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Introdução
Nesta lição você vai aperceber-se de que a armação do trabalho de pesquisa depende essencialmente
da fundamentação teórica e das hipóteses de pesquisa devidamente elaboradas. Esta é uma lição que
procura mostrar que as hipóteses de pesquisa (mesmos que sejam preliminares) deverão estar
intrinsecamente relacionadas com a teoria.
Por isso, nesta lição pretende-se apresentar uma breve abordagem sobre a definição da teoria e da
hipótese. Alguns exemplos escolhidos para sustentar esta relação serão também apresentados. Mas você
deverá desde já rever o método de raciocínio hipotético-dedutivo procurando estabelecer a relação entre
a teoria e a hipótese.
Fundamentação teórica
A finalidade da fundamentação teórica é a de estabelecer a perspectiva a partir da qual se situa, isola-
se o problema e são fixadas as referências que nortearão a análise dos dados, assim como a planificação
da recolha dos dados. A fundamentação teórica fixa, também, o campo no qual irão recair as hipóteses
da pesquisa.
Um aspecto fundamental que você já percebeu nas lições anteriores foi explicitado com base no
digrama sobre os métodos de argumentação e de raciocínio. Você aprendeu que as setas indicam o
sentido de indução. Você deve também recordar-se das lições apresentadas sobre a ’revisão da
literatura’. Especificamente sobre as “Técnicas de Leitura e da Pesquisa Bibliográfica”. Essa unidade
criou as bases para a concepção da pesquisa bibliográfica e da fundamentação teórica.
Vamos começar por evocar alguns exemplos de problemas de pesquisa que os estudantes têm vindo a
enunciar nos trabalhos de pesquisa e destacar, a título de exemplo, alguns aspectos fundamentais
abordados na fundamentação teórica. Os exemplos são específicos. Você terá de lidar com exemplos
menos genéricos nesta fase para ir melhorando a sua compreensão sobre esta relação deveras complexa.
Exemplo da Física
O diagrama abaixo esboça a ideia, que você já percebeu, de que se infere as hipóteses a partir da teoria.
Destas hipóteses elabora-se a dedução das consequências, ou seja, a partir das hipóteses deduzem-se as
consequências que deverão ser testadas pela observação/experimentação, pela teoria ou por ambas. Este
aspecto foi já
abordado. É um
aspecto crucial e
de
operacionalização
difícil. Vamos,
pois,
concentrarmo-nos
na abordagem dos
atributos da
hipótese científica.
Hipóteses
da Pesquisa
Uma vez delimitado teoricamente o estudo e formulado o problema, com a certeza de ser
cientificamente válido, você como pesquisador, deverá propor uma “suposta” resposta provável e
provisória, ao problema formulado, isto é, uma hipótese. Certamente é ainda difícil para você definir o
que é uma hipótese. Mais difícil será ainda elaborar uma hipótese. Estes são os desafios que estão em
frente de si. Comecemos por definir uma hipótese: uma hipótese é uma afirmação provisória acerca
da realidade que, tendo em vista o campo teórico estabelecido, pretende dar uma resposta ao problema
formulado.
Elaboração das Questões - Uma experiência inicia – assim como em outras pesquisas também – com a
elaboração das questões i.e. da questão não respondida
Elaboração da Hipótese - A hipótese deriva da análise das teorias actuais e dos resultados de pesquisa
empírica disponíveis na literatura
Operacionalização - Ordenação dos fenómenos observáveis aos conceitos, i.e., identificar para o
conceito o indicador empírico e observável. Isso determina o factor de qualidade da operacionalização,
ou seja, da validade da construção
Hipótese de pesquisa
Até aqui havíamos prestado pouca atenção à definição da hipótese. Conforme acabámos de ver o
problema de pesquisa, as questões e as hipóteses estão intrinsecamente relacionadas. Segundo
COLARES apud CASTRO (2005, p.71) considere os seguintes parâmetros para a construção de uma
boa hipótese:
a) Faça pelo menos uma afirmação - derivada a partir da teoria - sobre a natureza especifica das
coisas/ fenómenos;
b) Faça proposições sobre determinadas relações entre as variáveis;
c) Transporte claras implicações para verificação das relações em causa;
d) É formulada de forma económica e simples, mas sobretudo descortina a compatibilidade com os
conhecimentos actuais.
A hipótese em ciências físicas faz uma explicação plausível dos factos/fenómenos e é provisoriamente
adoptada com o fim principal de submetê-la a uma verificação pela experimentação (as coisas vistas
neste prisma permitem extrapolar a ideia de que os fenómenos antecedem geralmente as hipóteses).
No âmbito das ciências física, note que a hipótese diferencia-se substancialmente do prognóstico. O
prognóstico parece referir-se à aceitação científica e fundamentada sobre algo real e possível de um
fenómeno ou facto desconhecido, referente ao passado, presente ou futuro, como consequência
dedutiva de afirmações e conhecimentos seguros ou supostamente seguros. Podemos afirmar que o
prognóstico é a previsão ou conjectura sobre o que há-de suceder (geralmente muito frequente em
medicina, metrologia. Prognosticar como o acto de antever ou predizer)
Sumário
O papel da fundamentação científica refere-se ao desenvolvimento de um corpo de ideias e conceitos
estruturados sobre o objecto de estudo na pesquisa. Na fundamentação teórica considera-se o objecto
de estudo sob uma perspectiva actual (e por vezes histórica) de conhecimentos. Em certa medida a
teoria é uma revisão histórica do que a ciência já descreve ou explica sobre os factos conhecidos e
fenómenos gerais.
Deve ser plausível (aceitável, provável ou verosímil); Deve ter consistência (não contrariar uma teoria
aceite); Deve ser específica (identificar bem o que pretende investigar); Deve ser verificável; Deve ser
clara, simples e económica e; Deve ser explicativa (tentar explicar o fenómeno em questão)
Exercícios
1. Descreva por suas próprias palavras, à partir dos exemplos apresentados, qual o papel ou
quais as funções possíveis que as hipóteses elaboradas teriam de desempenhar numa pesquisa
científica!
2. Analise o processo relacionado com a construção de uma hipótese no exemplo abaixo indicado
sobre a difusão de gases!