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DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA
SÃO CRISTÓVÃO
2022
CAROLAINE MENDONÇA DA MOTA
SÃO CRISTÓVÃO
2022
SUMÁRIO
NERVO HIPOGLOSSO
REFERÊNCIAS......................................................................................................................13
NERVO HIPOGLOSSO
As fibras eferentes são aquelas que levam impulsos do sistema nervoso central para os
órgãos efetuadores. Para estas fibras, podem ser classificadas em viscerais e somáticas. Neste
caso, as somáticas, representam os músculos estriados esqueléticos, por enquanto que as fibras
viscerais, pertencem à divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo, que vão possuir
uma divisão em fibras eferentes viscerais especiais ou gerais. Os receptores especiais, estão
relacionados com músculos que inervam as formações viscerais do organismo, por enquanto as
fibras eferentes viscerais gerais, estão ligadas a inervação dos músculos liso, cardíaco e das
glândulas. Logo assim, as fibras eferentes, são divididas do seguinte modo:
O núcleo do nervo hipoglosso, XII par de nervos cranianos, está localizado a nível da
decussação dos lemniscos mediais, (Figura 1.1) medialmente aos núcleos olivares inferiores,
(Figura 1.2) a nível do trígono do hipoglosso. Neste se originam a fibras eferentes somáticas
que se dirigem ventral e medialmente através da formação reticular, e emergem ventralmente
às olivas, logo abaixo do sulco bulbopontino, no sulco pré-olivar, entre a pirâmide e a oliva.
(MACHADO, 2014)
(Figura 1.1) Corte do bulbo em nível da decussação dos lemniscos com o núcleo do nervo
hipoglosso situado anterolateralmente ao canal central com seu nervo emergindo lateralmente
às pirâmides. Fonte: SNELL, 2013.
(Figura 1.2) Corte do bulbo em nível médio das olivas com o núcleo do nervo hipoglosso mais
posterior no trígono do nervo hipoglosso, no assoalho do IV ventrículo, e o nervo hipoglosso
emergindo no sulco pré-olivar, entre a pirâmide e a oliva. Fonte: SNELL, 2013.
As fibras nervosas deste nervo se juntam em feixes que perfuram a dura-máter e saem
do crânio pelo canal do hipoglosso (Figura 1.3). O nervo segue para baixo e para frente a nível
do pescoço, entre a artéria carótida interna e a veia jugular interna até chegar na borda inferior
do ventre posterior do músculo digástrico. Então, segue para frente e cruza as artérias carótida
interna e externa e a alça da artéria lingual. Segue profundamente à margem posterior do
músculo milo-hióideo, situado sobre a face lateral do músculo hioglosso. Então, o nervo envia
ramos para os músculos da língua. (Figura 1.5) (SNELL, 2013)
(Figura 1.3) Representação da passagem do NC XII pelo canal do nervo hipoglosso no osso
occipital, próximo ao forame magno. Fonte: SOBOTTA, 2000.
(Figura 1.4) Núcleo do nervo hipoglosso e suas conexões centrais. Fonte: SNELL, 2013
O XII par de nervos cranianos, quando sai do crânio junta-se com alguns ramos do
plexo cervical e emitem alguns ramos (os ramos meníngeos, descendente, tireohióideo,
linguais).
O nervo hipoglosso, é um dos nervos que inervam a língua, e este par de nervo craniano
está relacionado com a motricidade da língua, no qual supre os músculos extrínsecos e
intrínsecos da língua. Assim, para se avaliar a integridade do n. XII é analisado a língua,
destacando-se principalmente a análise de atrofia, fasciculação e fraqueza da língua.
(Figura 2.1) Inervação dos músculos, destacando-se inervações do XII par de nervos cranianos.
Fonte: NETTER, Frank H.
Sendo assim, ao orientar para que o paciente estenda a língua, caso haja lesão no
neurônio motor inferior, haverá desvio da língua para o lado paralisado. No lado lesionado, a
língua é menor em consequência da atrofia muscular, além disso, pode ser acompanhado ou ser
precedido por fasciculações.
Cabe ressaltar ainda, que a maior parte do núcleo do n. XII, recebe de ambos
hemisférios cerebrais fibras corticonucleares, mas o musculo genioglosso, ao qual está
relacionado com a função de puxar a língua para frente e para baixo, é suprido pelo núcleo ao
qual recebe fibras corticonucleares apenas do hemisfério cerebral oposto, sendo assim, se
lesionado apresentará sinais contralateral. Dessa forma, se haver lesão nessas fibras, o paciente
apresentará protusão da língua, em que esta desviará contralateral à lesão, atrofia ou fibrilação
da língua.
5. PATOLOGIAS DO NERVO HIPOGLOSSO
O nervo hipoglosso XII par é o último par de nervo craniano e é essencialmente motor,
emerge do sulco lateral anterior ao bulbo sob a forma de filamentos radiculares que se unem
para formar o tronco do nervo. O tronco emerge do crânio pelo canal do hipoglosso, tem trajeto
inicial descendente e se dirige aos músculos intrínsecos e extrínsecos da língua. Sua função está
relacionada principalmente a inervação dos músculos extrínsecos e intrínsecos da língua,
conferindo, portanto, sua motricidade.
(FIGURA 3.1) Desvio para a esquerda da língua associado à paralisia unilateral do nervo
hipoglosso no terceiro dia pós-cirúrgico.
Porém, é importante que medidas preventivas na hora da cirurgia sejam tomadas, como
uma intubação com menos trauma possível, controle total da pressão de ar no cuff sem nunca
exceder os 20cm H2O para evitar compressão excessivo dos tecidos superficialmente aos
nervos, posicionamento adequado da cabeça do paciente sem hiperextensão do pescoço por
longo tempo, evitando movimentos bruscos da cabeça durante a cirurgia, podem contribuir para
a prevenção desta síndrome.
(FIGURA 3.2) Paralisia do XII nervo craniano esquerdo levando à atrofia do lado esquerdo da
língua, conhecida como síndrome de Collet-Sicard.
Essa síndrome pode ser causada por tumores primários intra e extracranianos,
traumatismos, processos inflamatórios, lesões vasculares e traumatismos. Com relação a causa
associada à tumores ou anormalidades ósseas, ambos podem estar ligados à base do crânio que
apresentará uma elevada compressão do XII par craniano. Essas compressões desses nervos
podem desencadear um AVC (Acidente Vascular Hemorrágico), afetando regiões que possuem
a função de processar regiões corticais de onde surgem os estímulos para os núcleos do
hipoglosso, gerando um grande problema no que se refere aos papéis do XII par. Além disso,
pode ocorrer rompimento das artérias da base do crânio, que acaba envolvendo a irrigação dos
núcleos do hipoglosso e infecções que, normalmente, estão relacionadas ao tronco encefálico.
A sintomatologia dessa síndrome vai depender de cada paciente, mas normalmente envolve a
perda do paladar do terço posterior da língua, que estará relacionada com o IX nervo. Paralisia
nas cordas vocais e disfagias, associadas ao X nervo. Fraqueza dos músculos
esternocleiomastoideo e trapézio, ligada ao XI nervo. E por fim, paresia e atrofia dos músculos
da língua relacionadas com o XII nervo. O tratamento da mesma irá depender da causa
subjacente da doença no paciente.
REFERÊNCIAS
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<https://doi.org/10.1590/S0034-72992002000100012>. Epub 18 Jun 2002. ISSN 0034-7299.
https://doi.org/10.1590/S0034-72992002000100012.
MACHADO, Angelo. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 7ª ed. RIO DE JANEIRO: Elsevier, 2019. 602
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SILVA, Alexandre Augusto Ferreira da. ROCHA, Roberto de Oliveira. MARIANO, Ronaldo
Célio. Síndrome de Tapia bilateral após cirurgia de avanço maxilomandibular. Revista
Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 10, Vol. 08, pp. 49-59.
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https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/tapia-bilateral
SNELL, Richard S. Neuroanatomia Clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koojang, 2013.
SOBOTTA: Sobotta J. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2000
Ulusoy, Hulya et al. Paresia transitória unilateral combinada do nervo hipoglosso e do nervo
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Zhaolei Ma, Shixian Mao, Qingfan Zeng, Ming Yu. Tapia’s syndrome following
otolaryngologic surgery – A case report, Interdisciplinary Neurosurgery, Volume 20, 2020,
100654, ISSN 2214-7519,