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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Etiologia ......................................................................... 5
3. Abordagem diagnostica.........................................11
4. Exames complementares......................................21
5. Diagnóstico diferencial ..........................................25
6. Tratamento .................................................................28
Referências bibliográficas .........................................32
DOR LOMBAR 3

1. INTRODUÇÃO sendo composta por tecido conjun-


tivo e por vértebras, as quais es-
A coluna vertebral, também chama-
tão sobrepostas. Superiormente, se
da de espinha dorsal, estende-se do
articula com o osso occipital e infe-
crânio até a pelve e é responsável por
riormente articula-se com o osso do
dois quintos do peso corporal total,
quadril.

Vista
Vista Vista
lateral
anterior esquerda posterior
Atlas (C1) Atlas (C1)
Áxis (C2) Áxis (C2) Vértebras
cervicais
C7 C7
T1 T1

Vértebras
torácicas

T2
T2
L1
L1
Vértebras
lombares

L5
L5

Sacro Sacro (S1-5)


Sacro (S1-5)
(S1-5)
Cóccix Cóccix Cóccix

Figura 1. Coluna vertebral. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 6ed. Porto Alegre: Artmed (2015)

Tem como funções proteger a me- pélvica e os músculos do dorso e pro-


dula espinhal e os nervos espinhais, porcionar flexibilidade para o corpo.
suportar o peso do corpo, fornecer A coluna vertebral é dividida em qua-
um eixo parcialmente rígido e flexível tro regiões: cervical, torácica, lombar
para o corpo e um pivô para a cabe- e sacro-coccígea, sendo composta
ça, exercer um papel importante na de 7 vértebras cervicais, 12 torácicas,
postura e locomoção, servir de ponto 5 lombares, 5 sacrais e cerca de 4
de fixação para as costelas, a cintura coccígeas.
DOR LOMBAR 4

de 1 % dos pacientes acometidos


apresentam comprometimento de-
finitivo da capacidade laboral.
Cervical
CONCEITO! A lombalgia é definida
como dor, sensação de tensão muscular
ou rigidez que ocorre abaixo da margem
costal, mas acima da região glútea. Po-
dendo ser dividida em lombalgia aguda,
com duração inferior a 12 semanas e
Torácico crônica, quando a duração for maior que
esse período.

Pode ser acompanhada ou não de


dor em membros inferiores, denomi-
nada então como ciatalgia. Cerca de
Lombar
70 a 80% dos adultos apresentam
essa queixa durante a vida, cujas
estatísticas variam entre 15 e 53%
Sacro- de incidência da queixa em um ano,
coccígeo dependendo da população estudada.
A incidência de ciatalgia associada
é bem menor, com cerca de 5% ou
menos da população apresentando o
Figura 2. Divisão da coluna vertebral. Fonte: https://bit. sintoma. O diagnóstico anatomopato-
ly/3eWriCo lógico preciso não pode ser realizado
em cerca de 85% dos pacientes com
Uma condição dolorosa comum que queixas agudas e 60% dos pacientes
afeta a parte inferior da coluna é a com queixa crônica.
lombalgia, que representa a segunda A associação de sintomas com resul-
causa mais comum de dor relatada tados de exames de imagem é extre-
na literatura, perdendo apenas para mamente pobre. A queixa é mais pre-
cefaleia. Consiste em um dos prin- valente na população adulta a partir
cipais motivos de procura ao depar- dos 35 anos de idade e possui alguns
tamento de emergência, totalizando fatores de risco para o aparecimento,
cerca de 5% das consultas e é a se- como descrito abaixo:
gunda maior causa de absenteísmo
nos Estados Unidos, sendo que cerca
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FLUXOGRAMA 1-FATORES DE RISCO PARA LOMBALGIA

Aumento de idade Obesidade ou IMC aumentado

Esforço físico Tabagismo

Postura estática
Escoliose severa
por longos períodos

Fatores psicossociais, como


Abuso de drogas
depressão e insatisfação com o trabalho

2. ETIOLOGIA
SE LIGA! É de grande importância sa-
lientar que cerca de 4% dos pacientes A dor lombar pode ser subdividi-
com queixa de lombalgia em atendi- da em quatro tipos localizada, irra-
mento primário apresentam fraturas de diada, referida e mecânica. Os pa-
compressão, e cerca de 1 % apresentam
cientes com dor lombar aguda, mais
tumores. Outras causas importantes de
risco no departamento de emergência frequentemente os que apresentam
incluem processos infecciosos como in- aumento de tensão nos músculos pa-
fecções espinhais; contudo, são menos raespinhais relacionado à atividade
comuns.
física, como levantar pesos, podem
sofrer de avulsão dos ligamentos ten-
díneos desses músculos em relação
a estruturas ósseas. Alguns aspec-
tos na apresentação são importan-
tes de serem abordados, pois podem
ser indicativos de etiologias de maior
gravidade.
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FLUXOGRAMA – CLASSIFICAÇÃO DA LOMBALGIA

LOMBALGIA

Localizada Irradiada Referida Mecânica

Mediada primariamente
pelo ramo posterior do Mediada pelos Causada por processos que
Degenerações
nervo espinhal e nervos nervos espinhais acometem vísceras Estruturas musculares
discais e articulares
sinovertebrais

Dor aguda, aumento


Compressão, inflamação ou Atingem abdome e Trauma/esforço
de tensão, relacionada a Osteoartrose
combinação de ambos retroperitônio Lesões de estiramento
atividade física Espondilose
Ciatalgia e glúteos

Herniação discal,
Avulsão ligamentos
degeneração e inflamação
tendíneos musculares em
das facetas articulares
relação a estrutura óssea
e espondilose
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Os pacientes com lesão medular têm são frequentemente associados com


quadro inicial de paralisia flácida e discopatias e radiculopatias.
achados geralmente bilaterais. Após As etiologias mecânicas também en-
algumas semanas, o paciente passa volvem patologias degenerativas dis-
a apresentar quadro de espasticida- cais e articulares. Em condições nor-
de. Já em lesões do neurônio motor mais, o disco intervertebral não é
inferior ocorre paralisia flácida com suscetível à dor, exceto se condições
perda de reflexos. Com o passar do degenerativas ocorrerem por invasão,
tempo ocorre uma desnervação pro- compressão e irritação de estruturas
gressiva com aparecimento de fasci- contíguas por transmissão de pres-
culações e atrofia. são ou extrusão do disco degenerado.
Dentre as causas mecânicas, as mais
comuns envolvem estruturas muscu- SE LIGA! A maior parte das etiologias
lares por trauma direto ou esforços de lombalgia no serviço de emergência
dessa musculatura, com sobrecarga e não representa quadros de alto risco.
desenvolvimento da chamada síndro- Apenas 4% dos pacientes apresen-
tam quadros de compressão medular e
me miofascial e as lesões de estira- menos de 1% apresentam quadros de
mento. Os músculos geralmente en- neoplasias.
volvidos incluem o quadrado lombar,
iliopsoas, iliocostal, longo e espinhal e,
caso estiver associada ciatalgia, pode Em pacientes idosos, a causa mais
haver envolvimento do glúteo mínimo, comum de lombalgia é a osteoartro-
glúteo médio, glúteo máximo e tensor se de coluna lombar e em agudiza-
da fáscia lata. Os casos de ciatalgia ções pode ocorrer ciatalgia associada.

NORMAL ARTROSE

Disco Osteófito

Nervo
Disco
desidratado
Vértebra

Figura 3. Osteoartrose de coluna lombar.


Fonte: https://bit.ly/3eUXTID
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Outra alteração degenerativa que particular das articulações interface-


evolui com lombalgia é a espon- tárias, que são semelhantes às arti-
dilose, que representa o desgaste culações sinoviais, apesar de proces-
das articulações intervertebrais, em so inflamatório associado.

SAIBA MAIS!
A espondilose representa um processo natural degenerativo e por volta de 80 anos de idade
100% dos indivíduos evoluem com algum grau de espondilose e aos 50 anos 60% das mu-
lheres e 80% dos homens apresentam osteófitos na radiografia, mas a presença de espondi-
lose em exames de imagem tem pobre correlação com sintomas de dor lombar.

Figura 4. Coluna lombar com osteófitos. Fonte: https://bit.ly/2Y83ioX

Entre as etiologias, a dor lombar pode


ser de origem mecânica, infecciosa,
inflamatória, endócrina, neoplásica
ou referida, como visto abaixo:
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FLUXOGRAMA – ETIOLOGIAS DA LOMBALGIA

ETIOLOGIAS

Endocrino-
Mecânica Infecciosas Inflamatórias Tumorais Referida
lógicas

Patologias
Estruturas degenerativas Espondilite Neuropatia Intradurais/
Sarcoidose Vascular Genito-urinário Gastrointestinal
musculares discais e anquilosante diabética Extradurais
articulares

Trauma direto
Osteoartrose Benignos/ Aneurisma
ou esforços da Osteomielite Vasculites Acromegalia Endometriose Pancreatite
de coluna lombar malignos da aorta
musculatura

Estenose Tuberculose Primários/ Úlcera gastro-


Osteoporose Cólica renal
espinhal vertebral Metastáticos duodenal

Doença
Espondilose Sífilis terciária Prostatite
de Paget

Herniação Gravidez
discal lombar tubaria
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A herniação discal lombar represen- As neoplasias podem levar a expan-


ta o deslizamento do núcleo pulposo são periosteal e eventualmente asso-
do disco intervertebral ao submeter ciam-se com fraturas, as mais comu-
esse disco a sobrecargas de pres- mente que atingem a coluna lombar
são e é frequentemente te associada são as do pulmão, mama, próstata,
a ciatalgia. O estreitamento do canal ovário e mieloma múltiplo. Como
medular pode ocorrer por causas de- sendo as principais etiologias de lom-
generativas, neoplásicas, metabóli- balgia aguda, temos:
cas ou cicatriciais e acontece princi-
palmente no nível de L3-L4, onde já
ocorre um estreitamento natural.

ETIOLOGIA PISTAS DIAGNÓSTICAS


Espasmo e contusão muscular Evento desencadeador presente
Protrusão discal aguda Evento desencadeador presente
Estenose espinhal Evento desencadeador presente
Fraturas vertebrais Evento desencadeador presente, claudicação
Metástase óssea vertebral Historia de neoplasia
Mieloma múltiplo Hipercalcemia, anemia e disfunção renal
Osteomielite, discite Bacteremia, febre, uso de drogas injetáveis
Espondilite anquilosante Sexo masculino jovem, HLA, B27 positivo
Espondilite psoriática Psoríase
Abcesso epidural Bacteremia, febre
Cólica nefrética Dor em cólica, hematúria, náuseas
Pancreatite História de etilismo ou cálculos biliares
Dor abdominal, descompressão positiva,
Ulcera péptica perfurada
pneumoperitôneo
Aneurisma de aorta Idade, fatores de risco, náuseas
Hematoma espinhal ou retroperitoneal Anticoagulação, coagulopatia, queda de hematócrino
Pielonefrite Piúria, febre, disúria
Prostatite Piúria, próstata com hipersensibilidade
Endometriose Dor associada com menstruação
Herpes zoster Rash cutâneo
Tabela 1. Principais causas da lombalgia aguda. Fonte: Medicina de emergência - revisão rápida - Martins et al. - 1
ed. (2017)
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Em relação aos processos infeccio- 3. ABORDAGEM


sos, a maioria dos casos de osteo- DIAGNOSTICA
mielite é de origem hematogênica
Os achados de história e de exame
e são causados principalmente por
físico são dependentes da etiologia
infecções bacterianas, cujo principal
da lombalgia, e é importante carac-
agente é o Staphylococcus aureus e
terizar a dor para ajudar a diferenciar
em indivíduos com anemia falciforme,
entre as diversas etiologias. O início
as salmonelas.
agudo frequentemente é associado
A tuberculose vertebral representa com herniação discal. Os casos len-
mais de 50% das tuberculoses osteo- tamente progressivos são associados
articulares e apresenta predileção por com maior frequência a alterações
Ll. Entre as causas infecciosas deve- degenerativas e tumores de cresci-
-se lembrar ainda do herpes-zóster, mento lento.
que pode atingir raízes nervosas com
A localização da dor é outro achado
dor usualmente limitada a metâmero
importante e quando aparece em regi-
isolado e com lesões dermatológicas
ões paraespinhais sugere fortemente
características associadas.
causa musculoesquelética, porém, se
A sífilis terciária pode levar a lesões o paciente apresenta irradiação para
gomosas em vértebra e a colapso um ou ambos os membros inferiores,
vertebral. Já o abscesso epidural e a possibilidade de radiculopatia se
as discites podem ocorrer por mani- torna importante.
pulação prévia de coluna e apresen-
A duração da dor mecânica é de
tam espasmo paravertebral intenso.
poucos dias, embora eventualmente
Outras causas raras de lombalgia in-
possa persistir por algumas semanas.
cluem doença de Lyme e HIV.
Por outro lado, pacientes com radicu-
lopatias apresentam resolução gra-
SE LIGA! Quadros de dor lombar refe- dual lenta de seis a oito semanas, e
rida devem ser incluídos no diagnósti-
co diferencial e incluem úlcera péptica
em alguns casos não apresentam re-
perfurada que usualmente inicia-se em missão completa.
epigástrio e irradia -se para o dorso e
apresenta náuseas e vômitos associa-
dos. A pancreatite aguda, por sua vez, SE LIGA! A radiculopatia caracteristi-
apresenta dor abdominal em faixa e camente inicia-se no período matutino,
irradiação dorsal, caracteristicamen- exceto se associada a trauma ou radicu-
te melhorando com a flexão anterior lopatia lombar. A lombalgia pode ainda
do dorso. A lombalgia ainda apresenta apresentar piora com tosse, espirros e
outros diagnósticos diferenciais, como certas posições.
a litíase urinária, dissecção de aorta e
pielonefrites.
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Alguns achados de história indicam potencialmente graves de lombalgia.


necessidade de realização de exames Nesse caso, alguns sinais, chamados
específicos e maior presteza para o de sinais de alarme, sugerem a pos-
diagnóstico. Esses achados incluem sibilidade de uma patologia poten-
evidência de febre, emagrecimento, cialmente grave no serviço de emer-
alteração esfincteriana, alterações gência. Na presença deles, conforme
neurológicas, idade maior do que 50 comentado, devem ser solicitados
anos na apresentação, anteceden- exames subsidiários dependentes da
tes de neoplasias, infecção crônica e patologia suspeita. Os principais si-
trauma precedendo o quadro. nais de alarme e as suspeitas diag-
O principal objetivo no serviço de nósticas a eles associadas estão de-
emergência é descartar etiologias monstrados a seguir:

SINAIS DE ALARME POSSÍVEIS CAUSAS


Idade < 20 anos ou > 50 anos Infecções, câncer, doença vascular
Historia de neoplasia Doença metastática
Perda de peso Neoplasia ou infecção crônica
Abscesso epidural, osteomielite inclusive por
Febre persistente e sudorese noturna
tuberculose
Abscesso epidural, metástase para coluna lombar,
Imunodeprimidos e usuários de drogas injetáveis
osteomielite, discite
Metástase infeciosa para coluna ou estruturas
Infecção bacteriana recorrente ou bacteremia
paravertebrais
História de aneurisma de aorta Ruptura retroperitoneal
Déficit neurológico motor Compressão medular
Retenção urinária, incontinência fecal ou anestesia
Síndrome da cauda equina
em sela
Tabela 2. Sinais de alarme na lombalgia aguda. Fonte: Medicina de emergência - revisão rápida - Martins et al. - 1 ed.
(2017)

O exame físico desses pacientes in- que aparecem na neurofibromato-


clui a verificação de temperatura e se e marcas de uso de drogas en-
exame ectoscópico da pele, procu- dovenosas, frequentemente asso-
rando alterações cutâneas sugesti- ciadas a abscessos de vértebra ou
vas de psoríase, vesículas que sugi- osteomielite.
ram zóster, manchas café-com-leite
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SAIBA MAIS!
O exame do abdome deve procurar massa palpável abdominal sugestiva de aneurisma de
aorta, assim como a presença de sopro abdominal. O diâmetro da aorta abdominal maior do
que 3 cm é considerado aneurismático; é raro em pacientes com menos de 60 anos de idade
e sua taxa de ruptura aumenta com o tamanho, sendo de 3 a 15% ao ano com aneurismas
entre 5 e 5,9 cm. O aneurisma da aorta abdominal pode se tornar sintomático por trombose,
embolização distal ou ruptura. A ruptura contida pode causar dor abdominal, lombalgia ou
mesmo dor inguinal e pode ser associada com náuseas, sudorese ou sintomas de síncope. O
diagnóstico deve ser considerado em idosos com lombalgia e uma avaliação rápida do tama-
nho da aorta pode ser feita à beira do leito por ultrassonografia. Existe risco nesses pacientes
de evoluírem com hemoperitônio e exsanguinação.

FLUXOGRAMA – EXAME FÍSICO PARA LOMBALGIA

Temperatura

Ectoscopia da pele (manchas, vesículas,


Exame neurológico completo
marcas de uso de drogas endovenosas)
EXAME
FÍSICO
Exame abdominal (massa, sopro) Manobras

Inspeção da coluna

A inspeção da coluna pode revelar que pode ocorrer em radiculopatias e


deformidades ou cisto pilonidal, e a compressão medular.
percussão dolorosa da coluna pode A pesquisa de força motora, sensibi-
ocorrer em pacientes com infecção lidade e reflexos também pode suge-
e doença metastática. Os pacien- rir o diagnóstico. Algumas manobras
tes devem ser submetidos a avalia- no exame físico são importantes,
ção neurológica, verificando equilí- como valsava e a elevação de mem-
brio e marcha, procurando posturas bros com o paciente deitado.
antálgicas sugestivas de síndromes
específicas e presença de fraqueza,
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SAIBA MAIS!
A dor de compressão do nervo ciático é denominada ciática. Os pacientes com ciática des-
crevem dor, ardência ou dolorimento nas nádegas irradiando-se para baixo, pela coxa pos-
terior para a face posterolateral da panturrilha. A dor piora por espirro, risada ou fazer força
ao defecar; uma das manobras para ciática é o teste de elevação da perna reta. Pede-se ao
paciente para ficar deitado enquanto o examinador flexiona a perna estendida sobre o tronco
e o quadril a presença de dor. Quando isso ocorre, diz-se que o paciente apresenta sinal de
Laségue positivo.

Figura 5. Sinal de Laségue. Fonte: Tratado de Semiologia Medica -


SWARTZ, MARK H. 7ª Edição (2015)

A positividade desse teste está asso- radiculopatia lombar, e deve ser


ciada com acometimento radicular pesquisada a presença de sacroileíte
por hérnia discal, a sensibilidade do e outras alterações, como a diminui-
achado para herniação discal é maior ção da extensibilidade e flexibilidade
que 90%, mas o achado tem baixa da coluna que possam sugerir a pre-
especificidade. sença de espondiloartropatias.
A piora da dor com a manobra de
Valsava, por sua vez, é sugestiva de
DOR LOMBAR 15

FLUXOGRAMA – MANOBRAS DO EXAME FÍSICO

SINAL DE
LASÉGUE

Acometimento radicular
Dor contralateral à elevação
por hérnia discal

Herniação central do disco

Manobra
de Valsava

Radiculopatia lombar

Sacroileíte Espondiloartropatias

As radiculopatias são uma das mais


importantes síndromes clínicas que SE LIGA! Deve-se ter cuidado, pois
evoluem com lombalgia. A mais co- grande parte dos pacientes que apre-
sentam dor lombar e achado de hernia-
mum dessas radiculopatias é a que
ção discai não tem esta como a causa de
envolve L5 e em segundo lugar a sua dor e grande número de assintomá-
S1. As duas combinadas compreen- ticos apresentam herniação discal.
dem cerca de 90% dos casos.

As funções motoras e sensoriais das


diferentes vértebras e suas manifes-
tações são especificadas a seguir:
DOR LOMBAR 16

FLUXOGRAMA – MANIFESTAÇÕES DAS VÉRTEBRAS

L1 L2 L3

Dor em região anterior


Dor pode aparecer na região da coxa e joelho
Associada a dor
inguinal e anterior da coxa
em região inguinal Alterações sensitivas em
Alterações sensitivas em região anteromedial distal de
Fraqueza de flexão do quadril
região anterior da coxa coxa incluindo joelho
Diminuição de sensação
Fraqueza muscular para Alteração de força muscular
em região inguinal
flexão e adução do quadril para extensão do joelho e
Pode afetar reflexo flexão e adução do quadril
Podem alterar reflexos
cremastérico
cremastéricos e adutor da coxa Alteração de reflexo
patelar e adutor da coxa

L4 L5 S1

Dor em região
posterolateral de coxa, lateral
Dor em região anterior de
de perna e medial de pé Alterações sensitivas
coxa e parte medial da perna
Alterações sensitivas posterolateral de
Alterações sensitivas perna e lateral de pé
em região lateral da
em perna medial
perna, dorsal de pé e em Diminuição de força muscular
Alteração de força muscular primeiro artelho do pé para flexão plantar de pé e
para extensão do joelho e artelhos, flexão de joelho e
Diminuição de força muscular
flexão e adução do quadril extensão do quadril
para dorsiflexão de pé e
Pode ocorrer alteração artelhos, flexão de joelho e Alteração de reflexo aquileu
do reflexo patelar extensão de quadril
Sem alteração de reflexos

A síndrome da cauda equina é uma de L2 a S5. As lesões envolvendo a


complicação da lesão medular, que cauda equina podem causar para-
envolve as raízes nervosas que forne- lisia permanente, o que torna a ne-
cem função motora e sensorial para cessidade de sua identificação uma
as extremidades inferiores, períneo emergência.
e bexiga. A cauda equina anatomi-
camente envolve as raízes nervosas
DOR LOMBAR 17

As causas mais comuns da síndrome com quadro de dor lombar, fraqueza


incluem discos herniados, mas tam- de membros inferiores, anestesia em
bém pode ser causada por tumores, sela e alterações de sensação e fun-
estenose espinhal, abscessos e he- ção da bexiga.
matoma. Os pacientes apresentam-se

SAIBA MAIS!
Em pacientes com esses sintomas é importante mensurar o resíduo urinário pós-miccional,
com colocação de sonda vesical. Caso este seja superior a 300 mL, invariavelmente significa
alteração de função de bexiga, e resíduos maiores do que 100 mL são suspeitos. Na suspeita
diagnóstica é necessária a realização de exame de imagem para confirmar o diagnóstico.

A estenose do canal medular pode progressiva, mas pode ocorrer de for-


ter como causas diferentes patolo- ma aguda em casos em que outras
gias como a espondilose e frequente- alterações superpostas, como hernia-
mente é assintomática. Apresenta-se ção discal.
como radiculopatia e tem evolução

Estenose lombar

Canal vertebral

Normal

Figura 6. Estenose lombar. Fonte: https://bit.ly/30gjfw8


DOR LOMBAR 18

Entretanto, a estenose do canal me- principalmente em idosos e sendo


dular central apresenta-se com fre- secundárias sobretudo a osteoporo-
quência como pseudoclaudicação se ou menos comumente a neopla-
intermitente, associada a importante sias metastáticas. Em pacientes com
dor e parestesia ao andar ou se man- osteoporose, a presença de trauma
ter ereto. Esses sintomas são carac- precipitante ocorre em 10 a 15% dos
teristicamente aliviados pelo ato de casos, mas na maioria dos pacientes
sentar ou flexionar o tronco quando não existe fator precipitante. A dor
em pé. Esse fator em conjunto com pode ser aguda eventualmente, mas
a presença de pulsos periféricos dis- com maior frequência ocorre de for-
tais ajudam a distinguir de quadros ma subaguda e em geral está locali-
vasculares. zada na vértebra fraturada.
Fraturas vertebrais compressivas
são um problema comum, ocorrendo

Figura 7. Fratura vertebral compressiva. Fonte: https://bit.ly/30fLf2R


DOR LOMBAR 19

Quadros infecciosos incluem o abs- imunossupressão, neoplasias, uso de


cesso epidural, que apesar de raro drogas intravenosas, trauma e pós-
é uma hipótese que deve ser sempre -operatório de cirurgia da coluna ver-
considerada, principalmente na faixa tebral. Cerca de 20% dos pacientes
etária entre 60 e 70 anos de idade. não têm fatores predisponentes. O
Os fatores de risco para seu apare- organismo mais comumente isolado
cimento incluem diabetes mellitus, é o Staphylococcus aureus.
alcoolismo, AIDS e outras causas de

SAIBA MAIS!
Abscessos epidurais posteriores tendem a ser associados a metástases de infecção em foco
a distância; já as infecções epidurais anteriores estão geralmente relacionadas a osteomielite
ou espondilodiscite. Os achados diagnósticos são geralmente inespecíficos e incluem febre,
dor nas costas e mal-estar. Podem ocorrer hipersensibilidade focal e leucocitose. A ressonân-
cia magnética e, na sua falta, a tomografia computadorizada são os exames diagnósticos de
escolha.
DOR LOMBAR 20

FLUXOGRAMA – DIAGNÓSTICO LOMBALGIA

DIAGNÓSTICO

Anamnese Sinais de alerta Exame físico

Idade
Exame neurológico Exame Ectoscopia Inspeção
Duração da dor (<20 anos ou Temperatura Manobras
completo abdominal da pele da coluna
> 50 anos)

Caracterização História de
da dor neoplasia Sinal de Manobra de
Laségue Valsava

Localização Acometimento
Perda de peso Radiculopatia
da dor radicular por
lombar
hérnia discal

Febre
persistente e
sudorese noturna

História de Déficit Retenção urinária,


Imunodeprimidos Bacteremia aneurisma neurológico incontinência fecal ou
de aorta motor anestesia em sela
DOR LOMBAR 21

FLUXOGRAMA – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA

Choque/síncope: dissecção da aorta, aneurisma


da aorta abdominal, sepse, embolia pulmonar

Hipertensão/pressões arteriais desiguais


Os sinais vitais
SIM nas extremidades superiores, sopro de
estão anormais?
insuficiência aórtica: dissecção da aorta

Febril: abscesso epidural, osteomielite,


pneumonia, pericardite, pielonefrite, colecistite
NÃO

Afebril: hematoma epidural, tumor,


fratura, osteomielite, herniação do núcleo
pulposo, estenose espinal
Evidências de déficits
neurológicos ou SIM
sensibilidade focal

Febril: abscesso epidural, osteomielite, meningite

NÃO
Musculoesquelética: distensão
lombossacral, distensão dos músculos paraespinais,
fratura vertebral (patológica ou traumática),
herniação do núcleo pulposo, tumor
Dor sem evidência de
déficit neurológico
Visceral: embolia pulmonar,
cólica renal ou biliar, doença ulcerosa péptica,
pancreatite, prostatite, DPI

4. EXAMES Emergências Clínicas - Abordagem Prática - USP - 2019


COMPLEMENTARES
A indicação de exames complemen-
tares é controverso, mas devido ao
A maioria dos médicos sugere a re-
caráter autolimitado da maioria dos
alização de radiografia de coluna
casos, somente há indicação de so-
lombossacral em incidência lateral
licitação na presença de sinais de
e anteroposterior. Se existe suspei-
alarme ou após observação e trata-
ta de espondiloartropatias deve ser
mento clínico por quatro semanas.
DOR LOMBAR 22

realizada radiografia de articulações como o aumento do diâmetro verte-


sacrilíacas, que apresenta desempe- bral em tumores benignos, a chamada
nho superior e é exame inicial para “coluna em bambu” e vértebras em
esse diagnóstico. moldura que aparecem nas espondilo-
As radiografias permitem avaliar o artropatias; erosão vertebral que ocor-
alinhamento de coluna vertebral, ta- re nos aneurismas de aorta, diminuição
manho, estrutura e forma de corpos de espaço intervertebral, diminuição
vertebrais e possíveis lesões ósseas. de altura de vértebra e deslocamento
Alguns achados são característicos, de vértebras em fraturas vertebrais.

Figura 8. Radiografia evidenciando “coluna em bambu”

Deve-se salientar que osteófitos,


SE LIGA! No departamento de emer- espondilose e espondilolistese são
gência é importante limitar os exames comuns em pacientes assintomá-
complementares a situações com risco
ticos, principalmente acima de 40
aumentado de doenças secundárias e
emergenciais. Mesmo pacientes com anos de idade e deve-se ter cautela
sinais de alarme podem muitas vezes ao atribuir essas alterações à causa
ser avaliados ambulatoriamente se não da lombalgia. Em tomografia compu-
apresentam dor muito severa ou altera-
ções neurológicas.
tadorizada, até 40% dos pacientes
assintomáticos e cerca de 50% dos
acima de 40 anos de idade apresen-
tam algum tipo de alteração.
DOR LOMBAR 23

A ressonância magnética é conside- com sinais de alarme ou evolução


rada o método diagnóstico com maior insatisfatória após quatro a seis se-
poder de avaliar esses pacientes, prin- manas devem ser avaliados com ra-
cipalmente se a suspeita é de lesão diografia inicialmente e se esta não
de partes moles e para a avaliação de for diagnóstica, outro método de ima-
medula e raízes espinhais, mas a to- gem, preferencialmente a ressonân-
mografia computadorizada é útil para cia magnética, deve ser realizado.
avaliar lesões ósseas, fraturas, espon-
dilolistese e lesões do arco neural. SE LIGA! Em particular para avaliação
A mielografia tem sensibilidade mo- do paciente com suspeita de compres-
são medular, a radiografia não deve ser
derada para avaliar hérnias discais e
o único método diagnóstico utilizado,
estenose medular, mas foi substituída devendo ser complementada por tomo-
para esse fim pela ressonância mag- grafia ou ressonância magnética.
nética. Considera-se que pacientes

FLUXOGRAMA – MANUSEIO DO PACIENTE COM LOMBALGIA NA EMERGÊNCIA

Lombalgia aguda
no departamento
de emergência

• Checar sinais vitais


• Procurar sinais de alarme
• Exame neurológico
• Hipersensibilidade espinhal

Infecção, câncer Déficit


Trauma presente? Origem vascular?
ou litíase? neurológico agudo

• Hemograma,
• USG de hemoculturas,
beira de leito TC ou RM
• RM imediata
Imagem de coluna • Se suspeita de
• Acesso venoso • Consulta urgente
RX e/ou TC cólica renal: exame
• Estabilizar o com neurocirurgião
de urina, USG ou
paciente TC multidetector
sem contraste

Emergências Clínicas -
TRATAMENTO ESPECÍFICO Abordagem Prática - USP - 2019
DOR LOMBAR 24

O hemograma pode apresentar


anemia em condições inflama-
tórias e neoplásicas e leucocito-
se em processos infecciosos. A
presença de hemácias em rou-
leaux sugere o diagnóstico de
mieloma múltiplo e a eletroforese
de proteínas séricas pode acres-
centar informações adicionais
para o diagnóstico, com apareci-
mento de picos monoclonais no
mieloma múltiplo e aumento de
proteínas de fase ativa. Figura 9. Hemácias em Rouleaux. Fonte: www.hematologia.farmacia.
ufg.br

A cintilografia óssea pode ser útil


para diagnóstico de fraturas verte- baixo têm pequena probabilidade de
brais e compressão medular, entre possuir uma dessas condições e po-
outras afecções; em particular para dem, portanto, servir como exame de
suspeita de osteomielite, a cintilogra- screening para condições de lombal-
fia com gálio e pirofosfato de tecnécio gia de maior gravidade e na necessi-
tem sensibilidade superior a 95%. dade de sua investigação.
Outros exames eventualmente úteis A proteína C-reativa é menos estu-
para a avaliação desses pacientes dada nessa situação e não é indicada
incluem a eletroneuromiografia na de rotina. Pacientes com metástases
suspeita de neuropatia periférica e ósseas ou mieloma múltiplo podem
radiculopatias. ter hipercalcemia.
A velocidade de hemossedimenta- Em pacientes com suspeita de aneu-
ção (VHS), se maior que 40 mm e com risma de aorta abdominal, a ultras-
alta sensibilidade diagnóstica para sonografia de abdome é um exame
processos inflamatórios, infecciosos e com bom desempenho diagnóstico,
neoplásicos e investigação adicional, enquanto, em suspeita de pielonefrite
deve ser realizada para esses proces- o exame de urina pode ser de gran-
sos. Pacientes com lombalgia e VHS de utilidade.
DOR LOMBAR 25

EXAME CARACTERÍSTICAS
Raio x de coluna Fácil e altamente disponível, baixa sensibilidade
Altamente sensível para doenças infecciosas e neoplásicas, bom teste
Velocidade de sedimentação (VHS)
para rastreamento
Os exames com gálio e pirotosfato de tecnécio são particularmente
Cintilografia óssea úteis para patologias inflamatórias da coluna lombar, com sensibilida-
de de 95% para osteomielite vertebral
Pode mostrar alterações sugestivas de mieloftise (hemácias e leucóci-
Hemograma
tos em formas jovens) e mieloma (hemácias em rouleaux)
Exame com melhor performance diagnóstica, principalmente para
lesões em partes moles.
Ressonância magnética da coluna
Exame caro e que também encontra alterações em pacientes assinto-
lombar
máticos. Indicar na emergência apenas em casos com boa probabili-
dade de diagnóstico de doenças secundárias ou com sinais de alarme
Eletroneuromiografia Pode avaliar denervação de grupos musculares com radiculopatia
Avaliação de diagnósticos diferenciais, como aneurisma de aorta e
Ultrassonografia de abdome
cólica nefrética
Tabela 3. Exames complementares na lombalgia. Fonte: Emergências Clínicas - Abordagem Prática - USP - 2019

5. DIAGNÓSTICO secundárias à compressão vertebral.


DIFERENCIAL Quadros de lombalgia lateralizada
com dor em cólica, associados fre-
Um diagnóstico diferencial que mere-
quentemente com hematúria, suge-
ce ser considerado é o de hematoma
rem litíase urinária e devem ser inves-
epidural espinhal, que raramente
tigados com exames de imagem se
pode ser espontâneo ou pode ser re-
ocorrer alguma dúvida diagnóstica.
lacionado com trauma, pós-operató-
rio de cirurgia da coluna vertebral, an- A radiografia tem sensibilidade de
ticoagulação ou trombólise, punção cerca de 70% para cálculos de cálcio,
lombar, anestesia epidural e malfor- mas em outras situações é preferível
mações vasculares. realizar ultrassonografia de vias uri-
nárias ou tomografia por sua melhor
Os pacientes apresentam quadro
performance e possibilidade de ava-
de dor lombar na maioria das vezes
liar dilatação pielocalicial, quadros de
associado a queixas neurológicas
pielonefrite apresentam dor lombar
com febre e frequentemente com si-
nal de Giordano positivo.
DOR LOMBAR 26

HORA DA REVISÃO!
Nos sinal de Giordano, a dor pode ser
detectada durante a palpação abdomi-
nal, mas deve também ser pesquisada
nos dois ângulos costovertebais. A sim-
ples compressão da região com as pon-
tas de seus dedos pode ser suficiente
para desencadear dor, mas, se isso não
ocorrer, recorra à punho-percussão. Co-
loque a mão espalmada sobre o ângulo
costovertebral e, a seguir, desfeche um
golpe com a superfície ulnar de seu pu-
nho. Use apenas força suficiente para
produzir abalo/vibração perceptível, po-
rém indolor.

Figura 10. Sinal de Giordano. Fonte: Bates - Prope-


dêutica Médica - Lynn S. Bickley. 11ª Edição. 2015

Aneurismas de aorta apresentam dor


com irradiação para dorso, frequente-
mente assimetria de pulsos e devem
ser avaliados com exames comple-
mentares como tomografia helicoidal
ou ressonância magnética. São raros
em pacientes com menos de 60 anos
de idade.
DOR LOMBAR 27

FLUXOGRAMA – EXAMES COMPLEMENTARES

Avaliação de diagnósticos
Fácil e altamente disponível diferenciais, como aneurisma
Baixa sensibilidade de aorta e
cólica nefrética

Raio X de coluna USG de abdome

Altamente sensível para


Pode avaliar desnervação
doenças infecciosas e
de grupos musculares
neoplásicas, bom teste VHS Eletroneuromiografia
com radiculopatia
para rastreamento
EXAMES
COMPLEMENTARES
Os exames com Melhor performance
gálio são úteis para Cintilografia óssea RNM de coluna lombar diagnóstica, principalmente
patologias inflamatórias para lesões em partes
da coluna lombar moles. Porém caro

Hemograma TC de coluna lombar

Bom para
Pode mostrar alterações
herniações discais.
sugestivas de mieloftise
Exame sensível que
(hemácias e leucócitos
encontra alterações em
em formas jovens)
pacientes assintomáticos
DOR LOMBAR 28

6. TRATAMENTO principais patologias emergenciais


em departamento de emergência que
O tratamento obviamente dependen-
envolvam o sistema musculoesquelé-
te da condição causadora de lombal-
tico, temos a seguinte terapêutica:
gia. Com relação ao tratamento da
lombalgia aguda funcional e das

FLUXOGRAMA MANUSEIO DA LOMBALGIA AGUDA

DEPENDE
DA CONDIÇÃO
DE BASE

LOMBALGIA INESPECÍFICA LOMBALGIA COM RADICULOPATIA

Analgesia por 4 semanas Analgesia por 4 semanas

Sem melhora? Sem melhora?

Terapia adjuvante e considerar


Imagem (TC ou RM)
imagem se continuar sem melhora

Caso haja concordância: sintomas + achados


TC ou RM
de imagem – referenciar para neurocirurgião

Emergências Clínicas - Abordagem Prática - USP - 2019

Os analgésicos apresentam papel autores consideram que a preferência


central no tratamento desses pa- deve ser dada a anti-inflamatórios não
cientes e os não opioides são o tra- hormonais, porém não existe evidên-
tamento de primeira escolha. Alguns cia definitiva de literatura que mostre
DOR LOMBAR 29

maior eficácia deles em comparação


FLUXOGRAMA – OPIOIDES MAIS
ao paracetamol, por exemplo. COMUNS
O uso de analgésicos em longo pra-
zo deve ser evitado e em caso de re-
sistência da dor, podem ser utilizadas OPIOIDES MAIS COMUNS
medicações opioides a princípio, com
uso de medicações de menor potên-
Codeína 30-60mg, 6/6h a 4/4h
cia como tramadol e codeína e, se ne-
cessário, opioides de maior potência,
Tramadol: 50-100mg 6/6h ou liberação
como oxicodona e morfina. Entre os prolongada 100-200mg 12/12h
anti-inflamatórios e opoides mais co-
muns, temos:
Fentanil adesivos transdérmicos

FLUXOGRAMA – ANTI-INFLAMATÓRIOS
MAIS COMUNS Ibuprofeno 600-800mg 3x/dia

Morfina VO 10-30mg 4/4h ou liberação


ANTI-INFLAMATÓRIOS MAIS COMUNS prolongada 30-60mg 1-3x ao dia

AAS: 4–6g/24h Morfina EV 0,1mg/kg doses adicionais

Emergências Clínicas - Abordagem Prática -


Cetoprofeno 100-200mg 2x/dia USP - 2019

Diclofenaco 50mg 3x/dia Outras modalidades demonstraram


eficácia para tratamento da lombal-
Ibuprofeno 600-800mg 3x/dia
gia aguda, como a eletroacupuntura
e técnicas ultrassonográficas. Re-
laxantes musculares também apre-
Meloxican 7,5-12mg/dia sentam melhora de mobilidade e dor,
podendo ser usados na terapêutica,
embora normalmente sejam asso-
Naproxeno 500mg 2x/dia
ciados com anti-inflamatórios não
hormonais.
Emergências Clínicas - Abordagem Prática -
USP - 2019 O repouso absoluto aumenta a di-
sabilidade; e existe evidência da lite-
ratura para recomendar ao paciente
DOR LOMBAR 30

manter-se ativo com diminuição de mas bons candidatos a procedimen-


dor, disabilidade e absenteísmo. Es- tos cirúrgicos são os pacientes com
sas terapias, assim como exercícios dor irradiada para membros inferio-
físicos, são importantes considera- res e outros sintomas sugestivos de
ções no manejo desses pacientes. radiculopatia.
Tratamento cirúrgico de rotina para
herniação discal deve ser evitado,

SAIBA MAIS!
O tratamento é dependente da etiologia. No caso de pacientes com hematoma espinhal epi-
dural espontâneo, em uso de anticoagulação ou coagulopatia, necessitam de reversão ime-
diata dela. Já pacientes com abscesso epidural têm indicação de antibioticoterapia apropriada
e prolongada e na maioria dos casos de descompressão cirúrgica. Pacientes com suspeita
de compressão medular apresentam quadro emergencial com necessidade de intervenção
imediata, pois podem apresentar dano neurológico irreversível. A intervenção apropriada em
pacientes com quadros agudos de lombalgia previne a cronificação deles e suas consequ-
ências, como quadros depressivos. As modalidades terapêuticas incluem o uso imediato de
corticosteroides e usualmente dexametasona em dose de 24 a 40 mg ao dia, radioterapia e
cirurgia.

Para pacientes com possibilidade indicação de internação hospitalar.


de diagnóstico de condições graves, Quadros de compressão medular e
como dissecção de aorta, deve ser sintomas neurológicos severos po-
considerada a internação hospitalar. dem indicar internação em UTI. O se-
Controle inadequado de dor, com- guimento ambulatorial depende da
pressão medular e sintomas neuro- etiologia da lombalgia.
lógicos significativos também são
DOR LOMBAR 31

FLUXOGRAMA – MAPA RESUMO: DOR LOMBAR

70 a 80% dos adultos Dor, sensação de tensão muscular ou


Segunda causa mais
apresentam essa queixa rigidez que ocorre abaixo da margem
comum de dor
Mecânica durante a vida costal, mas acima da região glútea

Infecciosas Pode ser classificada em:


EPIDEMIOLOGIA

Inflamatórias Aguda: menor que 12 semanas

ETIOLOGIA DEFINIÇÃO
Crônica: superior a 12 semanas
Endocrinológicas

DIAGNÓSTICO CLASSIFICAÇÃO
Neoplásicas
Estruturas musculares,
Exame neurológico degenerações discais
completo TRATAMENTO Mecânica
Referida e articulares

Anamnese detalhada Depende da Causada por processos


Referida
condição de base que acometem vísceras

Ectoscopia da pele Compressão, inflamação


Analgesia Irradiada
ou combinação de ambos

Inspeção da coluna
Dor aguda, aumento de
Opoides Localizada
tensão, relacionada
a atividade física
Exame abdominal
Anti-inflamatórios

Manobras
DOR LOMBAR 32

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Bates - Propedêutica Médica - Lynn S. Bickley. 11ª Edição. 2015
Medicina de emergência - revisão rápida - Martins et al. - 1 ed. (2017)
NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 6ed. Porto Alegre: Artmed (2015)
Tratado de Semiologia Medica - SWARTZ, MARK H. 7ª Edição (2015)
Emergências Clínicas - Abordagem Prática - USP - 2019
DOR LOMBAR 33

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