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Introdução
1
FERREIRA, Aurélio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 3 ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
4
O segundo sentido que nos interessa discutir aqui diz respeito à representação como
um universo simbólico, ou seja, como uma rede de significados que emergem na
experiência dos sujeitos no mundo.2 Nessa abordagem, devedora das contribuições de
Berger e Luckmann (1985), a representação é entendida como uma construção que se
realiza através da linguagem. É uma perspectiva, portanto, construtivista, tal como
discutido por Stuart Hall (2016).
Hall (2016) distingue três abordagens no estudo das representações: a reflexiva, a
intencional e a construtivista. A abordagem reflexiva é a que compreende a linguagem
como mimese da realidade. Através da fala e da escrita, estaríamos refletindo o mundo real
na íntegra. A crítica de Hall (2016, p.47) é à falta da ideia de signo na abordagem e à falta
de explicação para nossa compreensão de coisas que não existem, mas sobre as quais
podemos falar.
O segundo grupo, que aborda a representação como intencional, credita aos
indivíduos a intenção ao pensar e falar o real, de modo que cada pessoa se expressaria de
forma única. As críticas seguem no sentido de que deve haver no mínimo algum senso de
compartilhamento na linguagem, ou se não, não nos faríamos entender nem entenderíamos
outras pessoas. Para o autor, cultura pressupõe algum grau de sentidos que sejam coletivos.
A terceira linha, a construtivista, é a que o autor defende e a que considera tanto o
mundo material como o mundo simbólico comunicado pelos indivíduos como partes do
processo de construção de representações. Segundo o autor,
Essa ideia de representação faz parte do circuito da cultura desenvolvido por Hall
(2016). O circuito é a concepção da cultura como um processo integrado por vários
componentes e que tomaria forma na sociedade. Ele foi ilustrado como um círculo
composto por cinco elementos interligados e que se afetam mutuamente: produção,
consumo, regulação, representação, identidade. Através desses entrecruzamentos e
2
Para uma discussão acerca da centralidade da experiência na construção das representações, cf. Simões,
2010.
6
afetações, estaria constituído o processo pelo qual a cultura se materializa na vida cotidiana
e na sociedade.
Assim como Hall coloca, as representações podem ser várias e multifacetadas e não
conseguimos captar seu sentido de forma completa imediatamente:
circulação das imagens e discursos que alcançam pessoas situadas nos mais diversos locais.
E esse alcance diz de algo que é público, além de fazer referência a pessoas que almejam
ou ocupam cargos públicos.
A imagem pública alude, assim, à imagem atrelada a algo ou alguém que é público.
Público no sentido de visível, conhecido ou de interesse da coletividade. Existem imagens
públicas de pessoas, figuras públicas3, celebridades4, políticos, atletas; e existem imagens
públicas de instituições, empresas, marcas, governos, países. É a face visível, que está em
contato permanente com os públicos, que é reportada midiaticamente, que se expõe nas
redes sociais digitais.
Ela pode ser constituída por vários elementos: textos, discursos, conversações,
opinião pública5, imagens, ações e não pode ser vista como única. Pessoas e instituições
sempre estão em disputa pela imagem que querem projetar. Gomes (2002) aponta que esse
jogo é um dos mais importantes na atualidade: “Parece até mesmo que todo o complexo
jogo de papéis, status, posições relativas e valores sociais [...] se resolva no mundo
contemporâneo em termos do jogo da imagem pública” (GOMES, 2004, p.243).
O que o autor chama de política da imagem diz respeito justamente a essa
competição pela produção de imagens e pelo controle sobre essas criações. É preciso ter
essa complexidade em mente para entendermos por que as imagens públicas não são
uniformes, homogêneas ou fechadas em si mesmas. Elas são construídas na relação entre
os múltiplos vetores que participam dessa disputa política ou “competição pela construção,
controle e determinação da imagem dos indivíduos, grupos e instituições participantes do
jogo político” (GOMES, 2004, p. 239-240).
No mesmo sentido de Gomes, Thompson (2008) destaca essa impossibilidade de
controlar as imagens projetadas: “Embora muitos líderes políticos busquem manejar sua
visibilidade, eles não podem controlá-la completamente. A visibilidade mediada pode fugir
ao seu comando e, ocasionalmente, trabalhar contra eles próprios” (THOMPSON, 2008,
3
De acordo com Vera França, figuras públicas são “[...] pessoas que ocupam cargos ou posições que dizem
respeito à vida coletiva de uma sociedade e, nesse sentido, devem se ater à ideia de bem comum e interesse
público, necessitando dar transparência às suas ações e delas prestar contas à coletividade” (FRANÇA, 2014,
p.16-17).
4
O termo celebridade “Diz de alguém que se torna conhecido por muitas pessoas, reconhecido por aquilo
que é ou faz, cultuado enquanto uma certa excepcionalidade digna de admiração e reverência” (FRANÇA,
2014, p.19).
5
O conceito será discutido mais à frente no texto.
8
p.28). Para o autor, essa dificuldade surge a partir do momento em que outras pessoas são
atingidas pela circulação de informações:
6
Debord (1997) entende a sociedade contemporânea através de dois eixos: o primeiro eixo faz uma crítica
ao capitalismo, o qual aliena os sujeitos e falseia a realidade, quando o espetáculo se torna uma expressão
dos seres humanos; o segundo eixo fala da separação entre o real (autêntico) e a representação, que
descaracteriza o mundo através da espetacularização da imagem. O espetáculo faria com que não
percebêssemos a realidade na qual estamos inseridos. Essa perspectiva pode ser criticada por considerar os
sujeitos completamente subjugados, alienados pelos processos midiáticos.
11
que efeito?”7. Burke se propõe a responder a essas proposições através de uma análise dos
vários anos de reinado de Luís XIV, atentando-se para as audiências do Rei e como elas se
comportavam, além de como a construção da imagem pública era gerida nos anos de
reinado por um sistema centralizado no próprio Luís XIV, que decidia o que seria veiculado
e como. Há também algumas comparações com políticos que viveram no mesmo período,
políticos que o precederam e que foram posteriores, no século XX.
Outro historiador, Zvi Yavetz (1983), também aborda a imagem pública de um
importante político, Júlio César. Yavetz desenvolve questões referentes à vida na Grécia e
Roma antigas, enquanto compara a imagem de Júlio César em vários momentos históricos.
Já Vanessa Puyadas Rupérez (2016), também historiadora, analisa a construção da imagem
pública de Cleópatra VII como um ícone histórico capaz de evocar imagens múltiplas,
utilizando fontes históricas greco-romanas, dados arqueológicos, produção artística e
propagandas políticas da época na obra Cleopatra VII: la creación de una imagen.
Representación pública y legitimación política en la Antigüedad. Nas conclusões sobre
uma das rainhas mais conhecidas da antiguidade, Puyadas Rupérez observa a
multiplicidade de imagens da rainha, de “monstro fatal” a governante perfeita e, com sua
obra, “pretende dar uma imagem o mais realista possível da personagem histórica, além da
máxima de que a história é escrita pelos vencedores” (CALLE, 2016, p.494)8.
Assim como Noble E. Cunningham (1981), outro historiador, que analisa a
iconografia de Thomas Jefferson durante seus anos de presidência dos Estados Unidos. O
autor compila as imagens disponíveis em circulação pública da época: gravuras, medalhas
e moedas, silhuetas em esculturas por exemplo, a fim de caracterizar a imagem de Jefferson
durante seu mandato.
O historiador Douglas Bukowski, em 1998, escreve sobre William Hale "Big Bill"
Thompson, um dos prefeitos da cidade de Chicago e muito reconhecido por alterar sua
imagem pública com maestria. Na obra Big Bill Thompson, Chicago, and the Politics of
Image, o autor escreve uma biografia do político que passava de anti-catolicismo a pró-
7
O modelo desenvolvido por Lasswell já foi bastante criticado nos estudos do campo por perpetuar uma
ideia transmissiva, linear e unidirecional de comunicação (QUÉRÉ, 1991; FRANÇA; SIMÕES, 2016). A
superação desta concepção vem através do modelo relacional ou interacional de comunicação que entende o
processo como circular, menos hierárquico e construído pelas duas – ou mais – partes (QUÉRÉ, 1991).
Apesar da visão ultrapassada utilizada por Burke, seu livro traz contribuições para analisarmos a imagem
pública de figuras políticas.
8
No original: “no quiere sustituir una imagen por otra, consciente de que Cleopatra no es la perfecta
gobernante[...], ni el fatale monstrum, que transmiten sus enemigos. Ella pretende dar una imagen lo más
realista posible del personaje histórico, más allá de la máxima de que la historia la escriben los vencedores.”
13
9
Do original: “sets out to correct popular and journalistic misrepresentations of Chicago's most colorful
mayor”.
10
SIMPSON, Dick. Simpson on Bukowski, 'Big Bill Thompson, Chicago, and the Politics of Image'. H-Pol,
mai/1998. Disponível em: <https://networks.h-net.org/node/9997/reviews/10461/simpson-bukowski-big-
bill-thompson-chicago-and-politics-image>.
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2 Apontamentos metodológicos
a partir das redes de sentido construídas pelas revistas. Assim, a grade analítica que orienta
esta investigação é composta por três eixos articulados:
3 Análise
11
ESTAMOS..., 29 de agosto de 2016, s/p.
12
BARROS, 31 de agosto de 2016, p.53.
13
DILMA..., 31 de agosto de 2016, s/p.
21
14
OYAMA, 07 de setembro de 2016, p.17.
15
OYAMA, 07 de setembro de 2016, p.13.
16
MATUOKA, 09 de setembro de 2016, s/p.
17
DIAS, 02 de setembro de 2016, s/p.
18
PEREIRA; BRONZATTO, 07 de setembro de 2016, p.52.
19
SAKATE; PEREIRA, 07 de setembro de 2016, p.58.
20
OYAMA, 07 de setembro de 2016, p.17.
22
Apesar das críticas a tais ações e características agregadas à imagem de Dilma, sua
história de luta pela democracia e contra a ditadura também é lembrada – resgatando outros
valores constitutivos das representações em torno da presidenta. O advogado de defesa da
ex-presidenta, José Eduardo Cardozo, faz um paralelo entre dois momentos – o
impeachment e a ditadura. Ele procura responder à fala de Janaína Paschoal, uma das
advogadas que protocolaram o pedido de impeachment e que dissera estar fazendo aquilo
pelo bem dos netos de Dilma.
A força e a braveza da presidenta são destacadas também por Kátia Abreu, que diz
ter um “fraco por mulheres fortes” e “ uma identificação grande com a Dilma, inclusive na
braveza. Nós somos bem parecidas, da mesma estirpe”24. Kátia Abreu aponta para uma
dimensão importante na leitura das representações construídas sobre Dilma naquele
21
IMPEACHMENT..., 30 de agosto de 2016, s/p.
22
CARTA; BEIRÃO, 02 de setembro de 2016, s/p.
23
AMARAL, 31 de agosto de 2016, s/p.
24
OYAMA, 07 de setembro de 2016, p.17.
23
contexto: o fato de ser mulher. Ela é mulher, mas é forte; é mulher, mas é brava; é mulher,
mas “assinou o documento com um ar de indiferença”25 – negando a premissa de que as
mulheres são emotivas. O componente de gênero é acionado tanto para destacar valores
tradicionalmente associados ao masculino – como a força, a coragem – como para
diferenciá-la dos dois homens políticos que estão na mesma órbita: Lula e Temer.
Lula é o carismático26 e bom negociador, qualidades que faltam à Dilma. Temer,
apesar de não acionar o carisma, possui maior capacidade de articulação política – e muito
de sua indicação à vice se deveu ao que ele agregaria à chapa em termos de capital político.
Ela é constantemente comparada aos dois, mas suas ações são avaliadas em vistas do que
seria adequado aos ideais de mulher e características naturalizadas como femininas
(delicadeza, maleabilidade, jogo de cintura). A fala de José Eduardo Cardozo marca essa
posição durante o julgamento ao dizer “Mulheres íntegras podem ser duras. Quando essas
mulheres se igualam aos homens, são autoritárias. Não atinjam a honra de uma mulher
digna. Disseram que ela tomava remédios para desqualificá-la”.27 E ele completa que
“Dilma foi discriminada por ser mulher, e os crimes pelos quais é acusada também foram
cometidos pelos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.”28 Uma carta dirigida
à Dilma também reforça esse posicionamento:
25
PEREIRA; BRONZATTO, 07 de setembro de 2016, p.51.
26
O conceito de carisma é desenvolvido por Max Weber como a terceira forma de dominação, do poder de
alguns líderes sob outras pessoas, as quais obedecem porque acreditam em qualidades excepcionais do
mesmo: “a crença no líder é encarada como um dever” (SIMÕES, 2012, p.28, grifo da autora). Weber
também define o carisma como “dons específicos do corpo e do espírito, dons esses considerados como
sobrenaturais, não acessíveis a todos” (WEBER, 1982, p. 171).
27
IMPEACHMENT..., 30 de agosto de 2016, s/p.
28
IMPEACHMENT..., 30 de agosto de 2016, s/p.
29
COLPA, 01 de setembro de 2016, s/p.
24
percebi lá. Até a Constituição de 1988, eles querem mudar. Não sei
porque eles querem mudar tudo: tirando a presidenta, eles querem mudar
a lei.30
Tendo em vista a análise nos dois primeiros eixos, procuramos aqui resgatar quais
são os valores que se destacam na construção das representações que edificam uma
imagem pública de Dilma – bem como os papéis sociais atribuídos a ela. A partir disso,
como refletir sobre tal imagem no contexto social contemporâneo? Ou seja, o que as redes
de sentido em torno de Dilma Rousseff podem revelar acerca da sociedade brasileira?
Entre os valores que permeiam a concepção caracterizadora (GOMES, 2004,
p.254) de Dilma destacados por ela mesma estão a lealdade e a confiança. Ela retoma em
seu discurso de saída da presidência essas características ao lado de um aspecto biográfico
muito importante: a luta contra a ditadura. Esse aspecto também é utilizado por outros
sujeitos ao lembrar da ex-presidenta, como componente de sua personalidade e
demonstrativo de sua força e sua garra. Ela aparece como corajosa, brava e resistente.
Ao lado de valores positivos, estão alguns negativos como a inabilidade política,
que é retomada para justificar a má-condução durante seus mandatos que culminaram no
afastamento. E a inflexibilidade quando não concordava com opiniões e sugestões alheias.
O papel de presidenta acaba confrontado pelo papel social de mulher, que é
marcado por várias expectativas de feminilidade e estereótipos de sensibilidade e traquejo
não correspondidos por Dilma. Esses elementos demonstram de alguma maneira que as
disputas em torno do que é definido como gênero feminino estão vivas e vêm à tona em
momentos de grande visibilidade midiática, especialmente se estamos falando de mulheres
políticas:
30
MILANEZ, 07 de setembro de 2016, s/p.
31
IMPEACHMENT..., 30 de agosto de 2016, s/p.
25
Tanto é assim que no discurso de saída a ex-presidenta reclama o fato de ser mulher como
um dos elementos que levaram ao impeachment.
Lugar de mulher é ao lado do marido, cuidando da casa e sendo recatada? Diz Veja
em reportagem sobre Marcela Temer, primeira-dama atual, que sim.32 Dilma, entretanto,
não é nada disso e é mulher. As tensões entre o que se espera e o que é conformado
socialmente demonstram que o papel das mulheres não pode ser e não é um só. As
representações sobre ser mulher também não podem levar em conta somente uma mulher
ideal. O contexto social aparece marcado pelos valores machistas que esperam posturas
diferenciadas de um(a) governante a depender do sexo e reforçam determinados
estereótipos de gênero ao realizar críticas à Dilma:
Na cobertura dos meios de comunicação, em que visibilidade, atribuição
de competência política e adesão potencial dos eleitores podem andar
juntas e fazer diferença na construção de uma carreira política, as
mulheres são poucas e sua imagem ainda se mantém ligada aos
estereótipos de gênero convencionais (MIGUEL, BIROLI; 2014, p.12).
4 Apontamentos Finais
A análise que iniciamos neste texto possui caráter preliminar e teve como objetivo
analisar algumas representações de Dilma Rousseff durante o impeachment, em duas
revistas semanais, Veja e Carta Capital. Entendemos que tais representações colaboram
na construção de uma imagem pública da ex-presidenta no contexto do impeachment.
Para tanto, discutimos o conceito de imagem pública articulado a alguns sentidos
de representação, buscando delinear uma abordagem profícua para análise de uma figura
pública como Dilma. Dessa forma, destacamos que: 1) a imagem pública é relacional,
construída tanto por posicionamentos do próprio sujeito, como nas diferentes relações que
ele estabelece com outros agentes; 2) a imagem pública é multifacetada, é heterogênea,
32
A revista Veja de 18 de abril de 2016 trouxe um perfil de Marcela Temer intitulado Bela, recatada e “do
lar”.
26
Referências
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Último Populismo de Chávez. Revista Debates, v. 8, n. 1, p. 55-79.
BUKOWSKI, D. Big Bill Thompson: Chicago and the politics of image. Chicago:
University of Illinois Press, 1998.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XVI. Rio
de Janeiro: Zahar, 2009.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RJ, Apicuri, 2016.
MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. São
Paulo: Boitempo, 2014.
MIGUEL, Luis Felipe. Gênero e representação política. In: MIGUEL, Luis Felipe;
BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.
P.93–108.
OLIVEIRA, Luiz Ademir de; LEAL, Paulo Roberto; MIRA, Gustavo. A construção da
imagem de Aécio Neves na disputa presidencial de 2014 sob a perspectiva da cultura da
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POYARES, Walter Ramos. Imagem pública: glória para uns, ruína para outros. Editora
Globo, 1997.
QUELER, Jefferson José. Jânio Quadros, o pai dos pobres Tradição e paternalismo na
projeção do líder (1959-1960). Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 29, n. 84, 2014.
P.119-207.
YAVETZ, Z. Julius Caesar and his public image: aspects of greek and roman life.
Ithaca: Cornell University Press, 1983.