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Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, 23% dos adultos entre 18 Os fatores de risco podem ser divididos em fatores externos (ambientais e
a 45 anos tiveram sintomas de asma no último ano. No entanto, apenas 12% ocupacionais) e individuais (genéticos e psicossociais). Os fatores individuais ou
tinha o diagnóstico prévio de asma. predisponentes são os causadores do desenvolvimento da doença e são
essencialmente a predisposição genética para asma (heterogeneidade, histórico
familiar de alergias respiratórias –asma ou rinite, hiper-reatividade das vias aéreas são mais estreitas (aumenta o risco de broncoespasmo após
aéreas), obesidade e sexo masculino (principalmente durante a infância). Os infecções virais) e têm maior tônus da musculatura brônquica. Portanto,
fatores ambientais ou causais sãos os que desencadeiam os sintomas da doença e em crianças do sexo masculino a hiper-reatividade das vias aéreas é mais
estão relacionados com o meio ambiente. comum e mais graves. Durante a adolescência e início da idade adulta a
prevalência de asma começa a aumentar nas mulheres.
Dentro dos fatores ambientais estão os alérgenos de interior (ácaros do pó
doméstico, pelos de animais domésticos, fungos e fezes de baratas), os alérgenos FATORES AMBIENTAIS
de exterior (pólens, fungos), infecções respiratórias, os sensibilizantes
® Infecções virais: durante a infância são frequentes as infecções virais do
ocupacionais, os medicamentos como agentes B-bloqueadores ou ácido acetil
aparelho respiratório: as bronquiolites, provocada pelo Vírus Respiratório
salicílico, exercícios físicos vigorosos e estresse emocional. Em crianças, no início
Sincicial (VRS), o rinovírus e adenovírus, podem induzir o aparecimento
da doença, os fatores desencadeantes mais importantes são os virais. Após os 5
da início da hiperatividade brônquica (HRB). Um estudo recente relaciona
anos, os alérgenos adquirem papel mais importante.
a Chlamydia Pneumoniae e o Mycoplasma Pneumoniae ao
Estes dois grupos interagem de modo a produzir tanto a suscetibilidade como a desencadeamento de sintomas em crianças asmáticas.
expressão da doença, e podem ser influenciados por fatores contributivos como a ® Alérgenos de interior: próprios das habitações são os mais comuns a que
poluição atmosférica, mudanças climáticas, o fumo do tabaco (ativo ou passivo), a os seres humanos estão expostos, e pode-se incluir, os ácaros, os animais
dieta e ainda as condições socioeconômicas. domésticos, baratas e os fungos de interior. A relação entre a exposição
ao alérgenos e a sensibilização depende do próprio alérgeno, da
FATORES INDIVIDUAIS
quantidade e tempo de exposição, da idade e da genética.
® Fatores genéticos: existem marcadores genéticos nos cromossomos 5, 11 ® Alérgenos do exterior: estão incluídos os pólens e fungos. O transporte
e 14 que estão relacionados com manifestações de atopia e asma. Esses dos grãos de pólens é feito de duas formas, pelos insetos ou pelo vento.
cromossomos são responsáveis pela maior tendência para produzir níveis O transporte pelo vento é que é responsável pelo aparecimento dos
elevados de IgE total e a hiper-reatividade brônquica, além disso, elevam sintomas.
a afinidade para receptores IgE. Fatores genéticos maternos podem estar ® Sensibilizantes ocupacionais: a asma ocupacional é causada por
envolvidos, causando uma exposição fetal a alérgenos ou a mediadores exposição a agentes presentes no ambiente de trabalho, sendo específico
liberados pela mãe asmática, que poderiam contribuir para o da idade adulta. Alguns das substancias relacionadas com a asma são:
estabelecimento de fenômenos inflamatórios já na vida intrauterina. isocianatos, irritantes que podem causas alteração e hiper-reatividade
® Obesidade: a obesidade provoca efeitos mecânicos no pulmão, alterando das vias aéreas, como os sais de platina e produtos biológicos de origem
o volume pulmonar, a capacidade e o diâmetro periférico respiratório e animal ou vegetal que podem estimular a produção de IgE. As profissões
influenciando o volume sanguíneo circulante, levando à diminuição dos mais responsáveis por asma ocupacional são: pintores de automóveis,
movimentos da musculatura lisa do aparelho respiratório, provocando cabeleireiras, trabalhadores de lavanderia, profissionais de saúde,
mais facilmente uma obstrução das vaias aéreas. padeiros e trabalhadores rurais.
® Sexo masculino: crianças do sexo masculino têm risco duas vezes maior ® Medicamentos: existem medicamentos associados ao desencadeamento
em comparação às meninas. Os meninos apresentam constituição física de crises asmáticas como a aspirina e os AINES. Os beta-bloqueantes
pulmonar desprivilegiada em relação às meninas, no que diz respeito às podem provocar broncoconstrição nos doentes asmáticos por bloqueio
manifestações clínicas da asma: apresentam menor fluxo aéreo, suas vias dos receptores B das catecolaminas endógenas.
® Exercícios físicos: desencadeia crises de asma, muitas vezes manifestada ® Nível socioeconômico, dificultando o acesso à medicação e serviços de
apenas por tosse seca e baixa tolerância ao esforço, principalmente em saúde.
crianças e adolescentes. Nesses casos, os mastócitos são ativados
FISIOPATOLOGIA
diretamente pelo resfriamento e aumento da osmolaridade na via aérea,
secundários à hiperventilação do esforço físico. Estas alterações também A Asma é uma síndrome complexa caracterizada por obstrução variável das vias
podem acontecer eventualmente durante o riso. aéreas por hiper-reatividade brônquica, edema e inflamação das vias aéreas. A
FATORES CONTRIBUTIVOS fisiopatologia da asma tem dois aspectos importantes: a inflamação e a
remodelação.
® Tabaco: pode produzir alterações pulmonares em que a mais comum é a
bronquite crônica. Nos asmáticos, diminui a função pulmonar e aumenta A inflamação das vias aéreas constitui o mais importante fator fisiopatogênico da
a gravidade da asma, diminuindo a resposta ao tratamento. O tabagismo asma. Em que, o estreitamento brônquico intermitente e reversível é causado
induz um padrão de inflamação não eosinofílica com resistência relativa pela contração do músculo liso brônquico, pelo edema da mucosa e pela
aos corticosteroides. H á evidencia de que o tabagismo é um fator de hipersecreção mucosa. A hiperresponsividade brônquica é a resposta
risco para asma quase fatal e fatal. A exposição precoce ao fumo do broncoconstritora exagerada ao estímulo que seria inócuo em pessoas normais. O
tabaco (pré-natal e após nascimento) está associada ao aparecimento mecanismo envolvido inclui estimulação do músculo liso das vias aéreas, e
precoce de asma na infância. O hábito de fumar pela gestante pode liberação de mediadores dos mastócitos e outras células envolvidas na
determinar diminuição da função pulmonar no 1º ano de vida. De acordo inflamação. O remodelamento brônquico é um processo no qual existe um ciclo
estudos, os filhos de mães fumadores têm risco 4x superior de contínuo de agressão e reparo que pode levar a alterações estruturais
desenvolverem doenças respiratórias sibilantes, no primeiro ano de vida. irreversíveis.
A partir 6º ano de vida, mães fumantes é fator de risco para o aumento Os estímulos responsáveis pela asma ativam, nas vias aéreas, o aparecimento de
das infecções das vias aéreas inferiores na infância e fator desencadeante mediadores provenientes dos mastócitos, e outra células. Microscopicamente, o
de exacerbações nas crianças maiores com asma. processo inflamatório da asma caracteriza-se pela infiltração eosinofílica,
® Poluição atmosférica: está mais relacionado ao agravamento da doença, sensibilização de mastócitos, lesão intersticial das paredes das vias aéreas e
principalmente em indivíduos portadores de asma grave. ativação de linfócitos Th2, que produzem citocinas (Il-4, Il-5, Il-13), responsáveis
® Dieta: a diminuição de ingestão de antioxidantes e ao aumento de pelo início e a manutenção do processo inflamatório no tecido brônquico. A
ingestão de "fast-food” com alto teor de ácidos gordos polinsaturados mucosa brônquica inflamada diminui o diâmetro das vias aéreas e também
tem contribuído para o aumento de asma e de doenças alérgicas. Além aumenta a produção de muco.
disso, aleitamento materno é importante para a imunidade do RN como
fator protetor do aparecimento de asma. Como ocorre a hiperresponsividade brônquica?
® Exposição ao ar frio: ar muito frio e seco pode desencadear sintomas de A Il-4 tem papel importante no aumento tanto da produção de IgE específica
asma por irritar os brônquios do asmático. Contudo, esse ar tem que ser como a expressão de receptores de alta e baixa afinidade à IgE por muitas células
muito frio, como o que ocorre nos invernos. inflamatórias. O IgE, como se sabe, é a principal imunoglobulina que atua na
No brasil, dois fatores adicionais são importantes: resposta alérgica, ele age sensibilizando os mastócitos nos tecidos, e em
circulação ligam-se a basófilos provocando uma resposta imediata de
® Baixa adesão ao tratamento; hipersensibilidade. Dessa forma, vários mediadores inflamatórios são liberados
pelos mastócitos brônquicos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas), explicar a pobre correlação entre os sintomas de asma e o grau de obstrução das
pelos macrófagos (TNF-a, Il-6, ON), pelos linfócitos T (Il-2, Il-3, Il-4, Il-5, GM-CSF), VA observado em alguns pacientes que subestimam a gravidade de sua doença.
pelos eosinófilos (MBP, ECP, EPO, mediadores lipídicos e citocinas), pelos
Em alguns situações, nem todos os sintomas da doença estão presentes:
neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais (endotelina-1, mediadores lipídicos,
ON). Através de seus mediadores as células causam lesões e alterações na ® Tosse variante de asma: os pacientes apresentam tosse crônica como
integridade epitelial, anormalidades no controle neural autonômico (substância P, sintoma principal ou exclusivo caracterizando a hiper-reatividade das vias
neurocinina A) e no tônus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, aéreas demonstrada pelo teste de broncoprovocação. Geralmente esse
hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar e aumento da quadro é pior à noite.
reatividade do músculo liso da via aérea. ® Broncoconstrição induzida pelo exercício (BIE): o diagnóstico é feito por
meio da história clínica e do teste de função pulmonar. Ocorre mais
Em relação ao remodelamento, ocorre da seguinte forma:
frequentemente quando o paciente inala o ar frio e seco. A obstrução da
Esses mediadores podem ainda atingir o epitélio ciliado, causando danos e via aérea costuma iniciar logo após o exercício, atingindo seu pico entre 5
ruptura. Como consequência, células epiteliais e miofibroblastos, presentes e 10 minutos, após o que há remissão espontânea do broncoespasmo,
abaixo do epitélio, proliferam e iniciam o depósito intersticial de colágeno na com melhora total da função pulmonar em torno de 30 a 60 minutos. Os
membrana basal, o que explica o espessamento da membrana e as lesões pacientes em crise de asma precipitada pelo exercício apresentam os
irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. Outras mesmos sintomas observados em crise desencadeadas por outros
alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, elevação no estímulos.
número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e alterações ® Rinite alérgica e dermatite atópica: são condições bastante associadas à
no depósito/degradação dos componentes da ME, são constituintes do asma alérgica e devem ser questionadas na anamnese de todos os
remodelamento que interfere na arquitetura da via aérea, levando a pacientes asmáticos.
irreversibilidade de obstrução que se observa em alguns pacientes.
Os achadas mais comuns no exame físico:
QUADRO CLÍNICO
® Sibilância, a qual confirma a presença de obstrução brônquica.
Os pacientes com asma apresentam tipicamente episódios recorrentes de: ® Na crise asmática pode ocorrer também Taquipneia (>25 ipm), com
tempo expiratório prolongado em relação ao tempo inspiratório,
® Dispneia; caracterizando a dispneia por obstrução de vias aéreas);
® Sibilância;
® Tosse e aperto no peito; Em crise aguda de asma grave, devido à importante obstrução das vias aéreas, o
exame físico pode aparecer como:
Esses sintomas são desencadeados por exposição a alérgenos e irritantes não
específicos. Os sintomas são variáveis, ocorrem no período noturno ou nas ® Murmúrio vesicular diminuído e Sibilância ausente;
primeiras horas da manhã, e respondem bem ao tratamento adequado. Essa ® Cianose: sinal de hipoxemia, e é do tipo cianose centra (lábios, lobo da
sintomatologia é decorrente da obstrução das vias aéreas. As vias aéreas de orelha);
grande calibre tendem a aumentar a sua resistência rapidamente quando ® Tiragem intercostal;
estimuladas, mas seu efeito pode ser revertido com rapidez, enquanto a reação ® Taquipneia;
das vias aéreas de pequeno calibre tende a ser mais lenta e persistente . Isso pode ® Taquicardia;
® Confusão mental; DIAGNÓSTICO
® Dificuldade para falar e permanecer em decúbito dorsal, mantendo-se em
posição ortostática ou posição tripé (posição sentada com os braços O diagnóstico da asma é baseado na anamnese, exame físico e, sempre que
estendidos suportando o tórax, a fim de melhorar a mecânica da possível, em provas de função pulmonar e na avaliação da alergia.
musculatura acessória); DIAGNÓSTICO CLÍNICO
® Pulso paradoxal (redução exagerada na pressão sistólica durante a
inspiração); São indicativos de asma:
Nos períodos intercrises, o exame físico de um paciente com asma pode ser ® Um ou mais dos sintomas: dispneia, tosse crônica, Sibilância, aperto no
normal. peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras
horas da manhã;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ® Sintomas episódico;
® Melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para asma
Várias doenças podem confundir o diagnóstico de asma e algumas situações são
(broncodilatadores, antiinflamatórios esteróides);
específicas para determinadas faixas etárias, principalmente para crianças
® Três ou mais episódicos de Sibilância no último ano;
menores de cinco anos e idosos. As dificuldades são maiores nos asmáticos com
® Variabilidade sazonal dos sintomas e história familiar positiva para asma
obstrução fixa ao fluxo aéreo e nos fumantes. A determinação funcional de
ou atopia;
significativa variabilidade do fluxo aéreo reduz muito as dúvidas diagnósticas.
® Diagnósticos alternativos excluídos;
50% a 80% das crianças asmáticas desenvolvem sintomas antes do 5º ano de vida.
As seguintes perguntas devem ser formuladas aos pacientes (ou pais) para se
estabelecer o diagnóstico clínico de asma:
DIAGNÓSTICO FUNCIONAL
O diagnóstico de asma é fundamentado pela presença de sintomas ® Obstrução das vias aéreas caracterizada por redução do VEF1 para abaixo
característicos, sendo confirmado pela demonstração de limitação variável ao de 80% do previsto e da sua relação com a capacidade vital forçada para
fluxo de ar. A medida da função pulmonar fornece a avaliação da gravidade da abaixo de 75% em adultos e de 86% em crianças;
limitação ao fluxo aéreo, sua reversibilidade e variabilidade, além de confirmar o ® Obstrução ao fluxo aéreo, que desaparece ou melhora significativamente
diagnóstico de asma. após o uso de broncodilatador (200 mL e 12% de seu valor pré-
broncodilatador ou aumento do VEF1 de 7% em relação ao valor
® Reversibilidade: indica melhoras rápidas no volume expiratório forçado
previsto e de 200 mL em valor absoluto, após inalação de agente beta-2-
no primeiro segundo (VEF1) ou no pico de fluxo expiratório (PFE) após a
agonista de curta duração), ressaltando-se que a limitação ao fluxo aéreo
inalação de um agente beta-2-agonista de ação rápida ou a melhora
sem resposta ao broncodilatador em teste isolado não deve ser
gradual em dias ou semanas após a introdução de medicação
interpretada como obstrução irreversível das vias aéreas;
controladores efetiva;
® Aumentos no VEF1 superiores a 20% e excedendo a 250 ml de modo
® Variabilidade: indica melhora ou deterioração dos sintomas ou da função
espontâneo no decorrer do tempo ou após intervenção com medicação
pulmonar no decorrer do tempo. Pode ocorrer durante o dia, com o
controladora (ex.: prednisona 30 a 40 mg /dia VO, por 2 semanas);
passar dos dias ou semanas ou anualmente. A obtenção da história de
variabilidade é importante no diagnóstico de asma além de fazer parte Em algumas situações pode ser necessário a medida dos volumes e da resistência
dos critérios para o estabelecimento do controle de asma. da VA por pletismografia.
Espirometria Uma espirometria normal não exclui o diagnóstico de asma. Quando a história
clínica é característica, mas a espirometria é normal, o paciente deve ser
Tem três finalidades:
considerado como tendo asma e, quando necessário, deve ser tratado.
1. Estabelecer o diagnóstico;
Pacientes com sintomas intermitentes ou asma controlada geralmente tem
2. Documentar a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo;
espirometria norma. Nesses casos, deve-se repetir o exame com broncodilatador,
3. Monitorar o curso da doença e as modificações decorrentes do
podendo demonstrar uma resposta significativa, devendo ser incorporada à
tratamento;
rotina do exame na investigação da asma.
A espirometria fornece duas medidas importantes para o diagnóstico de limitação
Em casos de dúvida:
ao fluxo de ar das vias aéreas: VEF1 e CVF (capacidade vital forçada expiratória). O
diagnóstico de limitação ao fluxo aéreo é estabelecido pela redução da relação ® Observação da variabilidade do PFE;
VEF1/CVF, e a intensidade dessa redução é determinada pela redução percentual ® Repetição da espirometria no período sintomático ou;
do VEF1 em relação ao seu previsto. ® Um teste de broncoprovocação;
O diagnóstico de asma é confirmado não apenas pela detecção da limitação ao Ajudam a confirmar ou afastar a suspeita de asma.
fluxo aéreo, mas principalmente pela demonstração de significativa
reversibilidade, parcial ou completa, após a inalação de um broncodilatador de Em caso de dúvida na interpretação da espirometria (p. ex.: caso não seja
curta ação. comprovada a resposta ao broncodilatador), é desejável que o paciente seja
encaminhado para um centro de referência no qual venha a ser avaliação de
São indicativos de asma: forma mais completa, se possível, incluindo medidas de volumes e de resistência
das vias aéreas por pletismografia.
induzem asma. Poluentes ambientais ou ocupacionais são desencadeantes e/ou
agravantes de asma.
Pico de fluxo expiratório (PFE)
A determinação de IgE sérica específica confirma e complementa os resultados
É importante para o diagnóstico, monitoração e controle da asma. Medidas
dos testes cutâneos.
matinais e vespertinas do PFE devem ser obtidas durantes 2 semanas. A diferença
entre os valores matinais e vespertinos é dividida pelo maior valor e expressa em Além disso, a hiperresponsividade pode ser testada pelo teste de
percentual. A variação diurna do PFE pode ser utilizada para se documentar a broncoprovocação por exercício. Um teste de broncoprovocação química com
obstrução do fluxo aéreo. São indicativos de asma: resultado negativo, em indivíduos sintomáticos, exclui o diagnóstico de asma
como causa desses sintomas.
® Aumento de pelo menor 15% no PFE após inalação de um
broncodilatador ou curso oral de corticosteroide; É importante ressaltar que a hiperresponsividade das vias aéreas não é exclusiva
® Variação diurna no PFE maior que 20% (diferença entre a maior e menor da asma, podendo ser positiva em outras doenças obstrutivas e rinite.
medida do período);
DIAGNÓSTICO EM CRIANÇAS <5 ANOS
® Teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina,
histamina, carbacol) com alta sensibilidade e alto valor preditivo negativo; Deve ser baseado principalmente em aspectos clínicos diante das dificuldades de
® Teste de broncoprovocação por exercício demonstrando queda do VEF1 se obter medidas objetivas que o confirmem.
acima de 10 a 15%.
Cerca de 50% das crianças apresentam pelo menor um episódio de Sibilância nos
VERFIFICAÇÃO DA HIPER-RESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS primeiros anos de vida, sendo que a maioria delas não desenvolverá asma. A
investigação e o tratamento da Sibilância e tosse recorrentes exigem uma
A asma pode estar presentes em pacientes com espirometria normal ou sem
avaliação cuidadosa dos sintomas, evolução, antecedentes pessoais, HF e dos
resposta broncodilatador importante. Nesses casos, o diagnóstico deve ser
achados físicos.
confirmado pela demonstração da hiperresponsividade das vias aéreas.
As manifestações clínicas mais sugestivas de asma são:
A hiperresponsividade por ser identificada através do diagnóstico de alergia
relacionados com a asma, que pode ser feito da seguinte forma: ® Episódios frequentes de Sibilância (mais de uma vez por mês);
® Tosse ou sibilos que ocorrem à noite ou cedo pela manhã, provocados
A anamnese cuidadosa é importante para a identificação da exposição a
por ris ou choro intensos ou exercício físico;
alérgenos relacionados com a asma. A sensibilização alérgica pode ser confirmada
® Tosse sem relação evidente com viroses respiratórias;
por testes cutâneos ou por determinação sérica de IgE específica.
® Presença de atopia, especialmente rinite alérgica ou dermatite atópica;
Testes cutâneos devem ser realizados utilizando-se extratos biologicamente ® História familiar de asma e atopia;
padronizados (a técnica mais empregada é a de puntura). Pode ser feito também ® Boa resposta clínica e B-2-agonista inalatórios, associados ou não a
a sensibilização a antígenos inaláveis, como os ácaros Dermatophagoides corticoides orais ou inalatórios;
pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomia tropicalis.
A avaliação usual da gravidade da asma pode ser feita pela análise da frequência
e intensidade dos sintomas e pela função pulmonar. Outros critérios que
classificam a gravidade:
® Tolerância ao exercício;
® Medicação necessária para estabilização dos sintomas;
® Número de vistas ao consultório e ao pronto-socorro;
® Número anual de cursos de corticosteroides sistêmicos;
® Número de hospitalizações por asma e a necessidade de ventilação
mecânica;
Além disso, a gravidade não é uma característica fixa do paciente com asma e
pode se alterar com os meses ou anos. Nesse sentido, uma avaliação periódica do
pacientes com asma e o estabelecimento do tratamento de acordo com o nível de
controle seria mais relevante e útil.
Controle da asma
O controle das limitações atuais deve ser avaliada em relação à últimas 4 semanas
e inclui sintomas, necessidade de medicação de alívio, limitação ao fluxo aéreo.
Nesse sentido, a asma pode ser classificada em três grupos:
® Parceria médico-paciente; Para o paciente ter uma boa adesão é fundamental identificar os fatores que
® Identificação e controle dos fatores de risco; dificultam a adesão.
® Avaliação, monitoramento e manutenção do controle da asma;
® Prevenção e controle de riscos futuros;
® Consideração de situações especiais no manejo da asma;
Educação
Esse plano deve ser colocado em prática pelo próprio paciente (automanejo)
devendo incluir os seguintes itens:
Alternativa: aumentar a dose do CI ou antileucotrienos + CI baixa doses ou Monitorando para manter o controle
adiciona teofilina.
® Se a asma não estiver controlada com o tratamento atual, deve-se subir
Etapa 4: medicação de alívio mais dois ou mais medicamentos de controle uma etapa sucessivamente até que o controle seja alcançado.
® Se o controle se mantiver por 3 meses, os medicamentos podem ser
Sempre que possível, o tratamento deve ser conduzido por um médico
reduzidos com o objetivo de minimizar custos e diminuir possíveis efeitos
especialista no tratamento da asma.
colaterais do tratamento.
Primeira escolha: CI em doses médias ou altas + B2-agonista de ação prolongada. ® O tratamento deve ser ajustado periodicamente em resposta a uma
perda de controle, que é indicada pela piora dos sintomas.
Alternativa: antileucotrienos ou teofilina + CI doses médias ou altas + B2-agonista
de ação prolongada. Obs.: quando o controle for obtido reduz o tratamento, em caso de perda do
controle, as doses devem ser aumentadas.
Etapa 5: medição de alívio mais medicação de controle adicional
COMPONENTE 4: PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS FUTUROS
Adicionar corticoide oral às medicações da 4ª etapa, mas deve considerar os
efeitos adversos potencialmente graves. Só deve ser adotado em pacientes com O reconhecimento e a prevenção dos riscos futuros são obrigatórios na avaliação
asma não controlada na etapa 4, que tenham limitação de suas atividades diárias e no manejo dos pacientes com asma.
e frequentes exacerbações e que tenham sido exaustivamente questionados
Os riscos futuros incluem desfechos que possam levar a mudança irreversíveis na
sobre a adesão ao tratamento.
história natural da asma. Atualmente, 4 parâmetros são reconhecidos e usados:
Os pacientes devem ser esclarecidos sobre os potenciais efeitos adversos, e a
1. Prevenir instabilidade clínico-funcional: manter a asma controlada por
dose do corticoide oral deve ser a menor possível para manter o paciente
longos períodos de tempo;
controlado.
2. Prevenir exacerbações da asma;
A adição de anti-IgE é uma alternativa na etapa 5 para pacientes atópicos, pois 3. Evitar a perda acelerada da função pulmonar ao longo dos anos;
sua utilização pode melhorar o controle da asma e reduzir o risco de 4. Minimizar os efeitos colaterais dos tratamentos utilizados.
exacerbações.
COMPONENTE 5: SITUAÇÕES ESPCIAIS NO MANEJO DA ASMA
Observações:
® Renite, rinossinusite e pólipos nasais;
® Gestação e lactação;
® Idoso;
® Obesidade;
® Cirurgia;
® Síndrome de apneia obstrutivas;
® Aspergilose broncopulmonar alérgica;
® Medicamentos e instabilidade da asma;
® Refluxo gastroesofágico;
® Exposição ocupacional;
REFERÊNCIAS: