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COMUNICAÇÃO

EMPRESARIAL

Debbie Mello Noble


Eficácia na
comunicação oral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as técnicas para conduzir e para participar de reuniões.


„„ Reconhecer as diferenças entre comunicação informal e formal.
„„ Demonstrar métodos de apresentação apropriados.

Introdução
Neste capítulo, você vai ler sobre a comunicação oral, reconhecendo
algumas situações do cotidiano nas quais sua eficácia é essencial, como,
por exemplo, na participação e na condução de reuniões. Além disso,
você compreenderá as diferenças entre situações de comunicação formal
e informal, bem como conhecerá e saberá escolher os métodos mais
apropriados para uma comunicação oral.

Condução e participação de reuniões


No mundo dos negócios, na educação, na política ou em qualquer área em
que seja necessária a organização de um grupo de trabalho, as reuniões se
tornam indispensáveis. No entanto, podemos dizer que há um senso comum
sobre as reuniões: elas podem dispender muito tempo útil e ser ineficientes.
Uma reportagem da Revista Exame mostrou que as reuniões sobre assuntos
burocráticos e tarefas pouco produtivas podem roubar até 10 horas semanais de
trabalho de cada funcionário (CARVALHO, 2014). No entanto, se estivermos
preparados para conduzir e/ou participar de uma reunião, essa ideia negativa
pode desaparecer. Parte disso passa pela capacidade de planejar e se preparar,
além disso, é fundamental a objetividade da comunicação.
2 Eficácia na comunicação oral

Ter objetivos definidos, planejar o tempo e listar as pessoas indispensáveis


na tomada de decisão são fundamentais para conduzir bem ou participar mais
efetivamente de uma reunião.

Objetivos e tipos de reuniões


A questão principal para se preparar para uma reunião é ter muito claros os
objetivos que justificam sua necessidade. Ou seja, independentemente de
estar conduzindo ou participando de uma reunião, é preciso estabelecer ou
conhecer seus objetivos, bem como compreender se ela é indispensável para
atingir esses objetivos.
Como há diversos tipos de reunião, de acordo com as diferentes situações,
é importante esclarecer bem seus objetivos antes de se preocupar com outros
detalhes ou notificar os participantes (HINDLE, 1999). Os objetivos mais
comuns de uma reunião, geralmente, enquadram-se em um destes exemplos
(HINDLE, 1999):

„„ transmitir informações ou conselhos;


„„ divulgar instruções;
„„ mediar conflitos;
„„ tomar ou implementar decisões;
„„ gerar ideias criativas;
„„ apresentar propostas para discussão e/ou decidir sobre elas.

Após identificar os objetivos da reunião, podemos direcionar os próximos


passos, como:

„„ escolha dos participantes;


„„ quantidade necessária de pessoas envolvidas;
„„ condições em que essa reunião deverá ser realizada.

Para entender melhor, confira o Quadro 1.


Eficácia na comunicação oral 3

Quadro 1. Tipos de reuniões conforme objetivos

Objetivos Condições Tipo

Envolve, no máximo, De poucas pessoas


três pessoas
Estudar
informações Envolve uma equipe Formal
(divulgar ou
Requer feedback e discussão Informal ou formal
receber relatórios,
dar instruções, Envolve informar o máximo Assembleia pública
anunciar e explicar de pessoas de fora da
mudanças de organização, inclusive a mídia
métodos)
Envolve palestrantes que Conferência
trazem informações

Diz respeito a apenas One-on-one (um a um)


uma pessoa

Resolver Requer dados de várias Subcomissão especial


problemas pessoas ou uma equipe

Lida com problemas Improvisada/


urgentes de incidente

Requer discussão rápida Improvisada


ou envolve temas não
regulamentares

Tomar decisões Envolve temas comuns Formal


do negócio

Requer autorização ou Conselho


uma maior discussão

Envolve a discussão Informal


de ideias criativas

Precisa de novas ideias Brainstorm


Estimular
rapidamente (tempestade de ideias)
novas ideias
Envolve relatórios sobre Formal
temas a serem pensados,
discutidos e preparados

Fonte: Adaptado de Hindle (1999).


4 Eficácia na comunicação oral

A partir do Quadro 1, podemos ter uma ideia inicial para o planejamento


de uma reunião conforme seus objetivos. Assim, é possível se preparar em
relação à pauta, ao pessoal envolvido e convocado para a reunião e ao nível de
formalidade aplicado. O próximo passo para o sucesso da condução de uma
reunião é o planejamento da pauta e do tempo.

Planejamento, propósito e tempo


Segundo Hindle (1999), qualquer encontro de pessoas que vise resolver um
problema ou tomar uma decisão é considerado uma reunião, mesmo que
ocorra entre colegas de modo informal. Nesse sentido, para que um desses
encontros seja frutífero, é preciso ter um propósito claramente definido entre
os participantes.
O responsável por conduzir uma reunião deve planejá-la com antecedência
e comunicar os envolvidos, para que todos saibam da importância de sua
participação. Assim, deve elaborar uma pauta e revisá-la, preparando-se ade-
quadamente para falar sobre cada um dos tópicos ou comunicando previamente
os responsáveis por abordá-los.

O passo a passo do planejamento de uma pauta consiste em (HINDLE, 1999):


„„ decidir quais assuntos devem ser discutidos na reunião;
„„ enviar o rascunho da pauta aos participantes, solicitando sugestões de tópicos a
acrescentar (assim se evita a dispersão e se administra melhor o tempo);
„„ incorporar as sugestões e fazê-las circular novamente para que sejam aprovadas
em definitivo.

Outra questão importante é estar preparado em relação aos recursos ne-


cessários para a realização da reunião. Assim, é preciso:

„„ reservar uma sala de reuniões ou definir um espaço condizente com o


tipo de reunião (conforme vimos anteriormente);
„„ verificar se haverá participantes de forma remota (ou seja, que estarão
presentes virtualmente);
„„ preparar todo o equipamento necessário com antecedência.
Eficácia na comunicação oral 5

Ainda na etapa do planejamento da reunião, devem ser identificadas as


possibilidades de abertura que a pauta pode ter, ou seja, antecipar possíveis
argumentos contrários ou fuga do foco da pauta. A produtividade e a as-
sertividade nas reuniões são fundamentais para evitar a perda de foco e de
tempo. Segundo Oliveira (2017), as reuniões ineficientes podem gerar perdas
até mesmo financeiras para as empresas.

Um método de produtividade e melhor aproveitamento do tempo muito utilizado


atualmente pelas empresas é o Getting Things Done (GTD), criado por David Allen. Para
o autor, um sistema de produtividade eficiente consiste em:
„„ lista de tarefas ativas — próximas ações a serem completadas nos próximos dias;
„„ lista de projetos ativos — projetos a completar nas próximas semanas/meses;
„„ calendário — compromissos futuros com data e hora específica;
„„ lista um dia/talvez — ideias a explorar, mas não agora;
„„ referência — informação ou documentos que podem ser importantes para con-
sultas futuras;
„„ ferramenta de recolha — algo que ajude a capturar as ideias e próximas ações
assim que surgem na mente.
Para ler mais sobre o tema, acesse o link:

https://qrgo.page.link/xC9kB

Caso seja uma reunião com objetivo decisório, devemos focar em conduzir
bem os argumentos, prevendo aqueles que possam surgir na direção contrária,
antecipando-se a eles. Além disso, devemos revisar a pauta para verificar se
está clara e coerente com os objetivos previamente estabelecidos.
Durante a reunião, é apresentado um resumo dos objetivos, de modo a
reforçá-los para os participantes. Em seguida, repassamos a pauta e nos cer-
tificamos de que nenhum tópico importante relacionado ao objetivo principal
da reunião ficou de fora.
Os demais participantes podem ter algo a adicionar nesse momento, por
isso, devemos prever um tempo não muito reduzido para abordar cada tópico.
Ainda em relação ao tempo, é preciso conduzir a reunião de forma que todos
sintam-se confortáveis em participar, porém, devemos ficar atentos às eventuais
fugas da pauta, para que a reunião não se estenda além do previsto e não deixe
os colegas com a sensação de tempo perdido e poucas decisões tomadas.
6 Eficácia na comunicação oral

Para otimizar o tempo e envolver a todos, devemos questionar os partici-


pantes sobre determinados assuntos que são de seus domínios.

Citamos aqui 10 dicas para uma reunião mais produtiva, elaboradas pela Você RH
(OLIVEIRA, 2017, documento on-line):
„„ o encontro é, de fato, necessário;
„„ existe uma pauta clara e objetivos;
„„ um material prévio é compartilhado;
„„ apenas os participantes necessários são convocados;
„„ os convidados aparecem no horário;
„„ a reunião começa e termina na hora combinada;
„„ a conversa se resume ao assunto central;
„„ os participantes se preparam para os tópicos da pauta;
„„ ninguém usa o celular nem sai da sala durante o encontro;
„„ a reunião dura no máximo duas horas.

Diferenças entre comunicação informal e formal


A comunicação oral, seja ela formal ou informal, faz, inevitavelmente, parte de
nossas vidas. No meio profissional, usamos a palavra falada a todo momento
para muitas situações, que vão desde um contexto extremamente informal até
uma situação oposta, totalmente formal:

„„ participar de reuniões;
„„ expor produtos e serviços;
„„ ministrar aulas;
„„ apresentar pessoas e solenidades;
„„ prestar homenagens;
„„ dar entrevistas;
„„ fazer entrevistas de emprego;
„„ participar de reuniões sociais;
„„ falar ao telefone.
Eficácia na comunicação oral 7

A importância de falar bem é destacada por Polito (1996). Para o autor, a boa comu-
nicação proporciona muitos benefícios, entre eles:
„„ é percebida como o reflexo de uma personalidade forte e segura;
„„ projeta e põe em evidência os conhecimentos que o orador possui sobre o tema;
„„ colabora para o marketing pessoal daquele que fala;
„„ é um valioso recurso de persuasão;
„„ contribui para o crescimento profissional;
„„ proporciona melhores relacionamentos.

Nas diferentes situações de comunicação oral, assim como na forma de se


vestir, é necessário estarmos adequados ao contexto. No meio corporativo,
não é diferente: se a pessoa trabalha em um escritório de advocacia, deverá
utilizar roupas mais formais e adequar sua maneira de se comunicar. Isso
ocorre porque a comunicação oral, para ser eficaz, depende do interlocutor e
do contexto em que estamos inseridos.

Comunicação informal
Quando estamos entre amigos, família e colegas mais próximos de trabalho,
raramente nos preocupamos com a forma como estamos falando. Nessas situa-
ções, estamos confortáveis e despreocupados, comunicamo-nos — idealmente
— sem nenhuma dificuldade. No entanto, há momentos em que a comunicação
oral é informal, porém, ainda assim, exige certa seriedade.
No trabalho, por exemplo, há reuniões que não comportam formalidade,
mas ainda assim necessitam de seriedade. Um exemplo disso são as reuniões
para resolução de problemas ou de incidentes de última hora, bem como
reuniões de feedback ou de brainstorm (ideias criativas).
Nesses momentos, a comunicação é informal, isto é, não demanda tantas
regras ou adequação à linguagem culta formal. Porém, não podemos confundir
informalidade com falta de compromisso, motivo pelo qual podemos atentar
para alguns elementos fundamentais da comunicação verbal, seja ela em uma
situação formal ou informal.
8 Eficácia na comunicação oral

Alguns desses elementos são:

Voz — Cada pessoa possui um estilo diferente de voz. Ele varia de acordo com
o tom, a velocidade e o volume com que cada pessoa se expressa oralmente.
Para alcançarmos qualidade na voz e estarmos confortáveis com nosso
estilo de voz, podemos aperfeiçoá-la. O tom de voz (grossa, fina, estridente,
rouca) é uma característica difícil de mudar, mas que pode ser amenizada
quando se aprende a controlar a altura e a velocidade da fala.
Para aqueles que possuem dificuldades em se expressar em tons mais
altos mesmo quando necessário ou que sentem estarem forçando a voz, os
fonoaudiólogos recomendam alguns exercícios de fonoterapia, em que o
paciente aprende a aquecer sua voz, de forma a não a forçar. Os especialistas
em fonoaudiologia também recomendam gravar a própria voz a fim de com-
preender seu funcionamento e seu estilo. Isso evita também forçar demais o
aparelho vocal e a ocorrência de possíveis lesões.

O link a seguir apresenta algumas dicas de especialistas


em fonoaudiologia sobre como cuidar da voz.

https://goo.gl/u3Euqp

Polito (2018) recomenda o cuidado com o ritmo da fala. Isso porque o


sucesso de uma comunicação eficaz está, para o autor, na alternância do volume
da voz e na velocidade da fala. Em determinados momentos, é preciso falar
mais alto, enquanto outros pedem um tom mais baixo; em alguns instantes,
devemos falar mais rápido, já, em outros, mais lentamente. Essa alternância
do ritmo envolve e motiva o público a acompanhar o conteúdo.

Adaptação — É também fundamental para tornar a comunicação oral mais


eficaz. Isso diz respeito ao interlocutor: mesmo em situações informais, de-
vemos adaptar o que vai ser dito, pois o modo de falar não pode ser o mesmo
usado com um colega de trabalho, um amigo ou um líder.
Eficácia na comunicação oral 9

Esses critérios também são válidos quando pensamos na comunicação


formal. Vejamos a seguir o funcionamento da comunicação formal para com-
parar as situações e o modo de aplicá-la em cada uma.

Comunicação formal
Como vimos, a adaptação à situação de comunicação é essencial para uma
comunicação oral eficaz. No caso das situações que exigem um modo formal
de se comunicar, é preciso atentar para alguns critérios, como o público para
o qual estamos nos dirigindo e o tempo de fala.
Os especialistas em oratória apontam outros detalhes importantes a serem
observados na comunicação formal. Algumas dicas dizem respeito à preparação
para uma comunicação do tipo formal, outras estão mais ligadas à situação
de comunicação formal em si, seja ela qual for.

Conhecimento do assunto — Segundo Polito (1996, p. 64), “[...] quanto mais


profundo o conhecimento do assunto, maiores as chances de comunicação”.
O autor recomenda eliminar ao máximo as dúvidas sobre o tema e estudar
bem as respostas adequadas para as possíveis perguntas do público. Essa
preparação prévia vai auxiliar na confiança, levando a pessoa a se sentir mais
segura para falar diante de seu público.

Tempo — É importante sempre saber quanto tempo possuímos de fala, assim,


podemos nos preparar treinando e cronometrando o tempo de fala. Da mesma
forma, ao cronometrar o tempo, evitamos que o material preparado seja insu-
ficiente, especialmente em situações como palestras e cursos.

Prática leva à perfeição — O planejamento do assunto, o tempo e a prática


estão intrinsicamente ligados. Quanto mais praticarmos, mais chances a co-
municação tem de ser eficaz.

Envolver o público — Durante a apresentação, procuramos envolver a plateia


desde o início. É interessante conhecer o público para o qual vamos falar,
mesmo que de forma genérica. Ou seja, podemos investigar a faixa etária,
os interesses ou a profissão do interlocutor. Pode ser uma plateia grande ou
pequena ou pode ser uma situação formal, porém individual, com um pre-
sidente da empresa ou algum executivo importante. Adequar-se ao público
na linguagem e no tom de voz é tão importante quanto saber se o conteúdo é
relevante, sendo essencial para uma comunicação eficaz.
10 Eficácia na comunicação oral

A comunicação formal é um dos maiores desafios da comunicação oral,


porque geralmente ocorre em situações que colocam o orador diante de uma
plateia numerosa ou especializada. Diante desse desafio, muitas pessoas
acabam desenvolvendo um medo ou uma ansiedade muito grande e conhecida
por muitos: o medo de falar em público. Algumas causas desse medo são
apontadas por Polito (1996):

„„ não conhecimento do assunto com profundidade;


„„ falta de prática ou experiência (seja no ramo profissional ou em apre-
sentar temas complexos);
„„ falta de autoconhecimento.

Para vencer o medo de falar em público, que ainda hoje é tão comum, o orador precisa
analisar atentamente as causas do seu medo, conhecer a sua forma de falar, com
bastante prática e ensaios, e entender seus pontos fortes e fracos.

Métodos de apresentação
Uma apresentação formal em qualquer contexto gera, muitas vezes, nervosismo
e ansiedade. Por conta dessas sensações, podem ocorrer diversos problemas
durante a apresentação, resultando em algo diferente do esperado. Por esse
motivo, devemos estar bem preparados para que a apresentação seja eficaz e
não haja espaço para insegurança.
Vejamos, a seguir, algumas dicas de como se preparar para uma apresen-
tação e escolher os métodos de apresentação apropriados para cada contexto
e/ou situação.

Adequação da apresentação
Ao longo da nossa carreira — desde a universidade, com apresentações de
tópicos estudados, trabalhos e até mesmo congressos acadêmicos, até o mundo
corporativo, em reuniões, palestras e diversos outros eventos —, somos de-
mandados a realizar apresentações. Por conta da variedade de ocasiões em
Eficácia na comunicação oral 11

que precisaremos apresentar algo, devemos estar atentos à situação e ao seu


contexto desde o início do planejamento. Devemos ter alguns cuidados:

Quanto ao público — Devemos saber se vamos nos apresentar para um


pequeno ou grande grupo de pessoas: de acordo com esse conhecimento
prévio, saberemos como colocar a voz para que todos nos compreendam
sem dificuldade, bem como providenciaremos recursos eletrônicos, como
microfone e caixa de som.

Quanto à linguagem — Devemos perguntar qual a formação/profissão/idade


das pessoas em geral. Estar ciente do público é fundamental para adequar nossa
linguagem aos interlocutores. Se estivermos diante do presidente da empresa
ou de um público mais especializado, devemos focar na linguagem formal e
considerar a norma culta padrão da língua. Por outro lado, se estivermos entre
colegas, realizando uma apresentação informal ou mesmo em uma palestra
para um público mais jovem, podemos utilizar a linguagem informal e, até
mesmo, interagir com o público por meio de piadas e chistes para quebrar o gelo.

Provocar o riso é interessante para quebrar o gelo, mas em excesso acaba tornando-
-se ineficaz e até mesmo tedioso em uma apresentação, por mais informal que seja.

Preparação e condução de uma apresentação


Ao prepararmos uma apresentação, existem diversos passos e técnicas que
podemos utilizar para fazê-la ser mais eficaz.

Escolher os tópicos — Devemos escolher um tópico com o qual temos fami-


liaridade. Devemos considerar nosso conhecimento sobre o tema e o público.
Normalmente, o tópico escolhido deve ser um assunto conhecido, ainda assim,
devemos nos preparar com cuidado para não comprometer a qualidade da
apresentação.

Preparar a apresentação — Toda apresentação exige uma boa preparação.


Assim, precisamos dominar o assunto, pesquisar muito e ter pleno domínio
12 Eficácia na comunicação oral

do tema da apresentação. Segundo Mattoso Câmara Jr. (1986), determinar o


que vai ser dito, consolidando o conhecimento com reflexões e pesquisas, é
essencial.
Além disso, é preciso organizar a distribuição do assunto da maneira mais
clara e interessante para o público. Uma apresentação formal, normalmente,
divide-se em (CÂMARA JUNIOR, 1986):

„„ introdução;
„„ corpo;
„„ conclusão.

A introdução serve para que o orador se apresente e capte a atenção


e a simpatia do seu público. Nesse momento da apresentação, ocorre um
ajustamento das expectativas entre o orador e o público, entre o público e o
conteúdo e mesmo entre o orador e seu conteúdo, pois é possível perceber o
que está funcionando naquela situação concreta.
O corpo da exposição nada mais é do que a divisão do conteúdo. É preciso
mensurar alguns critérios de divisão para que não haja uma superexposição
de algum tópico e outros acabem ficando de fora.
A conclusão da apresentação abrange um apanhado geral de tudo o que foi
exposto de forma sucinta. Não há necessidade de retornar nos tópicos para não
cansar o público com o que foi dito. Devemos ressaltar o que consideramos
essencial e realizar um fechamento das ideias, que deixe claro para o público
o objetivo da fala.

Escolher o método — Assim como é preciso adequar-se ao público e à lin-


guagem formal ou informal, precisamos adequar a apresentação no que diz
respeito ao método. A apresentação pode ser improvisada, lida ou memorizada.

Linguagem não verbal — Não devemos nos esquecer da máxima que diz que
o corpo fala. Não é só de palavras que a apresentação se constitui. Devemos
também cuidar da linguagem não verbal, como gestos e postura corporal, que
ficam muito em evidência quando estamos diante de um público. A postura
inclui a maneira de falar, a forma de se vestir e andar, a linguagem utilizada
e a expressão facial.
Segundo Gasparini (2017), as pessoas que possuem uma tendência natu-
ral a gesticular enquanto falam correm o risco de distrair a plateia, pois os
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gestos podem se tornar ruídos para a comunicação com a plateia. O oposto


também é preocupante: os apresentadores que ficam muito tempo parados
em uma mesma posição ou nunca gesticulam tendem a perder a atenção dos
espectadores facilmente.

No link a seguir, os especialistas dão sete dicas de expres-


são corporal para as quais devemos ficar atentos em uma
próxima apresentação.

https://qrgo.page.link/Zo3Kk

É interessante não se colocar em nenhum desses extremos para que não


haja estranhamento e, consequentemente, perda de foco por parte da plateia.
Para isso, os especialistas recomendam que os palestrantes treinem muito e
busquem se observar, até mesmo com a ajuda de uma filmagem.

Métodos de apresentação
Há vários métodos para se fazer uma apresentação formal. Os mais tradicio-
nais são:

„„ improviso;
„„ leitura;
„„ memorização.

Vejamos a seguir os métodos existentes e como escolher o mais adequado


para cada apresentação:

Improviso — Ocorre quando precisamos fazer uma apresentação rápida sobre


um tema que se domina. Recomenda-se só escolher esse método no caso de
uma apresentação rápida.
14 Eficácia na comunicação oral

Apresentação lida — Ocorre quando se tem e utiliza um material de apoio


para leitura. Essa opção pode ser bastante entediante se predominar ou dominar
totalmente uma apresentação.

Memorização — É a maneira mais difícil de realizar uma apresentação, pois


exige muita segurança em relação ao tema abordado.
No entanto, o melhor método para prender a atenção do público é estar
confortável com o assunto, de forma a variar entre esses métodos: a utilização
do roteiro possui em seu material de apoio a leitura de trechos significativos
e a memorização de conceitos, improvisando de acordo com as reações do
público. Assim, a apresentação será mais dinâmica e o orador demonstrará
segurança e domínio do assunto abordado.

Existem muitas outras maneiras de mostrar o conteúdo


em uma apresentação, além do tradicional recurso de
PowerPoint. O link a seguir apresenta oito formas criativas
de elaborar uma apresentação.

https://qrgo.page.link/XyChQ

Para o sucesso das apresentações ser contínuo, devemos realizar uma


autoavaliação antes e depois da apresentação. Antes de apresentar, devemos
ensaiar os pontos que temos insegurança, treinar a voz e regular o tempo de
apresentação. Após as apresentações, devemos buscar vídeos, fotos e feedbacks
da apresentação para corrigir os pontos fracos que porventura existam.

CÂMARA JUNIOR, J. M. Manual de expressão oral e escrita. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
CARVALHO, J. Empresas perdem até 1/4 de seu tempo com reuniões inúteis. Exame,
11 abr. 2014. Seção Negócios. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/
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empresas-perdem-ate-1-4-de-seu-tempo-com-reunioes-inuteis/>. Acesso em: 07


nov. 2018.
GASPARINI, C. 7 erros que não dá mais para cometer em apresentações de trabalho.
Você S/A, 23 fev. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/7-erros-que-
nao-da-mais-para-cometer-em-apresentacoes-de-trabalho/>. Acesso em: 07 nov. 2018.
HINDLE, T. Como liderar reuniões. São Paulo: Publifolha, 1999.
OLIVEIRA, A. C. Saiba como ter reuniões mais produtivas. Você RH, 28 nov. 2017. Disponível
em: <https://exame.abril.com.br/negocios/prepare-se-para-as-reunioes-produtivas/>.
Acesso em: 07 nov. 2018.
POLITO, R. Aproveite bem a sua voz. 2018. Disponível em: <https://reinaldopolito.com.
br/aproveite-bem-a-sua-voz/>. Acesso em: 07 nov. 2018.
POLITO, R. Vença o medo de falar em público. São Paulo: Saraiva, 1996.

Leituras recomendadas
ABRANTES, T. 7 dicas de linguagem corporal para apresentações. Você S/A, 09 mar. 2014.
Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/7-dicas-de-linguagem-corporal-
para-apresentacoes/>. Acesso em: 07 nov. 2018.
ABRANTES, T. 8 jeitos para surpreender nas apresentações do trabalho. Você S/A, 21 mar.
2013. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/8-jeitos-para-surpreender-
nas-apresentacoes-do-trabalho/>. Acesso em: 07 nov. 2018.
ALLEN, D. A arte de fazer acontecer – Gettting things done: estratégias para aumentar a
produtividade e reduzir o estresse. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
ESPECIALISTAS dão dicas de como professores podem cuidar da voz. 2014. Disponível
em: <http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2014/10/especialistas-dao-dicas-de-
como-professores-podem-cuidar-da-voz.html>. Acesso em: 07 nov. 2018.
GIMENEZ JUNIOR, W. Aumente a sua produtividade utilizando o método GTD (Getting Things
Done). A Arte de Fazer Acontecer. Disponível em: <https://medium.com/@wilson_66291/
aumente-a-sua-produtividade-utilizando-o-m%C3%A9todo-gtd-getting-things-done-
-a813f2e24bf9>. Acesso em: 22 ago. 2019.

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