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LEIS PENAIS ESPECIAIS

LEIS PENAIS
ESPECIAIS

Professor: Daniel Buchmuller


Monitor: Tatiana
Aula: Lei Maria da Penha - Jurisprudência

Lei Maria da Penha 11.340/06 (jurisprudência)

Súmula 600 do STJ: “Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no


artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor
e vítima”.

Obs: A Lei 11.340/2006 é aplicável às mulheres trans em situação de violência


doméstica. 1977124/SP, (STJ. Rel. 6ª Turma. Min. Rogerio REsp Schietti Cruz, julgado em
5/4/2022, Info 732).

Obs: É incabível a manutenção de medidas protetivas de urgência quando da conclusão


de inquérito policial sem o indiciamento do suspeito. (STJ. 6ª Turma. RHC 159303/RS,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 20/09/2022, Info 750).

ATENÇÃO: Art. 19, §6º da Lei Maria da Penha.

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.

§ 6º As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir risco à integridade


física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.

Mesmo que não haja o indiciamento do suspeito, ou a mulher se retratou da


representação, a medida protetiva de urgência com base no art 19, §6º desta lei, poderá
persistir.

Obs: É ilegal a fixação ad eternum de medida protetiva de urgência, devendo o juiz


analisar periodicamente a necessidade da sua manutenção. (STJ. 6ª Turma. HC 605113-
SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 08/11/2022, Info 756).

Obs: As medidas protetivas de urgência têm natureza de cautelares penais, não sendo
cabível a citação do suspeito para apresentar contestação, decretação tampouco da
revelia, a possibilidade nos moldes da lei processual civil. (STJ. 5ª Turma.

REsp 2009402- GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado

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em 08/11/2022, Info 756).

Obs: Independentemente da extinção de punibilidade do autor, a vítima de violência


doméstica deve ser ouvida para que se verifique a necessidade de prorrogação ou
concessão das medidas protetivas. (STJ, 3ª Sebastião Reis Júnior, julgado Seção, REsp
1.775.341/SP, Rel. Min. em 12/4/2023, Info 770).

Obs: É constitucional o art. 12-C da Lei Maria da Penha que autoriza, em hipóteses, a
aplicação, pelas algumas autoridades policiais, de medida protetiva de urgência em
favor da mulher. (STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 23/3/2022, Info 1048).

CRIME DE DESOBEDIÊNCIA?

O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art.


22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP). (STJ. 5ª
Turma. REsp 1374653-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/3/2014, Info
538 / STJ. 6ª Turma. RHC 41970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/8/2014, Info
544).

Obs: A aproximação do réu com o consentimento da vítima torna atípica a conduta de


descumprir medida protetiva de urgência. 2.330.912/DF, (STJ, AgRg no Rel. Ministro
AREsp Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, DJe 28/8/2023, Info 785).

NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:

STF - Info 825.

STJ – Súmula 589: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou


contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

IMPOSSIBILIDADE DE APLICAR A LEI 9.099/95: Artigo 41 – Aos crimes doméstica e


familiar praticados contra com violência a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Sumula 536 STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se


aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Obs: O artigo 41 também CONTRAVENÇÕES PENAIS diante se aplica às de uma


interpretação teleológica. (STJ, HC 280.788/RS)

Obs: Com essa vedação do artigo 41 o Delegado deverá instaurar inquérito policial para
todos os crimes, não podendo lavrar o TCO.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.

Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena

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privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Obs: Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher não é possível a
aplicação da pena de multa isoladamente, mesmo no caso do crime de ameaça que
prevê, em seu preceito secundário, a pena de multa de forma autônoma. (STJ. 3ª Seção.
REsp 2.049.327-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/6/2023, Recurso
Repetitivo – Tema 1189, Info 779).

RETRATAÇÃO:

Art. 25 do CPP - A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Art. 16 da LMP – Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida


de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o Ministério Público.

Obs: Não atende ao disposto no art. 16 da Lei Maria da Penha a retratação da ofendida
ocorrida sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação do
ato. (STJ, 5ª Turma, HC 138.143-MG, DJe 10/09/2019).

Obs: A audiência prevista no art. 16 da Lei nº 11.340/2006 somente será realizada se


houver manifestação da vítima de se retratar da representação em momento anterior
ao recebimento da denúncia. (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1946824-SP, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, julgado em 14/06/2022, Info 743).

Obs: A audiência prevista no art. 16 da Lei nº 11.340/2006 não pode ser designada de
ofício pelo juiz, sendo somente necessária caso haja manifestação expressa do desejo
da vítima de se retratar antes do recebimento da denúncia. (STJ. 3ª Seção. REsp
1977547-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 8/3/2023, Recurso
Repetitivo – Tema 1167, Info 766).

Obs: A interpretação no sentido da obrigatoriedade da audiência prevista no artigo 16


da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), sem que haja pedido de sua realização pela
ofendida, viola o texto constitucional e as disposições internacionais que o Brasil se
obrigou a cumprir, na medida em que discrimina injustamente a própria vítima de
violência. Não se trata da mera avaliação da presença de um requisito procedimental,
de modo que não cabe ao magistrado delegar a realização da audiência a outro
profissional, ou designá-la de ofício ou a requerimento de outra parte. (STF, ADI
7.267/DF, relator Ministro Edson Fachin, 21.8.2023, Info 1104).

Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.

Art. 88 da lei 9.099/95 – Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial,
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves
e lesões culposas.

Obs: O juízo do domicílio da mulher vítima de violência doméstica é competente para

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deferir as medidas protetivas de urgência, mesmo que a agressão tenha ocorrido em
outra comarca. Porém, a competência para julgar o crime é do local dos fatos. (STJ. 3ª
Seção. CC 190666-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 8/2/2023, Info 764).

Obs: Apesar do tema ser divergente, prevalece o entendimento de vulnerabilidade,


necessárias à caracterização que a hipossuficiência e a da violência doméstica e familiar
contra a mulher, são presumidas pela Lei nº 11.340/2006. (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
620.058/DF, 2017 / STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP, 2018). (STJ. 5ª
Turma. AgRg no RHC 92.825, 2018).

Não é possível a decretação de prisão preventiva ao autor de CONTRAVENÇÃO PENAL,


mesmo que envolva violência doméstica e mesmo que tenha descumprido medida
protetiva. O inciso III do art. 313 do CPP prevê que “se o CRIME envolver violência
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência”.

Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em CRIME (não abarcando
contravenção penal). Assim, permitir a decretação de prisão preventiva nesta hipótese
seria uma burla ao princípio da legalidade estrita. STJ. 6ª Turma. HC 437535-SP, 2018
(Info 632).

Obs: Nos casos de violência contra a mulher, é possível a fixação de valor mínimo de
indenização por dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte
ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução
probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido. (STJ. 3ª Seção. REsp 1643051-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 28/02/2018, Recurso Repetitivo, Info 621).

Obs: A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos provisórios ou


provisionais em favor da companheira e da filha, em razão da prática de violência
doméstica, constitui título hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimplemento,
passível de decretação de prisão civil. (STJ, 3ª Turma, RHC 100.446-MG, 05/12/2018).

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