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AÇÕES EM TESOURARIA E SUA FINALIDADE

Everson Lourenço

Lourival Fernandes Dias Neto

Resumo: Com a crescente movimentação do mercado financeiro e a maior


participação de novos investidores, torna-se cada vez maior a preocupação por parte
destes, com seu capital investido no mercado de ações, e a busca por uma melhor
rentabilidade do seu investimento. O estudo ações em tesouraria e sua finalidade
procurará elucidar a política adotada pelas companhias de capital aberto na recompra
de suas ações. Para alcançar esse objetivo será utilizada uma pesquisa quanto aos
objetivos descritiva, aos procedimentos documental, a abordagem do tema será
qualitativa, buscando nas publicações das demonstrações contábeis contidas no “site”
da Comissão de Valores Mobiliários, dados relativos às companhias de capital aberto
que compraram suas próprias ações no ano de 2010, sendo o resultado apresentado
através de gráficos, evidenciando assim as finalidades e os motivos empregados por
elas nestas operações, comparando-se o volume das ações em tesouraria com o total
de suas ações e o percentual que elas representam de seu capital social. Sendo que o
trabalho atingiu seus objetivos em evidenciar que as finalidades utilizadas pelas
companhias foram: 47,05% ações que ficarão em tesouraria e 52,95% ações que
poderão ser canceladas, e os principais motivos apresentados foram 32,35%
permanência em tesouraria e posterior alienação e 20,59% para lastrear o plano de
incentivos aos administradores e empregados elegíveis ao programa “Opção de
Compra de Ações”, sendo que os demais dados coletados e analisados atingiram seus
objetivos satisfatoriamente.

Palavras - Chaves: Ações em Tesouraria, Sociedades Anônimas, Capital Social,


Patrimônio Líquido.

With the increasing movement of financial market and greater participation of new
investors, there is growing concern on their part, with its capital invested in the stock
market and the search for a better return on your investment. The study about the
treasury shares ant its purpose will seek to elucidate the policy adopted by public
companies to repurchase their shares. To achieve this objectives will be used a
descriptive survey of the aims, procedures documentations, the qualitative approach to
the subject will be seeking in the publications of the financial statements contained in
the “site” of the Securities and Exchange Commission, information relating to publicly
traded companies that bought their own actions in 2010, the result being presented
through graphs, thus showing the purposes and reasons employed by them in these
operations, comparing the volume of treasury shares to the total of their actions and
the percentage they represent of its capital. The research has reached its objectives in
the purpose to show that companies have: 47,05% used the shares that will be in cash
and 52,95% shares which may be canceled, and the main reasons given were 32,35%
held in treasury for subsequent sale and 20,59% to increase the incentive plan
administrators and eligible employees for the “Option to Purchase Shares” and other
data that were collected and analyzed achieved satisfactorily the objectives.

Key-Words: Treasury Shares,Joint Stock Company , Social Capital and Shareholders’


Equity
INTRODUÇÃO

Ação é a menor fração negociável em que se divide o capital social de


uma Sociedade Anônima (S.A), sendo que elas representam as obrigações e
os direitos de quem as possuem.
O estatuto de cada sociedade anônima define o número de ações em
que se divide seu capital social. As companhias de capital aberto obedecem,
na fixação do valor de suas ações o valor mínimo estipulado pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
Este estudo irá verificar a finalidade das empresas em comprar suas
próprias ações, identificando os motivos da aquisição, a proporção que
representam as ações em tesouraria no total do capital social, e averiguar os
aspectos legais que norteiam estas operações.
Os investidores estão atentos as atividades exercidas pelas empresas
nas quais investem, sendo isso um ponto primordial em suas decisões, por isso
é estritamente importante perceber e entender os reflexos causados nas
demonstrações contábeis das S.A que adquiriram suas próprias ações nos
últimos anos.
A legislação impõe certas restrições, para a aquisição das ações por
parte das próprias companhias emissoras, portanto este estudo analisa os
motivos e o embasamento legal. Para composição deste estudo buscaremos
como fonte de pesquisa os processos efetivados do ano de 2010. Também é
importante verificar à proporção que as empresas adquirem de suas próprias
ações disponíveis no mercado. É também de fundamental importância
identificar quais os motivos que levam as empresas a concretizarem essa
compra e quais as finalidades estabelecidas pelas companhias para estas
operações. Cada operação concretizada por cada uma das companhias reflete
no valor do patrimônio liquido, e o numero de ações em mercado.
Busca-se também, através deste estudo verificar se este procedimento
adotado pelas diversas sociedades emissoras é um ato contínuo de um
exercício social para outro, revelando assim se há uma tendência, ou se as
sociedades que compraram suas ações no ano anterior à 2010 mudaram o
rumo de seus investimentos.

REFERENCIAL TEÓRICO

Ações

Ação é uma pequena parte que compõe o capital social de uma


sociedade anônima. Ela pode ser adquirida por qualquer investidor, através da
intermediação da bolsa de valores e do mercado de balcão. E por representar
uma parcela do capital social da companhia, ela não tem prazo de validade,
mas a companhia pode liquidá-las antecipadamente, resgatando-as,
amortizando-as ou reembolsando-as.
Segundo Fazzio (2005, p.314):
Ação é um título de investimento representativo de unidade do capital
social da sociedade anônima, que confere a seu titular um regime
próprio de direitos e deveres. É cada uma das frações, de igual valor,
em que se divide o capital da companhia, mas também é titulo
atributivo da condição de sócio.

As ações podem ter valor nominal ou não, sendo que primeira é aquela
em que a quantia é expressa em dinheiro, e a segunda não expressa em
moeda corrente o valor que representa. As ações nominais têm sua quantia
determinada pelo estatuto da empresa, sendo que o valor nominal é o preço
mínimo pago por ela, e como determina o art.13 da Lei das Sociedades por
Ações, após a venda esse valor irá para a conta de capital social.

Ações Ordinárias

As ações ordinárias são aquelas que conferem aos seus proprietários,


direito de voto pleno ou restrito.
Segundo Fazzio (2005 p. 320) “ações ordinárias são aquelas que
conferem a seus possuidores a plenitude dos direitos sociais, ou seja, a
participação nos dividendos e o voto nas deliberações sociais. São também
chamadas de ações de direção”

Ações Preferenciais

As ações preferências são aquelas que como o próprio nome já diz,


tem “preferência” na hora da distribuição de dividendos.
Sendo que elas somente poderão ser negociadas no mercado de
valores mobiliários se tiverem pelo menos uma das seguintes características:
direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a pelo
menos 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado, correspondente
a no mínimo 3% (três por cento) do valor patrimonial da ação, e direito de
participação nos lucros distribuídos igual ao das ações ordinárias; direito ao
recebimento de dividendo, por ação preferencial, de pelo menos 10% (dez por
cento) maior do que o atribuído a cada ação ordinária ou então ter o direito de
ser incluído na oferta pública de alienação de controle, com um preço de no
mínimo 80% (oitenta por cento) do valor pago para as ações com direito a voto,
que compõe o grupo de controle, assegurado o dividendo pelo menos igual ao
das ações ordinárias. (SANTOS; SCHMIDT, 2007).

Ações em Tesouraria

A compra de suas próprias ações pela companhia dá-se o nome de


ações em tesouraria.
“A lei proíbe à sociedade anônima negociar com suas próprias ações,
para preservar a integridade do capital social”. (COELHO, 2011, p. 140).
Se fossem permitidas estas transações, muitas sociedades poderiam
utilizar-se desse processo para devolver aos acionistas o dinheiro investido,
disfarçadamente, como se fosse uma compra do valor mobiliário. Outro motivo
que proíbe a compra de ações de própria emissão, por parte de companhia
abertas, é para evitar que recursos da companhia sejam usados para oscilar o
preço das ações ou manter cotações que não sejam reais.
A lei prevê que a companhia não possa negociar com suas próprias
ações, exceção feita à amortização, resgate, reembolso, aquisição para
permanência em tesouraria para sua posterior alienação e para redução de
capital.
As ações que estão em tesouraria não têm direitos políticos ou
patrimoniais, e o seu valor de compra não pode ser superior ao que está sendo
praticado no mercado, e sendo a aquisição feita com prazo de resgate
determinado, seu preço de compra também não poderá ser superior ao valor
estabelecido para o resgate. (IUDICIBUS; MARTINS; GELBECKE, 2011).
O parágrafo 5º do art.182 da Lei das Sociedades por Ações determina
que “as ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como
dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos
aplicados na sua aquisição”
A venda das ações em tesouraria pode apresentar resultados positivos
ou negativos, mas estes não são registrados no resultado do exercício.
Conforme o art.182 da Lei das Sociedades por Ações, gerando um
resultado positivo, ele deverá ser lançado em conta de reserva de capital,
enquanto se o resultado for negativo, o mesmo deverá ser contabilizado da
seguinte forma: havendo saldo na conta de reserva de capital acima
mencionada, esse “prejuízo” deverá ser debitado dessa conta, até o limite do
seu saldo. Caso não haja saldo nessa conta, o mesmo deve ser registrado em
contrapartida da reserva que originou os recursos para aquisição das próprias
ações.

Amortização

Pode-se definir amortização como sendo a antecipação do pagamento,


tanto para ações ordinárias como para preferenciais, o valor que lhes caberia
em caso de liquidação da companhia.
Pode ser tanto parcial quanto integral, sendo que não poderá haver
redução do capital social. A legislação prevê a substituição das ações
amortizadas em ações de fruição, pois estas não representam mais parte do
capital social, mas sim títulos de direitos de alguns atributos sociais. Já as
ações parcialmente amortizadas não podem ser substituídas por ações de
fruição, pois isso significaria o fracionamento das mesmas, o que é proibido
pelo art.28 da Lei das Sociedades por Ações. (SANTOS; SCHMIDT, 2007).

Resgate

Resgatar nada mais é do que pagar o valor das ações aos acionistas,
para retirá-las definitivamente de circulação.
Conforme o art. 44 § 1º será atribuído um novo valor nominal às ações
que sobrarem, caso tenham valor nominal, podendo ou não haver redução do
capital social.
Caso determinado o resgate pelo estatuto ou assembléia geral da
companhia, essa compra torna-se compulsória, independente da vontade do
acionista, que é obrigado a vender suas ações. (SANTOS; SCHMIDT, 2007).
Ou seja, autorizado o resgate pelo estatuto ou assembléia, o acionista
nada poderá fazer para evitá-lo, pois sua vontade é desconsiderada, sendo ele
obrigado a vender suas ações para a companhia.
Os recursos para o resgate podem ser oriundos de reservas de lucro,
conforme o art.194 da LSA ou de reservas de capital art.200, II. Quando forem
emitidas ações preferências resgatáveis, será indispensável a criação de uma
reserva de lucros, conforme o art.19 da referida lei.

Reembolso

Reembolso é reaver, receber de volta, pagamento. O reembolsa


funciona de forma contrária ao resgate. No resgate, a companhia compra
compulsoriamente as ações do acionista, já neste caso, a companhia é
obrigada a pagar ao acionista o valor de suas ações.
Os principais motivos para isso estão apresentados no art.136,
combinado com o art.137 da Lei das Sociedades por Ações, alterados pela Lei
nº 10.303/01. São eles:
a) Criação de classes de ações preferenciais ou aumento das classes
existentes sem guardar proporção com as demais, salvo se já
previstas ou autorizadas pelo estatuto;
b) Alteração das vantagens e condições de resgates ou amortização
de uma ou mais classes de preferenciais ou criação de uma nova
classe mais favorecida ( art.137);
c) Mudança do objeto da companhia;
d) Redução do dividendo obrigatório;
e) Fusão e incorporação de companhia, exceto quando a classe de
ações possuir liquidez ou dispersão no mercado, etc.

Se as ações forem adquiridas com as reservas de capital, elas deverão


ir para a conta de ações em tesouraria, conforme faculta o art.30 da Lei nº
6.404/76, e havendo elas sendo reembolsadas pelo capital social, a companhia
deverá substituir os acionistas que se retiraram, vendendo novamente estas
ações, não podendo ser esta venda com valor inferior ao valor do reembolso. À
partir de 120 dias da data da publicação da ata, as ações que não forem
vendidas deverão reduzir o capital social da companhia.(SANTOS; SCHMIDT,
2007).

Normas que Regem a Compra de Ações de Própria Emissão

Existem algumas leis e normas que regulam a compra de ações de


emissão própria. O artigo 30 da lei 6404/76 estabelece:
A companhia não poderá negociar com as próprias ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei;
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde
que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem
diminuição do capital social, ou por doação;
c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas
em tesouraria;
d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição,
em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior
ou igual à importância que deve ser restituída.
§ 2º A aquisição das próprias ações pela companhia aberta obedecerá,
sob pena de nulidade, às normas expedidas pela Comissão de Valores
Mobiliários, que poderá subordiná-la à prévia autorização em cada caso.
§ 3º A companhia não poderá receber em garantia as próprias ações,
salvo para assegurar a gestão dos seus administradores.
§ 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1º, enquanto
mantidas em tesouraria, não terão direito a dividendo nem a voto.
§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas serão retiradas
definitivamente de circulação.”
A lei proíbe a negociação com as próprias ações, mas abre algumas exceções,
como resgate, reembolso, amortização, compra para permanência em
tesouraria e posterior alienação.
Já o artigo 2º da instrução CVM nº 10/80 proíbe a aquisição de modo direto ou
indireto para permanência em tesouraria e posterior alienação ou
cancelamento quando:
a. Importar diminuição do capital social;
b. Requerer a utilização de recursos superiores ao saldo de lucros
ou reservas disponíveis, constantes do último balanço;
c. Criar por ação ou omissão, direta ou indiretamente, condições
artificiais de demanda, oferta ou preço das ações ou envolver práticas
não eqüitativas;
d. Tiver por objeto ações não integralizadas ou pertencentes ao
acionista controlador;
e. Estiver em curso oferta pública de aquisição de suas ações.
A instrução CVM nº268/97 dispões que as companhias abertas não
poderão manter em tesouraria ações próprias em quantidade superior
a 10% de cada classe de ações em circulação no mercado, incluindo
aquelas mantidas em tesouraria de controladas e coligadas.
Entende-se por ações em circulação no mercado, todas as ações
emitidas, exceto as que pertencem a acionista controlador, de
membros da diretoria, de conselheiros de administração e as em
tesouraria.
Enquanto estiverem em tesouraria, a ação não tem direitos políticos
ou patrimoniais.
Quanto aos aspectos fiscais, o artigo 442 do RIR/99 dispõe que o
lucro na venda de ações em tesouraria não será computado na
determinação do lucro real, e os prejuízos não serão dedutíveis.

A instrução CVM nº 10/80 diz que é proibida a compra das próprias


ações quando importar em diminuição do capital social; requerer a utilização de
recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas disponíveis, constantes do
último balanço; criar, por ação ou omissão, direta ou indiretamente, condições
artificiais de demanda, oferta ou preço das ações ou envolver práticas não
equitativas; tiver por objeto ações não integralizadas ou pertencentes ao
acionista controlador; estiver em curso oferta pública de aquisição de suas
ações.
A CVM, através da instrução nº 268/97 adverte que as companhias
abertas não poderão ter mais que 10% de cada classe de ações em circulação
no mercado, em tesouraria, incluindo as ações mantidas na tesouraria de
coligadas e controladas.
A lei 6.404/76 define como ações em circulação no mercado, todas as
emitidas, com exceção as que pertencem ao acionista controlador, membros
da diretoria, de conselheiros de administração e as em tesouraria.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa quanto aos objetivos enquadrou-se como uma pesquisa


descritiva, pois;
Quanto aos procedimentos, a pesquisa enquadra-se como documental,
pois segundo Silva e Grigolo (2002 apud Beuren, 2006 p.89)
Quanto à abordagem do problema classificou-se como pesquisa
qualitativa, pois segundo Beuren (2006 p.92)
O material que será utilizado na coleta de dados foi do site da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Essa pesquisa foi realizada em empresas que compraram suas
próprias ações, listadas no site da CVM. Foram pesquisadas sociedades
anônimas de capital aberto que compraram suas próprias ações no ano de
2010, sendo estas num total de 31 empresas, sendo a coleta de dados feita
pelo método de amostra por acessibilidade.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

As ações poderão ser canceladas


As ações vão ficar em tesouraria

Gráfico 1- Finalidade
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Do total de 34 operações efetuadas pelas companhias abertas no ano
do 2010, 16 operações tiveram como finalidade a permanência de ações em
tesouraria, representando um percentual de 47,05%. Enquanto as operações
de compra de ações de emissão própria com a finalidade de possível
cancelamento destas, representaram um total de 18 operações, apresentando
um percentual de 52,95% do total das operações. No referido gráfico pode-se
observar que nenhuma das finalidades se sobressaiu, ambas apresentaram
percentuais semelhantes. Algumas empresas efetuaram mais de uma
operação de compra de suas ações durante o ano, gerando assim 34
operações para uma total de 31 companhias.

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

Lastrear o plano de incentivos aos administradores e empregados elegíveis ao programa "Opção de compra de ações
1
Dar continuidade ao plano de recompra de ações
Aplicação de recursos disponíveis para investimentos oriundos da conta reserva de lucros
Para permanência em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento
Aplicação de recursos diponíveis em caixa tendo em vista o nível de cotação em bolsa de valores das ações preferenciais
Para permanência em tesouraria
Aproveitar recursos disponíveis da companhia
Maximizar a geração de valor para os acionistas
Aplicar recursos disponíveis existentes na reserva estatutária de lucros denominada reserva para aumento de capital

Gráfico 2- Motivos
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários

Dentre os motivos apresentados pelas companhias abertas para a


compra de suas próprias ações no ano de 2010 o motivo mais relevante é a
permanência em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento, com um
total de 11 operações efetuadas, representando um percentual de 32,35%. Em
um segundo plano surge o motivo de lastrear o plano de incentivos aos
administradores e empregados elegíveis ao programa "Opção de compra de
ações” com 7 operações, representando um percentual de 20,59%, sendo
estes os dois principais motivos de compra de ações de emissão própria.
1

0 50.000.000 100.000.000 150.000.000 200.000.000

Banco Bradesco S.A. Banco indusval S.A. Banco Santander (Brasil) S.A.
BHG S.A. Bm&f Bovespa S.A. Bradesco Leasing S.A.
Bradespar S.A. Brookfield Incorporações S.A. Cia siderurgica Nacional S.A.
Confab Industrial S.A. Cyrela Commercial Properties Diagnósticos da América S.A.
Duratex S.A. Estacio Participações S.A. Gerdau S.A.
Grendene S.A. Iguatemi S.A. JBS S.A.
Kroton Educacional S.A. Le Lis Blanc Deux S.A. Marcopolo S.A.
Minerva S.A. Multiplan emp. Imob. S.A. Odontoprev S.A.
Paraná Banco S.A. Porto Seguro S.A. Redecard S.A.
São Carlos Emp. Part. S.A. Tecnisa S.A. Vale S.A.
Valid S.A.

Gráfico 3- Quantidade de ações compradas em 2010


Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Verifica-se que no ano de 2010 trinta e uma companhias compraram ações de
sua própria emissão, este gráfico demonstra em números absolutos uma
comparação da quantidade comprada por cada uma delas. Dentre todas as
empresas pesquisadas destacam-se as empresas Vale S.A com 163.178.261
milhares de ações, e Banco Santander com 152.489.610 milhares de ações
compradas no ano. Observa-se uma grande disparidade na política empregada
no planto de recompra de ações adotado pelas empresas.
Valid S.A.
Vale S.A.
Tecnisa S.A.
São Carlos Emp. Part. S.A.
Redecard S.A.
Porto Seguro S.A.
Paraná Banco S.A.
Odontoprev S.A.
Multiplan emp. Imob. S.A.
Minerva S.A.
Marcopolo S.A.
Le Lis Blanc Deux S.A.
Kroton Educacional S.A.
JBS S.A.
Iguatemi S.A.
Grendene S.A.
Gerdau S.A.
Estacio Participações S.A.
Duratex S.A.
Diagnósticos da América S.A.
Cyrela Commercial Properties
Confab Industrial S.A.
Cia siderurgica Nacional S.A.
Brookfield Incorporações S.A.
Bradespar S.A.
Bradesco Leasing S.A.
Bm&f Bovespa S.A.
BHG S.A.

Banco Santander (Brasil) S.A.


Banco indusval S.A.
Banco Bradesco S.A.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Quantidade de Ordinarias
Quantidade de preferenciais

Gráfico 4- Quantidade de ações preferências versus ações ordinárias


Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Os dados acima apresentados demonstram percentualmente a classe de
ações compradas pelas empresas, podendo ser ordinárias ou preferenciais.
Observa-se que a política de recompra de ações muda bastante de uma
empresa para outra, dependendo muito de que tipo de ação é formado seu
capital social. Há empresas que compraram somente ações ordinárias, outras
compraram somente preferenciais e ainda outras procuraram um equilíbrio no
tipo de ações que compraram como é o caso do Banco Bradesco S.A. que
comprou 50% de cada classe de ações.
1

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%

Cia siderurgica Nacional S.A. Bm&f Bovespa S.A.


Vale S.A. Le Lis Blanc Deux S.A.
Minerva S.A. Kroton Educacional S.A.
Marcopolo S.A. Multiplan emp. Imob. S.A.
Diagnósticos da América S.A. BHG S.A.
Confab Industrial S.A. Gerdau S.A.
Redecard S.A. São Carlos Emp. Part. S.A.
Duratex S.A. Brookfield Incorporações S.A.
Odontoprev S.A. Valid S.A.
Cyrela Commercial Properties Iguatemi S.A.
Estacio Participações S.A. Tecnisa S.A.
Banco Bradesco S.A. Banco indusval S.A.

Gráfico 5- Comparação de ações de tesouraria em relação ao capital


social subscrito no Ano de 2010.
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Através deste gráfico pode-se observar percentualmente a relação do
valor das ações em tesouraria em relação ao capital social da companhia.
Nota-se uma tendência das empresas em manter um valor de ações em
tesouraria de até 5% de seu capital social. Dissonante a esta tendência
destacam-se as empresas Bradesco Leasing S.A., Bm&f Bovespa S.A., Cia
siderúrgica nacional, se apresentam como sendo as maiores detentoras de
ações em tesouraria em relação ao seu capital social. Não foram relacionadas
as companhias Paraná Banco S.A., Porto Seguro S.A., Grendene S.A.,
Bradespar S.A., Bradesco Leasing S.A. e Banco Santader S.A., por não
apresentarem valores de ações em tesouraria no balanço do respectivo
exercício, a companhia JBS S.A. não teve seus dados encontrados.
0,000% 1,000% 2,000% 3,000% 4,000%

Banco indusval S.A. Bm&f Bovespa S.A.


JBS S.A. BHG S.A.
Cia siderurgica Nacional S.A. Le Lis Blanc Deux S.A.
Banco Bradesco S.A. Minerva S.A.
Brookfield Incorporações S.A. Gerdau S.A.
Multiplan emp. Imob. S.A. Marcopolo S.A.
Kroton Educacional S.A. Confab Industrial S.A.
São Carlos Emp. Part. S.A. Diagnósticos da América S.A.
Cyrela Commercial Properties Iguatemi S.A.
Valid S.A. Duratex S.A.
Odontoprev S.A. Tecnisa S.A.
Redecard S.A. Estacio Participações S.A.
Vale S.A.

Gráfico 6- Comparação das ações em tesouraria em relação à quantidade


total de ações da companhia no ano de 2010.
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Observa-se neste gráfico um percentual comparativo das companhias
pesquisadas, entre o valor das ações em tesouraria em relação ao seu capital
social subscrito no ano de 2010. Nota-se que existe uma regularidade nos
dados apresentados, com percentuais relativamente baixos, partindo de
0,002% demonstrado pela companhia Vale S.A. até 3,9% do Banco Indusval
S.A, respeitando-se a legislação que estabelece que este percentual não pode
ultrapassar 10% de cada classe de ação. As companhias Paraná Banco S.A.,
Porto Seguro S.A., JBS S.A.,Grendene S.A., Bradespar S.A., Bradesco Leasing
S.A., Banco Santander S.A., não mantinham em seu balanço patrimonial ações
em tesouraria no ano de 2010.
Gráfico 7- Comparação das ações em tesouraria em relação ao capital
social subscrito no ano de 2009 versus 2010
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Evidencia-se através deste gráfico, uma comparação entre os
percentuais de ações em tesouraria em relação ao capital social subscrito entre
as empresas pesquisadas nos anos de 2009 e 2010. Destaca-se uma
estabilização nos percentuais comparados de um ano para o outro, exceção
feita as empresas Valid S.A., São Carlos S.A.,Paraná Banco S.A., Cyrela S.A.,
que apresentaram um percentual maior no ano de 2009, e no ano de 2010
evidenciou-se que as companhias Multiplan S.A., Minerva S.A., Diagnostico da
América S.A., chama a atenção a companhia Bm&f S.A. que alterou seu
percentual em 15 pontos, passando de cerca de 9% em 2009 para mais e 24%
em 2010. Não foram relacionadas as companhias Banco Santander S.A.,
Bradesco Leasing S.A., Cia. Siderúrgica Nacional S.A., Grendene S.A., JBS
S.A., Le Lis Blanc Deux S.A. e Porto Seguro S.A., pois não apresentaram
ações em tesouraria em seu balanço patrimonial em nenhum dos exercícios.
Também não foi encontrados dados referentes ao ano de 2009.

Gráfico 8- Comparação das ações em tesouraria em relação a quantidade


total de ações da companhia em 2009 versus 2010
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários
Verifica-se através deste gráfico que houve grandes alterações nos
percentuais apresentados das ações em tesouraria em relação à quantidade
total de ações da companhia do ano de 2009 para 2010. Nota-se certa
igualdade em relação à comparação das companhias que apresentaram maior
percentual em 2009 ou em 2010, mais se percebe que no exercício de 2009
essa disparidade foi mais implícita, isto é, a relação do percentual obtido em
2009 é mais destacado, sendo que em 2010 este índice aproxima-se da
igualdade. Não foram citadas neste gráfico as empresas Banco Santander S.A.
e Porto Seguro S.A. que não apresentaram quantidade nula de ações em
tesouraria nos referidos anos, e não foram encontrados dados das companhias
Grendene S.A., Bradesco Leasing S.A., Cyrela S.A., Le Lis Blanc Deux S.A. e
Minerva .S.A.
CONCLUSÃO

O objetivo principal desse estudo foi verificar a finalidade de compra


das ações de própria emissão pelas companhias de capital aberto no ano de
2010. Para que esse objetivo fosse alcançado efetuou-se uma pesquisa nos
dados disponibilizados pela Comissão de Valores Mobiliários comparando-se
os dados obtidos.
Constatou-se que a finalidade da recompra de ações ficou dividida entre
ações que ficarão em tesouraria e ações que serão canceladas, sendo que
nenhuma dessas finalidades destacou-se em relação à outra, pois ambas
apresentaram um percentual parecido.
Foram também pesquisados os motivos que embasaram essa recompra
de ações, sendo eles a permanência em tesouraria e posterior alienação ou
cancelamento que destacou-se dos demais, seguida pelo programa de opção
de compra de ações de algumas empresas, estendendo-se este programa aos
administradores e empregados. Em um mesmo patamar aparecem dar
continuidade ao plano de recompra de ações, aplicação de recursos
disponíveis para investimentos oriundos da conta reserva de lucros, aplicação
de recursos disponíveis em caixa tendo em vista o nível de cotação em bolsa
de valores das ações preferenciais, aproveitar recursos disponíveis da
companhia para permanência em tesouraria, maximizar a geração de valor
para os acionistas e aplicar recursos disponíveis existentes na reserva
estatutária de lucros denominada reserva para aumento de capital.
Verificou-se que algumas companhias compraram valores muito maiores
que outras, destacando-se entre elas a Vale S.A., o Banco Santander (Brasil)
S.A., a JBS (Brasil) S.A.
Observou-se que a política de recompra de ações adotada pelas
companhias muda bastante de um para outra, dependendo muito de que tipo
de ação é formando seu capital social. Há companhias que compraram
somente ações ordinárias, outras compraram somente preferenciais e ainda
outras procuraram um equilíbrio no tipo de ações que compraram, como é o
caso do Banco Bradesco S.A., que comprou 50% de cada classe de ação.
Quanto à comparação de ações em tesouraria em relação ao capital
social subscrito notou-se uma política de manter um valor de ações em
tesouraria de até 4% de seu capital social, com algumas exceções. Em
referência a quantidade de ações em tesouraria em relação à quantidade total
de ações da companhia, evidencia-se que as companhias também mantêm um
total de no máximo 4% do total das ações sendo que a legislação permite até
10% de cada classe de ação.
Este estudo evidenciou que os valores das ações em tesouraria
em relação ao capital social subscrito no ano de 2009 em comparação a 2010
são constantes, com pequenas variações, exceção feita a Bm&f Bovespa S.A.
que apresentou um aumento considerável do valor de suas ações em
tesouraria em relação ao seu capital social subscrito de 2009 para 2010.
Quanto à comparação feita às ações em tesouraria em relação ao total de
ações da companhia, verifica-se um equilíbrio, pois praticamente metade das
empresas pesquisadas diminuiu o percentual de 2009 para 2010, enquanto
que, a outra metade aumentou. O que se destaca, é que as empresas que
aumentaram esse percentual o fizeram em poucos pontos percentuais,
enquanto as que diminuíram, o fizeram em maiores números percentuais.
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