Você está na página 1de 21

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/357431544

PLANEJAMENTO FAMILIAR

Chapter · December 2021


DOI: 10.51859/amplla.cca849.1121-10

CITATIONS READS

0 329

5 authors, including:

Juvenal Linhares
Universidade Federal do Ceará
45 PUBLICATIONS 231 CITATIONS

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Juvenal Linhares on 04 January 2022.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


aaaaaa
PLANEJAMENTO FAMILIAR
a
DOI: 10.51859/amplla.cca849.1121-10
Autor(a): Isabela de Paula Nóbrega
Coautores: Ana Clara de Souza Correa
Gefferson Dias Teixeira
Samuel da Costa Fernandes
Orientador(a): José Juvenal Linhares

1. INTRODUÇÃO
O planejamento gestacional é o artifício que permite ao casal decidir acerca do número
de filhos e do intervalo interpartal desejados, de forma programada e consciente, e é um dos
muitos componentes dentro da agenda do planejamento familiar. A contracepção ou
anticoncepção corresponde ao uso de métodos e procedimentos com o objetivo de evitar que
o relacionamento sexual resulte em uma gestação e é uma das estratégias dentro do
planejamento familiar.
Devido a sua elevada prevalência dentro da atenção primária a saúde, essa temática é
de extrema relevância dentro do cuidado reprodutivo. Desse modo, é função do médico de
família e comunidade auxiliar na escolha do método mais compatível com os interesses e
necessidades daquele indivíduo ou núcleo familiar.
Os métodos contraceptivos podem ser classificados de diversas formas, assim como
exposto na TABELA 1:
Tabela 1 – Classificação dos métodos contraceptivos
Reversíveis Definitivos
Naturais Esterilização cirúrgica feminina
De barreira Esterilização cirúrgica masculina
Dispositivos intrauterinos
Hormonais
De emergência
Fonte: Adaptado de FINOTTI (2015).

CAPÍTULO X | 168
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
2. MÉTODOS NATURAIS
aaaaaa
a
Em geral, esses métodos são utilizados tendo como referencial o período fértil da
paciente, sendo importante o acompanhamento de sinais indicativos de fertilidade.

Método rítmico (tabelinha ou Ogino-Knaus)


Esse método determina uma janela temporal, na qual as relações sexuais com
penetração vaginal devem ser evitadas. A regra utilizada para a determinação desse intervalo
consiste em subtrair 18 unidades do menor ciclo menstrual, estimando, assim, o primeiro dia
do período fértil, e 11 unidades do maior ciclo, estimando o último dia do período fértil,
contando pelos últimos seis ciclos menstruais. Nesse caso, a eficácia do método varia de
acordo com a regularidade do ciclo menstrual da paciente.

Método do muco cervical


Esse método tem como base o aspecto do muco cervical e suas modificações durante
o ciclo menstrual, em decorrência da ação hormonal. Na fase ovulatória do ciclo, o muco, por
ação do estrogênio (pico pré-ovulatório do estrogênio), torna-se progressivamente mais
elástico e lubrificante, com aspecto de clara de ovo, momento em que as relações sexuais
devem ser evitadas, com uma janela de tempo que deve se estender até 4 dias após o ápice
desse padrão. As relações sexuais penetrativas podem ser mantidas dessa data até nova
percepção de umidade vaginal.
Cabe a mulher conferir diariamente, múltiplas vezes por dia, a consistência e aspecto
do seu muco cervical. Antes da adoção desse método, recomenda-se ainda que a paciente
observe com cautela as características dele, durante outros ciclos, de forma a tornar-se
familiarizada com sua aparência.

Coito interrompido
Essa estratégia consiste na retirada do pênis, de dentro da vagina, para que a
ejaculação possa ocorrer no meio externo. Para que seja adotada é necessária boa
comunicação entre os envolvidos e um bom controle do indivíduo com pênis. Apesar da sua
ampla utilização, há alta possibilidade de falha, uma vez que espermatozoides podem estar
presentes no líquido que é eliminado antes da ejaculação.

CAPÍTULO X | 169
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Temperatura basal
aaaaaa
a
Esse método utiliza como referência a elevação da temperatura provocada pela
liberação de progesterona após a ovulação. A presença do hormônio implica em um aumento
de 0,2-0,5 ºC na temperatura corporal. Desse modo, recomenda-se que a paciente verifique
sua temperatura ao acordar, todos os dias, sempre no mesmo horário e que o período de
abstenção dure do primeiro dia do ciclo menstrual, até 4 dias após a percepção do aumento
da temperatura.

Método sintotérmico
Baseado na combinação de diferentes indicadores de ovulação, esse método funciona
unindo a análise do muco cervical, o controle da temperatura basal, o método da tabelinha e
a presença de parâmetros subjetivos que possam indicar fertilidade.

Lactação e amenorreia (LAM)


Apenas nos 6 primeiros meses pós-parto, a amamentação exclusiva, em regime de livre
demanda, sem retornos, pode ser utilizada como método contraceptivo. É de fundamental
importância, para a garantia de eficácia, que a amamentação seja frequente (livre demanda)
e exclusiva e que a mãe esteja em amenorreia.

3. DE BARREIRA
São assim chamados os métodos responsáveis por impedir a fecundação, evitando a
progressão dos espermatozoides para a cavidade uterina. Serão detalhados aqui os mais
utilizados no país.

Preservativos
Estão disponíveis os preservativos internos (vaginal) e externo (peniano) e sua
utilização é essencial e deve ser estimulada, independente do uso de outros métodos
associados, uma vez que possuem a função adicional de proteção contra infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs). O preservativo externo de látex ainda é o método mais
acessível para prevenção dessas infecções, principalmente devido ao seu custo e
disponibilidade mercadológica. A correta utilização dos preservativos é essencial para uma
proteção eficiente e devem ser fornecidas as orientações sobre ela, uma vez que esses
métodos estão diretamente envolvidos na prática/hábito sexual dos envolvidos.

CAPÍTULO X | 170
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Diafragma
aaaaaa
a
Esse método contraceptivo tem o aspecto de uma cúpula côncava flexível e a sua
prescrição deve ser acompanhada de orientações cuidadosas sobre a sua colocação,
posicionamento e retirada, essenciais para evitar a falha. Ademais, é função do profissional
de saúde experiente a avaliação das medidas da paciente para determinação do tamanho
adequado do dispositivo. Para seu uso correto, o diafragma deve ser inserido no canal vaginal,
recobrindo o colo uterino, após o esvaziamento da bexiga e, idealmente, um espermicida deve
ser utilizado conjuntamente em todas as relações sexuais. Atualmente, a substância mais
utilizada com esse fim é o nonoxinol-9. Por fim, a retirada do diafragma deve ser realizada
após um período mínimo de seis a oito horas da última ejaculação vaginal.

4. HORMONAIS
Métodos contraceptivos contendo hormônios em sua composição estão disponíveis
em diferentes associações e formas de administração. Eles podem ser encontrados com
formulações tanto a base de estrogênios e progestagênios combinados como com
progestagênios isolados.
Os principais estrogênios sintéticos utilizados são o etinilestradiol (EE), o enantato de
estradiol e o valerato de estradiol. O EE está presente na maioria dos anticoncepcionais orais
combinados, bem como nos adesivos transdérmicos e no anel vaginal hormonal, utilizados no
Brasil. Já no tocante aos progestagênios, existe grande diversidade disponível no país. As
principais derivações são a partir da 19-nortestosterona, 17-alfa-hidroxiprogesterona (17-OH-
P) e análogo da espironolactona. É de extrema relevância que sejam considerados os
mecanismos de ação dos progestagênios em questão, para que possa haver satisfação da
paciente quanto aos resultados obtidos. Alguns dos efeitos dos principais progestagênios
estão expostos na TABELA 2.
Tabela 2 – Tabela comparativa das ações dos progestagênios
Androgênica Antiandrogênica Antimineralocorticoide
Levonorgestrel + - -
3-ceto-desogestrel + - -
Gestodeno + - +
Acetato de Ciproterona - ++ -
Drospirenona - + +
Dienogeste - + -
Acetato de +/- - -
Medroxiprogesterona

CAPÍTULO X | 171
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Androgênica
aaaaaa
Antiandrogênica Antimineralocorticoide
Acetato de
Clomardinona
-

a +

+ Forte; +/- Moderada; - Fraca


Fonte: Adaptado de VIGO; LUBIANCA; CORLETA (2011).
-

Anticoncepcionais orais combinados


Esse método, disponível nas mais diversas formulações, possui boa eficácia quando
utilizado corretamente. Com relação à distribuição hormonal nas pílulas, os contraceptivos
orais combinados podem ser divididos em monofásicos, trifásicos e bifásicos. Os monofásicos
correspondem a maioria dos representantes disponíveis no mercado. Podem ser encontrados
em embalagens contendo 21 ou 22 comprimidos ativos, com a o mesmo conteúdo e dosagem.
Alguns laboratórios disponibilizam ainda 6 ou 7 comprimidos de placebo, totalizando 28 na
cartela. Os bifásicos contêm dois tipos de comprimidos ativos, com proporções diferentes dos
mesmos esteroides, enquanto os trifásicos contêm três tipos de comprimidos ativos, também
contendo os mesmos hormônios, em diferentes dosagens.
Para a prescrição desse método é essencial que sejam identificados e considerados os
fatores de risco e as contraindicações ao seu uso, de acordo com os critérios de elegibilidade
da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), dispostos na TABELA 3. Ademais, é importante
que o profissional médico conheça a formulação e a dosagem dos hormônios presentes, bem
como o tipo de progestágeno, cujos efeitos devem ser discutidos com a paciente, para que se
atinjam seus desejos e interesses no emprego do método de escolha.

Tabela 3 – Critérios de elegibilidade para o uso dos métodos contraceptivos hormonais


ACO/
Anel vaginal/ Injetável Injetável
Condições PP Implante
Adesivo mensal trimestral
transdérmico
Pós-parto < 6 semanas +
amamentação 4 4 2 3 2
Pós-parto ≥ 6 semanas e < 6
meses + amamentação 3 3 1 1 1
Pós-parto < 21 dias, sem
amamentação e sem fatores de
risco para tromboembolismo 3 3 1 1 1
venoso (TEV)

CAPÍTULO X | 172
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ACO/
aaaaaa
Condições

Pós-parto < 21 dias, sem


amamentação e com fatores de
Anel vaginal/
Adesivo
transdérmico

4
a
Injetável
mensal

4
PP

1
Injetável
trimestral

1
Implante

1
risco para TEV
Pós-parto ≥
21-42 dias, sem amamentação,
3 3 1 1 1
com fatores de risco para TEV
Tabagismo,
≥ 35 anos de idade e
3 2 1 1 1
< 15 cigarros/dia
Tabagismo,
≥ 35 anos de idade e
4 3 1 1 1
≥ 15 cigarros/dia
Múltiplos fatores de risco para
doença cardiovascular (ex:
idade avançada, tabagismo, 3/4 3/4 2 3 2
diabetes, hipertensão e
dislipidemias)
Histórico de hipertensão
(incluindo hipertensão
gestacional), em situação de 3 3 2 2 2
impossibilidade de avaliação da
pressão arterial
Hipertensão controlada 3 3 1 2 1
Hipertensão não controlada
140-159/90-99 mmHg 3 3 1 2 1
Hipertensão não controlada
≥ 160/100 mmHg 4 4 2 3 2
Hipertensão arterial associada a
doença vascular 4 4 2 3 2
Manutenção do método em
paciente com enxaqueca sem
3 3 2 2 2
aura < 35 anos
Iniciar método em paciente
com enxaqueca sem aura ≥ 35 3 3 1 2 2
anos
Manutenção do método em
paciente com enxaqueca sem 4 4 2 2 2
aura ≥ 35 anos
Enxaqueca com aura em 2 (I) 2 (I)
4 4 2 (I) 3(C)
qualquer idade 3(C) 3(C)
Diabetes mellitus (DM) +
nefropatia 3/4* 3/4* 2 3 2
/retinopatia/ neuropatia
Outras doenças vasculares ou
3/4* 3/4* 2 3 2
DM > 20 anos de duração

CAPÍTULO X | 173
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ACO/
aaaaaa
Condições

História de trombose venosa


profunda (TVP) ou de embolia
pulmonar (EP)
Anel vaginal/
Adesivo
transdérmico

4
a
Injetável
mensal

4
PP

2
Injetável
trimestral

2
Implante

Quadro agudo de TVP/ EP


4 4 3 3 3

TVP/ EP em uso de terapia


anticoagulante 4 4 2 2 2
Grande cirurgia c/ imobilização
prolongada 4 4 2 2 2
Mutações trombogênicas
conhecidas 4 4 2 2 2
História/ doença cardíaca 2(I) 2(I)
isquêmica atual 4 4 3(C) 3 3(C)
História/ acidente vascular 2(I) 2(I)
cerebral atual 4 4 3(C) 3 3(C)
Doença valvar cardíaca
complicada 4 4 1 1 1
Lúpus eritematoso sistêmico
com anticorpo antifosfolípide
positivo ou de status
4 4 3 3 3
desconhecido
Lúpus eritematoso sistêmico 3 (I)
com trombocitopenia severa 2 2 2 2 (C) 2
Sangramento vaginal de origem
2 2 2 3 3
inexplicada
Câncer de mama atual 4 4 4 4 4
Câncer de mama passado, sem
evidência de doença atual há 5
3 3 3 3 3
anos
Doença da vesícula biliar
atual ou tratada com
3 2 2 2 2
medicamentos
História de colestase
3 2 2 2 2
relacionada a ACO
Iniciar uso em paciente c/
3/4 3 1 1 1
hepatite viral aguda
Cirrose hepática severa
4 3 3 3 3
(descompensada)
Adenoma hepatocelular 4 3 3 3 3
Hepatoma maligno 4 ¾ 3 3 3
Fenitoína/
Carbamazepina/ Primidona/
Barbitúricos/ Oxcarbazepina 1/2
3 2 3 2
Topiramato
Lamotrigina 3 3 1 1 1
Rifampicina 3 2 3 ½ 2

CAPÍTULO X | 174
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ACO/
aaaaaa
Condições
Anel vaginal/
Adesivo
transdérmico
a Injetável
mensal
PP
Injetável
trimestral

ACO = anticoncepcional oral combinado; PP = pílula de progesterona; I = iniciar; C = continuar


* Avaliar de acordo com a gravidade do problema
Categoria 1 – Método pode ser utilizado sem restrições;
Implante

Categoria 2 – Os benefícios superam os riscos;


Categoria 3 – Os riscos superam os benefícios;
Categoria 4 – Risco inaceitável a saúde
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2015).

Anticoncepcionais hormonais combinados injetáveis


Utilizado em regime mensal, esse método bastante eficaz tem características
semelhantes às do anticoncepcional oral combinado, entretanto, por utilizar um estrogênio
natural associado a uma progesterona sintética, podem existir diferenças quanto a
intensidade dos seus efeitos colaterais. Ademais, ele permite uma rápida recuperação da
fertilidade quando comparado com o injetável trimestral de progesterona, em geral, de 2 a 3
meses após a suspensão da sua administração. As 3 principais formulações encontradas no
Brasil são o Enantato de Noretisterona 50 mg + Valerato de Estradiol 5 mg; o Acetato de
Medroxiprogesterona 25 mg + Cipionato de Estradiol 5 mg e a Algestona Acetofenida 150 mg
+ Enantato de Estradiol 10 mg.

Adesivos transdérmicos
Esse dispositivo funciona a base da absorção cutânea de uma combinação de
etinilestradiol (EE) e de norelgestromina (NGMN), constituindo alternativa para os casos em
que os anticoncepcionais orais combinados se tornam inviáveis, como na vigência de
intolerância gastrointestinal. Quanto ao seu uso, a troca do adesivo deve ser realizada
semanalmente, de forma consecutiva, por 3 semanas e, após findado esse período, deve ser
realizada a retirada do 3º adesivo para aguardar o sangramento de privação. Por conta da sua
via de absorção, esse método pode apresentar redução da eficácia em mulheres que possuem
peso corporal a partir de 90 Kg, não sendo recomendado seu emprego nesse grupo.

Anel vaginal hormonal


Esse anel flexível contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel e tem
como vantagem a ausência da necessidade de uma troca diária. Sua utilização deve ser
realizada de forma contínua por 21 dias, momento no qual deve ser retirado. Após uma pausa
de uma semana, intervalo quando ocorrerá o sangramento mensal, um novo anel deve ser

CAPÍTULO X | 175
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
colocado para que seja dado início a um novo ciclo. É importante ressaltar ainda a necessidade

a
do uso combinado de métodos de barreira durante os primeiros 7 dias após a introdução do
método, a qual deve acontecer do primeiro ao quinto dia do ciclo menstrual.
No tocante aos progestagênios isolados, é importante salientar a existência de
diferentes critérios de elegibilidade para seu uso, também descritos na TABELA 3. As principais
apresentações e formulações disponíveis no país serão mencionadas a seguir:

Pílulas de progestagênios
Também chamado de minipílula, esse método é uma composição que contém baixas
concentrações de progestagênios. No Brasil as principais formulações disponíveis são a base
de acetato de noretisterona, linestrenol, levonorgestrel e desogestrel e o seu uso é feito por
via oral, de forma contínua, devendo ser realizado, no mesmo horário, diariamente, de forma
rigorosa. O fato de não conter um estrogênio o torna viável para ser utilizado em situações
nas quais o contraceptivo hormonal combinado estaria contraindicado, com destaque para
seu uso como alternativa durante a amamentação, momento no qual sua eficácia
contraceptiva é maior. É importante destacar que, após o período de lactação, esse método
torna-se menos eficaz do que grande parte dos demais métodos hormonais.
Ademais, existem algumas distinções entre a pílula que contém desogestrel e as
demais minipílulas, visto que a primeira, capaz de inibir a ovulação na maioria dos ciclos,
possui maior eficácia e permite atrasos de até 12 horas, sem prejuízo a sua ação. Dessa forma,
o produto a base de desogestrel está mais indicado para pacientes fora do período de
amamentação do que os demais anticoncepcionais orais apenas de progestagênio.

Implante subdérmico
Os implantes subdérmicos são contraceptivos a base de progestagênios e constituem
uma alternativa vantajosa para mulheres com contraindicações aos métodos hormonais
combinados. Atualmente, o modelo mais comercializado no Brasil é a base de etonogestrel,
mas estão disponíveis implantes com variadas composições. Esse método também apresenta
a vantagem de grande durabilidade, podendo o modelo de etonogestrel permanecer no
organismo por até três anos. Ele ainda é associado a rápida reversibilidade, com retorno
imediato à fertilidade após a remoção do dispositivo.

CAPÍTULO X | 176
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Trimestral injetável
aaaaaa
a
O principal contraceptivo injetável com composição exclusiva de progestagênio no
Brasil é o acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D). Sua liberação ocorre de
forma lenta e a reaplicação só precisa ser novamente realizada após 90 dias, por via
intramuscular, vantagem no que diz respeito a outros métodos contraceptivos que exigem
maior disciplina da usuária. Tem como vantagens ainda a sua boa eficácia e disponibilidade,
além da indução de amenorreia na maioria das pacientes, após os primeiros anos, recurso que
pode ser utilizado no manejo de condições como menorragia. Ademais, por ser um método
que contém apenas progestagênio, pode ser usado em pacientes com contraindicações ao
estrogênio. Suas principais desvantagens dizem respeito ao possível risco de redução da
densidade mineral óssea e alterações do metabolismo lipídico, além da queixa de ganho de
peso. Podem estar presentes ainda sangramentos irregulares, acne, redução da libido,
cefaleia, entre outras queixas. É importante ressaltar que existe uma demora, em torno de
nove meses, após a descontinuação do método, para a retomada da fertilidade, fator que
deve ser considerado no momento da escolha do contraceptivo.

5. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS
Os dispositivos intrauterinos (DIUs) são objetos flexíveis, de dimensões variadas que,
ao serem inseridos na cavidade uterina, exercem função contraceptiva, podendo ou não
conter a presença de hormônios. Aqui serão abordados o DIU de cobre e o sistema
intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG).

DIU de Cobre
É indicado para mulheres que procuram métodos reversíveis de longa duração, uma
vez que podem permanecer no organismo de 10 (TCu-380 A) a 5 anos (MLCu-375), de acordo
com o modelo utilizado. Esse método pode ser ainda uma alternativa na presença de
contraindicações ao uso de estrogênio ou em situações nas quais o profissional de saúde
identifica um uso inadequado do método atual e orienta a sua substituição. As principais
contraindicações relativas (categoria 3) e absolutas (categoria 4) para introdução desse
método estão dispostas na TABELA 4, segundo os critérios de elegibilidade da Organização
Mundial da Saúde (OMS, 2015):

CAPÍTULO X | 177
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
Tabela 4 – Contraindicações ao uso do diu de cobre
Contraindicações relativas
De ≥ 48 horas a < 4 semanas de
pós-parto
Iniciar o uso em paciente com lúpus
eritematoso sistêmico (LES) associado a
trombocitopenia severa
a Contraindicações absolutas
Gravidez

Sepse puerperal

Iniciar o uso em paciente com câncer Iniciar o uso em paciente c/ sangramento


ovariano vaginal de origem inexplicada
Doença trofoblástica gestacional com níveis Doença trofoblástica gestacional maligna ou
decrescentes ou indetectáveis de β-hCG com níveis persistentemente elevados de β-
hCG
Iniciar o uso em paciente com risco Imediatamente após aborto séptico
aumentado para ISTs
Iniciar o uso em paciente nos estágios Iniciar o uso em paciente com câncer cervical
clínicos 3 ou 4 de HIV (OMS) ou endometrial
Manutenção do dispositivo na presença de Miomas com distorção da cavidade uterina
tuberculose pélvica
Anormalidades anatômicas com distorção da
cavidade uterina
Iniciar o uso em paciente com doença
inflamatória pélvica (DIP) atual
Iniciar o uso na presença de cervicite
purulenta ou infecção atual confirmada por
clamídia ou gonorreia
Iniciar o uso na presença de tuberculose
pélvica
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2015).

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FINOTTI, 2015)


traz ainda, com relação ao uso do método, a alergia ao cobre como contraindicação absoluta
e a imunodepressão, por estágios avançados de HIV ou decorrente do uso de corticoides,
como contraindicação relativa.
Entre seus possíveis efeitos colaterais estão alterações no ciclo menstrual, incluindo o
aumento da intensidade e duração do fluxo, presença de sangramentos de escape, bem como
aumento da dismenorreia. Dessa forma, pode ser necessária a procura por alternativas
naquelas pacientes com queixas prévias relacionadas.

Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG)


Os sistemas intrauterinos liberadores de levonorgestrel são dispositivos de longa
duração e de elevada taxa de eficácia que atuam localmente, levando a atrofia endometrial.
Uma das consequências do seu mecanismo de ação é a amenorreia ou oligomenorreia,

CAPÍTULO X | 178
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
resultado que pode ser útil no manejo de determinadas condições associadas a menorragia e
algumas causas de sangramento uterino anormal.
a
Atualmente, estão disponíveis, no mercado brasileiro, dois dispositivos intrauterinos
hormonais: o DIU Mirena® e o DIU Kyleena®, cujas diferenças de maior relevância residem nas
suas dimensões e dosagens hormonais. Algumas das principais características de ambos os
dispositivos estão expostas na TABELA 5.

Tabela 5 – Principais diferenças entre os Sius Kyleena® e Mirena®


Kyleena® Mirena®
Contracepção por até 5 anos,
Contracepção por tratamento de sangramento uterino
Indicações até 5 anos anormal idiopático, proteção
endometrial durante a terapia de
reposição de estrogênio
Índice de Pearl 0,29* 0,20
Quantidade total de 19,5 mg 52,0mg
levonorgestrel (LNG)
Taxa média de liberação de 12 µg/24 horas 20 µg/ 24 horas
LNG in vivo durante o
primeiro ano de uso
Tamanho da estrutura em T 28 mm x 30 mm 32 mm x 32mm
Espessura 1,55 mm 1,90 mm
Diâmetro do tubo de 3,8 mm 4,4 mm
inserção
*Índice de Pearl em 5 anos
Fonte: Adaptado de CHAPLIN (2018), GEMZELL-DANIELSSON et al. (2017), KYLEENA® (2020),
MIRENA® (2013).

O procedimento para a sua colocação é semelhante ao utilizado para a inserção do DIU


de cobre, mas é importante que o profissional responsável por sua realização passe por
treinamento adequado, considerando as particularidades de cada dispositivo. Ademais,
alguns efeitos adversos e complicações, apesar de bastante infrequentes, podem ocorrer após
sua inserção, como sangramentos anormais, dor, perfuração uterina, infecções, gravidez
ectópica e tópica e expulsão do dispositivo, e devem ser discutidos com a paciente
previamente, de forma a orientá-la a procurar por ajuda na suspeita ou vigência dessas
ocorrências.
Por fim, as principais contraindicações relativas (categoria 3) e absolutas (categoria 4)
para introdução desse método estão dispostas na TABELA 6, segundo os critérios de
elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015).

CAPÍTULO X | 179
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
Tabela 6 – Contraindicações ao uso dos sistemas intrauterinos liberadores de levonorgestrel*
Contraindicações relativas
De ≥ 48 horas a < 4 semanas de
pós-parto
Quadro agudo de trombose venosa profunda
(TVP) ou de embolia pulmonar
a Contraindicações absolutas
Gravidez

Sepse puerperal

Manutenção do dispositivo em pacientes Imediatamente após aborto séptico


com doença cardíaca isquêmica
atual/histórico positivo
Lúpus eritematoso sistêmico com anticorpo Iniciar o uso em paciente com sangramento
antifosfolípide positivo ou de status vaginal de origem inexplicada
desconhecido
Manutenção do dispositivo em pacientes Doença trofoblástica gestacional maligna ou
com enxaqueca com aura, em qualquer com níveis persistentemente elevados de β-
idade hCG
Doença trofoblástica gestacional com níveis Iniciar o uso em paciente com câncer cervical
decrescentes ou indetectáveis de β-hCG ou endometrial
Paciente com câncer de mama no passado, Paciente com câncer de mama atual
sem histórico de doença atual por 5 anos
Iniciar o uso em paciente com câncer Mioma com distorção da cavidade uterina
ovariano
Iniciar o uso em paciente com risco Anormalidades anatômicas com distorção da
aumentado para ISTs cavidade uterina
Iniciar o uso em paciente nos estágios Iniciar o uso em paciente com doença
clínicos 3 ou 4 de HIV (OMS) inflamatória pélvica (DIP) atual
Manutenção do dispositivo na presença de Iniciar o uso na presença de cervicite
tuberculose pélvica purulenta ou infecção atual confirmada por
clamídia ou gonorreia
Cirrose hepática severa (descompensada) Iniciar o uso na presença de tuberculose
pélvica
Adenoma hepatocelular ou hepatoma
(maligno)
* SIU-LNG (20 μg/24 hours)
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2015).

6. DE EMERGÊNCIA
A anticoncepção de emergência (AE) diz respeito aos métodos utilizados em caso de
relação desprotegida que poderia ocasionar uma gestação indesejada, como intercurso sexual
não planejado, percepção de falha do método em uso ou violência sexual. Diante disso, é
importante frisar que esse método não deve ser empregado de forma regular, substituindo
outros contraceptivos, uma vez que se mostra menos eficaz a longo prazo, além de
apresentar, com frequência, efeitos secundários indesejáveis.
É essencial ainda, que sejam desmistificadas ideias equivocadas como a de que a AE
seria abortiva, motivo pelo qual ainda existe receio quanto aos seu uso e prescrição. Também

CAPÍTULO X | 180
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
é importante trazer esclarecimentos quanto a ausência de proteção contra ISTs oferecida pela

a
AE, o que pode tornar necessário acompanhamento adicional e a oferta de profilaxias pós-
exposição. As principais formas atuais aceitáveis de oferecer a AE são:

Método Yuzpe
Essa técnica corresponde à utilização de altas doses de contraceptivos orais
combinados. O esquema consiste na ingestão de duas doses iguais, com intervalo de 12 horas,
de 100 mcg de etinilestradiol e 500 mcg de levonorgestrel, somando em dose total de 0,2 mg
de etinilestradiol e 1 mg de levonorgestrel. A primeira dose deve tomada o mais rapidamente
possível, após a atividade sexual e, preferencialmente, até 72 horas desta.

Contraceptivo isolado de levonorgestrel


Esse esquema, atualmente oferecido pelo Ministério da Saúde, consiste na utilização
de uma dose de 1,5 mg de levonorgestrel, em dose única ou dividida em duas doses de 0,75
mg, com intervalo de 12 horas entre elas. Geralmente, dá-se preferência à dose única,
facilitando a adesão e evitando a não administração da segunda dose por motivo de
esquecimento. Essa alternativa apresenta maior eficácia e menos efeitos colaterais quando
comparada ao método Yuzpe.

DIU de cobre
Naquelas pacientes que apresentam desejo de iniciar o uso de um dispositivo
contraceptivo de longa duração, o DIU de cobre é considerado uma alternativa viável. Ele pode
ser inserido até 120 horas após a relação sem proteção.

7. MÉTODOS DEFINITIVOS
Indivíduos que não desejam filhos ou já possuem prole constituída podem optar por
buscar os métodos cirúrgicos definitivos. Essa opção demanda sensibilidade por parte do
profissional de saúde quanto a orientação da pessoa ou núcleo familiar que a procura, sendo
seu dever fundamental fornecer o total esclarecimento quanto a irreversibilidade dos
métodos. Também é dever da equipe multidisciplinar o fornecimento de informações quanto
a existência de outros métodos contraceptivos e a garantia do consentimento esclarecido dos
envolvidos.

CAPÍTULO X | 181
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
Segundo a legislação brasileira (BRASIL, 1996), a esterilização voluntária é permitida

a
para homens e mulheres, com capacidade civil plena, com idade maior que 25 anos ou, pelo
menos, dois filhos vivos ou nos casos em que há risco comprovado à vida ou à saúde da mulher
ou do futuro concepto. Para pessoas do sexo feminino, o procedimento é vetado durante a
gestação e durante os dois meses após o parto ou aborto.
Os procedimentos disponíveis para a esterilização cirúrgica são a ligadura das trompas
(laqueadura ou ligadura tubária) e a ligadura dos canais deferentes (vasectomia). Por seu
caráter mais simples e pela possibilidade de ser realizada ambulatorialmente, a vasectomia é
o procedimento de primeira escolha, nos casos em que há aceitação por parte do indivíduo
do sexo masculino.

8. MANEJO
Por conta da diversidade de métodos disponíveis, é essencial que sejam levadas em
conta as diversas variáveis envolvidas no processo de prescrição dos métodos contraceptivos.
Durante a anamnese dos pacientes, deve-se considerar os fatores e condições pré-existentes
que atuem como contraindicações a utilização de certos métodos, bem como a presença de
possíveis dificuldades ou equívocos na utilização de atuais ou futuros anticoncepcionais, com
destaque para aqueles que dependem da disciplina dos envolvidos e da sua adesão para uma
máxima eficácia. Também é relevante a compreensão de fatores psicológicos, culturais e
religiosos e aspirações reprodutivas que possam interferir no processo de escolha, além dos
objetivos que aquele indivíduo ou família buscam atingir com a adoção de determinado
método.
No tocante ao exame físico, a realização do exame ginecológico não é imperativa para
a prescrição de métodos contraceptivos, mas é importante que sejam identificadas e tratadas
possíveis alterações patológicas, antes da introdução do método, principalmente quando seu
uso envolve contato direto com a genitália. Também se recomenda a aferição da pressão
arterial quando se lança mão de métodos contendo estrogênio em sua composição,
objetivando a avaliação de distúrbios hipertensivos. A realização de exames complementares
laboratoriais e de imagem também não é mandatória para a sua iniciação em pacientes
hígidas.

CAPÍTULO X | 182
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
Ressalta-se ainda, que, no momento de escolha entre os diferentes métodos, é de

a
fundamental importância que sejam considerados e discutidos com os pacientes os seus
valores de eficácia, expostos na TABELA 7. A eficácia diz respeito as taxas de falha de um
método, em um determinado período, e o índice mais frequentemente empregado para
expressá-la é o índice de Pearl, cujo cálculo se dá da seguinte forma:

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 × 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 × 100 (𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠)


Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑎𝑟𝑙 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜
Tabela 7 – Tabela de eficácia dos métodos contraceptivos (taxa de gravidez por 100 mulheres no
primeiro ano de uso)
Método Uso consistente e correto Uso típico e rotineiro
Nenhum 85 85
Muco cervical 4 14
Coito interrompido 4 20
Lactação e amenorreia (LAM) – 6 0,9 2
meses
Preservativo feminino 5 21
Preservativo masculino 2 13
Diafragma com espermicida 16 17
AOC 0,3 7
Injetável combinado 0,05 3
Adesivo cutâneo combinado 0,3 7
Anel vaginal hormonal 0,3 7
Oral de progesterona 0,3 7
Implantes 0,1 0,1
Injetável de progesterona 0,2 4
DIU de cobre 0,6 0,8
Esterilização feminina 0,5 0,5
Esterilização masculina 0,1 0,15
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2018).

9. CASO CLÍNICO
Paciente, sexo feminino, 40 anos, tabagista 20 cigarros/dia. Nega gestações anteriores
e nega desejo de constituir prole. Procura o serviço na UBS com desejo de utilizar
contraceptivo oral combinado, afirmando possuir múltiplos parceiros e relatando insegurança
com o uso isolado do preservativo. Refere enxaqueca com aura recorrente há 6 meses e nega
outras comorbidades e história de eventos tromboembólicos na família.

CAPÍTULO X | 183
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
QUESTÕES PROPOSTAS
aaaaaa
a
1. Quanto a viabilidade da utilização de um contraceptivo oral combinado nesse caso:
a. Ausência de prole constituída é contraindicação relativa.
b. Idade ≥ 35 anos e consumo de ≥ 15 cigarros por dia é contraindicação absoluta.
c. Idade ≥ 40 anos é contraindicação relativa.
d. Para a prescrição desse método é sempre necessária a realização de exames
complementares para pesquisa de trombofilias.
e. A enxaqueca com aura não contraindica o uso desse método.
2. Sobre outros métodos contraceptivos e sua viabilidade, assinale a alternativa correta:
a. A paciente não atenderia os critérios para laqueadura tubária, uma vez que possui
menos de 2 filhos.
b. A dose diária de 1,5 mg de levonorgestrel isolado seria uma alternativa viável.
c. O uso isolado de um diafragma com espermicida ofereceria a proteção almejada.
d. A paciente atenderia aos critérios para a colocação de um DIU de cobre.
e. A carga tabágica da paciente inviabiliza o uso de métodos isolados de progesterona.
3. Com relação ao caso, qual das alternativas abaixo contém contraindicação para a
manutenção de um sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG)?
a. Ausência de prole constituída.
b. Enxaqueca com aura
c. Idade acima de 40 anos
d. Tabagismo ≥ 15 cigarros dia
e. Ausência de gestação anterior
Gabarito: 1.B; 2.D; 3. B

CAPÍTULO X | 184
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
FLUXOGRAMA
aaaaaa
a
FIGURA 1 – Anticoncepção na atenção primária à saúde

REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o §7º do art. 226 da Constituição
Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15/1/1996. Seção, página 561.

BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres / Ministério
da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da Saúde,
2016. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/protocolo_saude_mulher.pd
f. Acesso em: 29.11.2020.

BRASIL, Ministério da Saúde. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde,
2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf .
Acesso em: 29.11.2020

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da


Mulher. Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico/Secretaria de Políticas
de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher – 4 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

CHAPLIN, Steve. Kyleena: a new five-year levonorgestrel-releasing ius. Prescriber, [S.L.]: [s.n.],
2018. p. 34-35. v. 29, n. 4. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1002/psb.1666. Acesso
em 29.11.2020.

CAPÍTULO X | 185
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
DUNCAN, B.B.; SCHMIDT, M. I.; GIUGLIANI, E.R.J. (org.). Medicina Ambulatorial: Medicina

Alegre: Artmed, 2013.


a
Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto

FERNANDES, César; SÁ, Marcos, (eds). Tratado de Ginecologia. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.

FINOTTI, Marta. Manual de anticoncepção. São Paulo: Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015.

FREITAS, Fernando. et al. Rotinas em ginecologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011

GEMZELL-DANIELSSON K., et al. Evaluation of a new, low-dose levonorgestrel intrauterine


contraceptive system over 5 years of use. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. [S.L.]:
[s.n.], 2017. 210-28.

GUSSO, Gustavo; LOPES, José; DIAS, Lêda (org.). Tratado de Medicina de Família e
Comunidade: Princípios, Formação e Prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

KYLEENA ®.: Levonorgestrel. [bula de medicamento]. Responsável Técnico: Dirce Eiko


Mimura. Turku – Filândia: BAYER, 2020.

MIRENA ®.: Levonorgestrel. [bula de medicamento]. Responsável Técnico: Dirce Eiko Mimura.
Turku – Filândia: BAYER, 2013.

PETTA, Carlos Alberto; BASSALOBRE, Daniela Fink Hasan; ALDRIGHI, José Mendes.
Anticoncepção Hormonal: Injetáveis e Implantes Subdérmicos. In: ALDRIGHI, José
Mendes; PETTA, Carlos Alberto (Ed.). Anticoncepção: aspectos contemporâneos. São
Paulo: Atheneu, 2005. p.107-119

SANCHES, Mário Antônio; SIMAO-SILVA, Daiane Priscila. Planejamento familiar: do que


estamos falando? Rev. Bioét., Brasília: [s.n.], 2016. p. 73-82. v. 24, n. 1. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
80422016000100073&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 11.11.2020.

SPEROFF, L.; DARNEY, P.D. Intrauterine Contraception. In: A clinical guide for contraception.
Third Edition. Lippincott Williams & Wilkins. [S.L.]: [s.n.], 2001. P.221-258.

VIGO, Francieli; LUBIANCA, Jaqueline Neves; CORLETA, Helena von Eye. Progestógenos:
farmacologia e uso clínico – Revisão. Femina. [S.L.]: [s.n.], 2011. v. 39, n. 3.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Medical eligibility criteria for contraceptive use. 5 ed.
Geneve: [s.n.], 2015. Disponível em: <
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/181468/1/9789241549158_eng.pdf>.
Acesso em: 29.11.2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Selected practice recommendations for contraceptive use.


Geneva: WHO, 2016. Disponível em:
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/252267//1/9789241565400-eng.pdf?ua=1.
Acesso em: 29.11.2020.

CAPÍTULO X | 186
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
aaaaaa
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Department of Reproductive Health and Research

a
(WHO/RHR) and Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health/Center for
Communication Programs (CCP), Knowledge for Health Project. Family Planning: A
Global Handbook for Providers (2018 update). Baltimore and Geneva: CCP and WHO,
2018.

CAPÍTULO X | 187
CONDUTAS CLÍNICAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

View publication stats

Você também pode gostar