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NORMA CULTA

Norma Culta

A norma culta se refere ao conjunto de padrões linguísticos usados pela camada mais escolarizada da
população. A norma culta define-se, assim, como a variação linguística habitualmente utilizada por
pessoas com elevado nível de escolaridade e cultura.

Na língua portuguesa existem diversas variações linguísticas, justificadas pela existência de diferentes
grupos sociais, com diferentes graus de escolarização, que apresentam diferentes hábitos linguísticos,
que resultam numa pluralidade de normas.

De todas essas normas, a norma culta é a mais conceituada, vista como uma linguagem culta e erudita,
utilizada por um grupo de pessoas de elite, pertencentes à camada mais favorecida e escolarizada da
população.

O domínio da norma culta se reflete, principalmente, na modalidade escrita da língua, revelando um


elevado grau de rigor e correção gramatical, como o devido uso da pontuação, da acentuação, da
colocação pronominal, da concordância e da regência, entre outros.

Saber escrever e falar de acordo com a norma culta de uma língua é uma competência bastante valo-
rizada no mercado de trabalho, uma vez que o domínio da norma culta possibilita ao indivíduo comuni-
car com precisão, eficiência e desenvoltura.

Norma Culta e Norma-Padrão

Embora esses conceitos sejam próximos, sendo inclusivamente usados muitas vezes como sinônimos,
se referem a normas distintas.

A norma-padrão pode ser entendida como a norma gramatical, com base na gramática tradicional e
normativa. Atua como um modelo idealizado que visa a padronização da língua escrita.

A norma culta é a variação que mais se aproxima desse padrão.

O que caracteriza as dúvidas linguísticas da norma culta

A norma culta da língua, especialmente do português, é constantemente marcada por uma gramática
rigorosa, crítica e erudita, sendo ela comumente usada por indivíduos de altas classes sociais ou níveis
de escolaridade.

Atualmente, a norma culta pode ser classificada em duas diferentes modalidades:

1. Coloquial;
2. Formal.

Enquanto a modalidade coloquial está diretamente atrelada ao uso oral da língua, que exige menos do
falante, a modalidade formal é utilizada na escrita, sendo ela baseada nas rigorosas normas gramaticais
da língua portuguesa.

Por isso, é comum que o emprego da língua seja realizado com maior liberdade no momento de se
expressar verbalmente do que na escrita, onde as normas gramaticais precisam ser levadas em consi-
deração com muito mais cuidado.

A norma culta da língua é marcada por alguns preceitos fundamentais de análise, sendo eles:

• Uso correto de escolhas lexicais;

• Capacidade de possibilitar a compreensão do texto por meio da boa organização gramatical e coe-
rência na exposição das ideias;

• Correto uso da pontuação.

Saber escrever e falar com base nas normas cultas da língua não são habilidades comuns a todos os
falantes da língua portuguesa, motivo pelo qual são qualidades extremamente valorizadas – especial-
mente no meio acadêmico e corporativo. O indivíduo que conhece as normas gramaticais de nosso

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idioma com precisão tem, ainda, melhor capacidade para se comunicar respeitosamente, com eficiên-
cia, facilidade e precisão – principalmente para apresentações em público, por exemplo.

As mais populares dúvidas linguísticas da norma culta

No que se refere ao uso da norma culta formal da língua, ou seja, escrita, algumas dúvidas são mais
populares, sendo elas frequentes e constantes para grande parte da população.

Vamos conferir então neste artigo quais são as mais comuns dúvidas linguísticas da norma culta for-
mal.

• Obrigada ou Obrigado?

Muito simples para alguns e confusa para outros, essa norma linguística conta com exigências essen-
cialmente básicas, sendo elas:

1. O indivíduo do sexo masculino, ao agradecer por algo, deve dizer obrigado;


2. O indivíduo do sexo feminino, ao agradecer por algo, deve dizer obrigada.

• Encima ou em cima?

A palavra em questão pode ser utilizada em ambos os formatos, porém, “encima”, escrita de modo
junto, é um formato de verbo unicamente utilizado na linguagem formal, na 3ª pessoa do singular do
indicativo ou na segunda pessoa do imperativo, com o significado de coroar ou colocar alguma coisa
no alto.

Um exemplo seria:

“Uma coroa amarela encima ao cabelo daquele homem”.

Já a palavra ‘em cima’, em seu formato separado, é muito mais comum – tanto na linguagem coloquial
como formal. O objetivo dela é dizer que algo está em uma posição mais alta e/ou elevada do que
outra. Um exemplo:

“Coloquei suas chaves de casa em cima da escrivaninha”.

• Mau ou mal?

Outra dúvida pertinente aos falantes da língua portuguesa é na diferenciação das palavras ‘mal’ e ‘mau’.

De modo geral, “mau” é um adjetivo que significa algo contrário ao que é bom. Sendo assim, ele é
comumente utilizado em frases que indicam uma pessoa com atitudes ruins ou como um sinônimo de
palavras como: difícil, indelicado, indecente, incapaz.

Alguns exemplos são:

“Eu acho ele um mau aluno”.


“Tire esses maus conceitos de seus pensamentos sobre ela”.

Já a palavra ‘mal’ é caracterizada como um advérbio utilizado como um antônimo do que é de bem.
Sendo assim, ele indica algo sendo feito errônea ou incorretamente.

Neste sentido, um exemplo seria:

“Ele mal sabe como lidar com essa situação”.

Além disso, a palavra ‘mal’ também pode ser utilizada – neste caso, como substantivo – para significar
uma angústia, doença ou desgosto, retratando algo que aparentemente é nocivo ou perigoso. Neste
sentido, um exemplo seria:

“Você precisa colocar o seu sono em dia, pois está dormindo muito mal”.

• Mas ou mais

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Certamente, essa é uma das mais comuns dúvidas presentes na gramática da língua portuguesa. Mas,
diferenciar o uso dessas duas palavras pode ser bem simples.

‘Mas’ é uma palavra que pode ser utilizada como sinônimo de todavia ou porém, transmitindo a ideia
de oposto.

Alguns exemplos:

“Queria ir ao shopping, mas não tenho tempo”.


“Queria comprar roupas, mas não tenho dinheiro”.

Já a palavra ‘mais’ é um advérbio que tem como principal objetivo o de transmitir noções de acréscimo
ou intensidade, sendo também um oposto a palavra ‘menos’.

Exemplos neste sentido são:

• Ele é o mais bonito do bairro.

• Ela é a mais chata do curso.

• Oito mais oito são dezesseis.

Norma Culta x Variações Linguísticas

Norma culta x variações linguísticas: esse é um assunto discutido pela Sociolinguística, ciência da lin-
guagem que defende a comunicação em todos os seus níveis.

Você já deve ter observado que existe uma grande diferença entre a língua que falamos em nosso dia
a dia e a língua preconizada pela gramática, não é mesmo? Por que será que esse fenômeno acon-
tece? Por que nós, falantes, acabamos inventando um jeito menos formal de nos comunicar? É sobre
esse assunto que o Mundo Educação vai falar agora com você: Norma culta x variações linguísticas.

A linguagem verbal certamente é a forma de expressão mais eficaz, aquela que conecta pessoas e
permite que elas se entendam. Claro que existem outras formas de comunicação, mas a verdade é que
a palavra, especialmente quando falada, tem muita força. Como é uma ferramenta democrática, afinal
de contas, estamos o tempo todo interagindo com diferentes interlocutores ao longo do dia, é normal
que ela não seja padronizada.

Cada indivíduo possui sua idiossincrasia, e são vários os fenômenos sócio-histórico-culturais que inci-
dem no jeito de cada comunidade linguística falar. Estranho mesmo seria se falássemos todos da
mesma maneira, como se fôssemos robôs.

Mas e a Norma Culta, Como Fica Nessa História?

A norma culta é indispensável e tão importante quanto as variações linguísticas. A norma culta rege
um idioma, aponta caminhos e deve ser estudada na escola para que assim todos tenham acesso às
diferentes formas de pensar a língua.

Se, ao falarmos, escolhemos um vocabulário coloquial, menos preocupado com as regras gramaticais,
ao escrevermos devemos sim optar pela linguagem padrão, pois, um texto repleto de expressões típi-
cas pode não ser acessível para todos os tipos de leitores. Quando dizemos que a norma culta deve
ser priorizada nos textos escritos, estamos nos referindo, sobretudo, aos textos não literários, que co-
bram maior formalidade de quem escreve.

As variações linguísticas comprovam a organicidade da língua: ela não está encerrada nos dicionários
ou gramáticas; está viva, na boca do povo, seus verdadeiros donos. Na língua falada não pode existir
certo ou errado, o mais importante é que as pessoas se entendam, que a comunicação seja feita de
maneira eficiente.

Você já observou que mesmo quem não domina as regras gramaticais é capaz de elaborar enunciados
compreensíveis? Mesmo não entendendo da sintaxe da língua, somos capazes de colocar as palavras
nos seus devidos lugares, respeitando o princípio da gramaticalidade e da inteligibilidade, elementos
fundamentais para que a comunicação aconteça satisfatoriamente.

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Somos falantes hábeis, capazes de perceber quando e como empregar cada uma das variedades.
Sabemos que há situações em que devemos preferir a variedade padrão, pois será a mais adequada,
aquela que estabelecerá uma maior sintonia entre os interlocutores.

Sabemos também que há situações em que as variedades não padrão, permeadas por suas gírias e
regionalismos, cumprem a contento a missão de comunicar. Não há problema algum em alternar os
dois registros, o importante é observar a pertinência de cada um deles, pois um será mais adequado
do que o outro, observadas as necessidades da comunicação. A linguagem foi feita para a comunica-
ção, por isso, comunique-se mais e sem medo de errar.

Variação Linguística – A Língua em Movimento

A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa. Pode ser compreendida por
meio das influências históricas e regionais sobre os falares.

Você sabe o que é variação linguística?

A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por inter-
médio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua
pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável,
a língua portuguesa ganha diferentes nuances.

O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país.
Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com
a comunidade na qual se manifesta.

As variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é compre-


ensível que seus falantes façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas. Os dife-
rentes falares devem ser considerados como variações, e não como erros.

Quando tratamos as variações como erro, incorremos no preconceito linguístico que associa, erronea-
mente, a língua ao status. O português falado em algumas cidades do interior do estado de São Paulo,
por exemplo, pode ganhar o estigma pejorativo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas dife-
renças enriquecem esse patrimônio cultural que é a nossa língua portuguesa. Leia a letra da mú-
sica “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, e observe como a variação linguística pode ocorrer:

Samba do Arnesto

- O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás


- Nós fumos não encontremos ninguém
- Nós voltermos com uma baita de uma reiva
- Da outra vez nós num vai mais
- Nós não semos tatu!
- No outro dia encontremo com o Arnesto
- Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
- Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
- Mas você devia ter ponhado um recado na porta
- Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá
- Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
- Assinado em cruz porque não sei escrever.

Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa

Há, na letra da música, um exemplo interessante sobre a variação linguística. É importante ressaltar
que o código escrito, ou seja, a língua sistematizada e convencionalizada na gramática, não deve sofrer
grandes alterações, devendo ser preservado. Já imaginou se cada um de nós decidisse escrever como
falamos?

Um novo idioma seria inventado, aboliríamos a gramática e todo o sistema linguístico determinado
pelas regras cairia por terra. Contudo, o que o compositor Adoniran Barbosa fez pode ser chamado
de licença poética, pois ele transportou para a modalidade escrita a variação linguística presente na
modalidade oral.

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As variações linguísticas acontecem porque vivemos em uma sociedade complexa, na qual estão in-
seridos diferentes grupos sociais. Alguns desses grupos tiveram acesso à educação formal, enquanto
outros não tiveram muito contato com a norma culta da língua.

Podemos observar também que a língua varia de acordo com suas situações de uso, pois um mesmo
grupo social pode se comunicar de maneira diferente, de acordo com a necessidade de adequação
linguística. Prova disso é que você não vai se comportar em uma entrevista de emprego da mesma
maneira com a qual você conversa com seus amigos em uma situação informal, não é mesmo?

A adequação é um tipo de variação linguística que consiste em adequar a língua às diferentes situações
comunicacionais

A tirinha Calvin e Haroldo, do quadrinista Bill Watterson, mostra-nos um exemplo bem divertido sobre
a importância da adequação linguística. Já pensou se precisássemos utilizar uma linguagem tão rebus-
cada e cheia de arcaísmos nas mais corriqueiras situações de nosso cotidiano? Certamente perdería-
mos a espontaneidade da fala, sem contar que a dinamicidade da comunicação seria prejudicada.

Podemos elencar também nos tipos de variação linguística os falares específicos para grupos especí-
ficos: os médicos apropriam-se de um vocabulário próprio de sua profissão quando estão exercendo o
ofício, mas essas marcas podem aparecer em outros tipos de interações verbais. O mesmo acontece
com os profissionais de informática, policiais, engenheiros etc.

Portanto, apesar de algumas variações linguísticas não apresentarem o mesmo prestígio social no
Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação cultural, corroborando com a ideia
da teoria do preconceito linguístico, ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra,
sobretudo superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos favorecidas.

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