Você está na página 1de 18

- Coesão de Grupo: Introdução

Uma das maiores dificuldades para os que desejam compreender os grupos e trabalhar
realmente com eles é explicar as grandes diferenças de "agrupamento" que distinguem uns
grupos dos outros. Por que o comparecimento num grupo é tão irregular que provoca sua
morte lenta, enquanto no outro, com atividades e liderança semelhantes, continua grande?
O que torna um grupo "vigoroso", de forma que os componentes trabalham com mais ardor,
fazem os maiores sacrifícios pelo grupo, estão mais dispostos a celebrar suas virtudes,
parecem mais felizes quando estão juntos, interagem com maior frequência e mais
rapidamente chegam a acordo do que os componentes de uma organização decadente?
Todos os dias são observados esses sintomas, mas não é fácil encontrar uma explicação
adequada para a natureza e a origem da coesão do grupo.
A fim de pensar nesse problema, obtém-se um sugestivo auxílio na designação de dois
síndromes de sintomas - por analogia com a medicina - tais como “saudável” e “doentio”.
Contudo essa dicotomia é pouco esclarecedora quanto às determinantes da saúde coletiva,
e nem ajuda a explicar as grandes diferenças de comportamento entre os componentes do
mesmo grupo. Como explicar que um grupo que, durante muito tempo, mal conseguiu reter
seus componentes se torne, repentinamente, mais atraente? Quais os fatores que, segundo
a observação dos dirigentes sindicais, frequentemente provocam um aumento da
solidariedade do grupo de operários depois de uma greve? Como explicar as flutuações no
espírito de um quadro esportivo, que aparentemente independem das vitórias e das
derrotas? Quais as razões pelas quais num ano apresenta boa participação e, no ano
seguinte, uma atuação indiferente?
E por que um escoteiro frequenta ocasionalmente as reuniões de sua companhia, enquanto
um vizinho frequenta a mesma companhia regularmente e permanece, durante anos, um
participante entusiasta?
Um primeiro passo para responder a essas perguntas consiste em criar conceitos
descritivos que se apliquem a fenômenos relativamente homogêneos. Que queremos dizer
quando, intuitivamente, falamos de coesão de um grupo? Logo nos ocorrem vários sentidos.
Pensamos, por exemplo, num grupo com um
forte sentimento de “nós”; com isso, queremos dizer que os componentes tendem a falar
através de “nós” e não de “eu”.
Pensamos, também, num grupo onde todos são amistosos ou onde seja grande a lealdade
aos companheiros. Um grupo coeso poderia ser caracterizado como aquele em que todos
os componentes trabalham reunidos para um objetivo comum, ou um em que todos estão
prontos a aceitar a responsabilidade pelo trabalho coletivo. A disposição para suportar dor
ou frustração pelo grupo é, ainda, uma outra indicação possível de sua coesão. Finalmente,
podemos imaginar um grupo coeso como aquele que é defendido, pelos seus componentes,
das críticas e ataques externos.
Até certo ponto, todas essas caracterizações são razoáveis.
Algumas levaram a úteis definições operacionais e permitiriam medidas para descrever a
proporção da característica existente num determinado grupo, em um momento específico.
Já se mostrou que os resultados dessas medidas, sob condições específicas, "têm sentido".
Por exemplo, nos experimentos de White e Lippitt (Cap. 28), sobre atmosfera autoritária,
democrática e de "laissez-faire" em clubes de meninos, realizaram-se diversas observações
que poderiam servir como definições operacionais de um ou outro dos sentidos acima
descritos. Observaram o número relativo de comentários em que os meninos usaram
"nós" e "eu". Registraram, também, o número de comentários amistosos, de afirmações que
exprimiam descontentamento, a frequência de observações que revelavam espírito de
grupo.
Em todas essas medidas verificou-se que os grupos de clima autoritário estimulavam mais
conflitos entre os componentes que os de atmosfera democrática.
Alguns utilizaram o número relativo de ligações de amizade entre os componentes, no
interior de diferentes grupos, para medir a coesão coletiva. Festinger, Schachter e Back, por
exemplo, determinaram a coesão das várias quadras de um conjunto residencial; pediram
aos moradores os nomes dos amigos no local e, depois, verificaram a proporção de
escolhas feitas em toda a comunidade. Dimock construiu, também, um "índice de amizade"
para pequenos grupos . Esta é a razão do número de escolhas feitas no clube, quando cada
sócio dá o nome dos 10 melhores amigos, dividido pelo número que poderia ser escolhido
no quadro social do clube. Os dois estudos demonstram que os resultados dessas medidas
podem ser empregados para diferenciar os grupos, que são também diferentes sob outros
aspectos importantes.
O grau em que os componentes do grupo aceitam as mesmas normas de comportamento e
de crença foi, às vezes, considerado como indicador de coesão. Em outro estudo, French
verificou que os grupos organizados eram menos suscetíveis à perturbação causada pela
partida de um dos componentes que os grupos desorganizados. Essa diferença poderia ser
considerada como indicadora de variações na coesão. A atração do grupo foi medida de
outra maneira por Schachter, no experimento de laboratório descrito no Capítulo 15.
Empregou três perguntas: se os sujeitos desejariam continuar como sócios de novos
clubes, a frequência com que desejariam que o grupo se reunisse, e se desejariam convidar
outros para permanecer no grupo.
Também neste caso, os grupos que variaram nessas medidas seriam, provavelmente,
diferentes em algumas outras variáveis.
Uma inovação engenhosa na mensuração da coesão é o teste projetivo de figuras,
construído por Libo. Baseia-se na suposição de que, quando as pessoas estão numa
reunião, o ambiente imediato influencia os sentimentos dos participantes do grupo e estes,
por sua vez, se refletirão nas histórias escritas sobre as figuras. Ficou demonstrado que o
teste distingue muito bem entre os sujeitos que, quando posteriormente têm liberdade para
escolher, permanecem no grupo e aqueles que o abandonam.
Em estudos de grupos mais permanentes — como firmas comerciais ou clubes formalmente
organizados — geralmente é possível medir alguns elementos, tais como o absenteísmo, a
mobilidade ou o pagamento de mensalidades. Estes foram frequentemente usados como
indicadores grosseiros do grau de atração que a instituição tem para seus componentes.
Mann e Baungartel realizaram uma cuidadosa análise deste tipo, ao estudar a relação entre
ausências e várias medidas de atitudes de satisfação entre empregados de uma empresa
pública. De modo geral, verificaram relações estatisticamente significativas entre a taxa
média de ausência, num setor da companhia, e o grau de satisfação entre os membros do
grupo diante da supervisão, dos colegas e da natureza do serviço. Um resultado notável,
especificamente importante aqui, refere-se à percepção que os homens têm da
solidariedade de seu grupo. Uma grande proporção (62% para grupos de funcionários de
escritório) de participantes de grupos com taxas muito baixas de ausências indicou num
questionário:
"Nossa equipe é melhor que as outras quanto à união". Apenas 21% dos participantes de
grupos com altas taxas de ausências deram essa resposta. Análises semelhantes
demonstraram que os supervisores que fortalecem o grupo através de discussões e
decisões coletivas contam com menos ausências.
O emprego desses tipos de índices comportamentais de coesão de grupo apresenta uma
dificuldade, observada por Hill e Trist. A ausência não é abandono do grupo, embora seja
um abandono temporário da participação em suas atividades. Podemos ter boas razões
para esperar que um grupo muito atraente tenha, habitualmente, uma taxa elevada de
participação em suas atividades; mas isso não é necessário e invariável. Um participante
que se sente atraído pelo grupo pode afastar-se por doença, obrigações simultâneas ou
necessidade de evitar tensões provenientes da participação no grupo, sem ter reduzido seu
entusiasmo por este; ou outro, que não sente essa atração, pode participar,
constantemente, de suas atividades, sem aumentar seu desejo de frequência.
Num estudo de empregados de escritório, ainda não publicado, Jackson observou que os
empregados mais competentes faltavam com maior frequência que os menos competentes.
Talvez os mais competentes estivessem tão seguros de suas relações com a companhia
que se afastavam do trabalho sempre que isso lhes parecia necessário.
Evidentemente, incluem-se diversas coisas diferentes nessas descrições intuitivas e
operacionais da coesão de grupo. É possível distinguir, pelo menos, três sentidos bem
diferentes: (a) atração do grupo, que inclui resistência para deixá-lo; (b) motivação dos
membros para participar nas atividades do grupo;
(c) coordenação dos esforços dos participantes.

É muito improvável que se consiga construir um único conceito que contenha,


adequadamente, os três sentidos. Propomos limitar o conceito de coesão, a fim de que se
refira ao fenômeno de atração do grupo. Acreditamos que os fenômenos ligados ao nível de
motivação possam receber melhor tratamento com o conceito de objetivo do grupo. A
coordenação de esforços num grupo é processo complexo, que pode ser dividido em outros
aspectos, tais como a atribuição de funções, a influência exercida, e a organização
estrutural dos grupos. Todas essas características dos grupos são determinantes
importantes de seu funcionamento "saudável". Contudo, para descrever seus vários
aspectos, é conveniente empregar vários conceitos diferentes.

- Depuração do conceito de coesão


O termo coesão refere-se a fenômenos que surgem com a existência do grupo e
unicamente nesse caso. Uma pessoa precisa ter alguma noção acerca das características
de um determinado grupo, antes de reagir favorável ou desfavoravelmente a ele. A atração
que o grupo exerce depende de dois conjuntos de condições: (a) determinadas
características do grupo, tais como seus objetivos, programas, extensão, tipo de
organização e posição na comunidade; (b) as necessidades individuais de afiliação,
reconhecimento, segurança e outras coisas que podem ser obtidas através dos grupos.
Em toda formulação adequada de coesão do grupo é preciso incluir tanto a natureza do
grupo quanto o estado de motivação das pessoas.
Essa formulação, como se vê, é idêntica às concepções mais gerais e geralmente aceitas
da motivação humana. A valência ou atração de qualquer objeto ou atividade é uma função
das necessidades do indivíduo e das propriedades do objeto. A atração de um prato de
alimento, por exemplo, depende da fome do indivíduo e do tipo de alimento. Na concepção
de coesão de grupo aqui proposta, trata-se o grupo como um objeto no espaço de vida da
pessoa. Portanto, sua valência para uma determinada pessoa depende, de um lado, da
natureza e da força de suas necessidades e, de outro, da adequação percebida no grupo
para a satisfação dessas necessidades.
Com o auxílio dessa formulação tornam-se possíveis várias e interessantes derivações. Por
exemplo, se uma pessoa adere a um grupo com a expectativa de satisfazer a algumas
necessidades pessoais, mas essas necessidades mudam durante sua participação, a
atração do grupo decrescerá para ela, a menos que o grupo seja capaz de satisfazer, tão
bem, ou melhor que antes, às suas novas necessidades. Na verdade, é possível que as
necessidades do indivíduo se modifiquem através de experiências no grupo. De fato,
algumas organizações tentam deliberadamente transformar as necessidades de seus
membros. Essas organizações frequentemente "seduzem" indivíduos, através da promessa
de alguns incentivos e, depois, convencem os membros a desenvolver outras
necessidades, considerados mais importantes para o grupo. Estamos, porém, longe de
compreender exatamente como ocorrem essas mudanças de motivação.
Condições sociais mais amplas podem modificar, mais ou menos simultaneamente, as
necessidades de grandes segmentos da população. Quando ocorrem essas mudanças,
podemos esperar que a atração de alguns tipos de grupos sofra a influência
correspondente. Sugeriu-se, por exemplo, que o aumento da frequência e de adesão à
igreja, depois da guerra, se deve à insegurança e angústia populares, resultantes do
advento da era atômica.
A formulação da coesão aqui proposta implica também em que toda redução da capacidade
do grupo para satisfazer as necessidades de um membro reduzirá, para este, a atração do
grupo. Essa modificação pode ser provocada pela alteração das características do grupo,
através de modificação de seu programa, da natureza de participação que impõe, da
organização interna ou da atmosfera emocional. Naturalmente, por um raciocínio
semelhante, devemos esperar que a atração de um grupo aumente com todas as mudanças
no grupo que reforcem sua capacidade para satisfazer as necessidades de seus
componentes.
Deve-se observar que a capacidade de um grupo para satisfazer os desejos de um
indivíduo pode não depender totalmente das ocorrências no interior do próprio grupo. Todo
grupo existe num ambiente, e os atributos que uma pessoa vê num dado grupo são, em
parte, determinados, para ela, pela posição do grupo no ambiente. Se, por exemplo, o grupo
tem um grande prestígio na comunidade, será visto com a capacidade para satisfazer as
necessidades de status ainda não atingido por um grupo de pouco prestígio.
Esta é uma qualidade do grupo, derivada de fontes exteriores a ele. O grupo pode permitir o
acesso a determinados objetivos que não podem ser atingidos pelos não-participantes.
Eisenstadt descreveu vivamente as mudanças num ambiente e como essas mudanças
determinaram a capacidade de organizações voluntárias para satisfazer as necessidades
dos membros. Observou as mudanças em Israel, imediatamente depois de sua organização
como país independente. Enquanto a nação era um Mandato Britânico, quase todas as
organizações tinham determinadas características típicas: ligavam-se intimamente a vários
movimentos sociais ou a partidos políticos; desempenhavam funções de importância vital,
no interior da comunidade, tais como vigilância, defesa, auxilio médico, bem-estar social,
educação e agricultura; ligavam-se a centros sociais e políticos do governo;
consideravam-se como realizadoras do ideal do renascimento nacional. Quase todos os
grupos permitiam que seus componentes participassem da vida cívica do país e sentissem
que estavam contribuindo para o seu desenvolvimento. Além disso, através da participação
nesses grupos, seus componentes obtinham reconhecimento e prestígio na comunidade.
Quando Israel se tornou uma nação, houve uma rápida centralização de poder e serviços
nas mãos do governo e um aumento simultâneo do valor atribuído ao poder. Com essas
mudanças, as associações voluntárias perderam sua antiga utilidade e reduziu-se o
interesse dos componentes por uma ativa vida política e social. Em vez de interessar-se
pela ação social, as associações voluntárias transformaram-se, na nova nação, em grupos
de pressão, sociedades filantrópicas ou clubes sociais, todos com pouca ligação com o
governo. Os novos grupos voluntários proporcionaram pouca satisfação à necessidade de
ação e empreendimento e, fundamentalmente, contribuíram para dar aos componentes uma
compreensão de problemas sociais e políticos, difundir pontos de vista ou encorajar
sociabilidade.
*Festinger e seus colaboradores estudaram de uma forma muito diferente as influências do
ambiente sobre a natureza dos grupos; interessaram-se pelos fatores que conduzem à
formação de grupos numa pequena comunidade e as causas de aumento e redução da
atração desses grupos para seus componentes. Verificaram que, no conjunto residencial, a
distância em que se vive dos outros e a disposição fortuita de calçadas, caixas de correio,
escadas e outros elementos semelhantes, que controlam as probabilidades de contacto,
são fatores importantes para a formação de relações de amizade e, dessa forma, para a
formação dos grupos sociais. Verificou-se também que, quando os grupos de vizinhança
satisfazem as necessidades dos componentes, tornam-se mais coesos do que quando isso
não ocorre. As pessoas com uma participação mais satisfatória no grupo também ficam
mais satisfeitas com os outros aspectos da vida comunitária.
Supondo que a valência do grupo seja uma função das necessidades individuais e das
características do grupo, podemos fazer um resumo rápido desse conceito, dizendo que a
atração do grupo é uma função das forças resultantes e que atuam sobre a pessoa, seja ou
não membro do grupo, a fim de que pertença a este. A coesão de um grupo é a resultante
de todas as forças que atuam sobre os membros, a fim de que permaneçam no grupo. Essa
formulação exigem, evidentemente, que sejamos capazes de identificar os que são e os que
não são membros.

- Fontes de atração do grupo


Por que as pessoas aderem a um grupo ou nele permanecem? É possível distinguir duas
principais fontes de atração:
(a) o próprio grupo é o objeto da necessidade e (b) estar no grupo é o meio de satisfazer
necessidades exteriores a ele.
*O grupo é o objeto da necessidade. Uma das razões mais evidentes para aderir a um
grupo é gostar das pessoas que dele fazem parte. Em alguns grupos, essa pode ser a única
fonte de atração; isso ocorre numa reunião de vizinhos que se "visitam", unicamente porque
apreciam a companhia uns dos outros, e não necessariamente pelo prazer de falar ou pelo
interesse nos tópicos discutidos. Mais frequentemente, no entanto, essa atração pelas
pessoas do grupo está ligada ao interesse pela atividade ou por programas da organização.
Um homem pode entrar num clube de golfe tanto por gostar do quanto por apreciar as
pessoas que lá encontra. Naturalmente, é possível que pudesse entrar no clube unicamente
a fim de jogar golfe, sentindo-se neutro diante dos seus frequentadores, ou tendo um ligeiro
desprezo por eles.
O grupo pode ser o objeto da necessidade, por causa de uma atração para seus
componentes ou pela apreciação das atividades possíveis no grupo, ou por ambas as
razões. Um caso de especial interesse surge quando consideramos a possibilidade de que
uma pessoa se ligue a um grupo por dar grande valor a seus objetivos - por exemplo,
combater o preconceito, obter o direito ao voto ou aperfeiçoar as formas locais de comércio.
Neste caso, a atração do grupo reside, unicamente, no fato de o indivíduo sentir que o
objetivo do grupo é valioso. Se vier a acreditar que nunca chegará a atingir essa finalidade,
por ineficiência do grupo, má liderança, atritos, falta de dinheiro ou qualquer outra razão,
sentir-se-á menos atraído pelo grupo.
A valência de um grupo, quando seus objetivos constituem a fonte primária de atração para
um participante, é igual à força de atração do objetivo do grupo, multiplicada pela
probabilidade de que o grupo atinja esse objetivo.
*Grupos como meios de satisfazer necessidades exteriores a eles.
Em muitos casos, um grupo pode atrair uma pessoa, principalmente por ser um meio de
atingir algum objetivo exterior ao grupo. Fazer parte deste é um caminho para alguma coisa
desejável do ambiente. Por exemplo, segundo os resultados apresentados por Willerman e
Swanson, uma importante razão para aderir a uma irmandade [sorority]* na universidade, é
o prestígio obtido, na comunidade universitária, pelas moças que pertencem ao grupo. De
maneira semelhante, segundo Rose, a principal vantagem que os participantes afirmam
conseguir num grande sindicato “local" é a obtenção de salários mais altos e segurança no
emprego. Nos dois casos, o indivíduo valoriza o grupo porque este é um auxílio para a
realização de um objetivo existente fora do grupo.
Alguns autores acentuaram que um grupo pode tornar-se um abrigo protetor contra um
ambiente perigoso e, dessa maneira, tornar-se um meio de satisfazer a necessidade de
segurança. Grinker e Spiegel descreveram o aumento de coesão da tripulação de um
bombardeiro, quando esta tomou consciência de que, para a segurança de todos, cada
pessoa no avião dependia das outras. Num engenhoso programa de pesquisa, Schachter
estudou as influências de estados de angústia, induzidos experimentalmente, sobre o
desejo de estar com outras pessoas (que o autor denomina "tendências de afiliação”). Seus
resultados mostram nitidamente que um estado de angústia provoca o aparecimento de
tendências de afiliação. Ao tentar explicar os resultados da pesquisa, Schachter conclui:
"Parece teoricamente produtivo apresentar esse conjunto de resultados como uma
manifestação da necessidade de redução da angústia e da necessidade de auto-avaliação;
isto é, situações ou sentimentos ambíguos levam ao desejo de estar com outros, como um
meio de avaliar e determinar socialmente a reação "adequada" e "correta". Portanto,
quando as pessoas estão angustiadas, podem ser atraídas pela participação nos grupos
que contribuem para a diminuição da angústia, mas até agora são pouco conhecidos os
processos que surgem nos grupos, quando seus componentes estão angustiados.
Um resultado incidental e de muito interesse, na pesquisa de Schachter, é que os
primogênitos ou filhos únicos reagem a situações ameaçadoras com maior angústia e,
nesse caso, apresentam maiores tendências de afiliação que pessoas que têm irmãos mais
velhos.
O princípio da “autonomia funcional de motivos", proposto por Allport, indica não ser
absoluta a distinção entre os grupos, considerados como objeto ou como instrumento de
satisfação de necessidades. Allport indica que determinado comportamento, originalmente
instrumental para a realização de algum objetivo longínquo, pode tornar-se um objetivo em
si mesmo e persistir mesmo depois do desaparecimento do objetivo original.
Aparentemente, um fenômeno semelhante pode ser encontrado no caso da participação no
grupo. Uma pessoa pode aderir a um grupo a fim de atingir algum objetivo externo, mas
nele continuar depois de o objetivo original ter perdido sua importância. A participação no
grupo, a princípio unicamente instrumental, torna-se um fim em si mesma. Tsouderos, a
partir de seus estudos de organizações voluntárias, sugere que indivíduos que
desempenham papéis altamente especializados numa organização consideram sua
participação como um meio para um fim, enquanto aqueles que não têm responsabilidades
especiais tendem a considerar a participação como um fim.
A fonte de atração de um grupo não é igual para pessoas com diferentes tipos de
necessidade. No Capítulo 6, Jackson mostra que a atração para as equipes de trabalho,
entre os diretores de uma agência social, surge de sua avaliação das vantagens do trabalho
especializado, e não da admiração pelas pessoas da agência. Ross e Zander verificaram
que a atração de uma firma comercial era mais influenciada pela capacidade dos
empregados para desempenhar seus trabalhos e pelo reconhecimento que recebiam pelos
bons serviços, que pelo número de amigos.
Uma organização pode ser uma fonte de satisfação para um tipo de necessidade e não
para outro, de maneira que a possível atração se baseia no que o grupo propicia. Num
experimento de laboratório, que utiliza grupos de discussão, Wolff observou que os
componentes de um grupo em que o presidente aprova seus comentários baseavam sua
apreciação no valor evidente de suas contribuições, enquanto os membros dos grupos em
que o presidente desvalorizava seus comentários gostavam do grupo por causa dos
participantes e do interesse do tópico discutido. A atração mútua dos componentes,
segundo a descrição de Newcomb, no Capítulo 5, pode ter várias origens, pois os
participantes dão diferentes recompensas uns aos outros, e estas mudam com o tempo, à
medida que as pessoas passam a conhecer-se mais ou à medida que se transformam seus
papéis no grupo.
É razoável supor que a natureza da vida do grupo se transforma de acordo com diferentes
fontes de atração. Por exemplo, quando os componentes de um grupo já são amigos, têm
maior tendência para interessar-se uns pelos outros como pessoas, dar maior apoio, ser
mais cordiais nas relações interpessoais, e assim por diante. Um grupo procurado porque
permite atingir um status social numa comunidade - tal como ocorre no clube grã-fino da
cidade — pode apresentar mais formações de grupos líderes, mais rivalidade e mais busca
de prestígio do que a maioria dos grupos.
Back (2) apresenta comprovação para essa ideia, através dos resultados de uma pesquisa
em que criou grupos experimentais, a partir de três bases diferentes da coesão. As
diferenças na origem da coesão levaram a padrões diferentes de comunicação e influência
entre os membros. Quando a coesão se baseava na atração pessoal, os participantes
transformavam sua discussão em longa e agradável conversa, com a qual esperavam
convencer facilmente os companheiros. Quando a coesão se baseava no desempenho
efetivo de uma tarefa, os participantes desejavam completar rápida e eficientemente a
atividade e discutiam apenas as questões que consideravam importantes para a realização
de suas finalidades. Quando a coesão se baseava no prestígio obtido com a participação no
grupo, os participantes agiam cautelosamente, concentravam-se em suas ações e, de modo
geral, procuravam não arriscar seu status. Finalmente, com o mínimo de coesão (isto é,
quando nenhuma das bases de atração funcionava ativamente) os componentes do par
agiam independentemente e apresentavam pouca consideração pelo companheiro.
Há razões para acreditar que os grupos se distinguem pelo grau de participação, por
interesse no grupo, ou por obrigatoriedade. Pode-se antecipar que uma classe de escola
dominical, frequentada por crianças entusiasmadas por essa frequência, será muito
diferente daquela em que os alunos são, contra sua vontade, conduzidos pelos pais.
Embora existam poucas pesquisas que confirmem estas especulações, Dimock verificou
que os grupos, nos grupos formais de jovens, apresentam menos coesão que as "gangs" de
vizinhança. Isso pode ser considerado como prova importante, se se supõe que a
participação nas “gangs” locais é mais motivada por forças pessoais, e que a participação
em grupos formais tende a resultar de forças induzidas.
Algumas pessoas pertencem a um número muito pequeno de grupos. Em parte, as
diferenças culturais explicam isso, pois diversas culturas fornecem oportunidades desiguais
para participação em organizações, ou dão uma acentuação diversa ao trabalho ou à
associação com outros. A posição de uma pessoa na sociedade também determina a sua
participação em organizações voluntárias. Por exemplo, sabe-se que, nos Estados Unidos,
as pessoas que têm status socioeconômico mais elevado, mais alto nível educacional,
muitos amigos e moram há mais tempo na comunidade, têm maior probabilidade de
participar em organizações voluntárias. Sem dúvida, existem também tipos de pessoas que,
quando possível, preferem evitar a participação num grupo.
Torrance e seus colaboradores sugeriram que os "isolados" temem o grupo por terem
dúvidas a respeito de si mesmos e terem medo do ridículo de rejeição ou da coerção dos
outros. Naturalmente, a coesão do grupo pode ser diminuída, se alguns componentes não
gostam de pertencer a grupos.

- Aumento da valência de um grupo


Pode-se chegar ao princípio geral de que a valência de um grupo aumenta quando um
participante (ou participante potencial) toma consciência de que, através da participação no
grupo, pode satisfazer suas necessidades. Como é muito mais difícil, embora não seja
impossível, mudar as necessidades de uma pessoa, o mais frequente é que as
organizações tentem fortalecer várias fontes de atração para os participantes, através da
dramatização do valor das características do grupo ou das vantagens obtidas com a
participação. Uma organização pode aumentar o interesse ao acentuar, por exemplo; que lá
se encontram muitas pessoas amáveis, que um sindicato forte significa salários mais altos,
que outras pessoas invejam as que pertencem ao grupo, que a participação no grupo é o
caminho mais curto para o céu, que exercícios fazem bem, que as moças nesse "coro" são
bonitas, a assim por diante.
A utilização frequente desses recursos indica que é possível aumentar a atração de um
grupo, seja através da satisfação das necessidades, seja através da afirmação dessa
satisfação. Diversos rituais desempenhados nos grupos parecem servir, principalmente, a
este último objetivo.
Ross e Zander demonstraram que o desejo de continuar em uma organização comercial
sofre a influência da crença na oportunidade de satisfazer necessidades. Mediram a força
das necessidades dos participantes — necessidade de autonomia, reconhecimento,
avaliação justa, e assim por diante - e obtiveram as avaliações, feitas pelos empregados,
quanto a probabilidade de, com a permanência na companhia, satisfazerem as suas
necessidades. Depois da demissão de um número razoável desses empregados, os
resultados destes foram comparados aos de pessoas comparáveis e que permaneciam na
companhia. Verificou-se que a força das necessidades dos dois grupos era essencialmente
a mesma; todavia, quando comparados aos que saíram, os que continuaram na companhia
sentiam que havia maior probabilidade de satisfazer suas necessidades.
Existe pouco conhecimento sistemático quanto às condições que aumentam a coesão, pois
apenas alguns estudos tentaram enfrentar diretamente esse problema. Apesar disso, é
possível fazer algumas inferências sobre essas condições, a partir das pesquisas em que a
coesão é uma parte incidental do problema de pesquisa. Consideremos, em primeiro lugar,
as satisfações intrínsecas de participação no grupo.
Quanto maior o prestígio de uma pessoa no interior de um grupo, ou quanto maior parece o
prestígio que pode obter, mais se sentirá atraída pelo grupo. É uma das conclusões obtidas
no estudo feito por Kelley. Kelley criou uma hierarquia de prestígio, ao dar a alguns
membros a autoridade para dizer aos outros o que e como deviam fazer. Informou algumas
pessoas de status elevado de que estavam seguras em seus empregos, enquanto outras,
entre "as superiores", eram informadas de que mais tarde, no experimento, poderiam ser
colocadas num status inferior. Da mesma maneira, algumas das "inferiores" sabiam que não
poderiam ultrapassar suas posições, enquanto outras sabiam que poderiam ser
promovidas.
Kelley verificou que o emprego de status elevado, com a ameaça de rebaixamento, e o
emprego de status inferior, com impossibilidade de promoção, constituíam nitidamente as
posições mais indesejáveis. Observou, também, que as pessoas mais seguras no status
elevado e as que sentiam que podiam subir de status eram as mais atraídas pelos outros
componentes no grupo.
As pessoas que são participantes valorizados têm maior probabilidade de serem atraídas
por um grupo do que as que não têm muito valor social. No capítulo 6, Jackson demonstra
que os indivíduos que, sem o saber, foram considerados, por seus colegas, como os
participantes mais valorizados, eram mais atraídos pela participação no grupo que os
considerados menos valorizados. Segundo Dittes, os membros que se sentiam bem
recebidos num grupo achavam-no mais atraente que os que se sentiam mal recebidos.
Essa influência da boa e da má aceitação foi muito maior entre pessoas com baixa
auto-estima que entre as de elevada auto-estima, porque os participantes com baixa
auto-estima apresentam, aparentemente, maior necessidade de aceitação pelos outros.
Snoek (40) estudou as consequências da rejeição pelo grupo e observou que uma pessoa
que sabe que será rejeitada conservará seu desejo de continuar como participante e, se a
rejeição se baseia em algum critério que influi em sua auto-avaliação, como a falta de
capacidade ou o fato de os outros membros não gostarem dela, tentará conquistar a
aprovação dos outros participantes. Todavia, se a rejeição se baseia em alguma
característica que não pode mudar — por exemplo, o fato de ser de um sexo não aceito
— tem pouco desejo de continuar como participante e não tenta tornar-se mais aceitável
pelos outros.
Segundo Deutsch, uma situação em que os componentes do grupo estão numa relação
cooperativa é mais atraente do que outra, em que são levados a competir. Criou grupos
cooperativos nas classes, dizendo aos alunos que todos teriam a mesma nota, de acordo
com a qualidade do trabalho de seu grupo.
Os grupos competitivos foram informados de que cada participante teria nota de acordo
com seus méritos, relativos aos dos outros de sua classe. Os grupos cooperativos
apresentaram muitos sintomas de alta coesão. Comparados aos competitivos, seus
participantes apresentavam mais estima recíproca, faziam mais tentativas para influir nos
companheiros, aceitavam mais prontamente as tentativas de influência e apresentavam um
comportamento mais amistoso. Os resultados apresentados por Thomas, no Capítulo 23,
indicam, além disso, que quanto maior a cooperação entre os participantes tanto mais
atraídos são pelo grupo. A respeito, é importante observar que a atração para participar do
grupo era maior onde se percebia que os outros participantes eram mais favoráveis à
participação que à não-participação. No Capítulo 21, Raven e Rietsema revelam que um
participante se sente mais atraído pelo grupo quando compreende, claramente, o objetivo
do grupo e o caminho para o objetivo, bem como a maneira pela qual sua tarefa se ajusta
ao objetivo e ao caminho, do que quando não percebe claramente essas questões.
Uma elevada interação entre as pessoas pode aumentar a atração do grupo para seus
componentes. Isso é apresentado como uma hipótese, por Homans, nos seguintes termos:
"Se aumenta a frequência da interação entre duas ou mais pessoas, aumentará o grau de
apreciação de uma pela outra, e vice-versa". Os resultados de um estudo experimental de
Bovard confirmam essa hipótese. Estudou diversas classes de universidade. Algumas eram
dirigidas por professores centralizados no grupo, e um número comparável, por instrutores
centralizados no líder. Os participantes das classes centralizadas no grupo gostavam mais
de seus colegas do que os que estavam sob a outra forma de liderança. Bovard explica
esse resultado pela maior interação entre os componentes das classes centralizadas no
grupo. Contudo, não existem provas convincentes de que a interação desagradável faça
com que as pessoas gostem mais umas das outras. De fato, Festinger e Kelley apresentam
dados de um conjunto residencial que tendem a confirmar a conclusão oposta.
Num estudo de mais de 200 grupos de operários, num conjunto industrial, Seashore
observou que unidades menores tinham maior probabilidade de ser mais coesas que
grupos maiores. Tsouderos apresentou uma descrição das mudanças num grupo, à medida
que aumenta de tamanho; essa parece ser uma explicação razoável da influência do
tamanho sobre a coesão. Diz ele: "Com um aumento crescente do número de membros do
grupo, existe uma heterogeneidade correspondente deste último, quanto a sentimentos,
interesses, dedicação à "causa" , etc., e um declínio correspondente num sentimento de
intimidade e frequência da interação."
Alguns tipos de semelhança entre os participantes podem fortalecer a coesão de um grupo.
Uma razão para isso é que muitas pessoas entram num grupo a fim de obter melhor
compreensão de si mesmas e porque a participação no grupo lhes dá uma oportunidade
para que se comparem com outras. Como essas comparações sociais são mais fidedignas
quando feitas com as pessoas mais semelhantes aos avaliadores, quanto à capacidade, os
participantes tendem a selecionar pessoas mais parecidas com eles. Num estudo
experimental, Zander e Havelin observaram que as pessoas preferiam ligar-se a indivíduos
de capacidade semelhante à sua. O resultado da tendência para que os semelhantes se
reúnam numa associação coletiva é um aumento eventual da semelhança entre os
participantes.
Gross propõe que a semelhança, que designou como a base do grupo consensual, é uma
fonte menos estável de coesão do grupo que uma relação simbiótica, na qual os
participantes, em sua interação, satisfazem necessidades importantes. A utilidade da
distinção entre grupos consensuais e simbióticos parece merecer outros estudos empíricos.
Acontecimentos exteriores ao grupo podem também influir em sua atração para os
participantes. Thibaut e Willerman, num relatório não publicado, apresentam um exemplo
disso. As mulheres de uma turma, na mesma sala de uma fábrica de roupas, tinham pouca
coisa em comum. Raramente conversavam no serviço e chegavam a almoçar em silêncio.
Em certo momento, todas receberam um aumento da administração. Repentinamente,
transformaram o grupo. Começou a ocorrer uma interação amistosa no serviço e os
almoços tornaram-se períodos de sociabilidade. Segundo os autores, a mudança nas
relações interpessoais foi causada pelo destino comum, resultante do aumento de salário. O
grupo passou a ser visto como o meio de melhorar sua condição financeira, e o valor do
grupo, consequentemente, aumentou para todas.
A coesão de um grupo aumenta se sua posição melhora diante dos outros grupos. Num
estudo de Deustch, os componentes eram mais atraídos pelos seus grupos se lhes
dissessem que havia maior probabilidade de obter êxito através de suas organizações que
nos outros grupos. Nas pesquisas de Stotland e Seashore havia maior coesão entre grupos
com realização superior à de outros.
Thibaut demonstrou que a valência das atividades num grupo influencia o desejo de
colaborar com outros, no mesmo grupo; as hostilidades entre equipes, que se desenvolvem
quando duas equipes são obrigadas a interagir, com base em status desigual, influem
significativamente no desejo de colaborar com outros, no mesmo grupo; que os
participantes periféricos são mais suscetíveis que os participantes centrais a influências
tendentes a produzir mudanças nas afiliações interpessoais. Num experimento de
laboratório, com meninos que brincavam juntos numa sala grande, criou um ambiente
ameaçador e desagradável para a metade dos meninos, enquanto outros eram tratados de
maneira compreensiva e agradável.
Para os primeiros meninos, o grupo foi apenas um meio de mal-estar e degradação. Para
os outros, foi um meio de obter estima e tratamento satisfatório. Mais tarde, na sessão
experimental, metade dos grupos que receberam tratamento desagradável tiveram licença
para, se o quisessem, melhorar sua situação, enquanto os outros não tinham permissão
para mudar.
O autor diz que, com a súbita ascensão no status, não houve aumento de coesão nos
grupos. Todavia, aumentou a coesão dos grupos que tinham sido bem tratados durante toda
a sessão. Os componentes centrais dos grupos prejudicados, a que se negou promoção,
tornaram-se, também, mais atraentes para o grupo.
Em alguns grupos, a coesão parece aumentar com os ataques do ambiente e, em outros,
com experiências agradáveis.
Leighton, por exemplo, observou um aumento da coesão devido a um ataque ao grupo.
Observou que, nos centros de deslocados de guerra, os nipo-americanos reuniram-se em
fortes organizações, quando a administração começou a fazer exigências que pareciam
ameaçar seus valores. Num conjunto de experimentos com meninos, num acampamento de
verão,
Sherif e Sherif conseguiram provocar uma considerável coesão num grupo, ao estabelecer
objetivos comuns e símbolos coletivos, juntamente com a competição contra um grupo rival.
Num outro estudo de grupo num acampamento, Pepitone e Kleiner observaram duas
equipes de meninos em certo número de chalés, empenhados num torneio de jogos.
Algumas equipes desenvolveram um status elevado e outras, status inferior, segundo o grau
de êxito nos jogos. No decorrer do torneio, os experimentadores, apresentados como
técnicos de esporte, fizeram previsões públicas quanto aos prováveis vencedores em cada
chalé. Depois dessas previsões mediu-se a coesão e esta foi comparada com as medidas
obtidas antes do início do torneio. As equipes de status elevado aumentaram a coesão,
quando ouviram dizer que venceriam; diminuíram a coesão no caso contrário.
No entanto, as equipes de status inferior não mudaram quanto à coesão, depois de
diferentes previsões, porque, segundo os autores, ao ouvir dizer que provavelmente
perderiam, criaram cooperação mais íntima e apoio emocional entre os componentes, o que
produz tanta coesão quanto a provocada nas equipes que ouvem a predição de vitória.
Como acontecimentos favoráveis e desfavoráveis podem ter consequências semelhantes
na coesão? Aparentemente, quando se ataca um grupo, ocorre um aumento da coesão, se
se percebe o grupo como uma fonte de segurança. Quando o grupo é avaliado
favoravelmente, um aumento da coesão provém, aparentemente, da compreensão de que a
participação no grupo aumenta o prestígio pessoal.
Em resumo, a atração de um grupo pode aumentar se se tornar mais capaz de satisfazer às
necessidades das pessoas.
Um grupo será mais atraente quanto maiores o status e o reconhecimento que proporcione,
quanto mais cooperativas as relações, quanto mais livre a interação e quanto maior a
segurança proporcionada aos participantes.

- Condições da redução da valência de um grupo


A valência de um grupo se reduzirá para uma pessoa, se se reduzirem as necessidades
que satisfazia, se se ajustar menos como um meio de satisfazer as necessidades existentes
ou se adquirir características aborrecidas ou desagradáveis. Uma pessoa tentará deixar um
grupo quando sua atração líquida se torna menor que zero, ou seja, quando se torna
negativa. Na realidade, só abandona efetivamente o grupo quando as forças que a afastam
são maiores que a soma das forças que a atraem e as que a impedem de sair.
Para muitos participantes, de muitos grupos voluntários, parece haver um equilíbrio entre as
forças que atraem para o grupo e as que afastam dele. Quando o equilíbrio é quase
perfeito, ou quando flutua muito em certo período de tempo, haverá grande mobilidade entre
os participantes. Se, para todos os participantes, a valência se inclina para o lado negativo,
naturalmente o grupo se desintegra, a não ser que exista alguma forma de proibir a retirada.
Desta formulação pode-se concluir que um membro não dará o passo ativo para sair de um
grupo, até que a força resultante, que age sobre ele, o leve a afastar-se do grupo. Isso
significa que um grupo pode conservar seus participantes indefinidamente, mesmo quando
sua atração se torne nula ou quase nula. De fato, é possível encontrar muitos grupos cuja
sobrevivência se deve, unicamente, ao fato de os componentes não terem uma forte
motivação para abandoná-los. Desnecessário dizer que esses grupos podem exercer pouca
influência em seus componentes e pouca e a atividade que podem mobilizar a seu favor.
As pessoas que estão no limiar da participação no grupo podem ser levadas a ter
sentimentos negativos, se o grupo exigir delas algum dever, o pagamento de maior
anuidade ou se, de alguma outra maneira, chegam a ver que o grupo faz exigências
desagradáveis. Em alguns casos, em que a participação no grupo se baseia num
sentimento de dever, pode ser possível exigir auxílio ou doações, sem afastar o participante,
pois o participante periférico pode, com essa contribuição, aliviar sentimentos de culpa por
ter negligenciado o grupo. Salvo nesse caso especial, contudo, podemos esperar que os
participantes marginais sejam afastados por quaisquer exigências indesejáveis. Quando um
grupo tem grande número desses componentes, ocorre uma espécie de paralisação, de
maneira que não se pede a ninguém para fazer alguma coisa para o grupo, com o temor de
que este se desintegre.
Pode-se exemplificar essa formulação geral através de uma resenha de diversas pesquisas
que demonstram algumas das razões pelas quais os grupos desenvolvem valência negativa
para seus componentes.
Reduz-se a atração de um grupo quando seus componentes discordam quanto à maneira
de resolver um problema do grupo. Essa foi a conclusão de French em estudo de grupos
colocados em situação frustradora. Verificou que, quando o grupo discordava, algumas
pessoas se afastavam da tarefa e frequentemente se sentavam num canto, para resolver
um problema particular. French observa que esse afastamento tende a ocorrer quando os
componentes discordam quanto ao método que devem usar para resolver o problema.
Segundo resultados obtidos por Gerard, os grupos de grande coesão tendem a ser
sensíveis a pequenas diferenças de opinião e tendem a disfarçá-las. Aparentemente,
portanto, os grupos com grande coesão podem facilmente discordar, mas logo tentarão
abolir os desacordos.
Todavia, quando parece que as diferenças de opinião não podem ser reconciliadas, a
coesão do grupo ficará nitidamente reduzida.
A atração de um grupo pode diminuir, se a pessoa nele tiver experiências desagradáveis.
Uma das consequências naturais da vida do grupo é que o participante seja chamado a
assumir responsabilidade. Algumas delas - por exemplo, os discursos, as cartas, a
contabilidade ou a direção de uma discussão — são obrigações para as quais não se sente
suficientemente preparado.
Portanto, a atração do grupo pode diminuir quando é origem de tal perturbação. Horwitz
apresenta algumas observações incidentais, feitas num experimento de laboratório, que
exemplificam esse fenômeno. Nesse experimento, as participantes de cada grupo eram
moças da mesma associação.
Estabeleceu-se uma tarefa de grupo e as moças foram muito motivadas para realizá-la
bem.
No decorrer da tarefa, algumas moças perceberam claramente que sua incapacidade para
contribuir para a tarefa do grupo poderia impedir que este obtivesse bom resultado. Essa
compreensão foi muito perturbadora e fez com que a atividade geral do grupo se tornasse
menos atraente.
As influências do fracasso sobre a atração de um grupo são ainda exemplificadas no estudo
de operários de indústria, apresentado por Coch c French. Verificou-se que os operários,
cuja taxa de produção caíra exatamente abaixo do padrão do grupo, tinham intensos
sentimentos de fracasso e apresentavam uma taxa extremamente elevada de demissão.
Conclui-se que um grupo cujas exigências sejam excessivas ou descabidas para seus
participantes é menos atraente que outro cujas exigências sejam mais adequadas. Stotland,
num experimento de laboratório, observou que, quando devem apresentar desempenho de
nível superior, os participantes são menos atraídos pelo grupo do que quando se espera
trabalho de nível mais modesto. Os experimentadores fizeram com que alguns sujeitos
fracassassem e outros obtivessem êxito, numa tarefa individual, que deveriam fazer para o
grupo. Como se poderia esperar, os fracassados se sentiam menos atraídos pelo grupo que
os vitoriosos; deve-se notar, no entanto, que houve maior decréscimo para aqueles que
fracassaram numa tarefa, quando o grupo não esperava o fracasso, ou quando a tarefa era
mais importante para o grupo do que para aqueles que fracassavam, quando o grupo
esperava o fracasso, ou a tarefa não tinha importância. Parece claro que havia maior
redução de atração quando os sentimentos de fracasso eram mais fortes.
Além disso, a influência do fracasso na redução da atração do grupo era limitada quase
inteiramente a pessoas com reduzida auto-estima e raramente ocorreu entre pessoas com
elevada auto-estima.
Observou-se que as pessoas podem afastar-se de um grupo por sentirem que os outros
participantes são excessivamente dominadores ou apresentam outras características
desagradáveis. Fouriezos, Hutt e Guetzkow apresentam provas disso, quando demonstram
que as conferências de pessoal, nas quais existe uma alta frequência de comportamento
auto-orientado, são consideradas como relativamente insatisfatórias pelos participantes.
Festinger e Kelley apresentaram outras provas a partir do estudo de um conjunto residencial
em que os habitantes se percebiam como da "classe baixa". Nessa pequena comunidade,
era extremamente difícil desenvolver uma organização de inquilinos, mesmo com o auxílio
de organizadores profissionais de comunidade. A participação nos programas do conselho
de habitantes era vista como capaz de diminuir o status social. Isto apresenta um nítido
contraste com um outro conjunto residencial, em que os componentes se apreciavam e,
rapidamente, formaram um grupo de proteção contra incêndio e destinado a enfrentar
outras necessidades comuns.
A participação num grupo pode limitar as satisfações que uma pessoa pode obter em outras
atividades. Por exemplo, uma telefonista do período noturno não pode participar da vida
familiar normal ou ter horário para encontros com amigos. Se o emprego interfere na família
ou nas atividades comunitárias, isso pode ser tão importante para reduzir a atração da
companhia quanto a falta de satisfação no emprego.
Uma causa imprevista de redução da coesão do grupo foi apresentada por Riecken. O autor
descreve um campo de trabalho cuja atmosfera dominante atribuía grande valor às
interações amistosas e tranquilas. Todavia, no decorrer das obrigações diárias,
inevitavelmente apareciam pequenos antagonismos. Como participantes de uma
associação que desaprovava a agressão física ou verbal, tinham dificuldade em propor
problemas em que alguma pessoa ou subgrupo estivesse em falta. Esses problemas,
quando discutidos nas reuniões de pessoal, eram formulados abstrata e intelectualmente, e
poucas decisões eram levadas avante. De maneira característica um dos componentes
desculpou-se por propor o problema e afirmou que não pretendia culpar ninguém pelo
estado de coisas. Consequentemente, a situação resultante provocou o fracasso da
comunicação em questões importantes e os antagonismos continuaram, para infelicidade
geral. Podem ocorrer tipos muito diferentes de barreiras à comunicação, mas com
resultados semelhantes. Numa conferência internacional, por exemplo, a coesão de grupo
pode ser fortemente influenciada pela presença de diferenças linguísticas; os grupos que
trabalham com máquinas barulhentas podem apresentar menos coesão que os que
trabalham em tarefas silenciosas, onde os componentes podem conversar facilmente
durante o trabalho.
A avaliação negativa da participação num grupo, feita por pessoas da comunidade, pode
também tornar o grupo pouco atraente. Grupos que, como tais, têm baixo status,
necessitam fazer esforços especiais para manter sua atração para os participantes. Warner
e colaboradores, Davis e colaboradores, e muitos outros descreveram as pressões, nos
componentes da minoria, para que "passem" para a maioria, quando suas características
físicas, ou outros indícios empregados para designá-las, permitem essa fuga. Nos Estados
Unidos, a forte necessidade de mobilidade ascendente parece produzir, também, muitas
mudanças na participação nos grupos, quando estas se tornam possíveis para indivíduos
isolados. Um exemplo desse fenômeno é o rapaz de baixo nível sócio-econômico que entra
na universidade e evita, constantemente, manter relações com seus antigos amigos, pois
teme que ponham em perigo seu novo status.
A competição entre os grupos, para obter participação, dá a razão final para que os
participantes desejem abandonar um grupo. Um membro de uma igreja pode deixá-la e
aderir a outra, na mesma comunidade. Os pais podem mudar de um clube infantil de
estudos para outro. Todavia, é importante observar que nem todas as participações em
novos grupos fazem com que o indivíduo desista dos grupos a que já pertence.
É suficiente lembrar, a propósito, os inveterados participantes que colecionam adesões a
grupos da mesma maneira que um escoteiro coleciona medalhas. Em que condições a
entrada num novo grupo causa o abandono do anterior? É possível notar duas condições:
(a) o segundo grupo parece mais capaz de satisfazer as necessidades do indivíduo, e ele
tem uma reserva limitada de energia e tempo para empregar na participação;
(b) os padrões do segundo grupo entram em conflito com os do primeiro. Neste último caso,
um grupo pode até especificar, nas exigências feitas aos participantes, que uma pessoa não
pertença a determinados grupos.
- A formação de grupos dissidentes
Muitas vezes, os relatos históricos dos esforços organizados do homem descrevem a
formação de pequenos corpos que se afastam da associação original a fim de defender
programas próprios. É fácil encontrar exemplos desse fato na história dos movimentos
religiosos, dos partidos políticos e das "escolas de pensamento". É significativo que essa
dissensões apareçam mais frequentemente nos grupos de forte orientação ideológica ou
valorativa do que nos outros. As discussões de Festinger, Festinger, Schachter e Back, e
Schachter descrevem situações que levam os grupos a rejeitar os componentes com idéias
diferentes; o resultado não desejado dessa tendência é criar condições para a formação de
grupos concorrentes. Neste ponto, contudo, concentraremos nossa atenção nos subgrupos
que se afastam do grupo original, em vez de serem expulsos por ele.
Nas observações de um centro de deslocamento de japoneses nos Estados Unidos,
Leighton observou a formação de subgrupos no interior do campo, quando surgiu uma
situação de tensão. Sua explicação para o desenvolvimento desses pequenos grupos (no
interior de uma organização maior) é que as modalidades anteriores de comportamento,
estabelecidas originalmente em seu ambiente natal, não podiam ser utilizadas nessa
situação excepcional. A crise exigia formas de comportamento para as quais não havia
normas já estabelecidas. Consequentemente, criou-se, entre as pessoas internadas no
campo, uma nova organização social; os subgrupos reuniram-se em torno de respostas
diferentes e conflitivas para os problemas..
O campo aparentemente plácido, tornou-se repentinamente uma coleção de facções
antagônicas. Nos experimentos de diferentes estilos de liderança, descritos por White e
Lippitt, também ocorreram sub-grupos. Verificou-se que, sob o estilo autoritário de liderança,
havia maior tendência para que os clubes de meninos se dividissem em "grupos aceitos" e
"grupos rejeitados" do que sob o estilo democratico, presumivelmente porque as tensões
hostis, criadas pela liderança coercitiva, não se aliviavam através da
agressão contra o adulto. Consequentemente, os participantes eram forçados a aliviar suas
tensões através do ataque a um subgrupo.
Em todos estes exemplos, os limites do grupo são redefinidos pelos participantes. Dentro do
quadro geral de participantes, algumas pessoas são vistas como mais capazes de
satisfazer as necessidades das outras do que a organização total: por isso se forma um
novo grupo. Como um grupo dissidente embrionário é apenas uma ideia, antes de ser uma
realidade, além de seus objetivos só pode ter poucas características de grupo, a fim de
atrair adeptos. Essas facções tendem, portanto, a preocupar-se basicamente com a
definição da “realidade social", ou seja, com a diferença ideológica ou valorativa.
Como já se observou, tende a ocorrer em grupos que dão grande importância às ideias.
Num grupo cooperativo, em que todos os membros têm um objetivo comum, existe menor
probabilidade de desintegração da organização que num grupo competitivo. Quando surge
uma desintegração incipiente entre os componentes, por causa de experiências de tensão
para o grupo, os participantes, quando interdependentes, tendem a procurar o
restabelecimento da harmonia. A procura de relações harmoniosas, sob condições de
tensão, foi observada numa série de pesquisas .
Parece razoável supor que a tendência para a desintegração aumente com o tamanho do
grupo. Alguns dados apresentados por Hare apoiam essa suposição. Verificou que grupos
de discussão de doze membros apresentam maior tendência para desintegrar-se em
pequenos subgrupos, frequentemente antagônicos, que os de seis membros. Todavia, as
condições do experimento não permitiam que estes desenvolvessem facções alertas e
conflitivas.
As pessoas que procuram satisfazer diferentes necessidades podem formar subgrupos
adequados a seus interesses Elizabeth French, por exemplo, reuniu amigos que
apresentavam grande necessidade de afiliação ou grande necessidade de realização.
Quando solicitados a escolher as pessoas com quem prefeririam colaborar nas reuniões
subsequentes, os que tinham grande necessidade de afiliação escolheram outros que
apreciavam como pessoas e os que tinham grande necessidade de realização escolheram
os melhores trabalhadores no grupo.
Pode-se supor que se tais grupos fossem permanentes, se desintegrariam finalmente em
duas facções, baseadas em suas diferentes necessidades.
Nem sempre os grupos dissidentes destroem a organização mais ampla. Pode acontecer
que, na realidade, aumentem a atração do grupo maior. Considere-se, por exemplo, um
departamento de uma grande companhia, onde a participação no time de boliche do
departamento ou no grupo de almoço se tornem muito atraentes para um indivíduo. A
satisfação aí obtida pode generalizar-se numa calorosa aprovação de toda a companhia. O
orgulho do batalhão militar a que se pertence pode levar ao orgulho da organização militar
mais ampla. Quando é que a divisão tende a enfraquecer o todo e quando é que tende a
fortalecê-lo?
Sugerimos que o grupo dissidente perturba a organização mais ampla quando os objetivos
do grupo menor são incompatíveis com os do maior. De outro lado, fortalecerá a coesão do
todo quando os objetivos do grupo menor forem iguais aos do maior, ou puderem
fortalecê-los. Um exemplo disso é a formação de um clube numa igreja. Suponhamos que
comece a criticar os valores sustentados pela congregação. Pode-se supor que os
membros entusiastas do clube acharão a igreja menos atraente e o clube muito mais
interessante. Se suficientemente insatisfeitos, podem até deixar a igreja e fazer suas
reuniões em outro local. Todavia, se os objetivos do clube são iguais aos da igreja, seus
sócios provavelmente serão cada vez mais atraídos, tanto pela igreja quanto pelo clube.
Embora essas conjecturas pareçam razoáveis, deve-se acentuar que houve, unicamente,
um parco início descritivo no estudo da formação de grupos dissidentes. Evidentemente,
ainda existe muito a aprender quanto a essas questões.

- Consequências da coesão
Se um participante obtém, no grupo, os recursos que pretende, é provável que deseje
manter a situação e ajude a manter o grupo ou trabalhe para assegurar a eficiência de uma
organização. Em vários estudos, observou-se que os participantes muito atraídos pelo
grupo mais frequentemente apresentam um comportamento benéfico ao grupo que os
menos atraídos.
Atividade responsável- Os indivíduos que se sentem mais atraídos por um grupo assumem,
com maior frequência, responsabilidade pela organização, participam mais facilmente nas
reuniões, assistem mais fielmente às reuniões e permanecem mais tempo como
participantes do grupo.
Influência interpessoal- Os componentes atraídos tentam, mais depressa, influir nos outros,
estão mais dispostos a ouvir os outros, aceitam mais facilmente a opinião de outros e
mudam com mais frequência suas opiniões, a fim de adotar as de seus companheiros.
Semelhança de valores- Os participantes muito atraídos pelo grupo dão mais valor aos
objetivos do grupo, aderem mais intimamente aos padrões do grupo, apresentam um
impulso maior para proteger os padrões do grupo através de pressão ou da rejeição de
pessoas que os transgridem.
Desenvolvimento da segurança- Os participantes atraídos têm menos tendência para
"inquietação" ou nervosismo nas atividades do grupo e encontram, mais frequentemente,
segurança ou alívio de tensão nas atividades comuns.
Lembramos que os indivíduos podem ser atraídos por um grupo, mesmo quando não
pertencem a ele. Nesse caso, a atração do grupo teria consequências semelhantes ou
diferentes das acima citadas? Existem poucas provas para responder a esta questão, mas a
partir de vários estudos parece que os não-participantes, quando fortemente atraídos pelo
grupo, agem como os participantes e, em alguns casos, podem superá-los, aparentemente
para provar que merecem ser aceitos. Jackson descreveu diferentes tipos de
comportamento que devemos esperar de pessoas em combinações independentes de
grande ou pequena atração pelo grupo e grande ou pequena aceitação da pessoa pelo
grupo.

- Algumas questões referentes ao conceito de coesão


A coesão de um grupo, segundo a concepção aqui apresentada, é determinada pela
atração que o grupo exerce sobre seus participantes. Naturalmente, todo grupo pode
apresentar aspectos atraentes e repulsivos, e sua coesão precisa ligar-se à resultante
dessas forças opostas. Embora essa formulação auxilie o tratamento de muitos fenômenos
importantes do grupo, não decide vários problemas, mais específicos. Alguns destes últimos
foram propostos por Gross e Martin, numa crítica ao conceito de coesão, e tratados com
minúcia por Van Bergen e Koekebakker, numa discussão completa das maneiras pelas
quais se tem concebido a coesão.
Qual a importância da fonte de atração? A coesão de qualquer grupo é a resultante de
muitas forças distintas, que levam a pessoa a aproximar-se do grupo e a afastar-se dele.
Vimos que a atração de um grupo pode derivar de diversas fontes — tais como a atração
dos seus participantes como pessoas, as atividades do grupo ou as finalidades a que o
grupo conduz. Existe algum denominador comum entre elas, que permita obter relações
consistentes entre uma determinada proporção de coesão (quaisquer que sejam suas
fontes específicas) e outras características do grupo? Ou as diversas fontes de atração
precisam ser sempre isoladas e medidas separadamente? A pertinência desta pergunta é
salientada pelo relatório de Eisman, que encontrou pequena relação estatística entre as
médias do grupo, em cinco diferentes medidas de coesão, embora, do ponto de vista
teórico, não se saiba muito bem por que tais medidas devam ser correlacionadas.
São necessárias outras pesquisas a fim de responder objetivamente a essa questão. A
melhor prova ligada diretamente a esse problema é fornecida por Back, cujos resultados
tendem a apoiar a conclusão de que fontes diferentes de atração têm algumas
consequências semelhantes. Os grupos, em seu experimento, estavam estabelecidos em
três bases: atração pessoal, atração da tarefa e possível aumento de prestígio para os
participantes do grupo. A força de atração para cada tipo foi diferente. Concluiu-se que os
estilos de comunicação e influência eram diferentes para cada fonte de atração, mas que
um aumento semelhante de atração, em cada caso, provocava um aumento semelhante no
poder do grupo para influenciar seus membros. Quanto ao poder para influenciar, parece
provável que diferentes fontes de atração tenham o mesmo resultado.
As atrações de diferentes fontes se reúnem para aumentar a atração total? Back
demonstrou que, para três diferentes bases de atração, aumentando a atração de um
grupo, aumenta o poder deste sobre o participante, mas não demonstrou que a presença de
mais de uma fonte de atração, para a pessoa, dê mais poder ao grupo do que apenas uma
fonte. O mesmo problema fundamental pode ser proposto de maneira diferente: se a
atração das atividades do grupo é igual em dois grupos, será que um deles apresenta maior
coesão se os seus participantes são mais atraentes? Devemos esperar que a soma de
atração de diferentes fontes aumente de fato a atração total do grupo para o indivíduo, mas
isso ainda não foi verificado através de pesquisas sistemáticas.
Como combinar os graus de atração que diversos indivíduos sentem pelo grupo a fim de
formar um único valor de coesão?
Mesmo depois de conseguir um método satisfatório para determinar a atração final que um
indivíduo sente pelo grupo, continua a existir o problema da combinação, num índice de
coesão do grupo, dos resultados individuais. A maneira mais simples de formular a coesão
do grupo seria considerá-la como a soma das forças resultantes, que atuam nos indivíduos,
a fim de que permaneçam no grupo. Atribui-se um peso igual a cada participante. Na maior
parte das pesquisas realizadas até agora, empregou-se uma formulação desse tipo básico
e, de maneira geral, tem sido satisfatória. Todavia, é quase indiscutível que o grau de
atração que o grupo exerce é muito importante, enquanto o grau de atração de outros
membros é relativamente pouco importante para o grupo. Apenas outras pesquisas podem
determinar o método mais satisfatório para ligar o grau de atração individual ao índice de
coesão do grupo.

Você também pode gostar