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MÓDULO 5
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A LIQUIDAÇÃO TRABALHISTA

AULA 23

ORIENTAÇÕES PARA A LIQUIDAÇÃO

1. Liquidação dos Pedidos Formulados

Como a petição inicial é a peça fundamental do processo, que principia os atos


judiciais na direção da tutela jurisdicional pretendida, no seu texto hão de constar as
exatas postulações da parte reclamante. Deve ser, portanto, descritiva quanto à
realidade do contrato de trabalho, discorrendo tanto sobre detalhes da forma do labor
realizado, como também apontando os fatos considerados significativos para a análise
dos pedidos (datas de admissão, de alterações de local, de função, de horário de
trabalho, de afastamento etc).

O confronto de tal descrição com o ordenamento jurídico deve ensejar a


acusação de supressão de direitos e a indicação específica de cada um deles.
Delineada, assim, a causa de pedir, devem ser então indicados os pedidos motivadores
da ação, cabendo ao peticionante relacioná-los de maneira organizada, discriminando-
os detalhadamente, de forma certa e determinada, através do rol de pedidos.

Observamos, ainda, a necessidade de que à petição sejam anexados pelo


reclamante os documentos que estejam na sua posse e que confirmem as declarações
firmadas, tais como: cópias da CTPS (registro do contrato, alterações salariais, anotações
de férias, alterações de função/cargo); recibos de pagamentos; Termo de Rescisão do
Contrato de Trabalho (TRCT); extrato analítico da conta vinculada do FGTS; cópias de
instrumento coletivo (acordo ou convenção), contendo a regra de pagamento de
determinada parcela pleiteada.

1.1. Cálculos na Petição Inicial

Entendemos que, sempre que possível, deverão os pedidos indicar os seus


respectivos valores, apurados a partir de cálculos de liquidação integrantes da
petição inicial ou a ela anexados. Ainda que tal procedimento possa levar à
limitação dos pedidos aos respectivos valores indicados, observamos as
seguintes vantagens ele que oferece:

 demonstra as operações de apuração das parcelas pleiteadas, possibilitando


acertada indicação do valor da causa e, assim, na escolha do rito processual
adequado;

 propicia maior convicção à parte, de forma que possa se pronunciar com


segurança perante a parte adversa e o Juízo, em discussão para fins de
conciliação por acordo judicial;
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 serve como base para a composição dos c álculos de liquidação do
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julgado, facilitando, assim, o seu elaborador, bastando apenas a
implementação dos ajustes que se façam necessários em decorrência da
decisão.

1.2. Formulação dos pedidos

Do ponto de vista da liquidação dos valores das parcelas, entendemos como


positiva a adoção da seguinte sequência quanto à relação de pedidos, com específica
discriminação de cada parcela contemplada, de forma certa e determinada:

1. pedidos sobre parcelas remuneratórias básicas (diferenças de salário normal, de


comissões; salário utilidade; gorjetas);

2. pedidos sobre os reflexos de tais parcelas;

3. pedidos sobre gratificações habituais (de função, de tempo de serviço);

4. pedidos sobre os reflexos de tais parcelas;

5. pedidos sobre complementos de 1º grau (adicionais relacionados ao trabalho


normal em período diurno);

6. pedidos sobre os reflexos de tais parcelas;

7. pedidos sobre complementos de 2º grau (adicionais relacionados ao trabalho


extraordinário, noturno e sobreaviso);

8. pedidos sobre os reflexos de tais parcelas;

9. pedidos sobre parcelas indenizatórias e fundiárias (para depósito) devidas no curso


do contrato;

10. pedidos sobre parcelas rescisórias típicas;

11. pedidos sobre parcelas secundárias (multas legais, normativas, processuais etc);

12. pedido sobre honorários de sucumbência.

Conforme já estudado, não é indispensável acrescer pedidos relativos a apuração


e recolhimento de contribuição previdenciária e de imposto de renda, bem como a
correção monetária e aplicação de juros de mora. (Súmulas 211 e 401 /TST)

1.3. Planilhas de cálculos

Algumas recomendações mostram-se pertinentes quando há a inclusão de cálculos


de liquidação dos pedidos:

• elaborar a liquidação em duas partes: a memória e o resumo (consolidação);

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• indicar de forma clara os seguintes dados: as datas de admissão e de afastamento
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do empregado, a data limite da atualização realizada; parâmetros usados para
correção monetária;

• apurar os valores das parcelas considerando as respectivas épocas próprias, e não


de forma simplificativa (multiplicando valor único pela quantidade de meses);

• em memória de cálculo, seguir a sequência indicada no item 1.2 supra,


discriminando a apuração das parcelas devidas no curso do contrato
(“contratuais”), das parcelas rescisórias, das parcelas fundiárias (para depósito) e
das parcelas previdenciárias;

• quando houver parcelas de salários fixados por quantidade de trabalho, indicar a


apuração quantitativa de forma detalhada;

• indicar os índices aplicados de correção monetária;

• não sendo possível precisar elementos importantes para o cálculo, caso os


documentos não sejam de posse do reclamante (controle de frequência, ficha
financeira, etc), a apuração poderá ser feita adotando-se valores médios e
utilizando-se métodos que empregam quantidades médias.

2. Liquidação do Julgado

Após o trânsito em julgado, o processo adentra a fase de liquidação dos pedidos


deferidos, para fins de apuração dos créditos devidos por força do título judicial.

Na elaboração dos cálculos de liquidação devem, então, ser observadas as ações


descritas no item 1.3 supra, tendo agora como referência a expressão do julgador ao
deferir (integral ou parcialmente) os pedidos formulados. Assim, devem ser respeitados os
novos parâmetros fixados no julgado para cálculo de determinadas parcelas (período de
trabalho, base e regra de cálculo, horário e jornada de trabalho, dedução de valores,
etc). Além disso, imperiosa se faz a apuração e o acréscimo de parcela de juros de mora,
indicando nos cálculos os parâmetros utilizados.

Caso não constem do processo informações que se façam indispensáveis para o


correto cálculo de parcelas abrangidas na condenação, o Juízo deve determinar que
sejam trazidos e adunados os documentos que contenham tais dados ou nomear auxiliar
especializado que promova as necessárias diligências para fins de sua obtenção.

2.1. Interpretação do julgado

O julgado deve ser claro ao definir e declarar sobre as parcelas constantes dos
pedidos deferidos e sobre os parâmetros de apuração de seus respectivos valores, através
de uma redação cuidadosa e voltada à facilitação de sua própria interpretação e, por
consequência, da elaboração dos cálculos de liquidação.

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Entretanto, não incomuns são as situações em que em algum aspecto essa clareza
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afigura-se prejudicada, em face da forma de redação escolhida pelo juiz ao discorrer
sobre o seu convencimento e fixar os comandos de sua decisão, surgindo, assim, dúvidas
a respeito do seu verdadeiro alcance.

Como, então, interpretar o texto sentencial com a segurança necessária, de forma


a não causar efeitos não pretendidos pelo julgador na confecção dos cálculos e, assim,
na constituição dos créditos devidos? Observamos que em tais situações os impasses
suscitados podem ser resolvidos pela aplicação das certas regras. Algumas delas:

 Os cálculos não podem alterar o decidido. (Art.879, §1º, da CLT)

 Devem ser apuradas somente as parcelas que constem expressamente deferidas


na decisão, evitando-se a inclusão de parcelas outras não referidas pelo julgador,
sob presunção de que se encontram implicitamente abrangidas no pedido.

 É presumível que não pretendeu o julgador determinar um novo pagamento por


algo que já se encontra pago e comprovado, a não ser que tenha expressamente
decidido nessa direção.

 É presumível que o julgador não pretendeu deferir o que não foi pedido, ou seja,
não pretendeu deferir coisa diversa da pretendida pelo reclamante.

 É presumível que o julgado constitui um conjunto de partes organizadas,


interligadas e coerentes entre si.

 A sentença visa o que é considerado razoável e usual nos meios jurídicos,


e não ao que seria tido como absurdo.

 Inexistindo na sentença expresso comando em sentido contrário, presume-se


verdadeiro aquilo que se mostrou incontroverso na fase de conhecimento.

 Só se consideram deferidas as parcelas expressamente indicadas ou referidas na


parte conclusiva do julgado (dispositivo).

 Nos cálculos de liquidação só se podem considerar os efeitos da prescrição quando


há expresso pronunciamento do juiz nesse sentido

 Eventual erro material observado no julgado deverá ser formalmente acusado no


processo, visando a sua correção por parte do Juízo.

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AULA 24
5
ELABORAÇÃO DE PLANILHAS DE CÁLCULOS TRABALHISTAS

(A aula 24 não suscita complementação ou síntese conceitual nesta apostila)

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