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Exercícios para Exame final

1. Em relação à Literatura de informação são feitas as seguintes


afirmações:

I. Restringiu-se à produção literária ocorrida no Brasil à época do descobrimento.


II. Também chamada de Quinhentismo, buscou retratar o que havia no Brasil, não
somente o conhecimento acerca da fauna e da flora, como também o modo de vida
dos indígenas.
III. Deu preferência a uma linguagem mais popular, que servisse ao público
burguês como entretenimento, retratando o exotismo indígena.

Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmação (afirmações)

a. I.
b. I e II.
c. II.
d. II e III.
e. III.

Texto para o teste 2.

Entre este gentio tupinambá há grandes feiticeiros, que têm este nome
entre eles, por lhes meterem em cabeça mil mentiras; os quais feiticeiros vivem
em casa apartada cada um por si, (...) e para se fazerem estimar e temer tomam
este ofício, por entenderem com quanta facilidade se mete em cabeça a esta gente
qualquer coisa (...). A estes feiticeiros chamam os tupinambás pajés; os quais se
escandalizam de algum índio por lhe não dar sua filha ou outra coisa que lhe
pedem, e lhe dizem: "Vai, que hás de morrer", ao que chamam "lançar a morte"; e
são tão bárbaros que se vão deitar nas redes pasmados, sem quererem comer; e
de pasmo se deixam morrer, sem haver quem lhes possa tirar da cabeça que
podem escapar do mandado dos feiticeiros, aos quais dão alguns índios suas filhas
por mulheres, com medo deles, por se assegurarem suas vidas.

Fragmento do capítulo CLXI do Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de


Souza, 1587.

2. Considere as seguintes afirmações acerca do texto.

I. No texto, o pajé é retratado como alguém que zela pelo bem-estar da tribo,
apartando brigas entre familiares e prevendo os males que podem acometer os
índios.
II. O texto evidencia a visão comum a estrangeiros do século XVI acerca do Brasil
ao considerar os índios “bárbaros”.
III. De acordo com o texto, os índios acreditam piamente nas previsões do pajé, ao
ponto de provocarem a própria morte quando o pajé afirma que morrerão.

Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmação (afirmações)

a. I.
b. I e II.
c. II.
d. II e III.
e. III.
Texto para o teste 3

Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o desejo de autonomia


literária, tornado mais vivo depois da Independência. (…) O Romantismo apareceu
aos poucos como caminho favorável à expressão própria da nação recém-fundada,
pois fornecia concepções e modelos que permitiam afirmar o particularismo, e
portanto, a identidade, em oposição à Metrópole (…).

CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.

3. O “particularismo” referido no texto somente pode ser exemplificado


pela seguinte característica da literatura romântica:

a. Indianismo.
b. Valorização das emoções.
c. Subjetivismo.
d. Maior liberdade formal.
e. Idealização do herói.

Textos para os testes 4 e 5.

Texto 1

No meio das tabas de amenos verdores,


Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.

(...)
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!

(...)

No centro da taba se estende um terreiro,


Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora,
E os moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se em torno dum índio infeliz.

Quem é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,


Sua tribo não diz: — de um povo remoto
Descende por certo — dum povo gentil;
(...)

Por casos de guerra caiu prisioneiro


Nas mãos dos Timbiras: — no extenso terreiro
Assola-se o teto, que o teve em prisão;
(...)
III

"Eis-me aqui", diz ao índio prisioneiro;


"Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
"As nossas matas devassaste ousado,
"Morrerás morte vil da mão de um forte."
Vem a terreiro o mísero contrário;
Do colo à cinta a muçurana desce:
"Dize-nos quem és, teus feitos canta,
"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa
O índio, que ao redor derrama os olhos,
Com triste voz que os ânimos comove.

IV

Meu canto de morte,


Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

(...)

Soltai-o! — diz o chefe. Pasma a turba;


Os guerreiros murmuram: mal ouviram,
Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!
Brada segunda vez com voz mais alta,
Afrouxam-se as prisões, a embira cede,
A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.

Fragmentos de “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias.

Vocabulário:

Coorte: tropa.
Condão: atributo ou qualidade especial que supostamente induz uma influência, positiva ou
negativa, eventualmente mágica, sobrenatural.
Adunar: reunir-se.
Ignoto: desconhecido.
Descendo: mesmo que “sou descendente”.
Muçurana: corda usada por indígenas para amarrar seus prisioneiros.

Texto 2

Os selvagens se guerreiam não para conquistar países e terras uns aos


outros, porquanto sobejam terras para todos; não pretendem tampouco
enriquecer-se com os despojos dos vencidos ou o resgate dos prisioneiros. Nada
disso os move. Confessam eles próprios serem impelidos por outro motivo: o de
vingar pais e amigos presos e comidos, no passado, do modo que contarei no
capítulo seguinte. E são tão encarniçados uns contra os outros que quem cai no
poder do inimigo não pode esperar remissão.
Declarada a guerra entre quaisquer dessas nações, alegam que ressentindo-
se o inimigo eternamente da injúria seria absurdo deixar o preso escapar; o ódio
entre eles é tão inveterado que se conservam perpetuamente irreconciliáveis. (...)
Eis, conforme pude observar, o modo por que os tupinambás procediam
para ir à guerra. Embora não tenham reis nem príncipes, e sejam iguais entre si, a
natureza lhes ensinou o mesmo que os lacedemônios, isto é, que os velhos a quem
chamam peorerupiché, em virtude da experiência, devem ser respeitados e
obedecidos nas aldeias quando se oferece ocasião. Perambulando, ou sentados em
suas redes, os velhos exortam os companheiros da seguinte maneira: “Nossos
predecessores”, dizem falando sem interrupção uns após outros, “não só
combateram valentemente mas ainda subjugaram, mataram e comeram muitos
inimigos, deixando-nos assim honrosos exemplos; como pois podemos permanecer
em nossas casas como fracos e covardes? Será preciso, para vergonha e confusão
nossa, que os nossos inimigos venham buscar-nos em nosso lar, quando outrora a
nossa nação era tão temida e respeitada das outras que a ela ninguém resistia?
Deixará a nossa covardia que os nossos inimigos que nada valem, invistam contra
nós?” Em seguida, o orador bate com as mãos nos ombros e nas nádegas e
exclama: — Eríma, eríma, tupinambá conomi-nassú, tã, tã, etc.., o que quer dizer:
“Não, não gente de minha nação, poderosos e rijos mancebos não é assim que
devemos proceder; devemos ir procurar o inimigo ainda que morramos todos e
sejamos devorados, mas vinguemos os nossos pais!”

Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry 1578.

Vocabulário:

Sobejam: o que há em abundância.


Exortar: incentivar.

4. No Texto 1, o descendente da tribo tupi, I-Juca Pirama, é capturado


pelos Timbiras. Um verso do Texto 1 que se opõe ao que se percebe da
captura de inimigos descrita no Texto II é

a. “São todos Timbiras, guerreiros valentes!”


b. “Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!”
c. “’Soltai-o!’ — diz o chefe. Pasma a turba”
d. "Dize-nos quem és, teus feitos canta”
e. “Por casos de guerra caiu prisioneiro”

5. Considere as seguintes afirmações sobre os Textos 1 e 2:

I. Na parte I do Texto 1, exploram-se versos decassílabos.


II. Na parte IV do Texto 1, explora-se a redondilha maior.
III. Em “Confessam eles próprios serem impelidos por outro motivo: o de vingar
pais e amigos presos e comidos, no passado, do modo que contarei no capítulo
seguinte”, explorou-se a metalinguagem.

Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmação (afirmações)

a. I.
b. I e II.
c. II.
d. I e III.
e. III.

Parte II – Questões discursivas

Considere o texto seguinte para responder às questões 1 e 2.

Era a canoa de Peri, que impelida pelo remo e pela viração da manhã corria
com uma velocidade espantosa, semelhando uma sombra a fugir das primeiras
claridades do dia.
Toda a noite o índio tinha remado sem descansar um momento (…).
Não era o sentimento da pátria, sempre tão poderoso no coração do
homem; não era o desejo de ver sua cabana reclinada à beira do rio e abraçar sua
mãe e seus irmãos, que dominava sua alma nesse momento e lhe dava esse ardor.
Era sim a ideia de que ia salvar sua senhora e cumprir o juramento que
tinha feito ao velho fidalgo; era o sentimento de orgulho que se apoderava dele,
pensando que bastava a sua coragem e a sua força para vencer todos os
obstáculos, e realizar a missão de que se havia encarregado.
Quando o sol, no meio de sua carreira, lançava torrentes de luz sobre esse
vasto deserto, Peri sentiu que era tempo de abrigar Cecília dos raios abrasadores, e
fez a canoa abicar à beira do rio na sombra de uma ramagem de árvores.
A menina envolta na sua manta de seda, com a cabeça apoiada sobre a proa
do barquinho, dormia ainda o mesmo sono tranquilo da véspera; as cores tinham
voltado, e sob a alvura transparente de sua pele brilhavam esses tons cor-de-rosa,
esse colorido suave, que só a natureza, artista sublime, sabe criar.
Peri tomou a canoa nos seus braços, como se fora um berço mimoso, e
deitou-a sobre a relva que cobria a margem do rio; depois sentou-se ao lado, e
com os olhos fitos em Cecília, esperou que ela saísse desse sono prolongado que
começava a inquietá-lo.

Fragmento de O guarani, obra do século XIX.

3. É possível afirmar que, do ponto de vista moral, o indígena é


caracterizado de acordo com a literatura brasileira romântica indianista?
Justifique sua resposta.

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4. Releia o seguinte fragmento do texto:

“Peri tomou a canoa nos seus braços, como se fora um berço mimoso, e
deitou-a sobre a relva que cobria a margem do rio”.

a. Que característica física de Peri é destacada nesse fragmento? Justifique


sua resposta.

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b. Identifique a figura de palavra explorada no fragmento.

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Gabarito

Testes

1. Alternativa b.
A Literatura de informação no Brasil ou Quinhentismo foi constituída por
textos escritos por estrangeiros na época do descobrimento, os quais retratavam
tudo o que havia na terra: os animais, elementos da vegetação, a paisagem, a
quantidade de água doce, recursos minerais e a população local, com seus hábitos
e língua totalmente diferente para os portugueses, franceses e pessoas de outras
nacionalidades que vieram conhecer o país. Não é verdadeira a afirmação de que
esses textos utilizassem uma linguagem mais popular, inclusive porque era uma
produção que visava à informação e não havia um “público burguês” que a
recebesse como entretenimento.

2. Alternativa d.
O texto de Gabriel Soares de Souza, representativo da literatura do Brasil na
época do descobrimento, apresenta, como em vários textos do período, uma visão
depreciativa dos indígenas em geral, incluindo o pajé. Essa visão se evidencia muito
claramente quando o autor julga os indígenas “bárbaros”. Segundo o cronista,
quando o pajé deseja uma filha moça ou qualquer outra coisa e um dos indígenas
não atende, o líder espiritual ameaça-os com a morte e estes, crédulos, vão se
deitar e ficam sem comer, o que acaba, de fato, ocasionando sua morte. Não é
correta, portanto, a afirmação de que o pajé zele pelo bem-estar da comunidade
indígena, de acordo com o julgamento do cronista.

3. Alternativa a.
Em seu texto, Antonio Candido faz referência ao nacionalismo brasileiro, como se
observa em “O Romantismo apareceu aos poucos como caminho favorável à
expressão própria da nação recém-fundada”. Assim, o Indianismo promoveu o
resgate de uma imagem genuinamente brasileira. As demais alternativas, embora
apresentem características românticas, não são expressão do viés nacionalista
romântico exclusivamente brasileiro.

4. Alternativa c.
De acordo com o Texto 2, “declarada a guerra entre quaisquer dessas
nações, alegam que ressentindo-se o inimigo eternamente da injúria seria absurdo
deixar o preso escapar”. A atitude do chefe timbira em soltar o prisioneiro,
evidenciada em “Soltai-o! — diz o chefe. Pasma a turba”, portanto, causa espanto,
já que se opõe àquilo que era prática entre os índios.

5. Alternativa e.
A metalinguagem ocorre sempre que um texto faz referência a si mesmo e/
ou a partes constituintes de si. Em “Confessam eles próprios serem impelidos por
outro motivo: o de vingar pais e amigos presos e comidos, no passado, do modo
que contarei no capítulo seguinte”, explorou-se a metalinguagem em “contarei no
capítulo seguinte”.
Os versos pertencentes à parte I do poema “I-Juca Pirama” têm onze sílabas
poéticas, como se evidencia em:

No/ mei / o / das/ ta/ bas/ de a/ me/ nos/ ver/ do/ res,
Cer/ ca/ das/ de/ tron/ cos/ — co/ ber/ tos/ de/ flo/ res,
Al/ tei/ am/-se os/ te/ tos/ d’al/ ti/ va/ na/ ção

Os versos pertencentes à parte IV do poema “I-Juca Pirama” têm cinco


sílabas poéticas (redondilha menor), como se evidencia em:

Meu/ can/ to/ de/ mor/ te,


Gue/ rrei/ ros/, ou/ vi:
Sou/ fi/ lho/ das/ sel/ vas.

Questões

1. No Texto 2, a figura do indígena é caracterizada por sua gentileza e


preocupação, condizente com o Romantismo no Brasil que apresentou o indígena
de modo idealizado.

2. a. Em “Peri tomou a canoa nos seus braços, como se fora um berço mimoso, e
deitou-a sobre a relva que cobria a margem do rio”, destaca-se a força do indígena
que é capaz de erguer com os braços a canoa com a moça dentro.

b. No fragmento, explorou-se a comparação.

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