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Colégio Domínius

Ana Beatriz Mussato Aguiar, 9° ano


Sthephane Valença

TRABALHO MENSAL DE REDAÇÃO.


Defesa de Wanderson Rodrigues de Freitas.

Campinas
2023
Venho defender o réu Wanderson Rodrigues de Freitas, acusado de roubar uma padaria
em Belo Horizonte (MG), no dia 10 de novembro de 2008. Wanderson foi preso no local e
levado a júri, sendo considerado culpado, porém, durante o cumprimento da sentença, entrou
com uma ação contra a então vítima, o senhor Maurício Madureira Vieira, alegando injusta
agressão.
Wanderson foi diagnosticado, mediante laudos, com esquizofrenia paranoide, e, após ter
visto sua mãe ser agredida pelo seu pai (portador de Transtorno Explosivo de Raiva), entrou em
um surto psicótico. Durante o episódio, causado pela doença, ele fugiu de sua casa, localizada
no mesmo bairro que a padaria, e pegou um pedaço de madeira e o utilizou para simular um
assalto contra a padaria de Maurício. Meu cliente já havia realizado o assalto quando foi
agredido por Maurício juntamente com civis que passavam pelo local no momento do ocorrido,
sendo estes apoiados pelo argumento de legítima defesa, como consta no art. 25, CP “(...)quem,
usando moderadamente dos meios necessários repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem (...)”. Porém, como foi citado anteriormente, Wanderson sofria de
esquizofrenia paranoide e estava passando por um episódio da doença no momento do ocorrido,
o que o qualifica como inocente segundo o art. 26, CP “(...) é isento de pena o agente que, por
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento (...)”. Com isso, é possível observar claramente que Maurício
não agrediu um bandido, mas sim um homem que sofria com a ausência das faculdades mentais.
Além disso, Wanderson estava sem acompanhamento médico nos últimos meses, não tendo
acesso aos remédios que o ajudam a controlar os episódios da doença.
É importante ressaltar que a violência utilizada por Maurício foi exacerbada, pois, como
pode ser visto no art. 25, CP “(...) quem, usando moderadamente (...)” (grifo nosso) quando é
possível afirmar que a violência foi descabida, resultando na quebra do nariz de Wanderson, que
necessitou de uma cirurgia plástica após a agressão. Além disso, meu cliente era conhecido no
local, pois residia no mesmo bairro em que a padaria está localizada, e seu diagnóstico é de
amplo conhecimento dos moradores e comerciantes do bairro. Com isso, é possível afirmar que
ele sabia da doença de Wanderson, o utilizando apenas como um canalizador de sua raiva,
descontando sua frustação pelos assaltos anteriormente cometidos à sua loja. Fazer justiça com
as próprias mãos não é permitido no Brasil, sendo esta feita pelo Judiciário; (art. 345, CP) “(...)
fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão, embora legítima (...)”. Além deste
fato, Maurício poderia ter esperado o surto psicótico passar, pois, assim, Wanderson devolveria
o item roubado, não havendo agressão e nem coação para que ele admitisse um crime que não
cometeu.
Além destes fatos, Wanderson apenas simulou um assalto, sem arma, o que o qualifica
como tentativa de roubo, (art 14, II, CP) “(...) tentado, quando, iniciada a execução não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (...)”. Juntamente com este fato,
Wanderson não tinha intenção de agredir a funcionária e nem de destruir o local, visto que o
pedaço de madeira que simulava uma arma ficou mantido sob a camiseta durante toda a
simulação de assalto o que o qualifica como (art.17, CP) “(...) crime impossível (...)”.
Wanderson é inocente de seus crimes segundo a lei, e mesmo assim foi agredido, o que
é qualificado com injusta agressão (art. 129, CP), cada um deve responder segundo seus atos: de
um lado temos Wanderson, que portava um distúrbio mental; não agrediu ninguém; não utilizou
arma real, ou seja, a completa ineficácia do objeto; e do outro temos Maurício, um homem que
descontou suas frustrações em um inocente que era ausente de suas faculdades mentais, tendo
consciência do respectivo distúrbio. Tendo isso em mente, é perfeitamente cabível o dano
material pleiteado.

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