O promotor requer a conversão da prisão em flagrante do AUTUADO Anco Marco para medidas cautelares diversas, alegando que (1) o furto de leite e queijo sugere um "furto famélico"; (2) a conduta, embora formalmente típica, tornou-se atípica sob uma ótica material devido à ausência de lesão ao bem jurídico; e (3) o AUTUADO é primário e está em situação de vulnerabilidade econômica.
O promotor requer a conversão da prisão em flagrante do AUTUADO Anco Marco para medidas cautelares diversas, alegando que (1) o furto de leite e queijo sugere um "furto famélico"; (2) a conduta, embora formalmente típica, tornou-se atípica sob uma ótica material devido à ausência de lesão ao bem jurídico; e (3) o AUTUADO é primário e está em situação de vulnerabilidade econômica.
O promotor requer a conversão da prisão em flagrante do AUTUADO Anco Marco para medidas cautelares diversas, alegando que (1) o furto de leite e queijo sugere um "furto famélico"; (2) a conduta, embora formalmente típica, tornou-se atípica sob uma ótica material devido à ausência de lesão ao bem jurídico; e (3) o AUTUADO é primário e está em situação de vulnerabilidade econômica.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da XXª Vara desta Comarca
REF. APFD nº xxx.000.0001-xx
AUTUADO: Anco Marco
O Ministério Público Estadual, através do Promotor de Justiça ao
final assinado, no uso de suas constitucionais atribuições, vem perante Vossa Excelência, requerer a CONVERSÃO da prisão em flagrante ora aplicada ao AUTUADO em Medidas Cautelares diversas desta com fulcro no art. 319 do Decreto Lei n° 3.689/41, doravante Código de Processo Penal – CPP.
Narram os autos inclusos que, em 04 de março de 2021, por volta
das 21h30, o AUTUADO subtraiu dois pacotes de leite e uma peça de queijo do interior do Supermercado Pague-Pouco, localizado na Rua dos Guararapes, n° 30, Bairro Palmares, neste Município, sendo, entretanto, posteriormente capturado pela Polícia em localidade próxima de posse da totalidade da res furtiva.
Percebe-se, pois, que a partir de uma análise formal da situação
exposta, a conduta amolda-se ao crime de furto simples, capitulado no art. 155, caput, CP. Conclui-se, sob a ótica desta Promotoria, da presença de flagrante válido, afastadas as hipóteses de abuso ou ilegalidade cometidos pela autoridade policial.
Contudo, ao apreciar a possibilidade de manutenção da restrição de
liberdade do AUTUADO, não se vislumbra essa recomendação. Ao contrário, entende-se que o instituto da prisão preventiva deve ser reservado àqueles que realmente não podem ou não devem viver em sociedade. Os objetos subtraídos sugerem a ocorrência do que a doutrina conhece por Furto Famélico. Ademais, apesar da conduta típica, partindo-se de uma análise alicerçada em princípios constitucionais e considerando, sobretudo, o ponto de vista material, verifica-se a possibilidade de aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, que afasta a tipicidade da conduta quando o dano trazido ao bem jurídico for nulo ou irrelevante. Por fim, verifica-se a primariedade do AUTUADO, que embora responda por outros crimes de furto simples, encontra-se em situação de vulnerabilidade econômica, estando desempregado e responsável pelo sustento de dois filhos menores.
Como mencionado, a conduta do AUTUADO é formalmente típica,
porém não representou lesão concreta ao bem jurídico tutelado pela norma, já que não se vislumbrou qualquer prejuízo de ordem patrimonial à vítima, já que os objetos subtraídos foram integralmente restituídos.
Ante o exposto e considerando que a conduta narrada no A.P.F.D.
em anexo tornou-se, sob uma ótica material, atípica, em razão da ausência de lesão ao bem jurídico, o Ministério Público requer a Vossa Excelência determinar Medidas Cautelares à prisão, de modo que o AUTUADO possa responder em liberdade sob as penas da Lei por sua conduta.
É o parecer.
Belo Horizonte, MG, 05 de março de 2021.
xxx XX Promotor de Justiça de Belo Horizonte, titular