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Pâmela e Alisson
Capítulo 1:
Capítulo 2:
- Mande-a entrar.
- Noite difícil?
Meu humor peculiar – negro, ácido, sarcástico, como as
pessoas preferiam classificar – veio rápido:
- Que nada! A noite ta maravilhosa para quem
surpreendeu o namorado aos beijos com outra.
Continuei:
Capítulo 3:
- Como foi?
- Horrível!
- Já sei... To despedida!
- Não... Você não sabe! – Fitou-me com aquele olhar de
quem intimida qualquer um – Não vou te despedir, só
não quero que você me crie problemas, entendeu?
- Entendi!
Capítulo 4:
***Pamela***
- O que é, Ali?
- Sugestão?
- Eu pensei que...
- Sente-se.
- Pode ir.
Capítulo 5:
*** Allison***
Capítulo 6:
***Pamela***
Capítulo 7:
Capítulo 8:
***Pamela***
Capítulo 9:
*** Allison***
Eu parecia um bichinho acuado, tinha medo de olhar pra
ela e deixar transparecer a loucura do desejo que me
corroia a carne... O cheiro de sais de banho que envolvia
o corpo dela... A pele molhada de Pamela... As coxas que
estavam sobre a água... Eu tinha vontade de sair
correndo daquele lugar, estava preste a cometer uma
loucura e agarrar aquela mulher à força, sorver até a
última gota dos beijos dela... Apossar-me daquele corpo
que perpetuava os meus sonhos há dias... Não ouvi nem
uma palavra do que ela disse, ouvi apenas a última
pergunta:
- O fato de estar despida te incomoda, Ali?
Virei-me imediatamente de frente pra ela... Lentamente
Pamela foi saindo da água, ao mesmo tempo que eu me
levantei da beira da banheira... Parecia câmera lenta...
Nossos olhos fixos um no outro... Nossas bocas secas...
Ela umedeceu os seus lábios, eu senti meu sexo reagir
ao gesto dela...
- Pega aquele roupão pra mim – Disse apontando em
uma direção que eu nem sei qual porque simplesmente
não consegui tirar os olhos do corpo dela... Meus olhos
desceram pelos seus seios... Alcançaram a sua barriga...
Seu sexo visível me fez gemer de desejo, suas coxas me
arrepiaram de prazer simplesmente por olhá-las, e seu
corpo molhado me fez arder por dentro...
- Ali... – Tirou um pé da banheira... Continuei fitando-
a... Ela tirou o outro... Percebi as gotas de água
escorrendo pelo seu corpo... Minha pele queimou mais...
Não resisti e antes que Pamela pudesse dizer qualquer
outra coisa... Antes de pensar na possibilidade de jogar
meu emprego pela janela... Sem conseguir pensar em
mais nada puxei-a de encontro ao meu corpo... Aspirei o
cheiro que emanava dela... Minha roupa sendo molhada
pelo contado do seu corpo...
- Nem... Pense... Nis... – Se debateu com as mãos
pressionadas no meu ombro, enquanto as minhas
envolviam a sua cintura... Aproximei meus lábios dos
dela, e a beijei com toda a vontade que estava
acumulada dentro de mim... Não sei se gemi, mas senti
o meu sexo vibrar de desejo... Inconscientemente, e
lentamente fui empurrando-a para trás... De encontro à
parede... Quando as costas de Pamela bateram no
azulejo gelado, as mãos daquela mulher do beijo
estimulante já estavam envolta do meu pescoço...
Minhas mãos deslizavam pelos seus seios... Minha coxa
se perdia no meio das dela... Pamela tentou desgrudar
os lábios dos meus... Eu também senti falta de ar, só
então o beijo cessou... Nos olhamos por alguns
segundos... Aqueles azuis dos olhos dela me queimavam
por dentro... Inebriava... Provocava... Excitava...
Capturei seu pescoço e a vi tremer quando o mordi...
lambi e suguei... Descendo pelo seu ombro...
Pressionando-a de encontro à parede e colando o meu
corpo ainda mais ao dela... Pamela bagunçava os meus
cabelos enquanto eu explorava a sua pele... Descia a
língua e os lábios pelos seus seios rígidos... Chupei-os
com fome... Quem mandou ela não me dar o sanduíche
prometido? Agora eu queria comer o corpo dela! Lambi
os bicos, ora num... Ora noutro... Pamela abriu um
pouco mais as pernas... Minhas mãos percorreram as
suas coxas e meus dedos tocaram o seu sexo
encharcado... Continuei me perdendo nos seus seios
enquanto ela ordenava que eu a fizesse gozar... Adorei
a sua ordem e introduzi meus dedos dentro dela... Ouvi
o seu grito... Caí de joelhos no chão enquanto jogava a
sua perna direita sobre os meus ombros e enfiava-me
debaixo dela... Minha língua dividia espaço com os meus
dedos que a tocavam fundo e rápido... Senti o seu
gosto... Saboreei... Degustei do seu clitóris rígido...
Entregue... Sua pele fervia... Seu corpo se entregava....
Ela rebolava me enlouquecendo de tesão... Aumentei as
estocadas... Aumentei o contato da minha língua no seu
sexo... Percebi que ela iria gozar... Tirei meus dedos com
rapidez... Parei de chupá-la... Escalei o seu corpo
lentamente... Suavemente trilhando a sua pele com a
minha língua que deslizava sobre ela... Pamela bateu
forte no meu ombro, insatisfeita puxou-me pelos cabelos
até que nossos olhos se encontrassem novamente...
Agarrei-a pela cintura... Não a deixei falar...Puxei-a para
mim, tirando as suas costas da parede... Seus olhos
estavam furiosos... Sua respiração ofegava tanto quanto
a minha... Capturei a sua boca... Beijei-a com paixão...
Desejo... Empurrei-a com o meu corpo de volta ao
quarto dela... Minhas mãos apalpando com vigor as suas
costas... As suas nádegas...
- Por que não me fez... Gozar? – Sussurrou nos meus
lábios.
- Quero você aqui! – Apontei a cama... Empurrei-a... Ela
caiu com as costas no colchão... Subi na cama também...
Fiquei de joelhos e me despi lentamente... Pamela fitou
cada detalhe do meu corpo com curiosidade... Percebi
que ela nunca transou antes com uma mulher... Deitei-
me sobre ela... Gemi no seu ouvido ao sentir meu sexo
em contato com o dela... Pamela gemeu no meu...
Arranhou as minhas costas quando me enfiei no meio
das suas pernas e rebolei esfregando o meu sexo no
dela... Senti-a entregue novamente... – Vira... –
Sussurrei no seu ouvido, dando espaço para que ela
girasse o corpo... – Quero você de quatro pra mim –
Completei com a boca aguando para vê-la naquela
posição... Pamela não tinha pudor, ela sorriu
maliciosamente e virou-se no mesmo instante... Ergueu
as nádegas e me ofereceu o seu sexo encharcado...
Apoiou-se nos cotovelos e inclinou a cabeça para trás
para ver o que eu faria... Estremeci... Ela era tudo o que
eu queria de uma mulher... Afastei suas coxas, seu sexo
visto daquela posição ficava ainda mais gostoso... Enfiei
a língua e a chupei desesperadamente... deliciosa
começou a rebolar pra mim, e gemer... Aumentei o atrito
da minha língua com o seu sexo, depois alternei
afastando as suas nádegas com as minhas mãos e
mergulhando a minha língua dentro daquela bundinha
gostosa... Pamela gostou, aumentou o movimento dos
quadris e os gritos de prazer... Penetrei-a com meus
dedos enquanto minha língua mergulhava dentro dela...
Não resisti e gozei enquanto via e sentia o corpo
daquela mulher deliciosa estremecer num orgasmo
demorado... Bebi o seu gozo completamente
satisfeita enquanto sentia a minha pele em chamas pelo
prazer desconhecido que me foi proporcionado.... Tentei
estabelecer a minha respiração... Mas nada ainda havia
terminado... Aquele olhar azul e safado me excitava cada
vez mais...
Capítulo 10:
***Pamela***
Capítulo 11:
***Pamela***
Capítulo 13:
***Pamela***
Capítulo 15:
***Pamela***
Capítulo 17:
***Allison***
Capítulo 18:
***Pamela***
Capítulo 20:
***Pamela***
Capítulo 22:
***Pamela***
***Allison***
Capítulo 24:
***Pamela***
Afinal de contas, o que estava acontecendo? O mundo
inteiro tinha resolvido desabar sobre minha cabeça?
Tudo bem, nada daquilo era o bastante para me
derrotar, desanimar, mas... pelo amor de deus! Será que
eu tinha que ser a prova viva de que o ditado... arg...
popular era verdade? Desgraça pouca é bobagem...
Além do sentimento infame, ridículo, doentio que tentava
me dominar, tinha o roubo das idéias, e... para
completar, Ali tinha resolvido me desafiar abertamente...
Namorada? Uma ova que ela tinha namorada! Que
namorada era essa que tinha aparecido do nada? Só se
durante o final de semana ela...
Não, claro que não! Não depois de tudo o que tinha
acontecido em São Paulo. Bobagem! Era mentira. Uma
jogada – até muito inteligente, por incrível que pareça –
de Ali.
Mas ela não ia, de jeito nenhum, conseguir me afetar.
Apesar da pontinha de... Nada, eu estava chateada
com... a recusa dela? Era a primeira vez que Ali me
recusava algo... Inacreditável... Inaceitável! Eu não ia
nem podia deixar barato.
****Allison ****
Capítulo 26:
***Pamela***
Capítulo 27:
Capítulo 28:
***Pamela***
Capítulo 29:
***Pamela***
Capítulo 31:
***Allison***
Minhas pernas começaram a tremer, minhas mãos
suaram frio... Meu corpo inteiro reagiu às palavras que
Pamela sussurrou no meu ouvido em Francês... Ouvi-la
naquele momento, era o mesmo que ouvir uma música
em Inglês sem saber falar a língua. Nem sabemos se
estão nos xingando, mas chegamos ao ponto de ficarmos
emocionados ao ouvir essas melodias. Assim foi pra
mim,quando Pamela começou a cantar palavras em
Francês no meu ouvido...
- Je peut parler tous que je veux parce que tu ne
comprend rien... – ela dizia... Me instigando... Fazendo o
meu coração acelerar dentro do meu peito... Que diabos
essa mulher dizia??? Eu não sei, mas os seus lindos e
sedutores olhos azuis me pediam incansavelmente para
ter a certeza de que ela não estava me xingando... Beijei
seu pescoço... Senti as suas unhas arranharem os meus
ombros... Enlouqueci de prazer... Apertei-a em meus
braços....
- J'adore ton visage... Ta bouche, ton sourire, tes yeux
brillants... La douceur de ta voix... La manière que tu me
regarde, me caresse, me touche... – ela me excitava
cada vez mais com aquele sotaque perfeito... O frânces
fluente o suficiente a ponto de me fazer acreditar que eu
comeria uma francesinha. Putz! Quebrei o clima, não é?
Bom... Meus olhos arregalados suplicavam por uma
tradução... Eu queria sentir aquelas palavras... queria
poder calar o tremor que sentia o meu coração, pela
ausência do amor falado por Pamela.... Caminhamos
lentamente até a cama...
- Diz alguma coisa que eu entenda... por favor... –
sussurrei deixando o meu corpo pesar sobre o dela... –
Tenho sede das suas palavras... Pam...- nesse instante,
meus olhos lacrimejavam, contrastando com o meu sexo
que pulsava de desejo diante dela... Não sei porque, mas
algo me dizia que as palavras dela... justificariam tudo o
que nós estávamos sentindo naquele momento – Eu
preciso saber o que você sente... Amor... – disse quase
sem fôlego ao deslizar minhas mãos pelo meio das
pernas dela e sentir a sua excitação... A mulher segurou
meu rosto delicadamente com as duas mãos... Senti que
o seu corpo tremia... Sua pele suava...
- Je t'aime... – disse ela encarando-me de um jeito que
eu nunca tinha visto antes...
- Eu te amo? – perguntei mais do que disse... – Eu te
amo... – sussurrei em seguida... Beijei-a de uma forma
única... Colocando naquele beijo toda a intensidade de
prazer... Carinho... Afeto... Paixão e amor... que eu
vertia por ela... Nos beijamos longamente.... Nos
acariciando... Apertando... Sentindo a textura das nossas
peles... Dos nossos corpos quentes que ardiam no prazer
de se desejarem como se nada fosse maior e melhor do
que aquele instante de entrega... E não era mesmo...
Pelo menos pra mim, estar com Pamela... Seja onde
for.... Era como me perder na plenitude da felicidade
nunca antes alcançada.
Nossos toques... Caricias... Beijos... Se intensificaram
junto com o desejo que só aumentava... Deslizei meus
lábios lentamente pelos seios de Pamela... Seus gemidos
me levavam ao ápice da loucura... Desci os lábios pelo
seu ventre... As mãos de Pamela estavam afoitas... Me
empurravam de encontro ao seu sexo... Não me
intimidei... Fitei os seus olhos por um instante... Respirei
fundo...
- Je t'aime... – disse e sorri pra ela… Pamela retribuiu o
sorriso com uma mordidinha sensual no lábio inferior...
Me desmontou aquela mulher. Nossa! Quando ela me
olhava daquele jeito eu perdia totalmente o paradeiro...
Afastei suas coxas... Acariciei seu sexo com a ponta dos
dedos... Ela esquivou a cabeça para trás... Seu corpo
estremeceu... Suas pernas passaram por cima dos meus
ombros... A mulher lentamente puxou-me para dentro
dela... Gemi assim que minha língua invadiu o seu sexo
úmido... Completamente úmido... Mordi... Lambi...
Suguei... Explorei cada pedacinho daquele sexo que
pulsava a minha frente. Explodi num orgasmo delicioso
ao mesmo tempo em que Pamela gritava de prazer e se
contorcia sobre os lençóis da cama... Antes da sua
respiração se restabelecer eu escalei o seu corpo...
Beijando-a... Deslizando a minha boca molhada de gozo
na pele dela... Minhas mãos deslizando pelas laterais do
seu corpo... Afagando os seus seios rijos de tesão... Eu
queria acendê-la novamente, e como Pamela era
insaciável... Foi fácil, tão fácil quanto tirar doce da boca
de criancinhas... Alcancei os seus lábios... Beijei a sua
boca deixando dentro dela o mel do seu líquido... Meu
sexo latejava no meio das coxas dela...
- Quero provar você, Ali! – arranhou meu pescoço...
Escorregou as mãos pelas minhas costas... Afagou
minhas nádegas com sensualidade enquanto encarava os
meus olhos cheia de desejo... Suas pupilas não eram em
formato de fenda, e esse era o único detalhe que
diferenciava os olhos de Pamela de um gato, ou melhor:
uma gata. Minha carne fervia ao olhar dentro dos olhos
dela... Enquanto eu pensava na beleza dos seus olhos, a
mulher sedutora que estava embaixo de mim,
escorregava os dedos famintos... Me penetrando... Me
enlouquecendo... Ergui um pouco o quadril e senti os
seus dedos me preencherem por completo... Pamela
mordia os lábios e sorria... Divertindo-se com a minha
face desfigurada de prazer... Fechei os olhos enquanto
gemia fervorosamente pra ela e, inundei os seus dedos
de gozo... Encarei novamente aqueles olhos
devastadores... Levantei-me de sobressalto de cima
dela...
- O que foi, Ali? – perguntou preocupada. Acho que a
minha expressão não foi a das melhores...
- Des...culpa, Pam... Vou ao banheiro... Já volto... – Sai
em disparada na direção do banheiro... Parei de frente
ao espelho... Abri a torneira de água aquecida e molhei
meu rosto... Fechei os olhos e meus pensamentos me
levaram até a sala de Pamela na tarde de ontem... Onde
o Sr. Álvaro me fez uma proposta que agora eu não
sabia mais se era certo aceitar. O homem queria me dar
o cargo da Pamela na revista. Dá pra acreditar? O pai
dela achava que Pamela precisava de um choque de
realidade para aprender o quanto é importante dar valor
às pessoas. Naquele instante, achei que seria uma boa
lição, afinal de contas. Seria apenas um susto. Eu ficaria
no cargo dela... Trabalharia ao lado dela... E ela saberia
como é receber ordens de alguém. Depois de aprendida
a lição... Tudo voltaria ao normal, Pamela ao seu lugar
de direito na revista, e eu galgando o meu próprio
crescimento lá dentro. Com duas diferenças: ela estaria
mais humana, e eu seria mais respeitada por ela. Essa
era a proposta do Sr. Álvaro. No entanto, diante dos
novos fatos, acho que Pamela não precisa passar por
esse calvário. Eu aceitei a proposta na hora em que ele
me falou, sabe? Mas... Não sei se foi uma escolha
correta, na verdade... Eu não queria perder o pouco que
já havia conquistado de Pamela. Assim que voltássemos
ao Rio, eu contaria as novidades ao pai dela, e
procuraríamos um outro meio de tentar humanizar
aquela mulher. Um passo já foi dado...
- Je t'aime... – repeti em silêncio sorrindo para mim
mesma enquanto olhava-me pelo espelho a minha
frente. Voltei para o quarto completamente aliviada. Era
simples, não é? Eu só precisava pedir ao Sr. Álvaro que
esquecesse aquela estória de mudança de cargo. Puxei o
lençol que Pamela havia se enrolado...
- Amor... Me leva a torre Eiffel?
Pamela arregalou os olhos... Me olhou como se eu
tivesse feito uma pergunta imprópria...
- Hoje não, Ali – disse seca, inexpressiva. Como se ir a
torre Eiffel fosse o programa mais chato do mundo.
- Não vamos fazer nada hoje? – perguntei indignada.
Abri os braços. – Estamos na França! Que graça te
virmos aqui e não conhecermos nada?
- Já disse que amanhã faço o sacrifício de te
acompanhar na torre, oras!
Abri imediatamente um mapa da França que eu havia
trazido comigo na bagagem...
- O que está fazendo, Allison? – apoiou-se nos cotovelos
enquanto olhava na minha direção.
- Estou vendo um programa para fazermos hoje, oras! –
percorri o dedo pelo mapa – Aqui! – quase gritei... Pulei
na cama com o mapa nas mãos – Vamos ao Arco do
Triunfo, amor! – sorri tentando removê-la do seu
desânimo.
- Nem pensar!
- Caraca! – estendi o mapa na cama – É pertinho, olha!
– apontei o lugar – Dá pra ir andando, anda podemos
dar uma passadinha na "Champ elisé"!
- Des Champs-Elysées, Allison – Me corrigiu impaciente
– Não acha que eu vou andar até o Arco do Triunfo, não
é? - levantou-se. Colocou um robe preto de seda.
- Qual é, Pam! Pra você – Levantei-me e fui até ela que
estava parada de frente a janela olhando a vista
maravilhosa, ou melhor: perfeita que o hotel oferecia –
Pra você vir a Paris é o mesmo que passar de carro num
domingo por Copacabana – sussurrei no seu ouvido – Pra
mim, é um acontecimento histórico – Beijei a sua nuca...
Ela virou-se de frente pra mim... Olhei-a nos olhos como
um cachorrinho que olha o seu dono.
– Tudo bem, vamos de táxi.
- Não! Vamos andando... Pra não perdermos nem um
detalhe.... – beijei os lábios dela antes que a mesma
pronunciasse uma palavra – Deixa de ser preguiçosa,
Srta mau humor! São só... Três quadras até a "Champs
Elisé" ... – ela torceu o nariz novamente para a minha
pronúncia. Continuei falando, ela não conseguia me
intimidar com aquela sobrancelha erguida - ... da
"champs" até o Arco deve dar umas quatro quadras... Tá
ali no mapa!
- Allison! Ir andando até lá é ultrajante!
- Não! É emocionante! Por favor, chefinha! – olhei para
o chão – Quer que eu peça de joelhos, é? – ameacei
ajoelhar... Ela me puxou pelo braço...
- Tudo bem – disse quase num suspiro.
- Sério? – agarrei-a forte pela cintura – Oba! – gritei...
Pamela sorriu... Deixei a minha euforia de lado para
admirar aquele sorriso... Seus lábios eram tão rosados...
Tão bem desenhados... Deslizei os dedos devagar por
eles... – Seu sorriso me faz tão feliz – sussurrei antes de
beijá-la... Depois do beijo Pamela me empurrou.
- Vá se arrumar logo, Ali! Não pense que eu vou ficar
andando pela cidade com você. Só o Arco do triunfo,
está bem?
- Beleza! – disse antes de correr na direção da minha
calça jeans e vesti-la... Pamela também começou a se
arrumar... Putz! Ela parecia que iria a uma conferência
com os investidores Franceses. – Vai mesmo usar esse
salto? – perguntei enquanto calçava os meus tênis. Ela
apenas ergueu aquelas sobrancelhas como quem diz:
"que perguntinha idiota". – Você tá linda! – beijei-a no
rosto.- vamos? – disse apressada.
- É... Vamos... – concordou desanimada.
Nossa!!! Vocês precisavam ver a poderosa andando com
aquele salto enorme nas ruas de Paris. Por isso que ela
não vê graça em nada, oras! Totalmente
desconfortável... Segurou no meu braço duas vezes para
não cair. Isso que dá só andar de automóvel, quando sai
na rua fica parecendo um bebê que está aprendendo a
andar... Sorri ao final desse pensamento...
- Tá rindo de quê, Alli..son! – disse ao mesmo tempo
em que se apoiou no meu braço direito pela terceira
vez...
- Xiiiiiiii! – olhei na direção do salto que ela usava –
quebrou, né? – cocei a cabeça... Ela vai dar um ataque
daqueles – pensei.
Pamela levou a mão até o tornozelo... Depois retirou o
calçado do pé... Olhou... olhou...
- Mas que... merde! – disse enfurecida...
- Sorte que estamos na "Champs"- apontei um lado da
rua... loja da Adidas, do outro lado... Loja da Nike –
Acho que você devia se adaptar ao passeio – arrisquei
dizer. Pensei que ela iria arremessar o salto quebrado na
minha cabeça, mas ela fez pior.
- Des Champs-Elysées! – disse quase aos gritos - Des
Champs-Elysées! Repete comigo, Allison! – sacudiu o
meu braço. Ela estava furiosa.
- Nike, ou adidas? – perguntei. Agora sim ela tacou o
salto na minha direção, depois saiu andando na frente...
Mesmo com um salto apenas ela conseguia ser elegante.
Dá pra acreditar nisso? Sorri, quer dizer: gargalhei da
cena e fui andando atrás dela... Pamela entrou na
primeira loja, ou seja: entrou na loja da Nike. Falou
alguma coisa em francês com um dos vendedores e
depois o mesmo voltou com uma caixa. Era um tênis.
Putz! Essa cena eu tinha que registrar. Ameacei tirar o
celular do bolso para fotografar...
- Nem pense nisso! – disse assustadoramente séria...
Acho que ela teria coragem de me assassinar se eu
fotografasse os seus pezinhos calçados com um tênis.
- Acha que vai... combinar com o figurino? - contive o
riso. Só pra vocês terem uma idéia, ela usava um tailler
Chanel verde.
Pamela aproximou-se da vitrine... O vendedor estava
atrás dela, um subalterno atencioso do jeitinho que ela
gostava. Vi a mulher apontar em algumas direções... O
vendedor sumiu em uma direção, depois voltou com tudo
o que ela pediu... Pamela desapareceu nos provadores...
Depois... bom... Eu tive que me levantar de sobressalto
da cadeira onde eu estava impacientemente esperando
sinal de vida dela.
- Nossa! – disse boquiaberta – Você está linda! – Ela
vestia uma calça azul marinho, uma camiseta branca e
um casaco azul marinho bem esportivo com um símbolo
da Nike enorme nas costas.
- Eu sei – disse enquanto caminhava na direção da saída
da loja, quer dizer, não antes de largar nas minhas mãos
uma sacola enorme que continha as roupas dela.
Capítulo 32:
***Pamela***
Capítulo 33:
***Allison***
Capítulo 34:
***Pamela***
- Eu não gostei!
Essa foi a frase absurda de Allison ao ver La Gioconda.
Irritada era pouco, aquilo me deixou simplesmente...
revoltada! Retruquei:
- A Mona Lisa é fantástica!
Ia começar a explicar porque aquele era o mais famoso
quadro na história da arte, senão, o mais famoso de todo
o mundo, quando ela completou:
- Relaxa, Pam! É só um quadro...
Só um quadro? Fiquei paralisada, sacudindo a cabeça
negativamente. Allison sorriu, tentando me puxar pela
mão enquanto eu protestava:
- Não tente se justificar Allison! Está piorando ainda
mais as coisas. Fique sabendo que "La Gioconda" foi a
obra onde Leonardo Da Vinci melhor concebeu a técnica
do sfumato...
Ela parou, rindo da minha cara:
- Esfu o quê?
Suspirei profundamente – haja paciência! – antes de
responder:
- Sfumato, Allison, é uma técnica usada para gerar
gradientes perfeitos na criação de luz e sombra de um
desenho ou de uma pintura. Foi uma técnica inovadora
na Renascença Italiana.
Ela ficou me olhando, tentando se manter séria, sem
muito resultado. Mesmo assim continuei:
- Da Vinci foi o primeiro a perceber que o verniz de
madeira corrói a tinta a óleo, gerando um gradiente
perfeito no local. É praticamente impossível perceber as
pinceladas nas obras dele. Entendeu?
Ela sacudiu a cabeça afirmativamente, com um brilho
divertido nos olhos... Mas sequer voltou a olhar para a
Monalisa. Apenas sugeriu:
- Impressionante, mas... Agora podemos ver a Vênus de
Milo?
Fechei a cara de vez. Respondi muito, mas muito irritada
mesmo:
- Podemos. A Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia, a
Dama de Auxerre, a Madona das Rochas, tudo o que
você quiser. Desde que trate as obras de arte com o
respeito que elas merecem!
Saí andando rápido, com Allison me seguindo de perto.
Absolutamente furiosa, principalmente ao escutar o
risinho que ela tentou abafar, sem muito êxito...
Capítulo 35:
***Allison***
O que eu podia fazer diante das palavras que não foram
ditas? Da confiança que foi perdida por um erro de
cálculo? Depois que Pamela saiu da sala, eu provei o
gosto amargo da desilusão. Tantas vezes ela me
decepcionou com as suas atitudes tiranas. Me humilhou
diante de Penélope, da cúpula presidencial... Mas nada
se comparava a dor que eu estava sentindo naquele
instante. Sabe por que? Simplesmente porque fui eu
quem provocou aquela situação. Onde eu estava com a
cabeça para concordar com aquele plano ridículo do Sr.
Álvaro? A Pamela era a alma daquela revista. A direção
sem ela ficaria tão vazia quanto um pote de cereja
quando Léo está deprimido. Afastei-me da mesa dela...
Ali não era o meu lugar... Nunca foi! Nunca seria! Eu só
queria o amor de Pamela... Eu provei o amor dela em
Paris, e a única certeza que eu tinha naquele momento,
era que ela estava eternizada no meu coração... Sai da
sala cabisbaixa... Passei por Arlete sem ao menos
conseguir cumprimentá-la... A secretária me seguiu até
puxar o meu braço e me fazer parar no meio do
corredor...
- Você tomou a decisão certa, Ali – disse.
- O quê? – fitei-a sem conseguir compreender
onde ela queria chegar.
- A dona Pamela precisa sentir na pele o
gostinho de ser uma de nós. Quem sabe agora ela fica
um pouco mais humilde?
- Sabe onde o Sr Álvaro está? – ignorei
completamente o seu comentário.
- Sala de reuniões – apontou o final do corredor
– A redação inteira está do seu lado.
Olhei rapidamente a minha volta... Os
funcionários me olhavam com um tom de agradecimento
nos lábios que me deixou ainda mais pior. Todos já
sabiam? Arlete andou ouvindo atrás da porta, ou o Sr
Álvaro deu a notícia em primeira mão durante o tempo
em que estávamos viajando? Queria desaparecer dali.
Mantive o silêncio do meu olhar e caminhei em passos
apressados até a sala de reuniões... Abri a porta
rapidamente... Entrei... Deparei-me com um Sr Álvaro
pensativo. Olhando algumas fotografias da sua filha que
ficavam penduradas na parede como troféus. Pamela foi
a geração mais competente daquela conceituada revista.
Ele percebeu a minha presença, embora eu não tenha
feito nenhum barulho. Fechei a porta atrás de nós. O
homem sorriu gentilmente pra mim.
- Vamos conseguir dobrá-la – disse animado.
Suspirei, logo balancei a cabeça negativamente
enquanto apoiava as mãos no encosto da cadeira do
presidente.
- Tentei localizar o senhor a manhã inteira –
disse frustrada. Passei rapidamente a mão direita para
enxugar algumas lágrimas que escorriam dos meus olhos
– Nossa viagem foi maravilhosa! Alias, a sua filha
desconhece o quanto é uma pessoa incrível e
encantadora... Doce até!
- Ali...
- Um minuto por favor – engoli a saliva como
quem engole uma lâmina – Acabou! – sorri irônica... As
lagrimas continuavam fazendo os meus olhos
desabafarem - O senhor não me deu a chance de
desistir dessa idéia louca de virar chefe da minha
chefe.... A Pamela não me deixou explicar que eu não
queria tomar o lugar dela. Não sei quem foi mais
intransigente nessa história, sabia? O senhor ou ela. Só
sei que eu fui uma completa idiota. Ninguém muda
ninguém a revelia. – ele prestava atenção nas minhas
palavras... continuava em silêncio – Ela estava
praticamente desarmada em Paris! – Abri os braços
inconsolável - Claro que a Pamela sem aquele sarcasmo
e, aquele ar de superioridade... Perderia totalmente o
encanto. Estávamos nos entendendo... Sem planos...
Armadilhas... Sem a interferência divina, entende? Não
podemos simplesmente apontar uma pessoa e dizer: hei!
Hoje você fará o que eu quero!
- Eu pensei... Que...
- Eu pensei que fossemos mais racionais.. Mais
humanos... – enxuguei os olhos – Pensei que o bem e o
mal existiam de fato, e me intitulei a boazinha da
história, mas a boazinha da história jamais trairia a
confiança da mulher que ama.
- Ali..son... Me desculpa... Podemos dar um
jeito nisso... Eu voltarei atrás na decisão... E...
- Nós já a magoamos, Sr. Álvaro! – dei a volta
na mesa... Parei de frente ao homem de terno azul...
Estendi as mãos para cumprimentá-lo... Ele olhou a
minha mão estendida... Apertou um tanto hesitante – Ela
não precisa receber ordens... Nem do senhor! Eu
agradeço a confiança... – balancei a mão duas vezes.
Soltei a mão dele – Obrigada por acreditar no meu
trabalho, nas minhas idéias e por achar que eu estaria a
altura da sua filha.
- Você não...
- Sim! Eu me demito.
- Pensa bem Allison! Aqui você pode crescer
muito minha filha... Terá uma carreira brilhante... Suas
idéias são fantásticas...
- Se sou uma boa profissional, terei sucesso em
qualquer lugar. – toquei o ombro dele – Não posso viver
sem a sua filha. Depois de ter experimentado o quanto é
bom ser amada por ela, seria impossível conviver sendo
odiada.
- Allison. Não vou aceitar a sua demissão. Vai
pra casa... Pensa bem em tudo o que aconteceu.
Podemos dar um jeito nisso... – segurou minha mão –
Desculpa se me precipitei. Achei sinceramente que seria
o melhor pra ela.
- Não dá pra achar o que é melhor para
alguém.
- Lamento.
- Também não dá pra lamentar pelo leite
derramado.
- O que você pretende fazer?
- Eu não sei. – disse, logo aquela frase ficou se
repetindo inúmeras vezes na minha cabeça. – Agora, só
sei que retornarei até a minha sala e vou encaixotar as
coisas que estão na minha mesa e dentro das gavetas
dos armários.
- Não faça isso... Dê um tempo para a situação
ficar mais confortável.
- Tá brincando! A sua filha quer servir a minha
cabeça em uma bandeja de prata. Preciso fazer isso...
Por mim... Por ela...
- A Pamela sempre ganhou tudo no grito. É uma
mulher mimada... Cheia de manias – passou os dedos
pela fotografia... – Você tem feito a minha filha repensar
nas suas atitudes. Temo que sem você ao lado dela, toda
essa conquista que é ver a mudança dos seus atos, não
passe de perda de tempo e esperanças.
- Ela não tem que mudar porque nós queremos.
– passei as mãos pelos meus cabelos. – Até, Sr Álvaro.
- Boa sorte na sua escolha. Mas... Se mudar de
idéia. O cargo, seja ele qual for, ainda é seu.
- Obrigada. – disse e caminhei de volta até a
minha sala.
Capítulo 36:
***Pamela***
Capítulo 37:
Capítulo 38:
***Pamela***
Capítulo 39:
Capítulo 40:
***Pamela***
Capítulo 41:
***Allison***
Capítulo 42:
***Pamela***
Capítulo 43:
***Allison***
Capítulo 44:
***Pamela***
***Allison***
Capítulo 46:
***Pamela***
- Alan, eu não acredito que você fez isso!
Explodi assim que entramos no carro e Alan me contou a
verdade. Saber que ele tinha dormido com o melhor
amigo de Allison – e que obviamente, ela ia ficar
sabendo e pensar que mais uma vez um namorado meu
tinha me traído, me deixou irada.
- Pam, querida, eu juro que não sabia.
Ele me lançou um olhar arrependido, depois me abraçou
e beijou, repetindo:
- Desculpa, meu amor... Eu não consegui resistir...
Suspirei profundamente. Mais ainda quando ele
completou:
- Sei que você me entende. Afinal de contas, também se
rendeu a "joie de vivre", n'est pas? Pelos sons – que
aliás, não foram poucos - que eu ouvi durante a noite,
você aproveitou bastan...
Não o deixei continuar a falar:
- Vamos mudar de assunto. Na verdade quero esquecer
essa minha momentânea ausência de sanidade. Estou
quase morrendo de ressaca, com essa roupinha
lamentável... Me leva para casa, Alan.
Ele me olhou de cima a baixo. Com um sorriso divertido
nos lábios. Antes de dizer:
- Bom, ma chérie... O seu lamentável é muito melhor do
que o melhor da maioria das pessoas. Na verdade, acho
que você deveria usar jeans e camiseta mais vezes.
Apostar nesse visual mais despojado, que tal?
Tive que elevar um pouco a voz para que ele me
escutasse no meio das gargalhadas que dava:
- Cala a boca e dirige, Alan!
A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi
tomar um café bem forte e me deitar. Com uma máscara
nos olhos para evitar a claridade. Dormi a 2ª feira
inteira. Já era 3ª feira de manhã quando retornei do
estado lamentável em que me encontrava com meu
celular tocando sem parar. Martelando dentro da minha
cabeça. Xinguei mentalmente – em francês, claro - por
ter esquecido de desligar aquela maldição.
Não querendo me mover, tentei esperar que a tortura
parasse, mas a pessoa insistiu. Várias vezes. Até eu tirar
a máscara – merde! – e olhar o visor para descobrir
quem era "o" ou "a" inconveniente: Penélope.
Pelo tom de voz dela, parecia ser urgente:
- Pamela, tá sentada?
Com um riso irônico, respondi:
- Na verdade estou deitada, tentando dormir.
Mas ela ignorou a minha frase:
- Adivinha!
Aquilo foi demais. Minha paciência já estava esgotada
antes mesmo que eu atendesse:
- Penélope, mon dieu! Diz logo o que você tem para me
falar!
Ela riu do outro lado:
- Pelo seu tom de voz tão bem humorado, meu bem, já
vi que você continua de ressaca. – ela soltou uma risada
antes de continuar: - Pode ir se animando, pois tenho
ótimas novidades! Em primeiro lugar: pode ficar
tranqüila porque estou com o seu carro.
Ao menos Penélope tinha servido para algo. Não ia
suportar ter que voltar no maldito sítio naquele fim de
mundo.
- Essa é a ótima novidade?
Ela nem me deu tempo de continuar a reclamar.
Disparou:
- Não, tem mais! Sabe porque eu desapareci no
churrasco? Estava simplesmente pegando a namoradinha
da golpista safada!
Sentei na cama num salto:
- O quê?
Ela riu do meu espanto, antes de falar:
- Isso mesmo que você escutou. No banheiro do sítio, e
depois na minha casa. Digamos que... não acho que ela
seja muito fiel, muito menos apaixonada pela namorada.
– soltou outra risada, aparentemente satisfeita consigo
mesma - Vai me agradecer agora ou só quando nos
encontrarmos?
Alan e o amigo de Allison... Penélope e a namorada de
Allison... Minha cabeça rodava ainda sem entender o
carrossel de novidades. Sem acreditar no quanto minha
vida e a de Ali pareciam estar inevitavelmente
interligadas.
Imediatamente fui levada de volta aquele dia fatídico na
boate em que tínhamos nos visto pela primeira vez.
Quando a outra namoradinha dela tinha ficado com o
Fábio...
E uma frase se repetiu como um veredicto, uma profecia
quase: Coincidências. Coincidências não existem. Na
verdade tudo tem um motivo bem palpável. Apenas não
percebemos logo de cara.
Me despedi rapidamente de Penélope. Desliguei o
telefone e fiquei deitada, sem conseguir evitar que todos
os meus pensamentos se voltassem para Allison...
Capítulo 47:
***Allison***
****
*****
PRÓXIMA GUERRA
Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria,
que passou recentemente em um concurso público
federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um
Brasil que a gente não conhece.
As duas semanas em Manaus foram interessantes para
conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando a
Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das
coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde
engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é
roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é
de um roraimense para cada dez pessoas é bem
razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense,
piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto, falta uma
identidade com a terra. Aqui não existe muitos meios de
sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui
quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram
todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além
da prefeitura é claro. Se não for funcionário público, a
pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de
programas do Governo.
Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de
70% do Território roraimense é demarcado como reserva
indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se
os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se
cultivar a terra ou para a localização das próprias
cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga
Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho
de aproximadamente 200 km reserva indígena Waimiri
Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e
6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada
pelos índios (com autorização da FUNAI e dos
americanos) para que os mesmos não sejam
incomodados.
Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é
livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70%
de território indígena, diria que em 90% dele ninguém
entra sem uma grande burocracia e autorização da
FUNAI.
Detalhe: Americanos entram na hora que quiserem, se
você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos
americanos então você pode entrar. A maioria dos índios
fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a
maioria não sabe falar português. Dizem que é comum
na entrada de algumas reservas encontrarem- se
hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum
se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de
quem não quer nada, que veio caçar borboleta e
joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme,
se você quiser montar um empresa para exportar plantas
e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc.,
medicinais, ou componentes naturais para fabricação de
remédios, pode se preparar para pagar 'royalties' para
empresas japonesas e americanas que já patentearam a
maioria dos produtos típicos da Amazônia...
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais
relatos: E os americanos vão acabar tomando a
Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em
palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma
senhora simples que vendia suco e água na rodovia
próximo de Mucajaí:
'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é
deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar
nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa
guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no
Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos
onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'.
A dona é bem informada não? O pior é que segundo a
ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e
as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O
que pode levar os americanos a alegarem que estarão
libertando os povos indígenas.
Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo
uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da
fronteira com o Brasil numa parceria com o governo
colombiano com o pseudo-objetivo de combater o
narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de
distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas
fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e
Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é
fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou
japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). ..
Dizem que tem muito colombiano traficante virando
venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a
cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.
Pergunto inocentemente às pessoas: por que os
americanos querem tanto proteger os índios? A resposta
é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas
além das riquezas animais e vegetais, da abundância de
água, são extremamente ricas em ouro (encontram-se
pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante,
outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de
Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.
Parece que as pessoas contam essas coisas como que
num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu
pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade
do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal, saio daqui
com a quase certeza de que em breve o Brasil irá
diminuir de tamanho.
Um grande abraço a todos. Será que podemos fazer
alguma coisa?Acho que sim."
- Ótima essa idéia de colocar um pouco de conteúdo
dentro da revista, Ali!
- Foi um investimento barato, Sr Álvaro. O intuito é
atrair um público novo de leitores. Imagina que as
mulheres compram as revistas de moda para saberem
das tendências mundiais. – sentei-me na cadeira – Nosso
público alvo são as mulheres, e não vai deixar de ser,
mas seguindo o raciocínio de que algumas mulheres não
se preocupam apenas com a beleza estética e tem o
fator "marido" também, com esse novo contexto, iremos
atingir uma nova classe de leitores. Aqueles que buscam
agregar conhecimento com moda. Manteremos os
leitores atuais, e os próprios críticos dos jornais, os
mesmos que nos chamavam de fúteis, irão trazer até nós
um novo leque de leitores. Como esse daí que já sentou
o pau várias vezes na revista.
Nós rimos...
- Genial. – fechou o jornal - As matérias pararam de ser
usurpadas, não é?
- Estranho, Sr. Álvaro. – fitei-o pensativa - Desde que
eu assumi nunca mais tivemos as nossas idéias
roubadas. Não dá pra entender.
- É simples, Ali. Quem quer que fosse... Estava
sabotando a Pamela, não você!
Fiquei pensativa... Ele tinha razão. O usurpador, ou
usurpadora queria puxar o tapete da poderosa, não o
meu. Agora seria ainda mais difícil descobrir quem era o
traidor.
- Ela está melhor.
- O quê? – disse saindo do meu torpor.
- Minha filha tem exibido no olhar algo que ainda não sei
o que é. – disse otimista.
- Ela trabalhou hoje, sabia?
- Estamos evoluindo, Ali.
- Acho que sim... – pensei por uns instantes, depois
balancei a cabeça negativamente - Só não quero que ela
perca aquela pose aristocrática. É a graça dessa mulher!
Voltamos a sorrir juntos... Altas gargalhadas na sala de
reuniões.
- Não se preocupe com isso Allison. Ela é como a mãe.
Terá sempre a pose de uma rainha da Inglaterra!
****
Desta vez eu ri, e ela viu, tanto que ergueu uma das
sobrancelhas e me fitou furiosa. Em todo esse tempo de
convivência, percebi que Pamela detesta que riam dela.
Mas isso não quer dizer que eu deixaria de rir, não é?
- Não quer refrigerante, querida? – perguntou minha
mãe a ela.
- Não, obrigada – respondeu – Dá celulite.
- Mas você está em forma, menina! – sorriu meu pai –
Há muito tempo que eu não via umas pernas tão
bonitas!
- Menos pai!
Capítulo 48:
***Pamela***
Capítulo 49:
Capítulo 50:
***Pamela***
***Allison***
****
Capítulo 52:
***Pamela***
Capítulo 53:
***Pamela e Allison**
4 Anos Depois...
Allison passou a viagem inteira com os olhos colados no
laptop. Sem contar que não saía do maldito telefone. É,
a mulher tinha se tornado uma workaholic!
Anne era uma criança elétrica como eu. Sorri quando ela
saiu do meu colo. Quase derrubou meu notebook. Meryl
era mais comportada. Uma linda criança negra que
havíamos adotado. Para a nossa sorte, um casal hétero
desistiu da adoção. Seu jeitinho de falar era imponente,
a menina era geniosa e decidida. Ela só tinha três anos e
meio, mas era vaidosa ao extremo. Os cabelos
cacheados sempre devidamente arrumados, a roupinha
sempre limpa e escolhida por ela mesma. Os olhos
negros como a noite, exibiam um olhar que lembrava a
Pamela quando queria nos intimidar. Incrível como a
personalidade das duas era parecida. Enquanto Anne
estava pulando pelas poltronas, querendo a todo custo
nos fazer brincar com ela, Meryl olhava pela janela e
segurava nas mãos uma revista da Gente Chique que ela
adorava. Folheava as páginas como se entendesse cada
palavra escrita ali. Essa seguiria o caminho da mãe
Pamela, já Anne... Sorri ao pensar no futuro dela. Vai
querer seguir os meus passos com certeza.
Cheguei a ordenar:
- Quero você agora!
Mas ela apenas pediu um:
- Un moment, mon amour...
Fim