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DIR.

CONTRATOS (AULA 02-09)

4- PRINCÍPIOS CONTRATUAIS NO CC/2002

Enunciado 167 CJF/STJ – com o advento do CC de 02, houve forte aproximação principiológica
entre esse Cod. e o CDC são incorporadores de uma nova teoria geral pelos contratos

Aproximação Principiológica – essa aproximação se deu pelos princípios sociais contratuais:


autonomia privada, função social do contrato, e boa-fé objetiva. Essa aproximação
principiológica possibilita a aplicação da teoria do diálogo das fontes. Teoria de (ERIK JAYME e
Claudia Lima Marques), por essa teoria CC e CDC não se excluem, mas se complementam,
(diálogo de complementaridade). Ex1: RESP 436 853 do DF. Caso construtora Paulo Otávio. O
STJ entendeu que cláusula de variação tolerável na venda por medida (art. 550 do CC) é
abusiva, quando inserida em contratos de consumo de forma reiterada, havendo desrespeito à
boa-fé a função social do contrato. Por isso, a cláusula é nula (art. 51 inc. IV do CDC). Ex2 -
Súmula 412 do STJ – a ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao
prazo prescricional estabelecido no CC.

4.1- PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA

Esse princípio substituiu o modelo liberal da autonomia da vontade, pelas seguintes razões
apontadas por Enzo Rojjo:

1- Mitigação da vontade “(crise da vontade)” – prevalência dos contratos de adesão, ou


império dos contratos modelo, prevalece em larga escada os contratos de adesão.

2- Muitas vezes o conteúdo do contrato é imposto pela lei ou pelo Estado, dirigismo
contratual. Ex: CDC, CLT e CC 2002 (Aderente contratual)

Conceito de autonomia privada (Francisco Amaral) – é o direito que a pessoa tem de


regulamentar os próprios interesses e que decorre dos princípios constitucionais da
liberdade e da dignidade humana. Este princípio encontra limitações em outros
princípios e nas normas de ordem pública.

Observação: norma restrita da autonomia privada não admite analogia ou


interpretação extensiva, exemplo: um pai quer hipotecar o imóvel a favor de um filho.
Para tanto, haverá necessidade de autorização dos demais filhos?

Não, pois o art. 469 do CC. que faz essa exigência na compra e venda é norma
restritiva da autonomia privada, não se aplicando por analogia a hipoteca. Nesse
sentido : MHD, Carlos Roberto Gonçalves e S.S Venoza.

4.2 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

Função social = finalidade coletiva (Orlando Gomes). Este princípio trata-se de


princípio de ordem pública (art. 2035 § único do CC), pelo qual o contrato deve ser
necessariamente interpretado e visualizado de acordo com o contexto da sociedade. O
Principal efeito do contrato é a mitigação da força obrigatória do contrato (pacta sunt
servanda), não se pode mais admitir que contrato é uma bolha que isola as partes do
meio social. “Art. 421 do CC – a liberdade de contratar (contratual) será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato.” (redação correta seria a com a
supressão).

Quais os dois erros técnicos do art. 421 do CC. ?

R: os erros foram apontados pelos professores Antonio Junqueira de Azevedo e Alvaro


Villaça, (PL 276/2007) 1- o dispositivo fala em liberdade de contratar que é a liberdade
para celebrar contrato com qualquer um que seja, e que em regra é ilimitado, o certo
seria mencionar a liberdade contratual que é aquele relacionada ao conteúdo do
contrato, essa sim, limitada pela função social. 2 – função social não é razão do
contrato mas limite, a razão do contrato é a autonomia privada.

Prevalece na doutrina o entendimento da dupla eficácia da função social do contrato:


a) eficácia interna (entre as partes) (reconhecida pela E. 360 CJF/STF) e b) eficácia
externa (vai além das partes).

A1) Proteção da parte vulnerável

A2) Proteção da dignidade humana do contrato

A3) Vedação da onerosidade excessiva (desequilíbrio contratual) e do enriquecimento


sem causa.

A4) Nulidade de cláusula antisociais (Ex: 302 do STJ). Em contrato de plano de saúde é
nula a cláusula que limita internação.

A5) Tendência de conservação contratual (E. 22 CJF/STJ). A extinção do contrato é a


última ratio ...

B) Eficácia Externa (E. 21 CJF/STJ) o contrato gera efeito contra terceiros, e conduta
de terceiros repercutem no contrato ( de fora para dentro).

B1) proteção dos direitos difusos e coletivos não podendo o contrato prejudicá-lo. Ex:
função sócio ambiental do contrato.

B2) É a chamada tutela externa do crédito STJ, RESP 444716/BA. A vítima de um


acidente de transito pode demandar diretamente a seguradora do culpado, mesmo
não havendo uma relação contratual entre eles.

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