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Direção

Luiz Eduardo Oliveira


José Eduardo Franco

DICIONÁRIO DOS

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a c~ltura brasileir; em i egaBVo


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COORDENAÇÃO
Carmela Grüne
Cristiane Tavares Fonseca de Moraes Nunes
Jean Pierre Chauvin
José Augusto Batista dos Santos
Sandro Marcío Drumond Alves Marengo

Campinas, SP
2021
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Dados lnt.ernaciÕnais de Catalogação na Publicação (CIP)


Thxped Serviços Editoriais (São Paulo - SP).

048d Oliveira, Luiz Eduardo; Franco, José Eduardo (org.).


Dicionário dos Antis: A cultura brasileira em negativo /
Organizadores: Luiz Eduardo Oliveira e José Eduardo
Franco.
860p. - 1. ed.- Campinas, SP: Pont.es Editores, 2021.

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5637-169-6

1. Contestação. 2. Cultura. 3. Dicionários. 4. História. I.


Título. II. Assunt.o. III. Organizadores. -

Bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8/8846


ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:
1. Cultura
2. e instituições,-cultura
Dicionários. 413 popular e antropologia cultural <Brasil). 306.81
3. História do Brasil. 98l
380 lffi!I-IMPERIALISMO

coletivas, por escritas ditas e interditas


que se somam a imagens chocantes de
~-imperialismo
todo o tipo. Em maior ou menor grau,
via de regra buscando retratar os prota-
gonistas, ora favorecidos, ora discrimi-
nados, nas lutas de poder que facilitam

º
ou obstaculizam as migrações dos seres termo "imperialismo" surgiu, pos-
humanos. sivelmente, por volta de 1870 na
O anti-imigracionismo é matizado por Inglaterra. Em língua portuguesa, seus
tipologias de fatores políticos, econômi- primeiros registros datam de 1873. Evi-
cos, sociais e culturais envolvidos nos dencia-se, assim, que tal termo apareceu
processos de expulsão e atração em ce- e se consolidou no mesmo período em que
nários de pressão e impacto no planeta, se constituíram diversos outros "ismos"
vinculados à mobilidade humana. Mas, ou seja, a partir da segunda metade d~
essencialmente, se nutre em um polo século XIX, designando-se, então, pelo
oposto de tratamento da pessoa humana emprego desse sufixo, doutrinas, siste-
que configura uma oportunidade à vida: mas, teorias, tendências, correntes etc.
sua seiva compreende o homem como Além disso, cabe ressaltar que, desde seu
mercadoria descartável e, como se não aparecimento, a palavra "imperialismo"
bastasse isso, prega que o trânsito hu- carrega um sentido predominantemente
mano é uma ameaça. Eis uma postura negativo, pressupondo-se, portanto, na
"anti" que necessita ser constantemente sua própria constituição o seu "anti".
questionada, na dimensão da diversida- Contudo, deve-se salientar que, eti-
de do civilizacional e cultural, para ser mologicamente, o termo em questão de-
conceituada.
corre do vocábulo latino lmperium. Por
Bibliografia isso, para compreender-se melhor o an-
Impressa: ti-imperialismo de fins do século XIX em
diante, é preciso lembrar que o Império
CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico nova
foi um modelo político da Roma Anti-
fronteira da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1982. L'enciclopedia diziona-
ga, uma forma de governo que visava à
rio di italiano. Roma: Gruppo Editoriale L'Es-
unidade universal sob o poder do Impe-
presso, 2003, v. 22. Imigração: oportunidade ou
rador. Desse modo, o Império Romano
ameaça? - Actas da Conferência Internacional
tem suas raízes no século Ia. C. com Au-
de 2007. Estoril: Principia, 2007. KOIFMAN,
gusto, auto!ntitulado lmperator Caesar
Fábio. Imigrante ideal: o Ministério da Justiça e
Augustus. E importante destacar ainda
a entrada de estrangeiros no Brasil (1941-1945).
que o Império de Roma foi adversário do
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
cristianismo até, aproximadamente, 313
PIRES, Rui Pena (Coord.). Portugal: atlas das
d. C., mas se tornou, logo em seguida,
migrações internacionais. Lisboa: Fundação Ca-
protetor e propagador da nova religião,
louste Gulbenkianfl'inta da China Edições, 2010. defendendo e expandindo a Igreja Ro-
mana. A partir de 476 d. C., com acha-
Digital: mada "queda do Império Romano", esse
Europe: refugees & migrants' rights. Human modelo político do Imperium perdeu for-
Rights Watch, s/d. Disponível em: https://www. ça no Ocidente, porém se fortaleceu, ~o
~.org/tag/europes-migration-crisis. Acesso em: Oriente, especificamente com o lmpen~
24 Jun. 2020. Migrant crisis: migration to Euro- Bizantino, e se manteve consolidado até
pe explained in seven charts. BBC, 4 mar. 2016. 1453, quando ocorreu a (como ficou co-
Disponível em: http://www.bbc.com/news/world- nhecida) "queda de Constantinopla".
-europe-34131911. Acesso em: 24jun. 2020. A concepção romana antiga de Jmpe-
rium mostra-se, enfim, absolutamente
conciliada com o poder da Igreja no De
An,,;i\fll{ V\WIH 1>os S.\NTos Monarchia de Dante Alighieri, tratado
político composto no início do século XIY.
Nessa obra, Dante afirma que a "Monar-
&roiID-IMPERIALISMO 381
············-·-······-·-········-·····-·--·----+----

quia t,emporal" (temporalis Monarchia)


também chamada "Império" (/mperium ): "Encoberto", ou seja, o Imperador portu-
é definida como o principado único (uni- guês que instauraria, juntamente com o
cus principatus) que se sobrepõe, tempo- Papa, a "Monarquia (ou Império) Univer-
ralment.e, a todos os demais. Demons- sal". Já a História do Futuro tem como
tra ainda o autor que a Monarquia ou 0 objetivo principal demonstrar a verdade
Império são necessários para o "bem do do Quinto Império do mundo, profetiza-
mundo". Isso porque, como ensina Aris- do, fundamentalmente, no capítulo 2 do
tóteles em sua Política, quando várias Livro de Daniel. Conforme Vieira, esse
coisas se ordenam a um mesmo fim, con- quinto (e último) seria o Império de Cris-
vém que apenas uma delas regule e reja, to e dos cristãos, um Império espiritual,
ao passo que todas as demais devem ser temporal e universal.
reguladas e regidas. Assim sendo, e ten- A partir do começo do século XIX, em
do em vista que todo o gênero humano decorrência do esfacelamento do Antigo
se ordena a um mesmo fim, é preciso que Regime, os "Impérios" que se instauram
somente um homem regule e reja os de- estão apenas etimológica e formalmente
mais, devendo ele chamar-se "Monarca" relacionados com esses tempos passados
(Monarcha) ou "Imperador" (lmperator); romanos e cristãos. Na história do Brasil
oitocentista, em particular, Vice-Reina-
e sua autoridade (auctoritas ), da mesma
do e Império dividem praticamente todo
forma que a do Papa, decorre imediata-
o século (1808-1889). Desde a chegada
mente de Deus. Para Dante, em suma, da fami1ia real portuguesa à Bahia, no
cabe ao Papa o governo espiritual e ao início de 1808, a fragilidade política e
Imperador, o temporal, sendo Deus o econômica da Coroa resultou em diver-
único que governa, ao mesmo tempo, to- sas medidas, especialmente favoráveis
das as coisas espirituais e temporais. aos ingleses, a começar pela Carta-Ré-
Em tempos de Contrarreforma, isto é, gia que abria os portos às "nações ami-
a partir de meados do século XVI, a con- gas", assinada pelo príncipe-regente em
cepção de Império se restabelece fundada 28 de janeiro daquele ano. Com a perma-
na proteção à Igreja Romana e contra a nência e instalação da Corte no Rio de
"heresia luterana". Assim, particular- Janeiro (sede do Vice-Reino português
mente na América Portuguesa do século desde 1763), passou-se a discutir a nova
XVII, o Padre Antônio Vieira defende, disposição administrativa da Coroa.
em termos teológicos, proféticos e mes- Um capítulo decisivo na Independên-
siânicos - e com base em especial, nas cia do Estado do Brasil (assim deno-
Sagradas Escrituras e' nas profecias das minado desde 1621, quando passou a
trovas do sapateiro Gonçalo Annes Ban- coexistir com o Estado do Maranhão e
darra -, o Quinto Império do mundo, qu~, Grão-Pará, conforme decretado median-
universal, católico e português, suce~e:1a te carta-régia de 13 de junho daquele
e s~peraria os quatro grandes lmpenos ano) foi a elevação do Estado ao Reino
antigos: dos assírios, dos persas, dos gr~- Unido de Portugal, Brasil e Algarves,
~os e dos romanos. Entre os textos profe- em 1815. Sete anos depois, seria procla-
ticos do Padre Vieira, podem ser desta- mada a Independência em relação a Por-
cados a carta que ficou conhecida co,~o tugal e, decorrente d~la, J?~de-se _sit_uar
Esperanças de Portugal - Quinto lmpe~w primeira versão do anti-1mpenal1smo
do Mundo e o Livro Anteprimeiro da His- no Brasil (embora ainda não se empre-
tória, do Futuro. Nessa carta, desti_n!da gasse esse termo) na década de 1860.
ª ~dré Fernandes ("Bispo do Japa? ) e Tendo subido ao trono em 1840, o ~o-
CUJa subscriptio informa ter sido enVJ.ada verno de D. Pedro II pautou-se por dis-
de Carnetá no Grão-Pará "a caminho tas constantes entre representantes
do Rio das Amazonas", em
165
29 de abril d_e ~~toproclamados liberais e os ch~ados
conservadores. Esse estado de coisas se-
9, Vieira interpreta as profecias conti-
das nas trovas do Bandarra, anunciando ria relativamente acom~dado en~r~ 1~~3
:ry.
ª ressureição do rei D. João Este, qu: e 1867, graças à at!1açao do Mirustén_o
da Conciliação. Porem, a queda do gab1-
lllorrera havia três anos, sena o grand
~7
382 é:OOütJ,-IMPERIAUSMO

nete Zacarias naquele ano, alé~ _de f~- tato com correntes neoma:r:xi
tores controversos, como a p~icipa~o chegavam da Europa, bem com~~, que
do país na Guerra do Paragum, sob a m- sificação dos debates em torno ª.lllt.en..
fluência direta da Inglaterra, bem como dade nacional (em curso desdeda Iden.ti_.
a Questão Religiosa (1873-1874) e a de 1930) estimularam 1.ll1la P ª década
Questão Militar (1883-1887), tomaram fratária em relação à políticaº~tura re.
a mover acirrados debates que se pau- cionista estadunidense, 0 que smt.erven.
tavam, inicialmente, pela disputa entre denominar como segunda faseej°deria
0
os defensores da concentração do poder -imperialismo no Brasil. anti.
pelo monarca e os federalistas, os qu:ns, Entre as décadas de 1970 e 1980
inspirados pelo modelo norte-amenca- despeito de o país sofrer crescent.e '. ª
no, defendiam a descentralização do fluênci3: cultural e econômica dos ES::
país, com maior autonomia dos estados. dos {!~~os, fomentaram-se discusSÕes
Nesse contexto, a criação do Partido que, rmcialmente, atrelavam liberaJis.
Republicano Paulista em 1870 foi emble- mo econômico a imperialismo, enquanto
mática, já que a tese mais vigorosa da a ditadura brasileira seguia seu curso
legenda defendia a menor intervenção violento e arbitrário, sob a alegação da
do Império. Já em 1888, ano da Aboli- "ameaça comunista". Entre as décadas
ção da Escravidão, fundou-se o Partido de 1980 e 1990, os Estados Unidos, de
Republicano Mineiro, o que formalizou Ronald Reagan, e a Inglaterra, de Mar-
o entendimento entre vários estados do garet Thatcher, afirmaram-se como os
país (por sinal, entre 1898 e 1930, São países-sede do capitalismo em sua ver-
Paulo e Minas Gerais protagonizariam a são mais voraz.
chamada "República do Café-com-Leite", Desde o final dos anos de 1990, o an-
herança da "política dos governadores"). ti-imperialismo no Brasil reúne intelec-
Desse modo, apoiada por largos setores tuais, não exclusivamente brasileiros,
do exército, a República seria proclamada que se posicionam contra o que veio a se
na tarde de 15 de novembro de 1889. Dois chamar de política neoimperialista, vin-
anos depois, seria promulgada a Primeira culada ao neoliberalismo. Um dos maio-
Constituição Republicana, que sinalizava res expoentes dessa postura refratária
fortemente para o alinhamento do Brasil ao intervencionismo econômico e militar,
com os Estados Unidos da América. promovido sistematicamente pelos Esta·
Durante a chamada República Velha dos Unidos, foi o uruguaio Eduardo G~·
(1889-1930), o que se viu, basicamente, leano, autor de As ¼ias Abertas da Amé·
foi a manutenção de antigas estruturas rica Latina (1970). Na década de 1970,
herdadas do Império. O latifúndio que, organizaram-se no Brasil reuruoes·- nas
antes, sustentara barões do café, agora pastorais da Igreja Católica, que <:?º1~
era tocado por homens de enorme in- vam com representantes da Teologi.Frei
fluência local. Frequentemente chama- Libertação, como Leonardo Boff e .
dos de "Coronéis", eles davam continui- Betto. De lá para cá, agluti.oam:~ ~ 8
dade ao regime de semiescravidão, em pos em defesa das liberda~e~;~ do
diversas regiões do país. Paralelamente 8
seguridade social e da desvm. rfereJII
à manutenção dos privilégios e à concen- Brasil em relação àqueles ~ue mteâJJlbito
tração de terras e renda nas mãos de um no desenvolvimento do pms, e{tàco.
número ~da vez mais restrito, quase econômico, social, cultural e Po
sempre ligado aos órgãos deliberativos
do governo, avançavam os estudos em Bibliografia 9istóri0
tom? ~a sociologia, aplicados ao povo
brasileiro. De um lado, parte da intel-
ALENCASTRO, Luiz Felipe de <~\ corte 3
da vida privada no Brasil - JmperW• psnl1ill
ligentsia deslumbrava-se com O rumo modernidade nacional. São Paulo: ~rni\{oflll''
tomado pelos Estados Unidos· de outro das Letras, 1997. ALIGHIERI, Danl cbieSll e
discu~ia-se a influên~a negativa daque: . Le opere di Dante. Ediça~-.
chia. o Eu·.-11
- . pao·ego i;,··

le p~is sobre o Brasil. Especialmente a Andrea Tabarroni. Colaboraçao. :Notliett,o


partir da década de 1960, o maior con- Roma: Salerno, 2013, v. 4. BOBBI '
éWiill-lNDfGENA 383

Dicionário de política. Tradução: Carmen


et al. ·a1e et al. Coordenação da tradução: João ~-indígena
C. V~ Revisão geral: João Ferreira e Luís
Ferreira. • •
iro Pinto Cacais. 13. ed., 5. reunp. Brasí-
Guerre ·
.. Editora da Uruvers1 ºda d e d e B rasilia, 2016, v.
liacARONE, Edgard. A República Velha (evolu-
1: olítica). 2. ed. São Paulo: Difel, 1974. CA-
~ , Afrânio Mendes. O que é imperialismo. 9.
O te~o r~fe:re-se adoção de condu-
ta discnmmatóna praticada contra
d. São Paulo: Brasiliense, 1992. COSTA, Emília povos indígenas e seus representantes,
~otti da. Da Monarquia à República: momen- com suporte em discursos racistas e et-
tos decisivos. 9. ed. São Paulo: Editora Unesp,
nocidas que hierarquizam as diferenças
2010. ESTEFANES, Bruno Fabris. Conciliar o
étnico-raciais a partir de um paradigma
Império. O Marquês de Paraná e a política im-
evolucionista social, segundo o qual os
perial, 1842-1856. São Paulo: Annablume, 2013.
povos e culturas encontram-se em graus
FERRAZ, Paula Ribeiro. O Império em tempos
de avanço ou de atraso civilizacional.
de conciliação: atores, ideias e discursos (1848
Constitui-se a postura anti-indígena na
abjeção à diversidade étnica e na nega-
- 1857). Belo Horizonte: Fino Traço, 2016. FER-
ção do direito à existência da diferença
REIRA, Gabriela Nunes (Org.). Revisão do pen-
(política, social, econômica e cultural)
samento conservador: ideias e políticas no Brasil.
entre os povos, com a consequente nega-
São Paulo: Hucitec, 2018. GALEANO, Eduar-
ção de direitos vinculados a tal diversi-
do. As veias abertas da América Latina. Tradu- dade.
ção: Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 2010.
À categoria anti-indígena vincula-se o
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. conceito de etnocídio, formulado por et-
Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de nólogos norte-americanos, em especial,
Janeiro: Objetiva, 2009. IGLÉSIAS, Francisco. por Robert Jaulin (1928-1996), e que
'Ira.ietória política do Brasil. 7. reimp. São Paulo: denota a vulnerabilidade de povos ori-
Companhla das Letras, 2006. MANCHESTER, ginários que são não apenas extermina-
Alan K Preeminência inglesa no Brasil. Tra- dos em seus corpos, mas em seu espírito
dução: Janaína Amado. São Paulo: Brasiliense, (CLASTRES, 2004, p. 83). Significa di-
1973. MOTA, Carlos Guilherme. Ideologia da zer que tanto as categorias de genocídio
cultura brasileira. 3. ed. São Paulo: Ática, 1977. quanto de etnocídio aplicam-se conjun-
NORTON, Luís. A corte de Portugal no Brasil. tamente à realidade dos povos indígenas
3
- ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, (notadamente dos localizados na Améri-
2
008. NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil ca do Sul), pois "[s]e o termo genocídio
na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). remete à ideia de 'raça' e à vontade de
9
- ed. São Paulo: Hucitec, 2011. OLIVEIRA, extermínio de uma minoria racial, o
Lnís Valente de; RICUPERO, Rubens (Org.). A termo etnocídio aponta não para a des-
~:rtura ~s portos. São Paulo: Senac, 2007. SIL- truição fisica dos homens (caso em que
hi
a Rog~no Forastieri da. Colônia e nativismo:
stó
se permaneceria na situação genocida),
1o· li na . como "biografia da naça-o". São Pau- mas para a destruição de sua cultura"
~- ucitec, 1997. SODRÉ, Nelson Werneck. As (CLASTRES, 2004, p. 83).
Ci~ Independência. 2. ed. Rio de Janeiro: Nesse sentido, a etiqueta anti-indíge-
J\rrnanaçao Brasileira, 1969. SOUTO MAIOR, na (como signo ideológico discriminató-
do Iin do_- Quebra-Quilos: lutas sociais no outono rio) aplica-se tanto a condutas como a
Na . Péno. 2. ed. São Paulo· Companhia Editora visões de mundo realizadas ou compar-
CJ.onal 1978 ·
ta. n· : - VIEIRA, António. Obra compk- tilhadas nos âmbitos privado ou púb~co,
fate. ~ao: José Eduardo Franco e Pedro Cala- sempre que a finalidade _fo! o esc~10'... o
\lJEIR.<\ Paulo: Edições Loyola, 2014-2016, 30 v. menosprezo ou a propos1ç!10 de ex_tm_çao
si/: de Ge ~V'.11do. E_stado e miséria social no Bra- (fisica ou cultural) d? s~je1tos d~ d1re1_to_s
túlio a Ge1sel. São Paulo: Corteza, 1983. étnicos ou de seus d1re1tos_ em_ s1. ~ndi~-
d uo S e g overnos (ou atos mstituc10nrus,
lato sensu) que se declaram a~ t·i-m . díge-
l\J \I{( J<.J <l L.1, 11 IT nas assumem um olhar momsta ~e so-
.J,,: 1>1 P11-:1rn1-: <'1111 1·1N ciedade e, logo, de Estado. O momsmo,

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