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ASMA

CONCEITO Em 2012, um estudo com 109.104 adolescentes confirmou taxas de prevalência


de sintomas de asma de 23% e de diagnóstico prévio de asma de 12%.
Asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiperresponsividade
das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível Em 2013, ocorrem 129.728 internações e 2.047 mortes por asma no Brasil. As
espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por hospitalizações e a mortalidade estão diminuindo estão diminuindo na maioria
episódios recorrentes de Sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, das regiões, em paralelo a um maior acesso aos tratamentos. De 2008 a 2013, o
particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Resulta de uma interação número de óbitos e hospitalizações por asma diminuiu 10% e 36%,
entre genética, exposição ambiental e outros fatores específicos que levam ao respectivamente. No entanto, a taxa de mortalidade hospitalar aumentou
desenvolvimento e manutenção dos sintomas. aproximadamente 25%. Conforme dados de 2008 do DATASUS, a asma foi a 3ª
causa de internação hospitalar pelo SUS, com cerca de 300 mil hospitalizações
Os fenótipos mais comuns da asma são: naquele ano. Em 2018, o número de internações por asma no país foi de
® Asma alérgica: geralmente começa na infância e está associada a uma aproximadamente 87 mil.
história passada e/ou familiar de doença alérgica – como eczema, rinite O custo de asma não controlada é muito elevada para o sistema de saúde e para
alérgica ou alergia a alimentos ou medicamentos- com inflamação as famílias. Em casos de asma grave, estima-se que essa comprometa mais de um
eosinófilica das VA; quarto da renda familiar entre usuários do Sistema único de Saúde (SUS), mas
® Asma não alérgica: ocorre em alguns adultos e o perfil celular pode ser esse custo pode ser reduzido com o controle da doença. Porém, um estudo
neutrofílico, eosinófilo ou conter apenas algumas células inflamatórias nacional encontrou apenas 12,3% dos asmáticos com asma bem controlada e
(paucigranulocíticas); apenas 32% aderem ao tratamento. Portadores de asma grave não controlada
® Asma com limitação do fluxo aéreo: alguns pacientes com asma há muito procuram 15 x mais unidades de emergência médica e são hospitalizados 20
tempo desenvolvem limitação fixa de ar devido à remodelamento da vezes mais que os asmáticos moderados.
parede das vias aéreas;
® Asma com obesidade: alguns pacientes obesos com asma apresentam Embora ainda não exista um plano de ação nacional para o controle da asma,
sintomas respiratórios proeminentes e pouca inflamação eosinófilica das nem prioridade na capacitação das equipes de saúde da família para asma, várias
vias aéreas; intervenções municipais no nível ambulatorial, seja na atenção primária ou
secundária, têm se mostrado eficazes no controle de sintomas, reduzindo as
EPIDEMIOLOGIA exacerbações e hospitalizações. Não há dados recentes sobre atendimentos de
emergências no DATASUS.
A prevalência de sintomas de asma entre adolescentes no Brasil, foi de 20%. E a
Asma é responsável por até 30% das limitações de atividades em crianças. FATORES DE RISCO E ETIOLOGIA

Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, 23% dos adultos entre 18 Os fatores de risco podem ser divididos em fatores externos (ambientais e
a 45 anos tiveram sintomas de asma no último ano. No entanto, apenas 12% ocupacionais) e individuais (genéticos e psicossociais). Os fatores individuais ou
tinha o diagnóstico prévio de asma. predisponentes são os causadores do desenvolvimento da doença e são
essencialmente a predisposição genética para asma (heterogeneidade, histórico
familiar de alergias respiratórias –asma ou rinite, hiper-reatividade das vias aéreas são mais estreitas (aumenta o risco de broncoespasmo após
aéreas), obesidade e sexo masculino (principalmente durante a infância). Os infecções virais) e têm maior tônus da musculatura brônquica. Portanto,
fatores ambientais ou causais sãos os que desencadeiam os sintomas da doença e em crianças do sexo masculino a hiper-reatividade das vias aéreas é mais
estão relacionados com o meio ambiente. comum e mais graves. Durante a adolescência e início da idade adulta a
prevalência de asma começa a aumentar nas mulheres.
Dentro dos fatores ambientais estão os alérgenos de interior (ácaros do pó
doméstico, pelos de animais domésticos, fungos e fezes de baratas), os alérgenos FATORES AMBIENTAIS
de exterior (pólens, fungos), infecções respiratórias, os sensibilizantes
® Infecções virais: durante a infância são frequentes as infecções virais do
ocupacionais, os medicamentos como agentes B-bloqueadores ou ácido acetil
aparelho respiratório: as bronquiolites, provocada pelo Vírus Respiratório
salicílico, exercícios físicos vigorosos e estresse emocional. Em crianças, no início
Sincicial (VRS), o rinovírus e adenovírus, podem induzir o aparecimento
da doença, os fatores desencadeantes mais importantes são os virais. Após os 5
da início da hiperatividade brônquica (HRB). Um estudo recente relaciona
anos, os alérgenos adquirem papel mais importante.
a Chlamydia Pneumoniae e o Mycoplasma Pneumoniae ao
Estes dois grupos interagem de modo a produzir tanto a suscetibilidade como a desencadeamento de sintomas em crianças asmáticas.
expressão da doença, e podem ser influenciados por fatores contributivos como a ® Alérgenos de interior: próprios das habitações são os mais comuns a que
poluição atmosférica, mudanças climáticas, o fumo do tabaco (ativo ou passivo), a os seres humanos estão expostos, e pode-se incluir, os ácaros, os animais
dieta e ainda as condições socioeconômicas. domésticos, baratas e os fungos de interior. A relação entre a exposição
ao alérgenos e a sensibilização depende do próprio alérgeno, da
FATORES INDIVIDUAIS
quantidade e tempo de exposição, da idade e da genética.
® Fatores genéticos: existem marcadores genéticos nos cromossomos 5, 11 ® Alérgenos do exterior: estão incluídos os pólens e fungos. O transporte
e 14 que estão relacionados com manifestações de atopia e asma. Esses dos grãos de pólens é feito de duas formas, pelos insetos ou pelo vento.
cromossomos são responsáveis pela maior tendência para produzir níveis O transporte pelo vento é que é responsável pelo aparecimento dos
elevados de IgE total e a hiper-reatividade brônquica, além disso, elevam sintomas.
a afinidade para receptores IgE. Fatores genéticos maternos podem estar ® Sensibilizantes ocupacionais: a asma ocupacional é causada por
envolvidos, causando uma exposição fetal a alérgenos ou a mediadores exposição a agentes presentes no ambiente de trabalho, sendo específico
liberados pela mãe asmática, que poderiam contribuir para o da idade adulta. Alguns das substancias relacionadas com a asma são:
estabelecimento de fenômenos inflamatórios já na vida intrauterina. isocianatos, irritantes que podem causas alteração e hiper-reatividade
® Obesidade: a obesidade provoca efeitos mecânicos no pulmão, alterando das vias aéreas, como os sais de platina e produtos biológicos de origem
o volume pulmonar, a capacidade e o diâmetro periférico respiratório e animal ou vegetal que podem estimular a produção de IgE. As profissões
influenciando o volume sanguíneo circulante, levando à diminuição dos mais responsáveis por asma ocupacional são: pintores de automóveis,
movimentos da musculatura lisa do aparelho respiratório, provocando cabeleireiras, trabalhadores de lavanderia, profissionais de saúde,
mais facilmente uma obstrução das vaias aéreas. padeiros e trabalhadores rurais.
® Sexo masculino: crianças do sexo masculino têm risco duas vezes maior ® Medicamentos: existem medicamentos associados ao desencadeamento
em comparação às meninas. Os meninos apresentam constituição física de crises asmáticas como a aspirina e os AINES. Os beta-bloqueantes
pulmonar desprivilegiada em relação às meninas, no que diz respeito às podem provocar broncoconstrição nos doentes asmáticos por bloqueio
manifestações clínicas da asma: apresentam menor fluxo aéreo, suas vias dos receptores B das catecolaminas endógenas.
® Exercícios físicos: desencadeia crises de asma, muitas vezes manifestada ® Nível socioeconômico, dificultando o acesso à medicação e serviços de
apenas por tosse seca e baixa tolerância ao esforço, principalmente em saúde.
crianças e adolescentes. Nesses casos, os mastócitos são ativados
FISIOPATOLOGIA
diretamente pelo resfriamento e aumento da osmolaridade na via aérea,
secundários à hiperventilação do esforço físico. Estas alterações também A Asma é uma síndrome complexa caracterizada por obstrução variável das vias
podem acontecer eventualmente durante o riso. aéreas por hiper-reatividade brônquica, edema e inflamação das vias aéreas. A
FATORES CONTRIBUTIVOS fisiopatologia da asma tem dois aspectos importantes: a inflamação e a
remodelação.
® Tabaco: pode produzir alterações pulmonares em que a mais comum é a
bronquite crônica. Nos asmáticos, diminui a função pulmonar e aumenta A inflamação das vias aéreas constitui o mais importante fator fisiopatogênico da
a gravidade da asma, diminuindo a resposta ao tratamento. O tabagismo asma. Em que, o estreitamento brônquico intermitente e reversível é causado
induz um padrão de inflamação não eosinofílica com resistência relativa pela contração do músculo liso brônquico, pelo edema da mucosa e pela
aos corticosteroides. H á evidencia de que o tabagismo é um fator de hipersecreção mucosa. A hiperresponsividade brônquica é a resposta
risco para asma quase fatal e fatal. A exposição precoce ao fumo do broncoconstritora exagerada ao estímulo que seria inócuo em pessoas normais. O
tabaco (pré-natal e após nascimento) está associada ao aparecimento mecanismo envolvido inclui estimulação do músculo liso das vias aéreas, e
precoce de asma na infância. O hábito de fumar pela gestante pode liberação de mediadores dos mastócitos e outras células envolvidas na
determinar diminuição da função pulmonar no 1º ano de vida. De acordo inflamação. O remodelamento brônquico é um processo no qual existe um ciclo
estudos, os filhos de mães fumadores têm risco 4x superior de contínuo de agressão e reparo que pode levar a alterações estruturais
desenvolverem doenças respiratórias sibilantes, no primeiro ano de vida. irreversíveis.
A partir 6º ano de vida, mães fumantes é fator de risco para o aumento Os estímulos responsáveis pela asma ativam, nas vias aéreas, o aparecimento de
das infecções das vias aéreas inferiores na infância e fator desencadeante mediadores provenientes dos mastócitos, e outra células. Microscopicamente, o
de exacerbações nas crianças maiores com asma. processo inflamatório da asma caracteriza-se pela infiltração eosinofílica,
® Poluição atmosférica: está mais relacionado ao agravamento da doença, sensibilização de mastócitos, lesão intersticial das paredes das vias aéreas e
principalmente em indivíduos portadores de asma grave. ativação de linfócitos Th2, que produzem citocinas (Il-4, Il-5, Il-13), responsáveis
® Dieta: a diminuição de ingestão de antioxidantes e ao aumento de pelo início e a manutenção do processo inflamatório no tecido brônquico. A
ingestão de "fast-food” com alto teor de ácidos gordos polinsaturados mucosa brônquica inflamada diminui o diâmetro das vias aéreas e também
tem contribuído para o aumento de asma e de doenças alérgicas. Além aumenta a produção de muco.
disso, aleitamento materno é importante para a imunidade do RN como
fator protetor do aparecimento de asma. Como ocorre a hiperresponsividade brônquica?
® Exposição ao ar frio: ar muito frio e seco pode desencadear sintomas de A Il-4 tem papel importante no aumento tanto da produção de IgE específica
asma por irritar os brônquios do asmático. Contudo, esse ar tem que ser como a expressão de receptores de alta e baixa afinidade à IgE por muitas células
muito frio, como o que ocorre nos invernos. inflamatórias. O IgE, como se sabe, é a principal imunoglobulina que atua na
No brasil, dois fatores adicionais são importantes: resposta alérgica, ele age sensibilizando os mastócitos nos tecidos, e em
circulação ligam-se a basófilos provocando uma resposta imediata de
® Baixa adesão ao tratamento; hipersensibilidade. Dessa forma, vários mediadores inflamatórios são liberados
pelos mastócitos brônquicos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas), explicar a pobre correlação entre os sintomas de asma e o grau de obstrução das
pelos macrófagos (TNF-a, Il-6, ON), pelos linfócitos T (Il-2, Il-3, Il-4, Il-5, GM-CSF), VA observado em alguns pacientes que subestimam a gravidade de sua doença.
pelos eosinófilos (MBP, ECP, EPO, mediadores lipídicos e citocinas), pelos
Em alguns situações, nem todos os sintomas da doença estão presentes:
neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais (endotelina-1, mediadores lipídicos,
ON). Através de seus mediadores as células causam lesões e alterações na ® Tosse variante de asma: os pacientes apresentam tosse crônica como
integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico (substância P, sintoma principal ou exclusivo caracterizando a hiper-reatividade das vias
neurocinina A) e no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, aéreas demonstrada pelo teste de broncoprovocação. Geralmente esse
hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar e aumento da quadro é pior à noite.
reatividade do músculo liso da via aérea. ® Broncoconstrição induzida pelo exercício (BIE): o diagnóstico é feito por
meio da história clínica e do teste de função pulmonar. Ocorre mais
Em relação ao remodelamento, ocorre da seguinte forma:
frequentemente quando o paciente inala o ar frio e seco. A obstrução da
Esses mediadores podem ainda atingir o epitélio ciliado, causando danos e via aérea costuma iniciar logo após o exercício, atingindo seu pico entre 5
ruptura. Como consequência, células epiteliais e miofibroblastos, presentes e 10 minutos, após o que há remissão espontânea do broncoespasmo,
abaixo do epitélio, proliferam e iniciam o depósito intersticial de colágeno na com melhora total da função pulmonar em torno de 30 a 60 minutos. Os
membrana basal, o que explica o espessamento da membrana e as lesões pacientes em crise de asma precipitada pelo exercício apresentam os
irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. Outras mesmos sintomas observados em crise desencadeadas por outros
alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, elevação no estímulos.
número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e alterações ® Rinite alérgica e dermatite atópica: são condições bastante associadas à
no depósito/degradação dos componentes da ME, são constituintes do asma alérgica e devem ser questionadas na anamnese de todos os
remodelamento que interfere na arquitetura da via aérea, levando a pacientes asmáticos.
irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes.
Os achadas mais comuns no exame físico:
QUADRO CLÍNICO
® Sibilância, a qual confirma a presença de obstrução brônquica.
Os pacientes com asma apresentam tipicamente episódios recorrentes de: ® Na crise asmática pode ocorrer também Taquipneia (>25 ipm), com
tempo expiratório prolongado em relação ao tempo inspiratório,
® Dispneia; caracterizando a dispneia por obstrução de vias aéreas);
® Sibilância;
® Tosse e aperto no peito; Em crise aguda de asma grave, devido à importante obstrução das vias aéreas, o
exame físico pode aparecer como:
Esses sintomas são desencadeados por exposição a alérgenos e irritantes não
específicos. Os sintomas são variáveis, ocorrem no período noturno ou nas ® Murmúrio vesicular diminuído e Sibilância ausente;
primeiras horas da manhã, e respondem bem ao tratamento adequado. Essa ® Cianose: sinal de hipoxemia, e é do tipo cianose centra (lábios, lobo da
sintomatologia é decorrente da obstrução das vias aéreas. As vias aéreas de orelha);
grande calibre tendem a aumentar a sua resistência rapidamente quando ® Tiragem intercostal;
estimuladas, mas seu efeito pode ser revertido com rapidez, enquanto a reação ® Taquipneia;
das vias aéreas de pequeno calibre tende a ser mais lenta e persistente . Isso pode ® Taquicardia;
® Confusão mental; DIAGNÓSTICO
® Dificuldade para falar e permanecer em decúbito dorsal, mantendo-se em
posição ortostática ou posição tripé (posição sentada com os braços O diagnóstico da asma é baseado na anamnese, exame físico e, sempre que
estendidos suportando o tórax, a fim de melhorar a mecânica da possível, em provas de função pulmonar e na avaliação da alergia.
musculatura acessória); DIAGNÓSTICO CLÍNICO
® Pulso paradoxal (redução exagerada na pressão sistólica durante a
inspiração); São indicativos de asma:

Nos períodos intercrises, o exame físico de um paciente com asma pode ser ® Um ou mais dos sintomas: dispneia, tosse crônica, Sibilância, aperto no
normal. peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras
horas da manhã;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ® Sintomas episódico;
® Melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para asma
Várias doenças podem confundir o diagnóstico de asma e algumas situações são
(broncodilatadores, antiinflamatórios esteróides);
específicas para determinadas faixas etárias, principalmente para crianças
® Três ou mais episódicos de Sibilância no último ano;
menores de cinco anos e idosos. As dificuldades são maiores nos asmáticos com
® Variabilidade sazonal dos sintomas e história familiar positiva para asma
obstrução fixa ao fluxo aéreo e nos fumantes. A determinação funcional de
ou atopia;
significativa variabilidade do fluxo aéreo reduz muito as dúvidas diagnósticas.
® Diagnósticos alternativos excluídos;

50% a 80% das crianças asmáticas desenvolvem sintomas antes do 5º ano de vida.
As seguintes perguntas devem ser formuladas aos pacientes (ou pais) para se
estabelecer o diagnóstico clínico de asma:

® Tem ou teve episódios recorrentes de falta de ar (dispneia)?


® Tem ou teve crises ou episódicos de chiado no peito (Sibilância)?
® Tem tosse persistente, particularmente à noite ou ao acordar?
® Acorda por tosse ou falta de ar?
® Tem tosse, Sibilância ou aperto no peito após atividade física?
® Apresenta tosse, Sibilância ou aperto após exposição a alérgenos ou
irritantes?
® Usa alguma medicação quanto os sintomas ocorrem, e com que
frequência?
® Tem antecedentes familiares de doenças alérgicas ou asma?
® Tem ou teve sintomas de doenças alérgicas (rinite ou dermatite atópica)?

DIAGNÓSTICO FUNCIONAL
O diagnóstico de asma é fundamentado pela presença de sintomas ® Obstrução das vias aéreas caracterizada por redução do VEF1 para abaixo
característicos, sendo confirmado pela demonstração de limitação variável ao de 80% do previsto e da sua relação com a capacidade vital forçada para
fluxo de ar. A medida da função pulmonar fornece a avaliação da gravidade da abaixo de 75% em adultos e de 86% em crianças;
limitação ao fluxo aéreo, sua reversibilidade e variabilidade, além de confirmar o ® Obstrução ao fluxo aéreo, que desaparece ou melhora significativamente
diagnóstico de asma. após o uso de broncodilatador (200 mL e 12% de seu valor pré-
broncodilatador ou aumento do VEF1 de 7% em relação ao valor
® Reversibilidade: indica melhoras rápidas no volume expiratório forçado
previsto e de 200 mL em valor absoluto, após inalação de agente beta-2-
no primeiro segundo (VEF1) ou no pico de fluxo expiratório (PFE) após a
agonista de curta duração), ressaltando-se que a limitação ao fluxo aéreo
inalação de um agente beta-2-agonista de ação rápida ou a melhora
sem resposta ao broncodilatador em teste isolado não deve ser
gradual em dias ou semanas após a introdução de medicação
interpretada como obstrução irreversível das vias aéreas;
controladores efetiva;
® Aumentos no VEF1 superiores a 20% e excedendo a 250 ml de modo
® Variabilidade: indica melhora ou deterioração dos sintomas ou da função
espontâneo no decorrer do tempo ou após intervenção com medicação
pulmonar no decorrer do tempo. Pode ocorrer durante o dia, com o
controladora (ex.: prednisona 30 a 40 mg /dia VO, por 2 semanas);
passar dos dias ou semanas ou anualmente. A obtenção da história de
variabilidade é importante no diagnóstico de asma além de fazer parte Em algumas situações pode ser necessário a medida dos volumes e da resistência
dos critérios para o estabelecimento do controle de asma. da VA por pletismografia.

Espirometria Uma espirometria normal não exclui o diagnóstico de asma. Quando a história
clínica é característica, mas a espirometria é normal, o paciente deve ser
Tem três finalidades:
considerado como tendo asma e, quando necessário, deve ser tratado.
1. Estabelecer o diagnóstico;
Pacientes com sintomas intermitentes ou asma controlada geralmente tem
2. Documentar a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo;
espirometria norma. Nesses casos, deve-se repetir o exame com broncodilatador,
3. Monitorar o curso da doença e as modificações decorrentes do
podendo demonstrar uma resposta significativa, devendo ser incorporada à
tratamento;
rotina do exame na investigação da asma.
A espirometria fornece duas medidas importantes para o diagnóstico de limitação
Em casos de dúvida:
ao fluxo de ar das vias aéreas: VEF1 e CVF (capacidade vital forçada expiratória). O
diagnóstico de limitação ao fluxo aéreo é estabelecido pela redução da relação ® Observação da variabilidade do PFE;
VEF1/CVF, e a intensidade dessa redução é determinada pela redução percentual ® Repetição da espirometria no período sintomático ou;
do VEF1 em relação ao seu previsto. ® Um teste de broncoprovocação;
O diagnóstico de asma é confirmado não apenas pela detecção da limitação ao Ajudam a confirmar ou afastar a suspeita de asma.
fluxo aéreo, mas principalmente pela demonstração de significativa
reversibilidade, parcial ou completa, após a inalação de um broncodilatador de Em caso de dúvida na interpretação da espirometria (p. ex.: caso não seja
curta ação. comprovada a resposta ao broncodilatador), é desejável que o paciente seja
encaminhado para um centro de referência no qual venha a ser avaliação de
São indicativos de asma: forma mais completa, se possível, incluindo medidas de volumes e de resistência
das vias aéreas por pletismografia.
induzem asma. Poluentes ambientais ou ocupacionais são desencadeantes e/ou
agravantes de asma.
Pico de fluxo expiratório (PFE)
A determinação de IgE sérica específica confirma e complementa os resultados
É importante para o diagnóstico, monitoração e controle da asma. Medidas
dos testes cutâneos.
matinais e vespertinas do PFE devem ser obtidas durantes 2 semanas. A diferença
entre os valores matinais e vespertinos é dividida pelo maior valor e expressa em Além disso, a hiperresponsividade pode ser testada pelo teste de
percentual. A variação diurna do PFE pode ser utilizada para se documentar a broncoprovocação por exercício. Um teste de broncoprovocação química com
obstrução do fluxo aéreo. São indicativos de asma: resultado negativo, em indivíduos sintomáticos, exclui o diagnóstico de asma
como causa desses sintomas.
® Aumento de pelo menor 15% no PFE após inalação de um
broncodilatador ou curso oral de corticosteroide; É importante ressaltar que a hiperresponsividade das vias aéreas não é exclusiva
® Variação diurna no PFE maior que 20% (diferença entre a maior e menor da asma, podendo ser positiva em outras doenças obstrutivas e rinite.
medida do período);
DIAGNÓSTICO EM CRIANÇAS <5 ANOS
® Teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina,
histamina, carbacol) com alta sensibilidade e alto valor preditivo negativo; Deve ser baseado principalmente em aspectos clínicos diante das dificuldades de
® Teste de broncoprovocação por exercício demonstrando queda do VEF1 se obter medidas objetivas que o confirmem.
acima de 10 a 15%.
Cerca de 50% das crianças apresentam pelo menor um episódio de Sibilância nos
VERFIFICAÇÃO DA HIPER-RESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS primeiros anos de vida, sendo que a maioria delas não desenvolverá asma. A
investigação e o tratamento da Sibilância e tosse recorrentes exigem uma
A asma pode estar presentes em pacientes com espirometria normal ou sem
avaliação cuidadosa dos sintomas, evolução, antecedentes pessoais, HF e dos
resposta broncodilatador importante. Nesses casos, o diagnóstico deve ser
achados físicos.
confirmado pela demonstração da hiperresponsividade das vias aéreas.
As manifestações clínicas mais sugestivas de asma são:
A hiperresponsividade por ser identificada através do diagnóstico de alergia
relacionados com a asma, que pode ser feito da seguinte forma: ® Episódios frequentes de Sibilância (mais de uma vez por mês);
® Tosse ou sibilos que ocorrem à noite ou cedo pela manhã, provocados
A anamnese cuidadosa é importante para a identificação da exposição a
por ris ou choro intensos ou exercício físico;
alérgenos relacionados com a asma. A sensibilização alérgica pode ser confirmada
® Tosse sem relação evidente com viroses respiratórias;
por testes cutâneos ou por determinação sérica de IgE específica.
® Presença de atopia, especialmente rinite alérgica ou dermatite atópica;
Testes cutâneos devem ser realizados utilizando-se extratos biologicamente ® História familiar de asma e atopia;
padronizados (a técnica mais empregada é a de puntura). Pode ser feito também ® Boa resposta clínica e B-2-agonista inalatórios, associados ou não a
a sensibilização a antígenos inaláveis, como os ácaros Dermatophagoides corticoides orais ou inalatórios;
pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomia tropicalis.

Outros alérgenos inaláveis (pólen, baratas, epitélio de gatos e cães) são


importantes, mas sensibilizam menor número de pacientes. Alimentos raramente
A classificação da gravidade tem como principal função a determinação da dose
de medicamentos suficiente para que o paciente atinja o controle no menor prazo
possível.

® 60% asma intermitente ou persistentes leves;


® 25% a 30% persistentes moderados;
® 5% a 10% persistentes graves;

A avaliação usual da gravidade da asma pode ser feita pela análise da frequência
e intensidade dos sintomas e pela função pulmonar. Outros critérios que
classificam a gravidade:

® Tolerância ao exercício;
® Medicação necessária para estabilização dos sintomas;
® Número de vistas ao consultório e ao pronto-socorro;
® Número anual de cursos de corticosteroides sistêmicos;
® Número de hospitalizações por asma e a necessidade de ventilação
mecânica;

A caracterização da gravidade da asma deve envolver a gravidade da doença


subjacente propriamente dita e sua responsividade ao tratamento. Sendo assim,
a asma pode apresentar incialmente sintomas graves, mas responder muito bem
ao tratamento e necessitar de uma dose baixa de medicação controladora e ser
então caracterizada como asma leve ou moderada.

Além disso, a gravidade não é uma característica fixa do paciente com asma e
pode se alterar com os meses ou anos. Nesse sentido, uma avaliação periódica do
pacientes com asma e o estabelecimento do tratamento de acordo com o nível de
controle seria mais relevante e útil.

 Asma leve: é aquela bem controlada com as primeiras linhas


terapêuticas, seja apenas com medicamento de alívio, conforme a
necessidade, ou com tratamento de controle de baixa intensidade, como
corticoides inalatório –CI em baixa dose.
 Asma moderada: doença bem controlada com tratamento intermediário,
CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE
como dose baixa de CI e beta2-agonista de longa ação (LABA).
 Asma grave: termo usado frequentemente para descrever a intensidade
dos sintomas, a magnitude da limitação do fluxo de ar ou a natureza de
uma exacerbação. Acomete pacientes com asma refretaria e aqueles cuja A prevenção de riscos futuros inclui reduzir a instabilidade da asma, suas
resposta ao tratamento de comorbidades é incompleta. Requer exacerbações, a perda acelerada da função pulmonar e os efeitos adversos do
tratamento com CI ou beta2-agonista de alta dose, seja para evitar tratamento.
descontrole ou não controle da doença apesar do tratamento.
O tratamento inicial da asma pode ser iniciado de acordo com critérios de
gravidade. No entanto a manutenção deve ser baseada fundamentalmente no
estado de controle da doença.

Como é feito a avaliação sintomática:

Controle da asma

O objetivo do tratamento da asma é a obtenção do controle da doença. O qual se


refere ao controle dos sintomas e manifestações funcionais (controle das
limitações clínicas atuais e redução dos riscos futuros).

O controle das limitações atuais deve ser avaliada em relação à últimas 4 semanas
e inclui sintomas, necessidade de medicação de alívio, limitação ao fluxo aéreo.
Nesse sentido, a asma pode ser classificada em três grupos:

® Asma controlada- paciente que apresenta função pulmonar normal, sem


limitação de suas atividades diárias, sem sintomas noturnos e sintomas
diurnos menos de duas vezes por semana;
® Asma parcialmente controlada – paciente que apresenta sintomas
diurnos ou faz uso de broncodilatador de curta ação mais de duas vezes TRATAMENTO
por semana, qualquer limitação funcional ou qualquer sintoma noturno.
Os objetivos do tratamento são:
® Asma não controlada- paciente com três ou mais parâmetros de ‘asma
parcialmente controlada’ ® Atingir e manter o controle dos sintomas;
® Manter as atividades da vida diária normais, incluindo exercícios;
® Manter a função pulmonar normal ou o mais próximo possível do normal;
® Prevenir as exacerbações; ® Reconhecimento dos sinais e sintomas precoces de exacerbações.
® Minimizar os efeitos colaterais das medicações; ® Tratamento domiciliar das crises leves;
® Prevenir a mortalidade; ® Indicações claras de quando procurar seu médico ou um serviço de
emergência;
O tratamento do paciente as asmático deve estar fundamentado em 5
componentes inter-relacionados: Adesão do tratamento

® Parceria médico-paciente; Para o paciente ter uma boa adesão é fundamental identificar os fatores que
® Identificação e controle dos fatores de risco; dificultam a adesão.
® Avaliação, monitoramento e manutenção do controle da asma;
® Prevenção e controle de riscos futuros;
® Consideração de situações especiais no manejo da asma;

COMPONENTE 1: PARCERIA MÉDICO-PACIENTE

Para o tratamento adequado da asma é muito importante uma boa relação


médico-paciente. O objetivo é permiti que o paciente adquira conhecimento,
confiança e habilidade para assumir o papel principal no manejo de sua doença.

O paciente e seu médico precisam discutir e concordar com os objetivos do


tratamento, desenvolvem um plano de ação escrito e personalizado e,
periodicamente, revisam o tratamento e o nível de controle da asma.

Educação

COMPONENTE 2: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS FATORES DE RISCO

É importante identificar e reduzir a exposição a alérgenos e irritantes, com como


controlar os fatores capazes de intensificar ou precipitar exacerbações de asma.

Plano de ação escrito e individualizado

Esse plano deve ser colocado em prática pelo próprio paciente (automanejo)
devendo incluir os seguintes itens:

® Especificação do tratamento de manutenção;


® Monitorização do controle da asma;
® Orientação de como alterar o esquema terapêutico;
Os pacientes não devem evitar exercícios, pois qualquer atividade que melhore o
condicionamento aeróbico é benéfica para os asmáticos, aumentando o limiar
anaeróbio e reduzindo a suscetibilidade ao broncoespasmo induzido pelo
exercício.

COMPONENTE 3: AVALIAR, TRATAR E MANTER O CONTROLE DOS ASMA

O principal objetivo no tratamento da asma é alcançar e manter o controle


clínico, e isso pode ser obtido na maioria dos pacientes com uma intervenção
farmacológica planejada e executada em parceria entre o médico, o paciente e
sua família.
Etapa 1: medicação de resgate para o alívio dos sintomas
Pode ser dividido em 5 etapas de acordo com o tratamento atual e o seu nível de
Nessa etapa, utiliza-se apenas medicação de alívio para pacientes com sintomas
controle, devendo ser ajustado conforme as mudanças que vão ocorrendo de
ocasionais (2x ou menos por semana) de curta duração. Entre esses episódios, o
forma dinâmica. Esse ciclo engloba acessar, tratar para obter o controle e
paciente está assintomático, com função pulmonar normal e sem despertar
monitorar para manter o controle.
noturno. Utiliza-se um B2-agonista de rápido início de ação (Salbutamol, fenoterol
ou formoterol). As alternativas são anticolinérgico inalatório, B2-agonista oral ou
teofilina oral, mas esses têm um início de ação mais lento e um maior risco de
afeitos adversos.

Etapa 2: medicação de alívio mais um único medicamento de controle


Os corticoides inalatórios em doses baixas são a primeira escolha. Medicações ® Em pacientes que irão iniciar o tratamento, deve-se fazê-lo na etapa 2 ou,
alternativas: antileucotrienos (para pacientes que não pode utilizar a via inalatória se o paciente estiver muito sintomático, iniciar pela etapa 3.
ou que tem efeitos adversos intoleráveis com o uso de corticoide inalatório). ® Independentemente da etapa de tratamento, medicação de resgate deve
ser prescrita para o alívio dos sintomas conforme a necessidade;
Etapa 3: medicação de alívio mais um ou dois medicamentos de controle
® Em crianças menores de 5 anos de idade, não recomendado o uso de B2-
Primeira escolha: corticoide inalatório em doses baixas + B2-agonista inalatório agonista de ação prolongada, porque os efeitos colaterais ainda não estão
de ação prolongada. adequadamente estudados nessa faixa etária.

Alternativa: aumentar a dose do CI ou antileucotrienos + CI baixa doses ou Monitorando para manter o controle
adiciona teofilina.
® Se a asma não estiver controlada com o tratamento atual, deve-se subir
Etapa 4: medicação de alívio mais dois ou mais medicamentos de controle uma etapa sucessivamente até que o controle seja alcançado.
® Se o controle se mantiver por 3 meses, os medicamentos podem ser
Sempre que possível, o tratamento deve ser conduzido por um médico
reduzidos com o objetivo de minimizar custos e diminuir possíveis efeitos
especialista no tratamento da asma.
colaterais do tratamento.
Primeira escolha: CI em doses médias ou altas + B2-agonista de ação prolongada. ® O tratamento deve ser ajustado periodicamente em resposta a uma
perda de controle, que é indicada pela piora dos sintomas.
Alternativa: antileucotrienos ou teofilina + CI doses médias ou altas + B2-agonista
de ação prolongada. Obs.: quando o controle for obtido reduz o tratamento, em caso de perda do
controle, as doses devem ser aumentadas.
Etapa 5: medição de alívio mais medicação de controle adicional
COMPONENTE 4: PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS FUTUROS
Adicionar corticoide oral às medicações da 4ª etapa, mas deve considerar os
efeitos adversos potencialmente graves. Só deve ser adotado em pacientes com O reconhecimento e a prevenção dos riscos futuros são obrigatórios na avaliação
asma não controlada na etapa 4, que tenham limitação de suas atividades diárias e no manejo dos pacientes com asma.
e frequentes exacerbações e que tenham sido exaustivamente questionados
Os riscos futuros incluem desfechos que possam levar a mudança irreversíveis na
sobre a adesão ao tratamento.
história natural da asma. Atualmente, 4 parâmetros são reconhecidos e usados:
Os pacientes devem ser esclarecidos sobre os potenciais efeitos adversos, e a
1. Prevenir instabilidade clínico-funcional: manter a asma controlada por
dose do corticoide oral deve ser a menor possível para manter o paciente
longos períodos de tempo;
controlado.
2. Prevenir exacerbações da asma;
A adição de anti-IgE é uma alternativa na etapa 5 para pacientes atópicos, pois 3. Evitar a perda acelerada da função pulmonar ao longo dos anos;
sua utilização pode melhorar o controle da asma e reduzir o risco de 4. Minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos utilizados.
exacerbações.
COMPONENTE 5: SITUAÇÕES ESPCIAIS NO MANEJO DA ASMA
Observações:
® Renite, rinossinusite e pólipos nasais;
® Gestação e lactação;
® Idoso;
® Obesidade;
® Cirurgia;
® Síndrome de apneia obstrutivas;
® Aspergilose broncopulmonar alérgica;
® Medicamentos e instabilidade da asma;
® Refluxo gastroesofágico;
® Exposição ocupacional;

MANEJO DAS EXACERBAÇÕES

As exacerbações ocorrem de forma gradual, com deterioração clínica progressiva


em período de 5-7 dias. As causas mais comuns são:

® Infecções virais ou a exposição a alérgenos ambientais;


® Poluição ambiental e exposição ocupacional ou a drogas (AINES);

As exacerbações da asma podem ser:

® Graves: eventos que requerem uma ação urgente do médico e do


paciente para prevenir um desfecho grave, como hospitalização ou morte
por causa da asma;
® Moderadas: eventos que resultam em alteração temporária do Exames complementares
tratamento, em um esforço para prevenir que a exacerbação se torne As indicações desses exames se aplicam à avaliação do diagnóstico diferencial,
grave; comorbidades e complicações.
® Leves: são episódios fora da variação normal de um asmático, sendo
difícil distingui-las da perda transitória do controle da asma.

No atendimento inicial da exacerbação, a avaliação clínica deve ser rápida e


objetiva. No adultos, deve ser realizado a espirometria ou medidas seriadas de
PFE (nas crianças não é muito confiável), a oximetria de pulso.

Identificação de risco de evolução quase fatal ou fatal da exacerbação de asma


® Exacerbação prévia grave com necessidade de internação em UTI, com magnésio ( a resposta terapêutica ocorre em 1-2h após a infusão, efeitos
VM. adversos: rubor cutâneo e náuseas, fraqueza, arreflexia, depressão
® 3 ou + visitas à emergência ou 2 ou + hospitalizações no último ano; respiratória); Aminofilina (não é indicada como tratamento inicial).
® Uso frequente de corticoide sistêmico;
Avaliação da resposta ao tratamento, critérios de alta e de transferência para a
® Uso de 2 ou + frascos de inalador pressurizado de B2-agonista de curta
unidade de internação
ação por mês;
® Problemas psicossociais; A avaliação da resposta terapêutica deve ser realizada 30-60 min após o
® Comorbidades; tratamento inicial, com reclassificação da gravidade do paciente, criança ou
® Asma lábil com variações acentuadas de função pulmonar, ou seja mais adulto.
que 30% do PFE ou VEF1;
A persistência de SpO2 < 92% após tratamento inicial com broncodilatador é uma
® Má percepção do grau de obstrução por parte do paciente;
das indicações de hospitalização.
Identificação de risco de evolução quase fatal ou fatal da exacerbação de asma
Os pacientes com boa resposta ao tratamento que não apresentem sinais de
em crianças < 5 anos
gravidade, com SpO2> 95% e que atingiram PFE ou VEF1≥ 70% do valor previsto
® Idade inferior a 12 meses; podem ser liberados para o domicílio.
® Doses repetidas e não usuais de B2-agonistas de curta ação nas primeiras
Pacientes com critérios clínicos de maior gravidade (SpO2< 92% valores de PFE ou
horas após a instalação das anormalidades clínicas;
VEF1≤ 50% do prevista após tratamento) devem ser encaminhados para a
® Recidiva abrupta do quadro clínico apesar de tratamento adequado; internação hospitalar.
Manejo das exacerbações nos serviços de urgência Conduta na alta dos serviços de urgência
O tratamento é baseado no quadro clínico e, sempre que possível, na avaliação Assim, os pacientes em condições de alta da emergência devem ser orientados a:
objetiva da limitação ao fluxo aéreo, por espirometria ou medição do PFE e na
verificação da oximetria. ® Iniciar ou manter medicação preventiva por via inalatória;
® Usar corretamente os dispositivos inalatórios;
® Oxigenoterapia: a meta é manter SpO2≥ 92% (crianças, gestantes e
® Usar prednisona ou prednisolona, salvo exacerbações muito leves. A dose
pacientes com comorbidades cardiovasculares, a meta é ≥ 94-95%);
é 1 mg/kg/dia (máximo, 60 mg/dia), preferencialmente pela manhã, por
® Broncodilatadores de curta ação: B2-agonista via inalatória a cada 10-30
5-10 dias.
min na primeira hora. Por nebulização ou por inalador pressurizado.
Crianças que não respondem a via inalatória, aplicar VI em bolus + Via Indicações de transferência para UTI
inalatória.
® Hipercapnia, acidose (pH< 7,3) ou hipoxemia;
® Corticoides: sistêmicos, VO ou VI. Reduzem a inflamação, aceleram a
® Níveis elevados de lactato sérico;
recuperação, reduzem recidivas e hospitalizações e diminuem o risco de
® Hipotensão arterial ou arritmias graves;
asma fatal.
® Persistência dos sinais e sintomas de gravidade a despeito do tratamento
® Drogas alternativas: brometo de ipratrópico (doses repetidas, em
adequado;
conjunto a um B2-agonista de curta ação por nebulização ou por inalador
pressurizado, tem benefício melhor na abordagem inicial); sulfato de
® Necessidade monitorização acurada em função da gravidade da doença
ou do tratamento a ser utilizado.

REFERÊNCIAS:

® Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o


Manejo da Asma- 2012;
® IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma;
® Pneumologia, de Sérgio S. Menna Barreto;
® III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma, Capitulo I- Definição,
epidemiologia, Patologia e patogenia;
® Asma Alérgica: etiologia, imunopatologia e tratamento, de André
Carlos Ferreira Nunes.
® Relatório de recomendação- Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas, Asma, 2021.

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