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Resumo: Empreender é colocar em prática uma atividade seja ela desperta por um
sonho ou por uma necessidade, visto isso inúmeras pessoas buscam no
empreendedorismo a sua realização pessoal, a perspectiva de obter ganhos
financeiros maiores ou até mesmo uma saída para gerar receita e com isso ter o
seu sustento próprio. A ação empreendedora pode surgir em vários períodos na
vida de um indivíduo, particularmente em momentos de crise algumas boas ideias
nascem e se tornam um negócio de sucesso. Para abordar o tema
empreendedorismo no século XXI, a pandemia pelo Covid-19 serve como
referência, demonstrando como profissionais criaram novos negócios ou
aprimoraram suas empresas para superarem o período de tensão sanitária e
econômica. Através de uma pesquisa bibliográfica, com levantamento de dados
secundários e com o suporte de uma pesquisa exploratória o tema é discutido
cientificamente para assegurar a explanação sobre o assunto.
Abstract: To undertake is to put in practice an activity that can start through a dream
or a necessity, seen this way lots of people search in the entrepreneurship the self
realization, the perspective to achieve better financial levels or even thought a way to
get more revenue and with this have their own sustenance. The action of undertake
can appear in many periods of a person’s life, particularly in crises moments some
good ideas born and become a success business. To approach the theme
entrepreneurship in the 21st century, the pandemic of Covid-19 serves as reference,
showing how professionals create new business or improve their companies to pass
through the period of sanitary and economic tension. Through a bibliographic
research, with secondary data collection and with the support of an exploratory
research the theme is scientifically discussed to secure the explanation about the
subject.
Introdução
Sendo assim, seja pela acirrada disputa de mercado com produtos chineses
ou em decorrência da automação industrial, muitos indivíduos acabam ficando
desempregados e recorrerem ao empreendedorismo como forma de gerarem
receita e terem o seu sustento próprio. Para Lenzi (2009, p. 6) “o fato é que o
empreendedorismo configura-se como o principal fator de desenvolvimento
econômico e social de um país”.
Muitas vezes empreender é a única solução de trabalho para muitos
profissionais independente do seu grau de instrução, sejam eles portadores de um
diploma acadêmico, analfabetos ou apenas com formação no ensino fundamental
ou médio. Para Vale, Corrêa e Reis (2014), observa-se no mundo um tipo de
desemprego estrutural de maneira crescente bem como a presença de um tipo de
empreendedor que é movido pela necessidade de sobrevivência, estes indivíduos
muitas vezes sem condições de se inserir adequadamente no mercado formal de
trabalho acabam por desempenharem alguma atividade empreendedora.
É o caso do empreendedor Geraldo Rufino que começou ainda quando
criança catando latinhas em um aterro sanitário do bairro onde ele morava na
cidade de São Paulo, com o tempo ele foi percebendo as oportunidades de mercado
e em dado momento da sua vida constituiu a sua própria empresa especializada em
desmontagem veicular (RUFINO, 2015).
A economia globalizada e a alta competitividade no mundo do trabalho
atualmente faz com que o empreendedorismo seja uma atividade cada vez mais
presente impulsionando e estimulando mudanças econômicas (GEM, 2007).
Portanto, há a descentralização das atividades econômicas que não ficam apenas
restritas às grandes empresas e o seu grupo de funcionários, existe também os
micros e pequenos empresários que mantém a economia local ativa com as suas
atividades empreendedoras, produzindo produtos e serviços dentro do países e
também comercializando-os em território nacional.
“Nos últimos anos, apesar do fraco desempenho do PIB, entre 2014 e 2017,
a criação anual de novos MEI manteve-se robusta, próximo à casa de 1 milhão de
novos MEI/ano” (SEBRAE, 2018, p. 8). O MEI (Microempreendedor Individual)
caracteriza-se por ser um registro de uma pessoa jurídica, porém de maneira
descomplicada proporcionando benefícios diversos para que o cidadão
empreendedor tenha a sua atividade profissional formalizada (PORTAL DO
EMPREENDEDOR, 2020).
Os autores Longenecker, Moore e Petty (2007) destacam que um
empreendedor precisa investir na criação de um negócio que ele acredita ser
inovador e criativo, sendo assim os resultados serão mais positivos. Ou seja,
mesmo que o setor de alimentação, por exemplo, seja ocupado por diversas
pequenas, médias e grandes empresas, sempre haverá espaço para uma nova
opção de produção, venda e consumo de comida desde que esta traga um
diferencial competitivo na sua concepção.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA,
2019) o setor alimentício no ano de 2018 no Brasil criou 13 mil novos postos de
trabalho e manteve-se como o maior gerador de empregos diretos no país
contabilizando 1,6 milhão. Para Klafke (2017) o setor de alimentos tem como
característica uma grande concentração de empresas, contabilizando 69% dos
empreendimentos iniciais relacionados a serviços orientados para o consumidor
com venda direta ao cliente final no Brasil.
Klafke (2017) ainda corrobora dizendo que os empreendedores iniciais optam
por negócios ligados a gastronomia, seja abrindo restaurantes, lancherias, bares,
padarias ou atuando como ambulantes, representando assim 25% das escolhas
mercadológicas. Por a comida ser um produto de consumo essencial para os seres
humanos, quando um indivíduo escolhe empreender como meio de sobrevivência
muitos optam por atuar no ramo da alimentação visto o retorno mais rápido dos
seus investimentos e também certa garantia no volume de vendas dado a
necessidade da população se alimentar.
Para Calicchio et al (2019, p. 65) "os brasileiros tendem a ser
empreendedores: Mais de 39% da população economicamente ativa trabalham em
iniciativas empreendedoras". Os autores ainda afirmam que a maior parte das
startups criadas no país têm como foco os serviços profissionais, a tecnologia, a
mídia, as telecomunicações e a tecnologia financeira.
Os serviços de tecnologia no Brasil representam outro importante segmento
empresarial, aquém do ramo da alimentação, cujo os empreendedores percebem
boas oportunidades de trabalho visto os avanços tecnológicos e a necessidade de
atender às urgências e carências da população, as quais podem ser em parte
sanadas por meio das tecnologias que fornecem benefícios como praticidade no dia
a dia dos indivíduos, sobrepõe barreiras de tempo e espaço com o uso de um
aparelho de celular inteligente conectado a internet, dentre outros aspectos.
Cavararo (2009) destaca que o setor de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) brasileiro no ano de 2006 era composto por 65.754 empresas
as quais eram integradas por 673.024 pessoas, além disso entre os anos 2003 e
2006 foi registrado um aumento de 18,3% no número de empresas e de 40,7% no
número de pessoas ocupadas. Tais dados demonstram a representatividade da TIC
como opção para se empreender no país.
1
Hoje a missão do Me Poupe!, primeira plataforma de entretenimento financeiro do Brasil e também
o maior canal de finanças pessoais do mundo, é oferecer de graça educação financeira ao maior
número possível de pessoas e tirar milhões de brasileiros da inércia financeira (ARCURI, 2020).
consequência estariam consumindo de um pequeno empreendedor e ajudando ele
a manter o fluxo de caixa no período de crise.
“Em momentos de crise é natural que haja insegurança, medo e até
desânimo, especialmente em relação aos negócios. No entanto, esses momentos
são propícios para que ocorram mudanças, a partir de ações criativas e
inovadoras,que direcionam as pessoas ao empreendedorismo" (FIALHO et al, 2018,
p. 149). Em dado momento uma crise pode se apresentar como oportunidade de
negócio para muitos cidadãos que estão desempregados e necessitando de uma
renda extra, afinal mesmo em períodos adversos boas ideias podem ser
implementadas, crescerem e perdurarem mesmo após a crise passar como um
negócio de sucesso.
Na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, empresários do
município repensaram as estratégias de trabalho para sofrerem menos impacto
diante da crise que se agravava por conta da pandemia e até começaram a gerar
oportunidades de empregos, um empresário local reinventou a sua empresa que até
então trabalhava com a confecção de peças de kimono e passou a produzir
máscaras para a proteção contra o vírus (ARAUJO, 2020). Tal atitude demonstra a
percepção de necessidade do mercado e oportunidade de ajustar o seu negócio
para continuar funcionando durante o período de recesso, atendendo ao
consumidor, mantendo os colaboradores empregados e gerando renda.
Diversas instituições tiveram que remodelar de maneira viável e inteligente a
forma como atuam no mercado e diante da comunidade para que as suas atividades
pudessem continuar ocorrendo sem interferir nos decretos governamentais acerca
do distanciamento social, e outro exemplo de reposicionamento diz respeito às
congregações religiosas. Na cidade de Farroupilha, município do estado do Rio
Grande do Sul, o Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravággio teve de
fechar as suas portas para evitar aglomerações, porém as missas ocorreram
diariamente com transmissão aberta pela internet para todo o público, assim os fiéis
podiam acompanhar de suas casas através das redes sociais a celebração religiosa
conduzida pelos padres (MULLER, 2020).
As instituições de ensino também ajustaram a sua oferta educacional,
disponibilizando para os estudantes o ensino a distância que ocorre por meio da
internet e das tecnologias (TV, rádio, computador, celular, tablet) ao invés das aulas
tradicionalmente presenciais que por ora haviam sido canceladas. Em relação a
educação básica
Considerações finais
Empreender não é uma tarefa fácil, mesmo que o ato comece por um sonho
a ser posto em prática ou por uma necessidade de sobrevivência, afinal diversos
são os contratempos que o empreendedor terá de enfrentar no mercado para que o
seu negócio seja um sucesso e se perpetue. Para tanto, utilizar da criatividade,
buscar sempre inovar e ter um diferencial competitivo são pressupostos que podem
trazer benefícios para que um novo empreendimento se destaque diante do
público-alvo.
De acordo com Baggio e Baggio (2014, p. 26) “os brasileiros são vistos por
muitos autores como potenciais empreendedores. A cultura do Brasil é a do
empreendedor espontâneo. Este está onipresente. Ele só precisa de estímulo, como
uma flor precisa do sol e um pouco de água para brotar na primavera”. E foi esta a
conclusão que a pesquisa nos trouxe, que muitas vezes os indivíduos decidem
empreender quando algo inesperado acontece nas suas vidas pressionando-os a
tomar uma decisão: ter uma boa ideia de negócio e investir nela ou amargar perdas
financeiras.
Identificou-se ao longo da narrativa que alguns setores como o da
alimentação e da tecnologia são os mais procurados pelos empreendedores com o
objetivo de iniciarem um novo negócio, obter retorno dos seus investimentos e
atender a demanda crescente. Além disso, o comércio local e nacional representa
uma parte significante da economia de um país, ademais é preciso ter empresas
espalhadas pelo mundo todo que sejam independentes de uma nação específica,
como por exemplo, a extrema dependência mundial por mercadorias oriundas da
China que em épocas de escassez acabam por faltarem em demais continentes.
Para compor o tema empreendedorismo no século XXI, a pandemia pelo
Covid-19 esclareceu que diversas empresas foram negativamente impactadas pela
quarentena, pela crise na saúde e como consequência pela crise na economia.
Entretanto, alguns profissionais usufruíram de oportunidades durante esse período e
tiveram a chance de começarem o seu próprio negócio ou direcionarem as ações da
sua empresa para um novo foco, que foi o exemplo das instituições de ensino que
migraram para a modalidade EaD em época de isolamento social.
Por fim, espera-se que os estudos acerca do empreendedorismo continuem
para que novas perspectivas sejam analisadas, bem como a avaliação de como
uma crise pode prejudicar algumas empresas e proporcionar oportunidades de
negócios para outras. Questiona-se para futuras pesquisas se: a oportunidade
existe para todas as pessoas e instituições, basta ter criatividade e usar do fator
inovação, ou em determinadas circunstâncias algumas empresas e indivíduos serão
de fato prejudicados?
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