Curso de Especialização em Educação Especial e Inovação Tecnológica
(EEIT) Disciplina: Psicologia e processos de ensino e aprendizagem Dupla: Amanda Poeys Borges Morais e Juliana Ronchini Lago
Em dupla, elabore um texto apresentando um caso de ensino (real ou
fictício) em torno de duas laudas, e as análises que puderam realizar a partir dele. Caso real. No ano de 2016, foram recebidos em uma unidade escolar pública do município de Rio das Ostras-RJ dois irmãos gêmeos, ambos com TEA, cada um com um grau de suporte necessário. Inicialmente, a equipe pedagógica não compreendeu o motivo pelo qual eles se sentiam inseguros no ambiente escolar, uma vez que a escola trabalhava a perspectiva da educação inclusiva e era considerada uma escola polo no atendimento inclusivo. Passado um tempo, as tentativas de fazer com que esses alunos se sentissem bem não foram bem-sucedidas, aumentando a angústia da equipe escolar. Após os 15 dias de adaptação sem que houvesse qualquer mudança, os responsáveis foram chamados na escola para uma conversa. Um dos relatos feitos pelos responsáveis sensibilizou e chamou bastante a atenção da equipe: a mãe relatou que, desde muito cedo, ela mesma observava que os filhos eram autistas e, por isso, procurou sempre oferecer as melhores oportunidades para o pleno desenvolvimento de ambos, o que a levou a matriculá-los em uma escola particular em Niterói-RJ, onde ela achava que eles receberiam atendimento e acompanhamento adequados. No entanto, os meninos foram negligenciados e constrangidos após uma crise, quando a responsável pela unidade escolar decidiu aplicar uma punição a eles, fazendo- os retirar toda a roupa e ficar em pé de “castigo” no cantinho pensando no que haviam feito. Depois desse episódio, a mãe rapidamente os retirou da escola e a família se mudou para a cidade de Rio das Ostras. Após todo o relato, foi possível observar que os irmãos estavam traumatizados, o que gerou graves consequências para o seu desenvolvimento no ambiente educacional e social, pois eles não confiavam em outras pessoas. Foram então desenvolvidas estratégias para reverter esse quadro. A equipe iniciou um trabalho no pátio da escola, fazendo brincadeiras, trabalhando a ludicidade, a confiança e aos poucos os apresentando aos funcionários e, em seguida, às outras crianças. Com o tempo, a equipe foi conquistando a confiança dos meninos, gradativamente permanecendo com eles na biblioteca, onde havia rodízios de turmas e circulação constante de pessoas diferentes. O começo dessa adaptação foi bem complicado, mas pouco a pouco os gêmeos foram incentivados a contar histórias, fazerem peças de teatro, auxiliarem na biblioteca e, com o tempo, foram observadas mudanças muito positivas, com os meninos interagindo e conversando com as pessoas. É importante notar que um dos meninos apresentava dificuldade na comunicação e, quando foi levado com o irmão para a sala de aula, a transição decorreu tranquilamente, pois eles já conheciam seus colegas de classe e professores. Terminado o ano letivo, a equipe não estava certa de que os meninos voltariam para a escola, mas foi positivamente surpreendida com a permanência dos gêmeos Gustavo e Vinicius até o 5º ano do ensino fundamental 1. Eles acompanharam a turma e foram transferidos para outra escola, onde concluíram todo o ensino fundamental. Analisando esse caso, podemos observar que o trauma dos irmãos foi tratado de uma forma inclusiva, em que família e escola, em conjunto, pensaram em uma estratégia para auxiliá-los no ambiente escolar. Após adquirirem confiança, os gêmeos se desenvolveram plenamente, e o acompanhamento da sua rotina através das redes sociais permitiu que fosse observada sua superação deles, que atualmente fazem apresentações de luta, peças teatrais e diversas atividades. Com isso, é possível notar que muitas vezes o pouco ajuda muito, e não é necessária a introdução do aspecto pedagógico no início do trabalho, bastando ter um olhar minucioso, que observa qual é a causa do problema, e tentar pensar em estratégias para incluir esses alunos, consequentemente tornando o ambiente um lugar acolhedor onde eles possam se sentir seguros e capazes. É fundamental pensar sempre nas peculiaridades de cada indivíduo para que se obtenha sucesso e os alunos alcancem o pleno desenvolvimento global.
A relação entre afetividade e inclusão escolar: uma abordagem sobre a importância da afetividade na relação professor-aluno, no desenvolvimento e na aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais