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PROCESSO 6350/06.5TVLSB.P1.S1
DATA DO ACÓRDÃO 25-01-2011
SECÇÃO 1.ª SECÇÃO
RE
MEIO PROCESSUAL REVISTA
DECISÃO CONCEDIDA PARCIALMENTE A REVISTA
VOTAÇÃO UNANIMIDADE
SUMÁRIO
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Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça http://www.gde.mj.pt/jstjf.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/03...
DECISÃO TEXTO
INTEGRAL
Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:
I- Relatório:
1-1- R...G..., Gestão e Exploração de Franquias, SA, com sede na ...,
Lisboa, intentou a presente acção com processo ordinário contra P... –
Sociedade de Mediação Imobiliária, Lda., com sede na ..., Porto e
AA, com domicílio na ...., Porto, pedindo a condenação solidária dos
RR., a pagar-lhe a quantia de € 5.188,75, sendo € 4.995,00 devidos a
título de «royalties» e de contribuições para o FNP, relativos aos meses
de Maio, Junho e Julho de 2006 e € 193,75 devidos a título de juros de
mora vencidos, a que acrescerão os juros de mora vincendos até ao
integral e efectivo pagamento, o valor correspondente aos royalties e
contribuições para o FNP, apurado nos termos do estipulado na cláusula
18 B do contrato de franquia, a quantia de € 66.000,00, acrescida de
IVA, a título de indemnização por lucros cessantes, o valor
contratualmente determinado de € 5.000,00, referente a custos e
honorários com os advogados.
Fundamenta este pedido, em síntese, dizendo que celebrou com a 1ª R.,
em 1 de Março de 2005, um contrato de franquia de mediação
imobiliária C..., mediante o qual a 1ª R. ficou com o direito de explorar
uma franquia integrada no “Sistema C...”, pagando, como contrapartida,
royalties mensais e uma contribuição mensal para o FNP, sendo que o
pagamento das quantias devidas no âmbito deste contrato, foi garantido,
em nome individual, pelo 2º R.. Ela, A., cumpriu integralmente as suas
obrigações de franquiadora, o mesmo não acontecendo com a 1ª R. que,
a partir de Julho de 2006, deixou de enviar os reportes mensais a ela,
A., e em, Agosto de 2005, utilizou indevidamente a marca C... em
publicidade, o que aconteceu, de novo, em Março de 2006, apesar de
advertida pela A. para não o fazer. Em 6 de Julho de 2006, após troca de
correspondência e reuniões, a R. informa a A. que nada lhe pagará e que
considera extinto o contrato. Após o termo do contrato, a R. manteve a
sua actividade na mediação imobiliária, sob uma outra designação, mas
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1-3- Irresignados com este acórdão, dele recorreram os RR. e a A., esta
subordinadamente, para este Supremo Tribunal, recursos que foram
admitidos como revistas e com efeito devolutivo.
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II- Fundamentação:
2-1- Uma vez que o âmbito objectivo dos recursos é balizado pelas
conclusões apresentadas pelo recorrente, apreciaremos apenas as
questões que ali foram enunciadas (arts. 690º nº 1 e 684º nº 3 do
C.P.Civil).
Nesta conformidade, serão as seguintes as questões a apreciar e decidir:
Quanto ao recurso dos RR.:
- Se a A. incumpriu de forma grave e reiterada as obrigações a que
contratualmente estava adstrita.
- Se a resolução do contrato com fundamento no incumprimento por
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C) da matéria assente.
7. O 2º R. assumiu o compromisso de diligenciar pela constituição da 1ª
R. e pela obtenção da Licença AMI no prazo de 20 dias – alínea D) da
matéria assente.
8. A A. forneceu ao 2º R. cópia da minuta do contrato que deveria ser
celebrado com a A., para que o R. pudesse analisar as respectivas
cláusulas durante o prazo de 20 dias – alínea E) da matéria assente.
9. A A., previamente à assinatura do contrato, facultou aos RR. cópia da
minuta do contrato para que pudessem ser analisadas as respectivas
cláusulas – resposta ao ponto 5º da Base Instrutória.
10. Em 1 de Março de 2005, a A. e a 1ª R. celebraram o «Contrato de
Franquia de Mediação Imobiliária C...», que se encontra junto a fls. 44
a 97 dos autos e que aqui se dá por reproduzido – alínea F) da matéria
assente.
11. Para o pagamento dos valores contratualmente estipulados, a
franquiada autorizou a realização de um débito bancário mensal a favor
da franquiadora, de montante idêntico ao das facturas que por esta
viessem a ser emitidas, tendo por base o rendimento bruto mensal e o
correspondente montante de «royalties» e de contribuição para o FNP,
por aquela devidos – alínea G) da matéria assente.
12. O pagamento das quantias devidas no âmbito do contrato foi
garantido, em nome individual, pelo sócio da franquiada, AA – aqui 2º
R. – que, assim, se tornou garante das obrigações assumidas pela 1ª R.
no âmbito do contrato de franquia, renunciando ao benefício da
excussão prévia – alínea H) da matéria assente.
13. Em Junho de 2005, a 1ª R. instalou a agência de mediação
imobiliária no local autorizado e passou a desenvolver a sua actividade
utilizando as marcas e o «know-how» do sistema C... – resposta ao
ponto 6º da Base Instrutória.
14. A A. definiu o «layout» e decoração (externa e interna) da loja da 1ª
R. e determinou os materiais e equipamentos que nela deveriam ser
instalados – resposta ao ponto 8º da Base Instrutória.
15. Facultou o acesso dos RR. a diversas ferramentas de gestão e a
várias funcionalidades e facilidades próprias de uma agência de
mediação imobiliária integrada no sistema de franquia C...,
nomeadamente, software I...P.../C..., sistema de gestão de imagens das
montras (hardware e software), página personalizada da empresa e dos
seus colaboradores no portal C..., software de reporte C... (Pacote de
abertura) – resposta ao ponto 9º da Base Instrutória.
16. A A. facultou aos RR. o acesso aos seus sistemas de «intranet» e de
correio electrónico e promoveu a interconexão entre os «sites» da A. e
da 1ª R, fornecendo-lhes, para esse efeito, diverso «software» e
respectiva informação técnica e apoio - resposta ao ponto 10º da Base
Instrutória.
17. A A. franqueou à R. o acesso a currículos de potenciais candidatos a
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No caso dos autos, neste contexto e face ao que já dissemos, parece não
resultarem dúvidas sobre a circunstância de existir, por parte da A., um
cumprimento defeituoso da prestação. “Aquele que executa mal é
obrigado, em princípio, a corrigir o defeito ou, se a correcção se não
torna possível, a substituir a prestação imperfeita por outra perfeita”
(11) . A lei civil fala do cumprimento defeituoso no art. 799º sem,
porém, desenvolver as especialidades que a noção comporta (12).
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Por não ter interesse para aqui, não importará distinguir o cumprimento
defeituoso da obrigação (ou falta qualitativa de cumprimento da
obrigação), da venda de coisa defeituosa, sublinhando-se, apenas que
naquele, o vendedor não realizou a prestação a que, por força do
contrato, estava adstrito e nesta a coisa objecto da transacção sofre dos
vícios ou carece das qualidades referenciadas no art. 913º, quer a coisa
entregue corresponda, ou não, à prestação a que o vendedor se
encontrava vinculado (13) . Como refere a este propósito o Prof.
Antunes Varela (14) o cumprimento defeituoso “apenas se dá quando a
prestação realizada pelo devedor não corresponde, pela falta de
qualidades ou requisitos dela, ao objecto da obrigação a que ele estava
adstrito”.
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III- Decisão:
Por tudo o exposto, nega-se a revista, confirmando-se o douto acórdão
recorrido, excepto no tocante à quantia de € 3.330,00 em que a R. havia
sido condenada na Relação, declarando-se que a que a R. está obrigada
a pagar à A. o montante de € 4.995,00, correspondente aos royalties e
contribuição para o FNP referentes aos meses de Maio, Junho e Julho
de 2006.
Custas pelos recorrentes conforme o respectivo vencimento.
(8) Vide Galvão Telles Direito das Obrigações, 7ª edição, pág. 222.
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(17) In Das Obrigações em Geral, Vol. II, 7ª edição, págs. 128 e 129
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