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Quem morde é cachorrinho, criança

faz carinho!

Como lidar com as mordidas dentro do espaço da Educação Infantil?

Proposta para berçários e maternais.

Adaptação:
Elissandra Bagestão
Josiane Martins

2023

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JUSTIFICATIVA

Partindo das dúvidas e questionamentos de algumas professoras e agentes educativas,


procuramos elaborar uma sugestão de trabalho para os berçários e maternais explorando o
comportamento impulsivo das mordidas. Observamos que na disputa por brinquedos e na
busca por novas sensações, as crianças passam a morder, bater e empurrar.

Aí vem a nossa preocupação e pergunta; o que está acontecendo e o que fazer?

Vale apenas lembrar que as crianças estão na fase de amadurecimento constante,


consequentemente estão aprendendo a exteriorizar suas angústias medos, frustrações,
anseios e descobertas; E são as mãos e os dentes que usam como instrumento de defesa para
marcar e chamar a atenção.

A fase das MORDIDAS também passa...

Desde o aparecimento dos primeiros dentes, até os dois anos, aproximadamente, as


crianças costumam morder brinquedos, pessoas de seu convívio e objetos de seu dia-a-dia.
Fazem isso em busca de novas sensações e movimentos, tomando assim, aos poucos,
consciência de seu próprio corpo – de seu “eu corporal” e de seus limites.

Tal característica também é conhecida como “fase oral”. Fase pela qual a criança começa a
interagir com o mundo, através de sua boca. E é através da boca que a criança faz
importantes descobertas e começa a separar o que a constitui daquilo que constitui o outro.
Outra razão para que as crianças mordam é a falta de domínio verbal. Por não saberem se
expressar, muitas vezes mordem por conta da necessidade de se comunicarem.

Em contrapartida, sentimentos de ciúme e afeto podem suscitar mordidas, justamente


por serem emoções que ainda não podem ser nomeadas pelas crianças. A criança está em
pleno desenvolvimento de sua sensibilidade, em plena fase de investigação e procura pela
presença do outro e das coisas. Nesse caso o ato de morder, pode ser analisado como sinal
dessa procura.

Evidentemente, o ato de morder da criança é interpretado pelo outro e passa a ter um


significado. Isso é cultural. Dependendo da cultura em que a criança se desenvolve, sua
mordida passa a ter diferentes significados. É o mundo cultural que faz emergir a
sensibilidade perceptiva da criança e não o contrário. Assim, dependendo do significado que
é atribuída a mordida, haverá a percepção desse seu ato. Se os adultos a considerarem como
agressividade, a criança se apropria desse significado e passará a morder para agredir ou
até mesmo para se defender.

Quando a criança começa a frequentar o CEI, lá descobre que não é única interessada nos
brinquedos, muito menos que é o centro das atenções da professora. Surgem divergências

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por causa da falta de exclusividade e disputas com os colegas por qualquer bobagem podem
gerar um conflito entre as crianças e acabar numa mordida.

Precisamos ter cuidado de não rotular a criança como “mordedora”. Quanto mais
enfatizamos essa característica na criança, mais ela se comporta como tal, pois é o que todos
esperam dela. De qualquer forma, não podemos esquecer de que crianças usam sim, esse tipo
de comportamento durante a primeira infância (0 a 3 anos), devendo esse desaparecer tão
logo a criança consiga se expressar através do uso das palavras. Portanto, o caminho para o
abandono das mordidas é através do aprendizado da fala.

Quando acontecer da criança morder, devemos imediatamente dizer-lhes NÃO, em tom


calmo, mas firme e com desaprovação. Se o bebê que começa a caminhar (1 a 2 anos),
morder, pegue-o firmemente e ponha a criança no chão. Quando a criança pequena (2 a 3
anos), morder, diga-lhe: Não é correto morder, porque machuca as pessoas.

OBJETIVO GERAL

 Construir um convívio onde as crianças percebam que morder dói e machuca o


amiguinho.

OBJETIVOS ESPECIFÍCOS

 Fazer com que as crianças entendam que morder dói;


 Identificar a consequência que a mordida causa no amigo;
 Permitir que crianças conheçam e expressem seus sentimentos de outra forma que
não a mordida;
 Reconhecer boca, língua e dentinhos;
 Reconhecer num animal (no caso, o próprio cachorro) características como o
companheirismo, a proteção e os cuidados essenciais que se deve ter com ele, como
alimentação e higiene;
 Reconhecer também a precaução necessária com animais que não são do convívio,
estimulando as perguntas que devem ser sempre feitas aos donos sobre a
possibilidade de se fazer o carinho.

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DESENVOLVIMENTO:

Contação de história:

 Contar a história baseada no livro “Mordida não, Napoleão! ”, de Joyce M. Rosset


(Tempo de Creche). Após a leitura, questionar as crianças sobre a história, confeccionar
um cartaz coletivo e fixar as ilustrações em volta.

Sugestões de trabalhos a serem realizados para exposicão :

Música:

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 Relembrar a história e apresentar Napoleão ao grupo, cada professor deverá
construir um exemplar do cãozinho com caixa de papelão, feltro e EVA. Após
apresentação e exploração do personagem, recordar a passagem do livro na qual Napoleão
morde o personagem Beto.

 Levar um espelho à sala de aula. Então, pedir para que cada criança se posicione em
frente à própria imagem e abra a boca. Nesse momento, o professor questiona as crianças
sobre os dentinhos e a língua. Por fim, a sugestão é deixar que se observem por um tempo.

 Levar imagens de crianças mordendo e colocar na boca do Napoleão. As crianças


devem tirar essas imagens da boca do personagem e colar no mural. É importante lembrar
que, no livro, Napoleão mordeu o braço do personagem Beto, que ficou muito triste.

 E assim, nesse clima alegre e de aprendizado, a história segue com a passagem em


que Beto ensina Napoleão de que mordida não é legal. No livro, Beto ensina também que
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usar boca e dentinhos para outras coisas é muito melhor. Nesse contexto, as crianças
deverão ser convidadas a morder uma apetitosa maçã, fruta que se saboreia a cada
mordida.

 No livro, Napoleão aprendeu que não se pode morder e passa a dar lambidas, fato
que representa, no caso do personagem, o carinho que ele sente por Beto. As crianças,
então, são convidadas a abraçar amigos e fazer carinho, pois, como o fiel amigo Napoleão,
eles também aprenderam que “Mordida não! ”.

 Levar imagens de diversas raças de cachorros e socializar conhecimentos prévios


sobre cuidados com animais, os valores como amizade, proteção e companheirismo, bem
como a precaução que se deve ter em relação a animais que ainda não conhecemos. Na
finalização, é importante deixar claro às crianças que Napoleão estava apenas
expressando uma emoção e que, assim como elas, também havia aprendido outras formas
de manifestar seus sentimentos.

Outra sugestão para trabalhar é a história: A jacarezinha que mordia.

Confecção dos personagens da história: A jacarezinha que mordia.

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Metodologia:

 Dramatização;
 Roda de conversa (DENTADURA);

 Bolinhas de isopor (DENTINHOS);

 Carimbo da boca (batom);

 Cartaz com recortes de bocas;

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Outras sugestões de atividades:

 Morder (maçã);
 Morder (laranja);
 Canto (beijo beijinho);
 Dramatização (O LOBO MAU);
 Manuseio de livros;
 Folhear revistas;
 Passeio-cercado;
 Pintura com guache;
 Areia;
 Aconchego, carinho;
 Brincadeiras livres e dirigidas;
 Músicas e dança;
 Histórias e teatro;
 Organização do espaço;
 Manipulação de diversos materiais;
 Rotina da sala;

 Brincadeiras sem regras;


 Brincadeiras regras simples;
 Utilização das formas básicas de movimentos (andar, correr, saltar, rolar,
etc.);
 Jogos de bola em rodas, promovendo a integração social, onde a criança deverá
jogá-la para o amigo, dizendo o nome (ou dito pelo professor);
 Trabalhos manuais com massinhas e argila, deixando que estes manuseiem
bastante;
 Ampliar seu vocabulário, conversando diariamente, com a criança sobre os
aspectos do dia-a-dia.;
 Trabalhos com músicas gestuais, cantigas de roda e dança, estimulando partes
do corpo.
 Contos de histórias curtas;
 Coordenação motora livre, como rasgar papel;
Brincadeiras de imitar os adultos, como escovar os dentes de bonecas, fazer
comidinha, ir às compras, banho de bonecas, etc.

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AVALIAÇÃO

Durante a execução do projeto estar verificando se as crianças estão compreendendo os


conteúdos trabalhados, e se há participação individual nas atividades e nos diálogos
estabelecidos com relação ao tema.
Proporcionar momentos diferenciados com materiais que possuem diferentes formas de
letras observando se durante esses momentos estabelecem relação com o que foi ensinado.

REFERÊNCIAS

BABYCENTER BRASIL. Qual é o melhor jeito de ensinar o alfabeto? Disponível em:


http://brasil.babycenter.com/toddler/linguagem/ensinar-alfabeto/.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96.


Brasília, 23 de dezembro de 1996.

____. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da


Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental Brasília: MEC/SEF,
1998.

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