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FACULDADE ANHANGUERA

DIREITO CIVIL – COISAS


MATERIAL DE APOIO - AULA 6
REFERÊNCIAS:

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 10ª Edição. 2020.

OLIVEIRA FILHO, Vicente Gomes de. Código civil anotado: com ementas de acórdãos e indicação de
doutrina. 1 ed. São Paulo LTr 2007. 391 p. ISBN 9788536106786.

MONTEIRO, Washington de Barros; PINTO, Ana Cristina de Barros Monteiro França. Curso de direito civil.
42. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. nv. ISBN 9788502022980 (obra completa). FARIAS, Cristiano Chaves
de.;

ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, v.1. 15.ed. Salvador: JusPodium, 2017.
878 p. ISBN 9788544211021 (v.1).

CÓDIGO CIVIL DE 2002 – ATUALIZADO.

 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE (MARIA


HELENA DINIZ):
 Direito absoluto – é um direito absoluto, não porque prevalece sobre qualquer
direito, mas porque é direito absoluto no sentido de ter uma eficácia erga omnes
(contra todos).
 Direito exclusivo – em regra. É presunção relativa ou iuris tantum.
O art. 1.231 do Código Civil prevê que a propriedade se presume plena e exclusiva até
prova em contrário.
Exceção: nos casos de condomínio ou copropriedade.
 Direito perpétuo – a propriedade tem solução de continuidade até que ocorra
um fato modificativo ou extintivo. Exceção: Propriedade resolúvel ou ad tempus
– aquela que depende de condição ou termo.
 Direito elástico (Definição trazida por Orlando Gomes) – a propriedade pode
ser distendida ou contraída de acordo com os seus atributos.
Na propriedade plena, há a máxima elasticidade. No usufruto, no uso e na habitação,
vai-se diminuindo sua elasticidade.
 Direito complexo – é complexo por seu conceito ser de difícil visualização e por
seus atributos.
 Direito fundamental – previsto na CF, no art. 5º, incisos XXII e XXIII. Deve ser
ponderada com outros direitos fundamentais, utilizando-se a técnica da
ponderação de Robert Alexy, a qual foi adotada pelo CPC no art. 489, parágrafo
2º, CPC/2015.
 CF, art. 5º, XXII e XXIII: “XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;”
 CPC/2015, art. 489 § 2o: “No caso de colisão entre normas, o juiz deve
justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada,
enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada
e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão".
FUNÇÃO SOCIAL E SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE
 FUNDAMENTOS NA LEGISLAÇÃO: (art. 5º, XXIII, CF; art. 186, CF; art. 170,
CF; art. 225, CF; art. 1228, § 1º, CC).
 A propriedade tem uma finalidade coletiva.
 Professor José de Oliveira Ascensão - A função social da propriedade tem
dupla intervenção:
 INTERVENÇÃO LIMITADORA (OU NEGATIVA) – ela limita ou restringe o
exercício.
EX: artigo 225, parágrafo primeiro, inciso IV, CF - a exigência de estudo prévio de
impacto ambiental para instalação de obras potencialmente causadoras de significativo
impacto ambiental, ao que deve ser dada publicidade.
 INTERVENÇÃO IMPULSIONADORA (OU POSITIVA) – ela impõe condutas.
Ideia de dar uma destinação positiva à coisa (utilizar o bem para o bem) –
Exemplo: o conceito de posse-trabalho.
Requisitos para função social da propriedade rural e urbana:
REQUISITOS CONSTITUCIONAIS:
CF, art. 186: “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
 aproveitamento racional e adequado;
 utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
 observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
 exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores".
Requisitos simultâneos para a função social:
1. Desenvolvimento sustentável;
2. Tutela do bem ambiental (art. 225, CF);
3. Proteção dos trabalhadores (art. 7º, CF);
4. Bem-estar geral.
OBSERVAÇÃO: Não atendendo a um desses requisitos, a propriedade não cumpre a
sua função social.
O principal julgado do STJ sobre a função social da propriedade é o caso da “Favela
Pullman”– Resp 75.659/SP/2005.
A ideia adotada foi de que quem não cumpre a função social não tem propriedade. Não
haveria sequer legitimidade dos adquirentes para ação reivindicatória.
O STJ adotou o entendimento de que houve abandono da área pelos proprietários.
Confira a ementa:
“CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. TERRENOS DE LOTEAMENTO
SITUADOS EM ÁREA FAVELIZADA.
PERECIMENTO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. ABANDONO. CC, ARTS. 524, 589, 77 E
78. MATÉRIA DE FATO. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7-STJ. I. O direito de propriedade assegurado no art.
524 do Código Civil anterior não é absoluto, ocorrendo a sua perda em face do
abandono de terrenos de loteamento que não chegou a ser concretamente implantado,
e que foi paulatinamente favelizado ao longo do tempo, com a desfiguração das frações
e arruamento originariamente previstos, consolidada, no local, uma nova realidade
social e urbanística, consubstanciando a hipótese prevista nos arts. 589 c/c 77 e 78,
da mesma lei substantiva. II. “A pretensão de simples reexame de prova não enseja
recurso especial” - Súmula n. 7-STJ. III. Recurso especial não conhecido" (STJ - REsp:
75.659 SP 1995/0049519-8, Relator: Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de
Julgamento: 21/06/2005, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 29/08/2005,
p. 344)
LINK: Entrevista Des. José Osório de Azevedo Jr. - Direito de Propriedade e aspectos
controvertidos – YouTube
FUNDAMENTO: (art. 225 da CF e art. 1.228, §1º, CC):
 Dentro da função social da propriedade está a função socioambiental, envolvendo
a tutela do bem ambiental (art. 1.228, §1º, CC).
 ENTENDIMENTO DO STJ: que o adquirente do imóvel deve fazer a sua
recuperação ambiental, mesmo não sendo o causador do dano. O art. 14, §1º da
Lei 6.938/81, que traz a responsabilidade objetiva ambiental e por risco integral,
foi muito utilizado. Entretanto, o principal argumento é a obrigação propter rem
(própria da coisa). Entendimento consolidado pelo STJ (Súmula 623).
 Lei 6.938/81, art. 14, §1º: “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa,
a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.”
 Súmula 623, STJ: “As obrigações ambientais possuem natureza propter rem,
sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos
anteriores, à escolha do credor.”

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