advento da Lei n° 14.112/2020, tem-se o entendimento concernente à extensão da


falência – e de seus efeitos – aos sócios das empresas de responsabilidade limitada, que
restaram expressamente vedados, ao mesmo tempo que se admitiu a desconsideração da
personalidade jurídica para fins de responsabilidade subsidiária de terceiros, grupo, sócio ou
administrador pela obrigação:

“ Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos
sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade
falida, admitida, contudo, a desconsideração da personalidade jurídica.

Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, para fins de


responsabilização de terceiros, grupo, sócio ou administrador por obrigação desta, somente
pode ser decretada pelo juízo falimentar […]”

Ou seja, passou a ser vedada a extensão da falência – bem como seus efeitos – aos sócios das
empresas de responsabilidade limitada, mas, no intuito de coibir fraudes e sanar a obrigação
da falida, o legislador permitiu que os bens de terceiros fossem atingidos através da
desconsideração da personalidade jurídica, desde que comprovados os requisitos presentes no
artigo 50, do Código Civil.

Quando se tratar de empresário individual, tendo sua responsabilidade ilimitada, este não
possui separação entre patrimônio empresarial e pessoal, dessa forma tem todos os bens
atingidos pelos efeitos da falência. Contudo, os bens absolutamente impenhoráveis estão a
salvo, a exemplo: bens inalienáveis, bem de família, provisões de alimento necessárias à
manutenção do devedor e de sua família, anel nupcial, pensões, seguro de vida, dentre outros

art. 81 da Lei nº 11.101:

A decisão que decreta a falência da empresa com sócios ilimitadamente responsáveis também
acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em
relação à sociedade falida e por isso devem ser citados para apresentar contestação, se assim
o desejarem.

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