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Resumo de Diferentes, desiguais e desconectados.

Na introdução, Canclini já começa fazendo um delineamento, uma delimitação


do campo ao qual ele pretende investigar. Ele fala da antropologia, sociologia e da
comunicação.
Segundo ele, os antropólogos se preocupam com as diferenças, os sociólogos se
debruçam sobre as igualdades e as disparidades, enquanto que, para os comunicadores
as igualdades e as diferenças são estudadas através da inclusão e a exclusão.
Canclini expõe o conceito de cultura de acordo com cada disciplina. Para os
antropólogos ter cultura é pertencer a algo, para os sociólogos é cultura se você faz parte
da elite ou se adquire seus pensamentos e seus gostos. Para os comunicadores, se você
está conectado a algo.
O título do livro é pensado de acordo com essas três disciplinas. Seus conceitos
de cultura refletem nas três palavras do título. Antropologia = Diferenças; Sociologia =
Desigualdade; e Comunicação = Desconexão.
Canclini ainda aponta o mundo de acordo com a multiculturalidade e
interculturalidade. Na multiculturalidade acontece a imbricação, justaposição dos
elementos, enquanto que, na interculturalidade as coisas não deixam de quem são,
embora haja relações.
Canclini fala sobre a quebra das barreiras, a dissolução das fronteiras e sobre
como as culturas podem influenciar a outra, perdendo e ganhando ao mesmo tempo.
Canclini faz uma analogia entre a convivência multicultural e os projetos
interdisciplinares. Diz que vivemos em uma época pós e multi, então se torna inviável
enxerga-la sob a ótica de apenas uma teoria, seja ela o marxismo, estruturalismo ou
qualquer outra. Temos que perceber o que cada teoria pode contribuir e analisar suas
intersecções.
Em seguida, Canclini reflete sobre as diferenças de uma perspectiva
multicultural e uma perspectiva intercultural na sociedade. Para ele, a perspectiva
intercultural possui muito mais vantagens, já que, de acordo com ele, todos têm direito a
ser educados na sua própria língua e se relacionar com pessoas que se parecem. Canclini
defende a pessoalidade. A perspectiva multicultural não poderia oferece isso.
O autor termina a introdução criticando o pós-modernismo e sua exaltação ao
fragmentismo e ao nomadismo.

A cultura extraviada nas suas definições


Canclini fala sobre as definições de culturas e não são poucas. Em 1952,
Kroeber e Klukohn definiram quase 300 conceitos de cultura. O autor ainda critica
Lasky, que em 2001, conseguiu identificar apenas 57 usos distintos da palavra e ter
achado demais.
Canclini continua criticando Lasky por ter responsabilizado a culpa da dispersão
do conceito de cultura aos marxistas, por terem começado a falar em “cultura
capitalista” e aos antropólogos, por “cultura primitiva”.
De acordo com Canclini, as principais narrativas quando falamos de cultura são:
1) A mais óbvia, a senso comum: cultura como acúmulo de conhecimento e aptidão
intelectual e estética.
2) Cultura sob o domínio científico, a qual duas discussões se destacam: cultura –
natureza e cultura – sociedade.

Cultura – natureza: Desnaturalizar características humanas abre portas para se


compreender a cultura como construção social, assim desconstruindo pensamentos
hierarquizadores, excludentes e preconceituosos sobre cultura.
Cultura-sociedade: A divisão de cultura e sociedade nasce m meados do século XX
e toma força com Bordieu.
Analisar as estruturas sociais (sociedade) e as práticas (econômicas ou políticas)
permitem perceber resíduos, que são atos sociais que não possuem sentido se
analisados de forma pragmática. Esses atos são pintar a pele, dependurar coisas no
corpo ou em casa e etc. Isso é cultura.

Canclini, em seguida, aplica elementos da semiótica nos estudos sociais sobre


cultura, chamando isso de teoria sociossemiótica da cultura. Um forte exemplo disso é
quando ele fala sobre os estudos de Baudrillard, no qual ele supera a dualidade marxista
de valor de uso e valor de troca, e elabora mais dois valores: valor de signo e valor de
símbolo.
Para Baudrillard, todo objeto possui valor de uso e valor de troca. Canclini dá o
exemplo de uma geladeira. Toda geladeira possui sua utilidade, que é de resfriar e
armazenar alimentos, esse seria o valor de uso. O valor de troca é o valor que
determinada geladeira possui no mercado. Para Baudrillard, existem certas
características que podem influenciar diretamente no valor de troca, por exemplo, se ele
for nacional ou importada, ou tiver um design mais sofisticado ou mais simples, no
entanto, isso não influencia em nada no seu modo de resfriar e armazenar os alimentos
(valor de uso). Esse valor é o valor de signo. E ele segue adiante falando do valor de
símbolo, o valor psicológico ou sentimental que todo objeto pode ter e que o distingue
dos outros, fazendo com que ele não tenha mais nenhum valor de troca, por exemplo, se
essa geladeira for dada no casamento de alguém, ela terá um valor excepcional
(símbolo).
Em seguida, Canclini vai tentar desmontar de todas as formas os discursos
elitistas e segregadores sobre cultura, dizendo que ela faz parte de processos sociais.
Pode-se entender que para ele, cultura não é um objeto possuído ou acabado, mas algo
que está em constante formação através das relações sociais.
Canclini aponta ainda as artes como formas de eufemização dos conflitos
sociais, para que as relações não terminem em guerra e morte.

Diferentes, desiguais e desconectados.


Neste capítulo, Canclini fala sobre a sua experiência como participante do
Colóquio América Profunda, ao qual participou com líderes indígenas e outros
intelectuais. Nesse colóquio foi colocado em pauta a realidade dos índios nos países da
américa latina e sua luta pelo reconhecimento das suas diferenças e um mundo menos
desigual. Esse é o momento em que Canclini mais estabelece as oposições entre
diferenças e desigualdades, no entanto, resolve fugir pela tangente no que se trata dos
índios.
Canclini cita Guillermo Bonfil, autor do livro México Profundo que deu origem
ao nome do colóquio. Diz que, segundo Bonfil, se a antropologia se preocupasse mais
em utilizar a tecnologia disponível para o fortalecimento de culturas, se ela fosse usada
ao seu favor, teríamos uma visão menos preocupante e estereotipada do que significa
globalização.
Canclini etnia possui um centro que é inegociável, inassimilável, e que deve ser
preservado, por isso ele aponta a importância de políticas de diferenças. Percebe-se nos
discursos de Canclini uma crítica à pós-modernidade e suas fragmentações e um apelo
pela interculturalidade.
Em seguida, Canclini começa a falar de Bourdieu e da importância de seus
estudos no século XX. Bourdieu foi um pioneiro por, primeiro, tentar reformular a
teoria marxista e, segundo, fazer isso através de investigações empíricas em áreas que a
ortodoxia economicista excluiu ou subestimou: a arte, a educação e a cultura. Segundo
Bordieu, aquilo que um grupo social escolhe como arte ou consome como arte diz muito
de sua realidade.
Sua relação com o marxista é bastante controversa e polêmica. Canclini aponta
quatro pontos:
Os vínculos entre produção, circulação e consumo. Bourdieu não subordinava o
consumo em relação a produção. Ele não priorizava a produção em detrimento ao
consumo. Para ele, a maneira como os grupos sociais dão aspecto simbólico ao
consumo diz muito sobre eles.
A teoria do valor-trabalho.
A imbricação entre econômico e simbólico.
A determinação em última instância e o conceito de classe social. Para
Bourdieu, as classes sociais não são definidas de acordo com suas propriedades e nem
pela soma de propriedades, mas pelas relações entre essas propriedades.
Bourdieu foi se aprofundando com o tempo nas práticas diferenciais dos grupos
sociais e elaborou três definições para os níveis culturais. São eles: gosto legítimo, gosto
médio e o gosto popular.
A Estética dominante. Ele fala sobre a arte incestuosa, a arte pela arte, que é feita
para artistas. O público, em sua maioria, não possui as ferramentas necessárias para a
decifração dos diversos modos de fazer, ver e sentir a arte, portanto essa arte pela arte,
desvinculada de sua existência material, é dedicada àqueles que sabem como vê-la,
fazê-la e senti-la, os artistas. Revelando assim, uma forma elitista e segregadora do fazer
artístico. Para Bourdieu, não adianta que os museus sejam gratuitos ou outras medidas
desse tipo, se as pessoas não receberam educação sensível e intelectual, sem se excluir a
econômica, para saberem decifrar isso.
A Estética popular. A estética popular se diferencia do sistema de elite por não
possuir autonomia alguma, já que está subordinada a demandas externas, como a
necessidade de gerar lucro, novas negociações e alcançar o maior número de pessoas
possível. A estética popular está mais vinculada ao valor útil do que ao valor simbólico.
Público Obras Ideologias
Gosto Legítimo Burguesia Obras de arte Aristocratismo
esteticista

Gosto Médio Classe media Bens e mensagens Asceticismo e


de consumo de pretensão
massas
Gosto Popular Classe popular Bens e mensagens Pragmatismo
de consumo de funcional
massas

São nos estudos pós-Bourdieu que a classe popular começa a ganhar voz e
representatividade. Não é porque a classe popular não tem a estética, o gosto ou o estilo
de vida parecido com o estilo de vida burguês (legítimo), que signifique que ela não
tenha estilo, significa apenas que seu modo de vida é diferente. Para Grignon e
Passeron, a classe popular não deve ser considerada como uma classe autônoma –
devido aos efeitos da dominação -, no entanto, ela também não deve ser vista como uma
classe totalmente subordinada. A cultura popular começa a ganhar o seu próprio sentido.
Grignon e Passeron começam a descobrir as ambiguidades e as complexidades
de uma perspectiva cultural. Não se devem criar discursos generalizadores e categóricos
acerca das classes sociais e culturas de uma sociedade.
Bourdieu começa a ficar ultrapassado com o tempo já que a cultura popular
começa a ganhar representatividade e força, e seus estudos não a abraçavam. Os estudos
de Bourdieu precisam abranger os produtos culturais das classes populares, as
representações de suas condições de vida...
Isso vai se refletir no nascimento dos estudos culturais, na Grã-Bretanha, com a
fundação do Centro de Estudos Culturais Contemporâneos, por Richard Hoggart.
Canclini muda o foco das diferenças e desigualdades para as conexões e
desconexões. O mundo globalizado e tecnológico agora é um mundo de
desterritorialização e de movimentos. A pós-modernidade vai destacar as flexibilidades
e as dinâmicas das relações e dos pertencimentos. Portanto, aqueles que não possuem a
capacidade ou oportunidade de mover-se, de se tornar flexível se tornará desconectado.
Para ele, a pós-modernidade trabalha em prol das relações de dominação, onde os
pequenos (desconectados) servem de alimento para o enriquecimento dos grandes. Não
se trata mais de ter posses ou de possuir bens, mas de poder conectar-se e movimentar-
se com maior facilidade e rapidez.
Durante o livro inteiro Canclini fala sobre diferenças, desigualdades e
desconexões e sobre suas respectivas disciplinas: antropologia, sociologia e
comunicação. Acabamos acreditando que o mais certo para o bem das relações
mundiais, nacionais ou até mesmo locais é escolher um projeto, seja lutar pelo
reconhecimento e respeito das diferenças, ou lutar pelo direito a igualdade (seja ela
sexual, de gênero ou étnica) ou até mesmo pelo direito de acesso a informação e de
inclusão. Mas, no final do capítulo, Canclini aponta que a medida estratégica é uma
coexistência entre os projetos, uma simultaneidade. Eles não se excluem.
Sobre como Clifford Geertz e Pierre Bourdieu chegaram ao exílio.
Canclini fala sobre o que significa antropologia para Geertz e a importância da
interculturalidade no trabalho do antropólogo. A interculturalidade está entre o local
onde fica o objeto de estudo do antropólogo e o local onde se localizam aqueles que ele
visa atingir: as pessoas do mundo acadêmico.
Para os estudos de Geertz é predominante a política das diferenças, isso se
reflete no papel do antropólogo, que só ganhar legitimidade quando é capaz de estudar o
“outro” a partir de um olhar não etnocêntrico. Para Renato Rosaldo, exibir a identidade
deveria se como participar de um bazar, e não de um shopping, reconhecendo que a
identidade, assim como os objetos de um bazar, já é algo utilizado em andamento. A
identidade possui sua própria história e, portanto, certo valor simbólico que deve ser
considerado no trabalho do antropólogo.
Logo em seguida, Canclini vai se dedicar aos estudos de Bourdieu sobre a
televisão. Durante seus estudos, Bourdieu se dedicou a criticar o papel da televisão
como propagadora de informações, mais ainda como o campo jornalístico é subordinado
a certa espetacularização e sensacionalização da informação. Para Bourdieu, o cientista
social deveria se utilizar da televisão, mas como fazer isso sem perder a autonomia de
seu ofício? Para tanto, ele vai de contra com alguns elementos utilizados nos meios de
comunicação de massa, por exemplo, ir de contra o senso comum e a espetacularização.
A interculturalidade nos estudos de Canclini e também de Geertz e Bourdieu
exerce um papel fundamental, de quase libertação. Para ele, a interculturalidade revelar,
questiona, vai de contra com etnocentrismos e disciplinarizações. Estudar cultura requer
ser especialista em intersecções.

A Globalização da antropologia depois do pós-modernismo.


Durante esse capítulo, Canclini vai discutir a importância do trabalho do
antropólogo e a legitimidade de sua produção etnográfica.
Ele fala sobre o antropólogo como especialista em interculturalidade e começa
citando Malinowski, considerado por James Clifford o fundador da “autoridade
etnográfica”, no entanto em um determinado momento seus trabalhos etnográficos
foram colocados em dúvida quanto a sua legitimidade, após a publicação de Diários.
O momento específico que causa mudanças na antropologia é em meados do
século XX, quando as sociedades coloniais, objetos de estudo desses antropólogos,
começam a se desenvolver e a distância entre elas e a metrópole diminui
consideravelmente. Os antropólogos já não mais serviam de tradutores desses povos,
mas tinham o papel de acabar com as distorções sobre os povos distantes. Foi aí que
alguns trabalhos foram descobertos duvidosos (Canclini cita alguns) e começaram a ser
questionados em relação a sua cientificidade, a partir daí alguns assuntos entraram em
discussão: a crítica ética (o antropólogo diz a verdade?) e sobre como o pensamento
colonialista do antropólogo pode influenciar na sua visão sobre esses povos.
Para se construir uma legitimidade e autoridade no trabalho do antropólogo,
nasceu nos livros de antropologia um gênero literário-científico, o “realismo
etnográfico”, que possui características como, não se pode falar em primeira pessoa ou
para mostrar autoridade na experiência de campo deve-se mostrar o maior número
possível de registros nas experiências. Foi o momento em que a antropologia abriu-se
para a linguística, história, filosofia e entre outros.
Canclini cita os trabalhos desenvolvidos por Michael Taussig e Nigel Barley,
que romperam criticamente com esse realismo etnográfico. Taussig buscava causar
sensações corporais no seu leitor, embora, de acordo com Canclini, só conseguisse um
desconforto. Já Barley, além de descrever minuciosamente a cultura e vivência dos
povos com que tinha contato, ele coletava dados, rompia com senso comum, e até suas
incertezas não eram descartadas. Parece-me que esses intelectuais lutavam por uma anti-
epistemologia tradicional.
Canclini utiliza Geertz para falar sobre a importância da ciência dentro do
trabalho do antropólogo. Segundo Geertz, o antropólogo tem a liberdade de realizar sua
pesquisa etnográfica nos lugares mais longes possíveis, mas é só através da
Universidade que a antropologia será lida e publicada.
Segundo Canclini, a autoridade antropológica não está na distância entre o
objeto de estudo e o lugar onde que ser comunicar, nem na experiência textual do saber,
mas na seleção do que deve e não deve ser estudado. Canclini ainda aponta a
importância de se conhecer, conhecer sua própria organização para poder conhecer
outras organizações.
Dentro e fora da academia admitiu-se a importância de deixar o povo falar nas
pesquisas, no entanto, Canclini ressalta a importância do trabalho teórico. A pesquisa de
campo não pode anular a experiência teórica e nem vice-versa. Ele toma sempre o
cuidado de apontar sobre como a experiência de campo e teórica estão imbrincadas e se
complementam.
Ultimamente, a antropologia vem se redefinindo teórica e praticamente. Antes o
que caracterizava o trabalho do antropólogo era a sua experiência com povos não
ocidentais, em seguida, era uma experiência prolongada com povos de cultura distinta
da sua, mesmo que fosse dentro de um mesmo país.
Canclini termina o capítulo falando sobre a importância da interculturalidade
dentro do trabalho do antropólogo e que é isso que o define como tal. A antropologia
está entre o global e o local, suscitando novos diálogos, compartilhamentos e
intercâmbios democráticos dentro de uma sociedade complexa.

Norte e sul nos Estudos Culturais.


Nesse capítulo, Canclini faz um panorama geral do que representam os Cultural
Studies no mundo.
Dentro dos Estudos Culturais existe uma vertente marxista, da qual Raymond
Williams é o expoente. Canclini diz que alguns críticos consideraram esses estudos
culturais como possíveis substitutos do marxismo, no sentido de que eles também
desfizeram as barreiras entre os grupos sociais e foram importantes nas investigações
sobre cultura e sociedade.
Logo a frente, Canclini faz uma crítica a característica dos estudos culturais de
derrubarem as barreiras. Ele usa a metáfora de edifícios, dentro desses edifícios existem
departamentos que são separados por paredes e cada departamento representa uma
disciplina e possui uma porta de acesso, os estudos culturais foram responsáveis pela
dissolução dessas portas e dessas barreiras entre os departamentos (disciplinas) para
provocar mais contatos e diálogo, mas, de acordo com Canclini isso só fez abrir portas
giratórias, onde tudo gira, mas nada muda, apenas se dão voltas. De acordo com ele,
entra-se derridiano e sai homibhabiano. É a alusão ao pós-modernismo, a instabilidade
das identidades nas relações.
Canclini fala também sobre como o mercado editorial influencia na imagem
doméstica que a América Latina possui no mundo, publicando apenas livros de ficção
narrativa, os livros sobre sociologia, cultura e antropologia não são publicados, e
quando são, ficam apenas no país de origem e são limitados.
Canclini enxerga uma relação de luta entre os estudos culturais e a globalização.
Ele afirma que a ação afirmativa é necessária, mas que precisa sempre se renovar se
quiser acabar com a desigualdade social. Para que isso aconteça, é necessário cada vez
mais informação e poder nos estudos culturais para que eles adquiram uma força
comparável – não equivalente – para se opor à transnacionalização econômica-
simbólica.

Modelos Latino-Americanos de Integração e Desintegração.


Canclini estuda a possibilidade de definição da identidade latino-americana e
para tanto utiliza diversas estratégias para ver se é possível chegar a apenas uma
definição verdadeira.
Uma delas é o cadáver indelicado. Canclini explica que esse é nome de um jogo
onde várias pessoas escrevem uma palavra em um papel sem saber o que a pessoa
anterior escreveu e a tarefa é descobrir qual a primeira frase que se forma. De acordo
com ele, é o que acontece com a América Latina, um amontoado, não de palavras, mas
de identidades, provocando uma situação descontínua, cheia de fissuras e é impossível
interpretar sob um regime ou imagem.
Outra estratégia é o trabalho interdisciplinar. Essa estratégia não se dedica a
responder perguntas sobre a identidade latino-americana, mas as suas alianças, os seus
cruzamentos.
De acordo com Canclini, não existe uma identidade latino-americana, mas
múltiplas e diversas identidades. Sob o olhar da multiculturalidade não se pode falar em
cultura latino-americana, mas em espaço sociocultural latino-americano, onde diversas
identidades estão justapostas, tanto no âmbito territorial quanto no não territorial
(virtual).
Recentemente, uma incerteza foi gerada a partir da complexidade do mundo, da
intensificação das interações entre as partes e da exacerbação das proximidades, ao qual
o nosso sistema de pensamento não consegue acompanhar, devido a velocidade com
que nos movemos. Isso é o pós-modernismo, de acordo com Canclini, ele pode gerar
certa conformidade e até mesmo a celebração às fragmentações e às pluralidades.
Canclini aponta isso como um “mal-estar”.
Para ele, essa inconstâncias das relações mundiais podem gerar conflitos quando
relacionadas com as estruturas transnacionais, dedicadas a construir um discurso
centrado.

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