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SUMÁRIO

1 A EXISTÊNCIA DA ÉTICA E DA FILOSOFIA MORAL .................................. 3

1.1 Ética ..................................................................................................... 3

1.2 Moral e Ética ........................................................................................ 7

2 A QUESTÃO DA CIDADANIA E DOS COSTUMES: OS PRINCÍPIOS


NORMATIVOS DAS RELAÇÕES SOCIAIS .............................................................. 12

3 A QUESTÃO DA DEMOCRACIA E A SUA IMPORTÂNCIA ..................... 16

3.1 A democracia ..................................................................................... 16

3.2 A importância da democracia participativa ......................................... 19

4 O DIREITO E A MORAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO ..................... 20

4.1 Causas da crise moral ........................................................................ 22

5 A EDUCAÇÃO E A CIDADANIA, O RESPEITO À DIFERENÇA, A


QUESTÃO DE RAÇA E ETNIA ................................................................................. 24

5.1 Educação Cidadã, Etnia e Raça: O trato pedagógico da diversidade 24

5.2 O que é Raça e Etnia ......................................................................... 26

5.3 Raça e Etnia no Brasil ........................................................................ 27

6 A EDUCAÇÃO, A INTOLERÂNCIA, O RACISMO E A XENOFOBIA ....... 29

6.1 Educação de qualidade pode ajudar a prevenir racismo e xenofobia 29

6.2 Xenofobia na Europa .......................................................................... 31

6.3 Intolerância religiosa e racismo crescem no ‘pacífico’ Brasil .............. 33

6.4 Racismo e Xenofobia ......................................................................... 35

6.5 Povo brasileiro: Miscigenação e racismo... ........................................ 39

6.6 Raças e racismo ................................................................................. 40

6.7 A ideia de "clarear o Brasil" ................................................................ 40

6.8 A exclusão social dos negros ............................................................. 41

6.9 Um país com duas realidades ............................................................ 41

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6.10 Intolerância religiosa e racismo crescem no ‘pacífico’ Brasil .......... 41

7 ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA .......................................... 43

7.1 Ética e Direitos humanos.................................................................... 43

7.2 Ética, Cidadania e Justiça social: Educar para os Direitos Humanos 44

7.3 Tipos de Violência .............................................................................. 45

7.4 Violência Urbana ................................................................................ 46

8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 50

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1 A EXISTÊNCIA DA ÉTICA E DA FILOSOFIA MORAL

1.1 Ética1

Toda discussão sobre “ética” sempre se inicia pela revisão de suas origens
etimológicas e pela sua distinção ou sinonímia com o termo “moral”. Justifica-se a
necessidade de explicitar a origem do termo ethos, uma vez que é de sua raiz primitiva
que iremos encontrar as respostas para as ambiguidades terminológicas e
imprecisões conceituais.

Fonte:www.debatesculturais.com.br

A palavra ethos expressa a existência do mundo grego que permanece


presente na nossa cultura. Esse vocábulo deriva do grego ethos. Nessa língua, possui
duas grafias: ηθοζ (êthos) e εθοζ (éthos). Essa dupla grafia não é gratuita, pois reúne
uma diversidade de significados que, ao longo do tempo, distanciaram-se do seu
sentido original.
Considerando que, normalmente, os autores não costumam apresentar os
significados desses termos em suas origens, antes de adentrarmos nos conceitos de
“ética” e “moral”, passaremos uma breve vista em suas origens, uma vez que as

1 Texto extraído do link: www.revistas.usp.br


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controvérsias sobre o que se entende por “ética” devem-se, em grande parte, aos
diversos significados da palavra primitiva ethos e à sua tradução para o latim mos.
Esses dois termos podem ser entendidos em três sentidos: “morada” ou
“abrigo”, “caráter ou índole” e “hábitos” ou “costumes”.
a. O termo grego ηθοζ (êthos), quando escrito com “eta” (η) inicial, possui dois
sentidos: morada, caráter ou índole.
O primeiro sentido é de proteção. É o sentido mais antigo da palavra. Significa
“morada”, “abrigo” e “lugar onde se habita”. Usava-se, primeiramente, na poesia grega
com referência aos pastos e abrigos onde os animais habitavam e se criavam. Mais
tarde, aplicou-se aos povos e aos homens no sentido de seu país. Depois, por
extensão, à morada do próprio homem, isto é, refere-se a uma habitação que é íntima
e familiar, é o “lar”, um lugar onde o homem vive. É o lugar onde é mais provável de
se encontrar o eu real. Ele representa aquilo que faz uma pessoa, um indivíduo: sua
disposição, seus hábitos, seu comportamento e suas características. Nesse sentido,
cada um tem sua própria ética. É isso, mais que os acidentes e incidentes da vida,
que o diferencia de todos os demais.
O segundo significado da palavra êthos assume uma concepção histórica a
partir de Aristóteles. Representa o sentido mais comum na tradição filosófica do
Ocidente. Este sentido interessa à ética, em particular, por estar mais próximo do que
se pode começar a entender por ética. Êthos significa “modo de ser” ou “caráter”. Mas
esse vocábulo apresenta um sentido bem mais amplo em relação ao que damos à
palavra “ética”. O ético compreende, antes de tudo, as disposições do homem na vida,
seu caráter, seus costumes e, naturalmente, também a sua moral. Na realidade,
poderia se traduzir como uma forma de vida no sentido preciso da palavra, isto é,
diferenciando-se da simples maneira de ser.
Entretanto, é preciso ter certo cuidado com o uso da palavra “caráter”, pois ela
pode ter uma conotação filosófica, um sentido psicológico e outro restritamente moral.
É este último que interessa à ética.
O caráter, segundo Heráclito de Éfeso (séc. VI-V a.C.) “é o conjunto definido
de traços comportamentais e afetivos de um indivíduo, persistentes o bastante para
determinar o seu destino”. Para Kant (1724-1804), o caráter é entendido de acordo
com a sua definição de causa, quer dizer, uma lei da causalidade, sob a qual as ações
estariam ligadas integralmente. Por outro lado, pode significar também o conjunto de

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traços psicológicos e/ou morais (positivos ou negativos) que caracterizam um
indivíduo ou um grupo.
Em sentido psicológico, “caráter é o conjunto de qualidades psíquicas e afetivas
que intervêm na conduta de uma pessoa e a distinguem das demais, o que também
chamamos de personalidade”. Refere-se ao conjunto dos traços particulares, ao seu
modo de ser, à sua índole e ao seu temperamento. Traços que estão mais ligados à
estrutura biológica propriamente dita, ou seja, aquilo que é herdado mais pela
natureza (páthos – do que é inato) do que os traços individuais adquiridos com a
adaptação ao meio social.
Mas não é essa acepção da palavra que interessa à ética. Interessa o caráter
em seu sentido estritamente moral, isto é, a disposição fundamental de uma pessoa
diante da vida, seu modo de ser estável do ponto de vista dos hábitos morais
(disposição, atitudes, virtudes e vícios) que a marcam – que a caracterizam – e lhe
conferem a índole peculiar que a distingue dos demais. Refere-se ao conjunto das
qualidades, boas ou más, de um indivíduo, resultante do progressivo exercício na vida
coletiva.
É esse caráter, não no sentido biológico ou psicológico, “senão no modo de ser
ou forma de vida que vai adquirindo, apropriando, incorporando ao longo de toda uma
existência”, que está associado a ética. Esse modo de ser, “apresenta uma dupla
dimensão de permanência e de dinamismo. O núcleo de nossa identidade pessoal é
o produto das opções morais que vamos fazendo em nossa biografia. Essas opções
vão conformando nossa fisionomia moral – a classe de pessoas que somos, nossa
índole moral –, ou seja, a disposição para nos deixar mover por uns motivos e não por
outros”.
Diante das dificuldades de interpretação do conteúdo semântico da palavra
ethos, não é sem motivo que os autores costumam simplificar. Definem a ética como
sendo uma palavra derivada do grego ethos, que significa “modo de ser” ou “caráter”
enquanto forma de vida adquirida ou conquistada pelo homem. Ou então, a “ética é
derivada do grego ethikos – aquilo que se relaciona com o ethos ou caráter”.
b. O segundo termo grego εθοζ (éthos), quando escrito com épsilon (ε) inicial, é
traduzido por “hábitos” ou “costumes”.
Este é o éthos social. Significa hábitos, costumes, tradições. Refere-se aos atos
concretos e particulares, por meio dos quais as pessoas realizam seu projeto de vida.

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Este sentido também interessa à ética, uma vez que o caráter moral vai se formando,
precisamente, mediante as opções particulares que fazemos em nossa vida cotidiana.
De maneira que é a força das tradições quem forma a identidade de uma
sociedade. Reciprocamente, os hábitos constituem o princípio intrínseco dos atos.
Conforme diz Aranguren,

“parece haver um círculo êthos-hábitos-atos. Assim se compreende como é


preciso resumir as duas variantes da acepção usual de êthos, estas sendo os
princípios dos atos e aquele o seu resultado. Ethos é o caráter (χαραҳτρη)
cunhado, impresso na alma por hábitos”.

Esta tensão, segundo Aranguren, sem contradição entre êthos como caráter e
éthos como hábitos, definiria o âmbito conceitual da ideia central da ética. Razão pela
qual, tanto na concepção clássica quanto na moderna, a ética ocupa-se
constantemente dos atos morais e dos hábitos no sentido de virtudes e vícios.
As virtudes podem ser classificadas pela forma de aquisição: intelectuais e
morais. As virtudes intelectuais são resultados do ensino, são muito artificiais, por isso
precisam de experiências e tempo para formar o caráter. As virtudes morais são
adquiridas pelo hábito, costumes ou experiência. Não são inatas, são adquiridas pelo
exercício da práxis, com o convívio social, ou seja, com a disposição de viver com ou
conviver com os outros.

Sobre a distinção entre virtudes e vícios, explica Korte que as virtudes são as ideias
ou razões positivas que trazem melhores resultados, ao passo que os vícios

são os portadores dos insucessos e dos resultados negativos. Enquanto atuo,


seja de acordo com virtudes ou vícios, procedo eticamente. Mas, e aí vem o
fundamento da explicação, se os costumes (mores) indicam a prática da
virtude, e eu pratico o vício, eu estou agindo contra a moral, mas a rigor, não
estou agindo contra a Ética mas contra as regras que me são recomendadas
pelos conhecimentos trazidos pela Ética.

Por isso a ética pode ser entendida como a ciência da reta ordenação dos atos
humanos desde os últimos princípios da razão (kathein). Estamos, portanto, diante de
uma ciência prática, que trata de atos práticos. É a razão da filosofia da prática. É a
forma que configura a matéria (atos humanos). Por isso, é importante saber que a
ética não se ocupa do irracional, como sugerem algumas interpretações, senão do
racional prático, intentando saber o específico da moral em sua razão filosófica. Isto

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é, a razão das escolhas de uma determinada conduta e os fundamentos da tomada
de decisão.
Dessa concepção e do entendimento de que ações humanas podem ser
abordadas por uma perspectiva psicológica, biológica ou filosófica, deduz-se que a
“ética” se ocupa da reflexão filosófica relativa à conduta humana sob o prisma dos
atos morais. Ela vai examinar a natureza dos valores morais e a possibilidade de
justificar seu uso na apreciação e na orientação de nossas ações, nas nossas vidas e
nas nossas instituições.

A ética estuda as relações entre o indivíduo e o contexto em que está situado.


Ou seja, entre o que é individualizado e o mundo a sua volta [mundo moral].
Procura enunciar e explicar as regras [sobre as quais se fundamenta a ação
humana ou razão pela qual se deve fazer algo], normas, leis e princípios que
regem os fenômenos éticos. São fenômenos éticos todos os acontecimentos
que ocorrem nas relações entre o indivíduo e o seu contexto.

A ética filosófica, como compreende Cubelles, é uma metalinguagem que fala


da práxis humana, tentando descobrir a razão pela qual se deve fazer algo,
considerando os valores morais estabelecidos em cada sociedade.

1.2 Moral e Ética

Outra discussão de relevo é sobre a distinção entre ética e moral. Instala-se


aqui uma verdadeira confusão entre as similitudes e diferenças, a começar pelas
definições dos dicionários de filosofia. Quanto à origem do termo, de acordo com o
dicionário de filosofia de J. Ferrater Mora, “a moral deriva de ηθοζ ‘costumes’, do
mesmo modo que a ‘ética’, de ηθοζ. Por vezes, a ética e a moral são usadas
indistintamente, como disse Cícero (de fato, 1,1) ”.
Por isso, esse vocábulo é algumas vezes utilizado como sinônimo de ética.
Entretanto, usa-se a palavra moral mais frequentemente para designar códigos,
condutas e costumes de indivíduos ou de grupos, como acontece quando se fala da
moral de uma pessoa ou de um povo. Aí, é o equivalente da palavra grega ethos e da
latina mores.
Segundo o dicionário de filosofia de Nicola Abbagnano, o termo moral
apresenta dois sentidos: o primeiro deriva do “lat. Moralia; in: Morals”, fr. Morale; it.
Morale; significa “o mesmo que Ética”. Objeto da ética, conduta dirigida ou disciplinada

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por normas, conjunto dos mores. Neste significado, a palavra é usada nas seguintes
expressões: ‘M. dos primitivos’, ‘M. contemporânea’ etc.” No segundo sentido, deriva
“lat. Moralis; in Moral”.

Este adjetivo tem, em primeiro lugar, os dois significados correspondentes


aos do substantivo moral: 1º atinente à doutrina ética, 2º atinente à conduta
e, portanto, suscetível de avaliação M., especialmente de avaliação M.
positiva. Assim, não só se fala de atitude M. para indicar uma atitude
moralmente valorável, mas também coisas positivamente valoráveis, ou seja,
boas.

Não é sem motivo que Coimbra afirma que “ética e moral são sinônimos de
origens distintas, que em si uma é a mesma coisa”, isto é, possuem os mesmos
sentidos. Por isso Tugendhat argumenta que não se pode tirar nenhuma conclusão
do que se pode entender por ética e moral a partir das origens das palavras. De fato,
etimologicamente, esses termos possuem idênticos conteúdos semânticos. Razão
pela qual muitas vezes são empregados no cotidiano indistintamente.
As razões dessas divergências encontram-se, sem dúvida, nas origens das
palavras, sobre as quais passaremos em revista, para depois apresentar alguns
conceitos extraídos da literatura especializada.
O que ocorreu? No latim não existia uma palavra para traduzir o êthos, nem
tampouco outra para representar o sentido do termo éthos, dado na língua grega.
Então, na essência, esta distinção foi perdida. Ambas foram traduzidas por “mos” ou
“mores” (plural de mos, do qual vem o termo moralis), pois era a palavra que mais se
aproximava do sentido de ethos, que nessa língua pode significar tanto “costumes”
como “caráter” ou gênero de vida.
Assim, “em latim, o “mos” passou a significar tanto o ηθοζ (êthos – morada,
caráter, índole) como εθοζ (éthos – hábitos, costumes) costumes e hábitos”. Está aqui
a origem de toda a confusão acerca do conteúdo semântico dos termos e, por
conseguinte, a sinonímia ou distinção dos sentidos que se atribui ao uso das palavras
ética e moral.
Entretanto, este não é o único critério para se determinar o significado das
palavras, pois assim como as línguas evoluem segundo a sua cultura, as palavras
podem adquirir significados distintos de acordo com o sentido em que são
empregadas. Além da dimensão semântica dos vocábulos e das expressões, há uma

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dimensão pragmática, visto que uma mesma palavra pode assumir significados
diferentes num determinado contexto sociocultural.
Sobre esse aspecto, é preciso ater-se ao processo de evolução do sentido do
termo como forma de conhecer não apenas o seu significado isolado, mas, sobretudo,
os vários sentidos em que pode ser utilizado numa dada cultura. Logo, questionar
acerca do que se deve entender por ética ou moral, considerando apenas o conteúdo
semântico dos termos, não é o único recurso de análise para se formularem
significados, conceito ou definições.
Deixando um pouco de lado o esforço de se tentar deduzir uma definição
exclusivamente a partir dos signos, vejamos as diversas maneiras de utilizar o termo
“moral” e, por sua vez, de se chegar a um conceito correspondente ao contexto
cultural.
A palavra moral, segundo Aranguren, possui diferentes sentidos com referência
direta ao comportamento humano e à sua classificação como moral ou, ao seu
contrário, imoral; como parte da filosofia – filosofia moral. Moral, também escrita com
maiúscula, quando se ocupa do comportamento humano no que se refere a bem ou
mal.
Segundo Martinez, o termo “moral” é utilizado atualmente de maneira distinta.
Assim como ocorreu com os significados de ethos, essa multiplicidade de usos
também deu lugar a alguns mal-entendidos. Para essa autora, algumas vezes o termo
moral é empregado como substantivo e outras vezes como adjetivo. Como substantivo
pode ser empregado em quatro situações:
1. Quando o termo “moral” for grafado com minúscula e estiver precedido do
artigo definido feminino, “a moral”, refere-se ao conjunto de princípios, preceitos,
comandos, proibições, normas de conduta, valores e ideais de vida boa que, em seu
conjunto, é constituído por um grupo humano concreto em uma determinada época
histórica. Nesta acepção, a moral representa um modelo ideal de boa conduta
socialmente estabelecida pela sociedade;
2. Quando a palavra “moral” é usada para fazer referência ao código pessoal
de alguém. Por exemplo, quando se diz que “fulano possui uma moral muito rígida”
ou quando se diz “beltrano carece de moral”, estamos falando de um código moral
que guia os atos de uma pessoa concreta ao longo de sua vida. É o conjunto de

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convicções e pautas de conduta que costuma constituir a base para os juízos morais
que cada um faz das outras pessoas e de si mesmo;
3. Usa-se o termo “moral” com maiúscula (Moral) para referir-se a uma “ciência
que trata do bem em geral, das ações humanas marcadas pela bondade ou pela
malícia”. A rigor, esta ciência não existe. O que existe é uma variedade de doutrinas
como, por exemplo, a Moral católica, protestante, islâmica, budista, marxista etc.
Fazendo um parêntese, lembramos que somente a ética na qualidade de
disciplina filosófica (ciência da moral) possui teorias éticas diferentes e até opostas,
pois há uma distinção entre uma doutrina e uma teoria: enquanto a doutrina trata de
sistematizar um conjunto concreto de princípios, normas, preceitos e valores, as
teorias constituem uma tentativa de explicar um fato. As teorias representam um
pensamento baseado num dado contexto histórico de uma época, sob o qual se
fundamenta a vida moral concreta.
4. Quando a palavra moral se refere a expressões que a utilizam no masculino,
tais como “ter o moral elevado” ou “estar com o moral alto” e outras semelhantes,
moral torna-se sinônimo de “boa disposição do espírito”, “ter força, coragem suficiente
para enfrentar – com dignidade – os desafios que a vida nos apresenta. Essa acepção
tem um profundo significado filosófico, pois a moral não é apenas um saber, nem um
dever, mas sobretudo uma atitude e um caráter”.
Com referência ao uso da palavra moral como adjetivo, a maioria das
expressões está relacionada com a Ética. Neste caso há duas situações em que
aparece como adjetivo:
1. Moral como oposto a “imoral” – Termo usado como termo valorativo de
reprovação. Esse uso pressupõe a existência de algum código moral que serve de
referência para emitir um juízo moral. Refere-se a uma conduta contrária às regras
morais vigentes numa dada cultura;
2. Moral como oposto a “amoral – Termo usado para se referir a uma ação que
não tem relação com a moralidade. A conduta dos animais, por exemplo, não tem
nenhuma relação com a moralidade, pois pressupõe que estes não são responsáveis
por seus atos. Ao passo que os seres humanos atingiram um desenvolvimento
completo e, na medida em que se tornam senhores de seus atos, têm uma conduta
moral. A moral, portanto, refere-se à “ação, atitude, estado ou caráter que não é nem
moral nem imoral, e, que é exterior à esfera da moral”.

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Desses exemplos, é possível deduzir que, para a compreensão do que se deve
entender por moral, as respostas não serão encontradas na origem do termo
exclusivamente, pois os costumes ou a cultura de um povo antecedem as suas origens
terminológicas. Os costumes são partes indissociáveis da identidade de um povo num
dado contexto histórico. Neste contexto, e da análise pragmática de como as palavras
adquirem vários sentidos, é que se poderá extrair um conceito mais apropriado ao seu
uso.
Os termos “ética” e “moral” foram utilizados ao longo da história com diversos
significados e com relações distintas entre si. Houve ocasiões em que os significados
mudaram completamente. Jürgen Habermas, por exemplo, com base em conceitos
da tradição hegeliano-marxista, utiliza os termos “eticidade” e “moralidade” com
significados novos, reservando a “moralidade” ao abstrato e universal e a “eticidade”
à concreção no mundo da moralidade da vida.
Assim como o termo ethos possui significados ambíguos, a palavra “moral”
também pode ser empregada com sentidos diversos. Se olharmos o conceito de moral
nos dicionários da língua portuguesa, notaremos que existe alguma distinção
conceitual significativa. Segundo o dicionário Houaiss:

Moral – denota bons costumes, boa conduta, segundo os preceitos


socialmente estabelecidos pela sociedade ou por determinado grupo social.
Cada um dos sistemas de leis e valores estudados pela ética (disciplina
autônoma da filosofia), caracterizados por organizarem a vida das múltiplas
comunidades humanas, diferenciando e definindo comportamentos
proscritos, desaconselhados, permitidos ou ideais.

Observa-se que o segundo conceito menciona que o sistema de leis (referindo-


se a regras ou normas sociais) e valores são estudados pela ética. Daí a diferença
entre os dois termos. “A Ética significa Ciência da moral, quer dizer, ética seria a
construção intelectual, organizada pela mente humana sobre a moral. Esta seria, pois,
o seu objeto”.
“O entendimento clássico de ética era o do estudo filosófico dos fundamentos,
dos princípios, dos deveres e dos demais elementos da vida moral. Ou seja, trata-se
da teoria filosófica sobre a moralidade”. O termo moral aplica-se, pelo contrário, à
consideração prática dos casos concretos; isto é, para designar a arte de aplicar a
teoria filosófica – a ética – aos problemas concretos da vida moral.

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Desse modo, não é apenas do significado restrito de um termo dissociado da
cultura que se extrai um conceito mais exato. Claro que a discussão deve sempre
começar pela análise linguística, pois é a partir do significado primitivo que se extraem
os primeiros significados.
Mas, afinal, o que entendemos por moral? A moral refere-se quer aos
costumes, quer às regras de conduta admitidas numa sociedade determinada.
Portanto, um fato moral é aceito para um tipo de sociedade de acordo com a sua
tradição ou realidade cultural. A realidade moral, neste sentido, vai se referir ao
conjunto desses costumes e dos juízos sobre os costumes que são objeto de
observação ou de constatação segundo as regras socioculturais.
Daí a compreensão de que a moral é conteúdo da ética. “Poder-se-ia dizer que
a moral é a matéria prima da ética”, pois constitui o conjunto de hábitos e prescrições
de uma sociedade.

A moral é o que se refere aos usos, costumes, hábitos e habitualidades. De


uma certa forma, ambos os vocábulos [ética e moral] se referem a duas ideias
diferentes, mas relacionadas entre si: os costumes dizem respeito aos fatos
vividos, ao que é sensível e registrado no acervo do grupo social como prática
habitual. A ideia contida na moral é a relação abstrata que comanda e dirige
o fato, o ato, a ação ou o procedimento. A moral explica e é explicada pelos
costumes. A moral pretende enunciar as regras, normas e leis que regem,
causam e determinam os costumes, inclusive muitas vezes, anunciando-lhes
as consequências.

À guisa de conclusão, deve-se entender por moral um sistema de normas,


princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os
indivíduos ou entre estes com a comunidade de forma não coercitiva. De maneira que
estas normas são dotadas de um caráter histórico e social e são acatadas de forma
livre e por convicção de foro íntimo.

2 A QUESTÃO DA CIDADANIA E DOS COSTUMES: OS PRINCÍPIOS


NORMATIVOS DAS RELAÇÕES SOCIAIS

As preocupações com a sobrevivência levaram o homem primitivo a agregar-


se em comunidades. Estas pequenas comunidades, aos poucos foram se
desenvolvendo, chegando a grandes aglomerações sociais. É nesse contexto que

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surgem as regras morais, com a finalidade de facilitar o convívio social das pessoas
na comunidade.

Fonte:www.portalzinho.cgu.gov.br

Na conceituação clássica encontrada nos dicionários da língua portuguesa,


moral é definida por parte da filosofia que trata dos costumes ou dos deveres do
homem para com seus semelhantes e para consigo; vem do latim “morale” e designa
“regras de comportamento aceitas por determinada comunidade”. (Bittar, 2004)
Conforme Vázquez (1999), “moral vem do latim mos ou mores, ‘costume’ ou
‘costumes’, no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito”,
referindo-se, portanto, ao comportamento que a habitualidade de determinados atos
infere ao homem.
Portanto, moral trata-se de uma norma não escrita que objetiva traçar linhas de
comportamento para o indivíduo em suas relações sociais, tendo por fundamento o
histórico da comunidade. No princípio, por necessidade premente de segurança ao
homem valente era atribuído maior valor dentro da comunidade. O valor e a
solidariedade eram considerados como grandes virtudes, onde tudo visava o interesse
da coletividade não considerando o homem no seu individualismo. Com
desenvolvimento das sociedades as regras morais passam a fundamentar-se na
responsabilidade pessoal, chegando, portanto, a um estágio mais desenvolvido da
moral.

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A evolução que despontou com o aumento das forças de trabalho e
produtividade, favoreceu o aparecimento da propriedade privada e consequentemente
uma desigualdade de bens dividindo a sociedade antiga em duas classes
antagônicas, o homem livre, cidadão, e o escravo. Essa situação social proporcionou
uma divisão da moral que deixou de ser única no sentido de um só conjunto de normas
aceitas por toda a sociedade, favorecendo a aparição de duas morais, a moral do
homem livre, com valores definidos, e a dos escravos.
As mudanças que se verificaram com a nova sociedade, surgida com o
desaparecimento do mundo antigo onde a escravidão era uma instituição de base
para todo o trabalho pesado, e o escravo considerado coisa; vieram dar uma nova
condição ao homem, embora não fossem muitas as mudanças, porém, foi-lhes dado
o direito à vida e passaram a serem considerados seres humanos.
A liberdade alcançada pelo trabalhador, muito embora devesse obediência ao
senhor feudal, proporcionou uma evolução dos conceitos morais. Essa moral continha
também preceitos religiosos, em vista da influência exercida pela igreja na idade
média, que de certa forma dava uma unidade moral à sociedade da época, bastante
estratificada.
A invenção das máquinas, proporcionou o crescimento de uma nova sociedade,
a burguesia, levando a um novo sistema econômico-social fundamentado no lucro,
permitindo surgir uma moral própria, a moral individualista que dominou a sociedade
burguesa do século XIX.
Na medida em que as diferentes sociedades tomam lugar no tempo, também
mudam os princípios e regras morais. Conhece-se um progresso moral. Esse se dá
em um plano histórico-econômico-social primeiramente, ampliando a esfera moral na
vida social.
Em resumo, Vázquez (1999) destaca o aspecto da moral ser uma forma de
comportamento humano compreendendo o normativo e o fatual; ser um fato social; a
questão da aceitação individual, isto é, uma interiorização das normas morais; a
manifestação concreta do comportamento moral dos indivíduos; o ato moral individual
como parte de um contexto normativo, ou seja, de um código moral. Ainda, embora
normativo o ato, a aceitação consciente e voluntária supõe a liberdade do sujeito na
execução do ato moral.

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Exposto o tema Moral, sua conceituação e evolução, passa-se a tratar da Ética
que, como ciência da moral tem origem do grego éthique ou ethos e do latim ethica,
ethicos, significando uso, costumes, caráter. É modificada cotidianamente com a
sociedade interagindo entre grupos sociais e em determinados períodos históricos.
Vázquez (1999) apresenta a ética como “a teoria ou ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade”. Conceito que mostra uma abordagem científica
dos problemas morais.
Já, Bittar (2004), apresenta ética dividindo-a em ética enquanto saber e
enquanto prática, onde ao saber cabe o papel de estudar a ação humana em sua
concepção mais ampla, e quanto a ética prática, como ele coloca, “consiste na
atuação concreta e conjugada da vontade e da razão, de cuja interação se extraem
resultados que se corporificam por diversas formas”.
Segundo Valls (1998), a ética na visão tradicional, é interpretada como “um
estudo ou reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os
costumes ou sobre as ações humanas”, o que lhe dá, portanto, um caráter teórico.
Portanto, como um resultado histórico-cultural que define o que é virtude, o que
é bom ou mal, certo ou errado, para cada cultura ou sociedade, a ética, seja como
investigação teórico-filosófica, ou como ação enquanto extensão racional das nossas
intenções, vai sustentar e dirigir as ações do homem, norteando a conduta individual
e social.
Por ética contemporânea, entende-se as doutrinas surgidas após a Revolução
Francesa e que prolongam suas influências até aos dias atuais, sendo caracterizadas
por uma reação adversa ao formalismo e ao racionalismo abstrato.
Assim, o posicionamento filosófico no que se refere às doutrinas éticas no
período contemporâneo, assenta-se em torno do pensamento de autores que atentem
para “[...] a interiorização dos valores, normas e leis de uma sociedade, resumidos na
vontade objetiva cultural, por um sujeito moral que aceita espontaneamente através
de sua vontade subjetiva individual”.
As questões éticas chegam ao século XX diante a uma grande quantidade de
tendências, que variam conforme a origem ou forma de interpretação e observação.
Peter Singer (1998), desenvolve uma investigação ética contemporânea
voltada para a prática. Focaliza a aplicação da ética nas mais variadas e

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controvertidas questões sociais atuais como igualdade e discriminação de raças,
sexo, capacidade, aborto, eutanásia.
Resumidamente, as linhas de pensamento ético-filosófico até aqui expostas,
buscaram mostrar a ética em seu caminho histórico a partir de alguns dos diversos
autores que se ocuparam da problemática ética, a fim de mostrar, através dos diversos
pontos de vista concebidos, as várias concepções.
O conceito de cidadania, por sua vez, deriva do latim ‘civitas’. Ele se refere ao
pertencimento, ou a inclusão de uma determinada pessoa na esfera dos direitos
instituídos por uma dada sociedade ou cultura. Tornar-se cidadão significa entrar no
universo de possibilidades aberto pelos direitos concedidos à comunidade aos
indivíduos que estabelecem com ela laços de pertencimento.
Porém, não devemos nos ater apenas aos aspectos formais do direito positivo
quando falamos de cidadania. Não podemos deixar de notar que as restrições ou o
uso pleno dos direitos referentes à cidadania são condicionados não apenas pelo
regime legal, mas também pela situação social, isto é, pelo lugar que ela ocupa na
estrutura da sociedade. O exercício do direito ao voto ou da liberdade de expressão
tem prioridades diferentes, de acordo com a autonomia que cada indivíduo ou grupo
possui. E essa autonomia, muitas vezes, está relacionada à condição econômica do
cidadão.

3 A QUESTÃO DA DEMOCRACIA E A SUA IMPORTÂNCIA

3.1 A democracia2

Democracia é uma palavra de origem grega que pode ser definida como
governo (kratos) do povo (demo). Dessa forma, a democracia pode ser entendida
como um regime de governo onde o povo (cidadão) é quem deve tomar as decisões
políticas e de poder. A democracia pode ser direta, indireta ou semidireta: diante da
impossibilidade de todos os cidadãos tomarem as decisões de poder (democracia
direta), estas passam a ser tomadas por representantes eleitos (democracia indireta

2 Texto extraído do link: www.portalconscienciapolitica.com.br


16
ou representativa) e, nesse caso, são os representantes que tomam as decisões em
nome daqueles que os elegeram.
De modo geral, um governo é dito democrático por oposição aos sistemas
monárquicos, onde o poder está centralizado nas mãos de uma única pessoa, o
monarca, e aos sistemas oligárquicos, onde o poder está concentrado nas mãos de
um grupo de indivíduos. Esta é a classificação dada por Aristóteles, em sua obra
Política.

Fonte: www.smartkids.com.br

Historicamente, a democracia surgiu na Grécia antiga (ver mais na seção


Filosofia Antiga). Mas mesmo em Atenas, onde a democracia se consolidou como
uma forma de organização política das cidades-Estados gregas (as polis), não havia
uma democracia no sentido literal do termo, pois, de fato, a grande maioria da
população ateniense não era formada de cidadãos (por definição, aqueles que
poderiam participar da coisa pública) e sim, de escravos, mulheres, crianças, além de
estrangeiros.
Em Atenas, vale ressaltar a figura de Clístenes, um reformador ateniense que
ampliou o poder da assembleia popular, permitindo a existência do que na época
passou a se chamar de isonomia, ou seja, a igualdade sob a lei, além da isegoria,
direitos iguais de falar e, por isso, é considerado o pai da democracia.

17
No caso do Brasil, só é possível falar no processo de redemocratização
levando-se em consideração o período obscuro que teve início com o golpe militar em
1964.

O período que antecedeu a promulgação da Constituição Federal de 1988


deixou marcas profundas no seio da sociedade brasileira, isto se deu em
razão de prevalecer no regime ditatorial então vigente, um total cerceamento
ao exercício dos direitos de cidadania política. Esse quadro começou a ser
mudado a partir da Assemblei Nacional Constituinte, que reconhecendo a
importância da participação popular na elaboração do texto Constitucional,
proporcionou a oportunidade da concretização dos anseios da população
brasileira (FONSECA, 2009, p. 14).

A fórmula de Abraham Lincoln: a democracia é “o governo do povo, pelo povo


e para o povo” é uma das definições que melhor expressam a ideia de uma
democracia. Esta definição está bem próxima do sentido etimológico da palavra, do
grego antigo. Contudo, é preciso considerar, como já dissemos, que mesmo na Grécia
Antiga, a democracia era um regime de governo onde apenas os cidadãos poderiam
participar diretamente da coisa pública, o que representava em torno de 10% da
população ateniense.
Carole Pateman afirma (1992) que desde o início do século XX muitos teóricos
políticos levantaram sérias dúvidas sobre a possibilidade de se colocar em prática um
regime democrático no sentido literal do termo (governo do povo por meio da máxima
participação do povo). E Bobbio (2000) indica pelo menos três fatores a partir dos
quais um projeto democrático tem-se tornado difícil de se concretizar nas sociedades
contemporâneas: a especialidade, a burocracia e a lentidão do processo

O primeiro obstáculo diz respeito ao aumento da necessidade de


competências técnicas que exigem especialistas para a solução de
problemas públicos, com o desenvolvimento de uma economia regulada e
planificada. A necessidade do especialista impossibilita que a solução possa
vir a ser encontrada pelo cidadão comum. Não se aplica mais a hipótese
democrática de que todos podem decidir a respeito de tudo. O segundo
obstáculo refere-se ao crescimento da burocracia, um aparato de poder
ordenado hierarquicamente de cima para baixo, em direção, portanto,
completamente oposta ao sistema de poder burocrático. Apesar de terem
características contraditórias, o desenvolvimento da burocracia é, em parte,
decorrente do desenvolvimento da democracia [...] O terceiro obstáculo
traduz uma tensão intrínseca à própria democracia. À medida que o processo
de democratização evoluiu promovendo a emancipação da sociedade civil,
aumentou a quantidade de demandas dirigidas ao Estado gerando a
necessidade de fazer opções que resultam em descontentamento pelo não-
atendimento ou pelo atendimento não-satisfatório. Existe, como agravante, o
fato de que os procedimentos de resposta do sistema político são lentos
relativamente à rapidez com que novas demandas são dirigidas ao governo
(BOBBIO, 2000 apud NASSUNO, 2006, p. 173-174).
18
Hoje em dia a democracia tornou-se um sistema político (e não mais apenas
um simples regime) no qual a soberania é atribuída ao povo que o exerce de modo:
Direto - quando o povo promulga ele mesmo as leis, toma as decisões
importantes e escolhe os agentes de execução, geralmente revogáveis. Temos aqui
a democracia direta;
Indireto - quando o povo elege representantes, eleitos através do voto, por um
mandato de duração limitada, e que devem representar os interesses da maioria.
Temos a democracia indireta ou Democracia Representativa;
Semidireta - no caso das democracias indiretas, o povo é chamado a
estabelecer algumas leis, através de referendos (que pode ser um referendo de
iniciativa popular), ou também para impor um veto a um projeto de lei, ou ainda propor,
ele mesmo, projetos de lei; este modelo pode ser analisado a partir do que se
convencionou chamar de Democracia Participativa que se caracteriza pela existência
de mecanismos que garantem a participação popular na esfera pública.

3.2 A importância da democracia participativa3

Rui Barbosa, um dos grandes brasileiros, afirmou certa vez: “O Brasil (...) é o
povo, em um desses movimentos seus, em que se descobre toda a sua majestade”.
Defensor incansável da democracia, sempre lutou por um país justo e humano. Assim,
foi também um entusiasta da prática efetiva da cidadania – direito que, irrevogável,
contribui imensamente para a construção de uma realidade em que a população
tenha, de fato, voz e vez.
Despertar para a importância da participação popular, em diferentes situações,
é fundamental. O poder público, quando ciente disso, trabalha mais e melhor; a
sociedade, por sua vez, torna-se mais forte e crítica, o que leva esperança a mulheres,
a homens e a crianças de todas as biografias sociais.
A indignação é o primeiro passo para a busca de soluções referentes aos
problemas de uma comunidade, de uma cidade, de um país. Juntos, os cidadãos
favorecem o bem comum e contribuem para o seu próprio amadurecimento, político,
social, cultural. E essa verdade, além de atingir resultados imediatos, pode levar a

3 Texto extraído do link: chalita.com.br


19
conquistas de médio e de longo prazos. A conscientização coletiva e o
acompanhamento popular das medidas dos gestores públicos são essenciais.
No entanto, é indiscutível que liberdade pressupõe responsabilidade. Cumprir
nossos deveres é tão importante quanto exigir nossos direitos. No dia a dia, pequenas
atitudes promovem grandes mudanças. Respeitar os idosos (e todos os benefícios
que lhes são garantidos), não furar fila, contribuir para a limpeza e para a conservação
do patrimônio público, devolver o troco que veio a mais e cumprir as leis de trânsito,
entre tantos outros fatores, também faz parte da atuação democrática.
Há um sentimento crescente de que o país pode mais, e não devemos nunca
duvidar disso. Que a indignação, a visão crítica e o espírito participativo permaneçam
constantemente vivos entre os brasileiros.

4 O DIREITO E A MORAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

A ciência e a tecnologia se desenvolvem muito mais do que a existência


humana interior. Porém, essas importantes e inegáveis conquistas do homem não
proporcionam igual evolução no campo da ética e da moral. A grande disputa de
espaços e a perene luta pelo poder brutalizam o homem, que passa a ver o seu
semelhante como um oponente um competidor.
A sociedade é dividida entre os que “pisam” e os que são “pisados” —
colocando pessoas iguais em planos diferentes — os melhores providos de meios
inexoravelmente irão conduzir o destino de seus semelhantes que possuem menos
recursos. Os detentores de forte influência, considerando o poder econômico, social
e demagógico conduzem as preferências de toda a sociedade. Mas, isso não significa
que os menos favorecidos pela sorte usem como pretexto para justificar seus vícios e
sua infelicidade.
Vivemos uma crise de legitimidade do modelo político, por não corresponder às
necessidades de participação e de mudança da sociedade civil; vivemos uma crise de
representatividade dos partidos políticos tradicionais, vinculados às oligarquias
regionais e às grandes burguesias nacionais, assim como dos partidos de esquerda
que se adaptaram velozmente ao status quo e às práticas políticas tradicionais. Antes
da crise econômica ou política, vivemos no Brasil uma profunda crise moral e, entre
outras razões, decorrente da fragilidade na nossa formação. A esperança de
20
enriquecer fácil e a certeza da impunidade é maior do que o medo de ser pego, razão
pela qual vale a pena arriscar.

Fonte: www.coladaweb.com

A Ética se restringe ao campo particular do caráter e da conduta humana, à


medida em que se relacionada a certos princípios morais, em termos gerais, a Ética e
a Moral são valores do homem livre. A Moral, por seu turno, é o conjunto de normas
que regulam o comportamento dos homens em Sociedade. No primeiro, Moral é um
conjunto de valores. Na ética, um conjunto de normas. A Ética é a forma pela qual o
homem deve se comportar no meio social. É a ciência da conduta humana. Está ela
intimamente relacionada ao caráter das pessoas. A Ética seria a ciência que estuda a
conduta humana e a moral seria a qualidade desta conduta.
Os recentes episódios ocorridos no parlamento brasileiro e fartamente expostos
pela mídia demonstram a total falta de compromisso com interesses coletivos e
cristaliza a crise moral. Nossos representantes no parlamento parecem preocupar-se
tão somente com a própria manutenção no poder e obtenção de vantagens pessoais,
conduzindo-se por uma inclinação devassa que chega a enojar. Enfim, toda essa sorte
de mazelas que parece demonstrar que o povo brasileiro vive num enorme carnaval
de bandalheiras, numa incessante orgia de falcatruas que se repetem com frequência
tal que, cerca de dois ou três meses do último escândalo, já não se tem mais
lembrança dos detalhes dos primeiros.
21
Essa realidade assaz desesperadora, ao mesmo tempo em que desencanta e
desestimula, permite que possamos refletir sobre as fontes dos infortúnios brasileiros,
entre as quais a crescente crise moral. Não bastasse a inflação e a vergonhosa
posição do Brasil em todos os indicadores de desenvolvimento e civilidade, as notícias
veiculadas pela mídia nos últimos tempos nos levam a concluir que vivemos em
estado de barbárie. À roubalheira desenfreada e pluripartidária na Petrobras e outras
que por certo virão. É meu amigo Valdenir, tudo isso força-nos à uma profunda
reflexão. A mudança está em cada um de nós!4

4.1 Causas da crise moral

Basta olhar em volta e perceberemos que estamos imersos em uma crise moral
de graves proporções. Como não é possível combater os efeitos sem eliminar as
causas, somos forçados a questionar: – Quais são as causas da crise em que
vivemos?
Considerando que somos espíritos encarnados em um grande Lar Escola
chamado Terra, podemos apontar para os instrumentos e as instruções que compõem
a chamada educação, como causas em potencial. Isto inclui tanto a educação
oferecida no lar e nas escolas, como nas organizações públicas e privadas, sem eximir
os meios de comunicação escrita, falada e televisionada. Afinal a crise é
comportamental, e comportamento é sempre efeito dos princípios, valores e crenças
que promovemos e que as pessoas adotam em suas vidas. Se estivermos de acordo
com o diagnóstico, novas perguntas se apresentam; entre elas: – O que devemos
fazer?
Considerando que a fonte só põe para fora o que tiver por dentro, não há como
mudar o que vemos sem fazer mudanças; mas o que mudar?
Note-se que o conhecimento humano se fundamenta em nossa capacidade de
filosofar, portando de questionar; na nossa capacidade de fazer ciência, portanto, de
fazer verificação das verdades; e na nossa capacidade de fazer escolhas, portanto na
nossa habilidade de exercitar a nossa ética.

4 Extraído do link: www.progresso.com.br


22
Considerando que Ética é a religião das religiões e que ético é sempre fazer ao
outro o que eu gostaria que a mim fosse feito, uma medida inicial seria promover a
religiosidade natural que há em todos os seres e que se manifesta desde a mais tenra
idade.
Assim, promotores da filosofia, da ciência e da religião, ou seja, professores,
pais e letrados em geral: em vez de se criticarem mutuamente, poderiam unir-se e
promover o conhecimento em torno destes três eixos do conhecimento, relembrando
em todas as oportunidades e espaços públicos e privados, que somos seres imortais,
portanto, sujeitos à posse e retenção de memórias que ficarão conosco para sempre;
e que não há dor pior do que a dor do arrependimento sobre o mal que
conscientemente cometemos.
Imaginemos escolas nas quais nossos filhos teriam contato com a história de
todas as expressões religiosas e que no exercício do seu livre-arbítrio escolhessem
estudar e praticar os princípios religiosos da religião que mais lhes tocasse o íntimo!
Tal medida evitaria a imposição de valores religiosos de fora para dentro,
reduziria o número de desiludidos e revoltados e ampliaria os sentimentos de ética
para com seus semelhantes.
Se a crise é comportamental, sua origem é inegavelmente educacional;
portanto, somente uma revolução nos conteúdos que ensinamos aos nossos jovens
poderá mudar os graves efeitos da escolarização formal e informal que nossa
sociedade atual oferece.
Como somos espíritos sujeitos à reencarnação, é inevitável que encontremos
no futuro os efeitos da nossa semeadura atual. Isto inclui os efeitos de nossas ações
e omissões.5

5 Extraído do link: serespirita.com.br


23
5 A EDUCAÇÃO E A CIDADANIA, O RESPEITO À DIFERENÇA, A QUESTÃO DE
RAÇA E ETNIA

5.1 Educação Cidadã, Etnia e Raça: O trato pedagógico da diversidade

Observa que ao abordar a situação do negro na sociedade brasileira, a


utilização do termo raça é o termo mais adotado pelos sujeitos sociais. É também o
que consegue se aproximar da real dimensão do racismo no Brasil. O próprio
Movimento Negro quando fala de raça utiliza baseado em uma nova interpretação de
reapropriação social e política, construída pelo próprio negro, pois o racismo e a
discriminação contra os negros não são só em decorrência dos aspectos culturais
presentes em suas vidas, mas por vários aspectos vistos de maneira negativa e pela
existência de sinais diacríticos que remetem esse grupo a uma ancestralidade negra
e africana.

Fonte: mirnacavalcanti.wordpress.com

Quando se discute a relação negro e branco no Brasil, deve-se considerar o


peso dos aspectos raciais. Raça é entendida como um conceito relacional que se
constitui histórica, política e culturalmente. Quando a autora discute sobre Educação,

24
cidadania e raça referem-se a todas as implicações que essa discussão acarreta ao
seguimento da população negra.
Quanto à implementação de políticas educacionais, esta deve observar a
realidade sociocultural brasileira. É necessário ao propor uma educação cidadã que
se articule a questão racial, observando e estando ciente dessa complexidade que
envolve o segmento negro em sua trajetória escolar, pois conforme pesquisas
recentes mostram que alunos negros, tem mais dificuldades que alunos brancos,
demonstrando que há uma estreita relação entre educação escolar e as
desigualdades raciais na sociedade brasileira. Deve-se repensar a estrutura, os
currículos, os tempos e os espaços escolares, quanto às particularidades da cultura
de tradição africana. A escola muitas vezes desconhece e desconhece essa realidade.
A construção de práticas democráticas e não preconceituosas implica o
reconhecimento do direito a diferença e isso inclui as diferenças raciais, assim
estaremos articulando Educação, cidadania e raça. Para se atingir esses objetivos é
necessário a revisão dos valores e padrões considerados aceitáveis por todos. A
realidade escolar no Brasil ainda prima por um modelo branco, masculino,
heterossexual e jovem. Outro fator a ser observado refere-se à superação do medo
quanto a diversidade, pois ser diverso não é um problema, e identidade racial também
não, pois isso são aspectos constituintes da formação humana e também uma
construção social histórica. A formação histórica no Brasil não foi positiva para os
negros, pois a mesma foi marcada pela colonização, pela escravidão e pelo
autoritarismo, o que levou a teorias cientificistas quanto à inferioridade das pessoas
negras, dos mestiços, o ideal de branqueamento. Isto acarreta numa dificuldade de
identificação da maioria da população brasileira quanto a sua identidade. Por tudo
isso, ser negro no Brasil possui uma complexidade maior e não se restringe a um dado
biológico. “No Brasil ser negro é tornar-se negro” (pág. 89). Entender isso é tarefa dos
profissionais da educação, da escola, que não pode deixar de incluir a questão racial
no seu currículo e na sua prática. Começando por uma revisão das práticas racistas
veladas no cotidiano escolar, em seus mais variados aspectos, principalmente
desvelar o silêncio sobre a questão racial na escola.
Pensar a articulação entre Educação, cidadania e raça é mais do que uma
mudança conceitual ou tratamento teórico é possuir uma postura político-
pedagógicas, pois Educação lida com sujeitos concretos, estabelecendo vínculos

25
entre vivência cultural, desenvolvimento e o conhecimento escolar, pois o meio
sociocultural que dá a base da inserção. Para atingirmos uma escola democrática
devemos analisar e superar a ambiguidade do racismo no Brasil, pois o mesmo é um
caso complexo e singular, pois ele se afirmar por meio da sua própria negação, onde
é negado com veemência, mas mantêm-se presente no sistema de valores de nossa
sociedade. Neste contexto a escola está baseada em um ideal branco. Então para
atingirmos outro patamar escolar, a mesma não deve mais discutir a questão racial
como problema do negro, e sim, repensar novo currículos, novas práticas, entender a
beleza, a sensibilidade e a radicalidade da cultura de tradição africana e não somente
no segmento negro da população, um aprendizado a ser incorporado pelos que
cuidam das políticas educacionais.6

5.2 O que é Raça e Etnia

Raça e etnia não são sinônimos. Etnia é um grupo definido pela mesma origem,
afinidades linguísticas e culturais, enquanto que raça como distinção entre os homens
é um conceito socialmente construído de que existiriam diferenças biológicas entre as
etnias.
A palavra etnia é derivada do grego ethnos, que significa "povo que tem os
mesmos costumes". Raça é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma
espécie. A espécie humana não possui subespécies ou subcategorias, e, portanto,
não é correto dizer que existem diferentes raças humanas.
Mas há ainda um entendimento do senso comum, construído socialmente de
que as diferentes raças correspondem às características biológicas dos grupos
étnicos. Como por exemplo, a raça negra que seria composta daqueles que têm a
pele negra, cabelos crespos, entre outras características fenotípicas.
A diferença entre raça e etnia é, portanto que raça determinava um grupo por
características biológicas, enquanto a etnia fala sobre aspectos culturais. Contudo,
estudos da sociologia, antropologia e da biologia no último século contribuíram para
desconstruir a ideia discriminatória do conceito de raça e aposentar o termo quanto
classificação humana.

6 Extraído do link: www.portaleducacao.com.br


26
A língua é utilizada como fator primário de classificação dos grupos étnicos.
Existe um grande número de línguas multiétnicas e determinadas etnias são
multilíngues.
Os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma
continuidade no tempo, apresentam uma noção de história em comum e projetam um
futuro como povo.
Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma
linguagem comum, de valores, tradições e, em vários casos, instituições.

5.3 Raça e Etnia no Brasil

O Brasil é considerado um país com uma enorme miscigenação étnica, como


os indígenas, portugueses, holandeses, italianos, negros, japoneses, árabes, e etc.,
Mas, não se pode dizer que há diferença racial entre os brasileiros, já que a raça
humana é uma só.
Cada região brasileira, devido ao seu contexto histórico particular, possui uma
predominância de determinada etnia.
Os processos migratórios no Brasil foram fundamentais para a variedade de
etnias brasileiras. Além dos grupos culturais de imigrantes, a miscigenação permitiu a
criação de grupos étnicos próprios do Brasil, como os caboclos e mulatos.7
Dificilmente existe uma nação com tão complexa e variada composição étnica
de sua população. No caso do Brasil, a formação populacional advém de basicamente
cinco distintas fontes migratórias, são elas:
- os nativos, que se encontravam no território antes da chegada dos
portugueses. Esses povos eram descendentes de homens que chegaram às Américas
através do Estreito de Bering;
- os portugueses, que vieram para o Brasil a fim de explorar as riquezas da
colônia;
- os negros africanos, que foram trazidos pelos europeus para trabalhar nos
engenhos na produção do açúcar a partir do século XVI;
- a intensa imigração europeia no Brasil, sobretudo no sul do país;

7 Extraído do link: www.significados.com.br/raca-e-etnia


27
- a entrada de imigrantes oriundos de várias origens, especialmente vindos da
Ásia e Oriente Médio.
Com base nessas considerações, a população brasileira ficou com a seguinte
composição étnica:

Brancos: a grande maioria da população branca tem origem europeia (ou são
descendentes desses). No período colonial vieram para o Brasil: espanhóis,
holandeses, franceses, além de italianos e eslavos. A região sul abriga grande parte
dos brancos da população brasileira, pois esses imigrantes ocuparam tal área.

Negros: essa etnia foi forçada a migrar para o Brasil, uma vez que vieram como
escravos para atuar primeiramente na produção do açúcar e mais tarde na cultura do
café. O Brasil é um dos países que mais utilizou a mão de obra escrava no mundo.
Hoje, os negros se concentram principalmente em áreas nas quais a exploração foi
mais intensa, como é o caso das regiões nordeste e sudeste.

Indígenas: grupo étnico que habitava o território brasileiro antes da chegada


dos portugueses. Nesse período, os índios somavam cinco milhões de pessoas. Os
índios foram quase disseminados, restaram somente 350 mil índios, atualmente
existem 170 mil na região Norte e no Centro-Oeste 100 mil.

Pardos: etnia formada a partir da junção de três origens: brancos, negros e


indígenas, formando três grupos de miscigenação.

Mulatos: correspondem à união entre brancos e negros, esse grupo representa


24% da população e ocorre com maior predominância no Nordeste e Sudeste.

Caboclos: representa a descendência entre brancos e indígenas. No país


respondem por 16% da população nacional. Esse grupo se encontra nas áreas mais
longínquas do país.

28
Cafuzos: esse grupo é oriundo da união entre negros e índios, essa etnia é
restrita e corresponde a 3% da população. É encontrado com maior frequência na
Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.8

6 A EDUCAÇÃO, A INTOLERÂNCIA, O RACISMO E A XENOFOBIA

6.1 Educação de qualidade pode ajudar a prevenir racismo e xenofobia

A educação tem um papel fundamental na criação de novos valores e atitudes


e fornece-nos ferramentas importantes para abordar a discriminação profunda e o
legado de injustiças históricas”, disse Mutuama Ruteere num briefing no Conselho dos
Direitos Humanos, em Genebra.

Fonte:vhecologia.blogspot.com.br

Ruteere disse que os estados devem assegurar que os currículos escolares


contêm informação equilibrada sobre a contribuição das minorias, dos migrantes e de
outros grupos não dominantes, e que enfatizem que tal é particularmente relevante
contra um contexto de agitação social e económica.

8 Extraído do link: mundoeducacao.bol.uol.com.br


29
“O crescimento de partidos políticos, movimentos e de grupos extremistas
coloca grandes desafios particularmente no contexto da atual crise financeira e
econômica”, alertou. “Racismo, xenofobia, homofobia e outras atitudes de intolerância
continuam a ser levadas a cabo por indivíduos e por grupos com ligações a partidos
políticos ou movimentos extremistas, contra pessoas de descendência africana,
membros de minorias como os Roma, estudantes estrangeiros, judeus, muçulmanos
e migrantes, disse Ruteere, acrescentando que os Estados devem tomar ações
decisivas contra as tentativas de alguns grupos extremistas de falsificar a história.
Estados devem ainda avaliar o impacto dos cortes orçamentais na educação
numa altura de crise econômica, particularmente para minorias e grupos
desfavorecidos, disse Ruteere.
“Reparo que, pesem embora algumas iniciativas positivas, há estudos e
conclusões de órgãos nacionais e internacionais que mostram que pessoas de
descendência africana, Roma, pessoas indígenas, migrante, para referir alguns,
continuam a ter acesso restrito a uma educação superior e de qualidade. ”
Ruteere entregou ainda um relatório ao Conselho em que aborda os últimos
desenvolvimentos por si identificados relativamente aos desafios contínuos de direitos
democráticos e humanos colocados por partidos políticos, movimentos e grupos
extremistas, como sejam os grupos de neonazis e os skinheads.
Este relatório examina as principais áreas de preocupação nas quais são
exigidos novos esforços e uma vigilância consistente contra crimes de racismos e de
xenofobia e identifica também boas práticas desenvolvidas por estados e por
diferentes parceiros.
Especialistas independentes, ou relatores especiais, são designados pelo
Conselho para examinar e reportar sobre a situação de um país ou de um tema
específico de direitos humanos. Fazem o seu trabalho voluntariamente, não sendo
pagos pela ONU.9

9 Extraído do link: www.unric.org


30
6.2 Xenofobia na Europa

O crescimento da xenofobia na Europa é revelador das relações entre a


intolerância cultural e o crescimento migratório no continente.

Entende-se por Xenofobia, em termos sociopolíticos, a repulsa ou aversão a


povos estrangeiros em um dado local ou território. Essa denominação, primeiramente
utilizada no contexto da psicologia e da biologia, é também encarada como uma
questão política, cuja lógica se manifesta de forma mais acentuada em alguns países
do continente europeu, em função da grande quantidade de imigrantes residentes
nesse continente.
Para entender essa questão, é preciso, primeiramente, compreender a lógica
da dinâmica migratória em direção à Europa. Os principais fatores que propiciam a
presença de estrangeiros no território europeu são:
a) Dificuldades econômicas enfrentadas pelos países subdesenvolvidos e
emergentes. Esses países sofrem com problemas graves de distribuição de
renda, o que faz com que a população menos favorecida busque por novas
oportunidades em países centrais. Dessa forma, a Europa torna-se um
atrativo por oferecer uma maior mobilidade entre as diferentes nações, local
onde esses imigrantes realizam os serviços mais básicos e destinam suas
economias para seus locais de origem.
b) Necessidade de imigrantes por parte da Europa, uma vez que há carência
de trabalhadores para as funções mais básicas da sociedade, vagas que
costumam ser preenchidas por estrangeiros.
c) Investimentos econômicos em alguns setores na economia são também
requisitados pelos europeus aos estrangeiros, uma vez que boa parte dos
empresários do velho continente opta por investir em outras economias.
Assim, na Europa, registra-se a presença de uma elite, principalmente,
islâmica, que passa a ganhar cada vez mais representatividade no âmbito
do poder.
d) Os avanços do meio técnico-científico-informacional no cerne da
Globalização propiciaram também novas configurações territoriais,
possibilitando e facilitando o rápido transporte de pessoas em todo o mundo,

31
tornando-se o fator derradeiro para consolidar e intensificar os fluxos
migratórios então existentes.

Graças a esses fatores, a presença de povos estrangeiros e de culturas e


práticas sociais não europeias é cada vez maior, muito embora os fluxos migratórios
venham diminuindo nos últimos anos. Com isso, o sentimento de alteridade para com
outros povos por parte da população de alguns países na Europa é cada vez menor,
aumentando casos de racismos, intolerância religiosa (principalmente com os
muçulmanos) e rejeição aos estrangeiros.
Os principais fatores que motivam a ocorrência e os aumentos periódicos de
ondas xenofóbicas são:

a) Crise de identidade que aumenta à medida em que a Europa vai


gradativamente se transformando em um local multimiscigenado, haja vista que a
maioria dos imigrantes não costuma retornar para os seus locais de origem,
estabelecendo-se em espaço europeu e transmitindo suas heranças genéticas aos
seus descendentes, provocando uma transformação étnica. Para agravar essa
questão, observa-se que o crescimento migratório em vários países europeus é muito
superior ao crescimento vegetativo, graças às quedas acentuadas das taxas de
natalidade.

b) A ideia de que os imigrantes “roubam” os empregos dos europeus, pois


muitos consideram que aqueles realizam os mesmos serviços da população local,
porém com salários mais baixos e condições de trabalho mais degradantes. Apesar
de isso ser verdade, a presença de imigrantes não diminui o índice de emprego para
a população local, haja vista que os estrangeiros costumam atuar em áreas carentes
de emprego, geralmente destinadas à população de renda mais baixa, além de
atuarem também na informalidade.

c) A crise econômica que atinge a Europa, de forma mais intensa desde 2011,
vem contribuindo para o crescimento de casos de xenofobia. Isso ocorre porque, com
a crise econômica, parte da população passou a responsabilizar os povos
estrangeiros por meio de ideias preconceituosas pela retração econômica. Além disso,

32
com o aumento de problemas sociais ocasionados pela crise, como o desemprego,
partidos de extrema direita angariaram mais espaço nos parlamentos, ganhando força
para difundir seus ideais fascistas, racistas e anti-imigrantistas.

e) Os migrantes vêm procurando manter as suas tradições, ao contrário do


que acontece, por exemplo, nos EUA, onde a população estrangeira
modifica os seus hábitos e padrões de comportamento e comunicação para
adequar-se aos valores nacionais. Na Europa, os grupos estrangeiros, cada
vez maiores, mais influentes e mais organizados, articulam-se no sentido
de conservar suas tradições, incluindo os seus idiomas. Isso gera uma crise
social muito grande, pois os nativos europeus simplesmente não concebem
essa ideia, gerando conflitos cotidianos e sociais, o que pode, em um futuro
próximo, reverberar em uma crise sem precedentes no continente europeu.

Considerando essas razões, é possível perceber um crescimento de atos e


posições xenofóbicas no contexto das sociedades europeias. Essas práticas, apesar
de muitas vezes serem combatidas por leis e ações públicas, são referendadas pelos
Estados nacionais, que lançam ações e posturas de diminuição dos direitos dos povos
estrangeiros. Um exemplo disso é a Suíça, que aprovou leis de expulsão a imigrantes
condenados por crimes graves após o cumprimento de suas penas, crimes esses que
envolvem estupros, homicídios e tráfico de drogas, além de alguns outros
considerados menores.10

6.3 Intolerância religiosa e racismo crescem no ‘pacífico’ Brasil

Vivemos um dos momentos mais conturbados da história da humanidade. Um


período parecido com o que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, em que
nacionalismos e separatismos, bem como conflitos que opunham etnias e religiões,
mascaravam as verdadeiras razões políticas e econômicas subjacentes àquela época
como a crise da Bolsa de Valores, de 1929, e a Grande Depressão. Cenários como

10 Extraído do link: brasilescola.uol.com.br


33
esses propiciam e potencializam sentimentos de xenofobia, ódio, intolerância e
racismo.
No âmbito internacional, as diferenças religiosas têm exacerbado o preconceito
em relação aos muçulmanos, induzindo-se a crer que todo o adepto da religião
islâmica tem a responsabilidade por ataques terroristas causados por uma minoria
radical sem nenhum princípio ético e humanitário, base fundamental de qualquer
doutrina religiosa. Exemplo recente é a intensificação do conflito das duas potências
petrolíferas no Oriente Médio -Irã e Arábia Saudita- tencionando ainda mais uma
região marcada por confrontos de origem religiosa.
A intolerância religiosa e o racismo motivaram e foram pano de fundo para
quase todos os conflitos armados que ocorreram no século 20. A morte de mais de
seis milhões de judeus, no período sinistro e obscuro da ascensão do nazismo, que
perdurou por mais de uma década na Alemanha, é um exemplo claro desse fenômeno.
Historicamente, o Brasil não ficou ao largo desse processo de radicalização e
intolerância religiosa. No momento em que o fascismo aterrorizava a Europa,
movimentos como o integralismo, que pregava o racismo, ganhava força entre nós. É
só lembrar que o candomblé e até mesmo a capoeira, com seus batuques e cantigas,
eram proibidos no Brasil até meados do século 20.
Nosso país é dos locais que apresentam a maior diversidade de credos do
mundo. Abriga diferentes comunidades religiosas e culturais e é considerado a maior
nação espírita e católica do planeta, com a presença de diversas instituições
ecumênicas. Aparentemente “pacífico”, o Brasil é constitucionalmente laico, sem
religião oficial, o que garante a seus cidadãos a liberdade de crença e de expressão.
Ao mesmo tempo, é possível afirmar, contraditoriamente, que, com o aumento
da diversidade religiosa, aqui verifica-se o agravamento da intolerância e do racismo.
O problema se revela frequente, com relatos de destruição de imagens de orixás,
símbolos do candomblé ou de imagens de santos católicos.
Trajar roupas brancas como nos rituais ancestrais às sextas-feiras, como
símbolo de quem cultua religião de matriz africana, é visto hoje em certos ambientes
em nosso território como uma ofensa. Alguns programas de televisão tratam
abertamente as religiões de matriz africana como seitas satânicas do mal.
Também têm sido cada vez mais frequentes os casos de queima de terreiros
de candomblé e os relatos de mães de santo que sofrem pequenos atentados a seus

34
seguidores, como o esvaziamento dos pneus de carros estacionados nas
proximidades de seus terreiros. É comum, igualmente, a depredação de capelas
católicas, sobretudo as localizadas em áreas isoladas, à beira das estradas. No
entanto, há pouca reação contra esse tipo de atentado e discriminação.
Nos últimos meses, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial
de São Paulo (SMPIR) registrou aumento significativo do volume de denúncias de
atos de intolerância contra crenças de matriz africana, sendo superado apenas pelos
registros de práticas de discriminação em escolas. Pior ainda quando as duas coisas
vêm juntas: crianças são discriminadas no ambiente escolar pelas suas vestimentas
ou religiões (candomblé, islamismo ou judaísmo). Muitos casos nem sequer chegam
ao conhecimento do poder público.
Visando coibir outras atitudes discriminatórias foi sancionada uma lei municipal
na cidade de São Paulo, criando o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado
no dia 21 de janeiro. Por conta dessa data, foi lançado, com a presença do prefeito
Fernando Haddad, o fórum inter-religioso, uma iniciativa da SMPIR, que conta com o
apoio da secretaria de direitos humanos.
Trata-se do reconhecimento, pelo próprio Estado, da existência do problema.
A intolerância religiosa é um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana.
E o país, que abriga uma das maiores diversidades religiosa do mundo, tem a
obrigação de ser verdadeiramente um exemplo de paz nessa questão.11

6.4 Racismo e Xenofobia

O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá


grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores
umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre
características físicas hereditárias, e determinados traços de carácter e inteligência
ou manifestações culturais, são superiores a outros.
O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré-
concebidas, onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres

11 Extraído do link: racismoambiental.net.br


35
humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua
matriz racial.
A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas
vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os
genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade.
Os racistas definem uma raça como sendo um grupo de pessoas que têm a
mesma ascendência. Diferenciam as raças com base em características físicas como
a cor de pele e o aspecto do cabelo. Investigações recentes provam que a “raça” é
um conceito inventado.
A noção de “raça” não possui qualquer fundamento biológico. A palavra
“racismo” é igualmente usada para descrever um comportamento abusivo ou
agressivo para com os membros de uma “raça inferior”.
O racismo reveste-se de várias formas nos diversos países, consoante a sua
história, cultura e outros fatores sociais. Uma forma relativamente recente de racismo,
por vezes denominada “diferenciação étnica ou cultural”, defende que todas as raças
e culturas são iguais, mas não se deviam misturar, de maneira a conservar a sua
originalidade. Não há nenhuma prova científica da existência de raças diferentes. A
biologia só identificou uma raça: a raça humana.
A importância que o homem dá à cor da pele do seu semelhante, é deveras
preocupante. Na realidade, em muitos casos a diferença da cor da pele é uma barreira
muito mais determinante para a comunicação entre as pessoas do que a própria
diferença linguística, isto pode ser considerado um fenómeno anti-natura, uma vez
que não vemos na natureza os animais minimamente preocupados com as diferenças
de pelagem ou penas.
A diferença de cor entre as pessoas tem uma explicação científica para a qual
o homem não contribui minimamente: a maior ou menor concentração de melanina da
pele, que torna a pele da pessoa mais o menos escura.
A xenofobia quer dizer aversão a outras raças e culturas. Muitas vezes
é característica de um nacionalismo excessivo.
A xenofobia é um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a
pessoas ou grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não contatamos.
Por discriminação racial entende-se qualquer distinção, exclusão, restrição ou
preferência em função da raça, origem, cor ou etnia, que tenha por objetivo ou produza

36
como resultado a anulação ou restrição do reconhecimento, fruição ou exercício, em
condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos econômicos,
sociais e culturais.
Uma das formas de descriminação racial é a intolerância, ou seja, a falta de
respeito pelas práticas e convicções do outro. Aparece quando alguém se recusa a
deixar outras pessoas agirem de maneira diferente e terem opiniões diferentes.
A intolerância pode conduzir ao tratamento injusto de certas pessoas em
relação ás suas convicções religiosas, sexualidade ou mesmo à sua maneira de vestir.
Está na base do racismo, do antissemitismo, da xenofobia e da discriminação em
geral. Frequentemente, pode conduzir à violência.
Contudo, existem formas de combate à discriminação racial.

MEIOS JURIDICOS DE COMBATE AO RACISMO E A XENOFOBIA


Legislação que proíbe as descriminações no exercício de direitos, por motivos
baseados na raça, cor nacionalidade ou origem étnica: Lei nº 134/99, de 28 de Agosto;
Decreto-Lei nº 111/2000, de 4 de Julho.
❥ A igualdade é a característica do que é igual. O que significa que nenhuma
pessoa é mais importante que outra, quaisquer que sejam os seus pais e a sua
condição social. Naturalmente, as pessoas não têm os mesmos interesses e as
mesmas capacidades, nem estilos de vida idênticos. Consequentemente, a igualdade
entre as pessoas significa que todos têm os mesmos direitos e as mesmas
oportunidades. No domínio da educação e do trabalho, devem dispor de
oportunidades iguais, apenas dependentes dos seus esforços. A igualdade só se
tornará uma realidade quando todos tiverem, em termos idênticos, acesso ao
alojamento, à segurança social, aos direitos cívicos e à cidadania.
❥ O interculturalismo consiste em pensar que nós enriquecemos através do
conhecimento de outras culturas e dos contatos que temos com elas e que
desenvolvemos a nossa personalidade ao encontrá-las. As pessoas diferentes
deveriam poder viver juntas apesar da sua diferença cultural. O interculturalismo é a
aceitação e o respeito pelas diferenças.
A atitude perante o "outro" depende em larga medida de uma sobreposição,
por vezes contraditória, de identidades, influências e lealdades, cuja interação resulta
numa disposição particular para a cooperação transnacional.
37
De forma a podermos combater os impulsos conflituosos que derivam de todo
este contexto, é preciso encontrar o que Talcot Parsons chama de "core system of
shared meaning".
É preciso, nacional e internacionalmente, promover um relacionamento
institucional, econômico, político, social e interpessoal coerente.
Esta coerência passa pelo reforço da interculturalidade. E esta assenta no
conhecimento do "outro", daí a sua importância fundamental no combate ao racismo
e à xenofobia, que assentam em preconceitos resultantes do desconhecimento ou
conhecimento deturpado.
A interculturalidade é uma batalha a ganhar gradualmente e vários são os
campos onde podem ser levadas a cabo ações decisivas.
A Educação é, sem dúvida, uma das áreas onde numerosas vitórias podem ser
conseguidas. Não é, na verdade, uma tarefa fácil, mas é certamente uma das vias a
seguir, dada a sua influência estrutural na preparação dos cidadãos de amanhã.

SEJA-MOS TODOS 100% A FAVOR DA IGUALDADE, NÃO À


DISCRIMINAÇÃO!

Usando a expressão da jornalista Isabel Stillwell sobre o racismo: "Há racistas


empedernidos, há racistas assumidos, há racistas politicamente corretos, há racistas
que quase o não são, mas provavelmente todos somos racistas”.
A cor é apenas o sinal mais evidente da diferença, porque o nosso racismo na
verdade é contra aquele que não é como nós – preto, branco, mais alto, mais baixo.
Na verdade, o racismo não tem fronteiras e existe até dentro da mesma raça
(e, aqui, é bom distinguir "raça" de etnia ou nacionalidade).
Por isso, pensem na forma como por vezes distinguem as pessoas, só pelo seu
aspecto!
Até que ponto pode ser a nossa sociedade feita de olhares?!
Porque é que as pessoas obedecem a um segmento mal constituído de
preconceitos que resultam em injustiças, e que são baseados unicamente nas
aparências?
Para quê viver a discriminar as pessoas só pela cor da pele?

38
Os seres humanos no passado reuniam-se em grupos que eram pessoas que
tinham as mesmas afinidades de sangue. Eram os clãs. Já que o alimento era raro,
existiam rivalidades entre esses grupos. Uns rejeitavam os outros e viviam em guerra
quase permanente. Aos poucos esses grupos foram formando associações para
juntarem forças para combater outros inimigos externos, mais poderosos. Assim
formaram-se as primeiras nações. Da mesma forma eles continuaram a rejeitar os que
eram diferentes, que tinham outra cor, outros costumes e línguas. Apesar de vivermos
hoje numa aldeia global, onde as pessoas migram e visitam lugares distantes, onde
os costumes se misturam, muitas pessoas ainda conservam esse velho rancor e
desconfiança com relação às pessoas que são diferentes. Aos poucos isso vai
desaparecendo, na medida em que nós vamos percebendo que todo ser humano é
igual, não havendo justificação para o racismo!12

6.5 Povo brasileiro: Miscigenação e racismo...

Desde o início da colonização do Brasil a miscigenação foi intensa. A maioria


dos colonizadores portugueses que vieram ao Brasil eram homens, que mantinham
relações com índias ou escravas negras. As mulheres brancas só vieram mais tarde,
principalmente a partir da segunda metade do século 19, com a imigração europeia e
japonesa.
Os negros foram trazidos da África a partir de 1538, para trabalhar como
escravos inicialmente na cultura da cana-de-açúcar e, mais tarde, nas minas e nos
cafezais. Não existem dados oficiais do número de escravos entrados no Brasil, mas
as estimativas apontam para 4 milhões de indivíduos.
A miscigenação deu origem a outros numerosos grupos, como:
 mulato (branco com negra, ou vice-versa);
 caboclo ou mameluco (branco com índia, ou vice-versa);
 o cafuzo (negro com índia, ou vice-versa);

O fato de a base da população brasileira ter sido formada com a intensa


miscigenação do branco português com mulheres negras e indígenas ajudou a

12 Extraído do link: lacosenos.no.comunidades.net


39
construir a ideia de ausência de racismo no Brasil, de harmonia entre as diversas
etnias.

6.6 Raças e racismo

Ao longo de sua existência, os grupos humanos desenvolveram características


físicas próprias em relação à cor da pele, ao cabelo e a outros traços que diferenciam
as diversas etnias. O termo racismo refere-se à atitude de segregação entre grupos
étnicos, quando um presume ser superior ao outro.
A mistura de etnias é rejeitada pelos racistas. Eles acreditam que as "raças"
superiores foram predestinadas a dominar as inferiores, o que serve também para
justificar a exploração do homem pelo homem.
No Brasil, entre a lei e as práticas cotidianas existe uma distância acentuada.
Ao negro e ao mestiço é negado o princípio básico das sociedades democráticas, que
é a igualdade de oportunidades. Eles são excluídos e discriminados, não apenas pela
pobreza, mas também pela cor da pele.
A Constituição brasileira condena e considera crime o racismo nos espaços
públicos. No entanto, a punição de atitudes racistas depende do testemunho de uma
terceira pessoa e do registro de ocorrência policial.

6.7 A ideia de "clarear o Brasil"

Apesar da lei, é difícil comprovar que um emprego foi negado por causa da cor
da pele. A desculpa pode ser: "Sinto muito, mas o cargo foi preenchido por outro
candidato", em vez de "por um branco". O Brasil foi o último país ocidental a abolir a
escravidão. Isso ocorreu há pouco mais de um século, em 1888. Os negros libertos
foram deixados à própria sorte, numa época em que o governo brasileiro estimulava
a imigração.
"Existem negros demais, é necessário clarear o Brasil", era o pensamento de
uma parte da elite no século 19. Os que defendiam a imigração declaravam
abertamente que não queriam a vinda de africanos ou asiáticos.

40
6.8 A exclusão social dos negros

O estímulo à imigração e a maior qualificação profissional dos imigrantes


significou a exclusão do negro e do mestiço do mercado de trabalho brasileiro.
No começo do século 20, cerca de 90% dos operários da indústria paulista
eram imigrantes de origem europeia. Eles formavam a maioria dos trabalhadores do
comércio, dos serviços de transporte, das empresas de energia e dos correios e
telégrafos.
Onde trabalhavam os negros e os mestiços? Em serviços domésticos, limpeza
pública, "bicos" e em uma gama de atividades que não eram disputadas por não
oferecerem nenhuma perspectiva de ascensão social.
Muitos negros e mestiços continuaram nas lavouras, trabalhando sem salários,
em troca de alimentação e abrigo. Outros foram simplesmente excluídos da vida
econômica e social. Viviam de esmola ou encontravam alguma saída na
marginalidade: jogo do bicho, furtos e prostituição.

6.9 Um país com duas realidades

O Relatório de "Desenvolvimento Humano Brasil 2005 - Racismo, Pobreza e


Violência", elaborado pela ONU, apontava a grande distância entre os negros e
brancos na sociedade brasileira.13

6.10 Intolerância religiosa e racismo crescem no ‘pacífico’ Brasil

No âmbito internacional, as diferenças religiosas têm exacerbado o preconceito


em relação aos muçulmanos, induzindo-se a crer que todo o adepto da religião
islâmica tem a responsabilidade por ataques terroristas causados por uma minoria
radical sem nenhum princípio ético e humanitário, base fundamental de qualquer
doutrina religiosa. Exemplo recente é a intensificação do conflito das duas potências
petrolíferas no Oriente Médio -Irã e Arábia Saudita- tencionando ainda mais uma
região marcada por confrontos de origem religiosa.

13 Extraído do link: educacao.uol.com.br


41
A intolerância religiosa e o racismo motivaram e foram pano de fundo para
quase todos os conflitos armados que ocorreram no século 20. A morte de mais de
seis milhões de judeus, no período sinistro e obscuro da ascensão do nazismo, que
perdurou por mais de uma década na Alemanha, é um exemplo claro desse fenômeno.
Historicamente, o Brasil não ficou ao largo desse processo de radicalização e
intolerância religiosa. No momento em que o fascismo aterrorizava a Europa,
movimentos como o integralismo, que pregava o racismo, ganhava força entre nós. É
só lembrar que o candomblé e até mesmo a capoeira, com seus batuques e cantigas,
eram proibidos no Brasil até meados do século 20.
Nosso país é dos locais que apresentam a maior diversidade de credos do
mundo. Abriga diferentes comunidades religiosas e culturais e é considerado a maior
nação espírita e católica do planeta, com a presença de diversas instituições
ecumênicas. Aparentemente “pacífico”, o Brasil é constitucionalmente laico, sem
religião oficial, o que garante a seus cidadãos a liberdade de crença e de expressão.
Ao mesmo tempo, é possível afirmar, contraditoriamente, que, com o aumento
da diversidade religiosa, aqui verifica-se o agravamento da intolerância e do racismo.
O problema se revela frequente, com relatos de destruição de imagens de orixás,
símbolos do candomblé ou de imagens de santos católicos.
Trajar roupas brancas como nos rituais ancestrais às sextas-feiras, como
símbolo de quem cultua religião de matriz africana, é visto hoje em certos ambientes
em nosso território como uma ofensa. Alguns programas de televisão tratam
abertamente as religiões de matriz africana como seitas satânicas do mal.
Também têm sido cada vez mais frequentes os casos de queima de terreiros
de candomblé e os relatos de mães de santo que sofrem pequenos atentados a seus
seguidores, como o esvaziamento dos pneus de carros estacionados nas
proximidades de seus terreiros. É comum, igualmente, a depredação de capelas
católicas, sobretudo as localizadas em áreas isoladas, à beira das estradas. No
entanto, há pouca reação contra esse tipo de atentado e discriminação.
Nos últimos meses, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial
de São Paulo (SMPIR) registrou aumento significativo do volume de denúncias de
atos de intolerância contra crenças de matriz africana, sendo superado apenas pelos
registros de práticas de discriminação em escolas. Pior ainda quando as duas coisas
vêm juntas: crianças são discriminadas no ambiente escolar pelas suas vestimentas

42
ou religiões (candomblé, islamismo ou judaísmo). Muitos casos nem sequer chegam
ao conhecimento do poder público.14

7 ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA

7.1 Ética e Direitos humanos

Fonte:www.dhnet.org.br

É possível afirmar que a questão dos Direitos Humanos não é apenas uma
questão social, política ou jurídica. Existe uma relação muito estreita entre os Direitos
Fundamentais a todo e qualquer indivíduo e a Ética. Se, do ponto de vista jurídico,
podemos dizer que ao Poder Judiciário compete impedir que os Direitos Humanos
sejam violados; se, do ponto de vista Político e Social podemos afirmar que é preciso
considerar quais políticas públicas e de Estado são as "melhores" para garantir o
acesso a estes Direitos Fundamentais, também podemos dizer que existe um
compromisso Ético na questão dos Direitos Humanos: a luta por tais Direitos deve ser
entendida como uma poderosa ferramenta de transformação social, com o objetivo de
construir uma sociedade justa e solidária; no fundamento dos direitos humanos, existe

14 Extraído do link: www.geledes.org.br


43
uma determinada ética, uma determinada concepção do homem, uma determinada
concepção do que é bem e daquilo que é mal.
Considerar os Direitos Humanos como um desdobramento da ética significa,
de modo direto e evidente, falar em valores como o direito à vida, a paz, a dignidade
humana, a justiça social, o desenvolvimento, a Democracia e, porque não dizer, o
direito a felicidade. Além disso, uma cultura de Direitos Humanos também pressupõe
uma discussão em torno de questões axiológicas e valorativas como a tolerância, o
diálogo, a cidadania, o respeito a diversidade, entre outros.
As nossas lutas não são apenas sociais e coletivas, mas individuais, e visam o
reconhecimento de nossa condição humana, da nossa dignidade e das nossas
potencialidades. Ao se privar contingentes humanos de seus direitos básicos se está
negando-lhes a cidadania e tornando-os política, socialmente e individualmente
impotentes. Por isso somos todos chamados a uma participação ética, ativa e
corresponsável, na garantia dos Direitos Fundamentais à existência humana.
Desta forma, é preciso pensar não só Políticas Públicas que garantam o acesso
de todos aos Direitos assegurados pela Constituição Federal, como também uma
cidadania, eticamente comprometida com a realidade e a transformação social. Uma
Política de Direitos Humanos, com base na ética e na participação cidadã, que garanta
aos indivíduos a condição de ser no plano econômico, um cidadão sadio, no plano
político, um cidadão participante, no plano intelectual, um cidadão consciente das
relações de poder, e no plano da ética um cidadão comprometido com a realidade
social.

7.2 Ética, Cidadania e Justiça social: Educar para os Direitos Humanos

Em meio a tantos problemas e crises vivenciados pela nossa sociedade – crise


política, crise econômica, crise social, corrupção, violência etc. – constatamos que a
ética vem ganhando espaço nos mais diferentes setores da sociedade, seja na área
empresarial e comercial, na área profissional, na pesquisa, na área médica, ambiental
(hoje em dia fala-se em ética empresarial, ética profissional, conselhos de ética,
comitês de ética em pesquisa, bioética, ética ambiental, só para citar alguns casos
mais relevantes), ou seja, estamos presenciando, se assim podemos nos exprimir, o
surgimento de uma “cultura de ética no País”.

44
Por outro lado, o homem é um ser social dotado de direitos
fundamentais: direitos políticos, sociais, econômicos, civis. Não caberia aqui uma
análise detalhada de cada um destes aspectos que garantem ao indivíduo, pelo
menos em tese, sua condição de cidadão no sentido contemporâneo do termo.
Comumente associasse cidadania a consciência de direitos e deveres em um estado
democrático.
Diante da complexidade dos problemas que envolvem a sociedade atual faz-se
necessário conscientizar os indivíduos do processo do qual fazem parte, por isso,
trabalhamos com um conceito de cidadania que se concretiza na efetiva participação
da realidade social e no gozo dos direitos individuais e sociais, sendo que neste último
aspecto, nos limitamos a trabalhar com a ideia de cidadania civil (afirmação de valores
cívicos como igualdade, liberdade, respeito, solidariedade, diálogo) e cidadania social
(que compreende a justiça social como exigência ética da sociedade para o bem
viver).15

7.3 Tipos de Violência

 Violência emocional: qualquer comportamento do (a) companheiro (a)


que visa fazer o outro sentir medo ou inútil. Usualmente inclui
comportamentos como: ameaçar os filhos; magoar os animais de
estimação; humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em
público, entre outros.

 Violência social: qualquer comportamento que intenta controlar a vida


social do (a) companheiro (a), através de, por exemplo, impedir que
este (a) visite familiares ou amigos, cortar o telefone ou controlar as
chamadas e as contas telefónicas, trancar o outro em casa.

 Violência física: qualquer forma de violência física que um agressor


(a) inflige ao companheiro (a). Pode traduzir-se em comportamentos

15 Extraído do link: www.portalconscienciapolitica.com.br


45
como: esmurrar, pontapear, estrangular, queimar, induzir ou impedir
que o (a) companheiro (a) obtenha medicação ou tratamentos.

 Violência sexual: qualquer comportamento em que o (a) companheiro


(a) força o outro a protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns
exemplos: pressionar ou forçar o companheiro para ter relações
sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou tentar que o (a)
companheiro (a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o
outro a ter relações com outras pessoas.

 Violência financeira: qualquer comportamento que intente controlar o


dinheiro do (a) companheiro (a) sem que este o deseje. Alguns destes
comportamentos podem ser: controlar o ordenado do outro; recusar
dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a justificar qualquer gasto; ameaçar
retirar o apoio financeiro como forma de controlo.

 Perseguição: qualquer comportamento que visa intimidar ou


atemorizar o outro. Por exemplo: seguir o (a) companheiro (a) para o
seu local de trabalho ou quando este (a) sai sozinho (a); controlar
constantemente os movimentos do outro, quer esteja ou não em
casa.16

7.4 Violência Urbana

É necessário considerarmos que existem diferentes tipos e formas de violência


– dirigida a si mesmo, interpessoal ou coletiva. Entretanto, a violência se apresenta
de forma diferenciada para homens e mulheres. Enquanto o homem sofre a violência
nas ruas, nos espaços públicos, em geral praticada por outro homem, a mulher sofre
a violência masculina, dentro de casa, no espaço privado e seu agressor, em geral, é
(ou foi) o namorado, o marido, o companheiro ou o amante.

16 Extraído do link: apav.pt


46
 Violência contra a Mulher

A violência contra as mulheres é sofrida em todas as fases da vida. Muitas


vezes ela se inicia ainda na infância e acontece em todas as classes sociais. A
violência cometida contra mulheres no âmbito doméstico e a violência sexual são
fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor. Políticas
públicas específicas que incluem a prevenção e a atenção integral são fatores que
podem proporcionar o fortalecimento das práticas auto positivas e do coletivo feminino
no enfrentamento da violência no Brasil.
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher define tal violência como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero que
cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera
pública quanto privada” Essa forma de violência pode ocorrer no âmbito familiar ou
em qualquer outra relação interpessoal, incluindo, o estupro, os maus-tratos, o abuso
sexual, devendo, portanto, ser objeto de estudos e proposições afirmativas para sua
erradicação.

 Violência contra moradores de rua

“Hoje vivemos no Brasil uma epidemia de violência contra a população de rua.


Parece que eles viraram o bode expiatório ou que, ao atingi-los, as pessoas estão
fazendo um bem, tirando dos nossos olhos aquilo que nos incomoda”, constata o Pe.
Júlio Lancellotti, vigário episcopal do povo de rua. Segundo ele, a violência contra os
moradores de rua tem se tornado comum e demonstram a “incompetência da
sociedade, do Estado e das comunidades de acolher e dar um encaminhamento a
essas pessoas”.

 Violência no trânsito

A violência no trânsito no Brasil apresenta números cada ano mais alarmantes,


colocando o país entre os que mais registram mortes em acidentes de trânsito no
mundo. Para tentar reverter esse quadro, os governantes concentram esforços para
reduzir os índices dessa realidade, trabalhando na criação de novas leis e ações
47
preventivas, embora algumas barreiras inibem resultados mais eficazes. A falta de
efetivo, equipamentos e, principalmente a impunidade, fazem com que os números
continuem elevados e sem previsão de redução.

 Violência contra Crianças e Adolescentes

_ Violência Física – Aquelas que podem provocar, ou não, lesões externas,


internas ou ambas. O castigo repetido não severo, também é considerado violência
física.
_ Violência Psicológica – Aquelas consideradas como a interferência negativa
sobre a criança e sua competência social. As formas mais comuns são: rejeitar, isolar,
aterrorizar, ignorar, corromper e criar expectativas irreais ou extremada sobre a
criança ou o adolescente.
Violência sexual – Aquelas entendidas como todo ato ou jogo sexual, relação
heterossexual ou homossexual, na qual o agressor está em estágio de
desenvolvimento psicossocial mais adiantado que a criança ou adolescente.
_ Negligência – Omissão em prover as necessidades físicas e emocionais de
uma criança ou adolescente. Quando os pais ou responsáveis falham em alimentar,
vestir adequadamente, medicar ou educar seus filhos. Acidentes também podem ser
classificados como um tipo de negligência, quando passíveis de prevenção ou
resultam do descuido dos responsáveis ou da fala de investimento público.

 Violência contra o Idoso


Atualmente a família hoje, é a entidade mais causadora de violência aos idosos.
Isso não só no aspecto financeiro, mas também nas outras formas de abuso. Estudos
mostram que 90% dos casos de violência e de negligência contra as pessoas acima
de 60 anos ocorrem nos lares. Os conceitos de violência familiar e violência doméstica
são bem próximos.
A violência familiar implica na existência de laços de parentesco entre a vítima
e o agressor, podendo ser dentro ou fora do domicílio da vítima. Já a violência
doméstica implica em proximidade do agressor para com sua vítima, não exatamente
ligada a laços de parentesco, podendo, portanto, ser exercida por empregados,
agregados ou visitantes. Tais definições servem para ilustrar que o agressor do idoso
48
é, na maioria das vezes, alguém próximo do mesmo, o que torna o ato de violência
ainda mais covarde, já que praticado por um inimigo íntimo, conhecedor de minúcias
em relação à vida e as fraquezas do idoso (inclusive afetivas).
A dependência, seja ela de qualquer um ou de ambos os lados, é um fator que
aumenta o risco de violência. A dependência econômica de filhos adultos em relação
à pais idosos é muito aparente no Brasil. A convivência e a codependência de ambas
as partes pode gerar conflitos que resultam em atos de violência. Exemplo: exploração
e dependência econômica dos idosos pelos mais jovens, maus tratos físicos e
afetivos, negligências quanto ao estado de saúde, tão frágil e peculiar nesta fase.
As características do perfil do agressor de idosos mais comumente identificado
na nossa sociedade são: mora com a vítima; é financeiramente dependente dela;
abusa de álcool e drogas; vínculos familiares frouxos; pouca comunicação e afeto;
isolamento social dos familiares da pessoa de idade avançada, o idoso ter sido ou ser
uma pessoa agressiva nas relações com seus familiares; história pregressa de
violência na família; os cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica ;
padecerem de depressão ou de qualquer tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico.17

17 Extraído do link: violenciaurbanna.blogspot.com.br


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