Você está na página 1de 34

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

UC: Intervenção Comunitária e Animação Sociocultural


2º ano/2º semestre
Ano letivo 2022/2023

Educação Alimentar:
Hábitos de consumo alimentar nos Jovens Universitários

Gabriela Cipriano, a75317

Gambelas, maio de 2023


2

Índice

Agradecimentos....................................................................................................................................3
Introdução.............................................................................................................................................4
Fundamentação Teórica......................................................................................................................6
Planificação da atividade...................................................................................................................14
Animação............................................................................................................................................16
Apresentação Power Point................................................................................................................16
Atividade 1.......................................................................................................................................16
Atividade 2.......................................................................................................................................17
Avaliação da dinamização.................................................................................................................18
Análise dos dados da avaliação da dinamização..............................................................................19
Reflexão final......................................................................................................................................20
Referências Bibliográficas.................................................................................................................22
Apêndices............................................................................................................................................23
1- Questionário por preencher para avaliação das atividades........................................................23
2- Questionários preenchidos para avaliação das atividades.......................................................24
3- Atividade 1: Perguntas do Quizz criado na Plataforma Khaoot................................................30
4- Atividade 2: Recursos materiais utilizados...............................................................................32
3

Agradecimentos

Devemos especial agradecimento à professora Maria Helena Santos Gregório, cujo

acompanhamento na realização do presente trabalho foi uma ferramenta imprescindível para o

sucesso do mesmo. A motivação, e os conhecimentos transmitidos pela docente, quer seja

através de esclarecimentos individuais, quer seja através de dinâmicas desenvolvidas em aula,

permitiram-nos uma melhor perceção dos objetivos gerais e específicos do trabalho. É ainda

de salientar, a compreensão e o sentido humanístico presente na docente, ambos aspetos que

permitem aos estudantes uma adaptação às dificuldades sentidas ao longo do percurso

académico.
4

Introdução

Este trabalho foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de Intervenção Comunitária e

Animação Sociocultural, e aborda a temática da Educação Alimentar. Iremos abordar os

subtemas pertencentes a esta temática, tal como o ingresso no ensino superior e a adaptação

subsequente, hábitos alimentares, problemáticas dos maus hábitos alimentares, estratégias e

intervenções para promover hábitos alimentares saudáveis e desperdício alimentar. A nossa

pesquisa será direcionada para os estudantes universitários, uma vez que é um contexto com o

qual nos identificamos e os problemas nesta temática abordados fazem parte do nosso

quotidiano.

A Animação Sociocultural em função do meio académico, tem o propósito de promover o

bem-estar da população, o que advém da realização de ações que visam o envolvimento de

pessoas em torno de projetos sociais, culturais e educativos. Para Quintas e Sánchez (1999;

p5),” tudo é possível se as pessoas se reúnem para criar projetos comuns e participativos na

procura de maior qualidade de vida e de um renovado bem-estar social.”

A criação de metodologias participativas que mobilizem as pessoas a partir da criação de

dinâmicas diferenciadas, é também algo importante, e é nessas dinâmicas que as vivências

pessoais dos formandos podem ser valorizadas, fazendo assim com que haja um maior

envolvimento de todas as partes.

Como Marcelino S. Lopes referiu na sua obra:

“Também não há bem-estar possível sem a existência de práticas sociais e culturais e de

pessoas animadas em reforçar a coesão de uma comunidade. Ninguém vive sozinho. Por

isso, viver é conviver ou viver com. A Animação Sociocultural cumpre um eficaz papel já

que ela é em si pedagogia da vivência e da convivência.”

Marcelino S. Lopes, 2019, p.4


5

As relações entre a Animação Sociocultural e a Educação Social assumem uma importância

significativa para promover ações que visem a intervenção socioeducativa destinada a

diversos grupos, das mais variadas origens, mas que a um dado momento, necessitem de uma

intervenção.

O nosso trabalho tem como um dos principais objetivos fazer com que os estudantes do

ensino superior possam atuar junto da sua esfera social, desenvolvendo projetos de

intervenção comunitária que promovam o bem-estar social e cultural através de um contexto

educativo. Sendo assim, podemos perceber que este trabalho se enquadra no âmbito da

unidade curricular, pois trata-se de uma intervenção social, direcionada a problemática da

educação alimentar, com o intuito de promover um melhor estilo de vida aos estudantes

universitários.

Os principais objetivos que pretendemos alcançar com a elaboração deste trabalho, são: a

transmissão de conhecimentos acerca de Desperdício Alimentar, Hábitos Alimentares,

Problemáticas dos maus hábitos alimentares e Estratégias e Intervenções para promover

hábitos alimentares saudáveis, a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo da

apresentação realizada, a recolha de alguns dados sobre os hábitos de consumo do grupo, e

conscientizar e educar acerca do desperdício alimentar.

O nosso trabalho estrutura-se em 10 partes, sendo elas:

 Agradecimentos, secção na qual valorizamos o apoio da docente;

 Introdução, onde apresentamos os subtemas a ser tratados ao longo do trabalho e

abordamos a importância da Animação Sociocultura tal como a sua utilidade prática;

 Fundamentação teórica, suporta todo o corpo do trabalho, e é nesta secção que

apresentamos o processo de adaptação no ingresso ao ensino superior, hábitos


6

alimentares, problemáticas dos maus hábitos alimentares, estratégias e intervenções

para promover hábitos alimentares saudáveis e desperdício alimentar;

 Planificação das atividades, consiste basicamente numa estruturação por tópicos das

atividades a ser desenvolvidas durante a apresentação, tendo como utilidade guiar os

formadores;

 Animação, secção na qual são descritas as atividades a realizar, nomeadamente a

apresentação dos conteúdos através de um Power Point, a atividade 1- “Apura os teus

conhecimentos” e a atividade 2- “Vamos evitar o desperdício”;

 Avaliação da dinamização, onde são apresentadas as metodologias adotadas para

proceder à autoavaliação e à heteroavaliação;

 Análise dos dados da avaliação da dinamização, é feita a análise das avaliações

efetuadas pelos formandos através do preenchimento do questionário de avaliação das

atividades;

 Reflexão final, onde fazemos um balanço de todo o processo de planificação e

implementação das atividades;

 Referências bibliográficas, menção das fontes utilizadas para a realização do presente

trabalho;

 Apêndices, onde constam os recursos utilizados, tais como os questionários de

avaliação das atividades (por preencher e preenchidos) e os materiais utilizados para a

dinamização da atividade 2 (Alimentos de plástico).

Fundamentação Teórica

O estilo de vida, contém um conjunto de hábitos e comportamentos em resposta às situações

do dia-a-dia, compreendidos e analisados, ao longo do ciclo de vida, com impacto na sua

qualidade, bem-estar e mortalidade, sendo considerado o principal responsável pelo

desenvolvimento de doenças crónicas não transmissíveis. Revela-se, através dos padrões


7

comportamentais adotados, que podem surgir repercussões na saúde, nomeadamente na dos

estudantes que frequentam o ensino superior, que é uma fase de consolidação de atitudes e

comportamentos.

Sendo assim, nos diferentes campos da educação e no que toca à alimentação, é importante

aplicar desde cedo métodos que permitam à criança adotar as ferramentas necessárias, para

que uma vez adulto possa conseguir de forma mais correta exercer a sua autonomia, seja ela

em que área for. Com a educação alimentar a ser instruída desde tenra idade, pretende-se que

o jovem adulto saiba regular a quantidade e qualidade da sua alimentação, para que assim

possa exercer uma alimentação saudável que se encaixe no ritmo de vida que o mesmo leva.

O Ensino Superior, caracteriza-se por uma transição múltipla que potencia stress,

instabilidade e um ajustamento exigente, com impacto a nível pessoal e académico, podendo

gerar novos comportamentos de risco. Consequentemente, reconhece-se a importância de

promover o aumento da literacia na saúde dos estudantes, capacitando-os para a adoção de um

estilo de vida saudável.

Os hábitos alimentares desempenham um papel crucial na saúde e no bem-estar dos

indivíduos, influenciando o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Como afirma

Perroni (2013 apud OLIVEIRA, 2017, p. 13) “Tudo aquilo que ingerimos exerce um grande

impacto sobre a função cerebral, podendo interferir no humor, no pensamento, no

comportamento, na memória, no aprendizado e no envelhecimento celular. Através de uma

alimentação colorida e variada, podemos fornecer os nutrientes necessários para manter o

cérebro ativo e saudável.”

Quando se trata dos estudantes universitários, esta fase de transição da adolescência para a

vida adulta traz consigo mudanças significativas no estilo de vida, na independência e nas

responsabilidades, afetando, de forma consequente, os hábitos alimentares desses jovens.


8

Os hábitos alimentares desempenham um papel crucial na saúde e no bem-estar dos

indivíduos, influenciando o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Quando se trata

dos estudantes universitários, esta fase de transição da adolescência para a vida adulta traz

consigo mudanças significativas no estilo de vida, na independência e nas responsabilidades,

afetando, de forma consequente, os hábitos alimentares desses jovens.

A entrada no ensino superior, “é encarada por muitos estudantes como uma oportunidade de

evolução do seu desenvolvimento intelectual, pessoal e social.” (Silva et alli , 2015)

Além disso, é possível a obtenção de uma aprendizagem formal qualificada numa

determinada área de conhecimento, que os confronta com novos papéis, novos métodos

pedagógicos, novos sistemas de avaliação e novos conteúdos programáticos. Esta transição

carateriza-se por novas expetativas, mudanças e desafios nos quais os estudantes devem

procurar responder adequadamente de modo a experienciar uma adaptação positiva.

Surgem também novas rotinas e práticas, devido à sua integração num novo ambiente social,

na aquisição de novos conhecimentos/experiências, na adaptação devido à tensão

experienciada e/ou aumento da liberdade.

Mas estas mudanças poderão também ser potenciadoras de crises e obstáculos, gerando

stress e ansiedade (Santos, 2011) sendo que a sua capacidade para alterar, ou não, rotinas e

adquirir novos hábitos de estudo e, consequentemente, novos comportamentos de saúde,

mais ou menos saudáveis, que definirão a sua futura saúde.

(Santos, 2011; Silva et alii 2015)

As instituições do ensino superior são um contexto onde os estudantes contactam com novas

realidades culturais e sociais, suscetíveis de moldar os seus círculos sociais, quadros de

referência e hábitos do quotidiano e é nesse momento que surge a autonomização juvenil. Por
9

consequente, isso possibilita ao jovem uma margem mais ampla de ação e decisão sobre si

próprio, uma maior capacidade de gestão do tempo, e novas práticas quotidianas.

“Tais condições de autonomização aumentam quando esta transição exige ao estudante a

deslocação permanente face à sua residência habitual, emancipando-o relativamente ao

controlo mais próximo da sua família de origem “(Silva, 2015).

Face ao apresentado, a vida do jovem que está no ensino superior, é mais suscetível de

sofrer alterações no que diz respeito a comportamentos e hábitos saudáveis. Existindo a

possibilidade de escolherem comportamentos mais ou menos saudáveis, estes tornam-se

rotinas fixas, que se podem alargar para outras etapas da vida, definindo a saúde futura de

cada um.

(Schmidt, 2012; Varela-Mato et al., 2012)

“Por esse motivo, o jovem deve ser alvo de atenção, uma vez que é nesta etapa da vida que se

adquirem hábitos comportamentais fortes e, que provavelmente se mantêm durante a vida”

(Santos, 2011)

Posto isto, a conduta que é adquirida nesta fase pode afetar e consolidar os fatores abrangidos

como estilo vida, especialmente dietas alimentares desequilibradas/hipercalóricas, o exercício

físico (hábitos sedentários) os hábitos de consumo de álcool, tabaco e outras drogas, o

comportamento sexual de risco, reduzido número de horas de sono e o bem-estar psicológico.

O estilo de vida acelerado dos estudantes universitários é marcado por uma rotina intensa de

aulas, estudos, trabalhos académicos e atividades extracurriculares. Esse ritmo frenético

muitas vezes resulta em refeições rápidas e mais convenientes, que muitas vezes são

extremamente pobres em valor nutricional. A falta de tempo disponível leva os estudantes a

recorrerem a alimentos processados, lanches rápidos e refeições pré-feitas, que são facilmente
10

encontrados em máquinas de venda automática e restaurantes de fast food presentes nas

imediações dos campus universitários ou ao seu redor.

Para além disso, outro fator que influencia fortemente a alimentação dos estudantes

universitários é as restrições financeiras que muitos possam possuir. Muitos estudantes

universitários enfrentam dificuldades financeiras, dependendo de bolsas de estudo,

empréstimos estudantis ou até estarem sujeitos a terem trabalhos em part-time/Full-time para

sustentar os custos que estudar na universidade implica. Esta realidade financeira, resulta em

escolhas alimentares baseadas na disponibilidade de alimentos mais baratos, porém menos

saudáveis, alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, açúcares e aditivos químicos,

acabam por ser a opção mais acessível e fiável para os estudantes, em detrimento de alimentos

frescos, frutas, legumes e proteínas magras, que de facto têm um custo mais elevado.

“Devido aos recursos financeiros limitados, menor poder de compra, custos crescentes de

propinas, residência e alimentação, os estudantes universitários podem estar vulneráveis a

situações de insegurança alimentar, principalmente os de primeiro ano.” (El Zein A, Shelnutt

KP, Colby S, Vilaro MJ, Zhou WJ, Greene G, et al., (2019), p.12.)

A transição para a vida universitária pode também trazer consigo uma falta de conhecimento

nutricional e habilidades culinárias básicas. Muitos estudantes chegam à universidade com

uma limitada compreensão sobre a importância de uma alimentação equilibrada e não

possuem o conhecimento necessário para fazer escolhas alimentares adequadas. A falta de

preparo culinário, também pode ser um obstáculo (pois muitos são obrigados a deslocar se da

residência onde vivem com os seus pais e familiares para uma outra residência mais perto da

faculdade, levando-os a depender de si próprios para todo e qualquer ato culinário).


11

“Para alguns estudantes, a entrada no ensino superior apresenta-se como um momento em que

estes se afastam pela primeira vez da casa de familiares e em que a capacidade para preparar

refeições e fazer compras se revela importante, uma vez que a capacidade de confecionar está

geralmente associada a uma alimentação mais saudável, principalmente para os estudantes

alojados em residências universitárias.”

(Larson NI, Perry CL, Story M,(2006), p.106)

O ambiente universitário é marcado por influências sociais significativas, e os estudantes são

suscetíveis a serem influenciados pelos hábitos alimentares de quem os rodeia, pois sentem

necessidade de pertencer a um grupo e se adaptar ao ambiente social. Se os colegas optam por

alimentos não saudáveis, seguem dietas restritivas ou possuem uma cultura de consumo

excessivo de álcool e de Fast Food, isso pode influenciar diretamente as escolhas alimentares

dos estudantes universitários. “Em Portugal, os estudos realizados têm sugerido que os

hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior são desequilibrados com consumos

elevados de carne, gordura, cereais, bolachas, alimentos do tipo fast-food e alimentos ricos em

açúcar, não atingindo as recomendações.” Martins, M.J.R.L., (2009).

A falta de tempo é também um dos principais desafios enfrentados pelos estudantes

universitários quando se trata de alimentação saudável. O equilíbrio entre frequências,

trabalhos, apresentação e vida social muitas vezes resulta numa agenda apertada, deixando

muito pouco tempo disponível para a preparação de refeições bem confecionadas. Isso leva à

escolha de alimentos prontos e refeições rápidas, que geralmente são carentes em nutrientes

essenciais.

O ambiente académico, é também frequentemente acompanhado por altos níveis de stress e

pressão emocional. “A ansiedade, o stress e o facto de muitos dos estudantes universitários


12

estarem longe de casa e afastados das suas rotinas alimentares e de atividade física, podem

ajudar a compreender as razões deste fenómeno.” (Harker, D., Sharma, B., Harker, M.,

Reinhard, K., 2010). A carga de trabalho intensa, as expectativas académicas e a adaptação a

uma nova vida social podem levar os estudantes universitários a procurar conforto na comida.

O stress pode desencadear comportamentos alimentares emocionais, resultando em escolhas

alimentares pouco saudáveis, como a ingestão excessiva de alimentos calóricos, ricos em

açúcares e gorduras.

“Em Portugal, houve um aumento da prevalência de pré-obesidade e obesidade em indivíduos

da faixa etária dos 18-24 anos, entre 1998/1999 e 2005/2006, tendo-se verificado em

2005/2006, que 9,4% dos homens e 6,0% das mulheres apresentavam pré-obesidade e 4,2%

dos homens e 3,4% das mulheres apresentavam obesidade, tendo-se afastado das metas

previamente definidas para 2010.” (Ministério da Saúde, 2010.)

A falta de uma alimentação equilibrada, pode levar a deficiências nutricionais nos estudantes.

A ausência de nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e antioxidantes, pode

comprometer o funcionamento adequado do organismo e afetar negativamente a saúde física e

mental. Pode também contribuir, para o aumento do risco de desenvolvimento de doenças

crónicas, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e hipertensão. Uma

alimentação pobre em nutrientes e rica em alimentos processados está associada a essas

condições de saúde, que podem ter efeitos prejudiciais a longo prazo.

A qualidade da alimentação está diretamente relacionada com a saúde mental, pode aumentar

o risco de distúrbios de humor, como ansiedade e a depressão, afetando o bem-estar

emocional dos estudantes. A falta de nutrientes essenciais, como ómega-3, vitaminas do

complexo B e triptofano, pode afetar a produção de neurotransmissores, comprometendo a

saúde mental e cognitiva.


13

“Durante a fase de transição dos 18-24 anos, a adoção de um estilo de vida saudável pode ter

um impacto determinante na saúde do estudante e na saúde das suas futuras famílias, tornando

esta faixa etária adequada para uma intervenção com repercussões positivas na saúde futura

desta população”.

Ebert S, Ngamvitroj A, Park N, (2004); p.74.

A educação nutricional, desempenha um papel fundamental na promoção de hábitos

alimentares saudáveis aos estudantes universitários, podendo ser implementados programas

educacionais, para aumentar o conhecimento sobre a nutrição, ensinando os alunos a fazerem

escolhas alimentares adequadas e a desenvolver habilidades culinárias básicas. Essa

abordagem visa capacitar os estudantes a tomar decisões informadas sobre sua alimentação.

É importante que as instituições de ensino adotem políticas que promovam um ambiente

alimentar saudável no campus universitário, isso inclui a disponibilidade de refeições

equilibradas nos refeitórios, a oferta de opções saudáveis nos bares universitários e a restrição

de publicidade de alimentos pouco saudáveis.

Além das intervenções nutricionais, é também importante fornecer apoio psicológico e

emocional aos estudantes universitários. Isto pode incluir serviços de aconselhamento e

suporte emocional para ajudar os estudantes a lidar com o stress e as pressões da vida

académica (acompanhamentos por parte de psicólogos, fóruns, etc).


14

Como refcere Rodrigues (2015), “a alimentação tem um papel essencial na vida do indivíduo,

e na prevenção de doenças.” É por isso que o fortalecimento da saúde mental é fundamental

para evitar comportamentos alimentares emocionais e promover uma relação saudável com a

alimentação.

Além disso, a intervenção social também deve realçar a melhoria do ambiente alimentar no

campus universitário, isso inclui a disponibilidade de opções saudáveis nos seus bares e

refeitórios, a restrição de publicidade de alimentos pouco saudáveis e a promoção de parcerias

com fornecedores locais de alimentos nutritivos. A criação de ambientes favoráveis à

alimentação saudável facilita a adoção de escolhas adequadas pelos estudantes.

No contexto da intervenção social, é importante destacar a necessidade de abordagens

multidisciplinares e colaborativas. Profissionais da saúde, nutricionistas, psicólogos,

educadores e administradores universitários devem trabalhar em conjunto para implementar

estratégias eficazes e sustentáveis. Além disso, é essencial que as intervenções sejam baseadas

em evidências científicas e avaliadas de forma contínua, com a finalidade de garantir a sua

efetividade e adaptabilidade às necessidades dos estudantes universitários.

Os hábitos alimentares dos estudantes universitários estão também diretamente relacionados

com o desperdício alimentar, que ocorre quando os alimentos comestíveis são descartados

sem serem consumidos, seja durante o processo de produção, distribuição, preparação ou

consumo. Nesse contexto, existem várias conexões entre os hábitos alimentares e o

desperdício de alimentos. Os estudantes universitários muitas vezes deparam-se com porções

excessivas de alimentos em refeitórios ou restaurantes, especialmente em refeições pré-

embaladas, o consumo predominante de refeições take away e de conveniência (alimentos

processados e preparados), associados a alimentos nutricionalmente menos equilibrados (com


15

elevado valor energético, gordura, açúcar e sal). Isto deve-se à maior liberdade do estudante

universitário em relação ao que e quando come. A maior parte dos jovens adultos têm pouca

experiência culinária e podem não saber como aproveitar integralmente os alimentos que têm

à sua disposição. Isso pode resultar no desperdício de partes comestíveis dos alimentos, como

cascas, talos e folhas, que poderiam ser utilizadas em preparações culinárias.

Através de um estudo realizado no contexto de obtenção do grau de licenciado em Ciências da

Nutrição, por parte de Inês Azeredo Carneiro, em que a amostra para a quantificação do

desperdício alimentar consistia nas sobras dos alimentos produzidos pelo refeitório da

universidade e nos restos de alimentos presentes nos pratos que foram servidos durante os

almoços, por um período de 9 dias. concluiu-se que “O desperdício alimentar totalizou uma

quantidade de 13,3 kg de alimentos, correspondente a 46,1% do total de alimentos avaliados

neste estudo.”

Devido às restrições de tempo, restrições financeiras ou falta de meios para armazenar as

sobras, é comum que parte dessas porções seja descartada. Esse comportamento contribui

para o desperdício alimentar, uma vez que os alimentos que poderiam ser consumidos são

jogados fora.

Apesar das restrições financeiras que os estudantes muitas vezes enfrentam e o tempo

limitado para fazer compras, em diversos casos realizam compras impulsivas e adquirem

diversos alimentos em excesso. Quando esses alimentos não são consumidos dentro do prazo

de validade, acabam por ser descartados por já estarem estragados, resultando obviamente em

desperdício. A falta de planeamento alimentar e o desconhecimento dos prazos de validade

dos alimentos são fatores que contribuem também para esse problema.
Planificação da atividade

Matriz de Planificação de uma Ação Educativa

Projeto Educação Alimentar: Hábitos de consumo alimentar nos Jovens Universitários


Tema Educação Alimentar
Data 26 de maio de 2023
Local Universidade do Algarve, Campus das Gambelas, J1
Tempo previsto 25/30 minutos
Formador(es) responsáveis Gabriela Cipriano, Margarida Tomé e Marco Espada
Formador(es) convidado(s) Inexistente
Grupo-alvo Jovens Universitários
Pré-requisitos Inexistente
Objetivos(s) geral (ais) Contribuir para melhorias na vida dos jovens universitários e reduzir o desperdício alimentar.
Metodologia/
Acão/Plano Objetivos específicos Conteúdos Recursos Atividades dos formandos Avaliação
Estratégias

Apresentação Transmitir conhecimentos acerca Educação Metodologia Power Point


Power Point de Desperdício Alimentar, alimentar expositiva
Hábitos Alimentares, (Hábitos
Problemáticas dos maus hábitos
alimentares e Estratégias e
Intervenções para promover
17

hábitos alimentares saudáveis.

Através de um quizz criado na


Consolidar conhecimentos plataforma “Khaoot” os
Atividade 1: adquiridos ao longo da Metodologia formandos respondem a
Alimentação Plataforma
apresentação e recolher alguns Interrogativa questões relacionadas com os
“Apura os teus
equilibrada Khaoot
conhecimentos” dados sobre os hábitos de seus hábitos de consumo e
consumo do grupo. sobre alguns factos associados
ao tema da alimentação

Os formandos têm de sugerir


Atividade 2: Brinquedos refeições possíveis com os
Conscientizar e educar acerca do Desperdício Metodologia
“Vamos evitar o de comida de alimentos que lhes foram
desperdício alimentar Alimentar Ativa
desperdício” plástico fornecidos, e evitar “deitar
fora” o máximo possível.
Animação

Apresentação Power Point

 Apresentação de conceitos e ideias sobre a alimentação saudável, rotinas alimentares,

e desperdício alimentar, assim como possíveis alternativas às disfuncionalidades

alimentares e ao desperdício alimentar;

Atividade 1

 Atividade 1: “Apura os teus conhecimentos”

Para a atividade 1, adotámos uma metodologia interrogativa, na qual, ao invés de

apenas serem recetores de informação, os formandos são incentivados a procurar

respostas através da investigação, reflexão e debate, promovendo assim o pensamento

crítico, a autonomia e o envolvimento ativo dos mesmos. Na metodologia adotada,

que coloca as perguntas no centro do processo educacional, o formador desempenha o

papel de facilitador, guiando os formandos na procura pelas respostas, fornecendo as

orientações adequadas.

Nesta atividade é apresentado um quizz criado na plataforma Khaoot, cujo enfoque

está na perceção dos hábitos de consumo dos estudantes universitários, tendo também

questões relacionadas com as informações apreendidas durante a apresentação Power

Point anteriormente referida.

Consultar as perguntas na secção dos Apêndices, página 30: Atividade 1: Perguntas do

Quizz criado na Plataforma Khaoot.

 Discussão dos resultados dos questionários;


19

Atividade 2

 Atividade 2: “Vamos evitar o desperdício”.

Nesta atividade optámos por adotar uma metodologia ativa, como forma de envolvermos

mais os formandos na temática a ser trabalhada. A metodologia de ensino ativa,

caracteriza-se por colocar o aluno no centro do seu próprio processo de aprendizagem,

promovendo uma participação ativa, através da participação em atividades práticas,

colaborativas, baseando-se na experiência e na interação. A metodologia ativa é utilizada

em diversas situações e de diversas formas, neste caso, através da aprendizagem

cooperativa, na qual os formandos colaboram em pequenos grupos de forma a encontrar

uma solução para evitar o desperdício de alimentos.

Para a dinamização da atividade, recorremos a materiais físicos, nomeadamente alimentos

de brincadeira de plástico. Os alimentos são distribuídos por 3 sacos (o nosso público-alvo

é constituído por 6 pessoas, ficando assim divido em 3 grupos de 2 pessoas), de seguida,

cada grupo recebe 1 saco, e com os alimentos de cada saco elabora refeições, tendo e

presente em si que são alimentos que já não são frescos, e que se não forem usados

naquele dia serão deitados para o lixo. Com isto pretendemos que os formandos reflitam

sobre as diversas alternativas possíveis para o aproveitamento de alimentos pouco frescos

ou com uma data de validade mais antiga, evitando assim o desperdício alimentar.

Consultar Recursos materiais utilizados na secção dos Apêndices, página 32: Atividade 2:

Recursos materiais utilizados


20

Avaliação da dinamização

O processo de avaliação da dinamização das atividades irá ocorrer em 3 fases: primeiramente

o público-alvo irá manifestar a sua opinião acerca das atividades através do preenchimento de

um questionário; em seguida iremos refletir sobre as nossas próprias ações; por fim, vamos

apontar aspetos nos quais poderíamos melhorar.

Para proceder à avaliação realizada pelo público-alvo, iremos recorrer a questionários

impressos, que serão distribuídos e após o preenchimento serão analisadas as respostas.

Nota: Para consultar os questionários fornecidos para preenchimento, ver secção dos

Apêndices, página 23:, Questionário por preencher para avaliação das atividades

Para consultar os questionários preenchidos, ver secção dos Apêndices, página 24:

Questionários preenchidos para avaliação das atividades

No que diz respeito ao papel que desempenhámos enquanto formadores, consideramos que é

possível fazer um balanço positivo. Tentámos usar diversos recursos, tanto digitais como

físicos, de forma a apresentar de forma clara e objetiva os conteúdos, e as atividades

desenvolvidas.

Relativamente às instruções fornecidas para a execução de cada atividade, consideramos que

talvez pudéssemos ter sido mais concisos na explicação, mais concretamente na atividade 2,

uma vez que era algo mais prático e que requeria mais atenção por parte dos formandos.

Apesar de tudo isso, a forma como conduzimos a apresentação e acompanhámos as

atividades, esclarecendo dúvidas, foi notavelmente positiva.


21

Análise dos dados da avaliação da dinamização

Após a recolha e análise dos questionários preenchidos pelos formandos que participaram na

nossa dinamização, podemos afirmar que, de uma forma unânime, todos consideraram ter um

aproveitamento positivo. Para além disso, as avaliações, relativas ao papel desempenhado

pelos formadores, também ele foi extremamente positivo, levando-nos a crer, que apesar das

dificuldades que possamos ter sentido, e da nossa inexperiência, alcançámos com sucesso os

objetivos traçados no princípio de toda a planificação.

Avaliação da Dinamização por parte dos formandos


6

1 2 3 4 5

Gráfico 1. Gráfico referente às avaliações dadas pelos formandos.


22

Reflexão final

Inicialmente, neste trabalho procurámos realizar uma fundamentação teórica bem formulada,

referente á Educação Alimentar, tema que nos propusemos a desenvolver, tendo como

público-alvo os estudantes universitários.

Ficámos assim a perceber que os estudantes universitários por vezes não têm os melhores

hábitos alimentares, seja pela sobrecarga de horários e consequente falta de tempo, ou pelas

suas dificuldades financeiras (que resultam em maus hábitos alimentares), e é por isso que se

revela essencial instruir os estudantes de que a educação alimentar e os hábitos que a mesma

promove são extremamente importantes para melhorar os índices físicos e psicológicos de

todos os indivíduos. Revela-se ainda mais importante começar este processo de instrução

sobre esta temática logo a partir de uma tenra idade, a fim de garantir um melhor futuro para

todos os jovens.

Procurámos ainda saber mais sobre alguns métodos que poderiam ajudar a melhorar os

problemas identificados, e a incentivar e promover a Educação Alimentar, nomeadamente no

meio estudantil.

Falando do conceito de intervenção social, ficámos a perceber ainda que é uma abordagem

fundamental para promover hábitos alimentares saudáveis entre os estudantes universitários.

Através da educação nutricional, melhoria do ambiente alimentar, promoção de opções

saudáveis e acessíveis, juntamente com o apoio psicológico e emocional, é possível criar

condições favoráveis para que os estudantes façam escolhas alimentares mais saudáveis e

melhorem sua saúde e bem-estar.

Conseguimos ainda concluir, depois de uma breve discussão com todo o grupo e consequente

partilha de ideias, que aplicar métodos como aumentar a disponibilidade de refeições

equilibradas nos refeitórios (e a sua relação preço-qualidade, pois às vezes as refeições são
23

equilibradas, mas não são atrativas pois a sua qualidade é reduzida), a oferta de opções

saudáveis nos bares universitários e a restrição de publicidade de alimentos pouco saudáveis

se tornam fulcrais para uma boa promoção da educação alimentar. A criação destes ambientes

favoráveis à alimentação saudável e a redução do preço dos produtos biológicos faria com que

fosse muito mais fácil adotar escolhas mais nutritivas.

Depois de realizarmos todas as atividades que propusemos á turma, considerámos que o

balanço foi bastante positivo, porque para além de todas as atividades terem sido de fácil

compreensão da parte de todos e de terem sido realizadas com sucesso, consideramos que

todas foram muito pertinentes na abordagem ao tema trabalhado.

Concluindo e ao contrário do que tínhamos previsto, devido ao número reduzido de

estudantes na nossa apresentação e á falta de experiência na realização de workshops deste

género que nos podia deixar mais inseguros, nenhum problema nos impediu de realizar as

atividades com sucesso pois todos os presentes revelaram se bastante participativos e

acessíveis em tudo o que lhes foi proposto, desde as atividades aos questionários sobre as

mesmas.
24

Referências Bibliográficas

Anacleto, L. (2020). Estilos de vida dos estudantes do ensino superior em residência (Dissertação

de mestrado). Instituto Politécnico de Portalegre. http://hdl.handle.net/10400.26/33209

Linhares, F., Sousa, K., Martins, E. & Barreto, C. (2016). Obesidade infantil: influência dos pais

sobre a alimentação e estilo de vida dos filhos. Temas em Saúde. Vol. 16, No.2.

https://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2016/08/16226.pdf

Meyer, C., Barbosa, D., Andrade, R., Junior, G., Neto, M., Guimarães, A. & Felden, E. (2019).

Quality of life of medicine students and the difficulty of conciliation of clerkship and studies.

Vol. 44 No.2. https://doi.org/10.7322/abcshs.v44i2.1169

Rodrigues, R, P, S. (2020). Estilos de vida dos estudantes de 4 oano, da Licenciatura de

Enfermagem.. http://hdl.handle.net/10284/9588

Silva, D., Frazão, I., Osório, M., & Vasconcelos, M. (2015). Percepção de adolescentes sobre a

prática de alimentação saudável. https://doi.org/10.1590/1413-812320152011.00972015

UTAD. (2020). Carta para a Alimentação Saudável e Sustentável. UTAD, Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro. https://www.utad.pt


25

Apêndices
1- Questionário por preencher para avaliação das atividades

QUESTIONÁRIO AVALIAÇÃO ATIVIDADES

Instruções: Para cada questão assinale a o valore que melhor descreve a sua opinião,
considerando que:
1- discordo bastante/ 2- discordo/ 3- não concordo nem discordo/ 4- concordo / 5- concordo
bastante

1 2 3 4 5
1. os formadores/animadores apresentaram claramente as
atividades a desenvolver
2. as instruções para cada atividade foram ministradas de
forma clara e concisa
3. os formadores/animadores acompanharam as
atividades a desenvolver
4. os formadores/animadores apoiaram as atividades a
desenvolver
5. os formadores/animadores estiveram disponíveis para
esclarecer qualquer dúvida relativa ao desenvolvimento
das atividades
6. os formadores/animadores utilizaram diversos
recursos pedagógicos

Que apreciação faz de todo o trabalho desenvolvidos pelos formadores/animadores?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Que sugestões de melhoria gostaria de apresentar?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Muito obrigada pela sua colaboração!


26

2- Questionários preenchidos para avaliação das atividades


27
28
29
30
31
32

3- Atividade 1: Perguntas do Quizz criado na Plataforma Khaoot

Verdadeiro ou Falso

1 - O ensino superior caracteriza-se por uma transição de instabilidade.

2 - Os hábitos alimentares não desempenham um papel fundamental na saúde e no bem-estar do

individuo.

3 -Os hábitos alimentares não afetam a saúde mental.

4 -Os trabalhadores-estudantes têm uma maior dificuldade em gerir as suas rotinas alimentares.

5 - Se tenho dificuldades financeiras, tenho mais facilidade de acesso a uma alimentação

saudável e a produtos biológicos.

6 - Tenho uma alimentação regulada, por isso beber álcool sem limite não tem um impacto

negativo em mim.

7 -A ausência de nutrientes essenciais, como vitaminas e antioxidantes, compromete o

funcionamento adequado do organismo.

20seg.

QUIZZ
33

8 - Quantas vezes por mês é aceitável eu comer fast food?

 1 vez por semana

 1/ 2 vezes

 Todos os dias

 20 vezes

9 - Quando a fruta fica com manchas negras eu...

 Deito logo fora.

 Abro para ver se está consumível.

 Tento aproveitar o máximo que puder, fazendo uma receita.

10 - Vou ao supermecado...

 2 vezes por mês.

 todos os dias.

 3 ou mais vezes por mês.

11 - Quando vou ao supermecado...

 Compro para além do que está na lista.

 Compro somente aquilo que planeei comprar.

 Não faço listas.

 Compro quantidades excessivas de comida e logo vejo se vou usar.

4- Atividade 2: Recursos materiais utilizados


34

Conjunto 1

Conjunto 2

Conjunto 3

Você também pode gostar