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Os projetos e ideias do Archigram eram complexos e ousados, já que para o grupo os estilos e

movimentos arquitetônicos da época era visto como algo ultrapassado e obsoleto.

Suas propostas tinham sempre um ar desafiador, trazendo uma visão futurista da cidade como
forma de crítica onde se inspiraram na tecnologia como forma de expressão.

Um dos objetivos principais do grupo era introduzir a arquitetura no âmbito de produção industrial,
deixando um pouco de lado os conceitos artísticos, artesanais e históricos.

Para eles, as obras arquitetônicas poderiam ser alteradas de acordo com a necessidade do
indivíduo por meio de elementos encaixados como plugs. Estruturas nômades, aéreas e cidades
com mega-estruturas tecnológicas também faziam parte das ideias do Archigram.

Instant City inspirada na arquitetura dos shows pop ao ar livre

De acordo com Cook, o conceito foi desenvolvido a partir da própria experiência do Archigram
de dar palestras com um conjunto de materiais de apresentação e adereços embaláveis.

"Instant City foi realmente baseado em nossa própria experiência com o Archigram, porque
começamos a dar palestras, empacotar as ideias do Archigram e andar com muitos projetores",
explicou ele.
"Havia um projeto intermediário chamado Ideas Circus, que era muito mais específico, que na
verdade era um conjunto de aparelhos didáticos colocados em caminhões com infláveis
ímpares."
"Foi isso, aliado ao período de shows pop ao ar livre - acho que estava tudo no ar ao mesmo
tempo", acrescentou.

Um projeto para uma cidade nômade, Instant City


resultado de uma abordagem a um dilema filosófico sobre arquitetura que Archigram começou
a experimentar em Plug-in-City (1964).

Com seu conceito, a arquitetura desaparece, dando lugar à imagem, ao evento e às


apresentações audiovisuais, aos gadgets e outros simuladores ambientais.

Com Instant City, os arquitetos desenvolveram a ideia de uma “metrópole itinerante”, um


pacote que se infiltra temporariamente em uma comunidade.

Esta cidade sobrepõe, por um tempo, novos espaços de comunicação a uma cidade existente.
Este ambiente audiovisual (de palavras e imagens projetadas em telas suspensas), associado
a objetos móveis (dirigíveis e balões de ar quente com tendas, cápsulas e trailers pendurados
neles) e a objetos tecnológicos (guindastes, refinarias e robôs) cria uma cidade que consome
informação, aquela destinada a uma população em movimento.

Instant City é precisamente o que o seu nome indica: quando chega a um sítio, cria um
acontecimento e depois desaparece, significando assim que a arquitectura não tem de ser uma
construção e pode ser simplesmente um acontecimento, uma acção no presente.
Instant City também é um dos primeiros exemplos de arquitetura de rede, 25 anos antes do
nascimento da Internet: uma rede, fluxo e vetor de informações, reunindo fragmentos urbanos
dispersos. É um cenário que, uma vez colocado em movimento, será reescrito por todos os
habitantes que o derem vida. Assim, Instant City não tem forma fixa, nem restrições prévias. É
um exemplo de algo impossível de representar, uma cidade que não existe como tal e que é
apenas um incidente no tempo e no espaço. Na dialética entre permanente e transitório, móvel
e efêmero, Instant City encarna a visão utópica de uma arquitetura liberta de seus
fundamentos, de uma cidade voadora e aérea, que transforma a arquitetura em situação, em
ambiente reativo. A arquitetura aparece tanto como objeto de consumo quanto como criação de
um ambiente artificial.

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