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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
GERAIS

SSP/MG, residente e domiciliado na Rua Adail Alevato, nº 245, Casa 02,


Bairro Santa Efigênia, Juiz de Fora (MG), por intermédio dos advogados ao final assinados,
devidamente constituídos na forma do instrumento procuratório em anexo, vem a ilustrada
presença de V. Exa. Impetrar o presente

HABEAS CORPUS
com pedido de liminar

em razão do constrangimento ilegal limitador de sua liberdade de


locomoção ante a decretação da prisão preventiva perpetrado pela Excelentíssimo,
doravante indicada como autoridade coatora, nos termos do artigo 5º, LXVIII da Constituição
Federal, artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal Brasileiros e pelos fundamentos
de fato e de direito abaixo expendidos.

I – DA FUNDAMENTAÇÃO FÁTICA E JURÍDICA

Rua Halfeld, 525, sala 1003 . Centro . Juiz de Fora (MG) . CEP 36.010-001
Telefones: (32)4141-2393/8811-5335/8814-6640 . E-mail:monteirodecastro1976@yahoo.com.br
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A teor da parte final do § 1º artigo 544 do CPC, modificado pela Lei


10.352/2001, o advogado subscritor atesta a autenticidade das fotocópias que instruem o
presente mandamus, sob as penas da lei.

O impetrante foi preso em flagrante delito no dia 01 de novembro do


corrente ano de 2013, sob a acusação da prática do delito descrito no artigo 33, § caput da
Lei 11343/06, tudo conforme o presente auto de prisão em flagrante lavrado pelo Delegado
de Polícia Judiciária oficiante no feito.

Ocorre que o nobre juíz oficiante na 3ª Vara Criminal desta Comarca,


converteu a prisão em flagrante do acusado em prisão preventiva, estando o mesmo
recolhido na Cadeia Pública de Juiz de Fora, CERESP/JF, embora não preencha os
requisitos legais necessários à manutenção da prisão preventiva efetivada.

Pelo simples correr de olhos nos expedientes que ensejaram a


decretação da prisão preventiva e consequente indeferimento da liberdade ao paciente,
percebe-se que sua prisão foi mantida sem qualquer motivação contundente, não existindo
qualquer análise mais profunda acerca da necessidade da custódia cautelar.

Com efeito, carece a decisão ora fustigada de justificativa das razões


pelas quais uma suposta soltura do paciente interferiria no bom andamento da instrução
criminal, comprometeria a ordem pública ou a aplicação da lei penal, de forma que exsurge a
ofensa ao artigo 98, inciso IX da Constituição da República, dispositivo que impõe aos
magistrados a obrigação de motivar adequadamente seus decretos.

A jurisprudência nesses casos é assente:

HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - PRISÃO EM


FLAGRANTE - LIBERDADE PROVISÓRIA - POSSIBILIDADE -
REPOSICIONAMENTO - AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL -
DECISÃO INDEFERITÓRIA - AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA - NECESSIDADE DE
MOTIVAÇÃO ADEQUADA, COM FINCAS EM DADOS
CONCRETOS - ORDEM CONCEDIDA. "Reanalisando o tema
liberdade provisória a autores de crimes hediondos ou como tais

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equiparados, particularmente o delito de tráfico de drogas, tenho que


a Lei n.º 11.464/07, realmente, ao dar nova redação ao inciso II do
art. 2º da Lei n.º 8.072/90, derrogou, por conseguinte, também o art.
44 da Lei n.º 11.343/06 (no ponto referente à insuscetibilidade do
referido benefício)". "Não se vislumbrando na decisão atacada a
indicação dos dados objetivos - distintos da própria prática delituosa
- que ensejariam a manutenção da segregação, impõe-se a concessão
da ordem, deferindo-se a liberdade provisória ao paciente, com a
observância das cautelas expressas no art. 310, parágrafo único, do
CPP". (HABEAS CORPUS N° 1.0000.09.497474-8/000 - COMARCA
DE BELO HORIZONTE - PACIENTE(S): EVERTON FERREIRA
SANTOS - AUTORID COATORA: JD 2 V TOXICOS COMARCA
BELO HORIZONTE - RELATOR: EXMO. SR. DES. EDUARDO
BRUM - Data da Publicação: 10/07/2009).

"HABEAS CORPUS" - DEMORA NA APRECIAÇÃO DO PEDIDO


DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA - PERDA DE
OBJETO - DECISÃO QUE DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA
SEM A DEVIDA FUNDAMENTAÇÃO - REVOGAÇÃO DA
CUSTÓDIA CAUTELAR - POSSIBILIDADE. 1. Tendo sido
apreciado o pedido de revogação da prisão preventiva pelo
Magistrado ""a quo"", resta prejudicado o pedido pela perda de
objeto. 2. Sendo o nosso sistema presidido pelo regime de liberdade
individual, qualquer medida que vise a privação da liberdade deve
ser revestida da indispensável fundamentação, declinando o
magistrado as razões pelas quais se faz necessária a medida
acauteladora, posto que o princípio constitucional inserto no art. 93,
inc. IX, da Carta Magna, exige concreta motivação. 3. ""Habeas
Corpus"" parcialmente prejudicados e concedidos na parte
conhecida." (TJMG - HC n.º 1.0000.10.061198-7/000 - 3ª Câmara
Criminal - Rel. Des. Antônio Armando dos Anjos, julg. 30.11.2010,
pub. 08.02.2011)

"HABEAS CORPUS" - TRÁFICO DE DROGAS - ARGUMENTOS


DE ORDEM FÁTICA - IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NA
ESTREITA VIA DO "WRIT" - REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA - DECISÃO CARENTE DE FUNDAMENTAÇÃO -
GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO INSUFICIENTE PARA A
MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO - PRESENÇA DOS
REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP NÃO DEMONSTRADA
COM BASE EM ELEMENTOS CONCRETOS DOS AUTOS -
POUCA DROGA APREENDIDA - PACIENTE PRIMÁRIO -
ORDEM CONCEDIDA.

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE


PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. DECISÃO DENEGATÓRIA

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DESPROVIDA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AUSÊNCIA


DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. ORDEM
CONCEDIDA.
I - As prisões cautelares, como medidas restritivas da
liberdade individual que são, devem ser comprovadamente
necessárias e fundamentadas concretamente em uma das
hipóteses do art. 312, do CPP, em observância ao princípio da
presunção de inocência, desservindo a justificar o
acautelamento provisório a gravidade abstrata do delito. II -
Muito embora refira-se o Habeas Corpus nº 97256, julgado
pelo STF, à possibilidade de substituição da pena privativa de
liberdade por restritivas de direitos aos condenados pelo
crime de tráfico, a inteligência do acórdão há de ser aplicada
analogicamente à hipótese dos autos, estendendo-se a
abrangência do julgado também ao instituto da liberdade
provisória. (TJMG - Habeas Corpus 1.0000.12.080659-1/000 -
Relator: Des. Matheus Chaves Jardim - 2ª Câmara Criminal -
Data do Julgamento: 02/08/2012).

Ainda no que pese à equivocada fundamentação da decisão negatória


de liberdade ao impetrante, isto é, com a decretação da prisão preventiva, é importante
relatar que as circunstancias que a substancia entorpecente foi encontrada, isto é, em
momento algum o acusado estava comercializando entorpecentes.

Ademais, o acusado é usuário de drogas conhecido no bairro onde


reside, jamais traficante de drogas, de modo que a decretação e manutenção da custodia
cautelar torna-se arbitrária e ilegal.

De outro lado, em sendo entendimento corredio a pregação doutrinária


de que a prisão só deve se dar quando for de incontrastável necessidade, evitando-se ao
máximo o comprometimento do direito de liberdade que o ordenamento jurídico tutela e
ampara, o acusado, enquanto não condenado, não é culpado, não podendo ser tratado como
se o fosse, gozando ele de um status de inocência, porquanto as restrições à sua liberdade,

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quaisquer que sejam elas, só se admitem se ditadas pela mais estrita necessidade, o que in
casu não ocorre.

Não existindo necessidade efetiva da prisão preventiva, qualquer


investida do Estado contra o direito de liberdade de cidadão constitui constrangimento ilegal,
em violação ao basilar Princípio do Estado de Inocência, como bem destaca Tourinho Filho1:

toda e qualquer prisão provisória, sem que haja laivos de


cautelaridade, é desnecessária e afronta o princípio da
presunção de inocência, dogma constitucional

A prisão provisória, excepcional que é, tem nítido caráter cautelar,


porquanto somente se imprescindível para acautelar um processo penal é que pode ser
deflagrada, já que a regra é a liberdade. Como se sabe, toda medida cautelar exige os
requisitos da fumaça do cometimento do delito e do perigo da liberdade. Se não estiverem
presentes simultânea e cumulativamente estes dois requisitos, qualquer medida cautelar será
arbitrária por ausência de lastro jurídico.

Assim sendo, no Direito Processual Penal, o maior referencial que se tem


para aferir a questão da necessidade da aplicação de alguma medida cautelar constritiva da
liberdade é o art. 312 do Código de Processo Penal. Apreciando-se este dispositivo se conclui
que o fumus commissi delicti está presente quando houver materialidade comprovada e
indícios suficientes de autoria. Superada afirmativamente esta etapa, o mesmo artigo destaca
que somente se necessário para garantia da ordem pública ou econômica, para aplicação da
lei penal ou por conveniência da instrução criminal é que se pode entender configurado o
periculum in libertatis. Ou, mais especificamente: somente se a liberdade de alguém trouxer
perigo a uma dessas situações é que se verá presente aquilo que se chama de periculum in
libertatis.

No caso em análise, o requerente não cometeu o crime previsto no


artigos 33 da Lei 11.343/06, o que certamente será constatado no decorrer da instrução
processual. Nesse sentido, basta um breve passar dos olhos no Auto de Prisão em

1
Processo Penal. V. 3. 20ª ed. Saraiva: São Paulo. 1998. p.469

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Flagrante para se perceber claramente que a decretação da prisão preventiva do


acusado é totalmente ilegal e arbitrária, tendo em vista a situação fática do caso.

Portanto, a prisão foi ARBITRÁRIA, sua manutenção no cárcere é


ILEGAL e o crime em que o impetrante esta sendo acusado é totalmente descabido, não
havendo o menor indício possível quanto à MATERIALIDADE e muito menos quanto a
CONDUTA CRIMINOSA imputada ao impetrante.

Diante dos fatos apresentados, torna-se notório o fato de que o


requerente jamais cometeu o crime previsto no artigo 33 da Lei 11.343/06, sendo a conduta
dos policiais que efetuaram a prisão uma mera presunção, não havendo ao menos indícios
quanto ao cometimento do delito pelo suplicante, tornando-se injusta tanto a prisão em
flagrante ratificada pela autoridade policial como sua manutenção, eis que insuficientes os
indícios necessários à configuração do fumus commissi delicti acima explicitado.

Lado outro, ainda que forçosamente vislumbre-se a fumaça do


cometimento do delito, não resta cristalina a ocorrência do periculum in libertatis no caso em
exame. A uma, porque o requerente possui residência fixa na cidade conforme
depreende-se da cópia da conta de fornecimento de agua em nome de sua mãe,
em anexo. A duas, porque trata-se de réu primário e de bons antecedentes, nos
termos da Certidão Criminal em anexo, o que demonstra a índole não criminosa
do suplicante, sendo a acusação narrada uma inverdade em sua conduta social.
A três, porquanto o réu possui trabalho fixo, prestando serviços como pedreiro
autonomo para o senhor Eliel Pereira Dias, conforme declaração em anexo, de
forma a manter sua subsistência através de trabalho digno, estando seu posto
de trabalho vago até o momento.

Pelo o acima explanado, verifica-se que a liberdade do requerente não


colocará em risco a garantia da ordem pública ou econômica, nem sequer gerará prejuízos
para aplicação da lei penal ou instrução criminal, de modo que se faz imperiosa a concessão
da liberdade provisória ora pleiteada.

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Não se afigura correta a afirmação de ser incabível a concessão de


liberdade com a decretação da prisão preventiva por tratar-se da gravidade do crime e menos
ainda as condições pessoais do acusado, eis que ainda não existem elementos fortes o
bastante para configurar o delito de tráfico de entorpecentes, além de a jurisprudência de
nossos tribunais superiores não negarem o direito à liberdade, com a revogação da cautela
preventiva.

Em decisões recentes do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais


não é diferente:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE


PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. DECISÃO DENEGATÓRIA
DESPROVIDA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
PRIMARIEDADE. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312
DO CPP. ORDEM CONCEDIDA.

I - Muito embora conste nos autos cópia de auto de prisão


em flagrante, a narrar apreensão de drogas na posse do
paciente, não se extrai da espécie sub studio gravidade
suficiente e concreta a justificar a medida extrema,
mormente em se considerando a primariedade do acusado.

HABEAS CORPUS Nº 1.0000.13.076748-6/000 - COMARCA


DE VARGINHA - PACIENTE(S): EDUARDO ANTONIO MUSSO
- AUTORID COATORA: JD 2 V CR COMARCA VARGINHA -
INTERESSADO: ALINE DA SILVA ANTONIO, LEONARDO
CHAGAS, PABLO DA SILVA CHAGAS. (TJMG - Habeas
Corpus 1.0000.13.076748-6/000 0767486-70.2013.8.13.0000
(1). Data da publicação: 18/11/2013)

HABEAS CORPUS - TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES -


DECISÃO PRIMEVA CARENTE DE FUNDAMENTAÇÃO -
OCORRÊNCIA - CONCESSÃO. A gravidade do crime, por si só,
bem como a alegada vedação legal à liberdade provisória
determinada pelo art. 44 da Lei 11.343/06, não justificam a custódia
cautelar, sob pena de o juiz transformar-se em legislador positivo.

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Ordem concedida. (TJMG - HABEAS CORPUS N°


1.0000.09.495150-6/000 - COMARCA DE SETE LAGOAS -
PACIENTE(S): LEANDRO FERREIRA DOS SANTOS - AUTORID
COATORA: JD 1 V CR INF JUV COMARCA SETE LAGOAS -
RELATOR: EXMO. SR. DES. ALEXANDRE VICTOR DE
CARVALHO - Data da Publicação: 08/06/2009).

“HABEAS CORPUS”. PACIENTE PRESA EM FLAGRANTE POR


PORTE DE ARMA DE FOGO E TRÁFICO. PEDIDOS DE
RELAXAMENTO DE FLAGRANTE E LIBERDADE
PROVISÓRIA. INOCORRÊNCIA DE VÍCIOS DE ORDEM
FORMAL. SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE
DE RELAXAMENTO. REVOGAÇÃO DA PROIBIÇÃO DE
LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CASOS DE CRIMES
HEDIONDOS. LEI Nº 11.464/07. INCONSTITUCIONALIDADE
DO ART. 21 DA LEI Nº 10.826/03 DECLARADA PELO STF.
NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA PRISÃO.
PRECEDENTES DO STJ. INEXISTÊNCIA DE FATOS
CONCRETOS QUE JUSTIFIQUEM SUA PERMANÊNCIA NO
CÁRCERE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO.
ORDEM CONCEDIDA. - Com o advento da Lei nº 11.464/07, não
mais subsiste em nosso ordenamento a proibição de liberdade
provisória aos acusados da prática de crime hediondo, situação esta
que alcança o tráfico de drogas, eis que não é admissível que os réus
de crimes mais graves façam jus ao benefício. - O STF, em recente
julgamento, declarou a inconstitucionalidade da vedação da
liberdade provisória para os autores de crimes previstos no Estatuto
do Desarmamento, prevista no art. 21 do diploma normativo. -
Inexistindo fatos concretos que apontem no sentido da necessidade
de assegurar a ordem pública, a aplicação da lei penal e a
conveniência da instrução criminal, resta caracterizado o
constrangimento ilegal. (TJMG - HABEAS CORPUS N°
1.0000.07.453448-8/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE -
PACIENTE(S): RAILTA RODRIGUES DOS SANTOS - AUTORID
COATORA: JD 2 V TOXICOS COMARCA BELO HORIZONTE -
RELATOR: EXMO. SR. DES. HERCULANO RODRIGUES.
ACÓRDÃO PUBLICADO EM 06/06/2007).

Assim, a simples menção a requisitos autorizadores da prisão


preventiva, sem que sejam apontadas circunstâncias do caso
concreto, não se presta a embasar a segregação cautelar.

Nesse sentido:

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EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.


LIBERDADE PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. DECISÃO
DENEGATÓRIA DESPROVIDA DE FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP.
ORDEM CONCEDIDA.
I - As prisões cautelares, como medidas restritivas da liberdade
individual que são, devem ser comprovadamente necessárias e
fundamentadas concretamente em uma das hipóteses do art. 312, do
CPP, em observância ao princípio da presunção de inocência,
desservindo a justificar o acautelamento provisório a gravidade
abstrata do delito. II - Muito embora refira-se o Habeas Corpus nº
97256, julgado pelo STF, à possibilidade de substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direitos aos condenados pelo
crime de tráfico, a inteligência do acórdão há de ser aplicada
analogicamente à hipótese dos autos, estendendo-se a abrangência do
julgado também ao instituto da liberdade provisória. (TJMG -
Habeas Corpus 1.0000.12.080659-1/000 - Relator: Des. Matheus
Chaves Jardim - 2ª Câmara Criminal - Data do Julgamento:
02/08/2012).

Nesse sentido a farta e uníssona jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça:

“Sendo certo que toda e qualquer espécie de prisão antes do


trânsito em julgado da sentença condenatória tem natureza
cautelar, deve estar comprovada a real necessidade da restrição da
liberdade do acusado”. (TJMG. HC nº 1.0000.04.412650-6/000. 2ª
Câmara Criminal. Rel. Beatriz Pinheiro Caires. publ. 22/10/2004)

“Conforme os reiterados precedentes recentes de nossas Cortes


Superiores, a decisão que decreta uma medida constritiva, como a
prisão preventiva ou a internação provisória de menor infrator,
deve ser suficientemente fundamentada, explicitando os dados
objetivos e concretos que demonstrem que a custódia provisória
se mostra imprescindível, não bastando, para isto, a mera
repetição da disposição legal ou a existência de indícios de autoria
e materialidade delitiva”. (TJMG. HC nº 1.0000.04.414178-6/000. 1ª
Câmara Criminal. Rel. Márcia Milanez. publ. 23/11/2004)

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“Para o indeferimento do pedido de liberdade provisória é


necessária fundamentação adequada, que explicite as razões de
decidir. Não se vislumbrando na decisão a indicação dos motivos
concretos, idôneos à manutenção da custódia, resta caracterizado
o constrangimento ilegal, impondo-se a concessão da ordem”.
(TJMG. HC nº 1.0000.06.437616-3/000. 1ª Câmara Criminal. Rel.
Eduardo Brum. publ. 18/08/2006)

“O indeferimento do pedido de liberdade provisória feito em favor


de quem foi detido em flagrante deve ser, em regra, concretamente
fundamentado, devendo os requisitos da prisão preventiva ser
expostos e justificados sob a luz da relação dos fatos e do direito
postos na pretensão, sob pena de relegar ao arbítrio toda e
qualquer restrição à liberdade do indivíduo”. (TJMG. HC nº
1.0000.06.441145-7/000. 4ª Câmara Criminal. Rel. William Silvestrini.
publ. 18/08/2006)

No mesmo sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRISÃO


PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. GRAVIDADE DO DELITO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. A falta de demonstração, efetiva e concreta, das causas legais da
prisão preventiva, caracteriza constrangimento ilegal manifesto, tal como
ocorre quando o Juiz se limita a invocar, sem mais, o temor da
comunidade e a probabilidade de repetição do ilícito, sem base em
qualquer fato concreto.
2. Ordem concedida”. (STJ. HC nº 43271/RS. 6ª Turma. Rel. Hamilton
Carvalhido. publ. 14/08/2006)

“CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO EM FLAGRANTE.


PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDO. GRAVIDADE DO
DELITO. CIRCUNSTÂNCIA SUBSUMIDA NO TIPO. PROVA DA
MATERIALIDADE E AUTORIA. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA A RESPALDAR A

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CUSTÓDIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO DA


ILEGALIDADE. EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA DETERMINADA.
ORDEM CONCEDIDA.
I. O juízo valorativo sobre a gravidade genérica do delito imputado ao
paciente, bem como da existência de prova da autoria e da materialidade
do crime não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão para
garantia da ordem pública, se desvinculados de qualquer fator concreto
que não a própria prática, em tese, criminosa.
II. Aspectos que devem permanecer alheios à avaliação dos pressupostos
da prisão preventiva, mormente para garantia da ordem pública, eis que
desprovidos de propriamente cautelar, com o fim de resguardar o
resultado final do processo.
III. As afirmações a respeito da gravidade do delito trazem aspectos já
subsumidos no próprio tipo penal”. (STJ. HC nº 48358/MG. 5ª Turma. Rel.
Gilson Dipp. publ. 01/08/2006)
1. No ordenamento constitucional vigente, a liberdade é regra, excetuada
apenas quando concretamente se comprovar, em relação ao indiciado ou
réu, a existência de periculum libertatis. 2. A exigência judicial de o réu
manter-se preso deve, necessariamente, ser calcada em um dos motivos
constantes do art. 312 do Código de Processo Penal e, por força do art.
5º, XLI e 93, IX, da Constituição da República, o magistrado deve apontar
os elementos concretos ensejadores da medida.
3. Não compreende, portanto, os decretos prisionais que impõem, de
forma automática e sem fundamentação, a obrigatoriedade do réu manter-
se preso. (...)
5. A gravidade do crime não pode servir como motivo extra legem para
decretação da prisão provisória. Precedentes do STJ e STF”. (STJ. HC nº
50455/PA. 6ª Turma. Rel. Paulo Medina. publ. 01/08/2006)

Fica claro, portanto, em face do sólido respaldo jurisprudencial à tese


ora sustentada, que o decreto de prisão preventiva expedido pela autoridade coatora é
totalmente destituído de qualquer fundamentação válida.

Assim sendo, verifica-se que o impetrante faz jus a concessão da


liberdade provisória, de modo que inteiramente ilegal a decisão de conversão do flagrante em
prisão preventiva proferida pela juíza a quo.

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- DA NECESSIDADE DE MEDIDA LIMINAR

No habeas corpus, o pedido poderá conter requerimento de liminar, para


cessação incontinenti da violência, quando o constrangimento evidencie-se manifesto, com
boa demonstração documental, adiantando o magistrado, cautelarmente, a prestação
jurisdicional, desde que estejam presentes seus pressupostos, quais sejam, a razoabilidade
da pretensão, isto é, o fumus boni iuris e o perigo que a demora poderá causar, ou seja, o
periculum in mora.

Em circunstâncias desse matiz, quando estiver efetivamente delineado


pela prova que instrui o pedido de habeas corpus o constrangimento ilegal incidente sobre o
paciente (fumus boni juris), o pedido dever ser liminarmente concedido, já que ao se aguardar
futura decisão a ser prolatada no processo, será gerado fatalmente grave dano, de difícil ou
mesmo de impossível reparação, à liberdade física do impetrante (periculum in mora).

Prolongando-se no tempo o estado de coação ilegal que incide sobre o


jus libertatis do paciente, inevitavelmente restará configurada situação impossível de ser
corrigida por decisão que der provimento ao pedido liberatório.

A liberdade física não é um bem patrimonial que pode ser atualizado


quando do proferimento do decisum. Por ser ela psicológica e até mesmo moral, a futura
sentença jamais poderá compensar a liberdade que ficou perdida. Não há como se atualizar a
perda da liberdade, direito fundamental do homem. Logo, comprovada de plano a ilegalidade
ou o abuso atinente ao direito de locomoção do paciente, a concessão liminar do writ of
habeas corpus se impõe.

Se o direito do impetrante em responder ao processo em liberdade é


inconteste, se a decretação da prisão foi ilegal e arbitrária ou a denegação da liberdade se
encontra equivocada ou sem uma robusta fundamentação, se a manutenção da custódia
cautelar se embasa em insuficientes motivos, dentre outras situações jurídicas que também
poderiam ser adicionadas, nada mais lógico que o poder acautelatório do Estado-juiz

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preponderar, dando agasalho ao pedido cautelar, com isso fazendo cessar de imediato o
constrangimento ilegal noticiado.

Aliás, a Constituição Federal é enfática ao exortar que "a prisão ilegal


será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária". Indubitavelmente, a expressão
'imediatamente', significa sine intervalo, de plano.

Não resta nenhuma dúvida de que o paciente sofre constrangimento


ilegal com o seu recolhimento à Cadeia Pública Local (CERESP/JF), em virtude das razões
acima aduzidas, merecendo ser, de pronto, liberado haja vista a presença dos requisitos
necessários à concessão da liminar requestada.

II - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto acima, verifica-se que tanto a homologação do


Auto de Prisão em flagrante e a decretação da Prisão Preventiva constituem,
indubitavelmente, constrangimento ilegal, vez que o paciente preenche todas as
condições exigidas para responder e aguardar em liberdade o desenrolar da ação
penal, razão pela qual requer a este Egrégio Tribunal de Justiça que lhe seja concedida
ORDEM DE HABEAS CORPUS, NA MODALIDADE LIBERATÓRIO, LIMINARMENTE, E,
AO FINAL, DEFINITIVAMENTE, ORDENANDO A EXPEDIÇÃO DO COMPETENTE
ALVARÁ DE SOLTURA, comunicando-se o ilustre magistrado da 3ª Vara Criminal da
Comarca de Juiz de Fora (MG), para que o mesmo tenha ciência de todas as decisões
proferidas e para que preste as informações que entender necessárias.
Termos em que
Pede deferimento.
De Juiz de Fora para Belo Horizonte, em 20 de novembro de 2013.

MARCO ANTÔNIO FERNANDES


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ALEXANDRE MONTEIRO DE CASTRO MENDES


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