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EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
TERCEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso
especial para restabelecimento da sentença prolatada pelo Juízo de primeira instância e, para garantia de
uniformização da interpretação da legislação federal aplicável, acolher premissas para dosimetria da pena,
nos termos do voto do Sr. Ministro Relator e das considerações dos Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz,
Ribeiro Dantas, Antonio Saldanha Palheiro e Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª
Região).
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Ribeiro Dantas, Antonio
Saldanha Palheiro, Joel Ilan Paciornik, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região) e
Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.
Licenciado o Sr. Ministro Felix Fischer.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca.
EMENTA
RELATÓRIO
pena de 5 anos de reclusão pela prática do crime descrito no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2016.
tendo sido beneficiado pela aplicação, no patamar de 2/3, da causa de redução de pena prevista no § 4º do
pena mínima sem considerar a natureza ou a quantidade das drogas apreendidas, e promoveu a
transferência da análise desse vetor para a terceira fase da dosimetria, na qual foi utilizado para
quo, apontando afronta aos arts. 59, 61, 62, 65 e 68 do Código Penal brasileiro e 33, § 4º, e 42 da Lei
n. 11.343/2006.
É o relatório.
VOTO
realizada com aplicação da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006,
afastada em segunda instância por força de presunção de dedicação a atividade criminosa pela quantidade
Antes de adentrar o mérito recursal propriamente dito, esclareço que as questões de fato e de
direito envolvidas no julgamento deste processo são de relativa simplicidade. Não houve pelo Juízo de
primeira instância, tampouco pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a consideração de nenhum elemento
em desfavor do recorrente na dosimetria da pena, salvo a natureza e a quantidade das drogas que
estavam em seu poder quando preso em flagrante, mais especificamente 239g de cocaína e 73g de
maconha (vide denúncia, fls. 1-3), a maior parte delas oculta em caixas de medição de água e de gás
Necessário realizar, antes, uma pequena digressão sobre as etapas da dosimetria da pena, que
considero ser um dos temas mais desafiadores do direito penal. Sua importância e complexidade exigem
uma delicada sintonia entre as normas legais em vigor e os parâmetros jurisprudenciais necessários para
determinada pelo legislador, a primeira fase de aplicação da pena confere maior discricionariedade
ao julgador.
Nessa etapa inaugural, os elementos negativos são identificados e calibrados pelo magistrado
de primeiro grau (daí sua denominação como circunstâncias judiciais), provocando uma elevação da pena
mínima dentro do intervalo legal, com motivação a ser necessariamente guiada pelos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
Durante a primeira fase, são analisados os mais variados aspectos que cercam a prática
delituosa, com especificação dos elementos pertencentes aos genéricos vetores do art. 59, por
determinação do art. 68, ambos do Código Penal. Pode-se afirmar que todos os elementos subjetivos e
objetivos presentes no panorama que envolve o crime praticado podem, aqui, ser explorados (salvo se
expressamente previstos em etapas subsequentes), já que o universo delimitado por aquele artigo é muito
amplo, englobando o exame das circunstâncias, dos motivos e consequências do crime, do
antecedentes criminais. Difícil – e por que não dizer impossível? – imaginar elementos que estejam
envolvidos com a prática delituosa e não sejam relacionados aos vetores indicados. Daí advém a
característica de ser, em regra, uma fase residual, já que as posteriores são estruturadas com elementos
à ordem cronológica de sua ocorrência. Aos fatores legais da terceira fase (reservada às causas de
aumento ou de diminuição de pena) atribui-se maior relevância do que aos da segunda e a estes, maior
peso do que aos vetores da primeira. Em regra, somente podem ser utilizados para a fixação da pena-base
(primeira etapa) elementos pertencentes a seus vetores genéricos que não tenham sido previstos, de
maneira específica, para utilização nas etapas posteriores. A aplicação do princípio da especialidade
Assim, elementos escolhidos pelo legislador para serem avaliados na segunda ou terceira
fases da dosimetria não devem ser avaliados pelos julgadores nas fases anteriores (salvo de maneira
pena previstas na lei de regência do tráfico de drogas, crime de perigo abstrato. A essência desse
delito fez com que o legislador elegesse dois elementos específicos, "a natureza e a quantidade da
substância apreendida", para serem necessariamente observados em etapas ou fases nas quais a análise
genérico vetor "circunstâncias") para consideração na primeira fase da dosimetria, elevando-os ao status
desses elementos com o bem jurídico protegido. De fato, a existência de algum tipo ou de determinada
probatório envolvido na traficância, sendo a ela diretamente ligado, o que, ao certo, levou o legislador a
Além disso, o caput do art. 59 exige que, no exercício racional de ponderação, atento às
peculiaridades do caso concreto, o julgador estabeleça uma reprimenda apta à prevenção e, ao mesmo
tempo, reprovação do delito praticado. Para tanto, é natural supor que a circulação de maior quantidade
ou a nocividade maior de determinados tipos de entorpecentes causarão danos maiores ao bem jurídico
Assim, por força do quadro fático-probatório que envolve o tráfico de drogas e da aplicação
do princípio da especialidade, entendo que esses elementos foram eleitos pelo legislador para necessária
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no
art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade
e a conduta social do agente.
Dessa forma, nos crimes tipificados pela lei indicada, "a natureza e a quantidade da
substância ou do produto apreendidos" (assim como a personalidade e a conduta social do agente) devem
não apenas ser utilizadas para motivação da reprimenda básica como ser avaliadas com preponderância
sobre quaisquer outros elementos que envolvam a prática do delito; isso em toda análise que exija,
por determinação legal, a observância do art. 59 do Código Penal (não apenas aquela reservada
à definição da pena-base mas também a de escolha do regime inicial de cumprimento de pena, nos termos
do § 3º do art. 33, a de substituição de exigências para suspensão condicional da pena, nos termos do § 2º
Por outro lado, não é demais ressaltar que a natureza e a quantidade da substância
(entendendo-se o material utilizado para o preparo da droga) ou do produto (a droga produzida de
algum modo) fazem parte das circunstâncias e das consequências do crime, elementos também
constantes do art. 59 do Código Penal. Então, continuando a meta de buscar o propósito legislativo,
parece-nos que se quis evidenciar serem tais circunstâncias específicas mais importantes que
outras, eventualmente existentes, quando se tratar de delito previsto na Lei 11.343/2006.
(NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 13ª ed., vol. 1. Rio de
Janeiro: Forense, 2020, p. 426.)
entorpecente apreendido" para fixação da pena-base. Não há margem, na redação do artigo, para
afastamento desse vetor por discricionariedade judicial, já que o princípio da especialidade exige sua
prevalência.
Nessa linha de raciocínio, considero que não podem eles, por consequência, ser reservados
para etapas subsequentes para as quais o legislador não tenha previsto, de forma específica, sua
utilização (e o § 4° do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 não prevê esses elementos como requisito para a
Voltando ao caso trazido à apreciação deste colegiado, pontuo que este recurso possui
especial relevância, pois a simplicidade dos elementos envolvidos permite uma análise mais clara, que
demonstra a perversidade da alternativa que vem sendo conferida aos julgadores quando lhes é
Ocorre que o afastamento do tráfico privilegiado somente pode se dar pela ausência de um
dos pressupostos exigidos para sua concessão, expressamente identificados no § 4º do art. 33 da Lei n.
O que ocorre, na prática, é que, quando o único elemento em desfavor do acusado se refere à
natureza ou à quantidade das drogas apreendidas, são feitas ilações de que ele se dedica a atividades
criminosas. Todavia, o direito penal não admite agravamento de pena (ou afastamento de
Além disso, não pode o julgador eleger requisitos para a aplicação de causas de aumento ou
discricionariedade legislativa.
quantidade e a natureza da droga não são aptas, por si sós, a comprovar o envolvimento com o crime
Nesse ponto, registro que, em processos nos quais a natureza ou quantidade de entorpecentes
encontradas em poder do réu sejam os únicos elementos negativos em seu desfavor, a consideração desses
vetores na primeira fase da dosimetria (e não na terceira) se traduz, normalmente, como alternativa
mais benéfica ao acusado. Isso porque, ainda que a pena-base seja, na hipótese, aumentada, a
circunstância de a causa de diminuição poder ser aplicada em 2/3 faz com que a pena final redunde em
apreendidas. Sua utilização permite o abrandamento de uma padronização severa (causada pelo aumento
da pena mínima advindo com a Lei n. 11.343/2006), favorecendo o traficante eventual, sem grande
envolvimento com o mundo criminoso. Nessa linha de entendimento, o vetor "natureza e quantidade das
drogas" apresenta-se como desinfluente para a caracterização ou não da iniciação na traficância, que
Por consequência, entendo que esse vetor, isoladamente, não pode ser utilizado para o
julgamento do HC n. 101.317, da relatoria originária da Ministra Ellen Gracie, chegou a fixar orientação
para o sopesamento dessa circunstância na primeira fase de individualização da pena, por força do
art. 42 da Lei n. 11.343/2006, nos termos de voto condutor prolatado pelo Ministro Gilmar Mendes.
Vários foram os julgados nesse sentido, como se pode aferir da ementa desse e de outros julgamentos:
Habeas Corpus. Tráfico de drogas. [...] Fixação do quantum relativo à causa de diminuição de
pena prevista no art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/06. Necessidade de fundamentação idônea.
Inocorrência. Ordem parcialmente concedida.
[...] O magistrado não está obrigado a aplicar a causa de diminuição prevista no § 4° do art. 33
da Lei nº 11.343/06 em seu patamar máximo quando presentes os requisitos para a concessão de tal
benefício, tendo plena autonomia para aplicar a redução no ‘quantum’ reputado adequado de acordo
com as peculiaridades do caso concreto” (HC 99.440/SP, da minha relatoria, DJe-090 de 16.05.2011).
Contudo, a fixação do quantum de redução deve ser suficientemente fundamentada e não pode
utilizar os mesmos argumentos adotados em outras fases da dosimetria da pena. Como se sabe, “a
quantidade e a qualidade de droga apreendida são circunstâncias que devem ser sopesadas na
primeira fase de individualização da pena, nos termos do art. 42 da Lei 11.343/2006, sendo
impróprio invocá-las por ocasião de escolha do fator de redução previsto no § 4º do art. 33, sob
pena de bis in idem” (HC 108.513/RS, rel. min. Gilmar Mendes, DJe nº 171, publicado em
06.09.2011). Ordem parcialmente concedida para determinar ao TRF da 3ª Região que realize nova
dosimetria da pena, reaprecie o regime inicial de cumprimento de pena segundo os critérios previstos
no art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal, e avalie a possibilidade de conversão da pena privativa de
liberdade em restritiva de direito conforme os requisitos previstos no art. 44 do CP. (HC n. 108.523,
relator Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe de 14/3/2012, destaquei.)
Habeas Corpus – Crime de tráfico de entorpecentes (lei nº 11.343/2006, art. 33, § 4º) – causa
especial de diminuição de pena – utilização desse fator de redução, em grau menos favorável, sem
adequada justificação dos motivos ensejadores da operação de dosimetria penal – quantidade (ou
natureza) das drogas apreendidas com o condenado como circunstância judicial a ser
ponderada, somente, na primeira fase da dosimetria penal (lei nº 11.343/2006, art. 42) – critério
que não pode ser utilizado, de novo, sob pena de ofensa ao postulado que veda o “bis in idem”,
na terceira fase da operação de dosimetria, para justificar a aplicação, em grau menos
favorável ao condenado, da causa especial de diminuição da pena (lei nº 11.343/2006, art. 33, §
4º) – precedentes – configuração, no caso, de hipótese de injusto constrangimento – possibilidade do
exame, pelo magistrado de primeiro grau, dos requisitos necessários ao ingresso do paciente em
regime penal menos gravoso – pedido deferido em parte. (HC n. 113.641, relator Ministro Celso de
Mello, Segunda Turma, DJe de 16/8/2013, destaquei.)
regime de repercussão geral em 3/4/2014, aquela Corte Superior fixou o entendimento de que "a
natureza e a quantidade de entorpecentes" não podem ser utilizadas em duas fases da dosimetria
da pena, sob pena de incidência em inconstitucional bis in idem. Naquele feito discutia-se,
fases da dosimetria, nesta última como modulador da fração de redução de pena a ser aplicada ao tráfico
vetor "natureza e quantidade das drogas apreendidas" nas diversas fases da dosimetria da pena. E essas
posições, data maxima venia, não resultaram de um aprofundamento no tema; ao que tudo indica, foram
exclusiva do vetor mencionado para afastamento da causa de diminuição de pena, na terceira etapa da
dosimetria da reprimenda penal (no STF, HC n. 176.267/MG, relator Alexandre de Moraes, Primeira
Turma, DJe de 21/11/2019; no STJ, AgRg no HC n. 586.551/SP, relator Ministro Joel Paciornik, DJe de
27/11/2020; AgRg no HC n. 635.338/SP, relator Ministro Joel Paciornik, DJe de 5/4/2021; AgRg no HC
n. 642.350/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, DJe de 8/3/2021; e AgRg no HC n. 645.133/SP, relator
utilização daquele vetor na primeira fase da dosimetria deve ser observada em conjunto com a
11.343/2016, que exige a observância do indicado vetor na fixação da pena-base, já que o Superior
Tribunal de Justiça possui a missão constitucional de resguardo da correta aplicação da lei federal.
desta Corte, não apenas entre elas mas também entre julgadores da mesma Turma.
Na Quinta Turma, mesmo após a consolidação da Tese de Repercussão Geral n. 712, persiste
droga apreendida (para elevar a pena-base e para afastar a minorante) não configura bis in idem,
julgamentos que, em verdade, estão em sentido diametralmente oposto àquele enunciado. Observe-se:
Existem outros julgamentos da Quinta Turma nos quais se verifica maior alinhamento às
A Sexta Turma, a despeito de não avalizar a utilização da baliza "natureza e quantidade das
drogas apreendidas" em duas etapas da dosimetria (possuindo, no ponto, posicionamento alinhado à tese
de repercussão geral mencionada), possui julgados dissonantes em suas conclusões. Alguns julgados
chancelam sua observância apenas na primeira fase, outros na terceira fase (como critério modulador da
redução de pena), existindo ainda acórdãos que reconhecem a plena discricionariedade do julgador para a
Superior Tribunal de Justiça à Tese de Repercussão Geral n. 172, promulgada há mais de 7 anos.
Entendo ainda que, dentro de suas atribuições constitucionais, o STJ deve aprofundar o
exame do tema, analisando a correta aplicação da lei federal à espécie, mais especificamente no que diz
controle de legalidade. E nunca é demais lembrar que a missão constitucional de resguardo da correta
aplicação da lei federal é do Superior Tribunal de Justiça, onde o tema pende de pacificação.
Pontuo, por cautela, que não estou a propalar reexame de acervo probatório, vedado
nesta via recursal pela Súmula n. 7 do STJ, mas sim a reconhecer a possibilidade de análise crítica da
droga apreendida" foi corretamente sopesado pelo magistrado na primeira fase da dosimetria; esse
elemento não poderia ser transferido para a terceira fase, para afastamento do tráfico privilegiado – como
realizado pelo Tribunal a quo –, por mera presunção de dedicação do ora agravante a atividades
criminosas, sem a conjugação de elementos outros que denotassem certa "profissionalização" do agente
na traficância.
Com essas considerações, dou provimento ao recurso especial para restabelecer a sente
aplicável, proponho ainda o acolhimento expresso pela Terceira Seção das premissas de que:
diminuição de pena prevista no § 3º do art. 33 da Lei n. 11.343/2016, somente pode ocorrer quando
esse vetor seja conjugado com outras circunstâncias do caso concreto que, unidas, caracterizem a
art. 33 da Lei n. 11.343/2006 quaisquer circunstâncias judiciais não preponderantes, previstas no art. 59
do Código Penal, desde que não utilizadas na primeira etapa, para fixação da pena-base.
É o voto.
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.887.511 - SP (2020/0195215-3)
VOTO
Exemplificativamente, menciono:
[...]
Verifico que a pena-base da paciente foi fixada acima do mínimo legal
em razão da grande quantidade de droga apreendida, providência que
se amolda ao art. 42, Lei 11.343/06. Não se trata, portanto, de
valorar circunstância ínsitas ao tipo penal.
A jurisprudência desta Corte compreende que configura bis in
idem a utilização da quantidade e natureza das drogas
apreendidas como circunstância judicial negativa e,
simultaneamente, como causa de afastamento da causa de
diminuição de pena, prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006:
[...]
(HC n. 146.046/SP, Rel. Ministro Edson Fachin, monoc., DJe
30/10/2017).
[...]
Destarte, considerar a quantidade de droga apreendida em dois
momentos da dosimetria, primeiro para majorar a pena-base, e,
depois, para impedir a aplicação da causa de redução
estabelecida na Lei de Drogas, configura flagrante bis in idem,
ilegalidade que pode ser corrigida, de ofício.
Mutatis mutandis, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 112.776/MS, de relatoria do Ministro Teori
Zavascki, assentou o entendimento que “configura ilegítimo bis in idem
considerar a natureza e a quantidade da substância ou do produto para
fixar a pena-base (primeira etapa) e, simultaneamente, para a escolha
da fração de redução a ser imposta na terceira etapa da dosimetria (§
4º do art. 33 da Lei 11.343/2006)”, verbis: [...]
[...]
Isso posto, não conheço do habeas corpus, mas concedo a ordem, de
ofício, para determinar ao juízo competente que proceda à nova
[...]
Na hipótese dos autos, à primeira vista, entendo caracterizada situação
apta a ensejar o afastamento da Súmula 691/STF.
Para melhor compreensão da controvérsia, constato que o Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo negou provimento ao recurso
defensivo, nos seguintes termos, no que concerne à matéria ora em
discussão:
Essas são apenas algumas ponderações que faço, mas não vou,
evidentemente, sustentar isso para me colocar contra a jurisprudência.
Apenas estou registrando um posicionamento meu, porque não vejo, com a
mais respeitosamente vênia, acerto nessa jurisprudência. Como somos uma
Corte de precedentes, temos de seguir essa jurisprudência, temos de seguir os
precedentes qualificados, tanto do próprio STJ, em sua Terceira Seção, quanto
do Supremo Tribunal Federal, quando decidido no Pleno.
É como voto.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO
Secretário
Bel. GILBERTO FERREIRA COSTA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : GILSON MANOEL DA SILVA
ADVOGADO : LUSMAR MATIAS DE SOUZA FILHO - DEFENSOR DATIVO - SP240847
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e
Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Seção, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial para
restabelecimento da sentença prolatada pelo Juízo de primeira instância e, para garantia de
uniformização da interpretação da legislação federal aplicável, acolheu premissas para dosimetria da
pena, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator e das considerações dos Srs. Ministros Rogerio
Schietti Cruz, Ribeiro Dantas, Antonio Saldanha Palheiro e Olindo Menezes (Desembargador
Convocado do TRF 1ª Região).
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Ribeiro Dantas, Antonio
Saldanha Palheiro, Joel Ilan Paciornik, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª
Região) e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.
Licenciado o Sr. Ministro Felix Fischer.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca.