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Priscila Nunes - priscilinhasn@gmail.com - CPF: 008.471.

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Neste material falaremos sobre ansiedade, que é
o nome que se dá na psiquiatria para Transtornos da
Ansiedade. Vou falar um pouco sobre a visão desde a
incidência, o aumento do número de pessoas ansiosas,
os diferentes tipos e os tratamentos. Então, você vai ter
uma visão geral de tudo isso. Primeiro, é importante
entender que 28% das pessoas no mundo terão em
algum momento da sua vida um episódio ansioso,
um quadro de ansiedade. Você vê que é, na verdade,
a doença psíquica de maior incidência e, nesse
momento da pandemia, isso é maior ainda.

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Por isso, tanto quem já tinha um quadro que estava
estável sente uma piora, pessoas que talvez nunca
tivessem percebido uma ansiedade que chegava a
incomodar também passaram a perceber, porque a an-
siedade é aquela história: até um ponto ela é muito boa,
a ansiedade que nos prepara para o futuro, se não tives-
se ansiedade você não estudava para o seu concurso
que você está se preparando, se não tivesse ansiedade
você não fazia o relatório que tem que fazer para a em-
presa. Então, a ansiedade até um ponto é saudável,
passou de um ponto, ela começa a nos adoecer.
O que a gente quer é que você tenha uma ansiedade
em nível saudável, não é a ausência da ansiedade,
pois a gente precisa dela para ser produtivo.

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Como ela é uma emoção, um es-
tado emocional, na verdade, vol-
tado para o futuro, em um mundo
que muda tanto (e nesse momento
em que nós estamos com tudo tão
incerto), o número de pessoas com
ansiedade certamente aumentou
e vai aumentar com essa incerteza.
A grande diferença da ansieda-
de, por exemplo, e do medo é que
o segundo é uma emoção básica
que, geralmente, a gente tem de
um objeto externo. Você pode ter
medo de barata, isso é um medo
de algo externo. A ansiedade
geralmente é um estado interno,
as pessoas nem sempre sabem
dizer o porquê elas estão ansio-
sas, como eu disse, ainda mais
em uma realidade como a nossa
tão incerta.

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Então, você nunca esteve ansioso por algo que já passou,
não é isso? Você está ansioso pelo que vai acontecer.

Dessa maneira, para a gente entender o impacto so-


cial, é evidente que é extremamente sofrido, a pessoa
muitas vezes atribui a si mesma, chama-se a si mesma
como ansiosa, não que ela tenha ansiedade. Nos Estados
Unidos, o custo é de em torno 42 bilhões de dólares
por ano, para a gente ter uma ideia do impacto disso,
então, é muito grande. Você fala impacto em quê? As
pessoas diminuem a qualidade de vida, diminuem a
produtividade. A ansiedade, por exemplo, pode levar à
quadros depressivos.

Uma ansiedade grave não cuidada, num acompanha-


mento de 5 anos pode evoluir, acredita-se que de 20
a 25% dos casos evoluem para um quadro de depres-
são, então, ela tem que ser tratada por uma questão
de saÚde pÚblica.

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A ansiedade é muito mais comum, afeta especialmente
pessoas jovens, você pode olhar que tem adolescente,
muitas vezes tem até crianças com ansiedade. Então, a
ansiedade é uma doença que surge mais cedo na vida
do que os quadros depressivos. Por causa disso, esse
link com a depressão é o que nos deixa preocupados, e,
na verdade, mesmo a pessoa com depressão tem junto
um quadro ansioso frequentemente associado a ele.

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Muito bem. Como a gente pode entender a ansiedade?
Como eu disse anteriormente, ela pode ser normal ou
patológica, até um ponto é normal, passou de um pon-
to vira patologia. Hoje, a nossa responsabilidade é o que
a gente pode fazer para gerenciar melhor os nossos es-
tados emocionais, para fazer a ansiedade ficar naquele
ponto que nos ajuda, mas sem nos fazer adoecer.
A ansiedade pode ser leve ou grave, como tudo na psi-
quiatria, você vai ver sempre assim “depressão leve, mo-
derada ou grave”, então, tudo pode ser leve ou grave.
Eu sempre gosto de lembrar que o medicamento
cabe nos quadros graves, nos casos leves a modera-
dos tem que ter outras abordagens.

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E mesmo, lembrem-se, no caso da ansiedade que não é
cíclica, mesmo que você seja medicado ou qualquer
coisa assim, você tem que introduzir na sua vida ou-
tras questões: mudanças de alimentação, atividade
física. Aliás, tem evidências científicas disso, se você
pesquisar “o que trata a ansiedade?” Pega lá: remédios,
psicoterapia, yoga, relaxamento, atividades físicas, es-
tão presentes. Porque, se não o dia que você tira o medi-
camento, você fica vulnerável para ter outros episódios,
se você desenvolve essas outras questões e aprende
a lidar com as atividades que geram ansiedade em
você na vida, aprende a respirar de uma maneira
correta, você melhora a sua alimentação, melhora
o seu sono, você se torna mais resiliente para lidar
com a realidade, e, dessa forma, consegue ser menos
ansioso do que o seu padrão original.

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Bem, a ansiedade também, porque é normal ou pato-
lógica, pode prejudicar ou não. Então, só você que sabe
do seu nível ideal. Eu vou brincar com você, um exemplo
de como a ansiedade ajuda, você quer ver? O pessoal
que está nos assistindo, quando era estudante deixava
para estudar na véspera da prova, não era não? “Por que
você faz isso?”, “Porque eu sou mais produtivo dois dias
antes da prova”. Porque na verdade aquela ansiedade
(esse é seu lado ruim) gerada pela prova, faz com que
você fica tão focado, que você consegue absorver um
absurdo de informação em poucos dias, claro que você
não consegue manter aquilo tudo na sua cabeça, mas
aquilo é gerado pela ansiedade. Isso é para mostrar
o poder da ansiedade, isso se chama “síndrome do
estudante”, quando a gente deixa para estudar quase
na véspera da prova, porque a gente fica mais criativo.

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E fica mesmo. Eu costumo brincar que muitas vezes eu
tenho uma aula para montar e eu vou montando aos
pouquinhos, aos pouquinhos, mas quando vai chegan-
do perto parece que o cérebro multiplica a capacidade
dele, é ansiedade, e aí eu fico mais focado, tenho mais
ideias, isso é um exemplo de como a ansiedade pode
ser saudável. Mas, claro que eu tenho que administrar
com muito cuidado, porque se deixar tudo para a últi-
ma hora se adoece, não se dá conta de tanta ansiedade
acumulada dessa forma.

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A ansiedade pode ser episódica ou persistente, isso
quando eu falar das diferenças. Episódica é quando,
por exemplo, se trata do pânico: uma ansiedade de
grande intensidade e pontual. Ela pode ser persistente,
por exemplo, no chamado TAG (Transtorno de Ansieda-
de Generalizada). Então, um exemplo de ansiedade:
a TAG é uma ansiedade que dura, a pessoa percebe
aquilo o dia inteiro; o pânico não, é pontual, é sofrível
e intenso.

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Pode ter causas físicas ou psicológicas. Sim, você
pode ter ansiedade, por exemplo, por isso que você
tem que ser avaliado por um profissional muitas vezes,
porque está com hipertireoidismo. Pode, você pode ter
ansiedade por isso. Você pode ter um tumor produtor
de cortisol, que é o hormônio do estresse. Você pode ter
um tumor produtor de serotonina, pode. Então, você
pode ter doenças, evidentemente, que são físicas, que
levam você a ter sintomas de ansiedade. E claro, ansie-
dade de origem, vamos dizer, mental, do seu cérebro e
origens psicológicas, questões na vida que vão geran-
do em você estado psicológico, como a situação que
estamos vivendo.

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Ou seja, o mundo mudou tanto, é tão diferente do
mundo que nós estávamos acostumados, que a gente
fica temeroso com o que pode acontecer, não é isso?
Porque aquele mapa que existe dentro da nossa cabeça
não encaixa no mapa do mundo que está lá fora e eu
fico preocupado. Como você aprendeu a dirigir, por
exemplo? Lembre-se, quando você aprendeu a dirigir,
quando aprendeu qualquer coisa, o mapa é seguinte
na nossa cabeça: à medida que a gente vai aprendendo
alguma coisa, a gente sabe determinar o que é impor-
tante naquilo e o que não é importante. Por exemplo,
o dia em que você aprendeu a dirigir você lembra
direitinho, né?

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Quando a gente está começando a aprender dirigir
mal consegue prestar atenção para pisar na embrea-
gem e passar a marcha, hoje a pessoa enquanto a con-
versa já faz aquilo tudo no automático. O que acontece
no cérebro? Ao tornar as coisas automático, é como se
você conseguisse determinar o que é importante e o
que não é importante. A gente tem um mapa desse
dentro da cabeça para lidar com o mundo, quando sur-
ge uma pandemia como essa é uma coisa que você
nunca considerou importante, isso não existia no seu
horizonte mental, então, isso bagunça completamente
todo o mapa que nós carregamos. Por isso que a gen-
te fica ansioso, está certo? Por isso que se tornou tão
comum.

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E é claro que você tem que lembrar que a ansiedade
pode vir junto de outros transtornos, tanto físicos
quanto transtornos também psíquicos, o mais co-
mum é a depressão, ou seja, as duas se encontrarem
juntas. Então, eu vou falar um pouquinho sobre as
mais comuns. Você tem, por exemplo, o Transtorno de
Ansiedade Generalizada, que essa ansiedade não
tão intensa, mas mais arrastada, e aí vem com perí-
odos de piora, sendo muito comum muitas pessoas
sofrerem disso “À, eu já tinha tido um TAG (Transtorno
de Ansiedade Generalizada), eu tratei, estava tudo bem
há alguns anos e agora nesse momento voltou tudo“.
Sim, voltou tudo, porque o ambiente exigiu de você
um comportamento, uma postura, que te tirou do seu
centro, certo?

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Então, você pode estar com Transtorno de Ansiedade
Generalizada, que é uma ansiedade que te acompanha o
dia inteiro, você tem a sensação de que você não desliga.
Muitas vezes, o que acontece é que a gente para com-
pensar passa a tomar mais café, isso é um exemplo.
Muitas vezes, a cafeína em algumas pessoas pode
gerar mais ansiedade, então, a pessoa entra em um cír-
culo vicioso e a TAG dela só piora.

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Você tem o Transtorno do Pânico. O pânico é uma
coisa à parte, porque é um episódio intenso de ata-
que cardíaco, geralmente com dormências, a pes-
soa tem uma iminência de morte. É muito curioso,
ninguém nunca morreu e voltou, mas o paciente fala
para você assim: “Eu tenho a impressão de que vou
morrer, doutor”. E ele demora para aprender, mesmo
sabendo que ele não vai morrer (já aconteceu várias
vezes), aquele paciente vai muitas vezes ao hospital
com medo de morrer.

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Eu sou de uma geração que o paciente chegava no
consultório e ele exigia, praticamente, que a gente
fizesse um monte de exames cardiológicos nele, para
saber se aquilo que ele estava sentindo não era do co-
ração. É curioso que, atualmente, as pessoas chegam
já com o diagnóstico, elas olham no Google “Eu tenho
pânico”, mesmo que ela tenha outros problemas, mas
ela tem quase que uma certeza. E o desespero do
pânico, para quem tem e está me assistindo aqui vai
lembrar, é que você não tem pânico de alguma coisa,
não é igual o medo de elevador que você pode evitar
o elevador. Não, o pânico pode ocorrer por motivo
nenhum, você pode estar andando no meio de um
shopping e ter uma crise de pânico. Então, o deses-
pero é porque a pessoa não acha uma referência.

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O pânico, dos transtornos da ansie-
dade, é dos transtornos mais bioló-
gicos que existem. Inclusive, Freud
chamou de “Neurose de Angústia”
na psicanálise, e dizia que esta
não conseguia tratar aquilo por-
que não achava a causa, vamos
dizer assim. É evidente, e eu volto
a dizer, que quando a gente está
nos nossos limites como esse, um
dos limites pode ser o surgimento
do transtorno do pânico. Quando
eu digo que não tinha uma causa,
é que não tinha uma causa psica-
nalítica, não é isso? Um trauma de
infância, não era isso. Mas é eviden-
te que com o aumento de muita
tensão, muito estresse naque-
la pessoa, individualmente,
desencadeia um pânico e ela, en-
tão, acaba tendo que ser tratada.

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Da mesma forma, uma abordagem que vai desde
o f ísico, emocional, mental e até ao espiritual,
sim, quando a gente acha um sentido maior para tudo
isso que nós estamos passando, isso se torna funda-
mental. Depois, no final, falarei dos medicamentos,
que são muito parecidos, os que são usados e alguns
dos efeitos colaterais.

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A agorafobia, geralmente, vem junto com o pânico.
O que é agorafobia? É o medo de estar em um lugar
onde você não possa ser socorrido, vamos resumir
assim. E, geralmente, esses lugares são públicos.
A pessoa tem uma crise de pânico no shopping, e aí
o que acontece? Ela passa a não ir ao shopping. Aí ela
tem uma crise de pânico em outro ambiente público e
aí ela também passa a evitar aquele ambiente. Chega
um momento da vida que, às vezes, a pessoa não vai
a vários lugares, porque ela associou que poderia ter
uma crise ali (só que o lugar não tem nada a ver com
isso), e ela fica com medo de ter outra crise e não ter
ninguém para ajudá-la. Então, a agorafobia acaba limi-
tando muito a vida de quem desenvolve.

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Eu me lembro, basicamente, de um cliente que era um
advogado muito bem sucedido, era sócio do escritório,
muito competente, e ele desenvolveu um pânico grave
com agorafobia, mas como ele era muito bom, ele tra-
balhava em casa. Eu te pergunto: você acha que esse
camarada, estou falando antes do home office, ele po-
deria sair de casa para dar uma voltinha, ele não preci-
sava ir no trabalho, então, era o único sócio que nunca
ia no escritório antes do home office, porque agora
este é obrigatório. Enfim, era opcional a ida dele ao es-
critório, imagina você, ele tinha toda uma estrutura em
casa, tinha balão de oxigênio, tinha isso tudo. Costumo
dizer que ele tinha um ganho secundário muito grande
da doença dele, ele não ia sarar nunca, você concorda?
Porque ele tinha home office. Então, toda doença,
inclusive essa, a gente tem que atentar, porque se a
gente começa a ter ganhos secundários da doença é
como se uma parte nossa não quisesse sarar. Isso exis-
te em todas as doenças, inclusive.

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Eu sempre gosto de lembrar, eu tinha uma paciente
uma vez que teve um câncer de mama, eu cuidava
dela na parte psiquiatra, e ela conseguiu se curar, mas
ela virou para mim um dia e falou assim:

“Doutor Frederico, o que eu vou fazer agora para ter


a atenção dos meus filhos como eu tive durante a
minha doença?”

Perfeito. Isso é um ganho secundário. Então, isso tam-


bém existe aqui. Todos temos que ter cuidado, em to-
das as doenças psíquicas, todas as doenças da vida,
aliás, para que nós nos atentemos para os ganhos
secundários, que as pessoas acham que não tem.
E tem, por pior que seja, alguma coisa ganhamos, ou
seja, o que a gente perde de mudar. O que você perde de
sarar da sua doença?

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Você perde alguma coisa, todos nós,
toda mudança, mesmo que para
melhor, tem uma perda: “Não, não é
possível”. Não, a pessoa perde algo.
É o exemplo do meu advogado, que
por causa da agorafobia foi ficando
preso, ficava só dentro de casa, mas
como tinha toda essa estrutura para
ele trabalhar, e como ele era muito
brilhante, os processos vinham até
ele (não eram digitais naquela épo-
ca), e ele resolvia tudo por telefone,
enfim, tinha um ganho secundário.

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Nós temos as chamadas Fobia Social. A fobia social
é quando a pessoa tem medo de coisas em público:
tem medo de falar em público, tem medo (você ficará
impressionado) de escrever em público. Eu lembro de
um cliente que tinha um temor de ser chamado para
ser padrinho de casamento, porque ele tinha medo de
subir lá no altar e assinar como padrinho. Uma coisa
que a gente fica “Mas como?”. Porque a pessoa com
fobia social tem um medo do julgamento do outro, o
que o outro pode estar pensando sobre ela. Isso é muito
engraçado, porque geralmente as pessoas não estão
nem aí para a gente, mas a pessoa tem uma auto-
-referência do que vão pensar. Não vão pensar nada,
ninguém está nem aí para você.

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Mas não adianta você dizer isso racionalmente, pois ela
tem essa preocupação, ela se sente observada e, então,
acaba evitando lugares ou circunstâncias na vida, onde
ela se coloca em uma posição que muitos possam olhar
para ela. Não precisa dizer que, um tipo de ansiedade
como essa, um remédio vai ajudar muito menos, não é
isso? É uma abordagem muito mais psicoterapêutica.

Nós temos que lembrar que fobias dessa natureza, e


a seguinte que eu vou falar também, em 80 e 90% das
vezes isso é resolvido pela própria pessoa.

A pessoa vai se dessensibilizando. Você sabe disso, você


ou uma amiga sua que tinha medo de dirigir venceu o
medo sozinha, outro que tinha medo de elevador ven-
ceu o medo também sozinho. A pessoa vai se dessensi-
bilizando e nós vamos explicar no final como funciona
isso.

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O próximo transtorno de ansiedade chama-se Fobia
Específica, que é o medo da barata, o medo de
cobra, o medo de elevador, o medo de altura, o medo
de voar, e assim vai, tem muitos medos. São medos
específicos que não, necessariamente, na sua vida você
passou por um trauma: “Não, eu tenho medo de barata
porque quando eu era criança, a barata caiu em cima
de mim” e quem nunca passou por isso e têm medo de
barata? Você pode achar as explicações que você quiser:
“A mamãe tinha um medo de barata muito grande, vi-
via falando de barata”. Pode ser que seja uma realidade
ou não, seja verdade a narrativa que você criou. Coisas
tão simples assim, geralmente, você tem que não bus-
car narrativas, você tem que resolver.

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Se te atrapalha ter medo de barata,
supere o medo da barata. Se tem
medo de elevador, como é que a pes-
soa resolve isso? O que o terapeuta
cognitivo comportamental vai fa-
zer com você? Vai pedir para você
fechar os olhos e se imaginar, por
exemplo, na frente do elevador que
você tem medo, você vai falar de 1
a 10 em como está se sentido, você
fala “Nossa, está 9”, o terapeuta fala
“Então, está bom. Dá um pas-
so para trás, fica mais longe”,
você f ica mais longe, o coração
vai melhorando e já está em 5.
“Beleza! Respira fundo, respira tran-
quilo, isso. Agora vamos chegar
devagarinho perto do elevador”.

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Isso na imaginação, pode ser ao vivo ou na imaginação.
E a pessoa vai se aproximando, se aproximando, chegou
uma hora que o corpo dela se adaptou e ela fala “Agora
vou entrar no elevador”. Aí tem um dia que ela entra
em um elevador de verdade, anda um andar no eleva-
dor e sai, e vai fazendo assim até que se dessensibiliza
e aprendeu que não precisa de ter medo de elevador.
Então, a maioria dessas fobias são resolvidas assim.

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Claro que as fobias, quando gera uma interação com
fobia social, como falar em público, é evidente que dão
mais trabalho porque se está usando, cuidado, com
objetos animados, não inanimados como um elevador.
Isto é, você sempre fica assim “O que o outro está pen-
sando”, no caso de uma fobia social. No caso das fobias
específicas, são mais tranquilas nesse sentido.

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Transtorno obsessivo-compulsivo é o famoso TOC,
certo? É importante a gente entender que aqui nessa
realidade nós estamos falando dos transtornos, são as
doenças psiquiátricas. O diagnóstico psiquiátrico é feito
em eixos: tem um eixo que é a doença, tem um outro
eixo que é a personalidade do indivíduo. É muito co-
mum, leigamente, a pessoa falar assim “À, o fulano
tem TOC”. Não, ele não tem TOC, aquele seu colega
todo arrumadinho, que deixa tudo arrumadinho e
bonitinho, as camisas ali todas organizadas por uma
cor. Não, ele é um camarada que pode ser obsessivo,
está bem? Mas ele não sofre para ser daquele jeito.

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Aliás, um cirurgião é bom que seja obsessivo, que ele
tenha muita obsessão para lavar a mão, feche, nunca
esqueça a gases, tem que ser obsessivo com detalhes.
Você quer que o piloto do avião também seja obsessi-
vo, não quer? Eu quero. Então, isso não significa que ele
tenha TOC. O TOC, o Transtorno Obsessivo Compul-
sivo, a pessoa têm um pensamento obsessivo, por
exemplo, a mão está suja e aí fica ansiosa com aquele
pensamento de que a mão está suja, vai lá e lava a
mão para limpá-la. Ela tem um comportamento
compulsivo para diminuir a ansiedade do pensamento
obsessivo. Só que se nós lavamos a mão, está limpa,
acabou, vamos embora. Esse não, o pensamento vem
de novo “a mão está suja” e ele vai diminuir a ansiedade
gerada, lava a mão de novo, e aí, é um disco arranhado,
porque o pensamento não vai embora, então, ele lava a
mão 200 vezes por dia.

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Você já imaginou nessa pandemia uma pessoa com
TOC de limpeza? Imagina o impacto imenso. Por exem-
plo, sei de casos, tenho casos de pessoas que lavavam
a roda do carro com água sanitária, que passou tanta
água sanitária na casa que a família desenvolveu uma
pneumonia química, uma pessoa com TOC de limpeza
no meio de uma pandemia. Não adiantava você falar
“Mas por que passar água sanitária no pneu do carro,
se ele fica lá na garagem? Se você tira o sapato para en-
trar em casa?”, porque a pessoa tinha um pensamento
recorrente e ela não conseguia se libertar dele, de que
iria pegar coronavírus no pneu do carro.

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O Roberto Carlos tinha TOC. Se você ler a biografia do
Erasmos Carlos, ele conta que o Roberto Carlos acre-
ditava que ia pegar AIDS sentado na mesa do bar.
A pessoa não acredita, ela sabe que é um absurdo aquilo,
mas ela não consegue deixar de pensar, por isso que é
angustiante. Eu sempre digo que, a pessoa com TOC,
é a doença psiquiátrica que você captura com mais
intensidade a angústia do paciente, você vê que ele
sabe que é um absurdo, ninguém pega AIDS no ônibus,
mas ele não consegue deixar de pensar. Então, é tam-
bém um questionamento se deveria ser um transtorno
de ansiedade, porque é tão diferente de tudo, mas ele
é também um transtorno.

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Conforme esses slides que vocês estão vendo aí, que
mostra uma fotografia do cérebro antes e depois de
um tratamento medicamentoso. Você vê que tem uma
setinha e que esta aponta para onde essa doença está
exatamente localizada, ou seja, está localizada nos nú-
cleos da base. Está certo? Isso mostra o seguinte: quando
se tomou o remédio os núcleos da base diminuíram
a atividade. Esse outro slide, por outro lado, você verá
que interessante, mostra uma pessoa antes e depois
de ter feito psicoterapia e olha para você ver lá: tam-
bém diminuiu a atividade! Esse é o primeiro estudo
que demonstrou que psicoterapia muda o cérebro.
Você fala “Claro que muda!”, eu sei que muda.

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Quando você aprendeu a dirigir, o fato de aprender a
dirigir mudou o seu cérebro. Mas essa foi a primeira
vez que se observou isso. Isso significa que se você
aprender a respirar, aprender a controlar melhor a
sua ansiedade, você vai modificar o seu cérebro em
termos bioquímicos e muitas vezes estrutural.

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A gente sabe, hoje, que a meditação modifica o cé-
rebro do ponto de vista anatômico, você tem áreas
do cérebro que ficam mais espessas. Isso é impres-
sionante, a sua vontade, as suas escolhas, são capazes
de moldar o cérebro. É o único órgão que o software,
a mente, seu pensamento, é capaz de mudar, se você
meditar o seu pensamento. A meditação é uma prá-
tica mental que modifica a matéria, isso é impres-
sionante. Então, nesse estudo foi a primeira vez que
isso foi demonstrado em pacientes com TOC.

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Você tem também, entre as doenças psiquiátricas
dos transtornos de ansiedade, o Transtorno de
Estresse Pós-traumático ou de Estresse Agudo. O que
é? O exemplo mais claro é quando a pessoa sofre um
assalto e desenvolve um trauma: ela não passa mais na
porta daquele banco em que sofreu o assalto, quer mu-
dar de casa. Então, se é agudo ou crônico depende do
tempo. É normal que depois que você passa por uma
situação traumática até trinta dias você tenha alguma
coisa, mas se aquilo for persistindo por mais tempo
deverá ser tratado.

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Nós sabemos hoje, por exemplo, que crian-
ças que viveram em ambientes muito hos-
tis, sofreram traumas de qualquer natureza,
essas crianças têm um nível de cortisol (que
é o hormônio do estresse) mais alto do que
as pessoas comuns, como aquelas crianças
da Síria que viveram em uma zona de guerra.
Podemos extrapolar, as crianças estão hoje
isoladas há 1 ano em casa, em plena pande-
mia, isso vai gerar um estresse. Ela se estres-
sou porque a criança está em uma época de
interação social, ela quer ver um colega, mas
ela fica na frente de uma tela. Isso gera em
todo mundo um certo trauma, claro que vai
ter isso, a pandemia gera traumas.

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Aliás, tem estudos de isolamento como esse, que foram
feitos em outros episódios de pandemia lá na Ásia, que
demonstraram que após a pandemia surgiram pessoas
com transtorno de estresse pós-traumático, como se
tivesse sido uma guerra. Então, a pessoa fica tensa, ela
tem sonhos, pensa nisso o tempo todo e fica preocu-
pada, fixada com aquilo que aconteceu, tendo que ser
tratada.

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O tratamento tem várias curiosidades, apenas por dizer
para vocês entenderem. Por exemplo, você pega uma
pessoa que acabou de passar por um trauma, tem um
mito popular que fala assim “Fulano, você tem que
falar do que passou”. Descobriram que isso é mentira,
que é pior. Se você estimular a pessoa falar é como
se o cérebro está lá cicatrizando as feridas, você fica
fala, fala, fala, abre a ferida. Tem um período que não,
você deixa o cérebro dar conta, se ele não der conta, se
aquilo cronificar, aí tem que fazer tratamento.

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Então, essa história de fazer uns cartazes, de falar no
dia seguinte, de todo mundo fica perguntando para
contar, isso é pior, é estudado isso, mas tem uma cren-
dice, quando eu digo crendice é porque você tem vá-
rias linhas de psicoterapia dentro da Psiquiatria ou da
Psicologia, está certo? Tem linhas que continuam insis-
tindo nisso, mesmo que os estudos tenham demons-
trado que essa história de falar do trauma, não deixar a
mente se curar inicialmente, é pior para o longo prazo.

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A pergunta é: se eu corto a minha pele e ela cicatriza,
porque eu tenho um trauma no meu cérebro e não
cicatriza? Em parte, ele não cicatriza porque nós não
deixamos, vamos dizer assim, é como se uma parte nossa
não quisesse reviver aquele trauma, então, a gente
racionaliza e ao racionalizar a ferida fica aberta. Quando
a pessoa estimula o outro a falar, acaba estimulando
essa ferida a ficar aberta, e o instinto de cura que é o
mesmo que fecha a sua pele quando você corta, não
tem como atuar.

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Então, a mutação de estresse pós-traumático é esse
trauma que se terá certamente. Tem coisas que você
também pode fazer que tem uma alteração que nós
vamos assistir lá no final.

A mutação de estresse pós-traumático é também


um desequilíbrio no sistema nervoso autônomo,
que é o sistema nervoso que funciona sozinho,
é como se a pessoa ficasse hiperativada na parte
do sistema nervoso simpático que tenciona,
o parassimpático relaxa, então, a pessoa fica tensa.

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Mas você tem dentro do trauma, uma coisa é essa,
você tem um outro tipo de trauma que é mais grave,
que é quando a pessoa tem um colapso, que a pessoa
que fica em estado de choque. Porque você sabe que
nesse sistema nervoso autônomo, que é lutar ou correr,
ou você luta ou corre com o perigo, a minha pergunta
a você é a seguinte: quando você está diante de um
perigo que você não pode nem lutar nem correr dele,
o que que acontece? Se aciona uma coisa rara que é
estresse parassimpático, você colapsa, a pessoa fica em
choque, e o tratamento é muito diferente desse outro
estresse.

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Então, às vezes tem que ter uma abordagem que o
especialista tem que ver, pois pode acontecer de ter
um risco depois de 30 dias, que você pode ter algu-
mas abordagens onde ao invés de relaxar, se estimula
a pessoa a colocar aquilo para fora, você tem que ativar
o simpático dela para equilibrar. É como se uma parte
nossa, vou fazer uma analogia com a natureza, está bom?
Quando a leoa parte para cima de um antílope e este
percebe que ele não tem saída, ele tem um estresse
parassimpático, e aí ele se solta e deixa morrer, não
sente dor.

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Mas está bom, vamos supor que a leoa não o conse-
guiu, desviou e largou lá, o antílope tem que se levan-
tar, sacudir e voltar à vida, e aí ele aciona o simpático
dele e dá uma corrida, porque ele equilibra. Mas como
a gente é um ser mais racional e, muitas vezes, para
ativar isso aqui você tem que provocar o sistema para
ele se reequilibrar. Então, nem toda abordagem tera-
pêutica de trauma é, necessariamente, uma aborda-
gem de relaxamento, pode ser “Vai lá dar uns murros
na almofada”, que aí o seu eu interno diz assim “Ago-
ra tenho coragem de enfrentar aquele medo que não
tive como enfrentar, porque não tive nem como lutar e
nem como correr, e eu colapsei”. Agora você vai trazê-lo
de volta, aí o sistema simpático se equilibra e a pessoa
fica harmônica de novo, porque você conseguiu trazer
de dentro de você essa força que acabou tendo que se
calar de tão grande que foi o trauma.

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As pessoas sempre per-
guntam para mim assim:
“Mas, afinal, as coisas na
psiquiatria são genéticas
ou são do ambiente?” Eu
sempre gosto que se ima-
gine um quadro, vamos
dizer, tem doenças que
são altamente genéticas,
como uma esquizofrenia,
por exemplo. Se você pe-
gar dois gêmeos idênticos,
se um tiver esquizofrenia,
o outro também vai ter.
Mas as pessoas que es-
tamos falando aqui hoje,
elas não são, elas ficam no
meio. Então, quando eu
digo que, vamos pegar o
exemplo da esquizofrenia
que tem alta carga gené-
tica, significa o seguinte:
basta um pequeno estres-
se no ambiente para que
a pessoa tenha um surto.
Geralmente é na
adolescência.

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Você deve ter tido um amigo, geralmente um homem,
que estudou muito para o vestibular e não passou, ou a
namorada terminou com ele, aí ele tem aquele estres-
se e tem um surto. Tem doenças que o potencial gené-
tico é muito baixo, que para a gente desenvolver, por
exemplo, a pessoa tem um potencial tão baixo, como
em um quadro de depressão, que só vai ter depressão
se passar por uma situação muito, muito, mas muito
difícil. Mas, a maioria de nós está aqui no meio, temos
um equilíbrio dessas coisas, que é a epigenético, que
é se o ambiente desperta ou não o nosso gene a par-
tir de uma série de fatores, que nós vamos falar aqui
no curso, desde como você se cuida, se você dorme
bem, se você se alimenta bem, isso tudo são fatores
de proteção que você tem para melhorar a sua capa-
cidade de lidar com estresse da vida.

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Então, se a pessoa pergunta assim: “A ansiedade tem
uma parte genética?” Tem! Mas aqui no meio, não
é um determinismo, está certo? Mas, as pessoas que
desenvolvem transtorno de ansiedade têm uma carac-
terística (você lembra desse nosso cérebro que nós já
mostramos) que é o seguinte: o córtex pré-frontal, que
é a nossa racionalidade quando a gente olha o mundo
e pensa sobre ele, vamos supor que ele tem uma
ligação com as partes mais primitivas do cérebro, em
especial com a nossa amígdala (a amígdala que não é
essa da garganta), que é uma estrutura que é acionada
como quando você toma um susto, chama-se seques-
tro da amígdala, quando a pessoa toma um explosão
de raiva, por exemplo.

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Então, a pessoa que tem ansiedade
com mais facilidade é como se esse
circuito, é como se o córtex pré-
-frontal não tivesse uma capacida-
de de frear a amígdala com a mes-
ma facilidade que outras pessoas.
A analogia que eu faço é a seguinte:
imagina um copo de água, está cer-
to, e que a sua ansiedade vai chegar
em um ponto que vai te incomodar,
ou pânico vai chegar em um pon-
to que vai disparar. Na pessoa com
ansiedade o copo enche mais rápi-
do, a pessoa tem uma tendência a
ter mais facilmente, no outro enche
mais devagar. Mas nada impede
que você, eu ou qualquer um, de-
senvolvamos uma capacidade de
perceber o nível de ansiedade que
eu estou e fazer uma intervenção
para não deixar o copo derramar.

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Faz isso como? VocÊ pode fazer desde melhorando
o seu estado de saÚde integralmente, aprendendo a
respirar, melhorando o seu sono. Isso tudo são coi-
sas, são abordagens, intervençÕes que vocÊ pode
fazer para melhorar a sua resiliÊncia.

O tratamento que a gente pode esclarecer, temos que


ter uma visão integral do ser humano, então, claro que
vamos ter um tratamento relacionado ao corpo, ao
orgânico e relacionado a mente, que é o psíquico.

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Perfeito. Então, no nosso corpo vamos falar, por exem-
plo, dos remédios, muitos devem ter essa curiosidade.
O principal tratamento de ansiedade são os inibido-
res de recaptação de serotonina, que são os remédios
como Fluoxetina, Sertralina, paroxetina, Citalopram
e Escitalopram, são todos os primos, a Fluoxetina foi o
primeiro que surgiu. Eu sou de uma geração, quando
eu me formei em psiquiatria há 25 anos, foi quando
surgiu a Fluoxetina e foi uma revolução, porque os
remédios anteriores tinham tantos efeitos colaterais
que para a pessoa tomar, realmente, ela tinha que
estar muito mal, eram os medicamentos tricíclicos.

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O que esse remédio faz? Não é que você tem uma
serotonina baixa e que na verdade gera ansiedade,
é que ao aumentar sua serotonina você lida melhor
com a sua ansiedade, essa que é a questão, entende?
Lembrando de que um neurônio, que a célula mais
importante do cérebro, se comunica com um outro
neurônio através de um espaço chamado sinapse.
Então, esse neurônio secreto, a serotonina, a dopamina,
a noradrenalina, acetilcolina, e o neurônio de captura,
a informação vai para ele, e aí esta substância, esse
neurotransmissor, ele volta e é recaptado por aquele
neurônio que secretou, perfeito? Então, ele secreta,
ativa aqui, volta e a recaptado.

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O que os remédios fazem? Eles são inibidores da
recaptação. Então, eles impedem que essa substân-
cia seja recapturada de maneira que aumenta aqui,
entre um neurônio e outro, a quantidade de serotonina,
e ela vai estimular então, continuar estimulando o ou-
tro neurônio que a gente chama de pós-sináptico. Está
certo? É assim que funciona. É assim que os remédios
funcionam. Tem alguns remédios que são também
usados, são inibidores de serotonina e noradrenalina, a
Venlafaxina e Duloxetina são medicamentos desta cate-
goria que inibe os dois e, às vezes, são usados também.
E é claro, outros medicamentos que são usados são os
benzodiazepínicos.

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Geralmente, quando a pessoa chega para tratar, ela
pensa “Por que me deu dois remédios?”, porque o anti-
depressivo, que também trata a ansiedade na recapta-
ção de serotonina, demora 15 e 20 dias para fazer efeito,
então, para você não continuar sofrendo, a gente dá
um medicamento que você usaria por um período e
depois tiraria, esse seria o caminho ideal. Ou você tem
aquele remédio na bolsa e se você tiver uma crise de
pânico no meio do shopping, você colocaria esse medi-
camento embaixo da língua, a crise passaria mais rápido
e você não teria que ir para o pronto-socorro ou ocupar
o lugar no hospital, sendo que poderia resolver isso se
tivesse o remédio na mão. Esse seria o tratamento.

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Mas lembrem-se, tem vários transtornos de ansiedade:
TAG, Transtorno do Pânico, Fobia Social, Fobia Especí-
fica, TOC. Claro, o TOC é uma doença grave, é uma do-
ença de tratamento para vida, eu costumo dizer que
isso é uma coisa à parte. Mas, uma fobia específica,
uma fobia social, você vai ter que reaprender a viver,
pois o medicamento pode diminuir a sua ansiedade,
mas se você, entre aspas, não enfrentar as suas fo-
bias, você não vai resolvê-las e quando tirar o remé-
dio você voltará a sofrer. Você vai dizer assim: “Mas aí,
doutor Frederico, como é que faz em público?” Você
pode usar um medicamento, se a pessoa vai falar em
público ela tem menos taquicardia, tem menos sofri-
mento, ela vai perdendo o medo mais rápido.

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Agora vamos pegar o pânico e a ansiedade generali-
zada. Na verdade, a ansiedade generalizada, que é a
grande questão, é essa em que a pessoa tem a sensa-
ção de que ela usa o remédio fica bem, na hora que ela
tira piora, porque ela não está aprendendo a lidar com
as questões da vida. E quando eu digo aprendendo, é
o que? A gente tem que atentar para os nossos pen-
samentos, ou seja, como eu penso a realidade. Toda
vez que me deparo com uma questão, o que passa na
minha cabeça? Eu penso que o pior pode acontecer?
Penso em alternativas? Porque senão, esse pensar
sempre no pior do pior, se eu fizer isso, eu também
ficarei ansioso. Ou seja, todos nós temos uma estraté-
gia mental para sentir o que a gente sente, e o ansioso
tem isso também, tem uma estratégia que geralmen-
te é isso: ele tem pensamentos catastróficos, ele pensa
sempre que ou o avião vai cair ou não tem saída. Se você
começar a fazer isso, qualquer um de nós, vai também
ficar adoecido, é uma estratégia.

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Então, o que a pessoa tem que fa-
zer? Eu costumo dizer que ela tem
que ir da fisiologia à cognição. Vo-
cês vão entender agora, da fisiolo-
gia ao pensamento.

Primeiro, a fisiologia é o nosso corpo.


Por exemplo, se aprender a respirar
de uma maneira rítmica e suave, já
falamos disso, então você consegue
se tranquilizar naquele momento,
e aí você tem cabeça para analisar
o que está passando dentro da sua
mente, quais são os pensamentos
que estão lá, que tipo de crença está
dominando você para encarar a rea-
lidade, que muitas vezes só vê o lado
ruim, mesmo que seja numa crise.

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Até em uma crise nós temos que enxergar depois
dela, porque se você enxergar um tempo depois,
aquilo ameniza o seu sofrimento, de modo a colocar
sua atenção sempre naquilo que você tem controle.
Essa é uma maneira simples que você pode “O que eu
controlo mesmo? Á, eu controlo isso. Então deixa eu me
acalmar”, respirou, beleza, “Agora está bom, eu contro-
lo isso. Deixa-me colocar minha atenção nessa parte e
não na preocupação”, porque a preocupação você só vai
adoecer de ficar ruminando. Só o ser humano rumina.

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A ruminação, infelizmente, é um efeito colateral de um
cérebro altamente sofisticado, que tem córtex pré-
-frontal. Nenhum bicho tem testa, você já viu, só o ser
humano tem testa. Essa testa nos deu várias van-
tagens: somos capazes de antecipar o futuro, de
antecipar as estações, mas por outro lado, a gente
fica antecipando problemas que não existem.

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O professor Robert Sapolsky, da Universidade de Stan-
ford, tem um livro chamado “Por que as zebras não têm
úlceras?”. Como pode uma zebra pastar do lado da leoa
que vai comê-la e não ter úlcera? Porque a zebra faz o
seguinte: se a leoa correu ela corre também, se a leoa
parou, ela para também. Agora se fosse um ser humano
ia ficar pastando e falando assim: “A leoa vai me pegar”.
Vai te pegar sim, claro, uma hora ela te pega. “Ela vai me
pegar”, e você vai nesse “vai me pegar, vai me pegar” e
termina por adoecer, ter uma úlcera, e vai ficar mais
fácil da leoa te pegar. Por quê? Porque a gente rumina.

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Então, a ruminação é esse
pensamento, o que você
tem ruminado, que está
gerando ansiedade em
você? Ter consciência dis-
so faz com que você possa
interromper, distrair a sua
mente, porque a gente não
impede um pensamento
de se manifestar, a gente
distrai a nossa mente, não
é isso? Temos que jogar
a atenção da mente para
outro lugar. Não adianta
falar para você assim: “Não
pense na cor azul, não
pense no vermelho”, você
já pensou. Então, não é
“Não vou ficar ansioso”,
já ficou, não é isso, você
pensa em outra coisa que
distraia a sua mente.

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Lembro de quando eu era médico em um posto de saú-
de e um dia entrou uma mãe com um filho, a consulta
era dela, com um menininho de uns 3 anos, venho pegar
uma receita. Eu nem de branco usava, porque psiquia-
tra geralmente é raro usar jaleco, na minha época então
era uma geração que não usava. A mulher virou assim e
falou para o filhinho: “Pode ficar tranquilo que o doutor
não vai te dar injeção”. O que você acha que aconteceu?
A criança começou a chorar sem eu ter feito nada, eu
não era nem o médico dele, mas ela lembrou que tinha
injeção, a criança não estava pensando nisso. Então, essa
é uma estratégia que você pode fazer, não é não ficar
ansioso, é ficar tranquilo, é você pensar coisas tranqui-
las, se imaginar em ambientes tranquilos, entendeu?

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É o positivo, é onde você põe a sua atenção, aí sim você
consegue controlar melhor o seu nível de ansiedade,
independente do que você tiver, qualquer um desses
transtornos. Quando você tiver um pânico, talvez antes
de você tomar aquele remédio que tem na mão para
tomar, pratique uma respiração ou começa a treinar a
respiração um pouquinho, porque você vai conseguir
controlar, isso eu já vi centenas de vezes de pacientes
que aprenderam a controlar. Mesmo depois que ele
para de tomar os medicamentos, porque o pânico,
diferente dos outros transtornos, é um transtorno bem
biológico, a pessoa toma um remédio por um tempo e
pode suspender, nunca mais vai ter na vida. Mas esse
que conseguiu desenvolver alguma habilidade como
essa que estou descrevendo, ele tem uma segurança
para sempre, porque se vier ele lida. Está certo?

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Eu tenho enxaqueca desde a infância, um dia podemos
falar sobre isso, dos suplementos que me ajudaram.
ntes de eu descobrir como controlar a minha enxaque-
ca, me lembro que certa vez eu ia dar uma aula e come-
cei a ter enxaqueca antes da aula. Era uma enxaqueca
fulminante, se eu tivesse ela acabava o meu dia, não
tinha nem como trabalhar. Eu sei disso que você tem
um tipo de relaxamento chamado treinamento auto-
gênico, que você pratica e melhora a enxaqueca, se-
gundo relatos você conseguia interromper e, naquele
momento, eu já fazia alguns desses relaxamentos, mas
não com frequência. Eu não tinha escolha, você enten-
deu? Ou eu corria o risco de subir no palco, e eu ficava
meio cego pois tinha uns escotomas.

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Eu fiz um treinamento autógeno nos 10 minutos antes
da minha palestra, que eu ia ser chamado em seguida,
e a minha enxaqueca sumiu completamente.
A partir daquele dia nunca mais temi dela chegar e
aparecer, porque eu descobri um jeito de controlá-la.
Aliás, vocês vão ter aqui no curso de presente um rela-
xamento para vocês usarem. Vocês vão ter de presente
para que vocês possam fazer um download, e aí vocês
vão usar, vai estar presente no material para vocês bus-
carem, ficarem e ter um jeito de ensinar o seu cére-
bro a ter um estado, um lugar, onde ele aprende a ficar
relaxado, porque ele esqueceu disso.

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A gente tem uma atenção tão crônica e por
tanto tempo, que é como se o cérebro tivesse
desaprendido como é ficar relaxado. Nós te-
mos que reensiná-lo, mostrar para ele “É as-
sim ó”, “Ah, entendi”. Então, a importância
de fazer relaxamentos, e isso não custa
nada, é só tirar para fazer, aplicar, treinar.
Façam isso.

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Até agora falamos um pouquinho sobre os remédios,
falamos da psicoterapia, a mais estudada é a psicote-
rapia cognitivo-comportamental, que tem a ver com
quais são as estratégias mentais que a pessoa tem para
gerar ansiedade. Falamos também da importância da
atividade física, yoga e da respiração. Além da nutri-
ção, suplementos, da saúde em geral, integral, assun-
tos que estão sendo ensinados no Curso Vida & Saúde
Victor Sorrentino, com certeza com tudo isso você vai
ter um maior controle sobre o seu nível de ansiedade
e deixar ela no nível ideal, para que seja benéfica para
você e não patológica.

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Autor e produtor do projeto:
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Co autora e produtora:
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Co autor e produtor de conteúdo:


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