E-BOOK

CARTA
CONTROLE

DRA. MILENE LUZ

COPRODUÇÃO MARIA HELENA SAVINO
 SOBRE A AUTORA

Sou graduada em Química, mestre em

Engenharia de Materiais e Doutora em
Engenharia Química pela Universidade
Federal de Minas Gerais ainda possuo MBA
em Gestão de Projetos. Com mais de 20
anos de experiência em laboratórios adquiri
grande conhecimento de diversas técnicas
analíticas utilizadas para análise de controle
de qualidade e caracterização de matrizes
diversas nos ramos de nanotecnologia,
materiais (metais e cimento), mineração,
siderurgia e energia (combustíveis e
biocombustíveis). Experiência em auditorias
e implementação da norma ISO 17025.
 1.INTRODUÇÃO
A Carta Controle é uma das sete
ferramentas da qualidade mais
utilizadas em laboratórios por
captar melhor as informações de
um processo. Ela demonstra se o
processo está operando sob
controle estatístico, ou seja, um
processo que ao longo do tempo
segue sempre uma distribuição
normal para uma mesma média
aritmética e um mesmo desvio
padrão. A carta controle é
representada por um gráfico que
inclui estatisticamente os limites
de controle (LC) e limites de alerta
(LA) superior e inferior.
A Carta Controle demonstra
quaisquer alterações indesejadas
em um processo que são sinalizadas
por pontos anormais em um gráfico
agilizando a rotina e permitindo a
análise crítica dos resultados no ato
da leitura do material de referência
que garantem a confiabilidade e a
rastreabilidade dos resultados.

As variáveis que podem ser

controladas através de uma Carta
Controle são, dentre outras: massa,
volume, temperatura, espessura,
concentração de elementos em
misturas, etc.
A seguir apresentamos um modelo
de Carta Controle para controle de
temperatura de um freezer (Figura
1).

Figura 1: Carta Controle de

temperatura (°C) do freezer F1.
Geralmente se utilizam os resultados
gerados entre 10 e 20 medições
coletadas em um intervalo de
tempo restrito (ex: um dia inteiro),
com o processo livre de problemas
ou causas especiais para calcular a
média aritmética e desvio padrão. O
desvio padrão é utilizado para
determinar os LC e LA.

A seguir apresentamos as fórmulas

utilizadas para o cálculo da média
aritmética
(a) e o desvio padrão (b) (Figura 2):

Figura 2: Fórmulas utilizadas para o cálculo

da média aritmética (a) e o desvio padrão (b)
de dados amostrais.
 2.COMO ELABORAR
CARTA CONTROLE
a) construir uma tabela com os
dados coletados
(Figura 3);
b) calcular a média aritmética dos
valores
utilizando a fórmula
(=media(selecionar as células
contendo os dados
coletados));
c) calcular o desvio padrão (S)
utilizando a
fórmula (=desvpad.A(selecionar
as células contendo os dados
coletados));
d) calcular o LA multiplicando por
dois o desvio padrão (=S*2);
e) calcular o LC multiplicando por
três o desvio padrão (=S*3);
f) criar colunas para os dados Ss, Si,
LAs, LAi, LCs e LCi onde:
a. Ss = média aritmética + S
b. Si = média aritmética - S
c. LAs = média aritmética + LA
d. LAi = média aritmética - LA
e. LCs = média aritmética + LC
f. LCi = média aritmética - LC
g) criar a Carta Controle pela
inserção de um gráfico de dispersão
(Figura 1).
Figura 3. Tabela com a coleta e
tratamento dos dados em excel.
A Carta Controle possui 4 linhas que
vão auxiliar na análise crítica dos
resultados. Nesse exemplo estamos
utilizando a média aritmética para 10
medições de temperatura de um
freezer hipotético denominado F1
(Figura 1).

a) linha vermelha à representa a

média aritmética dos dados coletados;

b) linha preta à representa a média

aritmética +- 1 vez o desvio padrão (S);

c) linha verde à representa a média

aritmética +- 2 vezes o desvio padrão
(LA);

d) linha azul à representa a média

aritmética +- 3 vezes o desvio padrão
(LC).
Se o processo estiver sob controle, ou
seja, todos os valores distribuídos
dentro do LC, conforme a Carta
Controle mostra na figura 1, os
parâmetros estimados representam a
condição atual de estabilidade do
processo.

Após determinar os valores de LA e

LC, devemos fixá-los em colocá-los
em uso para verificarmos se o
processo permaneceu estável.

Após certo tempo é interessante

estimar novamente os parâmetros do
processo e determinar novos limites
de controle.

Sempre que fizermos modificações

ou melhorias no processo, devemos
estimar novamente os parâmetros.
3. ANÁLISE CRÍTICA DE
CARTA CONTROLE
Após a construção da Carta Controle
é importante monitorar o processo e
realizar a sua análise crítica a cada
resultado obtido. A seguir vamos
mostrar a melhor maneira de se
analisar a Carta Controle.

A
SOBRE LIMITE DE CONTROLE (LC)

Se um resultado de uma medida

extrapolar o LC superior ou
inferior é necessário repetir a
análise (Figura 4 a).
FIGURA 4 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LC.

A
 B
SOBRE LIMITE DE CONTROLE
Se a repetição das análises der
dentro do LC, continuar as análises
normalmente (Figura 4 b).
FIGURA 4 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LC.

A
 C
SOBRE LIMITE DE CONTROLE
Se a repetição ainda der fora do LC,
pare as análises e procure corrigir o
problema através de alguma
ferramenta de identificação de não
conformidade (Figura 4 c).
FIGURA 4 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LC.

A
 A
SOBRE LIMITE DE ALERTA
Se dois de três pontos sucessivos
excederem o LA, repita a análise
(Figura 5 a).
FIGURA 5 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LA.

A
 B
SOBRE LIMITE DE ALERTA
Caso a repetição der dentro do LA,
prossiga as medições (Figura 5 b).
FIGURA 5 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LA.

A
 C
SOBRE LIMITE DE ALERTA

Se ainda der fora do LA, pare as

medidas e faça a análise crítica
sobre as possíveis fontes de erro
para então corrigi-las (Figura 5 c).

B
FIGURA 5 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE LA.

A
 A
SOBRE O DESVIO PADRÃO

Se 4 em 5 sucessivos pontos
excederem 1 desvio padrão,
analise outra amostra (Figura 6 a)
FIGURA 6 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE DESVIO
PADRÃO

A
 B
SOBRE O DESVIO PADRÃO
Se o próximo ponto for inferior a
um desvio padrão ou alterar a sua
ordem, continue a análise (Figura
6 b).
FIGURA 6 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE DESVIO
PADRÃO

A
 C
SOBRE O DESVIO PADRÃO

Caso contrário, suspenda as

analises e corrija o problema
(Figura 6 c).
FIGURA 6 - ANÁLISE CRÍTICA DA
CARTA CONTROLE SOBRE DESVIO
PADRÃO

A
FIGURA 7 - ANÁLISE CRÍTICA DA
TENDÊNCIA

Se 7 pontos sucessivos estão do

mesmo lado da linha central, que é a
média aritmética, tanto superior
quanto inferior, pare as análises e
corrija o problema.

Figura 7. Análise da tendência da

Carta Controle.
 4. PRINCIPAIS PONTOS A
SEREM ABORDADOS NA
CORREÇÃO DE POSSÍVEIS
PROBLEMAS DAS CARTAS DE
CONTROLE

ERRO DO ANALISTA

PREPARO DAS SOLUÇÕES DO

MRC (DILUIÇÕES E
HOMOGENEIDADE)

CALIBRAÇÃO DOS
EQUIPAMENTOS

QUALIDADE DO MATERIAL A SER

ANALISADO
 5. VANTAGENS E
DESVANTAGENS DO USO
DA CARTA CONTROLE
Facilidade de aplicação e
entendimento pelos
técnicos do laboratório;

A Carta Controle consegue mensurar

através das análises críticas
efetuadas as melhorias contínuas ao
longo do processo analítico como
por exemplo:
A
Maior qualificação do
pessoal através de
treinamentos e experiência
adquirida;
 B

A utilização de
equipamentos
calibrados;

Aquisição de materiais
de referência mais
qualificados.
Quanto mais próximos da média
aritmética estiverem os valores
de LC e LA, ou seja, quanto mais
restritos forem os seus valores,
mais específico e qualificado
está o seu processo analítico.

O contrário também serve de

alerta uma vez que vai indicar
alguma alteração no processo
de análise.
A Carta Controle também
possui desvantagens para
laboratórios com rotina
pequena de execução de
algum ensaio, uma vez que
não vai gerar resultados
suficientes para alimentar a
Carta Controle.

Outra desvantagem seria a

inserção da Carta Controle na
rotina do laboratório caso não
haja organização para o seu
uso.
 REFERÊNCIAS

COSTA, A F. B.; EPPRECHT, E. K.;

CARPINETTI, L. C. R.
Controle estatístico de qualidade.
São Paulo: Editora Atlas, 2004.

COSTA NETO, P. L. de O. Estatística.

18ª Reimpressão. São
Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda,
2000.

MONTGOMERY, D. C. Introdução ao
Controle Estatístico da
Qualidade. Rio de Janeiro: Gen, LTC,
2009, 4° Edição.
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