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Sinopse

Depois de passar a vida preocupada em nunca encontrar seu


companheiro, Alexia finalmente tem a chance de conhecê-lo — e agora
está ainda mais preocupada!
Alfa Rainier Stone da Matilha de Southridge é um assassino com uma
reputação cruel. Ele consegue tudo o quer — e agora é a vez dela. O pior
é que ela também o quer!
Será que Alexia poderá acalmar a fúria no coração de Rainier? Será que
ela é capaz de salvá-lo de si mesmo?
Classificação etária: 18+
Autor Orginal: LunaBaby
Título Original: Punish by the Alpha
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros

Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda!


Sumário dos Livros
Livro 1
Livro 2 – Sem Revisão
Livro 3 – Sem Revisão
Livro Um
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros

Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda!


Capítulo 1
Alexia

Eu desço as escadas para tomar um café. Estou sem sono há semanas,


e sei o porquê. Ele. Tenho tentado encontrar ele desde minha primeira
transformação há dez anos.
Minha mãe sempre me disse que meu companheiro seria meu tudo.
Se pelo menos eu pudesse encontrá-lo. Estou agora com vinte e seis anos
e ainda não tive nenhum sinal dele. Talvez até esteja morto. Eu moro em
Wisconsin e atualmente fico na casa da matilha. É um lugar realmente
lindo. Florestas cobertas de neve e lagos com suas superfícies congeladas
e brilhantes constituem a maior parte do território da minha matilha.
Temos um pequeno bando, vinte e quatro lobos para ser exata. A casa na
verdade é um chalé de dois andares com uma bela cozinha e quartos
suficientes para todos os lobos que ainda não acharam os respectivos
companheiros, o que não são muitos.
Eu finalmente desço as escadas e entro na cozinha — um grande
espaço com todos os eletrodomésticos de aço inoxidável e um lindo piso
de madeira.
Eu começo a fazer o café e olho pela janela enorme em frente à pia.
Nada além de uma região rural congelada por quilômetros.
Eu realmente amo esse lugar. É tão calmo e tranquilo que mal percebo
alguém entrando na cozinha atrás de mim.
— Bom dia, Lex, — meu irmão, Adam, diz.
— Bom dia, — eu respondo. — Quer um pouco de café?
— E precisa perguntar? — Ele sorri. Adam sempre foi meu melhor
amigo e mentor. Nosso pai faleceu quando éramos muito jovens, e nossa
mãe nos criou o melhor que pôde até que ela faleceu alguns anos atrás.
Nosso pai era um beta, então era esperado que Adam assumisse esse
papel quando tivesse idade suficiente.
Alfa Greg, nosso Alfa, o colocou sob sua proteção e lhe ensinou tudo o
que ele precisava saber — como lutar quando necessário e como evitar
conflitos quando possível. Alfa o ensinou como ser um verdadeiro líder.
— Onde você estava ontem à noite? — ele me pergunta.
— Eu fui correr. Eu precisava arejar minha cabeça e minha loba
interior não estava me deixando em paz. Ele sabe o que sinto quando o
assunto é encontrar meu companheiro. Isso quase me consumiu no ano
passado, mas ele apenas diz para ter paciência, que minha hora vai
chegar.
Eu quero acreditar nele, mas é muito difícil quando você está
procurando há tanto tempo quanto eu. A maioria dos lobos encontra
seus companheiros logo após sua primeira transformação.
— Ah, antes que eu esqueça, o Alfa da Matilha de Southridge e alguns
de seus guerreiros estarão aqui amanhã para discutir algumas questões
territoriais.
— Ok, e por que você está me dizendo isso? — eu pergunto a ele,
ficando ligeiramente tensa.
Todo mundo sabe quem é a Matilha de Southridge.
Ouvi dizer que seu Alfa é implacável, um monstro. Ele consegue tudo
o quer e mata quem tenta impedi-lo.
— Não recebemos uma visita da Matilha de Southridge há anos, desde
que seu novo Alfa assumiu, então eu realmente não sei o que esperar.
Você sabe o que todo mundo diz sobre ele. Nosso Alfa quer que todos
mantenham seus olhos e ouvidos abertos. Não queremos uma briga.
Eu faço sim com a cabeça e ele continua.
— Além disso, vou precisar que você peça a Linda e Julie para ajudá-la
a cozinhar comida suficiente para alimentar a todos quando chegarem.
Eu me sirvo de uma xícara de café e olho para ele.
— Vou pedir, mas você conhece aquelas duas, — digo, enquanto sirvo
uma xícara pra ele também. — Você tem que literalmente implorar para
elas fazerem qualquer coisa. Gennie não pode ajudar? — Gennie é a
companheira do meu irmão e minha única amiga. Não há muitos lobos
aqui, então sou tão solitária quanto se possa imaginar.
— Ela ajudaria, mas ela já está responsável por limpar e organizar o
refeitório.
Ele pega sua xícara de café e se vira. Antes de sair pela porta, ele olha
por cima do ombro para mim.
— Mantenha a cabeça erguida. Você vai encontrá-lo em breve e, sem
dúvida, ele vai te adorar, — ele diz e vai embora.
Eu reviro meus olhos enquanto pego um bagel e termino meu café.
Olhando para o relógio, noto que é hora de começar a me preparar para o
trabalho.
Eu volto para o meu quarto e tiro a roupa.
Parando na frente do grande espelho do banheiro, eu observo meu
longo cabelo preto que cai até a minha cintura e meus grandes olhos
verdes esmeralda que olham fixamente para mim.
Meu olhar viaja para as curvas infinitas que moldam meu corpo, e
deixo escapar um longo suspiro.
Abrindo a água quente, eu entro no chuveiro. Não posso deixar de
pensar em meu companheiro enquanto me lavo.
Minha loba interior choraminga ao pensar nele, em não tê-lo. Ela tem
se desligado de mim mais recentemente, só querendo sair quando pensa
que pode rastreá-lo.
Saindo do chuveiro, eu me enxugo rapidamente e pego um par de
jeans rasgados e uma blusa preta decotada. Eu me visto e seco meu
cabelo antes de passar um toque de rímel.
Depois de amarrar minhas botas, eu saio de casa, entro no meu
Pontiac Firebird 78 e ligo o motor. — Rainier Fog — do Alice in Chains
explode pelos alto-falantes, e, por um momento, eu esqueço todo o resto.
O percurso até o trabalho leva apenas cinco minutos. Trabalhar em
um bar não é o que eu imaginava enquanto crescia, mas me permite sair
e conhecer pessoas novas. Assim que chego, vou direto para trás do
balcão e começo a limpar antes que os clientes comecem a chegar. Ouço
alguém entrar pela porta da frente e olho para cima.
Gennie, companheira do meu irmão e colega de trabalho, aparece e
me lança um olhar questionador.
— Por que você não atendeu o telefone ontem à noite?
— Minha cabeça estava cheia. Só saí para correr e não voltei até muito
tarde, — digo.
Ela me dá um pequeno sorriso cheio de pena.
— Não me olhe assim.
— Eu só quero que você seja feliz. — Gennie sorri tristemente.
Ela dá a volta por trás do balcão e começa a secar os copos que estou
lavando, agradecida lhe dou meu melhor sorriso.
— Eu vou ficar bem. Só preciso me manter ocupada para evitar que
minha mente divague tanto.
Ela finalmente para de fazer perguntas e terminamos a limpeza logo
quando os clientes começam a chegar. Algumas horas depois, a noite está
em plena agitação.
Os clientes do bar, humanos e lobos, estão chegando, e posso dizer
que vai ser uma longa noite.
Capítulo 2
Rainier

Eu rolo na cama e bato no meu despertador para parar. Quatro da


manhã em ponto. Todo dia é a mesma coisa. Acordar, tomar banho,
tomar o café da manhã, treinar com meus guerreiros. Mas hoje é
diferente.
Hoje, estou viajando para o norte para me encontrar com a Matilha de
Northridge para discutir a expansão de meu território.
O azulejo está frio ao toque dos meus pés quando entro no banheiro,
mas logo que ligo o chuveiro o vapor toma conta. Eu assobio quando a
água escaldante passa pelas minhas costas, mas é o suficiente para
bloquear a sensação merda de parecer morto por dentro.
Minha mãe sempre me disse que a solidão era uma invenção da
imaginação, mas o que mais poderia ser que me corrói todos os dias?
Tenho várias fêmeas que me acompanham quando tenho
necessidades, mas meu lobo interior nem me deixa olhar mais para elas.
Ele só quer ela. mas as chances de encontrar a companheira
abençoada pela lua diminuem a cada dia à medida que eu envelheço.
Desligando o chuveiro, saio e pego algumas roupas. Meu estômago ronca
quando visto uma camiseta preta sobre a minha cabeça, então vou lá fora
para encontrar o café da manhã.
A suntuosa floresta verde está chamando meu nome. Eu tiro minhas
roupas e assim que entro na folhagem espessa, me sinto um só com o
meu lobo. Eu o chamo e rapidamente meu corpo começa a mudar, se
transformando em algo muito maior, muito mais forte.
Minhas mãos se transformam em patas com garras longas e afiadas, e
pelos negros brotam dos poros da minha pele.
Eu disparo, correndo até chegar no meio da floresta com nada além de
grandes carvalhos e musgo verde macio ao meu redor.
Eu abaixo minha cabeça no chão e cheiro, sentindo o odor de um
cervo nas proximidades.
Eu mantenho meu focinho abaixado e o rastreio, finalmente
encontrando-o nos arbustos comendo frutas silvestres.
É um cervo enorme, mas sei que será fácil derrubá-lo. Eu vou para o
ataque, o cervo sai correndo, porém eu sou muito rápido.
Eu pulo nas costas do cervo e meus dentes afundam direto em sua
garganta. O delicioso sabor metálico do sangue enche minha boca e,
depois de alguns segundos, o cervo finalmente desfalece.
Aproveito meu farto desjejum até não sobrar mais nada para comer.
Lambendo o sangue do meu focinho, eu volto para a casa da minha
matilha e me transformo assim que chego no local onde deixei minhas
roupas.
Então, faço contato mental com meu beta e digo a ele para me
encontrar em meu escritório.
Logo, estou atrás da minha mesa de mogno cheia de papéis, e meu
beta, Lucas, bate na porta.
— Alfa, você queria me ver?
— Sim, — digo a ele. — Eu preciso que você diga a Jay para estar
pronto para sair por volta das duas da tarde. Certifique-se de que Toby e
Damon estejam prontos para ir também.
— Sim, Alfa, — diz ele. — Vou me certificar de que eles estejam
prontos.
— Ei, — eu continuo. — Avise a matilha que estaremos fora por
apenas dois dias. Eu quero voltar o mais rápido possível. — Odeio deixar
minha matilha, mas sei que eles estarão em boas mãos.
Lucas balança a cabeça positivamente e sai do meu escritório,
deixando-me vagando na escuridão dos meus próprios pensamentos.
Poucas horas depois, estamos na estrada.
— Alfa, — diz Jay, — quais são exatamente seus planos quando
chegarmos lá?
— Diremos a eles que queremos parte de suas terras. Eu ouvi dizer
que eles tiveram um problema com alguns delinquentes que quase
invadiram o território de sua matilha, então iremos oferecer a eles
proteção em troca, — eu respondo casualmente.
— E se eles rejeitarem sua proposta?
— Então nós tomamos suas terras à força, — eu digo. Jay, Toby e
Damon se olham, mas não ousam dizer nada.
Eu faria qualquer coisa pela minha matilha para ter certeza de que eles
estão seguros. Precisamos de mais terras, e o bando de Northridge já tem
bastante.
O número de lobos lá é apenas uma fração do nosso, mas seu
território se estende por vários estados.
Certamente, a troca de proteção pelas terras, que nem mesmo
precisam, seria um grande benefício para eles.
Nós seguimos em silêncio pelas próximas horas, e a antes densa e
verde vegetação gradualmente fica coberta de neve.
Meu lobo interior fica inquieto quanto mais nos aproximamos de
nosso destino, mas presumo que a distância crescente entre nós e nossa
matilha seja a razão.
Finalmente, a placa de saída aparece na estrada e Toby fala. — Eu
realmente gostaria de uma bebida depois de ficar confinado neste carro
por tanto tempo, — diz ele, e Damon prontamente concorda.
Não devemos chegar antes de amanhã, então pensei em procurarmos
um hotel na cidade para passar a noite e ir nos encontrar com o bando de
Northridge na primeira hora da manhã.
Paro em um pequeno bar na periferia da cidade e estaciono o carro. —
Venham, — digo a eles, — vamos tomar alguns drinques antes de irmos
para o hotel.
Damon sai primeiro e se alonga, seguido por Toby e Jay. — Espero que
a gente encontre algumas mulheres bonitas por aqui, — diz Toby,
esticando os braços sobre a cabeça.
— Como se você soubesse o que fazer com elas, — Damon responde
baixinho.
Toby dá um tapa na nuca dele, e os dois continuam discutindo e
rindo. Os dois irmãos estão sempre se provocando como duas crianças.
Às vezes me pergunto como seria ter irmãos, mas sempre descarto a
ideia.
Já tive bastante dificuldade em tentar proteger minha mãe enquanto
crescia. Por alguma razão, a inquietação do meu lobo interior se
transforma em uma excitação estranha enquanto caminhamos em
direção ao bar. Então, assim que entramos, o cheiro de orquídeas e
amoras se infiltram em meus sentidos.
Eu inspiro e expiro profundamente, o perfume divino prende com
força minha atenção. Meu olhar se fixa de imediato em uma mulher
incrivelmente bonita atrás do bar e, em um instante, fico tenso ao
perceber quem ela é. Companheira.
Capítulo 3
Alexia

Já se passaram quatro horas desde que cheguei ao trabalho e


finalmente o movimento acalmou. Apenas algumas pessoas permanecem
no bar. Um homem alto e loiro me sinaliza do final do balcão, então vou
até ele.
— Oi, o que posso fazer por você? — Eu pergunto rapidamente.
Seus olhos vagam pelo meu corpo, demorando-se no meu peito antes
de eu estalar os dedos para chamar sua atenção.
— Posso pegar uma bebida para você? — Eu pergunto de novo.
— Eu gostaria de receber muito mais do que uma bebida, se vier de
você, — ele diz por trás de um sorriso malicioso.
Reviro os olhos e cruzo os braços sobre o peito. Estou acostumada a
receber atenção de homens, mas nunca me interessei muito por nenhum
que deu em cima de mim.
Já tive alguns casos aqui e ali, mas nada permanente.
Eu ainda tenho esperanças por ele.
Quando o homem não diz mais nada, eu me viro para ir em direção ao
outro lado do bar.
— Desculpe-me, mas você não me serviu uma bebida, — diz o homem
enquanto estou me afastando.
— Com licença, eu dei a você uma chance de fazer o pedido, mas você
prefere fazer comentários desprezíveis em vez disso, — eu digo,
enquanto olho para ele.
— Vou tomar uma vodca com gelo, — diz ele, sorrindo como um
idiota presunçoso.
Pego um copo e o encho com gelo, sentindo os olhos do homem
humano em mim o tempo todo. Levanto os olhos e vejo um grupo de
homens que nunca vi antes entrar no bar. Basta um olhar e eu sei que
eles são lobos.
Meu olhar se cruza com o do maior dos machos e ao mesmo tempo
sou atingida pelo cheiro de chuva fresca e pinheiro.
Meu mundo inteiro fica parado quando nossos olhos se encontram e
eu sei, sem sombra de dúvida, que finalmente encontrei ele.
Eu não me movo, inferno, acho que nem mesmo respiro enquanto
continuamos nos encarando. Não consigo desviar o olhar e posso sentir
minha loba interior ficando louca.
— Companheiro! Companheiro! Companheiro! — Ela repete na minha
cabeça como um mantra.
Ele começa a andar em minha direção e é quando eu realmente o
observo. Ele é alto, tem mais de um metro e oitenta e tem músculos
muito aparentes. Ele é um dos maiores machos que já vi.
Seu cabelo é preto como azeviche, assim como o meu, e seus olhos são
da cor de fogo. Ele carrega uma aura tão poderosa que me faz tremer
levemente. Deusa, ele é lindo.
Ele caminha até o balcão com três outros machos seguindo atrás dele.
— Companheiro, — eu digo em voz alta, um pouco sem fôlego. Meus
pensamentos estão completamente dispersos em sua presença.
Os três homens atrás dele olham um para o outro, mas ele nunca tira
os olhos dos meus.
— Ei, querida, você já se esqueceu de mim? — o homem loiro chato de
antes pergunta.
Pego a vodca da prateleira e despejo no copo, em seguida deslizo pelo
balcão para ele.
— Por que você não me deixa te entreter um pouco depois que você
sair do trabalho esta noite? — ele insiste.
— Não, — eu digo, sequer tirando meus olhos do meu companheiro.
— Ah, entendi. Qual é o seu preço? Todas as vadias como você têm
um preço.
Meu companheiro, que está parado em silêncio, rosna e seus olhos
vão do fogo mais brilhante para o escuro como breu em segundos.
Antes que eu perceba, ele segura o homem pelo pescoço e o está
arrastando para fora do bar.
Eu não me movo, apenas fico olhando sem reação para eles. Depois de
alguns minutos, ele volta para dentro e se senta no bar.
Seus dedos estão ensanguentados e seu cabelo despenteado, mas fora
isso ele parece completamente intocado.
Meus instintos afloram e sinto a necessidade de cuidar do meu
macho.
Pego um pano limpo e umedeço antes de pegar suas mãos para limpá-
las.
Faíscas intensas sobem pelos meus dedos e continuam pelos meus
braços assim que o toco. Ele afasta um pouco as mãos, assustado, mas
logo me deixa terminar minha tarefa de limpá-lo.
— Obrigada... por me defender, — digo a ele.
Ele apenas balança a cabeça e dá um grunhido em resposta antes de
puxar suas mãos de mim.
— Qual o seu nome? — ele pergunta.
— Alexia, mas você pode me chamar de Lex.
Eu olho para trás e percebo que o grupo de homens com quem ele
entrou sentou-se em uma mesa. Gennie vai até eles anotar o pedido.
Ele acena com a cabeça uma vez, mas não diz nada. Ok, então ele não
é um homem de muitas palavras. Eu posso lidar com isso. Afinal,
finalmente encontrei meu companheiro.
— Qual o seu nome? — Eu pergunto.
— Alfa Rainier Stone, da Matilha de Southridge, — ele afirma
friamente.
Meu corpo paralisa e minha respiração quase cessa.
Todas as histórias que ouvi sobre o Alfa do bando de Southridge
vieram à tona em minha mente.
Rumores circularam em minha matilha de como ele matou seu pai
para ganhar o título de Alfa e como ele punirá qualquer um por
desobedecê-lo.
— Então, suponho que você já ouviu falar de mim, — ele continua.
Ele está olhando para mim com tanta frieza que não consigo falar.
Mas, por trás da frieza, vejo uma centelha de emoção passar por seus
olhos. Então se esvai tão rápido que duvido que alguma vez realmente
estivesse ali.
— Seria sábio de sua parte ficar longe de mim.
Com isso, ele se levanta do bar e vai embora. Os homens com quem
ele estava o seguem imediatamente.
Gennie dá a volta no bar com os olhos arregalados.
— O que foi aquilo? — ela me pergunta preocupada.
Ainda estou olhando para ele, incapaz de entender o que aconteceu.
— Aquele era Alfa Rainier Stone, da Matilha de Southridge. Meu
companheiro.
Capítulo 4
Rainier

Eu disse a ela que seria sensato ficar longe de mim e essa é a verdade.
Não importa o quão bonita seja.
Como ela seria perfeita para mim. Eu vi o medo em seus olhos quando
disse quem eu era. Ela está certa em ter medo de mim.
Cinco anos atrás, matei meu pai e assumi a posição de Alfa, e desde
então não parei de matar. Fiz o que tinha que fazer e não tenho vergonha
disso.
Meu lobo interior está chateado por eu tê-la deixado do jeito que fiz.
Ele queria que eu a reivindicasse assim que a visse. Eu nem sei se quero
uma companheira.
Meu lobo rosna com esse pensamento e eu agarro o volante com tanta
força que meus dedos ficam brancos.
— Tudo bem, Alfa? — Toby pergunta do banco de trás.
Eu apenas aceno que sim e isso é o suficiente para encerrar qualquer
conversa. Eu paro em um pequeno hotel de beira de estrada a cerca de
cinco minutos do bar.
Assim que fazemos o check-in, vou para o meu quarto e bato a porta
atrás de mim.
Eu me deito na cama de merda do hotel e fecho os olhos. Logo,
memórias de infância invadem minha mente.
Minha pobre mãe. Ela tinha um coração tão bom; que Deusa descanse
sua alma. Eu sei que ela anda com a lua agora. Tentei salvá-la, mas
simplesmente não era forte o suficiente.
Minha mãe sempre me disse que minha companheira seria minha
salvação, que ela seria a cura para as minhas feridas.
Minha mente vagueia de volta para o bar, e aquele homem ignorante
que a insultou. Meu lobo queria o sangue daquele humano e tenho
certeza que ele saiu com o braço quebrado.
Achei que isso com certeza iria assustá-la, mas ela parecia mais
preocupada comigo do que qualquer coisa.
Ela limpou o sangue dos meus dedos de forma tão titubeante e
carinhosa, como se ela quisesse cuidar de mim.
Porra! Eu estraguei tudo antes mesmo de conhecê-la. Tenho certeza
que ela pertence a Matilha de Northridge. Talvez eu não a encontre
amanhã.
Talvez se ela souber o que é bom para ela, ela ficará longe de mim.
Eu nunca poderia me permitir machucá-la.
Eu estabeleço contato mental com meu Gama e guerreiros e digo a
eles para me encontrarem no estacionamento às 9h da manhã em ponto.
Não sei o que vai acontecer amanhã, mas tenho que manter minha
mente atenta.
Não posso deixá-la atrapalhar meu propósito de estar aqui. Vou
adquirir aquelas terras de uma forma ou de outra. Minha matilha precisa
disso. Finalmente adormeço e tenho um sono agitado, cheio de pesadelos
de infância.
Abrindo meus olhos, noto que ainda está escuro lá fora. Eu saio da
cama e procuro o celular em minhas calças.
Finalmente encontro e verifico a hora: 4 da manhã.
Acho que velhos hábitos não morrem.
Pego algumas roupas de uma das sacolas que trouxe ontem à noite e
entro no banheiro para tomar um banho rápido.
Depois de me arrumar, saio do hotel e vou tomar café da manhã na
lanchonete do outro lado da rua.
Abrindo a porta e entrando, vejo Toby sentado em uma mesa
conversando com a garçonete.
— Bom dia, Alfa, — diz ele quando me aproximo dos dois.
Eu tomo a cadeira vazia no lado oposto da mesa.
— Bom dia, — eu respondo.
A garçonete sorri educadamente ao anotar nossos pedidos e depois vai
embora.
— Dormiu bem? — pergunto.
— Mais ou menos isso, — diz ele, sorrindo. Conhecendo-o, ele
encontrou uma fêmea para passar a noite, mas eu nem quero saber.
Toby e eu éramos inseparáveis no passado.
Nascemos com dois dias de diferença, vinte e oito anos atrás. Fomos
para a escola juntos, treinamos juntos e lutamos lado a lado para nos
defendermos.
As pessoas sempre achavam que éramos irmãos em vez de melhores
amigos.
Ele é a única pessoa que realmente sabe o que meu pai era e a única
que entendeu por que eu tive que matá-lo.
Depois que peguei o título Alfa de meu pai, nos distanciamos. Nada
mais foi o mesmo para mim depois disso.
A garçonete volta com duas xícaras e um bule de café. Depois de nos
servir, ela sai novamente e nos sentamos em silêncio por alguns
momentos antes de ele falar.
— Então, aquela no bar na noite passada era sua companheira? — ele
pergunta, tomando um gole de café.
Eu aceno que sim e passo a mão pelo meu cabelo.
— O que você vai fazer com ela? — ele continua.
— Eu não sei, — eu respondo honestamente.
Toby ainda não encontrou sua companheira. Ele costumava viajar
para diferentes matilhas quando éramos mais jovens.
Ele tentou encontrá-la por muito tempo. Eu me sentia tão mal toda
vez que ele voltava pra casa com aquele olhar desconsolado no rosto.
Depois de um tempo, ele simplesmente desistiu.
Ele olha para o seu café e não diz mais nada.
A garçonete traz nossa comida e comemos em silêncio. Quando
finalmente saímos da lanchonete, é hora de partir para o bando de
Northridge.
Atravessamos a rua de volta e vemos Jay e Damon esperando ao lado
do carro.
No caminho para o território da Matilha de Northridge, só consigo
pensar em uma coisa. Ela.
Capítulo 5
Alexia

Gemendo, eu rolo pro lado e puxo as cobertas sobre minha cabeça


para bloquear a luz do sol que adentra pela minha janela.
Tudo o que aconteceu ontem à noite volta à minha cabeça.
Ele me disse para ficar longe dele. Minha loba choraminga em minha
mente com o pensamento. Devo realmente ter medo dele? Afinal, ele
quebrou a cara de um cara apenas por ser rude comigo. Depois de sair do
trabalho ontem à noite, voltei direto para casa e tive um sono muito
agitado.
Não contei a ninguém além de Gennie que conheci meu companheiro
na noite passada, e a fiz jurar que não contaria a ninguém.
Meu irmão definitivamente não ficará feliz com isso.
Sento-me na cama e olho para o relógio na parede. 7:01 da manhã.
Esfregando os olhos, pego meu telefone da mesa ao lado da cama e
deslizo a tela para desbloqueá-lo.
Chamadas perdidas e mensagens perdidas iluminam o fundo. Abro
minhas mensagens e vejo uma de Adam.
— Não se esqueça do jantar da matilha esta noite.
O texto foi enviado há uma hora. Droga! Esqueci que tenho que
cozinhar para todo o bando e nossos visitantes.
Meu único foco tem sido encontrar meu companheiro.
Ele estará aqui hoje. Embora eu esteja apavorada com as coisas que ele
fez, não posso negar que estou animada para vê-lo novamente, mesmo
que ele não me queira por perto.
Esta é a primeira refeição que vou preparar para o meu companheiro.
O instinto irresistível de cuidar dele é sufocante. O vínculo do
companheiro é real, mas não acho que seja uma cura para tudo.
Tenho certeza de que ninguém quer um companheiro ou
companheira que mate só por esporte.
Não sou um anjo, de forma alguma. Meu irmão me treinou para lutar
quando eu era mais jovem.
Posso me virar sozinha se necessário, claro, mas nunca tive que lutar
por nada além de restos de comida.
Nosso Alfa nos ensinou que lutar para matar é a última opção. Somos
uma matilha pacífica.
Eu tomo um banho rápido e visto um par de leggings e uma camiseta
de banda velha e desço as escadas para a cozinha.
Coloco um bule de café e vou até a geladeira para verificar a lista de
supermercado.
Eu faço a maior parte das compras para a casa da matilha e agora,
estou grata por ter reabastecido os mantimentos na semana passada.
Pego todos os ingredientes para fazer chili e começo a trabalhar.
Depois de uma hora, tenho quatro panelas de chili extragrandes fervendo
no fogão.
— Algo cheira bem, — Adam diz, entrando na cozinha. — O que você
está cozinhando?
— Chili, receita da mamãe, — respondo, sorrindo para mim mesma.
Vou até o armário e pego as coisas para fazer uma torta de morango e
dois bolos de chocolate.
— Onde estão Julie e Linda? — ele pergunta.
— Se eu tivesse que adivinhar, aposto que ainda estão dormindo.
— Você não pediu ajuda a elas? — ele continua.
— Eu prefiro não.
Eu coloco tudo na forma e boto no forno. Agora, só faltam os bolos.
Adam passa a mão no rosto. Posso dizer que ele tem algo em mente e,
pela expressão, não deve ser algo muito bom.
— Não se preocupe, mano. Pare de se estressar, — eu digo,
misturando a massa do bolo.
Ele vira a cabeça e passa a mão pelo cabelo.
— Eu não posso evitar. Eu quero que tudo corra bem. Uma visita de
Southridge não pode ser uma coisa boa. Alfa Stone disse que tinha algo a
ver com questões de território, mas ele nunca quis nada de nós antes.
Estou com um pressentimento muito ruim sobre isso.
Fico em silêncio enquanto coloco a massa do bolo nas formas e boto
no forno junto com a torta.
— Eu que não quero te preocupar com isso. — ele continua. —
Provavelmente não é nada que não possamos resolver.. Alfa Greg quer
que todos sejam cautelosos. Seja cuidadosa. Não conhecemos esses lobos.
Fico quieta, embora minhas mãos estejam tremendo e meu estômago
esteja revirando. Meu irmão merece saber quem é Alfa Stone para mim.
Preciso dizer a ele que estou destinada a ficar com um assassino.
Minha loba interior rosna para mim. Ela não pode suportar que eu
fale mal de seu companheiro. Ela não acha que seu companheiro poderia
fazer algo errado. Abro a boca para revelar tudo, mas ele me interrompe.
— Eles ficam aqui apenas por alguns dias, depois vão embora e a vida
volta ao normal... — Ele para de falar, seus olhos fixados no nada e depois
de alguns momentos ele continua falando.
— Eu tenho que ir. Nosso Alfa acaba de me informar que Alfa Stone
chegou, — ele diz e se vira para sair.
— Adam, espere, — eu digo nervosamente.
Ele me olha com expectativa. E agora ou nunca. Eu engulo em seco e
me preparo.
— Eu conheci meu companheiro ontem à noite, no bar.
Seus olhos se arregalam e seu sorriso se estende de orelha a orelha.
— Mesmo?! Eu disse que você iria encontrá-lo! Eu estou tão feliz por
você!
Ele envolve seus braços em volta de mim e me abraça com força.
— Quem é ele e quando vou conhecê-lo? — ele diz com entusiasmo.
Meu coração quase para e meus nervos se afloram. Fico em silêncio
por um momento antes de continuar.
— Alfa Stone, da Matilha de Southridge.
O rosto de Adam fica branco e posso ver sua mente embaralhando. Eu
posso enxergar o medo em seus olhos. Depois de um minuto, ele
recupera a compostura e fala baixinho.
— Tem certeza? Ele sabe o que você é para ele?
Eu aceno que sim e ele passa a mão no rosto.
— Por que você só me disse agora?! — ele levanta a voz para mim.
Eu olho para os meus pés como uma criança repreendida.
— Ele me disse para ficar longe dele, — eu digo baixinho.
— Bom. Isso é exatamente o que você fará. Não tente fazer nenhum
contato com ele enquanto ele estiver aqui. Eu não vou deixar ele te
machucar, — diz ele.
Minha loba interior rosna baixo com a intenção de defender seu
companheiro e os olhos do meu irmão se arregalam novamente.
— Você não está pensando em aceitá-lo, está? Ele vai te matar!
— Eu não sei, — eu respondo honestamente. — Eu não acho que ele
iria me machucar.
— Você sabe as coisas que ele fez. Como você pode pensar assim? Você
é mais esperta do que isso, Lex. Olha, eu sei que você tem procurado por
seu companheiro há bastante tempo, mas pense direito. Pense no que
você poderia estar se metendo caso fosse procurá-lo.
Eu apenas aceno e Adam suspira.
— Eu tenho que ir. — ele diz. — Pense no que eu te disse.
Ele se vira e sai da cozinha, deixando-me com meus pensamentos.
Pego meu telefone e ligo um pouco de música. A música sempre foi
minha primeira opção quando as coisas ficam difíceis.
A voz de Freddie Mercury explode pelo alto-falante do meu telefone e
eu canto junto com ele enquanto termino de cozinhar.
Eu finalmente termino e volto para o meu quarto com a intenção de
ficar um pouco mais apresentável para a reunião do bando.
Depois de tomar outro banho, coloco uma calça jeans escura e
procuro uma blusa para vestir.
Eu procuro dentre muitas camisetas de banda em meu anuário e
finalmente encontro um suéter cor de vinho que eu acho que ficará bom.
Eu seco meu cabelo e enrolo as pontas antes de aplicar minha
maquiagem. Delineador e um toque de rímel e estou pronta.
Depois de algumas horas, saio do meu quarto para ajudar Gennie a
organizar o jantar hoje à noite no refeitório da matilha.
Difícil parar de pensar no meu companheiro.
Enquanto estou saindo pela porta, não posso deixar de me perguntar
se ele está pensando em mim também.
Capítulo 6
Rainier

Chegamos às fronteiras da Matilha de Northridge e dois lobos


montam guarda na entrada. Eu paro o carro e abro minha janela.
— Você deve ser Alfa Stone, — o lobo mais jovem diz, tremendo
levemente. Ele faz contato visual comigo, em seguida, baixa os olhos
antes de continuar.
— Alfa Greg está esperando por você. Vou avisá-lo que chegou. — Um
minuto depois, estamos sendo escoltados até um prédio cinza com
poucos andares.
Eu saio do veículo e aceno para Toby, Damon e Jay, que então também
saem.
Seguimos o lobo mais novo para dentro do prédio e eu olho ao redor
para todos aqueles equipamentos.
Este deve ser seu centro de treinamento. Eu olho ao redor para ver
alguns lobos reunidos em torno de um lobo muito maior que eu suponho
que seja o Alfa Greg Roberson.
Ele está lutando com outro jovem. O macho se lança em direção a seu
Alfa e é rapidamente girado e envolvido em um estrangulamento. Ele
leva menos de cinco segundos para desistir.
O jovem se levanta e sorri.
— Eu quase te peguei, — ele ri.
— Não nesta vida, — o Alfa ri de volta antes de se dirigir a todos no
prédio.
— Jantar da matilha hoje às 18h. Espero que todos estejam lá para dar
as boas-vindas aos nossos novos convidados, — diz ele. Ele então se
aproxima de mim e estende a mão.
— Alfa Stone, bem-vindo ao meu bando.
— Alfa Roberson, obrigado por nos permitir visitá-lo e nos encontrar
com você. — Eu mantenho meu tom direto e firme. — Eu gostaria de
discutir a expansão de nosso território.
— Entendo. E vamos discutir isso. Mas, já que você está aqui, gostaria
de estender formalmente a você um convite para o jantar de nossa
matilha esta noite. Gostamos de garantir que nossos visitantes sejam
bem recebidos. Então, amanhã, tenho certeza que podemos resolver
tudo.
Parece que ele está tentando ganhar tempo para alguma coisa, mas
por enquanto vou entrar no jogo. Ele sabe porque vim aqui.
Tenho certeza de que ele não é tolo o suficiente para tentar algo
estúpido. Eu poderia com ele e sua matilha inteira em alguns minutos.
Eu aperto sua mão.
— Muito bem. Agradeço o gesto.
Estou apresentando meus lobos quando me viro e vejo outro homem
entrar no prédio. Greg acena para ele vir.
— Alfa Stone, este é meu beta, Adam. Adam, este é Alfa Stone. — Eu o
observo e noto as semelhanças que ele compartilha com minha
companheira. Eles devem ser parentes porque as semelhanças são claras.
Ele não diz nada, apenas rosna e tenta manter o contato visual. Ela
deve ter contado a ele sobre mim.
Eu rosno baixo, não gostando da demonstração de desrespeito. A
única razão pela qual não rasguei sua garganta ainda é porque ele está de
alguma forma relacionado à minha fêmea.
Minha fêmea? Quando diabos eu comecei a reivindicá-la? Outro
rosnado, mais alto desta vez, sai da minha garganta.
Ele desvia o olhar rapidamente e expõe seu pescoço em submissão.
— Alfa Stone, eu me desculpo. Bem-vindo à nossa matilha.
Eu aceno e noto que pelo olhar em seu rosto, ele deve estar
conectando sua mente a seu Alfa agora. Depois de um segundo, Greg fala
novamente.
— Adam vai mostrar onde você vai ficar enquanto estiver aqui. Estou
ansioso por sua companhia esta noite.
Saímos e seguimos o beta para um chalé de dois andares, que presumo
ser a casa da matilha.
Entramos direto em uma cozinha, faço uma pausa e respiro fundo; o
cheiro de orquídea e amoras paira no ar e sei que minha companheira
esteve aqui recentemente.
O cheiro deixa meu lobo selvagem e tenho que lutar para impedi-lo de
assumir o controle completamente.
Se ele assumir, não serei capaz de impedi-lo de encontrá-la e
reivindicá-la.
O vínculo do companheiro está ficando mais forte quanto mais perto
estou dela. Não sei por quanto tempo serei capaz de lutar contra meu
lobo interior.
Eu a vi somente uma vez, mas parece que a queria há anos.
Saímos da cozinha e seguimos o beta até o final de um corredor.
— Aqui estamos, — diz ele. — Venho buscá-los quando for a hora do
jantar. Alfa disse para vocês se sentirem em casa e aproveitarem sua
estadia.
Eu me viro para meus homens e aceno com a cabeça. Cada um deles
pega um quarto e fecha as portas. Eu ando até uma porta e começo a
entrar quando de repente o beta fala baixo.
— Eu não sei porque você está aqui, mas por favor, deixe minha irmã
em paz. Eu não vou deixar você machucá-la.
Eu rosno ameaçadoramente; meu lobo não gosta que lhe digam para
ficar longe de sua companheira.
— E o que você vai fazer se eu não fizer isso, lobo? Lutar comigo? —
Eu pergunto. Eu deixei meu lobo vir à tona em questão de segundos e os
olhos do beta se arregalaram de medo.
— Eu permiti seu desrespeito passar batido mais cedo porque eu sabia
que você estava de alguma forma relacionado a minha companheira. Isso
é algo que normalmente não faço. Você está abusando da sorte comigo,
lobo. Você sabe que de acordo com a lei da matilha eu posso levá-la de
volta comigo se eu quiser, e não haveria nada que você pudesse fazer
sobre isso. — Eu digo a ele, e posso ouvir seu coração batendo
freneticamente dentro do peito.
Eu me viro e entro no quarto antes de perder completamente o
controle e fecho a porta atrás de mim.
Eu controlo meu lobo furioso e observo o quarto grande e simples.
Este bando está sendo extremamente hospitaleiro e não é bem o que
estou acostumado.
Sento-me na cama e penso na conversa que acabei de ter. Eu disse a
verdade ao irmão dela. A lei da matilha afirma que quando um macho
encontra sua fêmea, ela deve retornar à sua matilha.
Essa tem sido a lei muito antes de eu nascer. Eu me deito na cama,
sentindo-me relaxado com a ideia de minha companheira estar tão perto.
Talvez ter uma não seja uma ideia tão ruim. Minha matilha se
beneficiaria muito por ter uma Luna.
O que eu estou pensando? Tenho um trabalho a fazer e prometi a
mim mesmo que não a deixaria ficar no meu caminho.
Se eu não encontrar mais terras em breve, meus lobos ficarão sem teto
ou, pior, morrerão.
Os humanos estão tomando nosso belo território e transformando-o
em cidades caóticas que não são lugares para lobos. Eu tenho que
proteger minha matilha.
Temos uma boa extensão de terra — nosso território cobre o Missouri
e grande parte de Illinois.
Mas, com todo o desmatamento acontecendo, eu tenho que encontrar
outro lugar para meus lobos irem.
Estou perdido em meus pensamentos quando ouço uma batida na
porta.
— Sim? — Eu respondo.
— Alfa, sou eu. Eu preciso falar com você, — Toby diz atrás da porta.
Eu me levanto e abro para ver o que ele quer.
— O que? — Eu pergunto, não me sentindo particularmente falante.
Não que eu seja.
— Meu lobo está inquieto e normalmente não é assim. Eu continuo
captando um cheiro que acredito ser minha companheira. Acho que ela
está aqui nesta matilha. Você me dará permissão para persegui-la se ela
estiver?
Eu olho para ele e aceno com a cabeça.
— Sim.
Ele sorri de orelha a orelha e meu coração amolece um pouco.
— Obrigado, Alfa.
Ele sai e eu fecho a porta atrás dele. Dez minutos depois, há outra
batida. Eu me levanto e abro a porta para ver o irmão da minha
companheira.
— Alfa Stone, estou aqui para escoltá-lo até o jantar da matilha.
Eu rapidamente conecto minha mente aos meus lobos e digo a eles
que é hora do jantar da matilha.
Eles saem de seus quartos e nós o seguimos para outro prédio vizinho.
Parece uma espécie de pequeno local de congregação.
— Este é o refeitório da nossa matilha, — afirma o beta enquanto
entramos.
Assim que entro no prédio, meus olhos imediatamente a encontram.
Ela também me vê; seus lindos olhos esmeralda me olham de forma
calorosa enquanto faço o mesmo com ela.
Ela é mais que linda, definitivamente a mulher mais linda que eu já vi.
Seu longo cabelo de obsidiana cai até a cintura e eu desejo envolver
minhas mãos nele, puxá-la para perto de mim e reivindicá-la aqui para
todos esses lobos verem.
As curvas de seu lindo corpo se encaixariam perfeitamente no meu.
Meu lobo está vindo à tona, pronto para pegar o que é dele. Antes que
eu perceba, estou indo na direção dela. Tento me conter, mas meu corpo
continua se movendo por conta própria.
Eu não consigo lutar contra o vínculo, é muito forte.
Quando a alcanço, ela não tira os olhos dos meus e posso vê-la
tremendo. Meu lobo reivindica o que é dele fazendo com que todos
saibam.
— Minha.
Capítulo 7
Alexia

Estive na sala de jantar da matilha nas últimas horas, limpando e


arrumando tudo. Está quase na hora do jantar e sei que Alfa Stone está
aqui.
Estou muito ansiosa, então respiro fundo para acalmar meu coração
acelerado.
Eu ainda não sei como me sinto sobre isso, mas minha loba
definitivamente sim. Não demorou muito e ela estava caída por ele.
Não vejo meu irmão desde esta manhã e estou um pouco nervosa para
saber se algo aconteceu entre eles.
Meu irmão pode ser superprotetor, mas ele sabe que nunca poderia
enfrentar Alfa Stone.
Isso o mataria e eu sei que ele faria isso por mim, mas eu nunca vou
deixar tal coisa acontecer. Eu nunca vou colocar minha família ou minha
matilha em perigo.
Os membros da minha matilha começam a chegar e eu olho para cima
para ver Gennie caminhando em minha direção.
— Ei, — ela diz, sorrindo. — Tudo está pronto, finalmente. Você está
bem?
Eu dou um sorriso amarelo.
— Só um pouco nervosa.
— Isso era de se esperar, — ela diz, me abraçando. — Se você quiser se
sentar comigo e Adam durante o jantar, venha nos encontrar.
Ela sai e eu vou pegar um copo d'água quando, de repente, os pelos da
minha nuca se arrepiam.
Eu me viro e vejo ele passar pela porta.
Seus olhos travam nos meus e seu olhar carrega claramente sua
intenção. Ele caminha em minha direção, dando passos longos e
assertivos. Ele nunca tira os olhos dos meus quando se aproxima, e eu
fico completamente imóvel.
Ele para na minha frente, tão perto que posso ver meu reflexo em seus
olhos que agora lembram duas ônix.
— Minha, — ele rosna baixo.
Meu corpo fica tenso quando ele me agarra e enterra o nariz no meu
pescoço.
Suas mãos enormes apertam minha cintura com força e ele me cheira
profundamente.
— Minha. — ele diz mais uma vez, correndo o nariz pelo
comprimento do meu pescoço até atrás da minha orelha, fazendo uma
corrente de eletricidade disparar direto para dentro de mim.
Um rosnado estrondoso sai de seu peito quando ele levanta a cabeça e
olha nos meus olhos como se estivesse penetrando o fundo da minha
alma. Estou olhando nos olhos de seu lobo e me sinto em casa.
— É ali nosso lugar, — minha loba me diz.
Faíscas intensas queimam minha pele, em cada lugar onde ele me toca
e um arrepio percorre minha espinha. Sinto sua masculinidade saliente,
grossa e muito ereta pressionada contra meu corpo e minha loba rosna.
— Nosso macho é muito impressionante, — diz ela, e eu não posso
deixar de concordar.
— NÃO TOQUE NELA! — Adam grita, sacudindo-nos do nosso
transe.
Ele agarra o ombro de Stone, e meu companheiro é rápido no reflexo,
agarrando a mão do meu irmão e a inclinando tanto para trás que eu
ouço estalar.
Adam solta um grito agonizante quando meu companheiro o agarra
pela garganta.
— PARE! — Eu grito, mas é como se o Alfa não me ouvisse. Ele aperta
a garganta ainda mais forte e meu irmão engasga. Eu agarro seu braço e
tento novamente.
— Por favor, pare! — Eu imploro.
Seus olhos encontram os meus e eles se suavizam. Ele solta meu irmão
e agarra minha mão.
— Você vai comer comigo. — ele afirma severamente.
Eu olho para o meu irmão, horrorizada.
— Eu não vou! — Eu levanto minha voz. — Você não pode
simplesmente vir aqui e machucar as pessoas como você faz em sua
matilha!
A mágoa aparece em seus olhos, mas com a mesma rapidez é
substituída por apatia.
— É aí que você está errada, pequena loba. Eu posso fazer o que achar
melhor. Na verdade, decidi que vou tomá-la como minha companheira.
Encrenqueira assim, você se transformará em uma Luna forte para
minha matilha. Você vai voltar para casa comigo quando eu partir.
— Não vou porra nenhuma! Você não pode me fazer ir embora com
você! — Eu grito com ele.
Suspiros coletivos podem ser ouvidos ao redor da sala enquanto
minha raiva aumenta.
— Oh, pequena loba, eu posso mandar você fazer o que eu quiser.
Mas, se você quer ir direto ao assunto, a lei da matilha afirma que quando
um homem encontra sua companheira, ela deve retornar à sua matilha,
— ele diz, sorrindo.
Eu olho para meu irmão para ver se o que este Alfa disse é verdade.
Ele não me olha de volta e naquele momento eu sei que meu destino
está nas mãos deste Alfa.
Não consigo pensar agora, não com tudo que acabei de escutar. Eu
corro e abro a porta.
Assim que estou no lado de fora, deixo minha loba assumir. Um
espesso pelo cor de obsidiana brota da minha pele e meu nariz se alonga
em um focinho. Sacudindo meu pelo, eu corro para a floresta.
Quando chego a uma boa distância do refeitório, paro e inalo o ar
fresco e frio da noite.
Sento-me na neve e solto um uivo longo e triste. Minha loba canta sua
bela canção enquanto lamento minhas perdas.
Lamento por meu irmão que não sei se poderei ver novamente.
Lamento pelo impulso destrutivo de meu companheiro, que deveria me
amar incondicionalmente.
À distância, eu ouço um uivo distinto chamando minha loba,
respondendo ao seu chamado triste com outro. Eu posso ouvir a tristeza
no uivo do meu companheiro.
O uivo é tão melancólico quanto o dela e parte meu coração ainda
mais, mas não vou deixá-la ceder a ele.
É aqui que eu defendo minha posição. Eu não terei medo dele. Eu não
me importo com o que ele fez. Se vou viver com ele como sua
companheira, serei forte.
Não vou deixá-lo passar por cima de mim, vou manter minha cabeça
erguida e lidar com isso como lidei com todas as outras merdas que
aconteceram na minha vida.
Com isso, eu corro mais para dentro da floresta para escapar de meus
pensamentos, mesmo que seja por pouco tempo.
Capítulo 8
Rainier

Enquanto ela sai correndo do refeitório da matilha, me viro para ir


atrás dela, mas sou interrompido por Alfa Greg. — É verdade? Alexia é
sua companheira? — ele me pergunta preocupado.
Eu não digo nada, apenas continuo a segui-la porta afora. Porém, ela
não está mais à vista.
Eu não queria assustá-la, mas meu lobo não permitirá que ninguém
nos desrespeite.
Eu tive que colocar aquele beta em seu lugar e se ela não tivesse me
impedido, eu provavelmente o teria matado.
Deixando meu lobo vir à tona, eu me transformo sem esforço. Eu
coloco meu focinho no chão e respiro profundamente.
Rastreio seu cheiro e o sigo até que estou no meio da floresta
congelada. A neve cobre o solo e as árvores, a noite é negra como breu.
Um uivo longo e triste preenche o silêncio da noite e meu lobo levanta
suas orelhas. Parece tão comovente, tão lindo.
A música preenche meu coração com tristeza, meu lobo geme e abaixa
as orelhas contra a cabeça. É ela.
Meu lobo levanta a cabeça para o céu estrelado e responde ao uivo
dela com outro.
Um uivo tão longo, profundo e tão pesaroso quanto o dela. Eu não
quero nada mais do que confortá-la, dizer a ela que eu nunca a
machucaria.
O vento aumenta e eu sinto seu cheiro novamente. Eu sigo seu rastro
até que seu cheiro vai ficando mais forte.
Eu sei que ela está perto, então aumento a velocidade.
Entrando em uma clareira, vejo um pequeno lago. Eu vejo sua loba,
sentada perto da água de costas para mim. Ela deve me sentir porque me
olha por cima do ombro.
Eu me aproximo dela lentamente, não querendo assustá-la.
Quando eu a alcanço, ela se levanta e me encara. Ela é uma bela loba,
seu pelo preto como a noite tem uma mancha em forma de lua crescente
em seu peito. Eu rosno em admiração enquanto cutuco seu lado com
meu focinho. Ela hesita por uma fração de segundo, mas se deita e rola,
expondo sua barriga para mim em submissão.
Eu corro meu focinho para baixo de sua barriga, direto para entre suas
pernas e inalo profundamente.
— Minha, — meu lobo rosna baixinho enquanto dá algumas lambidas
nela. Seu lobo ronrona profundamente, mostrando sua apreciação por
mim.
Alexia pode me afastar o quanto quiser, mas sua loba me quer, isso eu
posso dizer.
Depois de outra inspiração longa, levanto minha cabeça e lambo seu
focinho. Ela se levanta e eu esfrego meu corpo ao lado do dela,
entrelaçando nossos cheiros.
Ouço seu estômago roncar e percebo que ela ainda não jantou. Eu a
cutuco com meu focinho novamente e saio correndo, esperando que ela
me siga.
Eu imediatamente pego o cheiro de uma lebre selvagem e a rastreio.
Quando a encontro, eu ataco, agarrando a lebre com meus dentes.
Mordo com força e ela sucumbe.
Ela me alcança e me observa cuidadosamente enquanto coloco o
animal em suas patas. Meu lobo está tentando provar que pode cuidar
dela, prover para ela. Ela olha para a lebre e de volta para mim, vejo
confusão em seus olhos. Meu lobo bufa, irritado por ela ainda não estar
comendo. Eu dou a volta e a cutuco suavemente.
Ela finalmente aceita minha oferta e começa a comer e não posso
deixar de sentir alívio.
Assim que termina, ela me deixa limpá-la, lambendo o sangue de seu
focinho. Meu lobo está satisfeito por ter fornecido para sua fêmea. Eu a
sigo de volta para a casa da matilha e antes de entrarmos, eu me
transformo de volta para minha antiga forma. Eu estou diante dela, nu,
em toda minha perfeição.
— Transforme-se, — eu exijo. Sem se mover ela não tira os olhos de
mim.
— Transforme-se agora, — eu digo novamente, usando um tom Alfa
firme, sabendo que ela não será capaz de negar. Ela se transforma e eu
vejo sua pele nua. Ela é a mulher mais bonita — seios fartos e redondos
com curvas primorosas.
Ela lambe os lábios nervosamente e eu imediatamente fico duro.
Seus olhos me observam, encarando meu membro ereto, e seus olhos
se arregalam.
— Gosta do que está vendo? — Eu sorrio. Ela cruza os braços sobre o
peito e me encara. Virando-se de costas para mim, ela entra na casa da
matilha. Eu a sigo para dentro e subo as escadas.
— Você deveria ir em frente e arrumar suas coisas. Vou discutir o que
preciso com o seu Alfa esta noite e vamos nos despedir pela manhã, —
digo a ela. Ela levanta o queixo para mim desafiadoramente e acena com
a cabeça. Então desaparece atrás de uma porta que suponho ser o quarto
dela.
Sabendo que ela vai voltar comigo, não estou com humor para ficar
por aqui mais do que o necessário.
Vou para o quarto que foi designado para mim e visto um jeans com
uma camisa preta. Colocando minhas botas, eu saio novamente para
encontrar o Alfa Greg. Volto para o refeitório da matilha, de onde a
maioria dos lobos está saindo agora. Vejo o Alfa conversando com um
grupo de lobos do lado de fora.
Ele me nota imediatamente e acena para mim.
— Alfa Greg, agradeço sua hospitalidade, mas depois dos eventos
desta noite, gostaria de ir em frente e discutir o motivo pelo qual vim até
aqui.
Ele concorda.
— Me siga. — Caminhamos de volta para a casa da matilha e
entramos no que parece ser seu escritório. Ele senta atrás de sua mesa,
mas eu fico de pé, não querendo demorar mais do que preciso.
— Eu não sou de rodeios. Eu quero parte de sua terra para minha
matilha.
Ele responde com rosto impassível:
— Seu território abrange todo o Missouri e Illinois. Por que você
precisaria de alguma das minhas terras? — Eu mantenho meu rosto sério.
— Seu território abrange todo Wisconsin, Iowa e Minnesota. O que
uma pequena matilha como a sua precisa com tanto território?
— Não precisamos de tudo, de fato, mas quero saber por que você
quer parte disso? — ele pergunta novamente.
— Os humanos estão tomando nosso território, — eu respondo. —
Eles estão construindo suas cidades e expulsando meus lobos de suas
casas. Eu quero tirar toda minha matilha do Missouri.
— OK. O que recebemos em troca? — ele me pergunta.
— Ouvi dizer que sua matilha está tendo problemas com bandidos.
Oferecerei a você minha proteção e ajuda em troca de sua terra. — Ele
fica em silêncio por um segundo, então acena com a cabeça.
— Nós não somos como você e seu bando. Somos pacíficos e
geralmente não precisamos de proteção, mas estamos tendo problemas
com bandidos ultimamente. Se você puder cuidar desse problema, eu lhe
darei a quantidade de terra que você precisar. Eu suspiro aliviado, grato
por não ter que causar nenhum dano ao bando da minha companheira.
Ela me odiaria por isso.
O Alfa estende sua mão para mim e eu a pego, solidificando o acordo
que acabamos de fazer.
— Vou deixar os guerreiros que trouxe comigo aqui. Eles vão cuidar
do seu problema. — digo a ele enquanto faço meu caminho para a saída.
— Envie-me um contrato e a escritura da terra. — Ele acena em resposta
e eu me levanto caminhando até a porta, mas ele então fala novamente.
— Cuide dela. Ela é uma boa loba, filha de um beta que já teve muito
respeito nesta matilha. Prometi ao pai dela que ela seria protegida. Agora
eu preciso que você me faça a mesma promessa.
Eu controlo meu lobo, que está chateado porque este Alfa está
questionando sua capacidade de proteger sua companheira. Eu aceno
uma vez e saio do escritório antes de fazer algo do qual possa me
arrepender.
Voltando para o meu quarto, fecho a porta e deito na cama.
Faço um contato mental com Toby, Damon e Jay e digo a todos o que
está acontecendo. Eu caio no sono rapidamente, minha mente cheia de
imagens daquela linda mulher de cabelos escuros.
Durmo em paz pela primeira vez em muitos anos.
Capítulo 9
Alexia

— Aquele é um belo macho, — minha loba diz com admiração


enquanto eu entro em meu quarto e fecho a porta. Ele definitivamente
não tinha vergonha de ser visto nu.
— Por que ele teria vergonha? Você viu o tamanho dele? — minha loba
ronrona animadamente.
Eu reviro meus olhos. Esse macho é incrivelmente irritante.
Sento-me na beira da cama, tentando dar sentido a tudo o que acabou
de acontecer. Em apenas dois dias, toda a minha vida virou
completamente de cabeça para baixo.
Se eu for fazer parte de seu bando, terei que ser mais durona. Eu não
posso mostrar qualquer tipo de fraqueza para sua matilha.
A Deusa da Lua me colocou nessa situação por um motivo. Serei forte
pelo meu irmão, pelo meu bando, por mim mesma.
— Ele nos alimentou. Ele nos sustentou. Ele é um homem forte. Ele vai
cuidar de nós, — minha loba repete na minha cabeça. Não consigo pensar
direito com ela constantemente o elogiando.
— Ele está nos levando para longe de nosso bando, nossa família! —
Tento argumentar, mas ela já está decidida.
Eu me levanto e começo a arrumar o pouco que tenho. Depois de
verificar duas vezes e ter certeza de que peguei tudo que preciso, ouço
uma batida na minha porta.
Abro a porta e vejo Adam parado do outro lado com a cabeça baixa. Eu
jogo meus braços em volta dele e o abraço com força.
Lágrimas correm livremente pelo meu rosto enquanto ele me abraça
de volta.
— Eu sinto muito. Lex. Eu falhei com você. — ele diz com uma voz
derrotada. Eu me afasto e limpo meu rosto.
— Isso não é culpa sua, Adam. Não havia nada que você pudesse ter
feito.
Eu sorrio, tentando fazê-lo se sentir melhor, mas ele ainda não me
olha. Eu seguro seu rosto em minhas mãos e o forço a olhar para mim.
— Eu vou ficar bem. Eu posso cuidar de mim mesma, — digo a ele.
Ele zomba de brincadeira.
— Isso é só porque você teve o melhor beta ensinando tudo o que
você sabe. — Nós rimos mas logo ficamos sérios novamente.
— Se você tiver qualquer problema, você corre, Lex. Você corre o mais
rápido que pode até estar em uma posição segura o suficiente para me
ligar. Eu irei buscar você. Eu sempre estive aqui para você e sempre
estarei.
Eu aceno com a cabeça e uma lágrima solitária escapa pela minha
bochecha.
— Eu te amo, irmãzinha. — Nós rimos mas logo ficamos sérios
novamente.
— Eu também te amo, — eu digo enquanto o abraço novamente.
Ele sai e eu deito de volta na cama e puxo as cobertas sobre minha
cabeça. Isso não é um adeus. Não pode ser.
Exigirei que Alfa Stone deixe ele me visitar. Tenho a sensação de terei
que fazer muitas exigências.
Meu telefone toca e vejo que é Gennie. Nos falamos ao telefone por
mais de duas horas apenas para ela chorar na maior parte do tempo.
Dizemos nosso adeus e estou tão exausta que logo caio em um sono
profundo.
Eu sonho com um lobo e seus olhos são tão negros quanto seu pelo. A
paz que isso me traz tira o caos gerado por meu companheiro.
Uma batida na minha porta me acorda de manhã. Abro meus olhos
brevemente antes de fechá-los mais uma vez.
Outra batida, mais alta desta vez.
— Partimos em uma hora. Eu espero que você esteja pronta, pequena
loba. — Alfa Stone diz atrás da porta fechada.
Sento-me e esfrego meus olhos.
Eu saio da cama e tomo um banho rápido antes de vestir uma legging
e um suéter largo.
Então seco meu cabelo e começo a escovar os dentes quando ouço
outra batida na porta. Abro para ver Alfa Stone de pé com os braços
cruzados sobre o peito largo, seus braços grossos e musculosos cruzados.
Imagens de seu corpo nu passam pela minha mente e eu balanço
minha cabeça para dissipar os pensamentos.
— Preparada? — ele me pergunta.
Eu olho para ele e vou pegar minhas malas. Ele as pega de mim e
acena para que eu vá na frente dele. Desço as escadas e deixo a casa da
minha infância, provavelmente pela última vez.
Eu ando até seu veículo, onde meu irmão espera.
Adam me abraça brevemente e acena com a cabeça, me dizendo para
ser forte sem precisar dizer uma palavra. Alfa Stone abre a porta do
passageiro e eu entro.
Ele coloca minhas malas no bagageiro e se senta no banco do
motorista.
— E quanto ao meu carro? — Eu pergunto, não querendo deixar o
Firebird para trás.
— Meu Gama vai levá-lo de volta para minha matilha.
— E os outros dois lobos que vieram com você? — Pergunto-lhe.
— Eles vão ficar aqui para ajudar seu Alfa a cuidar de alguns
problemas com bandidos.
— Problema com bandido? Eu sabia que tínhamos avistado alguns,
mas não sabia que isso tinha se tornado um problema. Eu não digo nada
enquanto ele me encara intensamente.
Depois de um segundo, ele se inclina para o meu lado, seu rosto
apenas alguns centímetros do meu.
Seus olhos são chamas ardentes, tons de laranja e amarelo girando e
se misturando em uma bela labareda de fogo. Ele inspira, respirando
profundamente. Eu não consigo tirar meus olhos dos dele quando um
grunhido profundo ressoa em seu peito e seus olhos ardentes se tornam
negros como a noite.
Prendo minha respiração, esperando o que quer que esteja prestes a
fazer, quando ele rosna novamente, com raiva desta vez, como se
estivesse lutando com seu lobo interior. Seus olhos finalmente retornam
a linda cor de brasa ardente e ele agarra meu cinto de segurança,
encaixando-o no lugar. Ele liga o carro sem dizer uma palavra e dirige.
Depois de uma hora na estrada, ele para em uma pequena lanchonete.
— O que estamos fazendo?
— Comendo, — ele afirma friamente. Este homem é tão confuso:
quente em um minuto, frio no seguinte. Ele sai e dá a volta para o meu
lado abrindo a porta. Eu suspiro e saio do carro. Seria estúpido irritá-lo
agora.
Colocando a mão nas minhas costas, ele me leva para dentro da
lanchonete.
Sento-me em uma pequena mesa no canto oposto e ele ocupa o lugar
na minha frente. Uma garçonete loira baixinha se aproxima com uma
caneta e um bloco de notas. Seus olhos se arregalam ao ver meu
companheiro enquanto ela se aproxima de nós.
Inclinando-se em direção a ele, ela coloca a mão em seu ombro e lhe
dá um sorriso brilhante.
— O que posso fazer por você, querido? — ela diz docemente, e uma
fúria cega me domina.
— Uma ameaça! Mate-a! — minha loba exige. Um rosnado baixo
ressoa no fundo da minha garganta. A garçonete olha para mim
assustada, mas Alfa Stone me dá um sorriso malicioso, parecendo muito
satisfeito consigo mesmo. Idiota.
— Desculpa — digo tossindo, tentando disfarçar — algo estava preso
na minha garganta.
Que diabos? Nunca fui agressiva com ninguém. Este homem
vexatório está causando desequilíbrio em todos os aspectos da minha
vida.
Ela anota rápido nosso pedido e vai embora, provavelmente pensando
que estou louca. Eu acho que concordo com ela. Eu olho para cima para
vê-lo ainda sorrindo.
— Você pode tirar esse sorriso afetado do rosto ou eu farei isso por
você, — eu digo, aborrecida. Seu sorriso se dissipa rapidamente.
— Cuidado com as palavras quando você fala comigo, pequena loba.
Não vou tolerar desrespeito de você. Só porque você é minha
companheira, não significa que não irei puni-la. Eu ainda sou seu Alfa.
— Você NÃO é meu Alfa! Você me tirou do meu Alfa, lembra? Na
verdade, você me tirou da única família que tenho! — Eu digo,
fumegando.
A veia em sua testa lateja e ele rosna.
A garçonete escolhe o momento perfeito para voltar com nosso
pedido.
— Tivemos uma mudança de planos, — diz ele à garçonete. —
Precisamos disso embrulhado para viagem. — Ele está seriamente
chateado e eu engulo em seco. Maldita seja eu e minha boca grande.
A garçonete embala nossa comida e ele paga a conta. Agarrando meu
braço, ele me puxa para fora da porta da lanchonete e eu tropeço atrás
dele.
Ele abre a porta e eu vou entrar quando sinto sua mão enorme bater
firmemente na minha bunda uma, duas, três vezes.
— Que diabos?! — Eu grito, minha bunda ardendo como se estivesse
pegando fogo.
— Você não vai me desrespeitar novamente. Eu disse que iria puni-la e
farei isso até que você saiba qual é o seu lugar.
Lágrimas enchem meus olhos, mas eu as contenho rapidamente. Eu
não posso acreditar neste homem. Ele está me tratando como uma
criança!
— Você mesmo causou isso, — minha loba diz. — Além disso, isso foi
meio excitante.
Deusa! Até minha loba, minha outra metade, se voltou contra mim.
Eu mantenho minha boca fechada, não quero minha bunda ardendo
novamente. Eu entro no carro e rapidamente coloco meu cinto de
segurança para que ele não tenha uma desculpa para chegar perto de
mim.
Ele entra e liga o carro. As próximas horas passam em completo
silêncio. Ele olha de vez em quando como se fosse dizer algo, mas parece
pensar melhor no assunto.
Ficar presa neste carro com ele está me irritando muito, mas minha
loba está curtindo cada segundo que fica sozinha com ele.
— Estaremos em casa em algumas horas, — diz ele depois de um
tempo. — Antes de chegarmos lá, precisamos repassar algumas regras. —
Eu suspiro pesadamente e reviro meus olhos.
— Sim, senhor, — eu digo enquanto faço uma saudação zombeteira.
Ele agarra minha coxa e aperta, um pouco forte demais para o meu
gosto.
— Não me teste, lobinha. — ele diz, deixando sua mão na minha coxa.
Eu reviro meus olhos novamente e aceno para que ele saiba que estou
ouvindo.
— Em primeiro lugar, você vai me mostrar respeito, especialmente na
frente da minha matilha. Se não, vou puni-la. Em segundo lugar, você
fará tudo o que eu disser.
— E se eu não fizer isso, você vai me punir. Já entendi, — eu digo
sarcasticamente, cruzando os braços sobre o peito.
— Terceiro, você não deve ir a qualquer lugar sem supervisão.
— O quê?! Por que preciso de uma babá?! — Eu digo, não acreditando
no que estou ouvindo.
— Eu tenho meus motivos, lobinha.
— Quer dizer que você me tira da minha matilha, o único lugar que
eu já conheci, para me fazer uma prisioneira em seu bando?
Ele dá outro aperto forte na minha coxa e eu abaixo minha voz.
— Por que? — Eu pergunto.
— Você não é minha prisioneira. Há um propósito para tudo que eu
faço, então seria sábio você me ouvir. Está entendendo?
Eu aceno e encosto minha cabeça contra a janela, me sentindo
exausta. Fechando meus olhos para descansá-los um pouco, cochilo
imaginando o inferno que me espera em minha nova matilha.
Capítulo 10
Rainier

Essa pequena loba está prestes a conseguir o que ela quer.


Ser desbocada assim vai colocá-la em um monte de problemas.
Dar uns tapas na sua bunda redonda era algo que eu esperava não ter
que fazer ainda, mas caramba só isso já me deixa duro.
Eu olho para ela pelo que parece ser a milionésima vez desde que
deixamos sua matilha. Ela está dormindo agora, e eu juro que nunca vi
nada mais bonito. Nenhum sinal de medo ou tristeza permeia seu rosto
e, neste momento, ela parece etérea.
Meu lobo está lutando contra mim para reivindicá-la. Tudo que posso
fazer é impedi-lo de despi-la e tomá-la como um animal selvagem no cio.
Ela está longe de estar pronta para isso.
Depois de chegar ao Missouri, eu pego o longo trecho de estrada de
cascalho que leva à casa de minha matilha. Já no fim da estrada, meus
guardas de plantão baixam a cabeça quando entro.
Tenho milhares de hectares de terra, guardas patrulhando todas as
fronteiras. Eu designei guardas extras recentemente. Os humanos
destruindo nossa terra empurraram os bandidos e delinquentes ainda
mais para perto de nós. Eles até mataram alguns membros da minha
matilha.
Eu falhei com eles assim como falhei com minha mãe.
Eu esfrego meus olhos, tentando me livrar desse pensamento.
Eu tenho que tirar meus lobos que estão no Missouri e deslocar todos
para o norte, então eles estarão seguros. Eu não queria trazer Alexia aqui.
Ela nem tem ideia do perigo que a ronda, mas meu lobo não iria embora
sem ela.
— Não seja fraco. Eu posso e vou protegê-la, — meu lobo rosna para
mim.
Eu paro na frente da casa da matilha e desligo o carro.
— Chegamos, — digo em voz alta, despertando-a assustada. Ela se
senta e observa nosso entorno. Os lobos estão espalhados, alguns
transformados e outros não. Ela respira fundo e sua ansiedade é quase
palpável.
Eu saio do carro e dou a volta para ajudá-la enquanto ela observa a
enorme casa da matilha de quatro andares.
O exterior é em estilo de cabana de madeira, mas o interior é elegante
e moderno.
Pego suas malas e faço um gesto para que ela me siga. Ela me segue
para dentro em silêncio, olhando cada detalhe ao seu redor. Subimos as
escadas até o quarto andar, meu andar.
No caminho, encontro uma das empregadas da matilha carregando
uma pilha de toalhas. Ela abaixa a cabeça e olha para baixo.
— Bem-vindo ao lar. Alfa. Posso pegar alguma coisa para você?
— Na verdade, sim. Venha ao meu escritório mais tarde esta noite e eu
lhe darei uma lista. — Ela abaixa a cabeça e seus olhos se viram para
minha companheira com curiosidade. Ela não fala nada e passa por nós
em silêncio.
Continuando até o meu quarto, abro a porta e a levo para dentro.
Acendendo as luzes, eu a deixo à vontade.
É um quarto enorme com uma suíte principal e paredes cinza escuro.
O preto predomina em quase todo o resto. Um sofá e uma namoradeira
ocupam parte do quarto junto com minha cama king-size que parece
feita especialmente para mim.
Uma das paredes dá lugar a uma porta de vidro deslizante que leva a
uma varanda com vista para as exuberantes florestas verdes do Missouri.
— Seu quarto, eu suponho? — ela me pergunta.
— Sim, todo este andar é meu. Meu escritório também está aqui.
— Não vou dividir o quarto com você, — ela afirma.
— Sim, você irá. Você é minha companheira e futura Luna. Você vai
agir como tal.
— Bem, eu não vou dividir a cama com você. Eu realmente espero que
esses lençóis estejam limpos, — diz ela, bufando.
— Eu fico com o sofá. Os lençóis estão limpos, — eu digo, a irritação
adentrando minhas veias. Ela simplesmente acena com a cabeça, então
eu continuo. — Eu farei uma reunião da matilha na primeira hora da
manhã para que eles saibam quem você é. Amanhã à noite, você será
formalmente apresentada como a nova Luna. Até lá, você precisa ficar
neste quarto.
Sua boca se abre e seus olhos se arregalam de surpresa.
— O quê?! Por que eu tenho que ficar neste quarto? — Ela pergunta,
com tom raivoso.
— Porque eu disse. Eu disse a você que tudo o que faço tem um
propósito. Você não vai me questionar, — eu digo a ela usando meu tom
Alfa.
— Eu te odeio, — diz ela. — Você é apenas um assassino. Um idiota
psicótico que tem prazer em machucar os outros. Já ouvi falar de você.
Eu sei tudo.
Minha cabeça gira com o que ela acabou de me dizer. Porra, ela nem
me conhece ou sequer sabe as razões pelas quais eu faço o que faço.
Estou furioso, tão furioso que não consigo pensar direito. Juro que
nunca ninguém me desrespeitou assim.
Meu lobo não vai tolerar isso, nem mesmo vindo de sua companheira.
Ele é um Alfa e exigimos respeito e obediência total e completa. Eu a
agarro e a empurro contra a parede, prendendo-a com meu corpo.
Passando minha mão por suas costas até chegar em seu cabelo, eu então
a puxo de volta para que ela esteja olhando para mim.
Ela fica surpresa e seus olhos se arregalam de medo. O cheiro de sua
excitação inunda o quarto. Que porra é essa?
— Você tem o hábito de julgar alguém antes de conhecê-lo? — Eu
pergunto a ela, respirando com dificuldade, tentando me controlar.
Ela lambe os lábios e balança a cabeça lentamente.
Meus olhos seguem o rastro de sua língua em seus lábios carnudos e
isso, misturado com o doce aroma de sua excitação, faz meu pau
endurecer dolorosamente em meu jeans.
Eu tenho que dar o fora daqui. Eu a deixo ir e dou alguns passos para
trás.
— Tenho trabalho a fazer. Vou mandar alguém com comida e o que
mais você precisar. Eu volto mais tarde, — eu digo a ela, saindo pela porta
e trancando-a atrás de mim.
Eu preciso controlar a mim e ao meu lobo. Ela é uma mulher irritante,
mas tenho que admitir que o que ela disse doeu. Nunca me importei com
o que os outros pensavam, mas quero que ela me aceite. Se não for por
mim, então que seja pelo meu lobo.
Eu faço meu caminho para o meu escritório e estabeleço contato
mental para meu beta vir me ver. Cinco minutos depois, alguém bate na
minha porta.
— Entre, — eu digo, ríspido, ainda chateado com tudo o que
aconteceu.
Lucas entra na sala e eu faço um gesto para ele se sentar.
— Tudo correu conforme o planejado. Alfa Roberson aceitou minha
proposta. Estaremos transferindo todos de Missouri para Minnesota, —
digo a ele.
— Eu tenho alguns telefonemas a fazer para que a nova casa da
matilha seja construída o mais rápido possível assim que o Alfa enviar a
escritura. Toby e Jay ficaram para trás para cumprir nossa parte do trato.
Ele acena com a cabeça e continua a ouvir.
— Eu também conheci minha companheira enquanto estava lá e a
trouxe comigo. Eu preciso que você marque uma reunião para às oito da
manhã para que eu possa dizer à matilha que encontrei sua Luna. Diga a
eles que esta reunião é obrigatória. Eu também preciso que você marque
um jantar formal para apresentá-la ao bando amanhã à noite.
Seus olhos se arregalam de surpresa mas ele rapidamente disfarça. Ele
já me viu com mulheres antes, mas nunca as deixei ficar por mais tempo
do que uma foda rápida.
— Claro. Alfa. Parabéns por encontrar sua companheira. Teremos
orgulho de ter uma Luna, — ele me diz. Eu apenas concordo.
Assim que o dispenso, outra batida vem à porta.
— Entre, — eu digo, irritado. A empregada de antes entra pela porta e
inclina a cabeça para mim.
— Vim buscar a lista, Alfa.
— Ah sim, eu preciso que você compre algumas coisas que uma
mulher pode precisar. Shampoo, escova de dentes, coisas dessa natureza.
Traga tudo para o meu quarto, — digo a ela, — e peça que uma refeição
seja entregue no meu quarto também.
— Sim. Alfa. — Ela abaixa a cabeça e sai. Eu inclino para trás na minha
cadeira e fecho os olhos, exausto de discutir com aquela mulher teimosa
o dia todo.
Ela provavelmente está procurando uma maneira de sair daquele
quarto, isso se ainda não encontrou uma.
Ela ainda está com medo de mim, mas tenta tanto esconder isso se
fazendo espertinha. Não sei se ela será capaz de superar o fato de que já
matei e provavelmente irei matar novamente. Sua matilha é frouxa, não
precisaram lutar para ter nada. Eu não sou tão ruim quanto meu pai era.
Aquele lobo fez coisas que eu sei que nunca poderia fazer. As coisas
que ele fez com minha mãe e comigo foram desprezíveis.
Eu me sento, não querendo pensar nisso agora. Aprendi que focar no
passado por muito tempo não é bom para ninguém. Minha mente
vagueia de volta para Alexia, dissipando os pensamentos de merda de
antes com facilidade.
Não consigo descrever a sensação de querer estrangulá-la e fodê-la ao
mesmo tempo.
Com esse pensamento, eu me levanto e faço o caminho de volta para
o meu quarto, meu lobo ansioso para vê-la novamente.
Capítulo 11
Alexia

Eu olho em volta pela milionésima vez tentando encontrar uma saída.


Eu não posso acreditar que aquele idiota me trancou em seu quarto.
Finalmente desisto, sabendo que a única saída seria uma longa queda
de uma varanda no quarto andar. Eu deito de volta na cama e suspiro
pesadamente. Eu não queria dizer aquelas coisas odiosas para ele, mesmo
que fossem verdade. Quero dizer, a parte do assassinato é real, mas não a
parte de eu odiá-lo.
A verdade é que eu não poderia odiá-lo, mesmo que quisesse. O
vínculo do companheiro garante que isso não aconteça.
Ele ficou tão na defensiva quando eu disse aquelas coisas. A dor que
ficou gravada em seu rosto quase quebrou meu coração. Quase. Mas a
maneira como ele me empurrou contra a parede me deixou muito
assustada.
Depois de um momento, porém, o medo foi rapidamente substituído
por uma necessidade repentina de ele estar dentro de mim.
Nunca senti a necessidade de ser completamente dominada por
alguém como naquele momento. Eu rolo na cama e inspiro
profundamente, sentindo o cheiro dos lençóis limpos. Mesmo que
tenham sido lavados há poucos dias, ainda posso sentir seu cheiro de
chuva fresca e pinheiro profundamente marcado neles.
Eu respiro fundo algumas vezes, o cheiro do meu companheiro é
como um toque calmante na minha alma. Eu fico ali por um tempo e
quase caio no sono antes de ouvir a porta sendo destrancada. Fecho os
olhos e não me movo, esperando que ele pense que estou dormindo.
Eu o ouço entrar e ir para o banheiro. Alguns momentos depois, ouço
o chuveiro ligar.
Depois de um tempo, o chuveiro é desligado e eu o ouço sair e abrir
sua cômoda. Abrindo um olho, tento dar uma espiada nele. Ele está com
uma toalha pendurada na cintura e ainda parcialmente molhado. Ele
pega um short e deixa cair a toalha. Estou quase tão atordoada quanto na
primeira vez que o vi nu.
— Ah, minha Deusa do céu! — minha loba ronrona.
Meus olhos percorrem rapidamente seu corpo, tentando assimilar o
máximo que posso. Este homem tem o corpo de Adônis, seu abdômen
espesso se transformando em um V. Meus olhos vão mais para baixo e
seu membro muito grande e muito ereto se contrai como se pudesse
sentir meus olhos nele e meus lábios se abrindo.
Ele puxa o short rapidamente e vira de costas para mim.
Eu seguro meu suspiro ao ver suas costas, uma dor imensa ressoando
em minha alma. Cicatrizes longas e profundas marcam suas costas.
Minha loba choraminga e não consigo imaginar a dor que ele deve ter
suportado enquanto isso estava sendo infligido.
Há uma vida inteira de sofrimento marcada permanentemente em
suas costas.
Ele pega uma camisa e a veste no momento em que escuta uma batida
na porta. Eu não me movo, ainda fingindo estar dormindo. Eu o ouço
trocar algumas palavras com alguém antes de fechar a porta e caminhar
até onde estou deitada.
— Eu sei que você está acordada, lobinha.
Eu fico paralisada, me perguntando se ele sabia que eu estava
acordada o tempo inteiro.
— Você não comeu a comida que pedimos na lanchonete. Eu trouxe
uma refeição para você, — ele diz, segurando um prato.
Meu estômago ronca alto com a menção de comida, então eu me
sento e pego o prato dele.
— Você vai comer? — Pergunto-lhe.
— Mais tarde. Você precisa comer.
Dou de ombros, pego um pedaço de presunto cru e coloco na boca.
Ele me observa atentamente enquanto como.
— Ele está com fome também, sua tola, deixe-o comer, — minha loba
rosna para mim.
Eu bufo e reviro os olhos, estendendo o prato para ele.
— Já estou cheia. Toma aqui, você pode comer o resto, — digo a ele,
embora ainda esteja com fome.
Ele suspeita da minha súbita oferta, mas eventualmente pega o prato e
termina a refeição em algumas mordidas.
— Você deveria dormir um pouco. Amanhã vai ser um dia agitado, —
diz ele, raspando o prato.
— O que exatamente vai acontecer amanhã?
— Amanhã à noite, você será formalmente apresentada como a Luna
da minha matilha, — ele me diz, levantando-se e apagando as luzes.
— E se eles não gostarem de mim? — eu pergunto, a ansiedade
revirando meu estômago.
— Eles não têm escolha. Eu decido o que é melhor para esta matilha.
Agora durma um pouco.
Ele se deita no sofá e eu mal consigo ver sua enorme silhueta na
escuridão. Seu corpo ocupa todo o sofá e mais um pouco.
— Você deveria deixá-lo dormir aqui conosco. Ele está desconfortável, —
minha loba me diz. Eu reviro meus olhos e deito na cama. Por que eu
deveria me importar se ele está confortável? Ele não me deixou nada
confortável, mantendo-me trancada em seu quarto como se eu fosse uma
prisioneira.
Ainda tenho tantas perguntas que quero fazer a ele, mas minha mente
continua pensando naquelas cicatrizes.
Que tipo de monstro poderia infligir esse tipo de ferida em alguém? O
que ele poderia ter feito para merecer isso?
Eu eventualmente ouço sua respiração se aprofundar e fecho meus
olhos, caindo em um sono profundo sem sonhos.
Na manhã seguinte, a luz brilhante do sol entrando no quarto me faz
abrir os olhos. Checando em volta, noto que estou sozinha. Eu olho para
a mesa ao lado da cama, onde um prato cheio de panquecas e bacon está
junto com uma xícara de café ainda fumegante. Há uma nota deixada ao
lado dela.
Volto para buscá-la esta noite. Esteja pronta. — R. S.
— Que charmoso, — eu digo, em tom sarcástico. Eu me levanto, vou
até a porta e tento abrir a maçaneta. Trancada novamente, é claro. Acho
É
que vou ficar presa nesse quarto pelo resto do dia. É melhor me
conformar com isso.
Pego o prato e a xícara de café e vou para a varanda. Sento-me do lado
de fora e tomo meu café da manhã com o sol quente em minha pele.
Tenho saudades da minha casa, mas tenho que admitir que este lugar
é lindo. Minha loba está ansiosa para correr e explorar o novo território,
perguntarei ao meu companheiro se podemos sair depois de encontrar
sua matilha esta noite.
Um pouco depois, ouço uma batida na porta e, em seguida, alguém a
destranca.
Volto para dentro do quarto e vejo a mulher que encontramos nas
escadas ontem passando pela porta. A julgar pela conversa deles, ela deve
ser uma empregada doméstica. Minha loba rosna alto, enviando uma
mensagem clara. Ela não gosta que essa mulher esteja no quarto de seu
homem.
Seus olhos se arregalam de medo e ela rapidamente abaixa a cabeça.
— Bom dia, Luna. Alfa me pediu para trazer algumas coisas que você
possa precisar.
Luna? Meu companheiro obviamente já informou sua matilha sobre
mim. Eu pego as sacolas de seus braços e checo o que tem dentro.
Realmente vou precisar de desodorante, escova de dentes e mais alguns
produtos de higiene pessoal. Eu olho para cima e a vejo segurando um
outro pacote.
— Alfa solicitou que você usasse isso hoje à noite, — diz ela, sem me
olhar nos olhos.
Eu observo o pacote com atenção antes de abri-lo. É um lindo vestido
branco. Eu fico admirando o vestido, pasma, até lembrar que a mulher
ainda está parada na minha frente.
— Obrigada, — eu digo, disfarçando.
— Claro, Luna. — Ela balança a cabeça e sai do quarto rapidamente,
trancando a porta atrás dela. Eu olho para o vestido em minhas mãos
novamente e o coloco na cama. Por que ele me compraria um vestido?
Ele provavelmente pensa que não posso me vestir sozinha para um
evento formal. Quer dizer, eu realmente quero mesmo ser uma Luna?
— Eu quero, — minha loba rosna para mim. Revirando os olhos, vou
para o banheiro. Depois de um banho longo e quente, começo a me
animar. Eu seco meu cabelo e enrolo as pontas, deixando-os soltos pelas
minhas costas.
Escolho um look mais natural, apenas um delineado gatinho e um
toque de rímel.
Eu coloco o vestido e devo dizer que me vestiu muito bem. A parte
superior do vestido se ajusta perfeitamente, a frente caindo para baixo, a
parte inferior fluindo lindamente até os meus pés. É simples, mas
elegante.
Isso está muito longe de minhas camisetas de banda habituais, mas
quem está na chuva, é pra... sabe?
Estou olhando para meu reflexo no espelho do banheiro, quando a
porta se abre. Alfa Stone entra e para no meio do caminho, seus olhos
vagando lentamente pelo meu corpo até que param no meu rosto. Parece
que ele estava avaliando.
— Alfa Stone, — digo.
Ele rosna com um certo prazer enquanto seus olhos me olham
novamente e ele dá mais alguns passos até que fica bem atrás de mim.
— Alfa Stone? — eu digo novamente.
Ele agarra minha cintura e me gira tão rapidamente que fico tonta. Eu
sinto seu lobo lutando pelo controle enquanto ele abaixa a cabeça e
enterra o nariz no meu pescoço.
Ele cheira profundamente e eu o sinto endurecer através do tecido
fino do short que está vestindo.
O calor inunda meu corpo e tenho que colocar minhas mãos em seu
peito para me equilibrar.
Ele agarra minha cintura com força, seus dedos longos e grossos
cavando em minha pele. Faíscas parecem sair de todos os lugares que ele
me toca e meu corpo se contrai.
Ele me pressiona uma vez, seu membro duro empurrando minha
barriga, e meu corpo roça contra sua dureza por conta própria.
Ele libera um gemido profundo que vibra por todo o meu corpo e
meus dedos do pé se curvam. Sinto seus dentes na pele sensível do meu
pescoço e então paraliso. Ele deve ter notado porque me solta e dá alguns
passos para trás.
Ele ajeita seu short e esfrega sua nuca.
— Desculpe, estou tendo dificuldade em controlar meu lobo perto de
você, — ele me diz.
Eu não digo nada, apenas olho para qualquer lugar evitando olhar pra
ele.
— Então — ele pigarreia — espero que goste do seu vestido. Eu
mesmo escolhi.
— Eu gostei, — digo, balançando a cabeça. — Obrigada, Alfa Stone.
— Você pode me chamar pelo meu primeiro nome, sabe? Você é
minha companheira. — Ele sorri um sorrisinho sexy que faz meus dedos
do pé se curvarem novamente.
— Obrigado, pelo vestido. Rainier. É lindo. — eu digo honestamente,
e ele sorri de novo, uma covinha profunda marcando uma de suas
bochechas.
Droga, eu realmente poderia me acostumar com esse sorriso.
— Deixe-me tomar um banho rápido antes de sairmos, — diz ele. —
Estava treinando alguns dos meus lobos mais jovens hoje. — Eu
concordo, saindo do banheiro rapidamente. Procuro em minhas bolsas
um par de sapatos.
Não gosto muito de coisas chiques e com babados, então opto por
deixar essa roupa mais ao meu estilo.
Puxando meus tênis All Star Chuck Taylor, sento na cama e começo a
amarrá-los.
Ele termina de tomar banho e sai com uma toalha enrolada na
cintura. Enquanto ele está tirando as roupas do armário, meus olhos
fixam em suas costas machucadas e não consigo segurar as palavras que
saem da minha boca em seguida.
— Quem fez isso com você? — eu sussurro.
Seu corpo fica tenso e ele fica parado. Tudo fica em silêncio até que ele
fala novamente.
— Você se lembra de como você me chamou de monstro? — ele range
os dentes e eu estremeço, sentindo uma pontada de culpa no estômago.
— Isso é o que um monstro de verdade faz, — diz ele com raiva.
Pegando suas roupas, ele volta para o banheiro e fecha a porta.
— Você não pode ver que ele está sofrendo? Dê uma folga para ele, —
minha loba me repreende enquanto eu fico olhando para ele. Ele volta
alguns minutos depois usando um jeans escuro e uma camisa de manga
comprida preta.
Ele ainda parece chateado e nem mesmo olha para mim.
— Vamos acabar com isso, — diz ele friamente. — Minha matilha está
animada para conhecer sua Luna, que nem mesmo quer estar aqui.
Outra pontada de culpa assola meu estômago e começo a me
desculpar, mas em vez disso, mantenho minha boca fechada. Eu me
levanto e o sigo porta afora, esperando que um dia minha vida faça
sentido para mim.
Capítulo 12
Rainier

Hoje tudo correu bem, tão bem que eu sabia que não iria durar muito.
Dava para notar o desgosto em seu rosto quando ela viu minhas
costas, não que eu estivesse tentando esconder. Ela as teria visto mais
cedo ou mais tarde. As cicatrizes que meu pai deixou para trás são
horríveis, então não posso dizer que não esperava essa reação. Não tenho
vergonha delas porque me xinguei. Aquele merda nunca vai machucar
outra alma.
Eu desço as escadas com ela me seguindo logo atrás. Percebo que ela
quer dizer algo, mas espero que não diga.
Não preciso que ela me julgue e definitivamente não quero sua pena.
Eu vou até o local onde minha matilha organizou a recepção. O cheiro de
churrasco preenche o ar e o som das conversas e risadas chega aos meus
ouvidos.
Eu faço um gesto para que ela me siga, levando-a para a frente da
matilha. Estou tentando ao máximo me concentrar no agora e não ficar
no passado.
Minha matilha fica em silêncio com a nossa entrada, todos os olhos
voltados exclusivamente para sua Luna. Chegamos à frente e posso ouvir
o coração de Alexia batendo de forma acelerada em seu peito.
Dou um pequeno aperto em sua mão e ela fica tensa no início, mas
depois de alguns segundos, ela relaxa.
— Obrigado a todos por terem vindo, — eu me dirijo ao meu bando.
— Como vocês sabem, eu encontrei minha companheira enquanto
visitava a Matilha de Northridge.
As felicitações e aplausos da minha matilha me enchem de orgulho.
Eu puxo Alexia para que ela fique na minha frente.
— Esta é Alexia Moon, sua Luna.
Os lobos fazem ainda mais barulho, a excitação preenche o clima
quente da noite. Ela dá um pequeno aceno e se coloca ao meu lado como
se isso fosse protegê-la de todos os olhares curiosos. Eu levanto minha
mão para silenciar meus lobos.
— Todos vocês terão a chance de conhecê-la depois, mas por agora
vamos comer.
Eu pego a mão da minha mulher e a levo para uma enorme mesa cheia
de comida. Todos os tipos de carnes e vegetais são servidos e ouço seu
estômago roncar. É costume o Alfa comer primeiro, então minha matilha
se alinha atrás de mim.
Pego dois pratos e os encho com costelas bovinas e carne de porco
desfiada. Ela me segue até a mesa do Alfa e eu coloco os pratos na mesa.
Puxando sua cadeira, faço um gesto para que ela se sente.
Eu me acomodo na cabeceira da mesa e ela do meu lado direito. Pego
uma garfada de carne de porco desfiada e levo até sua boca. Eu olho ao
redor e percebo que minha matilha parece genuinamente chocada.
Ela hesita por uma fração de segundo, seus olhos cheios de incerteza,
mas ela finalmente dá a mordida. Eu rosno, grato por não ter que
envergonhá-la na frente do bando batendo em sua bunda.
A conversa aumenta ao nosso redor novamente e todos começam a
comer. Jantamos em silêncio até que ela descansa o garfo e pigarreia.
— Eu não queria te chatear mais cedo, — ela sussurra enquanto estou
terminando meu prato. Eu apenas aceno com a cabeça, não querendo
tocar nesse assunto aqui.
Ela entende a dica, sem dizer mais nada. Quase me sinto mal por
censurá-la, mas não é isso que ela está fazendo comigo?
Depois que terminamos de comer, passamos as próximas horas
deixando os membros de nossa matilha se apresentarem a ela. Ela parece
genuinamente feliz pela primeira vez desde que chegou aqui.
Ela se encaixa muito bem com meus lobos.
Eu me afasto para deixá-la conhecer a todos, e não posso deixar de
admirar o quão bonita ela é.
Seu sorriso ilumina seu rosto e seus olhos fazem a lua cheia parecer
feia. Nunca vi nada mais lindo do que aquele sorriso. Porra, eu sabia que
isso ia acontecer. Ela não pode sair sozinha, não com todos os malandros
vagando por aí, e eu duvido que vá aceitar isso, mas não vou deixar nada
acontecer com ela.
A noite finalmente está acabando e muitos da matilha foram para
casa. Estou perdido em pensamentos, absorvendo cada pedacinho dela
enquanto posso, quando ela se vira e fala comigo.
— Alfa Stone?
Eu aceno para ela para que ela saiba que estou ouvindo.
— Posso correr hoje à noite? Eu realmente preciso deixar minha loba
sair, — ela diz nervosamente. Ela esfrega as mãos e me olha com
esperança.
Porra, eu sabia que isso ia acontecer. Ela não pode sair sozinha, não
com todos os malandros vagando por aí, e eu duvido que vá aceitar isso,
mas não vou deixar nada acontecer com ela.
— Você pode, — eu digo a ela, e ela suspira de alívio.
— Com uma condição. Eu vou com você.
— Por que? Eu disse que não preciso de uma babá, — ela diz,
estreitando os olhos.
— Há coisas perigosas nesta floresta. Coisas que não hesitarão em
rasgar sua garganta. Ou eu vou com você ou você não vai. Ponto final. —
eu digo em meu tom Alfa.
— Tudo bem, — diz ela, revirando os olhos.
— Cuidado como você fala, pequena loba ou vou pintar sua bunda de
vermelho. Agora, eu sugiro que você seja uma boa menina. — Seus cílios
se arregalam e suas bochechas ficam em um tom profundo de rosa. Ela
fica em silêncio, o que provavelmente é a melhor ideia que ela já teve.
— Vamos, — digo, e ela me segue rapidamente, tentando acompanhar
meus passos largos.
Eu a levo até o começo da floresta, onde campos abertos encontram
uma linha de árvores densas e suntuosas. Eu começo a tirar minhas
roupas para me transformar e minha pequena fêmea me encara
profundamente.
Ela pode me negar tudo o que ela quiser, mas não a maneira como seu
corpo responde ao meu.
Eu chamo meu lobo e ele vem mais rápido do que nunca. Ele vai
direto até ela e começa a cheirá-la, inalando-a profundamente. Ele lambe
suas bochechas algumas vezes e se deita aos seus pés ansioso para ver sua
companheira.
Ele pode ser mortal para qualquer outro lobo, mas ele morreria por
ela.
Ela vacila, parecendo pesar os prós e os contras e quase acho que ela
vai desistir. Meu lobo choraminga e isso parece convencê-la. Ela tira a
roupa rapidamente e se transforma sem esforço, um pelo grosso de ônix
aparece, substituindo o que era sua pele.
Seu lobo é impressionante, incrível.
Ela lambe meu focinho e nos revezamos esfregando nossos corpos um
contra o outro, compartilhando nossos cheiros. Eu mordo seu pescoço
suavemente, sem machucá-la, apenas o suficiente para que ela saiba
quem eu sou. Ela oferece o pescoço para mim, em seguida, me belisca de
brincadeira.
Ela foge, e meu lobo não consegue resistir à perseguição. Eu corro
atrás dela, mordendo sua cauda.
Ela corre para o meio da floresta, pulando sobre árvores caídas com
graça, mas ela não é páreo para mim. Eu pulo sobre ela e rolamos vários
metros, beliscando levemente um ao outro.
Ela se levanta, sabendo que foi pega, e levanta o rabo para o meu lobo.
Ele imediatamente a monta.
Eu me afasto, desejando que ele pare, mas é tarde demais. Ele afunda
os dentes profundamente em seu pescoço, reivindicando-a como sua.
Eu sinto o vínculo de companheiro se aprofundar ainda mais, alguma
parte oculta do meu coração se mostra, uma parte que eu pensei que não
existia.
Depois que ele finalmente está saciado, ele a solta e eu me transformo
instantaneamente. Ela faz o mesmo e começa a voltar por onde viemos.
— Alexia, — eu grito para ela, mas ela me ignora.
Eu a sigo, sem saber o que dizer. Eu não pude pará-lo. Sua loba o
convidou totalmente, e ele viu sua chance e aproveitou. Finalmente
conseguimos voltar e ela começou a se vestir rapidamente. Eu começo a
dizer algo, qualquer coisa, mas meu beta nos interrompe antes que eu
tenha a chance de terminar.
Eu rosno alto, não gostando de outro homem perto da minha mulher
enquanto ela ainda está seminua.
— Alfa Stone. sinto muito incomodá-lo, — diz ele, sem fôlego. Eu fico
na frente da minha mulher e ele continua com seus olhos fixos em mim.
— Um bandido foi pego a alguns quilômetros da fronteira sul. Ele
passou pelos primeiros guardas de alguma forma e atacou uma de nossas
mulheres. Nós o colocamos em uma das celas.
— Por que você não fez contato mental comigo? — eu grito. Estou
muito puto, por não ter sido informado dessa merda imediatamente.
— Sinto muito. Alfa. Eu tentei, porém não consegui.
Tenho certeza de que a culpa está evidente no meu rosto quando
penso no que estava fazendo quando isso aconteceu.
— A garota, ela está viva? — eu pergunto a ele em voz baixa. Ele
balança a cabeça de um lado para o outro lentamente.
Eu tremo de raiva, meu lobo e eu irritados por não termos protegido
outro membro da matilha.
Eu uivo, meu corpo vibrando de pura fúria. Eu tento ficar calmo pelo
bem da minha mulher, mas não há como me conter agora. Este bandido
vai morrer esta noite pelas minhas mãos. Vou arrancar sua garganta e
terei grande alegria com isso.
Eu olho para ela e não acredito no que vejo. Esperava ver uma mulher
acuada pelo medo, mas ela permanece imóvel, completamente silenciosa.
— Certifique-se de que sua Luna volte para o meu quarto em
segurança, — digo a ele, e ele acena com a cabeça.
— Claro, Alfa. — Eu me viro e vou para as celas da matilha. Caralho,
essa vai ser uma noite longa.
Capítulo 13
Alexia

Não vou voltar para o quarto dele agora de jeito nenhum.


A dor profunda que emana dos olhos de Rainier pela morte de um
membro da matilha é o suficiente para colocar meus sentimentos sobre o
que aconteceu antes em espera.
Minha loba choraminga e eu sinto uma leve dor no peito enquanto ela
rosna novamente, a fúria irradiando de seu corpo. O beta vem até minha
frente e fala, mas meus olhos estão grudados nas costas de Rainier
enquanto ele sai.
— Deixe-me levá-la de volta para o seu quarto, Luna, — Lucas diz.
— Nosso macho precisa de nós, — minha loba me encoraja.
— Eu tenho que ir com ele, — eu digo e corro para alcançar meu
companheiro.
— Eu quero ir com você, — digo a ele enquanto o alcanço.
— Volte para o nosso quarto, agora, — ele rosna baixo. — Você está
muito fraca.
— Fraca? Eu sou sua Luna e aquela fêmea fazia parte da minha
matilha também. Eu quero estar lá.
— Você não é oficialmente Luna até que estejamos totalmente
acasalados e você mostre minha marca em sua pele, — ele afirma
friamente.
— Como você chama o que seu lobo acabou de fazer comigo? — eu
digo, ficando sem fôlego tentando acompanhá-lo.
— Meu lobo marcou o seu. Não estamos totalmente acasalados até
que sua pele ostente minha marca, o que você parece totalmente
decidida a não deixar acontecer.
Outra pontada de dor atinge meu peito e eu esfrego o local, tentando
aliviá-la.
— Eu quero ir, por favor, — eu digo. Ele não diz nada mas também
não me impede, então eu continuo a segui-lo.
Chegamos a um prédio perto da fronteira da matilha e meus olhos
percebem a condição degradada dele.
É de tijolo maciço, quase escondido por hera e outras folhagens.
Dois guardas estão do lado de fora de uma porta de metal que leva ao
prédio. Eles baixam a cabeça quando nos aproximamos e abrem a porta
para nos deixar entrar. Caminhamos por um corredor escuro e descemos
algumas escadas, tochas mal iluminadas estão colocadas ao longo do
caminho.
Um arrepio percorre minha espinha e eu instintivamente me
aproximo do meu companheiro.
O cheiro de carne podre invade meu nariz quando chegamos ao final e
tenho que conter a bile que ameaça sair do meu estômago. Virando o
corredor, vejo várias celas pequenas fechadas com barras de prata. Uma
risada psicótica preenche o espaço, eu paraliso e o som que ecoa faz os
cabelos na minha nuca se arrepiarem.
Rainier vai direto para a cela mais distante, a fúria comanda cada
movimento seu.
— Quem diabos é você? — ele exige.
— Então, quer dizer que esta é a sua Luna, Alfa Stone? — diz uma voz
seca e enrouquecida vinda de dentro da cela. — Ela tem um cheiro
delicioso.
Meu coração quase para e minha garganta aperta, restringindo minha
respiração.
Rainier rosna alto, o som retumbando no fundo de seu peito. Ele
destranca a cela e puxa o bandido para fora. Ele cai no chão de concreto,
seu corpo nu sujo e crivado de cicatrizes.
Seus olhos me encontram, e ele sorri, um sorriso sádico e cheio de
dentes que se espalha por todo o seu rosto.
— Ele vai comê-la, pequena loba, — ele diz. cantarolando.
Rainier se abaixa e o agarra pelo pescoço.
— Que merda que você está falando? — ele grita e o bandido ri
friamente.
— Meu líder está vindo para levar tudo o que por direito pertence a
ele, incluindo aquela vadiazinha, — diz ele, olhando para mim e
rosnando.
— Quem é o seu líder? — Rainier rosna baixinho, seus dedos
apertando a garganta do homem ainda mais forte.
— Você não sabe nada sobre sua família, lobo? — Ele ri de novo ao
mesmo tempo que tenta recuperar o ar, com os olhos saltando das
órbitas.
As unhas de Rainier se alongam em garras longas e afiadas. Ele segura
o bandido no lugar com uma mão e a outra mergulha direto em seu
peito.
O sangue encharca o chão e o cheiro metálico quase encobre o cheiro
rançoso e podre da cela. Quase não consigo acreditar no que estou
assistindo enquanto ele puxa a mão de volta, o coração do bandido ainda
batendo em seu punho.
O corpo dele desfalece e Rainier o joga no chão junto com o coração.
O sangue está espalhado por todo o rosto do meu companheiro,
fazendo-o parecer um guerreiro e eu nunca vi nada mais bonito, mas ao
mesmo tempo assustador. Ele vem até mim e agarra minha mão, me
puxando para seu lado. Eu fico em silêncio durante todo o caminho de
volta para a casa da matilha e até seu quarto.
Quando chegamos em seu quarto, ele vai direto para o banheiro e eu
ouço o chuveiro ligar.
Eu queria ficar enojada com o que acabei de ver. A imagem dele
segurando um coração ainda batendo passa pela minha mente, mas não
me afeta como eu pensei que faria.
O bandido havia matado um dos membros de sua matilha. A justiça
foi feita no que me diz respeito, mas estou curiosa para saber o que o
bandido disse.
Ele sai do chuveiro e veste uma cueca boxer. Ainda estou parada
enquanto ele apaga as luzes e se deita no sofá.
— Rainier?
— O que? — ele responde de volta.
— O que aquele bandido quis dizer? Sobre seu líder vir tomar o que é
seu por direito? — eu pergunto com cuidado.
— Não sei. Agora durma um pouco, — diz ele asperamente. Eu
rapidamente troco minhas roupas por uma de suas camisetas antes de
subir na cama. Depois de alguns segundos, decido tentar a sorte.
— Por que ele perguntou se você não sabia nada sobre sua família?
Ele não responde e eu quase acho que ele adormeceu quando ele
rosna baixo em sua garganta.
— Minha família está morta, — ele rosna, e isso é tudo que preciso
ouvir para calar a boca. — Durma um pouco. Faremos uma visita à
família do falecido na primeira hora da manhã, — diz ele friamente.
Fico deitada em silêncio, tentando encaixar as peças de um quebra-
cabeça que não se encaixam. Sempre ouvi que ele era um assassino
sádico, mas a maneira como ele cuida de sua matilha parece indicar o
contrário. Ele estava realmente chateado com a morte de um membro da
sua matilha esta noite. Ele se preocupa profundamente com eles, disso
não posso duvidar.
Eu fecho meus olhos e depois de algumas horas, caio em um sono
profundo.
Um barulho me acorda durante a noite. Sento-me na cama e olho em
volta, apurando os ouvidos para ouvir de novo. Rainier grunhe e se
contorce no sofá, sons quase inaudíveis saindo de sua boca.
— Não, não, não, por favor, — ele choraminga. — Não a machuque de
novo.
De quem ele está falando? Ele parece tão vulnerável, tão fraco, nada
parecido com o que ele é normalmente. Eu fico em silêncio e imóvel,
meu coração palpitando enquanto ele grita.
— Ele precisa de nós, — minha loba me diz. — Vá até ele. — Eu me
levanto e caminho lentamente em direção ao sofá. Descendo, eu passo
meus dedos ao longo de sua testa e pela sua bochecha mal barbeada,
tentando suavizar a tensão de seu rosto.
Ele se acalma até eu tirar minha mão e ele logo fica tenso novamente.
Sento-me ao lado do sofá e passo os dedos por seus cabelos. Ele relaxa
mais uma vez e sua respiração fica mais regular. Deito minha cabeça ao
lado da dele com meus dedos ainda em seus cabelos, sentindo o conforto
de estar perto de meu companheiro.
Eu fecho meus olhos para descansá-los por um momento, e antes que
eu perceba, o cheiro de chuva fresca e pinheiro me embala em um sono
profundo.
*
Na manhã seguinte, eu esfrego meus olhos enquanto o som da chuva
enche meus ouvidos. Sinto grandes braços em volta de mim e enterro
meu nariz profundamente no cheiro quente de pinheiro.
Acho que nunca me senti tão confortável.
Uma luz brilhante cruza o quarto e o som alto de um trovão, me
acorda completamente. Eu olho e vejo que estou deitada em cima de
Rainier. Tento me levantar antes que ele saiba que estou aqui, mas seus
braços grossos me apertam.
É neste momento que eu sinto seu membro endurecer contra minha
coxa e, minha Deusa, é enorme.
Eu me movo levemente e ele lateja embaixo de mim.
— Continue se contorcendo assim, lobinha, e veja o que acontece, —
ele diz sonolento, e eu olho para cima novamente e vejo o sorriso mais
sexy curvando seus lábios.
Eu aperto minhas coxas com força, tentando aliviar a necessidade
repentina dentro de mim.
Ele rosna baixinho, o som vibrando por todo o meu ser, e ele inala
profundamente, minha excitação permeando o ar que nos rodeia. Ele
agarra a parte de trás das minhas coxas e me vira de costas.
Seus olhos encaram os meus antes de viajar pelo resto do meu corpo,
arrepios explodindo onde quer que seus olhos me toquem.
— Você é a mulher mais linda que eu já vi, — ele diz suavemente,
quase para si mesmo.
Ele abaixa a cabeça no meu pescoço, e sinto seus caninos se
alongarem contra a minha garganta. Ele morde levemente, sem romper a
pele, e não posso evitar o pequeno gemido que me escapa.
Apoiando-se com uma mão, ele segue com a outra pela minha cintura,
seu polegar roçando a parte inferior do meu seio enquanto beija minha
mandíbula e meu pescoço.
— Você tem um gosto tão bom. — ele diz, sua voz abafada por seus
lábios sendo pressionados contra a minha pele. Seus lábios queimam
minha pele em todos os lugares que tocam e meu corpo não consegue
deixar de responder.
Estou tão perdida neste momento com ele que quase não ouço a
batida na porta.
Ele também não ouve, ou talvez simplesmente ignore, porque não
para o que está fazendo.
Outra batida vem, mais urgente do que a anterior.
— Porra, é melhor que seja importante, — ele rosna alto. Ele se
levanta e leva um momento para se recompor antes de abrir a porta. Seu
beta está do outro lado com uma expressão nervosa.
— O QUE?! — ele grita.
— Alfa, sinto incomodá-lo, mas pegamos outro bandido a oito
quilômetros da fronteira sul.
— Porra! Alguém se machucou? — Rainier exige enquanto passa a
mão pelos cabelos grossos e escuros.
— Não, ninguém se machucou, mas esse não é o problema, — afirma
Lucas com cautela. — Este bandido é do mesmo clã da noite passada e
você não vai acreditar no que ele está dizendo.
Depois de mais um minuto, ele fecha a porta e começa a se vestir.
— Tenho negócios importantes para cuidar, — diz ele. — Eu espero
que você não se meta em problemas. Não deixe os arredores da casa da
matilha e não vá para a floresta. Um dos meus guerreiros estará com você
o tempo todo até que eu possa nomear um guarda exclusivo para você.
Eu aceno, curiosa sobre o que o bandido falou. Eu não digo nada, mas
começo a fazer planos para segui-lo. Ele abre a porta para sair e olha para
mim, uma expressão paira em seu rosto como se ele soubesse
exatamente o que estou pensando.
Eu sorrio docemente e ele fecha a porta, deixando-me sozinha.
É hora de descobrir por mim mesma o que está acontecendo por aqui.
Capítulo 14
Rainier

Entro no prédio mal iluminado e desço até as celas. Meu lobo rosna
quando o cheiro fresco de bandido invade meu nariz.
— Quem é você e por que está no meu território? — eu pergunto ao
homem quando chego em sua cela.
— Meu líder pediu que lhe trouxesse uma mensagem, — ele rosna.
— E do que se trata?
— Ele quer conhecer seu irmão mais novo, é claro, — ele diz enquanto
me olha. — Você se parece muito mais com ele do que eu imaginava.
— Eu não tenho um irmão. Eu não tenho mais família, — eu solto.
— Ah, tem sim, lobo. Não há como negar.
— CHEGA! — eu grito. — Não quero mais ouvir suas besteiras. — Eu
saio imediatamente para não matá-lo como fiz com o último. Ele pode
ser útil mais tarde. Volto para as escadas e vejo Alexia parada ali,
provavelmente me espionando.
— Por que você me seguiu?! — eu pergunto a ela em voz alta. — Você
não consegue seguir instruções simples?!
Ela abre a boca para falar, mas eu agarro seu braço e a arrasto para
fora do prédio e de volta para casa da matilha. A pego e a jogo por cima
dos meus ombros, subo as escadas e vou para o meu quarto. Eu a coloco
no chão logo que entramos e bato a porta atrás de mim.
— Você me desrespeitou pela última vez, pequena loba. — eu digo a
ela, tirando meu cinto.
Ela me olha horrorizada, eu a agarro novamente e a curvo sobre a
cama. Ela se contorce em protesto, mas eu a seguro e puxo suas calças
para baixo. Assim que sua bunda redonda perfeita é exibida diante de
mim, minha raiva se dissipa e todo o sangue do meu corpo corre direto
para o meu pau.
Eu pressiono uma mão contra suas costas para segurá-la e uso minha
outra mão para bater com o cinto em sua bunda. Ela grita e se contorce,
sua bunda ficando em um bonito tom de vermelho.
Eu coloco minha mão sobre a vermelhidão e aperto suavemente antes
de arrastar devagar meus dedos por sua pele.
Eu a ouço suspirar suavemente e eu fico ainda mais duro. Eu quero
essa mulher enrolada em volta de mim, me apertando por todos os lados.
Eu bato com o cinto de novo, com mais força desta vez. Ela se
contorce debaixo de mim, então eu corro minha mão sobre o local
suavemente. Eu levo minhas mãos por sua bunda até seu o meio de suas
pernas.
Meus dedos mal raspam sob sua calcinha de renda preta, provocando
o mais lindo gemido vindo dela.
Deusa, ela está encharcada, mel escorregadio cobrindo meus dedos
quando eu os puxo para inspecioná-los.
Eu gemo alto, meu pau latejando dolorosamente no meu jeans.
Pegando-a, eu a viro para me encarar. O desejo permanece em seus
olhos, mas ainda vejo uma pitada de medo.
Eu sei que não posso tê-la ainda, mas quero que ela me sinta. Não
quero nada mais neste momento do que dar prazer a minha fêmea. Eu
seguro sua nuca e a puxo para perto. Meus lábios tocam sua mandíbula e,
em seguida, sua orelha levemente.
— Deixe-me cuidar de você. Eu prometo que não vou fazer nada
enquanto você não estiver pronta. — eu sussurro.
Verdade seja dita, não há nada que eu não faria por esta mulher,
mesmo ela sendo tão irritante.
Ela já conquistou meu coração de alguma forma e aconteceu tudo tão
rapidamente. Ela lambe os lábios nervosamente e acena com a cabeça.
Eu corro meus dedos por seu cabelo escuro e o agarro suavemente.
Abaixando minha cabeça, eu toco meus lábios nos dela. Eu a beijo e
ela abre a boca, me convidando para entrar.
Ela traça sua língua sobre a minha, nossos lábios se movendo em
perfeita sincronia. O sabor dela me preenche completamente, sendo
marcado com fervor em minha memória. Eu sei que este é um momento
do qual vou lembrar até o dia em que encontrar a lua.
Agarrando sua cintura, eu a puxo para mim e a beijo com mais força.
Suas mãos percorrem minha barriga antes de tirar minha camisa.
Eu corro ambas as mãos por sua blusa e sob suas curvas, fazendo
arrepios correrem por sua pele macia. Correndo meus polegares por cima
de seus seios, eu removo sua camiseta rapidamente e a jogo para o lado.
Suas mãos se movem para desabotoar minha calça, mas eu agarro seu
punho rapidamente.
— Agora não, lobinha, — digo a ela. — Deixe-me vê-la.
Eu dou um passo para trás e minha boca enche de água ao vê-la
vestida com nada além de uma pequena calcinha de renda preta. Seus
seios fartos e redondos são perfeitos e seus lindos mamilos se contraem,
mostrando sua excitação.
Eu lambo minha boca enquanto meus olhos percorrem sua cintura
sinuosa até suas coxas grossas, coxas que eu quero enroladas em mim
com força.
Eu a empurro de volta para a cama e ela se deita, sem tirar os olhos de
mim.
— Abra suas pernas para mim. bebê. Eu quero ver você, — eu digo a
ela. Ela abre as pernas lentamente, exibindo-se para mim, o pequeno
pedaço de renda esconde suas dobras rosas e escorregadias.
Eu gemo alto e acaricio meu pau enquanto a admiro. Ela é linda pra
caralho, tão linda.
Eu subo entre suas pernas e beijo a parte interna de seu joelho antes
de me dirigir para entre suas coxas, o lugar onde ela mais precisa de mim.
Ela suspira quando eu beijo sua parte mais sensível e delicada e chupo
levemente.
Leva apenas um minuto lambendo-a até que ela se contraia e inunde
meu rosto com sua essência. Eu vou para cima dela e a beijo com força, o
gosto dela ainda na minha língua. Ela desabotoa minhas calças e as baixa
até a metade antes que eu possa impedi-la novamente. Agarrando seus
dois punhos, eu os prendo acima de sua cabeça e me inclino ao lado de
sua orelha.
— É melhor você parar, lobinha, você ainda não está pronta para isso,
— eu digo enquanto esfrego meu membro duro contra seu corpo. Que
bom que ainda estou de cueca ou eu já estaria dentro dela.
Ela se curva e eu não posso deixar de também me curvar de volta para
ela. Em pouco tempo, estou me esfregando nela, uma fina camada de
roupa é a única coisa bloqueando meu caminho.
Eu mexo meus quadris uma última vez antes de sentir meu pau
quente pulsar, um líquido espesso vaza pelo tecido da minha cueca e cai
na barriga dela, seus olhos reviram enquanto eu a domino novamente.
— Porra, — eu gemo alto descansando minha cabeça em seu peito.
Consigo escutar meu coração bater forte e meu pau ainda pulsa a cada
batida. Eu saio de cima dela e deito ao seu lado na cama, ainda
respirando com dificuldade por causa do esforço. Nenhum de nós diz
nada por um tempo até que ela quebra o silêncio.
— Sinto muito por me intrometer mais cedo.
Quase me esqueci disso. Essa danadinha vai me dar mais problemas
do que eu imaginava.
— Você vai me obedecer. Senão da próxima vez, sua punição será
muito pior, — digo a ela, sabendo que nunca poderia machucá-la de
verdade. Ela fica em silêncio por um instante e eu acho que finalmente
ela entendeu.
— Vai me contar sobre você? — ela pergunta baixinho.
— Não há muito o que saber.
— Como você se tornou Alfa? — ela continua.
— Como você acha que me tornei Alfa? — eu questiono de volta,
percebendo que ela já sabe a resposta. Ela fica quieta, então eu continuo e
confirmo suas suspeitas.
— Eu matei meu pai há cinco anos e tomei seu título. Meu único
arrependimento é não ter feito isso antes.
— Como você pode matar sua própria família? — ela pergunta ainda
mais baixinho do que antes.
— Não fale sobre o que você não entende, lobinha.
— Então me ajude a entender, — ela sussurra.
Eu não quero pensar sobre isso agora.
Memórias de meu pai batendo em minha mãe até a morte passam
pela minha mente e a tristeza enche minha alma por completo.
— Você pode me dizer, — ela diz calmamente e um olhar de
preocupação brota em seus olhos.
— Meu pai tinha muito orgulho de seu bando, mas de mim e minha
mãe, nem tanto. Ele é a razão das cicatrizes nas minhas costas. Ele me
dava duas chicotadas com um chicote de prata todos os dias quando era
mais jovem. Ele disse que isso me deixaria mais resistente, — eu digo,
minha voz tensa enquanto me lembro da minha infância.
— Ele batia na minha mãe também, até que um dia ele só parou
quando ela já não respirava mais. Ele a matou bem na minha frente,
mesmo eu implorando para ele parar. Eu simplesmente não era forte o
suficiente para detê-lo. Ele disse ao nosso bando que foi um bandido que
a matou, — eu continuo enquanto a raiva cresce dentro de mim.
— Depois que ele fez isso, treinei todos os dias durante quatro anos.
Dia e noite, eu ia até nosso complexo de treinamento e dava tudo de
mim. Então, um dia, quando meu pai tentou me bater com o chicote
novamente, eu rasguei sua garganta com minhas próprias mãos.
Eu observo uma lágrima solitária caindo pela sua bochecha. Eu
estendo a mão e a seco com meu polegar antes de me inclinar e beijar
suavemente em sua testa.
— Tenho trabalho a fazer. Seu antigo Alfa enviou a escritura da terra e
eu tenho que ligar para os empreiteiros para começar a construção da
casa da matilha. Será que você consegue ficar longe de problemas? — eu
pergunto e levanto uma sobrancelha para ela.
Ela acena com a cabeça que sim, então eu coloco minhas roupas de
volta e faço o meu caminho para o meu escritório. Eu tenho que
construir esta casa de matilha e garantir meus lobos em segurança.
Eu ainda não consigo tirar da cabeça o que aquele bandido me disse.
Eu não tenho mais ninguém da minha família.
E o outro bandido disse que ele estava vindo para tomar o que era seu
por direito.
Preciso descobrir isso o mais rápido possível.
Capítulo 15
Alexia

Sento-me na cama, atordoada com tudo o que aconteceu.


Ele parecia conhecer cada detalhe do meu corpo e assim, com seu
toque, me levar exatamente onde eu precisava estar. A Deusa sabe que eu
desejava tudo que ele me oferecia naquele momento, e ele não me
decepcionou em nada.
Seu cheiro masculino ainda permanece na minha pele, sua essência
ainda espalhada em minha barriga. Eu suspiro enquanto me levanto e
faço meu caminho para o banheiro. Ligo o chuveiro e tudo o que ele me
contou sobre seu passado se repete na minha cabeça como um disco
arranhado.
As coisas que ele me disse apenas confirmam minha teoria de que ele
não é o monstro que sua reputação retrata. Ele é o produto de seu pai, o
verdadeiro monstro. Meu coração se contrai dolorosamente no peito,
uma dor dilacerante que pode ser sentida nas profundezas da minha
alma.
Meu companheiro foi tratado tão mal, torturado diariamente como
um cachorrinho por seu próprio pai. Não me admira que ele seja do jeito
que é. Minha loba choraminga alto quando entro no chuveiro.
Eu me esfrego rapidamente antes de colocar um short e uma das
camisetas de Rainier. Seu cheiro me acalma, um calor se espalha em mim
enquanto eu visto a camiseta sobre a minha cabeça.
Eu realmente quero ligar para meu irmão hoje para que ele saiba que
estou bem. Tenho certeza que está louco de preocupação. Os telefones
celulares não têm serviço aqui, então meu telefone está praticamente
obsoleto agora.
Abro a porta para encontrar Rainier e perguntar se há algum telefone
que eu possa usar. Certamente ele tem um em seu escritório.
Saio e encontro um homem alto e robusto parado ao lado da porta. Eu
levo um susto, afinal não esperava que alguém estivesse ali.
— Minhas desculpas, Luna. Eu não queria assustar você, — diz o
homem, baixando a cabeça.
— Está tudo bem, — eu digo, sorrindo, — mas, por que você está do
lado de fora do meu quarto?
— Meu nome é Ardon. Alfa Stone me nomeou como seu guarda.
Estou honrado em atendê-la, Luna.
— Umm, obrigada, — eu respondo, sem realmente saber o que dizer.
— Eu preciso encontrar Rainier, quero dizer, Alfa Stone.
— Ele está em seu escritório. Venha, eu levo você.
Sigo atrás de Ardon até chegarmos ao escritório de Rainier e bato na
porta.
— Entre, — a voz do meu companheiro fala do outro lado.
Abro a porta e entro. Rainier está sentado em uma grande cadeira
atrás de uma mesa e seu beta está em uma cadeira do outro lado da sala.
— O que é, Alexia? — ele me pergunta severamente.
— Posso usar seu telefone para ligar para meu irmão? O meu não
recebe nenhum serviço aqui.
Ele e seu beta compartilham um olhar que não consigo decifrar. Ele
está se comportando ainda mais estranho do que o normal. Será que se
arrepende do que fizemos antes?
— Por favor, só quero que ele saiba que estou bem, — continuo. Ele
olha para trás para seu beta e acena com a cabeça. Lucas se levanta e sai
da sala, deixando eu e meu companheiro sozinhos.
— Sente-se, — diz ele, com um olhar cauteloso cobrindo seu rosto.
— O que é? O que há de errado? — eu pergunto, nervosa.
— Alfa Roberson ligou mais cedo, — ele diz lentamente e faz uma
pausa. Ele me lança outro daquele olhar indecifrável.
— E? — eu questiono.
— Seu irmão foi morto ontem à noite em um ataque criminoso.
Meu coração acelera, ele bate tão forte que acho que pode sair do meu
peito. Não há como meu irmão estar morto. Ele está mentindo pra mim.
— Você está mentindo, — eu digo, as lágrimas enchendo meus olhos.
Ele se levanta e dá a volta em minha direção. Rainier segura meu rosto
com as mãos e olha diretamente nos meus olhos, seus próprios olhos se
enchem com uma tristeza profunda.
— Eu nunca mentiria para você, lobinha, — ele me diz. — Eu sinto
muito.
Meu coração aperta e minhas pernas ficam bambas antes de cair
completamente. Ele me pega antes que eu bata no chão e me levanta em
seus braços.
— Sinto muito, bebê, — ele diz enquanto uma onda de tristeza e
náusea passam por mim.
Em prantos, as lágrimas caem pesadamente pelo meu rosto. Minha
loba uiva alto enquanto se retira para o fundo da minha mente,
lamentando a morte de meu irmão.
Rainier se inclina e coloca um braço sob a parte de trás dos meus
joelhos e o outro nas minhas costas. Levantando-me suavemente, ele me
carrega para fora de seu escritório enquanto enterro meu rosto em seu
peito. Minhas lágrimas encharcam sua camisa enquanto os soluços
atormentam meu corpo.
— Você está dispensado por hoje, — ouço-o dizer a Ardon, que está
esperando por mim do lado de fora da porta. Eu não consigo pensar. Eu
não consigo falar. Apenas soluços de agonia escapam de mim enquanto
ele me carrega de volta para seu quarto e me deita em sua cama.
Meu irmão está morto. Ele se foi. Assim como mamãe e papai. Eu não
tenho mais família. Não consigo respirar com a dor que estou sentindo. É
muito profundo para entender.
A cama afunda quando sinto o corpo forte de Rainier envolver o meu.
Ele coloca o braço em volta da minha cintura e me puxa para ele, o calor
me envolve enquanto o frio profundo da dor escoa de mim.
Minha mente e corpo exaustos, eu choro até cair no sono, meu
companheiro sempre ao meu lado. Quando acordo, está escuro lá fora.
As lágrimas retornam assim que penso em Adam. Eu não posso acreditar
que ele se foi.
— Você precisa comer, pequena loba. — eu ouço a voz de Rainier atrás
de mim. — Eu trouxe o jantar para você. — Ele me acaricia com carinho
enquanto ele beija meu ombro suavemente.
A última coisa que quero fazer é comer. Não há como pensar em
comer agora. Preciso ver Gennie, para ver se ela está bem.
Perder um companheiro é a coisa mais difícil pela qual um lobo pode
passar. A maioria deles se mata logo depois para assim seguir seu
companheiro até a lua.
— Eu preciso voltar para minha matilha, — eu digo, virando e
encarando Rainier.
— Não. É muito perigoso. Eu não vou deixar você ir sem mim. Não
serei capaz de protegê-la e não posso deixar minha matilha agora. Isso os
colocaria em perigo.
— Rainier, meu irmão está morto. Não vou perder seu funeral. Eu
nem tive a chance de dizer adeus, — peço a ele em meio às lágrimas.
Seus olhos parecem ceder por um momento, mas logo voltam a se
mostrar severos.
— Não, — diz ele em seu tom Alfa. A raiva toma conta de mim
rapidamente, quase superando a mágoa que sinto. Eu me sento na cama
e ele faz o mesmo.
— Por que você é assim? Parece que está desesperado pelo meu amor
em um minuto e no outro quer que eu te odeie — eu quase grito com ele.
Ele rosna em advertência, mas isso não me impede de continuar.
— E pensar que eu estava começando a acreditar que você não era um
monstro. Na verdade, até pensei que poderíamos ser felizes juntos.
— Cuidado com a boca, pequena loba, ou você vai se arrepender. —
ele diz. — Eu sei que você está sofrendo, e eu realmente sinto muito, mas
isso não dá a você o direito de desrespeitar a mim e minhas decisões. —
Eu levanto minha mão para esbofeteá-lo, mas ele segura meu punho no
ar. Eu tento desviar minha mão, mas ele me aperta com mais força.
— O bandido que matou seu irmão está com o mesmo clã que tem
tentado entrar em minha matilha, — ele diz bruscamente. — Quem está
por trás disso está tentando chegar até mim através de você.
Ele me solta enquanto a informação se instala na minha cabeça.
— Então é sua culpa ele estar morto, — eu sussurro.
Ele se encolhe e estende a mão para mim, mas eu me afasto dele.
— Sai daqui, — eu esbravejo.
Ele começa a se aproximar de mim novamente, mas parece pensar
duas vezes. Saindo da cama, ele se veste em silêncio e caminha até a
porta.
Ele se vira e olha para mim, a tristeza cobrindo seus traços
masculinos.
— Lamento que tenha que ser assim. Eu não vou deixar nada
acontecer com você. Eu vou te proteger, mesmo que isso signifique que
você tenha que me odiar.
Ele sai e eu deito na cama novamente.
Rainier meteu minha matilha no meio de suas merdas mal resolvidas.
Eles foram incluídos em uma guerra da qual nada sabem, mas não posso
deixar de sentir tristeza e raiva quando penso nos membros da matilha
de Rainier que também foram massacrados por bandidos.
Quem poderia ser forte o suficiente para liderar um bando de
bandidos desse tamanho?
Fechando os olhos, tento bloquear a dor pensando na minha infância
e na do meu irmão. Quando nossa mãe ficou fraca demais para cuidar de
nós depois que nosso pai morreu, ele me criou e me protegeu.
Adam estava lá para tudo, a única pessoa com quem eu sabia que
podia contar.
A fúria ressoa em minha alma, minha loba rosnando com desejo de
vingança. Eu quero que quem esteja por trás disso sofra. Eu quero ser
aquela que os fará sofrer. Eu pulo da cama rapidamente, minha mente
está decidida. Não posso ir ao funeral de Adam, mas vou vingar sua
morte.
É hora de ser a fêmea que eu deveria ser, a Luna que eu deveria ser.
Vou começar a treinar hoje; eu não me importo com o que Rainier
tem a dizer sobre isso.
Capítulo 16
Rainier

Quatro Semanas depois


Eu gostaria de poder dar o melhor para minha mulher, fazer de sua
dor, a minha.
Ela falou comigo apenas uma vez nas últimas quatro semanas e foi
para me dizer que ela iria começar a treinar.
Fiquei um pouco preocupado no início, mas o sentimento que tive
quando a vi superar uma das minhas guerreiras mais experientes na
semana passada, foi de puro orgulho. Eu sei que ela me culpa pela morte
de seu irmão. Inferno, eu também me culpo e me odeio por isso.
Ela me evita constantemente e sei que ainda chora quando acha que
ninguém está olhando.
Eu poderia ter feito mais para proteger seu bando. Acabei enviando
mais de dez dos meus guerreiros para Northridge com o intuito de
mantê-los seguros, na esperança que isso lhe fizesse bem. Meu
empreiteiro tem me atualizado constantemente sobre a nova casa da
matilha que estamos construindo ao norte. Mais um mês e deve estar
pronta.
Eles até já começaram a trabalhar nas casas menores para as famílias
da minha matilha.
Só mais um pouco e posso mover meus lobos para longe dos humanos
que estão destruindo nossa terra e de todos esses ataques criminosos. As
coisas têm estado estranhamente calmas nos últimos dias e não posso
deixar de sentir que algo ruim está para acontecer.
Toda a informação que consegui tirar daquele bandido me leva a
acreditar que o seu clã é louco o suficiente para atacar.
Ando tão angustiado com essa situação que me junto aos guardas
todas as noites para patrulhar meu território. Acabo de voltar de outra
patrulha sem intercorrências. Tenho dormido em meu escritório para
dar espaço a Alexia.
Meu lobo se tornou quase inconsolável, afinal ele sente falta de sua
fêmea para alimentar sua fúria.
Esforcei-me para pensar em quem poderia estar por trás desses
ataques criminosos e por qual razão. Nenhum bandido venceria um Alfa,
então eles devem saber que seus esforços serão inúteis a longo prazo.
Eu sei que não tenho família, então quaisquer ideias delirantes que
esses bandidos tenham de que seu líder possui algum tipo de parentesco
comigo é pura loucura. Seja quem for, tudo que posso fazer é estar de
prontidão assim que eles decidirem dar o primeiro passo. Eu estarei
pronto para minha matilha e para minha Luna.
Sento-me na cadeira do meu escritório e olho para o relógio. São
quase três da manhã.
Eu fecho meus olhos por um momento para tentar acalmar minha
mente. Preciso dormir um pouco, embora saiba que não será tarefa fácil.
Preciso estar pronto para lutar quando chegar a hora, porque sinto que
está chegando.
Demora pouco mais de uma hora antes que eu finalmente consiga cair
em um sono agitado.
*
Eu acordo na manhã seguinte me sentindo um bosta. Tropeçando
para fora da minha cadeira me dirijo até a cozinha para encher meu
estômago vazio.
Quando chego, vejo Alexia sentada à mesinha ao lado da janela.
Pego um pouco de bacon e algumas costelinhas de porco que a
empregada preparou mais cedo e me sento à mesa na frente dela. Ela não
levanta e considero isso um bom sinal. Alexia me observa atentamente
enquanto como e noto que ela aparenta estar muito mais forte do que
quando chegou aqui. O treinamento está tonificando seu corpo, fazendo-
a parecer uma verdadeira fêmea beta.
— Como está indo o seu treinamento? — eu pergunto enquanto olho
para ela.
— Tudo bem, — diz ela enquanto toma um gole de café.
— Fale sobre você.
— Não há muito o quê dizer, — ela diz baixinho, desviando o olhar.
— Conte-me sobre sua família, seu bando, — eu digo suavemente.
— Não há muito o quê dizer sobre isso também. Não tenho mais
família.
— Amigos? — eu pergunto a ela.
— Ninguém além da companheira do meu irmão e eu nem sei como
ela está.
— Vou ver se consigo arranjar para você um telefonema com ela. —
digo enquanto me levanto da mesa. — Eu preciso tomar um banho,
colocar uma roupa limpa, então vou precisar do quarto um pouco.
Ela balança a cabeça e vejo seu lábio tremer, mas ela se mantém firme
e forte.
Começo a dizer outra coisa, mas penso melhor e paro. Subo as escadas
de volta para o meu quarto e ligo o chuveiro. Embaixo da água quente, eu
me recosto contra os azulejos do banheiro para tentar aliviar a dor
latejante na minha cabeça.
Poucos minutos depois, ouço a porta do box deslizar e Alexia entra.
Sou pego de surpresa, mas não digo nada quando sinto suas mãos
tocarem minhas costas. Ela então pressiona os lábios contra minha pele
marcada, eu imediatamente fico duro.
— Você não tem que fazer isso. Eu sei que você fica desconfortável
quando vê minhas cicatrizes, — eu digo rispidamente.
Ela não para, apenas continua a beijar cada uma delas como se isso
fosse tirar a lembrança de como chegaram lá.
Eu me viro e meu coração quase para quando vejo uma única lágrima
cair em seu rosto.
— Desculpe, não sou perfeito, — digo a ela. Sei que minhas costas são
horríveis e eu já me conformei com isso, mas neste momento eu gostaria
que ela não tivesse que olhar para nada daquilo.
— Não é isso. Eu acho tudo em você lindo, mesmo as partes que você
acha que não são.
Chocado com a revelação estendo a mão e passo pela lateral de seu
rosto até o queixo.
— Achei que você me odiasse, — digo a ela.
— Eu nunca poderia odiar você. Eu sei que nada disso foi culpa sua.
Levei um tempo para ver isso, mas eu consigo perceber agora.
— Então por que você está chorando, lobinha? — eu pergunto a ela
enquanto levanto sua cabeça para olhar seus brilhantes olhos esmeralda.
— Eu preciso de você, — ela sussurra tão baixinho que quase não a
ouço por causa do som da água do chuveiro batendo contra o azulejo.
Seus olhos estão me suplicando, implorando por algo. Eu faria qualquer
coisa por ela, faria qualquer coisa para livrá-la de sua dor.
É absolutamente incrível o que o vínculo dos companheiros faz você
sentir. Parece que conheço essa mulher há anos, tão profundamente que
sinto minha alma entrelaçada à dela.
— O que você quer de mim, bebê? — eu pergunto suavemente. Ela
morde o lábio inferior e olha para mim com desespero, tentando
transmitir exatamente o que quer sem de fato ter que dizer alguma coisa.
— Pode falar, Alexia, — eu digo enquanto me viro e passo meus lábios
contra sua orelha.
— Eu preciso de você. Rainier. De todos vocês.
Um ronronar profundo soa em meu peito enquanto me inclino e a
beijo com ternura, deixando meus lábios apenas tocarem os dela.
Quando sua boca se abre deixando sair um suspiro suave, eu junto a
minha língua com a dela e sinto seu gosto implorando o meu.
Meu membro endurece instantaneamente contra seu corpo enquanto
a puxo para perto de mim. Eu intensifico o beijo, deixando minha língua
explorar sua boca enquanto a dela faz o mesmo com a minha. Eu a
empurro de volta contra a parede, um suspiro escapa de seus lábios
quando suas costas tocam o azulejo frio.
Meus lábios nunca deixam os dela enquanto deslizo minhas mãos por
suas costas nuas, para em seguida correr até seus seios. Eu seguro e
aperto suavemente, sentindo um arrepio percorrer todo o corpo dela.
Ela pega minha mão e a move da barriga para perto do quadril.
— Por favor, — ela diz enquanto eu me inclino para trás e olho em
seus olhos. — Faça-me esquecer tudo.
Eu sei que não posso negar isso a ela enquanto mergulho a mão em
sua parte central, deixando-a engolir meu dedo.
Deslizando de dentro para fora, eu faço pequenos círculos vagarosos
sobre seu pequeno botão enrijecido. Suas pernas tremem quando aplico
mais pressão e mergulho minha língua em sua boca novamente. Seu
cheiro arrebatador me enche quando eu tomo sua boca, seus gemidos
suaves me encorajam ainda mais.
— Você é muito perfeita, caralho — eu gemo enquanto mexo com
dois dedos dentro dela.
Meu pau lateja dolorosamente enquanto eu vejo sua boca se abrir,
seus olhos reviraram e seus quadris movendo no mesmo ritmo que meus
dedos enquanto ela se abre tão lindamente.
Quando ela termina, meus olhos se arregalam e ela fica de joelhos.
— O que você está fazendo? — eu pergunto a ela. Ela não diz nada,
apenas envolve sua boca em volta de mim e me chupa profundamente.
Eu gemo alto, nunca nenhuma mulher havia feito isso antes.
— Caralhooo, — eu gemo enquanto me sinto endurecer ainda mais.
Eu me afasto rapidamente antes que eu chegue lá antes da hora e a pego
no colo.
Ela envolve suas pernas em volta de mim enquanto eu desligo o
chuveiro e a levo de volta para o quarto, nos enxugando rapidamente.
Ela fica em silêncio enquanto continuo o que estou fazendo, seus
olhos observando cada pequeno movimento que faço.
— Você tem certeza disso? — eu pergunto enquanto a coloco na cama.
Ela balança a cabeça enquanto agarra minha mão e me puxa para cima
dela. Sonhei com este momento por tanto, tanto tempo.
Capítulo 17
Alexia

— Por favor, Rainier.


Minha voz soa carente, desesperada e quase não suporto isso, mas ele
está sendo gentil demais. Ele está se movendo muito devagar.
Eu preciso dele agora. Eu preciso dele há semanas, mas minha
teimosia não me permitia admitir a verdade.
Eu o culpei pela morte do meu irmão, apenas machucando nós dois
no processo. Eu virei minhas costas para o vínculo de companheiro por
tanto tempo que dói fisicamente ficar longe dele.
Não quero admitir para mim mesma, mas preciso desse homem, não
importa as coisas que ele tenha feito.
A Deusa da Lua o fez para mim, para preencher a outra metade da
minha alma. Seria uma loucura negar tal presente.
— Você é tão linda, minha fêmea, — ele sussurra enquanto chupa meu
lábio inferior em sua boca.
Eu inclino meus quadris para cima em direção a ele buscando algum
tipo de alívio, mas ele me nega, então eu mordo seu lábio com força,
deixando um pouco de sangue.
Minha loba fica louca com o gosto da essência de seu macho.
Ele rosna alto enquanto agarra um punhado do meu cabelo e puxa
para trás. Formigamentos intensos de dor percorrem meu couro
cabeludo e eu gemo com a sensação.
— Você gosta disso, lobinha? — ele diz enquanto seu nariz desce pela
curva do meu pescoço, inalando profundamente. — Você gosta quando
sou grosso com você, não é?
Estendo a mão para agarrá-lo e mostrar o quanto eu gosto, mas ele
segura meus punhos e os prende acima da minha cabeça.
Ele nunca tira os olhos dos meus enquanto eu o sinto cutucar a cabeça
de seu membro quase dentro de mim.
Ele geme alto enquanto a cabeça de seu pau desliza pela umidade
entre minhas pernas.
Sem aviso, ele me penetra, empurrando e me preenchendo
completamente. É quase avassalador, a imensidão de seu tamanho me
dividindo ao meio. Ele é perfeito.
— Puta merda, — ele respira enquanto tira até a ponta apenas para
meter de volta. Ele logo ganha velocidade e eu sei que não vou durar
muito. Meu corpo inteiro está tremendo com a necessidade de liberação.
Ele está tão lindo neste momento, estou tentando fazer tudo que
posso para manter meus olhos nele.
Eu não consigo ver direito, meus olhos reviram enquanto ele me toma
por inteira.
— Você. É. Tão. Perfeita. Porra, — ele rosna enquanto se inclina e
crava os dentes na minha garganta. — Goza pra mim, meu amor.
Inclinando seus quadris, ele mete em mim novamente, acertando um
ponto que me deixa maluca.
Eu grito enquanto meu corpo convulsiona e pulsa em tomo dele e eu
sinto um tipo de eletricidade correndo por dentro.
— Você é minha, — ele rosna enquanto mete em mim ainda mais
forte, prolongando o orgasmo que está me tomando por inteira.
Quando termino, meus olhos encontram os dele e a escuridão que os
preenche quase me tira o fôlego.
Seu lobo está vindo à tona, pronto para pegar o que é seu. Ele empurra
profundamente, um rosnado feroz saindo de seu peito e eu o sinto
endurecer. Seu pau se contrai e pulsa profundamente dentro de mim
enquanto ele me preenche e me reveste por completo com sua semente.
Sentindo seus dentes afundarem no meu pescoço, eu grito e estrelas
parecem explodir em meus olhos enquanto eu desfaleço de novo, quase
que violentamente. O vínculo do companheiro surge através do meu
corpo de imediato, me fazendo sentir tonta e sem chão.
Ele remove os dentes depois de um momento e lambe meu sangue em
seus lábios.
— Você é minha agora, lobinha, — ele rosna enquanto encosta sua
testa na minha.
Minha alma está desnuda para ele, o vínculo do companheiro se
envolve em torno do meu coração com força. Procurando em meu
coração e mente, eu posso senti-lo nas profundezas da minha alma. Só há
uma coisa que me impede de me sentir completamente inteira.
— Eu quero reivindicar você, — digo a ele enquanto seus lábios
pairam sobre os meus. Ele fica tenso enquanto olha para mim, uma
expressão de dor aflige seu rosto.
— Não, — ele diz enquanto sai de cima de mim e se levanta. Eu fico
olhando para ele em descrença enquanto ele começa a colocar suas
roupas de volta.
— Como assim não? — eu mordo enquanto sinto a tristeza em meu
coração. Eu me entreguei completamente a ele e agora ele está recuando?
— Você não está pronta.
Que diabos? Quem é ele para me dizer que não estou pronta? A raiva
enche minha alma e um grunhido sai do meu peito. Seus olhos se
arregalam quando eu me levanto da cama e vou em direção a ele.
Venho treinando há um mês com seus guerreiros mais fortes e isso me
deu uma confiança que eu não sabia que tinha.
Estendendo a mão, pego um punhado de seu cabelo e puxo sua cabeça
para trás.
Movendo-me rapidamente, tento cravar meus dentes em seu pescoço.
Ele me agarra com força e me empurra contra a parede. Colocando a mão
em volta da minha garganta, ele aperta levemente.
— Você não quer fazer isso, loba, — ele rosna para mim, seu rosto a
apenas alguns centímetros do meu.
Ele aperta minha garganta um pouco mais forte quando eu rosno para
ele novamente e sinto minhas coxas encharcadas. Ele inala
profundamente antes de me girar e pressionar meu rosto na parede. Eu
ouço a corrente de ar antes de sua mão fazer contato com a minha
bunda, o som ecoando pelo quarto.
Eu gemo alto enquanto aperto minhas coxas juntas, meu corpo já o
desejando novamente.
Ele dá mais alguns tapas fortes na minha bunda e eu me contorço e
me contraio tentando me libertar quando ouço sua calça sendo aberta.
— Fique quieta, — ele morde.
Eu grito quando ele mete em mim violentamente por trás, a dor e o
prazer se misturando para criar uma euforia única dentro de mim.
— Você vai aprender quem é o seu Alfa e quem é que manda. — ele diz
enquanto continua metendo em mim.
Ele estende a mão e belisca meu pequeno botão, me fazendo tremer
dos pés à cabeça enquanto outro orgasmo me toma.
— Você ainda não superou a perda de seu irmão. Você não precisa de
mais nenhuma outra mágoa agora e se você me reivindicar agora, você
conseguiria ler na minha mente e no meu coração. Você veria tudo e não
precisa disso agora.
— Eu não sou mais uma menininha. Eu posso lidar com isso, — eu
respondo. — Eu sou sua companheira. Você deve ostentar minha marca
também. Existe mais alguém? É isso?
— Não, — ele rosna. — Você é mais do que suficiente para eu ter que
lidar.
Eu começo a ensaiar outra resposta quando alguém começa a bater
freneticamente na porta. Rainier espera até que eu esteja totalmente
vestida antes de responder.
É o Lucas e, pelo jeito dele, o que quer que tenha a dizer não parece
bom.
— Alfa, Toby acabou de ligar. Northridge está sob ataque neste
momento. São os bandidos. Eles mataram Alfa Roberson e levaram o
resto da matilha como refém. Eles querem você, — ele diz nervosamente.
— PORRA! — Rainier grita enquanto passa a mão pelo cabelo
desgrenhado.
Fico nervosa quando ouço a notícia. Gennie ainda está lá e sei que
algo deve ser feito.
— Nós temos que fazer alguma coisa. Precisamos ir para lá, — digo a
Rainier enquanto ele anda de um lado para o outro.
— Você não vai a lugar nenhum, — ele me diz. — Lucas, reúna o
máximo de informações que puder. Quantos bandidos são e quando eles
chegaram lá. Descubra tudo o que puder pra nos ajudar. Vou notificar
meus guerreiros. Partimos em duas horas. — Lucas balança a cabeça e sai
rapidamente. Rainier se volta para mim.
— Fique aqui, — ele diz severamente enquanto me dá um olhar me
avisando para não desobedecê-lo.
— O que você vai fazer? A companheira do meu irmão ainda está lá.
Eu tenho que ajudá-la! — eu levanto minha voz para ele.
— Farei o que puder, — ele me diz. — mas você deve ficar aqui, onde
estará segura. Os bandidos estão atrás de mim e farão de tudo para me
atingir, incluindo matar você.
— E se eles nos atacarem enquanto você está fora? Por favor, deixe-me
ir com você.
— Você estará mais segura aqui. Não vou demorar muito, — ele me
diz. Ele dá um passo em minha direção e envolve seus braços grossos em
volta de mim com força.
Inclinando meu queixo para cima, ele me beija profundamente,
deixando sua língua deslizar sobre a minha.
— Por favor, fique seguro. — digo a ele quando ele se afasta. Ele
balança a cabeça e me dá mais um beijo antes de se virar e sair. Eu saio do
nosso quarto logo depois e Ardon está parado do lado de fora da porta
esperando por mim.
— Venha, — digo a ele, — preciso treinar — Eu preciso fazer algo para
tirar minha mente de tudo isso. Preciso estar pronta se algo acontecer
por aqui enquanto Rainier estiver fora.
Ele abaixa a cabeça enquanto me segue para fora da porta para o
campo de treinamento. Quando chegamos lá, todos os lobos se dividem,
abrindo caminho para mim.
Ardon tem sido meu parceiro de treinamento, então eu aceno para ele
para que tome sua posição de combate enquanto os outros lobos formam
um círculo ao nosso redor.
Nós nos rodeamos algumas vezes antes de ele tentar me pegar de
surpresa e numa manobra rápida, mas estou pronta para ele. Eu o evito
facilmente enquanto ele tenta se jogar em cima de mim.
Na terceira vez que ele tenta me pegar, eu o soco na garganta o mais
forte que posso, deixando-o sem fôlego.
Ele se dobra e puxa por ar, mas eu aproveito e pulo em suas costas.
Ele é um homem muito grande, então preciso de toda a minha força
para envolver meu braço em volta do seu pescoço. Eu aperto com força,
bloqueando suas vias respiratórias enquanto ele ainda tenta recuperar o
fôlego. Depois de alguns momentos tentando me tirar de cima dele,
Ardon bate na minha mão, me avisando que ele desistiu.
— Deusa, Luna, — ele engasga, — você me pegou em cheio dessa vez.
Eu sorrio para ele, mas minha mente está em outro lugar. Quero estar
com Rainier e ajudar minha velha matilha, mas preciso ficar aqui. Eu
preciso ser forte para esta matilha.
Esta é minha matilha agora e devo proteger esses lobos a qualquer
custo. Eu levanto meu queixo e sinalizo para Ardon que estou pronta
para lutar novamente.
Capítulo 18
Rainier

Erguendo meu focinho e inalando profundamente, sinto o cheiro


fresco de bandido nas proximidades e sei que estamos quase na fronteira
da Matilha de Northridge.
— Estamos chegando perto, — eu faço contato mental com meus
guerreiros cujos corpos grandes e peludos me seguem.
Acabei trazendo apenas cinco deles comigo, deixando o resto para trás
para defender minha matilha caso necessário. Viajar pela floresta em
forma de lobo entre a distância da minha matilha e a de Northridge foi
uma decisão fácil.
Não apenas é mais rápido, como temos uma melhor chance de entrar
sem sermos detectados do que se passarmos pela frente.
Meu lobo está pronto e ansioso para entrar em ação. Queremos
justiça e vingança tanto para nossas mulheres quanto pelas mortes dos
membros do nosso bando. Quanto mais cedo pudermos acabar com isso
melhor.
Chegamos à fronteira sul e a cruzamos facilmente. Nenhum vestígio
de qualquer animal ou criatura pode ser visto ou ouvido e isso me deixa
em alerta máximo. Algo definitivamente não está certo, então coloco as
roupas que trago na boca no chão e trato de me transformar
rapidamente.
Meus guerreiros seguem o exemplo e nos vestimos da forma mais
silenciosa possível.
Estou colocando minha camisa pela cabeça quando uma voz profunda
e familiar me pega desprevenido.
— É bom finalmente conhecê-lo. — Virando em direção à voz, eu fico
pálido e os cabelos na minha nuca se arrepiam.
Memórias da minha infância embaçam minha mente e as lágrimas
embaçam minha visão quando eu percebo que é o homem que matei há
cinco anos.
— Pai? — eu digo, não acreditando e mal contendo meu lobo. Meu
coração bate acelerado em meus ouvidos e sinto como se tivesse acabado
de ver um fantasma.
— Eu realmente me pareço tanto com ele? — O macho fala. —
Sempre achei que eu parecia mais com a nossa mãe. Eu sou Silas,
irmãozinho, e esperei muito tempo para conhecê-lo.
Ondas de choque percorrem meu corpo enquanto tento entender o
que está bem na minha frente.
Não há como negar que este homem é meu irmão. Ele quase poderia
se passar por gêmeo do meu pai, mas agora que estou realmente olhando
para ele, posso ver algumas pequenas diferenças.
Como eu não sabia de sua existência?
Dou alguns passos em direção a ele e ele recua um pouco, erguendo as
mãos como se não fosse uma ameaça. Vários lobos bandidos saem de
seus esconderijos e circulam atrás dele. Meus guerreiros se movem ao
meu redor, prontos para atacar, se necessário.
— O que você quer de mim? — Eu digo quando consigo organizar
minhas ideias. — Por que você tem enviado bandidos para atacar minha
matilha? Por que você atacou Northridge?
— Acho que devemos sentar e ter uma boa conversa. Sozinhos, — ele
diz, olhando meus guerreiros. — Podemos conversar em meu escritório
recém-adquirido.
— Onde está o resto da Matilha de Northridge e meus guerreiros?
Onde estão Toby e Damon? — eu exijo que ele me diga.
— Seus guerreiros e Alfa Roberson lutaram bastante. Venha comigo e
eu conto tudo para você, — diz ele com uma pitada de irritação. Eu rosno
baixo, não confiando neste lobo na minha frente, mas aceno e faço um
gesto para meus guerreiros ficarem aqui. Eu faço contato mental e digo a
eles para matarem os bandidos assim que estivermos fora do campo de
visão.
Eu continuo seguindo meu irmão para a casa da matilha e sorrio
quando percebo que ele está mancando. Quando chegamos ao que uma
vez foi o escritório de Alfa Roberson. Silas dá a volta atrás da mesa e se
senta.
— Então, irmão, diga-me como a vida em Southridge tem te tratado.
— Ele faz um gesto com a mão para que eu me sente, mas permaneço de
pé. Tudo nele parece estranho, igual ao meu pai.
— Chega de conversa fiada. — eu rosno. — Diga-me o que você quer
de mim. Não estou aqui de brincadeira.
— Eu sou seu irmão mais velho. Achei que você ficaria feliz em me ver.
— Ele sorri, mostrando a boca cheia de dentes podres.
— Eu nem sabia que você existia.
— Foi o que eu imaginei, — ele suspira pesadamente. — Ninguém
sabia que eu existia. O pai não queria que ninguém soubesse que seu
filho primogênito era aleijado. — ele zomba enquanto levanta as calças
revelando uma perna retorcida e mutilada. — Ele me levou para a floresta
quando eu tinha quatro anos e disse que se eu voltasse, ele me mataria.
— Então, você viveu como um bandido esse tempo todo? — Eu
pergunto a ele curioso.
— Sim, vivi sozinho por muitos anos, quase sempre morto de fome.
Isso até Ezra me encontrar e me apresentar a seu clã de bandidos. Eles
me receberam de braços abertos quando ninguém mais aceitaria um
aleijado. — Um sentimento de pena invade minha mente quando penso
em como meu pai me tratou.
Não consigo me imaginar sendo completamente abandonado e
forçado a ser um bandido. Tive sorte de não ter sido jogado para os lobos,
figurativamente falando.
— Lamento que nosso pai fosse um merda. Eu entendo isso muito
bem, eu realmente entendo, mas por que matar os membros da minha
matilha? Por que atacar o bando da minha companheira? O que
exatamente você quer de mim? — Eu exijo.
— Bem, é realmente simples, — diz ele, encolhendo os ombros. — Eu
quero o que por direito me pertence. Afinal, sou o filho primogênito. Eu
deveria ser o Alfa da Matilha de Southridge. Tenho certeza que você me
entende.
Meus olhos encontram os dele e, neste momento, não consigo ver
nada além do reflexo de merda que era meu pai.
Eu rosno baixo com raiva.
— Eu matei nosso pai pelo título de Alfa. Se você quiser, você sabe o
que tem que fazer.
— Achei que você pudesse dizer isso. — Ele sorri enquanto se levanta
e fica na minha frente.
Eu percebo apenas clarão prateado antes de sentir uma dor profunda
e lancinante em minhas costelas.
Olhando para baixo, vejo um vermelho profundo encharcando minha
camisa.
— Eu esperei anos por este momento, — ele diz animadamente.
Sinto os estilhaços de prata entrarem em minhas veias, a dor é
insuportável. Eu gemo e caio de joelhos no chão, o choque repentino
enviando uma nova onda de agonia por todo meu corpo e direto para a
ferida.
Pressionando a ferida, tento estancar o sangue que jorra de mim.
— Lamento que tenha que ser assim, irmãozinho, — diz ele ao se
inclinar sobre mim, — mas não há outra maneira.
Ele levanta a faca novamente e, pela primeira vez em muito tempo,
sinto medo. Tenho medo de nunca mais ver Alexia, de nunca mais
segurá-la ou beijá-la.
Tenho medo do que meu irmão fará com ela quando a encontrar.
Imagens de minha linda mulher permeiam minha mente, aliviando a dor
que percorre meu corpo, e assim tento reunir cada grama de força que
me resta.
Se minha morte significa salvá-la, morrerei feliz.
Eu chamo meu lobo em desespero e ele ainda tem um pouco de
energia para aparecer. Ele está pronto para lutar até seu último suspiro se
isso significar a proteção de sua companheira. Silas grita enquanto meu
lobo afunda os dentes em sua perna manca, o som de ossos quebrando
entremeados pelos lamentos de agonia.
Silas abaixa a faca novamente e a enfia direto no ombro do meu lobo,
mas isso não o detém.
Meu lobo balança a cabeça violentamente, rasgando pele e osso e
arrancando a perna por inteiro. Gritos se transformam em uivos quando
o lobo do meu irmão emerge e sai mancando pela porta com três patas.
Ordeno meu lobo a ir atrás dele, mas ele usou o que restava de sua
energia, deixando-me em uma poça de sangue no chão.
Estou perdendo a consciência rapidamente e sinto meu lobo
desaparecendo. Eu chamo a lua pela última vez e peço para ela proteger
minha mulher e mantê-la segura. Fechando meus olhos, eu sorrio
enquanto lembro da imagem de Alexia uma última vez antes que a
escuridão me acometa por inteiro.
Capítulo 19
Alexia

— Xeque-mate! — Ardon diz, sorrindo como um idiota. — Eu ganhei!


Ele sorri satisfeito e eu reviro meus olhos.
— Eu acho que há uma primeira vez para tudo, — digo
sarcasticamente.
Ele levanta uma sobrancelha para mim e me lança um olhar curioso.
— Por que você está de mau humor?
Eu dou de ombros e olho para o relógio pela milionésima vez desde
que Rainier saiu. Eu já deveria ter notícias dele.
— Alfa. Ficará. Bem. Ele não é um Alfa por acaso. — Ele me dá um
sorriso tranquilizador enquanto arruma o tabuleiro de xadrez
novamente, mas não consigo acreditar nele.
Tive um pressentimento muito ruim nas últimas horas.
Minha loba está ansiosa e algo simplesmente não parece certo. Se
Rainier tivesse me deixado reivindicá-lo ou pelo menos ir com ele, eu
saberia com certeza. Agora estou presa aqui sem saber de nada.
Toco a marca em meu pescoço e um arrepio percorre meu corpo. Não
quero admitir para mim mesma que estou me apaixonando por ele.
Eu sei que esse era meu destino, mas honestamente não sabia o que
iria acontecer quando o conheci e soube quem ele era. Agora, encontro-
me querendo saber tudo sobre ele, tudo que vai em seu coração e sua
alma, tudo o que é importante para ele.
— E você? Onde está sua companheira? — Eu pergunto, tentando
mudar de assunto.
Os olhos azuis de Ardon escurecem e ele fica quieto por um longo
tempo antes de falar.
— Ela morreu há alguns anos.
— Nossa. Lamento ouvir isso. — eu digo baixinho, me sentindo mal
por ter perguntado. Já sou amiga de Ardon há algum tempo e quase não
sei nada sobre ele. — Você quer falar sobre isso? Eu não te conheço muito
bem, mas te considero um amigo.
Os cantos de sua boca se curvam em um sorriso tímido.
— Sim, eu não sei se posso ser amigo de uma mulher que pode me
vencer. — Ele me olha sério por um momento antes de começar a rir e
então eu me junto a ele. A maneira como esse homem me trata me
lembra tanto Adam e isso me deixa à vontade.
— Talvez um dia eu consiga falar sobre esse assunto, mas por
enquanto, prefiro não pensar nisso, — diz ele depois que nosso ataque de
riso passa. — Então, você está pronta para tomar uma surra do mestre do
xadrez de novo?
— Mestre de xadrez, uma ova. Você teve sorte, — eu digo brincando.
Eu rio enquanto olho para o tabuleiro fingindo me concentrar quando
ouço uma gritaria do lado de fora.
Eu rapidamente pulo e corro para fora da porta, Ardon seguindo logo
atrás.
Está escuro como breu e meus olhos demoram apenas um segundo
para se ajustar à escuridão. Um SUV preto está estacionado do lado de
fora da casa da matilha e três homens grandes saem rapidamente.
Um homem alto de cabelos escuros surge do banco do motorista e eu
o reconheço do dia em que vi Rainier pela primeira vez.
— Toby! O que diabos está acontecendo? — Ardon grita enquanto sai
em direção ao veículo. Eu o sigo e, de repente, vejo Rainier sendo
retirado do banco de trás. Eu sabia que meu instinto estava certo o
tempo todo.
— Não, não, não, não, não, — repito para mim mesma enquanto me
aproximo de meu companheiro. Meu coração paralisa quando vejo o seu
estado. Ele está coberto de sangue e não consigo nem verificar se ele
ainda está respirando.
Pego seu rosto com as mãos e choro desesperadamente quando meus
dedos tocam em sua pele fria.
Minha loba uiva em agonia, mas não é possível que ele esteja morto.
Ainda posso senti-lo, mesmo que distante, no fundo da minha alma.
O médico da minha antiga matilha sai do veículo atrás dele e coloca a
mão no meu ombro.
— Alexia, preciso levá-lo para dentro agora.
Eu observo enquanto eles levam meu companheiro embora, incapaz
de mover minhas pernas para segui-lo. Alguém agarra meu braço e me
arrasta logo atrás deles.
— Luna, ele terá uma chance muito melhor de sobrevivência se você
estiver com ele. Eu não pude estar junto com Jen. Não cometa o mesmo
erro que eu, — diz Ardon. puxando-me de volta para a realidade. Eu os
alcanço na ala médica da casa da matilha no exato momento em que eles
colocam Rainier em uma mesa de cirurgia.
— O que aconteceu? — eu esbravejo, mal contendo as emoções
correndo dentro de mim.
— Aparentemente, Alfa tem um irmão que não conhecíamos, — Toby
fala enquanto anda de um lado para o outro.
— Eles nos emboscaram. Devia haver pelo menos trinta deles. Nunca
vi tantos bandidos. Isso sem contar os outros que matamos antes. Eu
tentei salvar sua matilha, mas havia muitos deles.
Ele se vira para mim e vejo as lágrimas em seus olhos enquanto
continua falando.
— Eles mataram a maioria, mas mantiveram alguns de nós como
reféns, talvez pra fazer algum tipo de chantagem. Eu não vi o que
aconteceu com Alfa, mas só posso crer que foi o irmão dele o responsável
por isso. — Eu olho e vejo o Dr. Logan examinando Rainier. Concentrado
enquanto ele coloca um tubo de respiração na garganta do meu macho.
Eu tenho que manter o controle para minha loba não vir à tona, o
instinto de proteger seu companheiro é sua força motriz.
Eu respiro fundo para tentar acalmar minha loba enquanto o médico
começa a suturar a grande ferida perto de suas costelas. A médica de
nossa matilha chega logo depois para ajudar e em pouco tempo eles
terminam de dar os pontos. A Dra. Graham olha para mim e quando
meus olhos encontram os dela, meu coração pesa.
— Nós cuidamos do ferimento e conseguimos estancar o
sangramento, mas o que quer que seja que usaram para feri-lo era de
prata. Demos a ele remédios por via intravenosa para tentar neutralizar
os efeitos, mas a única coisa que podemos fazer agora é esperar e ver se
seu corpo vai reagir. Inclusive, seu lobo não está respondendo, então ele
provavelmente foi apunhalado em sua forma de lobo também. Vou ser
honesta com você, Luna. A situação não parece boa. — Eu engulo o
choro e aceno com a cabeça.
— Há algo que eu possa fazer por ele?
— Você já tentou se conectar através de seu vínculo de companheira?
Se você puder fazer isso, então talvez você possa trazê-lo de volta, —
Toby fala com entusiasmo.
Ele me olha esperançoso, mas eu balanço minha cabeça lentamente,
sabendo que isso não será possível. Rainier me proibiu de marcá-lo,
então não há como eu me conectar com ele.
— O que isso importa? — Lucas diz, se levantando de seu lugar no
canto da sala. — O que está feito está feito. Se você tivesse assumido o
controle da situação, não estaríamos aqui agora. Alfa não estaria
morrendo!
— Olha quem está falando. Porra, você é o que sempre escolhe ficar na
segurança da matilha. Não sei porque Alfa o tornou beta. Você é fraco pra
caralho! — Toby grita de volta.
Tudo acontece em um piscar de olhos. Lucas ataca Toby, socando-o
com força no queixo. Antes que eu perceba, eles estão brigando no meio
da sala de cirurgia.
— TODOS PARA FORA! AGORA! — eu grito. — SAIAM DAQUI,
PORRA! — Ardon afasta Toby e Lucas um do outro e os arrasta para fora
da sala, todos os outros seguem atrás deles rapidamente.
Eu levo um momento para me recompor antes de caminhar até
Rainier. Ele parece tão pálido, tão fraco que não consigo evitar as
lágrimas que continuam a encharcar meu rosto.
Eu me sinto uma bagunça completa e sei que preciso ser forte por ele.
Eu deixo as palavras de Toby preencherem minha mente enquanto eu
olho para o meu homem.
Se eu marcá-lo, talvez isso lhe dê força suficiente para se curar. Talvez
isso pudesse ajudá-lo, assim como Toby disse.
Eu sei que não posso ficar sentada aqui sem fazer nada.
Se ele viver e me odiar por isso mais tarde, então que seja assim. Pelo
menos ele estará vivo. Inclinando-me. pressiono suavemente meus lábios
em sua testa, em seguida, o beijo e sinto a frieza de sua pele enviando um
arrepio pelo meu corpo.
Um último beijo em seu pescoço e deixo meus caninos descerem
antes de afundá-los profundamente em sua garganta.
Capítulo 20
Rainier

Trevas. Ao meu redor, a escuridão me consome.


Sinto como se estivesse flutuando, minha alma pairando no limite
entre a vida e a morte, e tudo em que consigo pensar é o quão ingênuo eu
fui por acreditar que ninguém poderia me tocar.
Eu decepcionei minha matilha e decepcionei minha companheira por
causa de minha própria estupidez. Eu deveria ter feito mais. Eu poderia
ter feito mais. Estou perdido em meus pensamentos, suspenso no
desconhecido, quando uma voz suave e feminina canta através do
silêncio ensurdecedor do abismo.
— Bem-vindo ao lar, meu filho.
De repente, me sinto sendo puxado por uma força desconhecida.
Olhando para cima, vejo uma luz vívida e brilhante e meu coração
bate descontroladamente no peito enquanto sou impulsionado em sua
direção. Uma mulher logo surge e minha respiração parece me deixar por
um instante.
Ela é quase angelical enquanto uma luz brilhante emana dela e a
envolve de todos os ângulos.
— Eu esperei muito tempo para conhecê-lo, meu lobinho corajoso, —
ela diz enquanto sorri para mim.
Uma calma como nunca senti antes passa por mim quando ela
estende a mão e toca minha bochecha com os dedos. Isso é quase um
sonho, mas incrivelmente real ao mesmo tempo.
— Quem é você? — eu pergunto a ela, quase sem fôlego. Ela parece
tão familiar, como se eu já a conhecesse, mas não consigo identificar
quem ela é.
O longo vestido branco da mulher flui ao seu redor e seus olhos azuis
brilhantes cintilam com amor.
— Eu sou sua mãe, lobo. Eu criei você assim como todos os meus
outros filhos.
— Você é a Deusa da Lua. — eu sussurro quando a identifico e ela
confirma. A calma que senti momentos antes me deixa rapidamente
quando percebo o que isso significa.
— Eu estou... estou morto? — eu gaguejo. Minha garganta aperta e
minha visão fica turva com lágrimas.
Nunca chorei na frente de ninguém, mas não acho que posso parar
agora.
A Deusa sorri tristemente enquanto limpa as lágrimas do meu rosto.
— Você já passou por tanta coisa em sua vida, meu filho. Você estará
seguro aqui comigo. Ninguém poderá te machucar novamente.
Ela estende a mão para mim, me chamando para ir com ela, mas eu
não me movo.
— Eu não posso estar morto. Minha matilha precisa de mim. Minha
companheira precisa de mim! — eu digo enquanto mais lágrimas rolam
pelo meu rosto.
— Ah, sim, minha Alexia. Ela sempre foi uma das minhas favoritas, —
diz ela enquanto sorri para si mesma. — Ela é muito mais forte do que
você acredita. Alexia só precisa de ajuda para se encontrar. Eu cruzei o
seu caminho com o dela por uma razão, lobo.
Meu coração se parte quando penso em como a tratei da última vez
que estive com ela. Eu disse que ela não era forte o suficiente quando
tentou me reivindicar.
Lembro da dor e da raiva em seus olhos quando recusei que ela me
reivindicasse, e eu sei que a única coisa que tenho feito é ser um
problema para ela.
— Eu sei. Eu não a mereço. — eu digo, baixando meus olhos, e a
Deusa concorda.
— Você a ama, lobo? — ela pergunta. Amor. O único amor que conheci
foi o de minha mãe e nem me lembro como era isso.
— Não sei como é o amor, mas posso te dizer uma coisa. Eu morreria
por ela um milhão de vezes, sem fazer perguntas. Eu suportaria as surras
de meu pai todos os dias pelo resto da minha vida se isso trouxesse
felicidade para ela. Eu mataria qualquer um que tentasse machucar um
único fio de cabelo de sua cabeça. — Respiro fundo para tentar me
acalmar enquanto a Deusa me observa com curiosidade. — Eu faria
absolutamente qualquer coisa se isso significasse mais um dia com ela.
Os olhos da Deusa brilham enquanto eu falo e um estranho
sentimento surge em meu coração, algo diferente de tudo que eu já senti
antes.
— Você sente isso, criança? Ela está chamando por você. — A Deusa
da Lua agarra minha mão e sua pele brilha com todas as cores. — O que
você está esperando, lobo? Vá até ela.
Abro a boca para perguntar como, mas com a mesma rapidez que
cheguei aqui, sou mergulhado de volta na escuridão em queda livre.
Quando abro os olhos novamente, solto um gemido alto enquanto uma
dor imensa percorre meu corpo e o cheiro de remédio invade meu nariz.
— Rainier?! — eu ouço uma bela voz familiar ao meu lado. Eu olho e o
alívio toma conta de mim quando vejo minha linda mulher deitada ao
meu lado.
Sinto meus olhos lacrimejarem quando percebo que a Deusa me deu
uma segunda chance e juro a mim mesmo que não vou estragar tudo.
— Eu pensei que você tivesse morrido! — Alexia grita, então eu a
seguro em meus braços com toda minha força.
— Estou aqui, lobinha. — eu digo baixinho enquanto corro meus
dedos por seu longo cabelo escuro. Seu corpo treme de tanto chorar e
meu coração dói com cada uma das lágrimas. Não tenho certeza do que
mudou, mas sinto um elo indestrutível com ela que não sentia antes.
Eu me inclino e pressiono meus lábios no topo de sua cabeça,
tentando não gemer com a dor dilacerante em meu corpo. Ela se acalma
depois de alguns momentos e olha para mim com aqueles lindos olhos
esmeralda.
— Eu posso sentir sua dor, Rainier, fisicamente e mentalmente. Eu
posso sentir tudo. Sinto muito, — ela diz enquanto sua boca treme.
— Shhh. Tudo vai ficar bem agora, bebê, — eu digo enquanto corro
minhas mãos em suas costas suavemente.
— Não, você não entende. Eu marquei você. Eu estava com tanto
medo que você fosse morrer, que eu tive que fazer algo, — ela sussurra e
meu coração se parte.
É
É isso que estou sentindo. O vínculo do companheiro é completo e ela
pode sentir tudo, ver tudo.
— Eu sinto muito, querida. Eu nunca quis ser a razão do seu
sofrimento, — eu digo a ela com sinceridade.
— Não é isso. Eu posso lidar com o sofrimento. Isso me ajuda a te
entender melhor. Tive medo de que você me odiasse por ir contra suas
ordens. Você me proibiu de reivindicá-lo. — Ela olha para baixo e eu me
odeio por fazê-la se sentir assim.
Eu inclino seu queixo para cima e pressiono meus lábios nos dela, o
gosto dela é muito bom para ser descrito. — Eu estava errado. Eu não
consigo me desculpar o suficiente. Tenho sido um idiota com você por
causa de minhas próprias inseguranças. Eu não mereço você.
Eu a beijo novamente, deixando minha língua deslizar sobre a dela
como o vai e vem das ondas no mar calmo. Fechando meus olhos,
encaminho tudo o que sinto por ela através do nosso vínculo de
companheiro e a sinto sorrir junto aos meus lábios.
Eu me afasto depois de um momento e descanso minha testa contra a
dela.
— Eu vou te compensar por tudo que fiz. Eu prometo.
Ficamos deitados assim por um longo tempo envoltos nos braços um
do outro antes de me lembrar que preciso preparar minha matilha para
outro ataque.
Sei que meu irmão virá mais cedo ou mais tarde, pela convicção que vi
em seus olhos.
— Eu preciso me levantar. Preciso preparar meus guerreiros, — digo
enquanto tento me sentar, mas meu corpo está tão fraco que não consigo
quase nem me mexer.
— Não, você precisa descansar. — ela diz severamente. — Eu vou
cuidar de tudo.
— Eu tenho um irmão que quer me matar e assumir o controle de
minha matilha. Não vou deixar você lutar minhas batalhas.
— Não são apenas as SUAS batalhas agora. Você não precisa mais lutar
sozinho. Eles mataram meu irmão e atacaram minha matilha. Apenas
confie em mim. Dê-me uma chance, — ela diz enquanto me olha
suplicante. — Deixe-me provar a você e a mim mesma que sou digna de
ser a Luna de nossa matilha.
Abro a boca para dizer não quando me lembro do que a Deusa havia
me falado. Suspirando pesadamente, passo a mão no rosto.
— Ok, eu confio em você, mas há muita coisa que você precisa
aprender e não sei quanto tempo tenho para lhe ensinar.
Ela me olha séria por um momento antes de assentir.
— Como o quê?
— Diferentes estratégias para defender o bando para começar. — digo
a ela. — Estamos perdendo alguns guerreiros, então teremos que jogar de
forma inteligente. Não quero perder mais ninguém da minha matilha.
— E sobre a casa da matilha que você estava construindo no norte? Já
faz mais de um mês.
— Ir embora não é mais uma opção, — digo a ela. — Meu irmão vai
nos perseguir onde quer que eu vá para conseguir o que ele quer.
Inclinando-me, coloco meu nariz em seu cabelo e cheiro
profundamente, o perfume de orquídeas cobrindo o cheiro da sala de
cirurgia.
Depois de um momento, tento sentar-me novamente e, dessa vez,
consigo com uma ajudinha de Alexia.
— Venha, — ela diz. — vamos levá-lo ao nosso quarto. Estou pronta
para sair daqui.
Trinta minutos do que pareceram horas de uma dor insuportável e
estou finalmente de volta à minha cama.
Alexia troca o curativo com cuidado antes de se deitar ao meu lado.
Eu sinto um pouco de arrepio enquanto ela passa a mão em minha
barriga nua, me fazendo desejar ter força para fazer amor com ela.
Em vez disso, eu a beijo profundamente e a puxo contra mim para que
sua cabeça fique no meu peito.
Em pouco tempo, eu me sinto caindo no sono, o vínculo do
companheiro que está vibrando entre nós me embala em um sono
profundo e tranquilo.
Capítulo 21
Alexia

— Hummm, assim você está me matando, lobinha, — Rainier diz


sonolento enquanto eu passo minha mão em seu peito e desço por sua
barriga.
Eu estive acordada nas últimas duas horas apenas observando-o
dormir e não importa o quanto tente, não consigo manter minhas mãos
longe dele. Eu me aconchego mais perto e acaricio meu rosto em seu
peito. Eu inalo profundamente o cheiro de chuva fresca e pinheiro que
invadem meus sentidos e então suspiro contente.
Ele passa os dedos pelas minhas costas e pelo meu cabelo, causando
arrepios na minha pele. Um pequeno gemido escapa dos meus lábios e
Rainier rosna.
— Essa porra de som, — ele respira, — é a coisa mais sexy que eu já
ouvi. — Abaixando a cabeça, ele pega minha boca me beijando
profundamente e eu não posso deixar de gemer de novo.
Ele se afasta depois de um segundo e olha profundamente nos meus
olhos.
— Nunca pensei em um milhão de anos que pudesse sentir as coisas
que você me faz sentir. — Ele me dá outro beijo lento e doce. — Eu sei
que não mereço você, mas farei tudo que puder para ser o homem que
você precisa que eu seja.
Ele segura meu rosto com a mão e beija minha testa.
— Diga que você é minha.
Meu coração acelera e tenho que respirar fundo para conter as
lágrimas. Eu olho para ele para que possa ver a sinceridade em meus
olhos.
— Eu sou sua. Rainier. Apenas sua. — Usando as pontas dos meus
dedos, eu deslizo através da pele nua de seu peito, descendo pelos
músculos de sua barriga.
Quando eu alcanço o lençol que cobre sua cintura pra baixo, seu pau
duro sinaliza para encontrar minha mão.
Sob o lençol, eu o aperto suavemente através de sua cueca boxer.
— Porraaaa, — ele geme. Ele tenta se sentar, mas reclama de dor com
o movimento que vai de encontro ao ferimento e volta a se deitar.
Ele parece desolado com a situação.
— Eu te quero pra caralho mas estou tão fraco...
Sentando-me, subo em cima dele e monto em suas coxas
pressionando o dedo em seus lábios.
— Shhh. Deixe-me cuidar de você agora. — Puxando o lençol para
baixo, eu me inclino e dou um beijo na cabeça de seu membro através de
sua cueca.
Puxando-a para baixo lentamente, vejo como seu pau salta para frente
e encosta em sua barriga, deixando um rastro de pré-gozo próximo ao
umbigo.
Minha boca enche de água com a visão e eu lambo meus lábios
enquanto abaixo minha cabeça. Ele não tira os olhos dos meus enquanto
eu uso minha língua para lamber a essência em sua barriga.
Ele se contorce enquanto eu o beijo até chegar à ponta de seu
membro.
Eu deixo meus lábios trilharem até chegar à base e então eu lambo
meu caminho de volta, fazendo-o uivar por entre os dentes.
— Essa sua boca, lobinha. — ele diz, mas não consegue terminar
quando coloco toda sua cabeça em minha boca. Seus quadris empurram
para cima enquanto eu giro minha língua ao redor dele, o gosto dele me
excitando à medida que eu o levo profundamente em minha garganta.
Ele enfia a mão no meu cabelo e segura enquanto eu o pego de jeito.
— Porra, bebê, eu não vou conseguir aguentar. — ele geme, me
fazendo chupar cada vez mais forte. Eu o sinto latejar e pulsar no fundo
da minha garganta e sei que ele está quase lá.
— Assim eu vou gozar, — ele geme enquanto tenta puxar para fora da
minha boca, mas eu só o levo mais fundo na minha garganta. — PORRA!
— ele grita enquanto fica tenso e puxa meu cabelo. Seu corpo inteiro
treme quando ele jorra em minha boca e eu engulo tudo.
Depois que ele termina, ele agarra meus braços e me puxa para cima
dele.
Ele segura meu rosto e me beija com força, deixando sua língua
deslizar sobre a minha sensualmente.
Quando ele se afasta, ele me segura no lugar enquanto olha nos meus
olhos.
— Obrigado. — Eu levanto uma sobrancelha e olho para ele com
curiosidade.
— Pelo que?
— Pelo que você acabou de fazer. Eu nunca experimentei isso antes e
estou feliz que você foi minha primeira.
Ele me beija novamente antes de me envolver em seus braços e eu
sinto minha loba ronronar feliz, tão profundamente contente pela
primeira vez em sua vida. Depois de um tempo, a respiração de Rainier se
aprofunda e eu olho para cima para vê-lo dormindo novamente.
Eu rastejo para fora da cama e me visto rapidamente antes de fazer
meu caminho para fora do quarto, rumo a cozinha.
Algumas empregadas trabalham em silêncio quando eu entro e elas
baixam a cabeça na minha direção assim que me veem. Eu dou a elas um
sorriso genuíno enquanto vou até a geladeira e pego um pouco de bacon
e ovos. Eu preparo um prato antes de voltar para o nosso quarto.
Quando chego, noto que a porta está ligeiramente entreaberta.
Abrindo a porta, vejo Rainier sentado na cama e a Dra. Graham
inclinada sobre ele enquanto checa seus sinais vitais. O bom senso me
diz que ela está lá apenas fazendo seu trabalho, mas meus instintos mais
primitivos me dominam em vez disso. Um rosnado baixo surge do fundo
do meu peito e a médica olha para cima assustada.
— Luna, você me assustou! — ela diz.
— Fui à ala médica para fazer minhas rondas e vi que o Alfa não estava
na sala de cirurgia. Só vim verificar suas ataduras e sinais vitais, logo
deixo vocês sozinhos. Devo dizer que estou impressionada com a
velocidade de cura dele.
Ela coloca seu equipamento de volta na maleta e se levanta.
— Eu vou indo agora. Se você precisar de alguma coisa, por favor me
avise. — Ela baixa a cabeça e sai rapidamente da sala. Eu olho para onde
Rainier está sentado com um sorriso estampado no rosto.
— O que é tão engraçado? — eu pergunto, um pouco irritada com a
forma como acabei de agir.
— Ah, nada. Eu só acho divertido quando você fica com ciúmes, — diz
ele enquanto me chama com o dedo indicador. — O que você tem aí?
Eu ando em direção a ele lentamente com o prato de comida na
minha mão.
— Bem, eu ia alimentar você, até que você começou a zombar do meu
ciúme. Como se fosse fazer diferente. — eu o provoco.
— Mmmmmm. isso cheira muito bem. — ele fala. — Estou faminto.
— Eu finjo que dou o prato, mas em seguida, quando ele estende a mão
para pegá-lo, puxo de volta rapidamente.
— Nananiiinanão, o que você deveria dizer? — eu pergunto,
brincando.
Ele dá um sorriso bobo que faz meus joelhos fraquejarem.
— Hummm, que você é a mulher mais sexy que eu já vi?
Eu reviro meus olhos e rio enquanto me sento na cama.
Ele me dá um beijo rápido antes de pegar o prato de mim. Pegando
um pedaço de bacon, ele o leva à minha boca e eu dou uma mordida.
Comemos em silêncio por um minuto antes de ele falar.
— Quando é seu aniversário?
— 1° de novembro, — digo a ele enquanto como os ovos. — Quando é
o seu?
— 22 de março. O que você gostaria de fazer no seu aniversário? — Eu
penso por um momento e me ocorre que este ano será o primeiro
aniversário que passarei sem Adam.
— Adam geralmente me trazia um bolo e nós comemorávamos em
casa.
Sinto minha expressão mudar e sei que ele vê.
Ele toca meu queixo e o levanta suavemente.
— Eu sei que nunca poderei preencher o espaço vazio que seu irmão
deixou para trás, mas vou passar minha vida fazendo o que for preciso
para te fazer feliz.
Eu fecho meus olhos quando o sinto invocar o vínculo de
companheiro.
Imagens de cada momento que passamos juntos preenchem minha
mente e eu percebo que estou vendo tudo isso do ponto de vista dele.
Imagens de quando ele me conheceu, quando ele fez amor comigo pela
primeira vez, quando ele me reivindicou como sua, passam pela minha
cabeça ao mesmo tempo que sinto o mais puro amor transbordar.
Ele se inclina quando uma única lágrima escorre pela minha bochecha
e a beija. Quando eu olho para ele, ele sorri calorosamente e não vejo
nada além de adoração e amor em seus olhos.
— Agora, me ajude a levantar, mulher. Eu preciso de um banho. — Ele
joga suas pernas grossas e musculosas para fora da cama lentamente,
expressando um pouco de dor.
De alguma forma, acabamos os dois no chuveiro e ele, sem pressa, usa
seus dedos para me recompensar por mais cedo. Dois orgasmos depois e
ele está acomodado na cama. Ele me observa atentamente enquanto eu
me visto, seus olhos deixando um rastro de fogo onde quer que eles
foquem.
— Pare de me olhar assim, — digo a ele, — ou nunca faremos nada.
— Venha aqui e podemos fazer muito. — Eu olho para ele e ele
balança as sobrancelhas para mim. Jogando minhas mãos em meus
quadris, eu dou a ele um olhar sério.
— Ok, ok, você está certa, — ele resmunga. Estamos repassando os
detalhes das diferentes estratégias de defesa para as próximas horas,
quando alguém bate na porta.
Toby espreita sua cabeça para dentro e seu rosto se ilumina quando
ele vê que seu Alfa está de pé e passa bem. Eu me levanto e dou-lhe um
beijo rápido antes de sair.
— Aonde você está indo, lobinha?
— Vou pegar algo para comermos. Volto em breve, — digo a ele. Ele
me dá um sorriso brilhante e uma piscadela rápida.
Assim que saio do quarto, não acredito em quem esbarro no caminho.
— Gennie? — eu digo, enquanto me aprumo. Mal posso acreditar
quando vejo aquela mulher de aparência desgrenhada diante de mim.
Eu a envolvo em meus braços sem pensar duas vezes e aperto-a contra
mim com força. Estou tão aliviada em vê-la que não consigo evitar que as
lágrimas de felicidade se acumulem em meus olhos.
Ficamos em um abraço profundo ao que parecem horas antes de eu
me afastar dela.
— Venha, — eu digo a ela. — você precisa tomar um bom banho e se
alimentar um pouco. — E nas próximas horas, é exatamente isso que
fazemos.
Capítulo 22
Rainier

Jogando minhas pernas para fora da cama, tento ficar de pé sozinho.


Eu planto meus pés firmemente no chão e uso os músculos das
minhas pernas tanto quanto possível para evitar tensionar a região perto
da ferida.
Para minha surpresa, não dói tanto quanto da última vez que me
levantei.
Depois de vestir um short, eu cuidadosamente desço as escadas em
busca de uma pequena loba que está demorando muito. A menos que ela
esteja preparando uma refeição de cinco pratos, ela já deveria ter voltado.
Assim que chego ao primeiro andar, o cheiro de algo delicioso domina
o ar e meu estômago ronca alto.
Sigo o cheiro até a cozinha e vejo minha garota no fogão mexendo
algo em uma panela enorme. Uma mulher desconhecida está sentada na
mesa atrás dela e presumo que seja alguém de sua matilha que foi trazida
de volta para cá após o ataque a Northridge.
Andando atrás de Alexia, eu envolvo meus braços em volta de sua
cintura e a puxo contra mim.
— Algo cheira delicioso. — eu rosno em seu ouvido. Ela relaxa com
meu abraço e suspira feliz. — Ensopado de carne de veado, — diz ela. Ela
se vira e me dá um beijo breve.
Seus olhos permanecem no meu peito desnudo por um momento
antes de morder o lábio.
— Há alguém que eu quero que você conheça. — Ela pega minha mão
e me leva até a outra mulher. — Esta é Gennie, — ela diz, me dando um
sorriso largo. Eu observo a mulher de aparência esquelética e aceno com
a cabeça. Perder seu companheiro deve ter sido difícil para ela.
— Prazer em conhecê-la, — eu digo, tentando diminuir o tom Alfa em
minha voz.
A mulher mantém a cabeça e os olhos voltados para baixo.
— Prazer em conhecê-lo também. Obrigado por nos salvar.
— Você terá que agradecer aos meus guerreiros por isso, — digo a ela.
— Eu apenas os levei até lá.
Alexia aperta minha mão e me curvo para beijar o topo de sua cabeça.
— Bem, parece que vocês duas têm tudo sob controle por aqui. Estarei
no meu escritório se precisarem de mim.
Eu sei o quanto esta mulher significa para minha companheira e não
quero interferir com o que quer que seja o assunto. De qualquer maneira,
tenho muito o que fazer para me manter ocupado.
— Por favor, fique. Já preparei o jantar para você, — diz Alexia, e
minha boca enche de água pensando no ensopado de veado.
Para me tentar ainda mais, ela vai até o fogão e me serve uma tigela
grande. Ela serve mais duas tigelas e eu a ajudo a colocá-las na mesa onde
Gennie está sentada.
Alexia se senta ao lado da amiga e eu me sento na frente dela para que
possa apreciar a vista enquanto como.
Dando uma grande mordida no meu guisado, eu suspiro quando o
sabor explode na minha boca. A carne de veado está cozida
perfeitamente e todos os temperos que ela usou funcionam
excepcionalmente juntos. Esse é o tipo de comida que conquista um
homem pelo estômago em dois tempos.
Quando eu olho para ela para dizer como está bom, me distraio vendo
ela lamber os lábios e me olhando com desejo.
O movimento de sua língua em seu lábio superior carnudo me faz
endurecer imediatamente e eu rosno baixo avisando-a para não me
tentar. Não quero tomá-la bem aqui na frente de sua amiga, mas só
consigo me controlar até certo ponto.
Gennie fica sem jeito e eu sorrio quando as bochechas de minha
companheira ficam em tom bonito de rosa.
O silêncio preenche o ar enquanto continuamos comendo e eu chego
a repetir o prato. Não é sempre que como comida caseira. Claro, tenho
empregadas que cozinham diariamente, mas infelizmente seus pratos
não se comparam aos de minha companheira. É por isso que geralmente
caço meu alimento e aproveito pra comer enquanto ainda está quente.
Estou na metade da minha segunda tigela de ensopado quando Alexia
para de comer e me olha com uma certa expectativa, então eu paro de
comer e dou a ela toda a minha atenção.
— Eu disse a Lucas para convocar uma reunião da matilha para esta
tarde. — ela diz, sua voz oscilando ligeiramente.
— Pensei que seria melhor definir um toque de recolher para a
matilha até resolvermos essa situação. Ninguém deve sair depois de
escurecer já que é a hora que esses idiotas gostam de atacar. Eu também
estabeleci rotinas de treinamento mais rígidas e alistei mais dez lobos
para treinar para lutar.
Ela faz uma pausa apenas momentaneamente antes de continuar.
— Já que estamos em desvantagem quanto ao número de guerreiros,
vou chamar os guardas das fronteiras da matilha e trazê-los para mais
perto da casa. Eu sei que isso reduz o tempo que temos para nos preparar
quando eles chegarem, mas vai diminuir a chance de entrarem sem
serem detectados.
Eu fico em silêncio, impressionado de ver como ela está tomando a
iniciativa. Devo dizer que todas essas ideias são realmente boas e tenho
certeza que ela pode notar o orgulho que estou sentindo estampado em
meu rosto.
Eu não quero admitir que ver ela assumindo o controle das coisas
desse jeito me deixa excitado.
— Que horas é a reunião da matilha? — eu pergunto, querendo apoiá-
la se houver necessidade.
Ela olha para o relógio na parede.
— Seis horas. — Eu inclino minha cabeça e sorrio.
— Bem, há algo em que eu possa ajudá-la, lobinha?
— Não consigo pensar em nada agora que não seja ajudar a treinar os
novos recrutas, — diz ela. — Mas você precisa se recuperar primeiro.
Eu pisco e dou a ela um sorriso malicioso.
— Não se preocupe comigo, querida. Eu estarei como novo num
piscar de olhos. — Droga, já me sinto melhor. Ainda dói pra caramba,
mas é tolerável e não me sinto tão fraco.
Antes que ela tenha a chance de responder, Gennie fala.
— Acho que vou deitar. Estou muito cansada, — diz ela. — Obrigada
pelo jantar. Lex. — Alexia sorri docemente para ela.
— Sem problemas. Eu vejo você após a reunião do bando.
Depois que Gennie vai embora, chamo minha companheira com meu
dedo indicador e ela me dá um sorriso tímido.
Dou um tapinha no meu colo enquanto ela dá a volta na mesa e me
agrada muito vê-la me obedecer. Eu puxo seu cabelo por cima do ombro
para expor seu pescoço e beijo a marca que deixei, causando um arrepio
por todo seu corpo.
Baixo o tom de minha voz enquanto falo em seu ouvido.
— Estou tendo dificuldade em me controlar perto de você, lobinha.
Ela suspira quando eu a levanto junto comigo. Eu sento sua linda
bunda bem no topo da mesa e me coloco entre suas pernas. Sem avisar,
minha ereção encosta contra sua coxa e ela geme com o contato.
Ela mantém os olhos focados em meus lábios enquanto me inclino
para beijá-la, mas somos interrompidos por uma voz grossa.
— Poxa, desculpe, — diz Ardon. — Não quis interromper. Só pensei
ter sentido cheiro de ensopado de veado, mas, hmmm, volto mais tarde.
— Ele dá a Alexia uma piscadela de — eu avisei — e minha garota tem a
audácia de rir.
— Então, eu percebi que você ficou muito próxima de Ardon nas
últimas semanas, — eu provoco. — Eu deveria estar preocupado? — Eu
cutuco sua cintura de brincadeira quando ela finge que tem que pensar
sobre isso, fazendo-a apenas rir mais.
Eu observo enquanto ela ri, uma risada genuína que faz seus olhos
franzirem nos cantos e então guardo essa imagem mental dela para mais
tarde.
Depois que seu ataque de riso para, ela me olha com sinceridade.
— Eu sou só sua, Rainier. — Quando seus olhos encontram os meus,
uma sensação avassaladora de possessividade toma conta de mim. Porra.
adoro ouvi-la dizer isso.
— Inteira, — digo a ela. — Esses lábios, — eu falo me virando e a
beijando com força. — Este corpo, — continuo, enquanto arrasto minhas
mãos por sua cintura, deixando meus polegares tocarem em seus
mamilos duros. — E essa buceta é toda minha, — eu suspiro
pesadamente. Eu a seguro entre suas coxas e aperto com força, fazendo-a
resistir dentre minhas mãos.
Estou prestes a tomá-la bem aqui na cozinha quando ela coloca as
mãos no meu peito para me impedir.
— Por mais que eu queira você agora, — diz ela, beijando meus lábios,
— eu realmente preciso me preparar para a reunião da matilha. — Antes
que eu tenha a chance de argumentar a respeito, meu beta entra na
cozinha.
— Desculpe incomodá-lo, mas gostaria de saber se poderia ter uma
palavra com você, Alfa.
Eu olho para ele e suspiro.
— Claro, o que é?
Seus olhos se voltam para Alexia antes de encontrar os meus
novamente.
— Na verdade, eu estava me perguntando se poderia falar em
particular.
Capítulo 23
Alexia

Rainier ergue uma sobrancelha para Lucas. — O que quer que você
precise me dizer, você pode dizer na frente de sua Luna.
Lucas me olha com desconfiança, mas logo se liga quando Rainier dá
um rosnado baixo de repreensão.
— Eu só queria ter certeza que você sabia da reunião da matilha que
ela convocou, — ele diz, apontando para mim. Que diabos? Ele
concordou quando eu pedi a ele para convocar a reunião da matilha mais
cedo. Eu não sei porque, de repente, ele cismou comigo.
Rangendo os dentes, rosno para o beta dissimulado.
Rainier cruza os braços sobre o peito largo e estreita os olhos.
— Eu sabia, — ele diz. — Você tem algum problema com isso?
— Você realmente acha que é uma boa ideia deixá-la dar as cartas? —
Lucas diz, nem mesmo tentando esconder o tom inconformado em sua
voz.
Eu me levanto da mesa e fico na frente dele.
— Qual é o seu problema comigo? — eu pergunto. — Por que não fala
na minha cara em vez de chorar para o seu Alfa? — Pra começo de
conversa, eu não sei porque ele simplesmente não disse que tinha alguma
coisa contra mim. Estar puto é um eufemismo agora.
O olhar frio de Lucas viaja dos meus pés por todo meu corpo até que
se fixam no meu rosto.
— Eu não pensei que Alfa concordaria em deixar você dar ordens, —
ele rosna.
Droga, esse cara decidiu ficar arrogante de repente. Antes que eu
tenha a chance de responder, Rainier dá um passo na minha frente,
bloqueando minha visão de Lucas.
— Em primeiro lugar. — ele diz. — você nunca mais vai olhar para a
minha mulher do jeito que você olhou, a menos, claro, que deseje
morrer. E em segundo lugar, por que você achou que eu não concordaria
com isso? — Lucas levanta as mãos e olha para Rainier como se a
resposta fosse óbvia.
— Ela é uma mulher. Você realmente acha que a matilha vai ouvi-la?
O rosto de Rainier se enche de fúria e, de repente, ele está frente a
frente com seu beta.
— Minha matilha sabe que sempre farei apenas o que for melhor para
eles, — ele grita, a apenas alguns centímetros de distância. Lucas desvia
os olhos e dá alguns passos lentos e trêmulos para trás, mas meu
companheiro não desiste. — Quando você desrespeita sua Luna, você me
desrespeita. Se eu não confiasse na capacidade de Alexia, você realmente
acha que eu colocaria a vida da minha matilha nas mãos dela?
— Não, Alfa, — diz ele humildemente, virando os olhos para mim. —
Ela é sua Luna agora. Somos iguais e você a tratará como tal. Você
entendeu?
Lucas diz que sim com a cabeça antes de sair e me deixar sozinha com
meu companheiro novamente.
— Que merda, — diz ele, Virando-se para mim. Ele passa as mãos pelo
cabelo desgrenhado e suspira.
— Por que ele tem tanto ódio pelas mulheres? — eu pergunto, com
meu sangue ainda fervendo por causa da situação.
— Não é que ele odeie as mulheres, — Rainier responde.
— Fomos ensinados que as mulheres não eram tão fortes ou
inteligentes quanto os homens. Nossos pais nos ensinaram que as fêmeas
não serviam para nada além de procriar. Na época em que meu pai era
Alfa, minha mãe não tinha voz em nada que envolvesse a matilha.
Meus olhos se arregalam de surpresa.
— É uma maneira repulsiva de pensar, — digo a ele. — Seu pai era
desprezível.
Ele acena concordando.
— Nem todos os meus lobos pensam assim, mas acho que é hora de
fazer as coisas de forma um pouco diferente por aqui.
Não quero admitir que me sinto magoada com o que Lucas disse.
Sinto raiva mais do que qualquer coisa, mas, principalmente magoada.
Decidida a não deixar alguns idiotas sexistas me deter, eu levanto meu
queixo sem medo do desafio.
— Vou provar a todos quem sou e do que sou capaz.
— Essa é minha garota, — ele diz com um olhar orgulhoso no rosto.
Ele se vira e me beija apaixonadamente e suas ações falam mais alto
do que palavras enquanto sua língua explora minha boca com fervor.
Quando ele se afasta, o olhar de devoção que vejo em seus olhos me
deixa sem ar. O sorriso que ele me dá ilumina todo o seu rosto, fazendo
seus olhos brilharem ainda mais.
— Venha. — ele diz. — Vamos para a reunião da matilha antes de eu
levá-la de volta ao nosso quarto e mantê-la lá por alguns dias.
*
— Você foi bem na sua estreia — Rainier diz quando saímos da
reunião da matilha.
Depois do incidente com Lucas, eu estava preocupada que o bando
fosse me causar mais problemas. Apesar disso, tudo correu bem.
Rainier estica os braços sobre a cabeça e faz uma cara de dor enquanto
subimos as escadas de volta ao nosso quarto.
Pela expressão em seu rosto, ele pode ter se esforçado demais por
hoje.
— Vou dar uma olhada em Gennie, — digo a ele. — Volte para o nosso
quarto e descanse. Não vou demorar. — Dou-lhe um selinho rápido
antes de subir para o quarto de Gennie.
Quando chego lá, fico surpresa ao ver Ardon saindo e fechando a
porta.
— O que você estava fazendo lá? — eu pergunto a ele, colocando as
minhas mãos na cintura. Ele olha para o chão antes de me dar um sorriso
tímido. — Eu estava trazendo algo para sua amiga comer. Achei que ela
pudesse estar com fome.
Eu olho para o prato vazio em suas mãos e sorrio para mim mesma.
Ardon é um homem tão atencioso; sua companheira era uma loba
sortuda.
— Obrigado por cuidar dela. Gennie já passou por muita coisa, — digo
a ele. Conversamos por mais alguns minutos antes de começar a sentir
falta do meu próprio companheiro, então digo-lhe boa noite.
Perdida em meus pensamentos, eu subo os degraus de volta ao nosso
quarto, mas paro do lado de fora da porta quando ouço uma voz familiar
lá dentro.
— Pense no que você está fazendo, Alfa. Você sabe que as mulheres
não podem ser mantidas em uma posição tão elevada de comando. Seu
pai ficaria desapontado.
Através da porta, ouço alguns passos pesados antes de ouvir o som de
alguém sendo sufocado.
— Se você não está feliz com minha decisão, Lucas, você é mais que
bem-vindo para deixar sua posição como beta. Eu estou farto de suas
besteiras. E se você falar do meu pai de novo, eu mesmo vou acabar com
a sua raça. Não quero ouvir mais nenhuma palavra sobre isso. Agora, dê o
fora do meu quarto.
Um estrondo forte segue e eu me afasto da porta assim que ela se
abre. Lucas sai segurando sua garganta, me dando um olhar cruel antes
de passar por mim e eu não posso evitar o rosnado que sobe do meu
peito.
— Talvez ser um pedaço de merda machista foi o que você aprendeu
enquanto crescia e eu odeio que alguém demorou tanto para te contar,
mas uma mulher pode liderar um bando tão bem quanto um homem.
Lunas trabalham junto com seus alfas para fazer o melhor por sua
matilha.
Ele se vira para me encarar e eu o olho profundamente nos olhos.
— Então cale a boca e guarde seus comentários ignorantes para si
mesmo. Existe uma ameaça real lá fora e se você não está conosco, você
está contra nós.
Quando termino, respiro fundo antes de entrar no quarto, batendo a
porta atrás de mim. Nunca estive perto de um homem tão iludido quanto
aquele beta. E eu aqui pensando que meu companheiro que era ruim.
Homens e mulheres eram respeitados sem distinção em minha
matilha. Estou cansada de ser considerada fraca. Vou ganhar meu
respeito como Luna e provar meu valor para todos que duvidam de mim.
Uma Semana depois
Os últimos dias foram um turbilhão completo.
Do nascer ao pôr do sol, tenho treinado até sentir meu corpo chegar
ao limite.
Eu até fui derrotada por alguns dos guerreiros mais fortes, mas posso
dizer que minhas técnicas estão melhorando a cada vez que entro para
lutar.
— Deu por hoje? — Ardon pergunta. Ele me oferece a mão para
levantar logo depois de me vencer. Aceitando sua ajuda, eu levanto e
limpo a poeira das costas.
— Por que? O pobre lobinho está cansado? — eu provoco.
Lentamente, eu o rodeio mais uma vez e ele revira os olhos, mas mesmo
assim assume uma posição defensiva.
— Sim, na verdade, estou cansado, — diz ele. — Estamos aqui desde às
seis da manhã. Todo mundo já foi embora.
Eu aproveito sua distração momentânea como uma chance de atacar.
Movendo-me o mais rápido que posso, uso meu impulso para
derrubá-lo no chão.
Ele luta contra o meu peso enquanto eu me viro e jogo minha perna
em volta de sua garganta, usando minha outra perna para travá-la no
lugar. Ele tenta se desvencilhar por um segundo antes de bater na minha
coxa, como um aviso de desistência. Soltando minhas pernas, eu o puxo
do chão.
— Eu nunca deveria ter te ensinado isso, — ele suspira. — Por falar
nisso, agora deu por hoje.
Dando tapinhas nas costas dele, dou um sorriso cansado.
— Ok, mas volto pela manhã no mesmo horário. Precisamos treinar
tanto quanto possível.
— Estarei aqui, — diz ele com um sorriso. — Boa noite, Luna.
Entrando na casa da matilha, subo os degraus lentamente, sentindo a
tensão em cada músculo do meu corpo.
Quando chego, nosso quarto está vazio e presumo que Rainier ainda
esteja em seu escritório. Não o tenho visto muito nos últimos dias,
andamos extremamente ocupados. Indo para o banheiro, jogo meu
cabelo para cima em um coque bagunçado e tiro minhas roupas suadas.
Abro a torneira o mais quente possível e encho a banheira o máximo
que posso, sem o perigo de transbordar.
A água escaldante queima quando eu entro, mas meus músculos
começam a relaxar, fazendo-me soltar um suspiro trêmulo antes de
fechar os olhos. O perfume masculino do meu companheiro enche o ar
ao meu redor logo depois e eu relaxo ainda mais na água.
Quando eu abro meus olhos, ele está ao lado da banheira
completamente nu com uma esponja na mão.
Eu desencosto e ele desliza atrás de mim, seu corpo enorme
preenchendo quase todo o pequeno espaço. Ele me coloca em seu colo e
começa a me ensaboar. Começando no meu pescoço, ele passa a esponja
com sabonete pelo meu corpo, deixando as pontas dos dedos roçarem
minha pele a cada movimento que ele faz.
Inclinando-me para trás, deixo meu corpo esparramar no dele
enquanto seus lábios chegam bem perto de minha orelha.
— Estou orgulhoso de você, — diz ele, provocando um arrepio pela
minha espinha. Virando minha cabeça, eu olho para ele sem entender.
— Pelo que?
Ele me dá um pequeno sorriso.
— Por estar lá quando mais precisei de você; por ser a Luna que eu sei
que você estava destinada a ser. — Tocando meu queixo suavemente, ele
encosta seus lábios nos meus antes de continuar. — Você me deu mais
esperança na vida do que eu jamais tive. Antes de você, a raiva e ódio
vindas do meu pai era tudo que eu conhecia. Agora, só consigo pensar
em um futuro com você. Eu me pego pensando em como nossos filhotes
serão, com quem eles se parecerão mais. Eu quero tudo com você.
Meus olhos lacrimejam quando sinto a sinceridade em suas palavras.
Ele mudou muito desde que cheguei. Talvez sua experiência de quase
morte tenha colocado as coisas em perspectiva para ele. O que quer que
tenha causado a mudança em sua atitude, sou grata por isso.
Depois de terminar o banho. Rainier e eu nos revezamos nos
enxugando antes de eu vestir uma de suas enormes camisetas e deitar na
cama.
De onde estou, eu observo curiosamente quando Rainier vai para o
closet e pega uma pequena caixa. Ele a coloca na minha frente antes de
subir do outro lado da cama.
Ele abre a caixa e a primeira coisa que meus olhos veem é a foto de
uma mulher. E caramba, ela é linda.
Capítulo 24
Rainier

Uma dor profunda ocupa meu coração enquanto olho para a foto de
minha mãe. Já faz muito tempo desde que vi seu rosto pela última vez.
É difícil para mim imaginá-la de outra forma que não seja sendo
espancada ou machucada.
Nesta foto, ela está de pé com um sorriso genuíno no rosto, seus
longos cabelos negros caindo sobre os ombros e seus olhos ferozes
idênticos aos meus.
— Ela é linda, — diz Alexia em voz baixa. — Você se parece tanto com
ela.
Limpando a lágrima dos meus olhos, eu sorrio tristemente. Eu odeio
me sentir vulnerável assim.
Isso é extremamente difícil para mim, mas sei que é o próximo passo
em direção ao meu futuro com minha companheira. Por mais difícil que
seja para mim, não quero esconder nada dela. Pego as fotos restantes da
caixa e mostro a ela. Enquanto ela observa, eu me lembro do real motivo
pelo qual peguei a caixa.
Eu levanto o colar lentamente, o pequeno pingente da lua balança
enquanto fica pendurado em meus dedos.
Esta joia antiga tem pelo menos duzentos anos e foi passada de
geração em geração até chegar até mim. Minha mãe era uma mulher
muito espiritual, nunca deixando de fazer suas orações à Deusa.
Ela usou o colar como um símbolo de sua fé até o último suspiro.
O colar e algumas fotos são tudo que me restaram dela.
— Isso era da minha mãe, — digo a ela, tirando sua atenção das fotos.
— Eu quero que você fique com ele... ela gostaria que isso fosse seu. —
Desde meu encontro com a própria Deusa, sinto que minha
companheira deveria usar o colar.
Seus olhos se enchem de lágrimas quando eu coloco em volta de seu
pescoço e beijo seu ombro levemente.
— Minha mãe teria te amado, — eu digo a ela com sinceridade.
Ela coloca a caixa de lado e sobe no meu colo antes de envolver os
braços em volta de mim.
— Obrigada. Eu irei guardá-lo para sempre, — ela diz. — Eu gostaria
de tê-la conhecido.
— Eu também gostaria que você a tivesse conhecido, lobinha, — eu
digo, beijando o topo de sua cabeça.
— Pensei muito nisso na semana passada e quero deixar meu passado
para trás. Isso é sobre nosso futuro agora. Assim que meu irmão e seus
bandidos não forem mais uma ameaça, nós realmente começaremos
nossas vidas. — Eu paro por um momento antes de continuar.
— Eu estive pensando... quando tudo isso acabar, eu quero fazer uma
cerimônia especial para comemorar nosso vínculo de companheiro. Nós
nunca fizemos isso aqui, mas eu testemunhei algumas dessas em outras
matilhas que visitei. Você ficaria feliz com isso? — Ela acena com
entusiasmo.
— Tínhamos cerimônias assim em Northridge. Não eram muito
frequentes, mas eram sempre muito especiais quando aconteciam. Você
podia sentir a conexão dos companheiros de longe.
Eu sorrio um pouco mais quando ela traz seus lábios aos meus e me
beija suavemente, o calor dela me envolvendo em um estado de êxtase.
Sentindo a necessidade de me aproximar dela, eu a pego e a coloco de
costas.
Ela suspira satisfeita enquanto eu cubro seu corpo com o meu peso
pressionando-a contra o colchão.
Nosso beijo logo se torna ardente, nossas bocas ficam presas em uma
batalha pelo controle. Meu pau endurece por ela, uma sensação de
excitação me toma quando ela envolve suas pernas macias em volta da
minha cintura. Só estive dentro dela uma vez e parece que foi há muito
tempo.
Estive pensando sobre isso a semana toda e agora que estou quase
totalmente curado, não há nada que me impeça, meu lobo até rosna em
aprovação.
Inclinando-me, tiro sua camiseta expondo as curvas suaves de seus
seios. Eu mergulho minha cabeça em seu pescoço e respiro fundo, seu
cheiro natural é insanamente erótico. Ela suspira de prazer quando eu
coloco seu seio em minha boca, sugando e girando minha língua até que
seu mamilo endurece completamente.
Sem pressa, faço o mesmo com o outro, mordendo levemente e
puxando-o na minha boca antes de soltar com um pop.
Eu me apoio em meus antebraços enquanto meus lábios percorrem
sua barriga, deixando pequenas mordidas de amor à medida que o cheiro
de sua excitação quase me deixa entorpecido.
Meu lobo rosna admirado quando coloco minha cabeça entre suas
pernas e quase perco o controle quando inalo seu cheiro ainda mais
fundo.
— Porra, seu cheiro é incrível, — eu grito, mal contendo meu lobo.
Pegando meus dedos, eu abro seus lindos lábios rosados e uso minha
língua para lambê-la do começo até o fim de sua fenda molhada.
Pequenos ruídos de gemidos vibram em sua garganta quando me
concentro em seu pequeno clitóris que treme levemente, deixando-me
saber o efeito que estou tendo sobre ela. Deslizando um único dedo
dentro de sua pequena boceta carnuda, eu o mexo para cima, acariciando
o local que a fez empurrar seus quadris para cima em minha direção.
Eu posso sentir ela apertando meu dedo, me levando ao quase êxtase
Ela grita quando eu chupo seu pequeno botão em minha boca e
mordisco, meus dentes afundando na carne macia e isso é tudo o que
basta. Seu corpo convulsiona quase violentamente quando ela desfalece
na minha boca, fazendo meu pau latejar dolorosamente enquanto eu,
inconscientemente, esfrego meu corpo contra os lençóis, tentando
encontrar algum tipo de alívio.
Quando seu corpo para de tremer, eu afasto meus dentes e beijo meu
caminho de volta até sua boca. Quando eu a olho novamente, algo
profundo passa entre nós, me enchendo de tanta emoção que tenho que
conter as lágrimas que ameaçam estragar o momento.
Seus olhos procuram os meus intensamente, minha alma exposta
enquanto eu meto contra sua entrada molhada.
Não consigo tirar os olhos dela enquanto a penetro lentamente, suas
expressões faciais transmitem o quanto ela precisa de mim. Nós dois
exalamos um suspiro de alívio quando estou totalmente acomodado
dentro dela, minha cintura se esticando e preenchendo-a perfeitamente.
E neste momento que realmente sinto que encontrei meu lugar.
Finalmente, minha alma pertence a algo.
Movendo meus quadris lentamente, me mexo em um ritmo silencioso
e a pulsação rítmica dentro dela me traz mais perto do ápice. Sem tirar
meus olhos dela, eu vejo uma devoção genuína em seu rosto fazendo algo
brotar bem dentro de mim.
Isto é amor. Nada mais pode explicar a maneira como ela me faz
sentir.
— Eu te amo, lobinha, — digo a ela enquanto olho profundamente em
seus olhos. Uma lágrima escorre por sua bochecha e sua boca se abre
ligeiramente quando ela olha para mim. Então, eu sinto sua doce fenda
me apertar com força. Seu corpo treme e vibra enquanto ela goza em
torno do meu pau, fazendo meus músculos tensionaram de desejo.
Beijando-a com força, engulo seus deliciosos gemidos enquanto ganho
velocidade.
Eu envolvo meu braço em volta de seus ombros, segurando-a no lugar
enquanto o outro passa por seu cabelo e dá uma puxada. Eu bombeio
mais forte, mais rápido, tão perto que posso sentir meu corpo tenso, mais
do que pronto para ir além do limite.
Eu gemo alto enquanto empurro profundamente dentro dela, meu
corpo inteiro tremendo enquanto eu cubro seu interior com minha
semente.
Abaixando minha cabeça até seu pescoço, meus dentes se alongam
antes de cravarem profundamente. Ela grita novamente, fincando suas
unhas compridas e afiadas nas minhas costas enquanto ela espreme até a
última gota de mim.
Ela segura meu rosto enquanto minha língua lentamente traça a dela,
deixando a última das ondas de choque se moverem através de nossos
corpos. Depois de um momento, ela se afasta e olha para mim.
— Eu também te amo. Rainier. — ela sussurra. — Eu te amava mesmo
antes de te conhecer.
Eu encosto meus lábios sobre sua testa antes de virar para o lado. Eu a
puxo para o meu peito e envolvo meus braços em volta dela com força,
mantendo-me totalmente situado dentro dela. Eu faço amor com ela
várias vezes antes de cair no sono mais tranquilo que já tive na vida.
Capítulo 25
Alexia

— Hora de levantar, querida. — Rainier sussurra, tirando-me de um


sono profundo.
Eu esfrego meus olhos e um gemido suave desliza de meus lábios
quando o sinto tencionar dentro de mim. O calor que irradia de seu
corpo musculoso pressionado contra minhas costas me faz praticamente
derreter.
— Você me ouviu, — diz ele com uma pitada de entusiasmo. Confusa,
eu olho para trás por cima do ombro para ver um sorriso enorme
estampado em seu lindo rosto.
— Como assim? — eu pergunto, minha mente ainda grogue de sono.
Claro que eu o ouvi.
— Agora mesmo, quando eu disse para você acordar. Eu fiz isso
através do contato mental — ele esclarece, e meus olhos se arregalam de
surpresa. — Minha capacidade de fazer contato mental estava uma
merda desde que fui esfaqueado e imaginei que era porque meu lobo
ainda estava se curando.
— Então podemos fazer contato mental agora? — eu pergunto, e o
sinto acenar com a cabeça atrás de mim. — Sim. Devíamos ter sido
capazes de fazer contato mental completo depois de você completar o
vínculo de companheiro, mas o objeto de prata que me infectou, fez meu
lobo ficar fraco e eu não pude fazer contato com a mente de ninguém.
— Quando serei capaz de fazer contato mental com o resto do bando?
— eu pergunto a ele, animada para sentir essa conexão com todos os
membros da minha matilha.
— Assim que toda essa merda for resolvida, — diz ele, — teremos uma
cerimônia de união com o resto da matilha junto com a nossa cerimônia
de acasalamento. Então, você também poderá fazer contato com todos
mentalmente. Na verdade, quero me antecipar e começar a planejar a
cerimônia.
Ele faz uma pausa por um momento enquanto desliza seus dedos pelo
meu quadril antes de apertar minha bunda com sua grande mão.
— Falando em acasalamento, — ele diz. — Ficamos trancados aqui a
noite toda.
Eu tremo quando ele se move dentro de mim novamente e por
instinto, eu arqueio minhas costas.
— Essa é a única maneira que quero dormir de agora em diante, — ele
diz enquanto agarra meus quadris, pressionando seus dedos na minha
carne.
Ele tira um pouco antes de meter suavemente de volta em mim e eu
fico tensa com a dor entre minhas pernas.
— Estou tão dolorida, — digo a ele, apertando meus músculos
internos em torno dele. Ele pressiona seus dedos em meus quadris com
ainda mais força e sibila por entre os dentes.
— É por isso que estou indo devagar, — ele respira.
Ele permanece fiel à sua palavra enquanto se move lentamente atrás
de mim, mexendo seus dedos em círculos lentos ao redor do meu clitóris.
Não demora muito para que a dor diminua e estou movendo meus
quadris para trás para encontrar suas estocadas.
Ele acelera enquanto envolve a mão em volta da minha garganta e
aperta possessivamente.
— Goze para mim, bebê, — ele range alto.
Eu sinto suas estocadas ficarem descontroladas e quando ele aperta
meu clitóris entre os dedos, eu desmorono.
— Alexia! — ele rosna enquanto mete forte, seus músculos
tensionando e relaxando enquanto ele se derrama dentro de mim.
Meu corpo inteiro treme enquanto minha fenda se fecha e se abre em
movimentos rápidos junto com ele e eu juro que cheguei a perder a
consciência por um segundo. Momentos depois, ficamos em silêncio,
nada além de nossa respiração ofegante preenchendo o quarto antes que
ele falasse novamente.
— Droga, acho que nunca vou conseguir me fartar de você, — diz ele
depois que seu corpo para de tremer. — Você é incrível pra caralho.
— Você também não é tão ruim, — eu provoco.
Ele rosna de brincadeira e belisca meu ombro com os dentes antes de
deslizar para fora de mim. Ele me levanta facilmente e me leva para o
banheiro antes de ligar o chuveiro e me levar para dentro.
— Então, eu estava pensando em me juntar a você no treinamento
hoje, — ele diz enquanto lava meu cabelo com shampoo. — Meu lobo
está ficando louco e quer ser solto. Além disso, estou pronto para ver
minha matilha.
— Tenho certeza que eles ficarão felizes em ver você, — digo a ele. Ele
termina de enxaguar meu cabelo e começa a lavar meu corpo.
Eu fico feliz porque ele está cuidando de mim e depois disso não me
sinto mais tão dolorida.
— Você tem visto Lucas ultimamente? — eu pergunto curiosamente
enquanto pego a toalha dele e a esfrego em seu peito. Eu não o vi muito
desde a semana passada e eu realmente queria que ele superasse todas
aquelas merdas que ele disse.
É angustiante saber que existe um homem assim por perto.
— Sim, ele está por aí, mas tenho quase certeza de que está me
evitando, — ele me diz. — Tenho certeza que ele vai superar isso e, caso
contrário, ele pode encontrar outro bando. — Quando terminamos o
banho, nos vestimos e saímos para o campo de treinamento. Assim que
chegamos lá. Toby corre até nós com um grande sorriso no rosto.
— Fico feliz em ver você por aqui. Alfa, — diz ele, batendo nas costas
do meu companheiro.
Eu fico olhando chocada enquanto vejo Rainier estender a mão e
puxá-lo para um abraço forte e pelo olhar no rosto de Toby, ele está tão
surpreso quanto eu.
— É bom ver você também, irmão, — ele diz alegremente. Toby me
lança um olhar perplexo e eu apenas sorrio.
É tão diferente ver meu homem tão feliz e sem se preocupar
constantemente, mas eu não trocaria isso por nada no mundo.
O sorriso genuíno em seu rosto me deixa mais feliz do que nunca.
Ardon se junta a mim logo depois e eu acho estranho quando vejo as
bolsas escuras sob seus olhos.
— Tudo certo? — eu pergunto quando ele se aproxima de mim.
Ele me encara por um momento como se estivesse tentando decidir se
seria uma boa ideia me contar ou não.
— Você pode me contar. Ardon, — eu digo suavemente.
Passando a mão pelo rosto cansado, ele suspira.
— Os pesadelos de Gennie a mantiveram acordada a noite toda, — diz
ele, desviando o olhar. — Eu sentei do lado de fora da porta dela para que
ela não ficasse sozinha. Ela não me permite entrar, a não ser para
alimentá-la ocasionalmente.
Eu aceno solenemente, meu coração doendo por ambos.
Ele tem sido tão atencioso desde a semana passada, substituindo-me
quando eu não pude estar lá para ela. Ele fez tudo para ajudá-la, tanto
que estou me perguntando se não há algo mais que ele esteja sentindo.
— Você é um bom lobo, Ardon, e um ótimo amigo, — eu digo,
deixando-o ver a sinceridade em meus olhos. — Você merece ser feliz.
Por uma fração de segundo, o que parece ser culpa encobre seus olhos,
mas logo desaparece e eles voltam ao normal.
— Está tudo bem aqui? — Rainier interrompe. Ele se vira para ficar ao
meu lado e, pensativo, lança um olhar de preocupação para Ardon. —
Você está bem, mano?
— Tudo bem, Alfa, — diz ele. — Apenas um pouco cansado.
Meu companheiro envolve seu braço em volta da minha cintura e
acena com a cabeça.
— Vá dormir um pouco, Ardon. Parece que você precisa disso. — Ele
acena com gratidão antes de sair. Eu me viro para meu companheiro e
levanto uma sobrancelha para ele.
— Bem, acho que preciso encontrar um novo parceiro de treino, —
digo a ele, e ele me dá um sorriso malicioso.
— Bem, eu acredito que posso te ajudar com isso, lobinha.
*
— Te peguei de novo. — Rainier sorri arrogantemente enquanto me
joga no chão pela décima vez hoje. Está muito quente aqui e por mais
que tenha tentado, não consegui imobilizá-lo nem uma vez.
Rosnando baixo, eu o deixo me ajudar a tirar a poeira das minhas
costas.
Quanto mais irritada fico, mais desleixados se tornam meus
movimentos. Estou me sentindo mal hoje, mas me convenço de que é
porque não tomei café da manhã.
Depois de lutar um pouco mais, Rainier se despede para ir verificar
alguns outros membros da matilha e tranquilizá-los de que estão
seguros.
Com os eventos recentes, a matilha ficou nervosa, a necessidade de
seu Alfa é evidente.
— Não vou demorar muito, — ele me diz. beijando o topo da minha
cabeça. — Faça um contato mental se precisar de mim. — Ele encosta
seus lábios nos meus e eu o sinto em minha mente. — Eu te amo, lobinha.
Dando a ele o meu melhor sorriso, fico na ponta dos pés e pressiono
outro beijo doce em seus lábios.
— Eu também te amo, meu macho. — Amo poder ouvir sua voz dentro
da minha cabeça. É quase como se eu pudesse mantê-lo comigo o tempo
todo e é uma sensação tão reconfortante.
Ele me dá um último olhar demorado antes de sorrir de maneira sexy
e sair correndo.
Enxugando o suor da testa, decido fazer uma pausa e tomar um café
da manhã tardio, esperando que isso me faça sentir melhor. Voltando
para a casa da matilha, entro na cozinha e pego um pouco de bacon que
as empregadas prepararam mais cedo.
Sento-me na pequena mesa perto da grande janela e olho para a
floresta incrivelmente exuberante e verde que me cerca.
Minha loba quer vir à tona, me lembrando de quanto tempo faz desde
que eu a deixei sair. Eu termino de comer meu bacon, decidida que uma
corrida faria bem para nós duas. A terra úmida sob minhas patas e o
vento quente em minha pele sempre me acalmam quando não estou me
sentindo bem.
Saindo da casa, eu deixo minha loba vir à tona. Ela capta o cheiro de
seu companheiro rapidamente e antes que eu possa impedi-la, ela foge
para a floresta atrás dele. Eu a repreendo enquanto ela acelera o passo,
sabendo muito bem que eu não deveria estar aqui sozinha. Enquanto ela
corre pela floresta procurando por ele, eu não posso deixar de sentir que
estou sendo observada.
Capítulo 26
Rainier

— Obrigado por nos visitar, Alfa, — diz o homem loiro na minha


frente. — Estou feliz que você esteja se sentindo melhor.
Eu aceno minha cabeça.
— Disponha. E se não se sentir seguro aqui, você será bem-vindo na
casa da matilha até que eu consiga resolver tudo isso.
Olhando ao redor, eu dou um sorriso genuíno para sua companheira e
para os dois filhotes que estão bem atrás dele. A menor, uma menina que
parece ter cerca de cinco anos, passa correndo pelo pai e envolve seus
bracinhos em uma de minhas pernas.
Por um momento, posso imaginá-la sendo minha filha, me dando um
abraço depois de um longo dia de trabalho. Exceto que, em minha mente,
minha filha é igualzinha à mãe. Ela terá seus cabelos longos e escuros e
aqueles olhos esmeralda que parecem duas pedras de jade quando o sol
se reflete neles.
— Estou feliz que você esteja se sentindo melhor, Alfa, — diz a
menininha, sorrindo para mim.
Me abaixo e afago sua cabeça sem jeito.
— Obrigado, — digo, percebendo que não sei lidar muito bem com
filhotes. A vontade de ser pai nunca passou pela minha cabeça antes de
conhecer Alexia.
Quando ela solta minha perna, eu me despeço e no caminho de volta
a ideia de Alexia estar grávida invade minha mente. Sei que agora não é o
melhor momento para pensar nisso, mas não consigo resistir a ela. Não
me faria bem lutar contra a ideia.
Meus instintos me dizem para engravidá-la, preenchê-la com minha
semente e colocar um filhote em sua barriga.
Eu deveria ter tomado mais precaução. Enquanto meu irmão for uma
ameaça à minha matilha, não há como cogitar falar sobre filhotes. Não
importa o quanto eu queira ter um filhote com minha companheira,
preciso me concentrar no problema que estamos passando.
O pensamento afeta meu humor, e eu rosno para mim mesmo. Agora
seria um bom momento para deixar meu lobo sair, eu o chamo e como
sempre ele assume o controle naturalmente.
Dou um rosnado profundo e estrondoso enquanto alongo meu corpo
e sacudo meu pelo. Esqueço os pensamentos que há pouco me
incomodavam quando sinto o cheiro de um coelho, o lanche da tarde
perfeito.
Começo a correr atrás dele, mas o barulho de um galho quebrando
perto de mim chama minha atenção. Meus instintos assumem enquanto
eu pulo e assumo uma posição de defesa. Eu imediatamente relaxo, mas
rosno com raiva quando uma linda loba preta sai do mato, cheia de
folhas e galhos grudados em seu pelo.
Eu me transformo de volta rapidamente, furioso que minha
companheira veio até aqui sozinha.
Ela sabe que essa floresta se tornou muito perigosa nos últimos
tempos.
— Se transforme, — eu digo a ela com um tom severo e ela obedece
imediatamente, incapaz de resistir ao comando Alfa.
Ela está na minha frente totalmente nua, e eu realmente tenho que
me concentrar para evitar que meus olhos fiquem vagando pelo seu
corpo.
— Por que você veio até aqui sozinha? — eu a repreendo. — Você sabe
do perigo! — Ela levanta o queixo me desafiando e cruza os braços sobre
o peito nu.
— Eu posso cuidar de mim mesma, — ela bufa.
— Eu não tenho dúvidas que sim, — eu digo, ainda com um tom
severo. — Mas, você de todas as pessoas deveria ter mais juízo. Você não
deve vir mais para essa floresta sozinha, estamos entendidos? — Teimosa,
ela mantém contato visual comigo e me lança um olhar desafiador.
— Sim, senhor, — ela rosna sarcasticamente.
Eu estreito meus olhos para ela e agarro seu queixo com força,
inclinando sua cabeça para cima.
— Pequena loba, eu te amo. Você é minha Luna, minha alma gêmea e
a futura mãe dos meus filhotes, — digo a ela, — mas se você não tomar
cuidado, vou pintar sua bunda de vermelho. — Olhando para ela, espero
ver raiva ou talvez até um pouco de medo, mas em vez disso, desejo está
escrito em cada traço de seu rosto.
— Não tenho medo de você, — ela provoca.
Seus olhos se direcionam para o meu membro endurecido, e quando
sua língua corre sobre seu lábio superior, eu quase perco o controle. Eu
sigo em direção a ela, colocando-a contra um grande carvalho.
Agarrando seus punhos com uma mão, eu a viro e os prendo acima de
sua cabeça.
Ela grita quando minha mão bate em sua bunda nua e estou quase
hipnotizado pela forma como balança. Minha fogosa companheira se
contorce em minhas mãos, mas eu a seguro com força. Eu sei que não é
seguro estar aqui na floresta, onde estamos vulneráveis para sermos
atacados, mas isso se dilui em minha mente quando uma risada
arrogante escapa de seus lábios.
— Isso é tudo que você consegue fazer? — ela provoca.
Um estrondo profundo escapa do meu peito, sua teimosia faz meu
pau inchar. Eu pressiono todo o meu corpo contra suas costas e deixo
minha mão em torno de sua garganta.
— Uma lobinha tão corajosa, — eu rosno baixinho enquanto meus
dedos apertam seu pescoço. — Mal posso esperar para pegar essa sua
bunda linda.
Eu massageio a grande marca vermelha de mão em sua bunda e o
cheiro de sua excitação inunda meus sentidos.
Afastando-me, solto seus punhos e, como uma comportada lobinha,
ela não se mexe. Eu afundo dois dedos dentro de sua pequena boceta
apertada e coloco minha outra mão em sua bunda novamente.
Um gemido alto escapa de sua boca enquanto eu mexo os dedos
dentro dela, e quando sinto que ela está prestes a gozar, eu tiro.
— Que mer... — ela começa a falar, mas eu a silencio batendo meu
pau nela. Ela grita quando agarro seu cabelo e meto com mais força, mais
rápido, o som de pele encontrando pele enche o ar.
— Eu quero gozar dentro de sua boquinha bonita. — eu rosno, minha
respiração ficando difícil e pesada.
Isso parece excitá-la enquanto ela me aperta com força, seu belo corpo
vibrando de puro prazer.
Seus gritos quase me fazem chegar ao limite e tenho que cerrar os
dentes para me conter. Virando-a, eu a coloco de joelhos e aperto seu
cabelo com força. Sua boca se abre imediatamente para me receber e eu
gemo alto enquanto deslizo em sua garganta.
Minha companheira ronrona profundamente e o ritmo frenético me
faz soltar o gozo em sua barriga.
Eu a levanto e a seguro contra mim enquanto suas pernas ainda estão
cambaleantes. Se ela estava um pouco dolorida antes, agora ela vai ficar
dolorida pra caralho. Eu tiro algumas folhas de seu cabelo antes de beijar
o topo de sua cabeça.
— Lamento ter vindo aqui, — diz ela calmamente. — Minha loba
queria ver você.
Eu corro minhas mãos por seus cabelos e a beijo suavemente.
— Tudo bem, mas da próxima vez faça contato mental para ir buscá-
la. — Agarrando sua mão, começo a conduzi-la de volta para a casa da
matilha quando os cabelos na minha nuca se arrepiam e vejo algo se
mover com o canto do meu olho.
Viro minha cabeça na direção do vulto e estreito meus olhos quando
meu beta aparece.
— Que porra você está fazendo aqui? — pergunto, rosnando. Eu fico
na frente da minha mulher para protegê-la de sua visão e um sorriso
arrogante se espalha por seu rosto.
Ele vai aprender hoje.
Capítulo 27
Alexia

— Volte para a casa da matilha, — Rainier me diz por cima do ombro,


seus olhos fixos em seu beta.
Lucas está com um olhar mal-intencionado, a poucos metros de
distância.
Meus olhos alternam entre os dois homens, mas não me mexo.
Mesmo sabendo que estou prestes a ver esse beta morrer, não consigo ir
embora. Meus instintos me dizem para ficar e proteger o que é meu.
— AGORA! — ele grita comigo, usando seu comando Alfa, quando vê
que não estou me mexendo.
Não sendo capaz de desobedecê-lo. eu choramingo quando minhas
pernas começam a se mover para trás, mas antes de me afastar por
completo, minhas costas se deparam com um peito duro. Que diabo é
isso? Os cabelos na minha nuca se arrepiam enquanto eu me viro devagar
e meu coração quase para ao ver aquele homem grande e estranhamente
familiar.
— Indo embora tão cedo, Luna? — ele pergunta em um tom
malicioso.
Ele me agarra pelos braços e aperta com força, fazendo com que um
grunhido de reprimenda saia do meu peito.
Mesmo que eu nunca tenha visto este homem antes, não há como
confundi-lo. Uma de suas pernas está faltando e em seu lugar está uma
espécie de prótese improvisada.
Ele tem um cheiro que lembra o do meu companheiro, exceto que o
dele se mistura a um fedor forte que me faz ter vontade de vomitar.
Rainier rosna alto assim que vê seu irmão, mas antes que ele possa
fazer qualquer coisa, um grande número de bandidos aparece por detrás
do mato denso e o cerca. Eu assisto horrorizada quando meu
companheiro percebe a armadilha, e então tento sacudir e empurrar
meus braços na tentativa de me libertar das garras daquele homem.
— O que você fez? — ele grita com Lucas, que parece bastante
satisfeito consigo mesmo.
— O que tinha que ser feito, — ele responde friamente. — Lamento
que tenha que ser assim, mas você não está mais apto para ser Alfa. —
Um dos bandidos se lança contra meu companheiro, mas ele
rapidamente o agarra pelo pescoço e com um movimento rápido, ele vira
a cabeça do sujeito, fazendo um estalo alto ecoar ao nosso redor.
Depois disso, as portas do inferno estão abertas.
— Corra, Alexia! — eu ouço seu grito em meio aos mesmos barulhos
de estalo de antes. O pânico em sua voz me faz torcer meus braços com
mais força em um esforço para escapar de seu irmão.
Eu sei que tenho que fazer alguma coisa agora.
Este é o momento para o qual venho me preparando. Fechando meus
olhos, invoco cada centímetro de coragem e força que tenho. Inspirando
profundamente, eu levanto minha perna para trás e dou uma joelhada
tão forte quanto posso entre suas pernas, fazendo com que ele me solte
imediatamente.
— PUTA QUE PARIU — ele grita, irritado. Ele se curva, segurando-se
de dor, seu rosto ficando em um tom escuro de vermelho.
Meus olhos procuram imediatamente por Rainier, mas não vejo nada
além de uma pilha de cachorros, literalmente. Massas de pelos e dentes
rosnam e rangem, mas não consigo ver meu companheiro em lugar
nenhum.
Começo a correr para aquele monte de lobos raivosos, mas grito de
dor antes mesmo de chegar quando alguém agarra meu cabelo e me
puxa.
Eu olho para trás e vejo Lucas, e então sinto uma raiva pura e
imaculada espalhando-se por todo o meu ser. Traidor do caralho.
Empurrando minha cabeça para frente, eu me liberto e um punhado do
meu cabelo fica em sua mão.
Surpreendentemente, não sinto nenhuma dor então aproveito para
pular rápido, mas assim que fico de pé, ele me dá um soco forte na boca.
Minha cabeça gira por um segundo, mas eu rapidamente me recupero.
Consigo sentir um familiar gosto metálico de sangue na boca.
— Silas disse que você é dele, — ele fala baixinho, — mas acho que iria
me divertir um bocado domesticando uma pequena diabinha como você.
— Eu pertenço ao seu Alfa! — eu grito. — Você realmente vai trair
Rainier?
— Trair ele? Você que o deixou fraco! — ele rosna. — Se ele morrer a
culpa é sua.
A raiva fervendo dentro de mim explode enquanto eu cuspo um
bocado de sangue em seu rosto.
— Vai se foder. — Sabendo que é agora ou nunca, eu vou até ele com a
fúria guiando todos os meus movimentos.
Eu sei que meu companheiro está sob ataque e meu instinto é me
livrar da ameaça.
Meu corpo colide com o dele e caímos no chão duro com o choque
violento. Nós dois lutamos e eventualmente eu fico em vantagem.
O tempo parece parar enquanto tudo em minha volta fica preto. Eu
travo minhas pernas em torno da barriga de Lucas, não consigo ver nada
além do rosto do beta sendo pego de surpresa, e tudo que eu sinto é
raiva.
Na primeira vez que meu punho acerta seu rosto, ouço um barulho
alto e não sei se foi minha mão ou seu nariz, mas acerto um segundo
soco em seguida. Então, vou acertando um soco atrás do outro, o barulho
logo se transformando em um som úmido de respingos.
Eu não paro, mesmo depois que seu corpo fica mole, meus golpes
continuam firmes no ataque.
De repente, uma dor aguda passa pelo meu pescoço e tira minha
atenção do rosto do beta agora irreconhecível. Virando-me, vejo o irmão
de Rainier segurando uma seringa e, em dois segundos, me sinto
sonolenta.
Eu luto contra o que quer que estivesse naquela seringa o máximo que
posso, mas logo, tudo fica escuro.
*
Abrindo meus olhos, eu reconheço o ambiente familiar do quarto do
meu companheiro e suspiro de alívio. Porra, obrigada. Foi apenas um
pesadelo. Esticando meu corpo, noto que estou incrivelmente dolorida e
quando flexiono meus braços, percebo que estou presa.
Eu olho para cima para ver que minhas mãos estão amarradas às
colunas da cama, e quando tudo começa a fazer sentido é que o pânico se
instala.
Não, não, não, não. Isso não pode estar acontecendo. Onde está
Rainier? Não acho que ele esteja morto porque ainda posso senti-lo
através do vínculo, mas ele certamente não está aqui comigo. A porta se
abre de repente, fazendo meu coração pular na garganta. O irmão de
Rainier entra com um pequeno sorriso no rosto.
— Você acordou, — ele diz.
— Me deixe ir, — eu digo calmamente. — Onde está Rainier?
Seu rosto fica pensativo por um momento antes de ele falar.
— Ele não está morto. Ainda. Porém, eu acho que você já sabia disso,
uma vez que está vinculada a ele. — Rosnando baixinho, fecho meus
olhos e tento fazer contato mental com ele.
— Você não conseguirá fazer contato mental com ele, querida. A prata
geralmente impede. Eu dei a vocês dois uma boa dose, — ele diz. Eu
rosno e tento fazer contato mental de qualquer maneira, mas só
encontro o silêncio. Antes de eu abrir meus olhos novamente, Silas
envolve sua grande mão em volta da minha garganta. Eu me debato
contra ele mas as amarras me impedem de arrancar a porra de seus olhos.
Ele fica a poucos centímetros do meu rosto e respira fundo.
— Eu me pergunto se você tem um gosto tão doce quanto cheira, —
ele sussurra e sobe em cima de mim. Levanto meu joelho para chutá-lo
nas bolas novamente, mas, desta vez, ele está pronto para isso. Ele prende
minhas pernas embaixo de seu corpo aproximando seu rosto do meu.
Quando seus lábios chegam perto, o fedor pútrido de bandido atinge
em cheio meus sentidos e meu estômago se revira de náusea. Desejando
desesperadamente que ele saia de cima de mim, eu mordo seu lábio tão
forte quanto posso assim que nossas bocas se encontram.
— Sua vadia estúpida! — ele berra. Sua reação automática é me dar
um tapa, e isso deixa meus ouvidos zumbindo em um volume
ensurdecedor.
Seu rosto fica vermelho de raiva enquanto um fluxo de sangue cai de
seu lábio.
— As coisas vão ser muito diferentes por aqui, — diz ele, limpando a
boca na parte de trás do braço, sujando o queixo de sangue.
— O que você vai fazer com a gente? — eu pergunto. O nervosismo
está se misturando com a raiva e estou tendo dificuldade em me
concentrar em qualquer coisa.
— Bem, depois que você tiver o prazer de me assistir matar seu
companheiro, eu vou reivindicar você como minha. Eu sou o Alfa daqui
agora, então você não tem escolha.
— Por que você me quer? — eu pergunto a ele enquanto tento respirar
fundo para me acalmar.
— Tudo nesta matilha pertence a mim, — ele responde. — E isto
inclui você.
— Eu vou lutar toda vez que você chegar perto de mim, — eu
respondo. — Você terá que me matar primeiro.
Ele sorri ameaçadoramente e seu olhar vai se tornando perigoso.
— Não vou matar você, querida, — ele diz. — Onde está a diversão
nisso?
Ele dá alguns passos em minha direção e aperta minhas bochechas
entre o polegar e os outros dedos com tanta força que meus dentes
mordem o interior das minhas bochechas.
— Mas, vou fazer você desejar estar morta.
Ele joga meu rosto para o lado e sai sem dizer mais nenhuma palavra.
Eu engulo o sangue da boca e imediatamente começo a pensar num jeito
de tentar me libertar.
Capítulo 28
Rainier

Eu me levanto num sobressalto, meu coração batendo violentamente


enquanto meus olhos procuram automaticamente por minha mulher.
Pânico e desespero se instalam quando vejo as já conhecidas paredes
de concreto e as barras de prata na porta. Aquele imbecil me trancou em
uma das celas de minha própria matilha.
— Merda! — eu grito furiosamente.
— Alfa Stone? É você? — eu ouço uma voz familiar vinda da cela ao
lado.
— Ardon? — eu pergunto. — O quê você está fazendo aqui? Toby está
com você?
— Eles trouxeram vários de nós pra cá, — diz ele, — mas eu não vi
Toby. O que diabos aconteceu?
— O maldito do Lucas, — eu falo. — Aquele filho da puta vai pagar
por isso.
— Pagar pelo quê? — ele pergunta.
— Ele me traiu. Ele traiu a todos nós, — eu digo, levantando minha
voz tão rápido quanto a minha fúria. — Ele está ajudando meu irmão a
assumir o controle da matilha. Eles pegaram minha mulher, caralho.
— O que nós vamos fazer? — ele pergunta, nervoso, mas eu não tenho
uma resposta para isso ainda. Passos pesados descem as escadas, fazendo
com que o silêncio caia sobre nós, e eu caminho até a frente da cela e
espio tentando ver quem é.
Assim que Silas aparece, eu abro minha boca para falar, mas tudo que
sai é um rosnado baixo.
— É bom ver você também, irmãozinho, — ele diz. cantarolando. O
olhar doentio trai o sorriso em seu rosto e eu odeio o fato de que isso só
o faz parecer ainda mais com nosso pai.
— Onde está Alexia? — Eu rosno, mal me contendo para não perder a
cabeça completamente.
— Ela não é mais problema seu. — ele afirma friamente. — Ela é uma
boa lutadora, eu admito, mas não se preocupe. Eu irei domesticá-la
rápido.
— Você não vai tocá-la, porra. — eu rosno, enquanto minha raiva
aumenta. — Eu vou matar você e depois vou matar aquele meu beta de
merda.
— Oh, por favor, — diz ele zombeteiramente. — Não há muito o que
você possa fazer com toda aquela dose de prata que eu injetei em você.
Você não pode se transformar, você não pode fazer contato mental com
ninguém, e eu tenho doses o suficiente dessa merda para derrubá-lo mais
cem vezes. Você não tem como escapar.
— O caralho que não tenho. — eu rosno. — Você e Lucas estarão
mortos a esta hora amanhã. Onde está aquele traidor de merda, afinal?
Eu dou a ele um olhar desafiador, mas ele apenas dá de ombros.
— Ele está se recuperando no momento, — diz ele. — Sua preciosa
lobinha quase o espancou até a morte, mas ele deve ficar bem. Porém,
duvido que o rosto dele vá ficar igual ao que era antes. — Eu não posso
evitar o sorriso que se instala em meus lábios enquanto meu peito se
enche de orgulho.
Eu ouço Ardon dar uma risadinha na cela ao lado da minha antes de
falar.
— Fico feliz em saber que minhas aulas estão sendo bem aproveitadas,
— diz ele. — É uma pena que ela não tenha acabado com ele.
— É melhor você se cuidar, — eu digo, olhando diretamente para meu
irmão. — Ela vai te matar se tiver a chance.
— De qualquer forma, — Silas fala arrastado e revira os olhos, sua
expressão ficando entediada, — Eu só vim aqui para perguntar se você
tinha algum pedido especial antes de sua execução amanhã. Afinal, não
sou um monstro sem coração.
— Lute comigo. — digo a ele sem hesitação. — Se você é um
verdadeiro Alfa, não pode recusar um desafio. Deixe-me sair e lute
comigo como um macho Alfa.
Ele me encara por um longo momento antes de se inclinar para trás e
gargalhar histericamente.
— Isso não seria muito justo, né? — ele diz, apontando para a peça de
metal estranha que substitui sua perna.
— VOCÊ tirou isso de mim. Além disso, quero dar um exemplo para o
resto da matilha. Amanhã, eles terão duas opções: ou juram lealdade a
mim ou morrem com você.
— Vai se foder, — eu cuspo. — Eu vou sair daqui. Eu prometo isso a
você. E quando sair, você desejará ter morrido naquela floresta em que
nosso pai te deixou. — Sua expressão muda de repente e ele rosna
ameaçadoramente, o que me leva a ter certeza que toquei no seu ponto
fraco.
— Bem, — ele range, — se você não tiver mais nenhum pedido, estarei
de volta para buscá-lo amanhã e, desta vez, vou me certificar que você vai
mesmo estar morto. — Ele se vira e sobe as escadas sem dizer uma
palavra, deixando-me apenas com um pensamento. Eu tenho que dar o
fora daqui.
*
As próximas horas parecem nem passar de tão lentas e a noite então
cai, deixando as celas escuras, exceto pelo brilho fraco de uma vela
reluzente.
Tudo está estranhamente quieto. Envolto por essa espessa camada de
silêncio não há nada além de vingança martelando em minha mente.
Eu inclino minha cabeça para trás contra a parede de cimento e tento
fazer contato mental com Alexia, porém, mais uma vez, há algo me
impedindo de alcançá-la.
Eu encontro algum consolo sabendo que ela está viva e uso isso para
me fortalecer, mas tenho que dar o fora daqui para resolver isso.
Para começar, é minha culpa que ela esteja nessa merda, mas a única
coisa que posso fazer agora é esperar até que eles venham me pegar
amanhã e tentar lutar para sair. O fracasso não é uma opção.
— Alfa? — uma voz familiar sussurra do lado de fora da porta da cela,
fazendo minha cabeça levantar rapidamente.
— Toby? — eu pergunto quase nem acreditando. — Como você
chegou aqui?
— Eu fugi. Até consegui derrotar alguns daqueles bandidos, — diz ele
com um sorriso animado no rosto. — E agora vou ajudá-lo a salvar nosso
bando. — Ele puxa uma fina lâmina de prata e a ergue para que eu veja.
— Você acha que ainda consigo abrir uma fechadura? — ele pergunta
maliciosamente.
— Você aprendeu com o melhor, — digo a ele enquanto a esperança
floresce dentro de mim.
— Só há uma maneira de descobrir.
Eu observo atentamente enquanto ele desliza a lâmina na fechadura
da porta e a gira suavemente.
Alguns segundos depois, ouço o clique da trava. Soltando a respiração
que não percebi que estava segurando, empurro a porta silenciosamente.
— Obrigado, — digo a ele com sinceridade. — Você é um lobo muito
bom, Toby, e um amigo ainda melhor. Sempre foi.
— É isso aí. — ele diz com um sorriso.
— Agora, vamos buscar nossa Luna. — Deixamos Ardon e os outros
lobos saírem de suas celas e então eles me seguem até o topo da escada.
— Você sabe onde ela está? — eu pergunto a Toby em voz baixa.
— Seu irmão a trancou em seu quarto. Eu não teria como entrar na
casa da matilha sem ser notado.
Meu sangue ferve quando penso no que ele poderia estar fazendo com
ela, e é quase o suficiente para me fazer enlouquecer.
Assim que estamos na entrada, respiro fundo para me acalmar e
empurro a porta ligeiramente. Olhando para fora, eu examino nossos
arredores e imediatamente localizo vários dos lobos do meu irmão.
— Ok, há cinco ou seis deles parados bem na frente da casa da
matilha, — eu digo a eles enquanto fecho a porta novamente. — Eu
contei ontem cerca de trinta deles, mas eu matei pelo menos oito antes
de me emboscarem.
— Há mais dois que matei do lado de fora desta porta, — diz Toby. —
Seu irmão foi um idiota de colocar apenas dois vigiando as celas e eu
matei mais dois antes disso. Então, há menos de vinte sobrando agora.
— A única coisa que resta a fazer agora é lutar, — eu digo.
Eu saio do prédio, meus companheiros de matilha seguindo atrás de
mim, e os bandidos nos avistam imediatamente.
— Saiam agora ou morram com o seu líder. — eu digo, minha voz
aumentando com autoridade. Grunhidos grosseiros respondem ao
ultimato e eu aceno para os homens atrás de mim. silenciosamente
deixando-os saber que é a hora de agir.
Eles atacam rapidamente de uma só vez, mas não são páreos para nós.
Seus pescoços se quebram como gravetos em minhas mãos e em pouco
tempo não há mais nenhum de pé. De repente, ouço um grito vindo da
casa da matilha que arrepiam os cabelos da minha nuca.
Meu lobo se agita no fundo da minha mente assim que escuta o grito
de sua companheira e eu olho para Toby e Ardon.
— Encontre o resto do bando e mate-os, — eu digo a eles e ambos
acenam com a cabeça.
— Alfa? — Toby diz quando começo a sair e me viro para ele. Ele
estende a lâmina de prata que usou para abrir a cela e a coloca na minha
mão. — Salve nossa Luna.
Eu aceno e saio correndo em direção a casa da matilha, minhas pernas
se movendo mais rápido do que nunca. Arrombando a porta da frente, eu
corro pelos corredores vazios até encontrar meu irmão no último andar,
onde meu quarto está localizado.
Seus olhos se arregalam assim que ele me vê, sem dúvida,
completamente surpreso com a minha presença.
— Que grande Alfa você é, — digo a ele, com tom sarcástico na minha
voz. — Você não conseguiu nem me manter trancado por dois dias
inteiros. Tenho certeza que nosso pai ficaria muito orgulhoso.
— Como você conseguiu escapar, caralho? — Sua voz vacila
nervosamente enquanto seus olhos se voltam para a saída mais próxima.
Dou alguns passos em direção a ele e ele recua, fazendo com que um
sorriso sinistro se espalhe pelo meu rosto.
— Eu prometi a você que iria sair, e eu não quebro minhas promessas.
Certifique-se de dizer ao nosso pai quem o enviou.
Capítulo 29
Alexia

Mais cedo esse dia


— Coma. — Essa é uma palavra dirigida a mim que nunca pensei que
desprezaria.
O ódio corre através de mim enquanto eu olho para o irmão do meu
companheiro e rosno.
— Foda-se, — eu solto.
Silas me encara e juro que se não estivesse amarrada a esta cadeira, o
mataria com minhas próprias mãos.
— Não me faça obrigar você, — ele diz humildemente, ainda
segurando o garfo perto da minha boca. Eu inclino meu queixo
desafiadoramente e mantenho minha boca fechada, causando um
rosnado baixo em seu peito.
Inclinando-se sobre a mesa, ele aperta minhas bochechas entre seus
dedos sujos e abre minha boca à força. Tento afastar minha cabeça, mas
ele me segura firme e enfia a garfada de esquilo cru na minha boca.
Sorrindo, ele se senta novamente, sentindo-se satisfeito consigo
mesmo, então, assim que ele se inclina para me dar outra garfada, eu
cuspo a comida nele, com sangue e tudo.
Aposto que se eu tivesse um espelho agora, minha imagem estaria tão
selvagem quanto me sinto. Ele fica quieto enquanto limpa o rosto com o
braço, como se esperasse isso, mas assim que ele me olha de volta eu sei
que não deveria ter feito isso.
Ele sorri maliciosamente enquanto se levanta e caminha ao redor da
mesa. Eu faço uma cara de nojo quando ele envolve sua mão no meu
cabelo e empurra minha cabeça para trás com força.
Seu nariz roça meu pescoço, fazendo meu estômago revirar.
— Saia de cima de mim, — eu digo com os dentes cerrados.
— Eu ia ser um cavalheiro, — ele sibila, seu hálito quente e rançoso
soprando em meu rosto, — mas você insiste em lutar contra mim e
tornar isso mais difícil. Se é assim que você quer, quem sou eu para
negar? — Ele desamarra minhas mãos da cadeira e as amarra nas minhas
costas novamente antes de me jogar por cima de seus ombros, mas eu
não vou ceder facilmente.
Eu até consigo mordê-lo antes dele me dar um forte tapa na parte de
trás da coxa, levando lágrimas aos meus olhos.
Porém, não são lágrimas de dor. Não, são lágrimas de pura raiva. Ele
me puxa de volta para o quarto do meu companheiro e me joga na cama.
Meu coração acelera quando o vejo abaixar as calças e percebo o que ele
está prestes a fazer.
Trazendo meus joelhos para baixo, tento me levantar para me
defender, mas ele agarra meus tornozelos e me arrasta para trás em sua
direção. Ele rasteja pra cima de mim, e o peso de seu corpo pressiona
minhas costas e me empurra para o colchão.
— Eu vi seu companheiro mais cedo, — ele zomba. — Ele está
completamente perdido, então nem pense que ele está vindo atrás de
você. Acho que vou fazer com que ele me veja foder você antes de matá-
lo. — Ele está tão focado no momento que esquece que minhas mãos
estão amarradas nas minhas costas, porque assim que sua ereção toca
nelas, eu o agarro firmemente e giro o mais forte que posso.
Tudo o que ouço é ele gritar antes de um golpe na minha cabeça quase
me deixar inconsciente.
Minha cabeça lateja e minha visão embaça, quando o sinto me
levantar e me amarrar de volta na cama. A última coisa que ouço é ele
resmungando sobre como sou uma vadia psicopata antes que a porta se
feche.
Agradeço silenciosamente à lua antes que meus olhos se fechem e eu
seja arrastada para um abismo escuro. Quando acordo novamente, está
de noite, a lua rastejando pelas portas da varanda lançando sombras em
tudo ao meu redor.
Minha visão ainda está embaçada enquanto tento enxergar algo no
quarto escuro como breu.
Meus olhos se fixam em uma grande silhueta sentada no sofá,
fazendo-me quase saltar de susto. Quando aquela silhueta se levanta e
acende a luz, um suspiro escapa dos meus lábios e uma onda repentina
de náusea toma conta de mim novamente.
— Surpresa, Luna, — Lucas diz enquanto faz uma tentativa de sorrir
para mim, mas seu rosto está tão destruído que chega a ser repugnante.
Um olho está completamente fechado e inchado e o nariz claramente
quebrado, mas não é isso que me incomoda. É a maneira como uma de
suas maçãs do rosto está completamente afundada que fica difícil de
olhar para ele.
— Por quê você está aqui? — Eu pergunto, rosnando para ele.
Ele se aproxima de mim lentamente com um sorriso grotesco no
rosto. Ele puxa uma seringa do bolso antes de se aproximar de mim.
— Vingança, vadia, — ele rosna.
— Rainier vai te matar se você me tocar, — digo a ele rapidamente
enquanto torço meus braços tentando me soltar das minhas amarras.
— Não, ele não vai, — ele diz. — Ele estará morto amanhã.
Eu grito o mais alto que posso quando ele dá outro passo, esperando
que isso chame a atenção de alguém. A corda machuca meus punhos
enquanto tento desesperadamente escapar de minhas amarras e, no
último segundo, fico surpresa quando uma das minhas mãos se solta.
Eu agarro sua mão assim que ele desce com a seringa, e o solavanco
repentino a envia voando pelo quarto.
Lucas me olha surpreso antes de correr atrás da seringa, e eu uso essa
distração momentânea dele para liberar minha outra mão. Já estou de pé
quando ele se vira com a seringa em mãos, e assim que nossos olhos
fazem contato, ele corre em direção a mim.
Ele balança a seringa descontroladamente enquanto caímos no chão
e, antes que eu possa impedir, ele a enfia direto na minha mão.
Puxando minha mão para trás, eu fico olhando com horror apenas
para ver a agulha passar por toda palma e atravessar pelo outro lado. A
substância prateada dentro da seringa escorre direto para o chão, em vez
de entrar no meu corpo.
Então, meu coração bate mais rápido fazendo zumbir meus ouvidos
enquanto tiro a agulha da minha mão. Eu sequer consigo pensar
enquanto afundo a agulha no olho de Lucas e empurro o líquido
restante.
Seus gritos de agonia enchem a sala enquanto ele se debate
violentamente, e eu envolvo minhas duas mãos em volta de sua garganta.
Ele segura meus punhos enquanto eu aperto ainda mais forte, mas já
consigo notar que seu corpo está enfraquecendo.
Deixando minhas unhas se alongarem, eu uso toda a minha força para
cravá-las em sua carne, fazendo-o gemer alto. Quanto mais eu aperto,
mais meus dedos afundam em seu pescoço e uma vez que eles estão
fundos o suficiente, eu fecho meus punhos com força e rasgo sua
garganta.
Ele agarra seu pescoço enquanto o sangue jorra pelo corte e eu sorrio
de satisfação.
Ele estende a mão em minha direção, deixando uma mancha de
sangue em meu rosto antes de dar seu último suspiro. Eu fico olhando
para seu corpo sem vida por mais alguns segundos antes que o choque do
que eu fiz desapareça.
Com minha adrenalina alta, faço meu caminho para a porta
rapidamente e antes de abri-la, ouço um tom de voz familiar do lado de
fora.
— Certifique-se de dizer ao nosso pai quem o enviou. — Abro a porta,
meus olhos imediatamente encontrando os do meu companheiro e
quando ele sorri para mim, o alívio inunda todo o meu corpo.
— Sua vadia! — eu ouço Silas rosnar a alguns metros de distância, e
antes que eu possa me mover, ele corre em minha direção. Ele dá apenas
dois passos antes de Rainier interceptá-lo e jogá-lo no chão.
— Algum último pedido? — Ele rosna na cara do irmão. — Afinal, não
sou um monstro sem coração.
Silas abre a boca para falar, mas antes mesmo que ele diga uma
palavra, Rainier puxa uma lâmina de prata e a afunda em seu peito até o
cabo, silenciando-o para sempre.
Posso sentir a raiva irradiando de seu corpo enquanto ele puxa a
lâmina e enfia a mão profundamente na ferida. Quando ele puxa a mão
de volta, o coração de Silas ainda bate dentro de seu punho fechado e eu
tenho que desviar o olhar.
Por mais feliz que eu esteja por ele estar morto, eu vi sangue suficiente
nas últimas semanas que vale por uma vida inteira.
Sinto braços enormes me envolverem, o calor e o cheiro do meu
companheiro acalmando meu coração acelerado. Eu relaxo em seu
abraço e, em pouco tempo, estou soluçando em seu peito, os eventos dos
últimos dias finalmente estão cobrando seu preço.
Suas mãos correm para cima e para baixo nas minhas costas
suavemente enquanto ele se afasta e olha para mim.
— Onde está Lucas? — Ele pergunta, tirando meu cabelo do rosto.
Aponto para o nosso quarto e ele me solta por um momento enquanto se
aproxima e olha para dentro.
Quando ele volta, seus olhos estão arregalados e ele mal acredita no
que vê.
— Você que fez aquilo?
Eu aceno minha cabeça lentamente enquanto ele me envolve de volta
em seus braços.
— Estou tão orgulhoso de você, bebê. Eles te machucaram? — Ele
pergunta, sua voz tensa de emoção.
— Não, — eu digo em seu peito. — Nada que eu não pudesse lidar.
Ele me pega facilmente e me embala em seu peito. — Essa é minha
garota, — ele sussurra enquanto leva seus lábios à minha testa e me beija
suavemente. — Acabou. Ninguém nunca mais vai te machucar.
Capítulo 30
Rainier

Um mês depois
Minhas patas enormes batem contra o chão úmido enquanto eu
ganho velocidade, as árvores densas cobrindo a maior parte do sol
poente.
Pequenos feixes laranja e amarelo refletem como manchas no chão da
floresta ao meu redor enquanto eu salto rapidamente sobre um arbusto
de rosas. O cheiro de minha companheira me impele para frente
enquanto eu entro em uma clareira a alguns quilômetros da fronteira sul
do território da minha matilha.
Tenho um rápido vislumbre de pelos negros voando para o mato, e
faço uma curva fechada para a esquerda para dar a volta e tentar cortar a
frente dela. Quando eu a encontro do outro lado, ela foge novamente,
suas patas se movendo rapidamente. Sua cauda chicoteia contra meu
focinho enquanto eu fico logo atrás dela, perseguindo-a até a beira de um
pequeno lago que fica no território da minha matilha.
Eu a belisco de brincadeira, meu rabo balançando com tanta força que
sacode todo o meu corpo com ele. Um ronronar profundo vibra em meu
peito enquanto ela expõe sua garganta em submissão, e eu reconheço
isso com uma leve beliscada em seu pescoço antes de baixar minha
cabeça em submissão a ela.
Nunca fui submisso a ninguém, desde criança, nem mesmo quando
apanhava do meu pai. Minha garota, porém, domina meu coração e
minha alma em todos os aspectos. As batalhas que eu travava dentro de
mim não tem chance contra ela.
Uma alma que nunca pensei que encontraria; ela é muito mais do que
eu esperava.
Ela era a parte de mim que eu nunca soube que estava faltando até
encontrá-la. Esfrego meu corpo grande contra o dela, nossos cheiros já
tão profundamente entrelaçados que se confundem. Pinheiros e
orquídeas. Chuva fresca e amoras.
Eu observo como ela se transforma facilmente, sua linda pele macia
substituindo seu pelo de obsidiana. Eu me transformo logo depois com a
necessidade incontrolável de senti-la. Gentilmente, eu a puxo e envolvo
meus braços em torno de seu corpo delicado.
Um suspiro suave e satisfeito escapa de seus lábios enquanto eu passo
meus dedos por seu longo cabelo e inclino sua cabeça para trás para que
eu possa ver seu lindo olhar esmeralda.
— Seu beta deve estar procurando por você, — ela brinca enquanto
pressiona seu corpo contra mim. Suas mãos sobem pelo meu peito e ao
redor do meu pescoço enquanto eu mordisco a marca em sua garganta.
— Toby pode esperar. — eu rosno, o tom grave da minha voz envia um
arrepio através ela. — Eu, entretanto, não posso.
— E a Matilha Lobos? — ela questiona. — Eles chegarão a qualquer
minuto. Precisamos estar presentes para recebê-los.
Esta noite é a nossa cerimônia de acasalamento, que não foi
necessária porque já estávamos acasalados, mas ambos queríamos uma,
pois é uma ocasião tão especial.
É uma festa da nossa união, que merece ser comemorada. Ela até me
convenceu a convidar a Matilha Lobos na esperança de que alguns de
nossos lobos solteiros encontrassem suas respectivas companheiras.
— Isso vai levar apenas alguns minutos, — digo a ela, fazendo-a rir.
Ela geme quando eu me inclino e puxo seu lábio inferior entre meus
dentes, o gemido me fazendo endurecer contra ela. Nossos lábios se
encontram, sua língua macia se movendo contra a minha em perfeita
sincronia, mas antes que eu possa ir longe demais, ela me empurra de
volta.
Meu olhar confuso encontra o dela antes que suas próximas palavras
me surpreendam completamente.
— Estou grávida, Rainier, — ela deixa escapar, fazendo-me congelar.
Meu coração quase para por um momento enquanto suas palavras são
registradas em minha mente.
— O que você disse? — eu pergunto, com minha voz agora séria.
— Você vai ser pai, — ela confirma, e o orgulho logo cresce em meu
peito.
Eu vou ser pai.
— NÓS vamos ser pais!
Meu lobo uiva, sua alegria e excitação são nítidas. Abaixando-me, dou
um leve beijo em sua barriga antes de fazer o mesmo em seus lábios.
— Esta é uma notícia incrível, — digo a ela. segurando seu rosto em
minhas mãos. — Você me faz muito feliz, lobinha.
— Estou um pouco nervosa, — ela sussurra contra meus lábios
quando tento beijá-la novamente.
— Por que você está nervosa? — eu pergunto a ela suavemente.
Seus olhos mantêm contato com os meus enquanto ela responde:
— Tudo, eu acho. Trabalho de parto, o parto em si, ser uma boa mãe.
Pode escolher.
Puxando-a em meus braços, pressiono meus lábios no topo de sua
cabeça.
— É normal ficar um pouco nervosa, mas saiba que estarei lá em todos
os momentos. Você é forte e sei que será uma mãe incrível. Estamos nisso
juntos e pretendo ser o melhor pai e companheiro que puder.
Ela relaxa instantaneamente, o vínculo de companheiro enviando
minhas vibrações calmantes direto para ela.
— Eu quero isso com você, — eu digo a ela honestamente. — O amor
que tenho por você e nossos futuros filhotes é infinito. Este é o começo
do nosso futuro e, além de você, acho que nunca vi nada tão brilhante e
promissor.
Quando voltamos para o limite da floresta, colocamos nossas roupas
de volta enquanto o som de rock pesado explode no ar.
— Parece que Toby está se divertindo. — eu rio enquanto fazemos
nosso caminho na direção da música.
Nós viramos a esquina da casa da matilha, e parece que a festa está em
pleno andamento quando vejo meu beta conversando com um grande
homem que presumo ser o Alfa da Matilha Lobos. Toby está com o braço
em volta de uma pequena mulher.
— Alfa Stone, Luna, — o Alfa nos cumprimenta quando nos
aproximamos deles. — Obrigado por nos convidar.
— O prazer é meu, — eu respondo. — Desculpe, estamos um pouco
atrasados.
Alfa Eridian sorri.
— Sem problemas. Eu entendo. Parece que nossa visita já está valendo
a pena. — Ele acena para o meu beta, que parece mais feliz do que eu
jamais o vi.
— Esta é minha companheira, Camille, — Toby afirma com orgulho
enquanto apresenta a fêmea.
Minha garganta se aperta com a felicidade que sinto por meu amigo
mais antigo.
Depois de anos de busca, ele finalmente encontrou sua outra metade
e devo agradecer à minha companheira por isso.
— Prazer em conhecê-la, Camille, — diz Alexia, fazendo a fêmea sorrir
timidamente.
— Prazer em conhecê-la também, Luna, — ela diz.
O cheiro de churrasco de repente flutua no ar, fazendo com que
minha mulher se anime ainda mais.
— Estou morrendo de fome, — ela diz. Eu sorrio para mim mesmo
enquanto me viro e dou um beijo em sua testa.
— Bem, vamos encontrar algo para comer, — digo a ela. — Não posso
deixar meu filhote ficar com fome, não é mesmo?
— Filhote? — Toby pergunta confuso enquanto ouve o que eu disse.
— Você acabou de dizer filhote?
Envolvendo meu braço em volta da minha mulher, eu aceno com
orgulho.
— Isso mesmo. Vamos ter um filhote.
— Caralho, eu vou ser tio!? — ele exclama em voz alta enquanto me
abraça. — Eu encontro minha companheira, e descubro que vou ser tio
tudo num dia. Tem como essa noite ficar melhor?
— Sim, você vai ser tio, — eu rio enquanto bato em seu ombro
algumas vezes. — Agora, vamos buscar algo para sua Luna comer.
Eu preparo um prato para nós dois e nos sentamos em uma das mesas
que foram colocadas fora da casa da matilha. Pego uma grande garfada de
carne de veado defumada, levo até sua boca e ela come rapidamente.
— Mmmmm, — ela geme. — Isso é tão bom! — Eu continuo a
alimentá-la e em pouco tempo, ela termina seu prato e metade do meu.
— Estou cheia, — ela diz enquanto esfrega sua barriga ligeiramente
arredondada. Seus olhos procuram os rostos ao nosso redor antes de
falar novamente. — Você viu Ardon ou Gennie? — ela pergunta. Olhando
em volta, eu os vejo em uma mesa próxima.
— Parece que eles estão ficando confortáveis na presença um do
outro, — digo a ela enquanto aponto para eles. Ele envolve o braço em
volta dela enquanto a alimenta também.
— Estou feliz, — ela diz, um olhar nostálgico passando rapidamente
por seus olhos. — Ambos merecem ser felizes. Eu só queria que meu
irmão pudesse estar aqui para comemorar conosco. — Inclinando seu
queixo para cima, eu limpo uma lágrima solitária com meu polegar
enquanto ela cai por sua bochecha.
— Seu irmão está aqui, — digo a ela suavemente. — Ele vive através
das memórias que você guarda dele. Ele sempre estará com você em seu
coração. — Ela sorri tristemente antes de enxugar o resto de suas
lágrimas.
— Você está certo, — diz ela enquanto inspira profundamente. — Eu
te amo, Rainier.
— Eu também te amo, bebê, — digo a ela antes de me levantar e puxá-
la pela mão. — Agora, vamos acabar com isso para que eu possa levar
você de volta para o nosso quarto. — Ela sorri tristemente antes de
enxugar o resto de suas lágrimas.
*
A lua cheia paira bem alto no céu noturno enquanto caminhamos
para a plataforma de madeira à luz de velas que geralmente usamos para
reuniões da matilha.
Estamos diante de nossa matilha e de nossos convidados, e todos eles
ficam em silêncio quando chegamos.
— Quero agradecer a todos por terem vindo esta noite, — digo a eles.
— É uma ocasião muito especial para a sua Luna e para mim, e significa
muito para nós que todos vocês quisessem fazer parte dela.
Meu beta se levanta e caminha para a plataforma pronto para oficiar a
cerimônia conforme planejado.
— Vocês estão prontos? — ele pergunta.
Nós dois acenamos com a cabeça quando me viro para minha mulher
e pego suas mãos.
— Alexia, você é minha lua, meu amor, minha alma e a mãe de meus
futuros filhotes. Prometo amar e proteger você e nossos filhotes com
tudo que há em mim. Serei tudo o que você precisa que eu seja e sempre
tratarei você como minha igual.
Lágrimas brotam de seus olhos, seu lindo sorriso conforta minha
alma.
— Rainier, você é minha rocha e a força que sempre precisei. Você me
fez ver coisas em mim que eu nem sabia que existiam. Quando olho para
você vejo todo o meu futuro e não poderia estar mais orgulhosa de tê-lo
como meu companheiro. Meu coração é seu. Sempre foi.
Limpando as lágrimas dos meus olhos, eu me inclino e dou um beijo
suave e doce em seus lábios.
— Sob a luz da lua cheia, peço à Deusa que abençoe esta união de
almas, — diz Toby. — Que vocês dois vivam muito e prosperem. Agora
você pode reivindicar sua companheira.
Sem perder tempo, eu a puxo para mim e deixo minha cabeça descer
até seu pescoço.
Meus dentes afundam profundamente em seu ombro e, ao mesmo
tempo, os dela se cravam na pele logo acima da minha clavícula, fazendo
com que ambos se desequilibrem ligeiramente enquanto o vínculo do
companheiro corre através de nós. Um coro de aplausos ecoa ao nosso
redor enquanto seu perfume percorre meus sentidos. Não tenho certeza
do que esperar do resto da minha vida, mas enquanto ela estiver comigo,
sei que vou ficar bem.
— Eu te amo, minha mulher, — digo enquanto ela olha para mim com
adoração. Inclinando-me, descanso minha mão em sua barriga e sussurro
suavemente: — E eu te amo, meu pequenino.
Capítulo 31
Alexia

— Bom dia, linda, — meu macho fala sonolento ao meu lado


enquanto o sol da manhã aparece através das janelas.
Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto enquanto sua grande mão
trilha sobre meu peito até minha barriga saliente que acaba lhe dando
um pequeno chute vindo do filhote que estou esperando.
— Bom dia para você também, pequenino, — ele ri.
— Bom dia, bebê, — eu respondo enquanto bocejo sonolenta.
Inclinando-me, dou um beijo rápido em seu rosto mal barbeado antes de
me aninhar mais profundamente no calor de seu colo.
Seus braços se apertam em volta de mim, me puxando para mais perto
dele enquanto a batida rítmica do coração em seu peito me embala de
volta ao sono.
De repente, a porta do nosso quarto se abre com um baque, nos
assustando.
— Pai! — Raiden grita animadamente ao mesmo tempo que ouço seus
pezinhos correndo pelo chão.
Sentando, eu estico meus braços acima da minha cabeça enquanto o
pequeno sobe na cama e pula em seu pai.
— Podemos ir ver o tio Toby e Jackson agora? Podemos? Você me disse
que poderíamos ir hoje! — Eu sorrio com a maneira como meu
companheiro finge pensar sobre a resposta como se ele não fizesse tudo
no mundo por este garotinho. Eu não poderia pedir um pai melhor para
nossos filhotes ou um companheiro melhor.
Ele manteve sua palavra quando me disse que estaria lá para tudo.
Cada consulta médica, troca de fraldas até ensiná-los as tradições de
nossa espécie e tudo mais. Meu companheiro foi e é tudo que eu sempre
imaginei que ele seria.
Quando o conheci, nunca pensei que ele pudesse mudar tão
drasticamente. As cicatrizes deixadas por seu pai não atrapalham mais
seus pensamentos ou envenenam sua mente.
O amor que ele tem por mim e seus filhotes preenche todos os
espaços que antes abrigavam o ódio.
Vê-lo amar nossos filhos fez meu amor por ele crescer dez vezes mais.
Eu vejo quando ele se vira e dá um beijo no topo da cabeça de Raiden.
— Sim, podemos ir, — diz ele com um sorriso, — mas tenho alguns
lobos que tenho que treinar hoje, então teremos que ir depois do
treinamento, ok?
— Siiiim! — Raiden exclama em voz alta enquanto dá pequenos socos
no ar. — Você é o melhor, pai!
— Posso ir com você, papai? — Uma pequena voz feminina diz da
porta. A irmã gêmea de Raiden vai até a cama e sobe entre nós, seu longo
cabelo escuro ainda trançado do jeito que eu fiz antes de colocá-la na
cama ontem à noite.
— Eu quero ir treinar com você.
Rainier sorri para a pequena fêmea.
— De novo? — ele pergunta brincando. Ela acena com a cabeça
rapidamente, sua expressão ficando séria. — Eu quero ser igual a você,
papai, — ela diz, seus olhos brilhando com intensidade.
— Eu vou ser Alfa algum dia.
Quando descobri que estava grávida, nunca esperei que fossem
gêmeos e, embora eles compartilhassem um útero, suas semelhanças são
poucas. Raiden é idêntico a seu pai, enquanto Artemis se parece comigo a
não ser seus olhos de fogo que ela herdou de Rainier.
Raiden também é mais brincalhão, enquanto Artemis é uma criança
mais séria.
Ela definitivamente herdou a personalidade de seu pai. A pequena
fêmea é toda Alfa.
Desde que ela tinha idade suficiente para falar, ela deixou claro que
será a primeira mulher Alfa. Ela é mais forte do que qualquer outro
garoto de sua idade, incluindo seu irmão, mas não é disso que estou mais
orgulhosa.
Ela é atenciosa, amorosa e carinhosa. Ela está sempre pensando no
que pode fazer para ajudar os outros. Eu sei no meu coração que ela seria
uma Alfa incrível. O sorriso do meu companheiro se alarga enquanto ele
olha para ela com orgulho.
— Eu não tenho dúvidas que você vai ser Alfa um dia, querida, — ele
diz, fazendo com que a boca de Raiden se abra em protesto.
— E quanto a mim? Eu quero ser Alfa também! — ele faz beicinho,
uma careta se espalha por seu rosto.
— Não tenho dúvidas de que vocês dois se tornarão exatamente o que
desejam ser, — ele se corrige rapidamente. — Vocês dois podem fazer
qualquer coisa que quiserem.
Ele bagunça o cabelo de Raiden antes de puxar Artemis para seu colo e
abraçá-la com força.
— E sim, você pode ir comigo, Art.
— Seu pai está certo, — eu interrompo. — Vocês apenas têm que dar o
seu melhor para alcançar as coisas que desejam. Ambos são filhos
incríveis. Podem conquistar qualquer coisa se trabalharem duro.
Os dois sorriem para nós, seus sorrisos brilhantes derretendo meu
coração como sempre. Eu amo minha pequena família e meu bando.
Dizer que tenho sorte seria um eufemismo completo.
— Mal posso esperar, — diz Artemis com determinação. — Eu vou ser
a melhor Alfa que já existiu.
Livro Dois
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Capítulo 1
PAI ALFA Alexia
Nove Meses Depois
— Ei, querida... acorde.
O murmúrio sexy me tira do sono. Pisco meus olhos e acordo
lentamente. Percebo que adormeci no sofá... de novo.
Meus braços cansados estão enrolados em tomo da mais nova adição à
nossa família, nosso menino perfeito. Eu olho para os olhos dourados de
Rainier. — Oi, — eu sorrio. Acabei de acordar, mas minha vida parece tão
especial que ainda poderia ser um sonho.
— Minha mulher, — ele sussurra. — Você tirou uma boa soneca? Eu
deixaria você dormir, mas o jantar está pronto.
— Sim. Obrigada, — eu respondo
Ele toca meu rosto e seus olhos suavizam ainda mais, então escurecem
com o desejo animal. Posso notar que seu lobo está logo abaixo da
superfície, querendo brincar na floresta.
Já faz muito tempo que não temos tempo para nós mesmos.
Há muito o que fazer hoje em dia. Ser pais de um bebê e de gêmeos de
seis anos é mais do que um trabalho de tempo integral. E isso sem falar
em administrar a matilha...
Mas vale a pena. Nosso bebê, Adam, trouxe uma onda de entusiasmo e
amor para nossas vidas.
Adam.
Decidimos batizar nosso terceiro filho com o nome de meu amado
irmão. Adam tem apenas um mês de idade, mas já tem o espírito
tranquilo do meu irmão.
Ele é um bebê feliz, não um chorão como Artemis e Raiden eram.
Rainier me beija suavemente e eu fecho meus olhos. Estamos juntos
há sete anos. Nós formamos uma família, mas os beijos do meu
companheiro ainda me dão borboletas no estômago.
E eu nunca amei meu macho Alfa mais do que agora...
Enquanto meu macho se afasta, ele olha para o bebê em meus braços.
Nosso filho murmura para o pai e envolve o dedo com a mãozinha.
Rainier levanta nosso bebê suavemente e o coloca na cadeira de
balanço, em seguida, caminha até a janela aberta.
— Hora do jantar! — Ele liga para trazer os gêmeos depois de uma
tarde de verão brincando do lado de fora.
— Obrigada por fazer o jantar, — eu digo enquanto me levanto e
caminho até meu companheiro.
Rainier se posiciona atrás de mim, com seus braços fortes envolvendo
minha cintura.
Eu me inclino em meu homem, sabendo que ele vai me apoiar.
Quando ele beija meu pescoço, meu lobo ronrona de alegria.
— É apenas pizza congelada e salada... de novo, — ele responde com
um sorriso irônico.
— Parece delicioso.
Hoje em dia, com duas crianças indisciplinadas e um recém-nascido,
não tenho tempo para preparar bons jantares como ensopado de veado...
E significa muito para mim o fato de Rainier ter ajudado na hora das
refeições.
— Vamos comer e levar as crianças para a cama, e então você será
todo meu, — meu companheiro rosna em meu ouvido.
Eu sorrio, mordendo meu lábio. Algum tempo de qualidade com meu
macho é exatamente o que eu preciso agora.
Um momento depois, a porta se abre, e os gêmeos entram. Artemis e
Raiden correm em minha direção, gritando — Mãe! Mãe! Mãe!
— Shhh, seu irmão está dormindo, — eu digo baixinho para eles
enquanto afasto o cabelo dos olhos de Raiden.
— Olha o que encontramos! — Artemis sussurra animadamente,
desenrolando os dedos para me mostrar uma grande pedra.
— É um diamante! — Raiden exclama.
— Hmmm, — eu respondo, — parece quartzo para mim. É muito
bonito.
É
— É para você, mamãe, — diz Artemis, sorrindo com orgulho. Seus
olhos brilham com uma cor dourada, assim como os de seu pai.
— Muito obrigada. Agora vão lavar as mãos para o jantar.
Enquanto eles saem correndo, coloco minha nova pedra na prateleira
onde guardo todos os tesouros dos meus filhos. Em minha coleção,
tenho vários gravetos, folhas de outono, algumas pedras e uma pena de
coruja.
Antes de irmos para a sala de jantar, eu verifico Adam, que está
dormindo profundamente em seu berço.
Rainier toma seu lugar em uma extremidade da mesa da sala de jantar,
e eu me sento ao lado dele. Artemis já está com a boca cheia de pão de
alho.
— O que dissemos a vocês dois sobre esperar até que estejamos todos
sentados à mesa? — Eu pergunto a eles.
— Estou à espera! — Protestos de Raiden.
— Bom trabalho, filho, — Rainier o encoraja. Artemis sorri
inocentemente e não posso deixar de sorrir de volta.
Rainier passa a bandeja de pizza para mim e eu pego duas fatias de
calabresa. Eu mordo o queijo e deixo escapar um pequeno gemido.
— Eu gostaria de poder ouvir aquele som o dia todo, — meu
companheiro se conecta a mim, e eu encontro seus olhos com um sorriso
tímido.
— Jogamos queimada com outros filhotes da matilha hoje, — diz
Raiden com entusiasmo.
— Eu era um capitão! — Artemis acrescenta. — E Raiden foi a
primeira pessoa que escolhi para minha equipe.
— Isso é ótimo. É importante cuidar de seus irmãos, — Rainier
responde de forma encorajadora.
Embaixo da mesa, aperto a perna de Rainier. O fato de nossos filhos se
darem bem, significa tanto para ele, porque ele nunca teve isso com sua
própria família.
Silas, seu irmão há muito perdido, o queria morto, e Rainier não tinha
escolha a não ser matá-lo.
Quando começamos nossa família, Rainier sabia que queria fazer as
coisas de forma diferente do que seu próprio pai fez.
— Quando veremos a tia Gennie? — Raiden pergunta. — Quero dar a
ela uma pedra que encontrei de presente.
A consideração do meu filho me faz sorrir.
— Ela e Ardon cuidarão de vocês na próxima semana, — digo a ele, e
Raiden sorri.
Agora sinto a mão de Rainier em meu joelho.
Ele percebe que estou pensando em meu irmão, Adam. Ele sabe que
eu gostaria que ele pudesse estar aqui com nossos filhos.
Gennie e eu sempre falamos sobre o quanto sentimos sua falta. Meu
irmão era companheiro de Gennie e sei que ela pensa nele todos os dias.
Ardon perdeu sua companheira também, então os dois entendem essa
dor.
Gennie e Ardon criaram algo tão especial como um vínculo de
companheiro. Eles estão felizes juntos e eu estou feliz por eles.
— Comi três pedaços inteiros de pizza, — diz Artemis com orgulho.
— Essa é minha garota. Você vai precisar de energia para a nossa
sessão de treinamento amanhã, — responde Rainier.
— É verdade?! Vamos treinar amanhã? — Ela grita de alegria.
— Sim. Agora vamos deixar vocês prontos para dormir para que vocês
estejam bem e descansados amanhã.
Artemis pula da cadeira e sobe as escadas correndo. Raiden faz
beicinho. — Mas eu não estou cansado.
— Vou ler uma história para você, — digo a ele, e seu rosto se ilumina
antes de ele seguir sua irmã.
— Vou limpar e levar Adam para cima, — Rainier diz, inclinando-se
para me beijar rapidamente.
— E eu vou ajudar os gêmeos, — eu respondo.
Subo as escadas, sentindo-me cansada até os ossos, mas feliz.
Obrigada, Deusa da Lua. Eu faço uma oração silenciosa quando entro
no quarto dos gêmeos. -Devo ser a mulher mais sortuda do mundo.
Depois de não uma, mas duas histórias sobre o deus nórdico Thor,
Raiden e Artemis estão finalmente dormindo.
Vou na ponta dos pés até a porta e olho para trás, para suas formas
adormecidas e doces.
— Boa noite, — eu sussurro antes de trotar pelo corredor para
encontrar meu companheiro.
Ter um filho significa que não passamos muito tempo sozinhos e
estou tão pronta para ser íntima com Rainier...
Mas quando eu abro a porta do nosso quarto, vejo Rainier sentado na
cama, com Adam pressionado em seu peito nu... ambos dormindo
profundamente.
Admiro a vista por um momento, meu coração se enche de amor.
Meu macho merece descansar. Nosso tempo sozinho chegará em
breve.
Rainier permanece dormindo enquanto eu tiro o bebê de seus braços
e o coloco em seu berço aos pés da nossa cama.
Eu me lavo no banheiro, em seguida, me aconchego sob as cobertas.
Rainier afunda e me puxa para seus braços, e em um instante estou
dormindo.
Eventualmente, eu me encontro em um sonho estranhamente vívido.
Estou caminhando pela floresta quando um rosnado selvagem atravessa o
ar. Eu sinto que algo está errado, então eu o sigo.
Eu chego mais perto e ouço os rosnados assassinos de dois lobos. Meu
coração bate forte enquanto corro por entre as árvores e chego a uma
clareira.
Agora eu os vejo. Dois lobos solitários duelando.
Aplausos e gritos surgem da floresta, e uma multidão de homens se
materializa ao redor dos lutadores.
Esses homens estão GOSTANDO disso, ~eu percebo.
Eu finalmente dei uma boa olhada em um lobo, e eu percebi que o
conheço.
Eu reconheceria o lobo preto com uma marca branca em seu focinho em
qualquer lugar.
Porque ele é meu irmão.
— ADAM! — Eu grito, mas minha voz se perde na animação dos homens.
Enquanto o outro lobo o ataca mais uma vez, tento me transformar na
minha loba, mas não consigo. Estou indefesa.
De repente, o céu se abre e um raio de luz brilha sobre meu irmão
enquanto ele luta por sua vida.
A voz que ouço é forte, mas suave. Ele me envolve, e eu sei que não pode
pertencer a ninguém além da própria Deusa da Lua.
— Seu irmão precisa de você. Alexia.
Com isso, eu acordo. Sento-me ereta na cama e estou coberta de suor.
Rainier se mexe ao meu lado no escuro. Meu coração dispara
enquanto tento recuperar o fôlego.
Foi apenas um sonho, mas parecia tão real.
Será que meu irmão realmente está vivo?!
Capítulo 2
O DEVER DE RAINIER
Rainer

Depois de uma sessão de treinamento com minha filha, tomei banho e


corri para encontrar meu Beta, Toby, para nosso almoço diário.
Ando rapidamente porque Artemis e eu nos divertimos muito juntos.
Sem falar que ela é uma lutadora extremamente promissora com apenas
seis anos de idade.
Claro, eu sempre imaginei que estaria treinando minha filha para
tomar meu lugar como Alfa um dia, mas minha filha pode ser ainda mais
adequada para a posição.
Gosto de trabalhar com ela, especialmente porque nossos
treinamentos a deixam tão feliz quanto a mim.
Minha filha é tão fogosa e brilhante, assim como sua mãe.
Alexia aparece em minha mente e meu lobo uiva de orgulho. Ontem à
noite, minha mulher me acordou para me contar sobre um sonho
estranho que ela teve.
Ela tinha certeza de que a Deusa da Lua havia enviado a ela uma
mensagem de que seu irmão estava vivo.
Eu sei que a Deusa da Lua trabalha de maneiras misteriosas...
Chego à casa da matilha e encontro Toby esperando por mim na
entrada.
— Alfa, que bom ver você! — Ele me cumprimenta calorosamente. —
Pedi ao chef que sirva o nosso almoço ao ar livre porque o tempo está
muito bom. O que você acha?
— É uma ótima ideia, — respondo. Seguimos até uma mesa de
piquenique à sombra.
Do meu assento, eu observo os membros da minha matilha entrando
e saindo da casa da matilha. Todos parecem felizes e ocupados, o que é
exatamente o que gosto de ver.
— Como foi o treinamento com Artemis esta manhã? — Toby
pergunta.
— Impressionante, — eu respondo com um sorriso. — Aquela garota é
um foguete. Ela é obstinada e inteligente também.
Toby sorri com bom humor. — Ela poderia ser uma Alfa maravilhosa
algum dia.
— E talvez Jackson seja seu Beta, — eu respondo.
O filho de Toby e minha filha já são amigos íntimos, o que me deixa
animado para o futuro.
— Não seria incrível? — Toby pergunta com uma risada orgulhosa.
Uma pessoa da equipe do refeitório se aproxima com limonadas e
sanduíches para Toby e eu.
Agradeço a ela antes de dar uma grande mordida e gemer de
satisfação.
O sanduíche de rosbife é quase tão delicioso quanto os que minha
mulher faz.
— Então me diga, Beta. O que há de novo hoje?
Toby toma um gole de limonada e responde.
— Acabou de chegar à atualização mais importante de um de nossos
batedores, patrulhando fora de nosso território, — ele começa.
— Ele ouviu falar de uma arena clandestina de luta. Parece violento e
desumano... e os lutadores podem ser lobisomens forçados contra sua
vontade.
Eu franzi a testa. Não havia ouvido falar de algo tão selvagem na área
desde que meu pai era Alfa. Somente alguém com uma alma corrupta
poderia encontrar prazer no sofrimento dos outros.
— Se isso for verdade, devemos parar com isso, — eu respondo. —
Este mal deve ser trazido à luz.
Toby acena com a cabeça. — Absolutamente certo, Alfa. Nosso olheiro
relatou que a próxima luta acontecerá em duas noites... mas o local é
desconhecido.
Eu levo um momento para considerar os próximos passos. Uma coisa
que sei com certeza é que quero acabar com isso.
Mas preciso avaliar todos os riscos com cuidado, agora que tenho uma
família que depende de mim.
— Envie alguns guerreiros para ajudar nosso batedor em sua missão
de reconhecimento.
Precisamos descobrir onde a partida vai acontecer, — eu começo.
— Prepare-se para lutar ao meu lado em duas noites... e monte uma
equipe para se juntar a nós.
— Estou cuidando disso, Alfa, — responde Toby.
— Obrigado, — digo a ele com sinceridade. Já que Lucas me traiu, eu
sei que não posso considerar um Beta leal como algo garantido.
— É uma honra, — responde. — Vejo você amanhã. — Com isso,
seguimos nossos caminhos separados. Subo para o meu escritório e passo
a tarde cuidando da papelada.
Quando chega às cinco horas, estou mais do que pronto para voltar
para minha fêmea e nossos filhotes.
Corro para casa, para nossos aposentos no quarto andar, e assim que
abro a porta, Artemis e Raiden pulam para me cumprimentar.
— Papai está em casa! Olha o que eu achei! — Raiden jorra.
— Olha, pai! Tenho praticado! — Artemis demonstra seu chute
circular.
— Bom trabalho, — digo a ela, e então olho para a pedra na mão de
Raiden. — Isso é bom, filho.
Eles sorriem com o elogio.
Porque meu próprio pai foi tão cruel, não tenho nenhum modelo de
como ser pai.
Sei que quero ser o melhor pai possível e encorajar meus filhos em vez
de destruí-los.
Eu pego Raiden em meus braços e sigo para a sala para encontrar
Alexia.
Eu viro a esquina e paro no meio do caminho. Porque aí está ela.
E embora seu cabelo esteja oleoso e ela pareça completamente
exausta, ela ainda é a mulher mais bonita que eu já vi.
Meu lobo rosna com um desejo reprimido. Já se passaram semanas
desde que ele tocou sua fêmea. Anseio ficar sozinho com minha Luna...
E nosso filhote em seus braços só a toma mais desejável para mim.
— Bem-vindo ao lar, Alfa, — ela diz, virando-se com um sorriso.
Eu coloco Raiden no chão e me aproximo de minha Luna. Eu seguro
seu rosto em minhas mãos e a beijo.
Meu corpo dói por estar sozinho com ela, e só posso esperar que esta
noite finalmente tenhamos algum tempo para nós mesmos...
Alexia sorri, e eu pego Adam e o balanço levemente.
— Pedi comida chinesa de um lugar de que gostamos, — diz ela,
apontando para a refeição quente à sua frente. — Eu queria cozinhar o
jantar esta noite, mas — Isso é perfeito, — digo a ela. A última coisa que
quero é minha Luna se estressando com as tarefas domésticas quando ela
já está cuidando de nossos filhotes.
Todos nós nos sentamos à mesa e saboreamos a refeição. Agradeço
esse tempo de qualidade com minha família, mas tenho outra coisa em
mente...
Observo a boca de Alexia enquanto ela come, desejando beijá-la e
sentir seus lábios por todo o meu corpo...
Deixamos a louça para limpar amanhã. Alexia leva Adam para mais
uma refeição antes de dormir, e eu ajudo os gêmeos a se prepararem para
dormir.
— Eu não quero escovar os dentes, — Artemis faz beicinho na beira da
cama.
— Você quer que seu lobo tenha presas fortes e saudáveis quando você
for o Alfa? — Eu pergunto a ela, e ela não pode argumentar contra isso.
— Papai, você vai ler uma história para mim? — Raiden pergunta.
— Sim, mas vamos esperar até que sua irmã volte. — Ele acena com a
cabeça e abre o livro.
— Podemos ler sobre Thor novamente esta noite? — Ele pergunta,
com seus olhos cheios de admiração.
Eu aceno, embora já tenha lido a história para ele centenas de vezes.
— Eu gosto de Loki, — diz Raiden, — ele é meu favorito.
Eu rio enquanto me sento na cama de solteiro, e ela range com o meu
peso. Eu coloco meu braço em volta do meu filho e ele se aninha ao meu
lado.
— Eu te amo, pai, — Raiden diz, sorrindo para mim com seus olhos
grandes, que são muito parecidos com os de sua mãe.
— Eu também te amo, — eu respondo. Eu beijo sua testa.
Não passou despercebido que, a certa altura, nunca teria me sentido
confortável com esse tipo de afeto.
Por tantos anos antes de conhecer Alexia, eu não amava ninguém.
Mas minha companheira curou meu coração e me ensinou como amar
novamente.
Artemis sai do banheiro e pula na cama, aninhando-se no meu colo.
Abro o livro e começo a ler, e só paro quando meus filhotes estão
dormindo.
Quando me levanto com cuidado, para não acordá-los, meu coração
começa a bater forte. Espero que Alexia ainda esteja acordada...
Corro pelo corredor e entro no nosso quarto.
Eu fico surpreso porque o quarto está iluminado apenas por velas, e
minha companheira safadinha está nua em nossa cama.
Ela se senta nos travesseiros, com seus seios inchados expostos acima
do cobertor, e em uma fração de segundo eu já estou duro como uma
rocha.
Alexia sorri e eu corro em sua direção.
Eu tiro minha camisa e depois minhas calças, e pulo para debaixo das
cobertas vestindo apenas uma boxer.
Alexia me puxa para perto dela. Sua pele nua contra a minha me deixa
selvagem.
Sua mão desce pelo meu abdômen e segura minha ereção enquanto
eu solto um gemido.
— Shhh, — ela sussurra com um sorriso sensual. — Não podemos
acordar o bebê.
Eu capturo seus lábios nos meus, beijando-a profundamente e
acariciando sua língua com a minha.
— Eu esperei tanto por isso, — eu sussurro em seu ouvido. Eu pego
seu seio em minha mão e massageio sua carne sensível e ela se contorce
contra mim.
É a primeira vez que fazemos amor desde que o bebê nasceu... e estou
mais do que pronto para dar à mulher dos meus sonhos tudo o que
tenho.
Capítulo 3
COMO DA PRIMEIRA VEZ
Alexia

As mãos do meu companheiro viajam por todo o meu corpo e estou


delirando de prazer e felicidade.
Cada toque me deixa em chamas, e posso notar que Rainier se sente
exatamente da mesma maneira.
Eu alcanço sua boxer e envolvo minha mão em tomo de seu pau
enorme e latejante. Fico ainda mais excitada quando descubro que sua
ponta já está vazando de desejo.
O corpo de Rainier enrijece e ele acaricia minha bochecha. Meus
lábios se abrem e seu polegar entra na minha boca. Eu o chupo, puxando-
o mais profundamente enquanto massageio seu membro.
Ele geme. Eu nunca vou me acostumar a colocar um homem tão
poderoso de joelhos.
— Diga-me o quanto você me quer, — Rainier se conecta a mim, seus
olhos escuros com desejo animal. ~ — Diga-me o que você precisa.
Ele puxa o polegar da minha boca e sua mão viaja pela minha coxa e
começa a acariciar suavemente entre as minhas pernas, ao longo da
minha fenda lisa.
Meu corpo está tão sensível porque passei as últimas semanas me
recuperando do parto. Finalmente, estou pronta e seu toque parece água
fria no deserto.
Tudo parece novo novamente.
Eu fecho meus olhos, deixando minhas pernas se abrirem. Entrego-
me ao seu toque.
Ele esfrega círculos lentos sobre meu clitóris e um grito escapa dos
meus lábios. Rainier bate a mão na minha boca e me encara com desejo
ardente.
Mas ter que ficar quieto só faz com que fique mais quente.
— Eu preciso te provar, — me vinculo a Rainier, e seu pau flexiona
contra meu quadril. ~ — E então eu preciso de você dentro de mim...
tomando cuidado até que você não possa mais se conter.
Ele geme baixinho. Eu subo em cima dele e vou para baixo em seu
corpo lindo até que seu pau esteja bem na frente do meu rosto.
Seu membro estremece em minha mão enquanto o seguro. Ele está
duro como uma rocha e pronto para trabalhar.
Eu não aguento mais, então envolvo meus lábios em tomo de sua
cabeça inchada, bebendo seu líquido.
Ele me segura e posso sentir o quanto ele precisa de mim. Então eu o
levo ainda mais fundo, chupando-o, massageando sua pele lisa com
minha língua.
Rainier geme e o som me deixa selvagem, então eu tomo tanto dele
quanto posso.
Eu o engulo até a base e posso sentir seu corpo todo tenso de
antecipação.
— Pare agora, lobinha, — ele rosna através de nosso elo mental, ~ — a
menos que você queira que eu goze em sua boca.
Eu o chupo enquanto libero seu membro latejante e subo em cima
dele.
Eu posiciono minha boceta encharcada sobre ele, e suas mãos fortes
cavam na carne de meus quadris.
Eu me empurro contra ele, deslizando meu desejo sobre seu pau. O
estímulo externo é suficiente para me fazer gozar... mas preciso de mais
ainda.
Uma onda de umidade escorre de dentro de mim, cobrindo seu
comprimento duro como pedra e fazendo-o me agarrar ainda mais forte.
Os dentes de Rainier estão cerrados enquanto ele luta para
permanecer no controle. Mas seus olhos escuros e animalescos me dizem
tudo que preciso saber.
Estou deixando-o louco, e ele precisa de todas as forças para não me
devorar inteira.
Então eu levanto meus quadris e me estabilizo sobre seu pau,
lentamente afundando nele.
Eu o observo lentamente, centímetro a centímetro, até que estou
cheia e ele está enterrado dentro de mim.
Eu tremo de alegria, sem pressa. Aperto seu pau e Rainier enrijece. Eu
posso notar que ele está se segurando.
Ele quer que eu goze primeiro antes que ele encontre sua liberação.
Eu lentamente começo a me mover, balançando para cima e para
baixo em seu comprimento firme. A sensação dele deslizando dentro de
mim, massageando meus lugares mais sensíveis, me deixa selvagem.
Meu companheiro se senta para que seu peito fique nivelado com o
meu e me beija loucamente.
— Você é a mulher mais perfeita que eu já vi.
Vamos fazer outro filhote agora, ~ele rosna em minha mente, e eu sei
que é seu lobo falando.
A ideia me deixa tonta com o amor e a luxúria que me consomem... e
eu afundo nele, com força.
Rainier geme e suas mãos cobrem meus seios inchados de leite,
apoiando-os com seu toque firme, mas gentil.
Meus quadris têm uma mente própria enquanto resistem ao meu
companheiro, ordenhando seu pau com tudo.
Eu o monto em direção à beira do sem retomo, inclinando minha
cabeça para cima e mordendo de volta o grito de prazer que está ousando
escapar da minha garganta.
A única coisa em minha mente são nossos orgasmos. Anseio por sentir
sua liberação quente explodir dentro de mim, enchendo-me...
Enquanto Rainier aperta suavemente meus mamilos, eu perco o
controle. Eu seguro meu companheiro por toda a vida enquanto me
desfaço em seus braços.
O orgasmo sacode todo o meu corpo em ondas de choque de prazer.
A boca de Rainier está perto da minha orelha e ele geme baixinho. Um
ruído tão vulnerável de meu Alfa totalmente capaz me deixa tonta,
estendendo minha liberação momento após momento.
Eu sinto seu pau explodir seu gozo quente dentro de mim e eu o tiro
lentamente, rolando meus quadris. Seus braços me envolvem,
segurando-me com força contra ele enquanto ele me dá tudo o que tem.
Nós relaxamos nos braços um do outro enquanto recuperamos o
fôlego.
E então Rainier sussurra em meu ouvido com uma voz rouca:
— Alexia, você é a mãe dos meus filhos, Luna da minha matilha... e
fico mais pasmo com você a cada dia. Eu te amo pra caralho.
Suas palavras engessam um sorriso no meu rosto e não consigo conter
uma risadinha.
Eu sei que nem sempre é fácil para o meu homem comunicar suas
emoções... e a honestidade em sua voz me leva às nuvens.
— Eu também te amo, Rainier. Você é o melhor pai para nossos
filhotes que eu poderia ter imaginado.
Ficamos lá, abraçados, com Rainier ainda dentro de mim.
Minha mão passa pelo cabelo do meu companheiro e eu penso o quão
longe nós chegamos.
Quando nos conhecemos, nenhum de nós sabia ser parceiro de outra
pessoa. E agora temos uma linda família.
No despertar do meu orgasmo, estou inacreditavelmente exausta e
relaxada.
Rainier e eu trocamos de posição, então estamos ambos deitados... e
antes que eu perceba, estou em um sono profundo sem sonhos.
*
A manhã chega muito cedo, com toda a agitação de uma jovem
família.
Eu alimento Adam quando ele acorda e Rainier ajuda os gêmeos a se
prepararem. Por volta das 8 da manhã, estaremos todos no refeitório da
casa da matilha para o café da manhã com Toby.
— Mamãe, — começa Artemis, — papai me disse que tenho de comer
um ovo com minhas panquecas para ficar forte.
— Ele está certo, — digo a ela enquanto bagunço seu cabelo.
— Mas eu não gosto de ovos, — Raiden diz com uma carranca.
— O cereal também te deixa forte. Contanto que não haja muito
açúcar nele.
Meu filho dá uma mordida orgulhosa nos flocos de milho, e a voz de
Toby chama minha atenção. — ... Os rumores são verdadeiros, de acordo
com o batedor. A arena de luta é real, e a próxima partida é amanhã à
noite, em um armazém abandonado a 50 quilômetros ao norte daqui.
— O quê?! — Eu exijo, olhando entre Toby e meu companheiro.
— Ouvimos falar de brigas de cães ilegais, — responde Rainier,
parecendo preocupado. — Os lobos são forçados a lutar até a morte. E
queremos acabar com isso.
De repente, meu sonho corre de volta para mim com total clareza...
Eu ouço os gritos selvagens e vejo a violência de novo.
— Uma arena de luta..., — murmuro. Meu coração está acelerando. —
É exatamente como o meu sonho da outra noite! E se... e se pudéssemos
encontrar...?
Minha voz enfraquece, porque parece muito louco. Não tem como
meu irmão ainda estar vivo... certo?
Mas Rainier sustenta meu olhar de forma significativa, e posso ver que
ele está processando, assim como eu.
— Faremos um relatório sobre o que encontrarmos, — diz Rainier
severamente.
— Eu vou com você! — Eu digo.
— De jeito nenhum, — Rainier diz definitivamente.
— Eu proíbo você de ir a qualquer lugar perto de lá, Luna. E uma
missão terrível, e aquela arena não é lugar para minha fêmea.
Seus olhos escurecem com o desejo de me proteger, e eu sinto a raiva
familiar ardente crescer dentro de mim. Eu odeio ouvir o que fazer,
mesmo sabendo que meu macho tem as melhores intenções.
Artemis fala com a boca cheia de ovos mexidos: — Eu quero ir para a
missão! Eu quero lutar contra os bandidos!
— Não\ — Rainier bate com o punho na mesa, sacudindo os talheres.
Em seguida, ele toca a testa como se para acalmar seus pensamentos. —
Eu sinto muito. Mas vocês duas vão ficar aqui. Fim de discussão.
— Rainier, você pode dizer a nossa filha o que fazer... mas não a mim,
— eu digo, e ele me dá um olhar exausto.
— Eu disse, fim de discussão, — ele range para fora.
Claro, foi apenas um sonho. Mas eu ainda posso ouvir a voz da Deusa
da Lua em minha mente...
Seu irmão precisa de você.
E se Adam estiver vivo e com problemas, é claro que vou ajudá-lo...
não importa o que aconteça.
— Eu odeio ouvir não. — A voz severa de Artemis me tira dos meus
pensamentos, e me viro para vê-la olhando para Rainier.
Meu companheiro encontra meu olhar antes de virar para sua filha. —
Você se parece com sua mãe, sabia disso?
Capítulo 4
CLUBE DA LUTA Alexia
Na noite seguinte, estou acelerando em estradas secundárias, indo em
direção ao perigo...
E talvez, apenas talvez, em direção ao meu irmão.
Quando Rainier me proibiu de me juntar a seus homens na missão de
confrontar a arena de luta, eu sabia que não poderia simplesmente ficar
de fora.
Embora eu não goste de desobedecer ao meu companheiro,
REALMENTE não gosto de ouvir o que posso e o que não posso fazer.
Especialmente quando minha intuição está gritando comigo que,
contra toda a lógica, Adam pode estar vivo... e em apuros.
Eu piso no pedal do acelerador um pouco mais. Com algumas
pesquisas no Google Maps, consegui descobrir de qual armazém
abandonado Toby estava falando.
Depois disso, tudo que tive de fazer foi pedir a Gennie e Ardon para
cuidar dos meus filhos por algumas horas enquanto Rainier estava com
seus homens.
Não contei a Gennie o que estava fazendo. Eu não queria que ela
tivesse esperanças de que seu companheiro pudesse milagrosamente
estar vivo.
Meu GPS me diz que estou descendo a estrada do armazém, então eu
paro meu Firebird e estaciono em um pequeno estacionamento de terra.
Eu saio a pé usando um boné de beisebol por baixo de um grande
moletom. Eu preciso ser discreta.
Para não se esconder de Rainier, porque ele certamente vai me notar
assim que chegar. Ele vai ficar chateado por eu ter desobedecido...
Embora eu devesse estar com medo, estou um pouco animada com a
ideia de ser punida pelo meu companheiro.
Não há carros estacionados do lado de fora do armazém enorme e
vazio, mas isso faz sentido porque o ringue de combate é um segredo.
O prédio está escuro e não consigo ouvir nada de dentro, e por um
segundo penso que posso estar no lugar errado.
Mas então eu noto uma figura nas sombras, e ele abre uma porta
lateral e entra. Eu sigo atrás dele.
Quando estou dentro do armazém, está escuro, mas posso ouvir a
luta. Os rosnados dos lobos vorazes e o rasgar da carne ecoa nas altas
paredes de metal.
Tudo ao som de homens torcendo...
Estou com uma sensação de enjoo no estômago, mas tento ignorar.
Sou uma lutadora treinada e a Deusa sabe que já vi minha cota de
violência, mas isso é diferente. Mais sombrio.
Eu sigo o barulho, passando pelo longo corredor. Quando entro na
sala ao lado, fico chocado com a quantidade de pessoas lá dentro.
O teto é baixo aqui, e lâmpadas nuas pendem das vigas.
Deve haver três dúzias de homens aqui, e o ar cheira a álcool e sangue.
O cheiro e a cena me dão vontade de vomitar.
Mal consigo ver através da multidão, mas sei que há dois lobos no
centro. Eu posso ouvi-los rosnando, rasgando a carne um do outro.
O dinheiro está voando pelo ar enquanto os homens fazem apostas
em qual lobo sobreviverá. Abro caminho pela multidão, certificando-me
de manter minha cabeça baixa. Rainier estava certo... esses homens são
perigosos, e não quero que percebam que há uma mulher entre eles.
Posso distinguir dois homens presidindo a luta, com as mãos cheias de
notas. Um deles tem o nariz torto e o rosto cheio de cicatrizes. Ele sorri e
a visão me faz estremecer.
Ele encara os lobos com orgulho e eu mudo meu olhar.
Há um lobo branco cujo pelo está tão manchado de sangue que ele
está praticamente todo vermelho. Ele se agacha... e se lança para frente.
E é então que vejo o perfil do adversário.
O lobo negro como breu solta um rosnado carnal que me sacode até o
fundo. Ele golpeia o rosto do lobo branco, parando o ataque e enviando
um jato de sangue para o ar.
— Ele o cegou!! — Um homem grita com entusiasmo e meu estômago
se revira de náusea.
O lobo preto claramente tem a vantagem, mas ele é implacável. Ele
ataca o lobo branco que choraminga e morde seu pescoço...
Afundando os dentes profundamente antes de arrancar sua cabeça
para trás. Ao som de carne rasgando, luto contra a vontade de vomitar.
Eu odeio isso. Eu odeio a violência sem sentido. O único ponto é o
entretenimento de homens maus.
Mas não consigo desviar o olhar.
Então o lobo preto se vira e eu posso ver seu rosto de frente... e meu
coração para.
Porque eu o reconheceria em qualquer lugar.
Ele tem uma pequena listra branca no focinho, assim como Adam.
Adam está vivo!
Os olhos do meu irmão encontram os meus, mas não há
reconhecimento em seu olhar. A faísca que sempre esteve lá agora se
apagou.
O lobo diante de mim é Adam... mas meu irmão não está lá.
Meu coração acelera e o lobo de Adam se afasta de mim.
Seu oponente está jorrando sangue do ferimento em seu pescoço,
com uma poça vermelha se formando no chão abaixo dele.
O lobo branco cambaleia e fica de pé. Os aplausos dos homens são
ensurdecedores e um rosnado baixo escapa dos lábios de Adam.
Então Adam ataca. Ele afunda os dentes na perna detrás do lobo, e
ouço um estalo nauseante quando a perna do lobo se quebra.
Eu sei o que vai acontecer. Sei que não quero ver, mas não consigo
desviar o olhar.
O lobo branco está mancando, mal consegue se levantar. Adam circula
seu oponente como um tubarão.
Quando ele ataca novamente, ele golpeia o outro olho do lobo. Pelo
grito torturado, só posso presumir que o lobo está completamente cego.
Os homens comemoram descontroladamente.
O lobo desmaia, sangrando de seus múltiplos ferimentos fatais.
O lobo de Adam continua circulando, deixando seu oponente sofrer.
Eu cerro meus punhos com tanta força que minhas unhas cravam em
minhas palmas, ameaçando romper a pele.
Não posso acreditar em quem meu irmão se tomou... em quem esses
homens maus o transformaram.
O lobo branco choraminga, morrendo. O lobo do meu irmão ergue os
olhos para o rosto cheio de cicatrizes... e o homem concorda.
Então Adam pula e morde o pescoço do lobo, e com uma virada
brusca, ele quebra a coluna do lobo branco.
A multidão enlouquece e o dinheiro passa de mão em mão.
Eu quero matar todos esses homens por apostarem no meu irmão,
principalmente o homem com a cicatriz que parece controlá-lo.
Não ouso tirar os olhos de Adam enquanto ele é escoltado do centro
do círculo até o canto escuro da grande sala.
Essa é minha chance. Eu mergulho para fora da multidão de homens e
sigo o lobo. Um homem o amordaça, amarra-o e depois vai embora.
Adam está sozinho. Eu me aproximo de seu lobo lentamente.
— Adam! — Eu sussurro. Ele encontra meu olhar, mas mais uma vez
não há reconhecimento em seu olhar.
Então ele rosna ferozmente.
— Está tudo bem..., — eu continuo. Odeio admitir, mas estou com
medo do meu irmão assim.
Eu deixei seu lobo cheirar minha mão através de seu focinho e ele
parece baixar um pouco a guarda. — Adam, sou eu. Eu vou te tirar daqui.
Você pode se transformar?
Mas ele não me ouve. Ele é todo animal, um lobo completo. Eu me
pergunto quando foi a última vez que ele mudou para sua forma
humana...
E isso só fortalece minha decisão de salvá-lo. Eu olho para trás no
ringue de luta, onde um novo par de lobos está duelando.
Eu desamarro a corda de Adam do cano próximo, pronta para ir para a
saída, mas Adam não se move.
— Vamos! Adam, sou eu, Alexia. Eu vou te salvar, mas você tem de me
ajudar!
Mas não consigo falar com ele.
— Ei!
A voz aguda me faz virar a cabeça e descubro que o homem com a
cicatriz está vindo na minha direção.
— Merda! — Eu praguejo, mas é tarde demais para fugir.
— O que você pensa que está fazendo? — O homem pergunta. Ele está
muito perto de mim, elevando-se acima de mim.
Mas eu me recuso a mostrar a ele meu medo.
Eu encontro seu olhar e olho de volta, ainda segurando a corda de
Adam firmemente em minha mão.
— Eu conheço esse lobo, — digo a ele, — e estou libertando-o.
O homem ri cruelmente. — Este é o lutador premiado de Maximus.
Estou supervisionando esta noite, e ele não vai a lugar nenhum.
Ele fica ainda mais perto e meu coração bate mais forte. Só espero que
Rainier e Toby cheguem aqui logo...
Em seguida, três outros homens aparecem atrás do homem com
cicatrizes, e um deles começa a estalar os nós dos dedos.
— Esse lobo vai ficar comigo, — o homem continua, seu sorriso torto
me faz estremecer. — E agora, você também.
Capítulo 5
ESCAPANDO DO INFERNO
Alexia

O homem com cicatrizes e os três homens ao seu lado se aproximam


ainda mais.
Meu reflexo de lutar ou fugir está em pleno vigor. Mas eu treinei
como guerreira por muito tempo para recuar.
— Este é meu irmão, — eu sibilo entre os dentes. — Eu não sei o que
você fez com ele, mas isso acaba agora.
O homem com cicatrizes ri. Ele puxa algo do bolso... e abre um
canivete.
O metal afiado cintila na luz fraca.
Ele vem na minha direção, mas estou pronta e dou uma joelhada em
sua virilha. Ele se dobra e eu lanço meu punho no nariz de seu
companheiro.
Mas o homem pega minha mão no ar e aperta meu punho de modo
que ele estala dolorosamente.
Um gemido escapa dos meus lábios.
A corda de Adam cai da minha outra mão, e o homem com cicatrizes
recupera a compostura após o golpe em seu saco.
— Sua vadia de merda, — ele me xinga. — Você não vai sair daqui viva.
Vou alimentá-la para o seu cão imundo que chama de irmão.
Seu escárnio o toma ainda mais feio. A raiva sobe dentro de mim.
— Ele não é um cachorro. Ele é um lobo.
O homem com cicatrizes me ataca, mas eu saio do caminho. Eu o soco
no estômago e ele pragueja em voz alta.
Antes que eu possa causar mais danos, um de seus homens agarra um
punhado de meu cabelo e me puxa para ficar de pé.
Outro homem segura meus braços atrás das minhas costas, então
estou indefesa.
Eu observo, apavorada, enquanto o homem com cicatrizes traz a faca
até meu rosto...
Eu fecho meus olhos, esperando a dor chegar... mas nunca vem.
Em vez disso, o rosnado raivoso enche o ar mais uma vez. Abro os
olhos a tempo de ver o lobo de Adam quebrar seu focinho com a força de
suas mandíbulas.
E então ele se lança pelo ar e morde a garganta do homem com
cicatrizes!
Antes que alguém possa mover um músculo, o lobo se agacha,
esmagando a traqueia de seu captor.
Eu mal posso acreditar em meus olhos. Ele está me protegendo!
Então ele ataca os outros homens e, embora eles tentem revidar, eles
não têm a menor chance.
Em segundos, o lobo de Adam reduziu todos esses homens a uma
pilha de sangue no chão do armazém.
Então ele olha para mim e, finalmente, vejo aquele brilho em seus
olhos. Adam está de volta.
— Obrigada, — eu sussurro.
Rainer

Eu corro para o armazém abandonado com Toby logo atrás de mim.


Eu posso ouvir a empolgação da multidão e corro em direção ao caos.
Entramos em uma sala de teto baixo onde os homens se reúnem em
tomo de um ringue de luta.
Há um grupo de homens em tomo de dois lobos sangrentos duelando
e uma audiência selvagem apreciando cada minuto.
Mas então eu olho para o canto escuro da sala...
— Minha companheira, — eu sussurro.
Alexia está parada ao lado, e um enorme lobo preto está ao lado dela,
pronto para o ataque.
Ela tem um rosto corajoso, mas sei que precisa da minha ajuda. Eu
corro em direção a ela. Eu acredito que meu Beta está bem atrás de mim.
Quando me aproximo de minha companheira, noto quatro homens
massacrados no chão.
Este lobo é um monstro... e minha companheira está em perigo.
A raiva deixou minha visão vermelha por um segundo. Ordenei a
Alexia que não viesse.
Mas eu deveria saber que isso só a faria me desobedecer.
Eu ouço minha companheira chamando meu nome, mas estou me
transformando enquanto pulo no ar. Meu lobo está assumindo o
controle.
O lobo preto me avista e rosna, e eu caio no chão correndo. Eu o
ataquei, batendo minha cabeça forte em sua lateral.
Posso dizer que ele é um oponente digno, embora esteja exausto da
batalha. O golpe o derruba, mas ele se recupera rapidamente.
Ele não é páreo para um Alfa, mesmo que tenha sido treinado para
lutar.
A voz de Alexia continua soando em minha mente, mas eu a ignoro.
Eu preciso cuidar disso. Eu ataco o lobo mais uma vez, desta vez
esmagando sua cabeça no chão com minha pata dianteira.
Ele olha para mim, aceitando sua derrota... e eu me preparo para
acabar com sua vida.
Mas quando eu coloco minhas mandíbulas em sua garganta, a voz da
minha mulher finalmente chega até mim.
— NÃO FAÇA ISSO! — Ela chora através do nosso elo mental, e eu
sinto suas mãos puxando meu pelo.
Eu paro, e meu lobo encontra os lindos olhos da nossa fêmea.
— Ele não vai me machucar, — ela diz aos prantos. — Ele é meu
irmão. E Adam.
Eu olho para o lobo mais uma vez, vendo-o pela primeira vez.
Eu mal posso acreditar nas palavras da minha companheira. Mas ela
me contou sobre seu sonho e eu deveria ter confiado nela.
Removendo minha pata da cabeça de Adam, vejo Alexia cair de joelhos
para confortá-lo.
— Adam, é Alexia, — ela murmura em sua pele. — É sua irmã. Você
está seguro agora.
Ela o segura perto enquanto o lobo fecha os olhos. E então, ele
começa a se transformar.
Seu pelo se transforma em pele, e eu vejo minha fêmea se afastar e
olhar para o irmão que ela pensou ter perdido.
Estou muito feliz pela minha companheira, mas não posso acreditar
que isso esteja acontecendo.
A forma humana de Adam é magra, toda músculos e tendões. Ele está
coberto de hematomas e continua enrolado no chão.
Eu o vejo encontrar o olhar da minha companheira, e as lágrimas
enchem seus olhos.
Ele começa a se levantar lentamente, embora seus movimentos
pareçam dolorosos.
Meu cunhado olha para mim e sua boca é uma linha sombria. Seus
olhos estão assombrados e marcados por hematomas.
Meu lobo rosna, furioso com a injustiça que enfrentou. É óbvio que
ele foi maltratado e não está em sua forma de pele há muito tempo.
Vou até minha companheira enquanto ela se ajoelha e lambo seu
rosto. Eu sei que isso não é fácil para ela.
Ela me dá um sorriso triste e depois se vira para Toby, que ainda está
em sua forma de pele.
— Vamos tirar meu irmão daqui, — ela diz.
Capítulo 6
REUNIÃO
Alexia

É como nos velhos tempos, exceto que agora estou no assento do


motorista e Adam está andando no passageiro.
Eu o vislumbrei, seu perfil magro iluminado por um poste de luz, e
meu coração se aquece e dói ao mesmo tempo.
Estou nas nuvens porque meu irmão está vivo... mas meu coração dói
por tudo que ele sofreu.
Felizmente, de volta ao armazém, foi fácil sair. Uma vez que todos
aqueles homens viram o lobo de Rainier, eles se espalharam.
Além disso, os homens que cuidaram de Adam esta noite estão todos
mortos.
E havia um manto na parte detrás do carro para Adam usar.
Lobisomens são ótimos em ter roupas extras espalhadas por aí.
— Que tal irmos ao drive-through, comprar alguns hambúrgueres?
Como nos velhos tempos, — eu digo.
— Sim, — Adam responde, que é o máximo que ele disse esse tempo
todo.
Rainier insistiu que fôssemos no carro com ele e Toby, mas resisti. Eu
preciso desse tempo sozinho com meu irmão.
Eu preciso falar com ele.
Ligo a seta e entro no McDonald's na saída da avenida principal.
Como duvido que Adam me diga o que quer, peço dois Big Macs, uma
batata frita grande e um milkshake de chocolate.
Pego um hambúrguer, batatas fritas e uma coca, embora duvide que
consiga comer depois do que vi esta noite.
Depois de pegar a comida e estacionar, me viro para olhar para meu
irmão há muito perdido.
— Eu só quero começar dizendo que sinto muito por não ter vindo
atrás de você para ajudá-lo, — eu explodi, com as lágrimas caindo. — Me
desculpe. Achei que você tivesse sido morto pelos bandidos. Eu pensei
que você estava morto.
Minhas mãos tremem quando alcanço o saco de papel. Não consigo
nem olhar para Adam, estou tão arrependida e envergonhada.
Então eu sinto sua mão em meu braço. Eu encontro seus olhos, que
estão fundos, mas compassivos.
— Não se sinta assim, — ele administra. — Você não sabia. E você me
salvou, irmã.
Um pequeno sorriso cruza seu rosto, o primeiro que vejo em muito
tempo.
Passo para ele um dos hambúrgueres.
— Olha, sinto muito, estou tão... quieto, — diz ele.
— É só que estive no meu lobo por tanto tempo... por anos. Eu mal
consigo me lembrar de como ser humano.
Sem pensar, eu atravesso o carro e o puxo para um abraço.
— Não se atreva a se desculpar por isso, — digo a ele. — Você está
seguro agora. Mas você vai me dizer o que eles fizeram com você?
Eu me afasto e Adam me dá outro sorriso, este um pouco mais forte.
Ele dá uma mordida no hambúrguer e mastiga pensativo.
— Então, aqueles bandidos... aqueles que você pensou que me
mataram. Na verdade, eles simplesmente me sequestraram. — Ele faz
uma pausa, com a testa franzida.
— E eles me colocaram em uma masmorra, — ele continua. — Eles
injetaram prata em mim, então eu não poderia me transformar e não
poderia me conectar mentalmente com ninguém. Eu só tinha um
propósito... lutar.
Lentamente, entendi tudo.
— Você esteve em sua forma de lobo por seis anos? — Eu pergunto.
Ele concorda.
— Tive de machucar tantos lobos, — diz ele, como se estivesse
percebendo isso pela primeira vez. — Eu tinha de vencer. Era matar ou
morrer.
— Não é sua culpa. Os homens que o mantiveram no cativeiro são os
culpados, — eu digo.
Ele encontra meus olhos e acena com a cabeça.
— É horrível o que eles fazem. Eles me mantinham na prata, então
perdi contato com minha humanidade. E Gennie não conseguia me
sentir. Eles fizeram parecer que eu estava morto.
Meu irmão balança a cabeça em descrença.
— Obrigado, Lex, — diz ele de repente. — Foi muito corajoso da sua
parte entrar lá. Você estava indo para o inferno.
Eu pego sua mão e a seguro na minha.
— Estou tão feliz em vê-lo novamente. Eu nem posso te dizer o
quanto.
Adam sorri e se parece com meu irmão novamente.
— Bem, você tem muito a me dizer, mana! Já se passaram seis anos. —
Ele passa as mãos pelo cabelo bagunçado.
— Mas primeiro... Fale-me sobre Gennie. Como ela está? Cara, meu
lobo tem pensado nela todos os dias. Eu simplesmente não posso
acreditar que vou vê-la novamente.
Ele se vira para mim e seus olhos estão brilhando de entusiasmo.
E não tenho ideia de como responder.
Eu mal me permiti acreditar que meu irmão ainda poderia estar vivo,
muito menos descobrir como dizer a ele que sua companheira está com
outro homem!
— Gennie está bem. Ela ficará tão feliz em te ver você, — eu respondo,
comendo um monte de batatas fritas muito rápido, para parecer casual.
Adam acena com a cabeça, parecendo satisfeito.
— Estou animado para ver sua nova matilha, — diz ele. — Acho que
devo chamá-la de Lima agora, não é?
Ele dá um soco no meu braço e realmente parece que tenho meu
irmão de volta.
Eu saio do estacionamento e volto para a estrada em direção à casa.
— Você tem uma sobrinha e sobrinhos agora, — digo a ele, sorrindo.
— Sério?! Você tem estado ocupado, Lex! Conte-me tudo, — diz ele.
— Foi uma ótima ideia pedir hambúrgueres. Eu não tinha ideia do
quanto eu precisava disso.
Eu sorrio enquanto dirijo e conto a ele sobre meus filhos.
Eu gosto do momento, porque é um milagre meu irmão estar vivo.
Por enquanto, não importa que Adam não esteja em êxtase com o que
encontra em Southridge.
Agora, ele é apenas meu irmão.
Amanhã, ele será um companheiro... para uma mulher que começou
uma vida com outro homem.
E isso vai ser muito complicado!
Capítulo 7
COMPANHEIRO HÁ MUITO PERDIDO
Gennie

— Tia Gennie, podemos assistir a um programa de super-heróis? —


Artemis pergunta do forte de cobertores no meio da sala.
— Super-homem! — Raiden acrescenta, levantando a cabeça.
— Isso parece ótimo, — eu respondo. Assistirei a qualquer coisa, desde
que haja pipoca envolvida.
Os gêmeos conversam animadamente no forte de cobertores e meu
sobrinho mais novo, Adam, está dormindo em sua cadeira de balanço ao
meu lado no sofá.
Eu olho para baixo em seu rostinho pacífico.
— Adam, — sussurro, sentindo uma pontada no peito ao pensar no
meu amor perdido, o homônimo do bebê.
Mas então penso em como o legado do meu cônjuge vive nesta
criança e me sinto um pouco melhor.
Além disso, o bebê é tão fofo.
O cheiro absolutamente delicioso de pipoca de manteiga de micro-
ondas enche meu nariz e eu inalo profundamente. Ardon coloca uma
grande tigela no forte de cobertores e depois se senta ao meu lado com
uma para nós.
Eu jogo meus braços em volta dele e beijo sua bochecha.
— Hummmm! Obrigada, — eu digo enquanto pego um punhado de
coisas boas da tigela enorme.
— De nada, — Ardon responde com bom humor. — Então, o que
estamos assistindo?
— Super-homem! — Os gêmeos respondem.
Ele coloca o braço em volta de mim. — Meu favorito, — ele diz com
uma piscadela.
Aperto o play no controle remoto e me aconchego nele. Parte do
motivo pelo qual Ardon é um parceiro tão incrível é porque ele é muito
tranquilo.
Ele sempre me diz que, enquanto eu estiver feliz, ele estará feliz. E
posso notar que ele está falando sério.
Claro, nosso relacionamento é bastante único.
Não somos companheiros verdadeiros, mas formamos um vínculo que
significa muito.
Nós dois já tivemos uma conexão de alma gêmea antes e sabemos que,
de certa forma, nada pode se comparar a esse amor.
Por outro lado, Ardon e eu perdemos nossos verdadeiros
companheiros. Nós entendemos a dor um do outro. Juntos, começamos
a nos curar.
Estamos juntos há cinco anos e decidimos desde o início que a única
maneira de trabalhar é se formos completamente honestos um com o
outro.
Então, quando tenho dias em que sinto tanto a falta de Adam, não
quero sair da cama... Digo a Ardon.
E ele não fica com ciúme, porque ele entende como eu me sinto.
Nós nos confortamos e apoiamos um ao outro. Não éramos
companheiros desde o momento em que nos conhecemos, mas somos
companheiros agora. E o que é mais importante, somos companheiros de
verdade.
O filme termina e eu me levanto para ver como estão Raiden e
Artemis. Eles estão dormindo enrolados nas almofadas do forte de
cobertores. Já passou da hora de dormir, quase 22h. Eu me pergunto
quando Alexia vai voltar.
Ela nem me disse para onde estava indo, mas sempre fico feliz em
cuidar de seus filhos.
Eu sinalizo para Ardon que os gêmeos estão dormindo. Adam ainda
está dormindo também, então entramos na cozinha na ponta dos pés.
— Quer uma cerveja? — Eu pergunto enquanto abro a geladeira.
— Claro, — ele responde, então pego uma para cada um de nós e
passo uma lata para ele. — Saúde.
— Saúde.
Bebemos em silêncio por um momento, apoiando os cotovelos no
balcão da cozinha.
Os olhos castanhos de Ardon são profundos e calorosos, e admiro seu
belo perfil.
— É bom ter crianças por perto, não é? — Ele diz.
— Elas ficam entusiasmadas com tudo.
— Bem, nós ficamos com as melhores partes, como sundaes de
sorvete e fortes de cobertores. Não as birras e noites sem dormir... e todas
essas coisas.
Eu sei, por ser a melhor amiga de Alexia, que ser mãe de três filhos
nem sempre são flores.
Ardon ri e toma um gole. — Sim, tê-los aqui quase me faz desejar ter
alguns. QUASE.
— Eu sei o que você quer dizer, — eu respondo. Ficamos em silêncio
por um momento, perdidos em nossos pensamentos.
— Seria bom alguma mudança, — acrescento. — Mas começar uma
família é uma mudança ENORME.
Ele acena com a cabeça e depois se levanta e me puxa para um abraço.
— Eu sei. Vamos pensar sobre isso. Não há pressa em fazer nada.
Eu olho para ele e sorrio. — Talvez devêssemos fazer uma viagem, só
você e eu. Podemos ir à praia.
Seus olhos brilham. Ele AMA a praia. — Isso parece incrível.
Ele me beija suavemente e eu descanso minha bochecha em seu peito.
Talvez sair da cidade seja exatamente o que precisamos...
Sem o vínculo de companheiro, nem sempre é fácil manter a paixão
viva entre nós. Não sei como os humanos fazem isso!
Então, novamente, ser criativo faz parte da diversão.
— Tia Gennie! — Eu olho para cima para ver Artemis correndo para a
cozinha, enxugando o sono de seus olhos. — Mamãe está de volta!
Com certeza, vejo faróis fora da janela da casa da matilha.
— Devemos ir encontrá-la? — Eu pergunto.
Artemis acena com entusiasmo.
— Vou preparar os meninos para irem, — oferece Ardon.
— Obrigada, — eu respondo.
Artemis desce correndo as escadas e sai em direção ao carro no
caminho escuro.
Sigo atrás dela e Alexia sai do carro. Ela levanta a filha para um abraço.
Então minha melhor amiga olha para cima e encontra meus olhos, e
meu sorriso se desfaz.
Ainda não sei onde ela estava, mas a expressão em seu rosto me diz
que algo está errado.
— O que aconteceu? — Eu pergunto, mas antes que Alexia possa
responder, a porta do passageiro se abre.
Espero ver Rainier, mas é outra pessoa. Pisco porque meus olhos
devem estar pregando peças em mim no escuro.
Eu chego mais perto, com meu coração disparado.
Já vi seu rosto em meus sonhos tantas vezes que rezei para que ele
pudesse voltar milagrosamente.
E aqui está ele. E Adam.
— Ei, querida, — meu companheiro diz, estendendo os braços para
me pegar. — Estou de volta.
Capítulo 8
QUERIDA, ESTOU DE VOLTA Adam
Gennie cai em meus braços e eu a seguro perto de mim. Eu a aperto
com força para que ela saiba que nunca vou deixá-la novamente.
Eu respiro o cheiro dela, e minha alma fica instantaneamente calma.
Meu lobo selvagem ronrona de alegria.
Depois de tanto tempo separados, e tantos anos que fui envenenado
com prata, nosso vínculo de companheiro ficou fraco. Mas, pela primeira
vez em muito tempo, sinto esperança.
Eu finalmente tenho minha mulher de volta. Podemos crescer mais
fortes juntos e construir nosso vínculo e nossa ligação mental.
— Onde você estava? — Gennie pergunta. — Como você sobreviveu?
Como você escapou dos bandidos? Você está tão magro. Você está bem?
Eu olho para baixo e encontro os olhos dela. Ela está tão bonita
quanto eu me lembro. Lágrimas correm pelo seu rosto e eu levanto
minha mão para enxugá-las.
Quando toco sua pele, sinto as faíscas de que tanto senti falta.
— Eu tenho tantas perguntas, não sei por onde começar, — ela
continua.
— Shhh, — eu digo a ela. — Temos todo o tempo do mundo. Podemos
chegar a tudo. Por enquanto, apenas saiba que eu estava em um lugar
ruim e Alexia me salvou.
Eu olho para minha irmã, que está segurando sua filha. A criança
parece brilhante e curiosa e me olha confusa.
Há algo ilegível na expressão da minha irmã enquanto ela olha para
Gennie.
— Devíamos todos descansar um pouco, — diz Alexia. — Vou buscar
as outras crianças.
Mas então a porta se abre e eu me viro e vejo um homem saindo da
casa com um bebê nos braços e um garotinho segurando sua mão.
Meu corpo todo fica rígido. Minhas mãos se fecham em punhos e
cerro os dentes.
Quem diabos é esse homem nos aposentos da minha companheira?
— Adam. Adam! — Posso ouvir a voz de Gennie, mas não a escuto.
Meu lobo está estalando as mandíbulas, ansiando por sangue.
Exigindo derrubar este homem que ameaça se aproximar de minha
mulher.
Afasto-me de Gennie, em direção ao intruso, enquanto Alexia reúne
seus filhos.
— Quem diabos é você?! — Eu exijo.
O homem levanta as mãos, sinalizando que não pretende fazer mal.
Mas eu não acredito.
Gennie agarra meu braço e eu mudo minha atenção para ela.
— Quem é ele? — Eu pergunto.
— Ele é o Ardon, — ela me diz, com as bochechas escorregadias por
causa de novas lágrimas. — Ele é meu companheiro. Adam, pensei que
você estava morto!
Ela continua, mas eu não ouço. Tudo o que vejo é vermelho e a raiva
bombeia em minhas veias.
Um rugido assassino rasga minha garganta.
Eu cheiro o ar e o cheiro me deixa doente. — Eu posso sentir seu
cheiro nela, — eu rosno. — Como você ousa tocar na minha mulher?
Eu me aproximo do homem, agarrando-o pela frente de sua camisa.
Ele me encara de volta, com seus dentes cerrados.
— Como você ousa? — Eu sibilo. — Responda-me ou vou arrancar sua
garganta.
— ADAM, PARE! — As vozes de Alexia e Gennie chegam até mim.
Percebo que o bebê está chorando, viro-me para a esquerda e vejo minha
companheira.
Ela parece horrorizada. Ela parece assustada.
— Eu não te reconheço mais, — ela sussurra. Essas palavras me param
no meio do caminho.
Eu solto a camisa do homem e dou um passo para trás. Que porra
estou fazendo?
Me assusta a rapidez com que perdi o controle, como fui direto para a
violência.
— Você o ama? — Eu pergunto a ela.
Minha companheira parece infeliz, mas ela responde: — Sim.
Tento me conter, mas não adianta.
Meu lobo assume. Meus ossos quebram e se recompõem, e pelo
substitui minha pele.
Esta forma parece confortável, capaz. Estou pronto para enfrentar
meu inimigo.
Mas o homem à minha frente não se transforma. Ele me encara, mas
posso ver que ele não está com medo.
Meu lobo quer fazê-lo sofrer e desejar nunca ter nascido. Assim como
fiz com todos os outros lobos do ringue.
E a mesma coisa... Só um de nós pode viver.
Então Gennie se interpõe entre nós e meu lobo para.
Meu lobo bufa e se afasta.
— Você tem de ir agora, Adam. — Sua voz é severa. Meu lobo é forte e
pode derrubar qualquer um, mas essas palavras duras da minha fêmea o
tomam fraco.
Eu mudo de volta para minha forma humana.
— Venha para casa comigo, — diz Alexia, jogando um par de shorts de
ginástica para mim. — Fique conosco esta noite.
— Mamãe, quem é esse? — Artemis sussurra, e Alexia levanta a
criança nos braços.
Eu ando em direção ao carro da minha irmã e visto os shorts.
Eu subo no banco do passageiro e bato a porta. Enquanto nos
afastamos, eu olho pela janela para minha mulher e seu novo homem.
Eu me sinto horrível. Passei tanto tempo como uma máquina de
matar, me tomei um monstro.
Sei que preciso mudar se quiser fazer Gennie ser minha de novo... mas
já passei do ponto sem volta?
Capítulo 9
PUNINDO A LUA
Rainer

Espero em meu escritório pela volta da minha fêmea.


Foi uma das noites mais loucas de toda a minha vida, e mal posso
acreditar em tudo o que aconteceu.
Adam está vivo. O irmão de Alexia ainda está aqui.
Um alívio intenso me preencheu, fazendo-me sentir leve. Um dos
meus maiores arrependimentos, que eu não salvei o irmão da minha
fêmea dos bandidos, agora se foi.
A porta se abre lentamente e Alexia entra.
— As crianças estão dormindo, — explica ela, fechando a porta atrás
de si e encostando-se nela.
Eu me levanto da minha mesa e atravesso a sala e a pego em meus
braços.
Ela me abraça com força.
— Eu mal posso acreditar que ele está vivo, — ela diz em meu peito.
— E um milagre, — respondo. Eu me afasto e encontro seus olhos
antes de beijá-la suavemente. — Você o salvou, minha fêmea incrível, —
eu sussurro. Eu corro meus dedos pelo cabelo dela e, em seguida, agarro-
o, para não machucá-la, apenas mantê-la no lugar. — Mas você me
desobedeceu.
— Eu sinto muito, — ela sussurra.
— Você sente mesmo? — Eu rosno.
— Eu me coloquei em perigo, — ela continua. — E você só queria me
proteger.
— Isso mesmo.
Capturo sua boca com a minha em um beijo apaixonado. Ela responde
ferozmente, mas preciso que minha fêmea saiba que sou eu quem está no
controle.
Eu mordo seu lábio inferior e ela geme de prazer. Seu fervor só me
deixa mais excitado e sinto minha masculinidade inchar e alongar.
Eu o pressiono contra sua cintura, e ela alcança sua mão para acariciar
minha calça.
— Você sabe que eu preciso punir você, lobinha. — Eu puxo seu
cabelo novamente para que eu possa sussurrar bem em seu ouvido. — Eu
tenho que te lembrar quem é o seu Alfa.
Alcançando minha mão entre as pernas da minha mulher, eu esfrego a
costura central de sua legging enquanto ela se inclina para o meu toque.
— Eu tenho que te lembrar quem é o seu dono, — eu rosno.
Ela me olha desafiadoramente. — Você não é meu dono.
— Mas você não quer que eu seja seu dono? — Eu sussurro.
Eu rapidamente viro minha companheira para o lado e suas mãos
caem sobre uma mesa de centro para apoiá-la. A curva de sua bunda sob
o tecido fino é clara para mim.
Eu corro minha mão por sua coluna e alcanço por baixo de sua legging
e calcinha. Eu rastreio sua bunda enquanto ela estremece, até encontrar
o centro dela, que está encharcando para mim.
— Eu acho que você quer que eu te tome, lobinha.
Quando eu empurro um dedo dentro dela suavemente, ela grita e
aperta em tomo de mim, tentando me puxar mais fundo.
Mas ainda não estou pronto para dar o que ela quer, então me afasto.
— Não se mova, — eu ordeno.
Eu ando em um círculo lento em tomo da minha companheira. Ela
olha para mim com as bochechas coradas e lábios entreabertos, e preciso
de toda a minha força de vontade para não ter o que quero com sua boca
naquele momento.
Eu continuo meu passeio ao redor dela, até que estou olhando
diretamente para sua bunda. Ela arqueia as costas, como se meu olhar
sozinho a colocasse em chamas.
Eu puxo para baixo o cós de sua legging, para que a pele lisa de sua
bunda fique exposta.
Minha masculinidade estica dolorosamente em minhas calças, então
eu a tiro também. Tomando os quadris da minha mulher em minhas
mãos, dou um passo à frente e pressiono o comprimento do meu pau
nela.
Ela estremece de alegria e move os quadris para que eu possa sentir
sua umidade na minha cabeça inchada.
A sensação e a vista são suficientes para me fazer quase enlouquecer
ali mesmo.
— Já já eu te tomo, — digo, — mas primeiro tenho que te lembrar o
que acontece quando você se comporta mal.
Eu me afasto dela e meu pau salta para cima. Eu o pego em minha
mão e pressiono a ponta na sua bunda para que ela possa sentir que já
estou úmido também para ela.
Então eu massageio sua bunda com aquela mão, com sua pele macia
me deixando louco. Eu puxo minha mão e bato nela, então ela grita.
Mas eu sei que ela quer mais, porque ela flexiona seus quadris,
empurrando sua bunda de volta em mim.
Eu dou a ela o que ela quer, desta vez batendo com mais força, antes
de acariciar a pele suavemente para acalmá-la.
E então eu vou até entre suas pernas mais uma vez, para encontrá-la
tão molhada que seus líquidos estão escorrendo por suas coxas. Seu
clitóris está inchado e eu o rolo entre meus dedos.
Todo o seu corpo estremece enquanto ela geme.
— Rainier, me foda agora, — ela implora.
— Ainda não, — eu respondo. Eu puxo minha mão para trás e acaricio
sua bunda antes de bater mais uma vez, com mais força.
Sua bunda balança e ela arqueia as costas... e eu não aguento mais.
Eu rosno e tomo meu lugar atrás dela. Quero continuar punindo
minha companheira travessa, mas preciso tê-la agora.
Preciso sentir sua umidade encharcada ao meu redor.
Então eu pego meu pau e seguro minha ponta em sua entrada. Ela
geme enquanto afunda de volta em mim, enquanto eu deslizo para
dentro dela.
Ela é tão quente e lisa que estremeço com a sensação suave do meu
membro dentro dela.
Eu enfio meus dedos em seus quadris, observando sua bunda perfeita
e meu pau enterrado bem no fundo de sua boceta.
Eu puxo devagar, deixando-a sentir cada centímetro de mim, mesmo
que ela resista a mim, querendo mais.
— Não, fique parada, — eu exijo. — Agora, estou te fodendo.
Ela grita quando me empurro profundamente dentro dela e continuo
a foder com força.
— Eu vou gozar! — Ela grita.
— Ainda não, — eu solto.
Eu saio dela e a viro. Então eu levanto minha fêmea no ar e ela envolve
suas pernas em volta da minha cintura. Ela pega meu pau, deslizando-o
dentro dela.
Quando estou profundamente dentro dela mais uma vez, ela joga a
cabeça para trás em êxtase.
A nova posição proporciona uma sensação diferente e eu me permito
perder o controle.
Eu levanto minha fêmea para cima e para baixo no meu pau com
facilidade enquanto seus seios lindos saltam no meu rosto.
— Oh, caralho! — Alexia geme. — Eu não consigo segurar.
A pressão está aumentando dentro de mim também, então eu ordeno
a ela: — Goze.
Minha fêmea grita e eu a sinto se contrair em tomo de mim. Eu libero
minha semente dentro dela, deixando-a ordenhar meu pau com tudo.
No momento em que acaba, estou exausto. Eu cambaleio para trás
com Alexia ainda enrolada em volta de mim e sento no sofá.
Ela sorri para mim e me beija profundamente.
— Eu te amo pra caralho, — ela diz, colocando sua bochecha suada no
meu ombro.
— Eu também te amo, — eu respondo. Eu respiro o cheiro do cabelo
da minha mulher, agradecendo a Deusa da Lua por estar acasalado com a
mulher mais sexy e capaz que já encontrei.
Capítulo 10
A MESA FAMILIAR
Alexia

Normalmente Rainier e eu gostamos de levar nossos filhos para o


refeitório. Eu acho que é importante para eles estarem perto de sua
matilha, porque um dia eles serão os líderes de Southridge.
Mas hoje, eu pedi panquecas, bacon e ovos para serem enviados para
nossa casa. Fiz uma configuração extra na mesa para meu irmão.
Sei que Adam deve ter tido uma noite difícil e quero que ele se sinta
confortável aqui... e passe algum tempo com minha família.
— Todos, se sentem! — Digo a Artemis e Raiden.
— As panquecas têm gotas de chocolate? — Raiden pergunta
enquanto toma seu lugar à mesa.
— Sim.
Artemis se senta ao lado de Rainier e serve a ela uma porção de ovos
mexidos.
Enquanto eu passo, meu macho dá um tapa na minha bunda e me dá
— ainda estou pensando na noite passada — uma olhada.
Eu respondo com um não na frente das crianças, revirando os olhos e
me sentando.
Rainier prepara um prato para mim também e, em seguida, leva um
pedaço de bacon aos meus lábios.
Dou uma mordida, e a carne suculenta é tão deliciosa que fecho os
olhos e gemo.
Meu macho pega minha mão por baixo da mesa e a leva para seu
membro crescente... e eu arregalo os olhos.
Dou um tapa de repreensão em seu joelho e me viro para meus filhos.
— Quando o tio Adam vai acordar? — Artemis pergunta.
— Quase... agora! — Uma voz chama do corredor e meu irmão entra.
— Adam! Bom dia! — Eu digo com entusiasmo.
Ele tomou banho e colocou roupas limpas, e parece muito melhor do
que ontem.
A noite passada foi difícil para ele, mas ainda está sorrindo.
Rainier se levanta e estende a mão. A noite passada no armazém foi
tão agitada que este é o primeiro encontro real.
— Bem-vindo à matilha de Southridge, — meu macho diz ao meu
irmão, e meu coração se enche de amor por ambos. — É uma honra.
— A honra é minha, Alfa. Obrigado por me tirar de lá.
— Isso foi tudo Alexia, — Rainier diz, virando-se para mim com um
sorriso.
— Mamãe, você é como o Super-homem! — Artemis diz
animadamente.
Adam dá a volta na mesa, até onde Artemis e Raiden estão sentados.
Eles olham para ele com olhos maravilhados.
— Este é seu tio Adam, — eu digo. — Sentimos muito a falta dele e
temos muita sorte por ele estar de volta.
Adam pisca para mim.
— Eu sou Artemis. Eu quero ser Alfa um dia, — minha filha diz, sem
perder tempo. — Você sabe como lutar? Estou treinando. Talvez
possamos treinar alguma hora.
Meu irmão levanta as sobrancelhas e ri.
— Isso parece ótimo, pequena guerreira, — ele responde. — E qual é o
seu nome?
— Eu sou Raiden. — As bochechas do meu filho ficam rosadas com a
atenção, o que é além de adorável.
— Você quer ser Alfa também? — Adam pergunta, e Raiden balança a
cabeça.
— Não. Eu quero aprender tudo, — ele responde, e todos nós rimos.
— Você parece um filhotinho muito inteligente. Talvez você possa me
ensinar algo, — Adam diz com um sorriso.
Raiden fica animado. — Posso falar sobre os dinossauros!
— Isso parece ótimo, amigo. — Adam bagunça seu cabelo.
— Há mais uma pessoa para você conhecer..., — digo. Eu me levanto
da cadeira e caminho até a cadeira de balanço do meu filho, em seguida,
levanto sua forma enrolada em meus braços.
Eu o carrego até meu irmão, e nós dois olhamos para seu rosto em paz
e adormecido.
— Este... é Adam.
Quando eu olho para meu irmão, o homônimo do bebê, ele parece
chocado. E então as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos.
— Você o batizou com meu nome?
Eu só posso acenar. Meu irmão tira o bebê dos meus braços e o segura
com cuidado.
Nunca pensei que veria os dois juntos. Mas parece tão certo. Parece
que a peça que faltava finalmente está aqui.
Um alto resmungo enche o ar e Adam sorri timidamente.
— Claro que você está com fome! — Eu percebi. — Sente-se e tome o
café da manhã. Temos um dia agitado pela frente.
Pego a criança e sento à mesa com meu filho no colo.
Adam pega uma boa porção de ovos e eu sorrio com aprovação. Tenho
um plano para ajudar meu irmão a se sentir ele mesmo novamente
depois de tudo que ele passou...
Então, vou lembrá-lo de que brigar não é só violência. Eu vou levá-lo
para treinar comigo.
Adam

Na clareira na floresta, minha irmã salta para uma posição de


prontidão na minha frente.
— Faz anos desde que eu treinei em minha forma humana..., — eu a
lembro.
— Exatamente! — Ela responde. — Quero mostrar como treinamos
aqui na matilha Southridge.
Somos apenas eu e ela aqui, e a privacidade me faz sentir relaxado.
Quando Alexia corre para mim, eu desvio para a direita. Mas,
surpreendentemente, ela antecipou meu movimento e me deu um soco
no lado.
— Uau, mana! Onde você aprendeu a lutar assim?
Ela sorri e manda um chute circular na direção da minha cabeça, mas
felizmente eu me esquivo bem a tempo.
— Aprendi aqui! Principalmente de Rainier, — ela responde. — Mas
eu treino com todos os nossos guerreiros.
Eu envio um soco leve, que Alexia tira do caminho.
Tenho que admitir, estou realmente impressionado.
— Depois que você morreu, — Alexia continua, — quero dizer, depois
que ACHEI que você morreu, queria aprender a lutar para sempre poder
proteger as pessoas que amo.
Sinto uma pontada de tristeza, pensando em como Lex deve ter ficado
triste. E Gennie... todos que deixei para trás.
Estou tão consumido por meus pensamentos que não respondo a
tempo quando Alexia me ataca, dá um soco direto no meu peito... e
então me faz tropeçar, fazendo-me cair de costas.
Ela sorri para mim, estendendo a mão.
— Nada mal, — eu suspiro, — para uma fêmea que acabou de ter um
filhote.
Ela sorri presunçosamente enquanto me ajuda a levantar.
— Ei! — Eu me viro, seguindo a voz feminina que conheço tão bem, e
noto Gennie e Ardon se aproximando de um caminho na floresta.
A raiva passa por mim ao vê-los juntos. Mas eu não posso perder
minha calma como fiz ontem à noite.
Seja legal, digo a mim mesmo. Enquanto isso, meu lobo já está
enlouquecendo em minha mente. Conforme minha fêmea se aproxima,
acho sua expressão ilegível. Ela parece cansada, como se não tivesse
pregado o olho na noite anterior.
Aquele idiota do Ardon cruza os braços sobre o peito.
— Eu tenho uma proposta, — ele diz, e eu estreito meus olhos, mal
silenciando o rosnado ameaçador do meu lobo. — Que tal uma luta
honrosa? Lobo contra lobo. Você e eu.
Gennie olha para ele como se ele tivesse duas cabeças. — Claro que
não! — Ela protesta.
— É uma ideia horrível, — ecoa minha irmã.
Mas eu mantenho minha visão na minha competição. — Vamos fazê-
lo.
Ele sorri, e considero isso um desafio.
Antes que as mulheres possam tentar nos convencer do contrário, eu
me viro e ando alguns passos para longe, tirando minha camisa e depois
minha calça.
— Não façam isso! — Eu ouço minha companheira implorar a Ardon.
— Você é louco?!
— É tarde demais, — Ardon diz rispidamente.
Meu lobo está mais pronto do que nunca, e eu me transformo sem
esforço. Eu ouço ossos quebrando e sei que Ardon está se transformando
também.
Meu lobo solta um uivo triste. Seus músculos estão contraídos,
prontos para a ação. Quando me viro, encontro os olhos do lobo de
Ardon.
Por um momento, me preocupo em perder o controle do meu lobo
selvagem. Ele está acostumado a lutar até a morte.
O humano em mim não quer machucar minha mulher mais do que eu
já fiz...
Mas meu lobo quer rasgar este macho em pedaços.
E não sei se vou conseguir impedir meu lobo de matar nosso
oponente.
Capítulo 11
LUTANDO PELO AMOR
Gennie

Eu assisto, horrorizada, enquanto os machos que amo se transformam


em seus lobos.
Adam é corpulento com um pelo preto irregular. Antes de ele
desaparecer, eu nunca tive medo de seu lobo.
Mas o ringue de luta o mudou, o transformou em mais do que apenas
um animal... Agora, ele é um predador feroz. Eu vi ontem à noite que ele
anseia por sangue.
E Ardon é cinza prateado e magro. Ele é um lutador habilidoso,
conhecido por sua velocidade e agilidade.
Mas ainda estou com medo de que ele se machuque.
— Ardon deseja morrer?! — Eu pergunto a Alexia, que está parada ao
meu lado.
Ela agarra minha mão. — Ele provavelmente quer mostrar que vai
lutar por você.
— Mas eu não quero que ele faça isso! — Eu protesto. Infelizmente,
não importa o que eu quero. Porque os dois lobos machos ferozes
rosnam um para o outro, andando em círculos.
Meu coração dispara.
Passei tanto tempo orando para que Adam voltasse, que de alguma
forma ele pudesse ter escapado da morte.
E agora aqui está ele. O intenso alívio e felicidade que sinto estão
manchados de tristeza.
Ver-me com Ardon machuca meu verdadeiro companheiro. Mas
Ardon também é importante para mim. Ele passou anos me confortando
e se tomou meu companheiro também.
Mesmo se a Deusa da Lua não nos destinou a ficar juntos desde o
nascimento, ela nos ajudou a nos encontrar quando mais precisávamos.
Um rosnado gutural sai do peito de Ardon. E então seu lobo salta para
frente, fazendo o primeiro ataque.
Ele ataca o pescoço do lobo de Adam, mas seu oponente é muito
rápido. Seus dentes batem com um barulho terrível.
O lobo de Adam se afasta e morde a orelha de Ardon. Ardon
choraminga, e o som é como uma faca no meu coração.
— Não sei se consigo ver isso! — Eu choro, puxando minha mão da de
Alexia para cobrir meu rosto.
— Adam, deixe-o em paz! — Alexia me atualiza. — Ele só quer avisá-
lo, não machucá-lo. — O rosnado horrível continua... e eu tenho que
saber o que está acontecendo.
Abro os olhos bem a tempo de ver Ardon correr atrás de Adam e
morder sua perna traseira. Adam geme e ataca para retaliar.
Mas Ardon é muito rápido. Ele foge, rápido em seus pés.
Eu observo o lobo de Adam enquanto algo muda em sua expressão.
Ele mostra os dentes com uma agressão mortal... e um rosnado baixo
vibra no ar.
— Oh, Deusa, — suspira Alexia.
Nós dois sabemos o que pode acontecer.
Quando o lobo de Adam late atrás de Ardon, perseguindo-o em um
círculo, é óbvio que há apenas uma coisa na mente de Adam: sangue.
Adam salta no ar, pousando em cima do lobo de Ardon. Os dois rolam
no chão, lutando pelo domínio.
Ardon chega por cima, mas então Adam o força a sair, e os dois caem
mais um pouco.
Finalmente, eles param. Adam está por cima com uma pata segurando
o peito de Ardon, a outra em sua cabeça... prendendo-o, para que seu
pescoço fique exposto.
— Não! — Eu grito.
Eu não posso acreditar que isso esteja acontecendo. Eu sei que não há
como chegar ao Adam agora. Sua humanidade está perdida e ele está
completamente em sua forma de lobo.
O sangue escorre de seus dentes nus enquanto ele abaixa o focinho,
preparando-se para morder o pescoço de Ardon e acabar com sua vida de
uma vez por todas.
Lágrimas brotam dos meus olhos e eu as segurei. Eu odeio isso, mas
não consigo parar de assistir.
Devo isso a Ardon por testemunhar o que quer que aconteça.
Mas de repente o lobo de Adam faz uma pausa. Ele olha para mim e
nossos olhos se encontram.
É difícil respirar, o contato é tão intenso. Porque não estou apenas
olhando para seu lobo, estou vendo-o.
O homem que amei de todo o coração. Meu companheiro.
De alguma forma, o homem dentro de Adam é capaz de controlar o
lobo.
E o lobo de Adam levanta as patas... e vai embora para a floresta.
Alexia me puxa para um grande abraço e eu a abraço de volta, com
meus joelhos fracos de alívio.
Então minha melhor amiga corre atrás do lobo de seu irmão, e eu me
viro para Ardon.
Pego suas roupas do chão enquanto ele caminha até mim. Eu me
ajoelho para coçar as orelhas de seu lobo e ele lambe minha mão.
Eu me sento no chão e Ardon se transforma de volta para sua forma
humana. Ele veste as roupas e se senta ao meu lado.
— Eu odiei isso, — digo a ele. Só porque estou aliviada que tudo deu
certo, não significa que não estou chateada.
— Eu sei. Sinto muito, — ele responde. — Eu me sentia tão impotente
antes. Mas agora eu entendo.
— O que você entende? — Eu pergunto.
— Que isso é difícil para todos nós... não apenas para mim.
Ele pega minha mão e a aperta, e eu encontro seus olhos.
— Quando vi Adam pela primeira vez na noite passada, a primeira
coisa que senti foi ciúme. Não dele... mas de você. Porque seu verdadeiro
companheiro voltou, — ele diz suavemente. — E a minha ainda se foi.
Puxo Ardon em meus braços e esfrego suas costas. Eu sei que ele está
apenas tentando descobrir como lidar com isso também.
— Ele está de volta, mas eu ainda me importo com você, Ardon. Estou
confusa. Mas a única coisa que sei é que estou comprometida com você.
Ele se afasta e me beija suavemente.
— Eu te amo. Vá com calma, ok? É natural que ele ainda seja
importante para você. Eu posso ser paciente. — Meu companheiro me dá
um sorriso tranquilo.
— Sério? — Eu mal posso acreditar no que estou ouvindo.
Ele concorda. — Sério. Você deveria falar com ele. Agradeça a ele por
não rasgar minha garganta. — Eu rolo meus olhos, mas puxo Ardon para
perto de mim mais uma vez. Essa conversa me fez sentir muito mais leve.
— Obrigada, — eu digo, dando a ele mais um beijo antes de ir atrás de
Adam.
Ele já colocou a roupa quando me aproximo dele e de Alexia. Minha
amiga se afasta e fico sozinha com meu verdadeiro companheiro.
Ele fica lindo de jeans e camiseta branca, um pouco suado da luta, e
seu cabelo está bagunçado e selvagem.
— Vamos dar um passeio? — Ele pergunta, e nós caminhamos juntos.
Cruzo os braços sobre o peito, porque senão não sei se vou conseguir
deixar de tocá-lo.
Caminhamos um pouco até parecer que estamos sozinhos na floresta.
— Obrigado por... se controlar lá atrás, — eu digo.
— Você não deveria ter de me agradecer por isso, — ele responde.
Quando encontro seus olhos, ele parece torturado.
Eu odeio vê-lo tão triste, então eu alcanço e pego sua mão. As faíscas
que sinto quando toco sua pele me chocam com sua intensidade.
Eu esqueci completamente esse sentimento. A sensação de estar com
aquele para quem sua alma foi feita.
E naquele momento, embora seis anos tenham se passado, parece que
não houve tempo algum.
De repente, o ar entre nós é elétrico.
Eu sei pela expressão do meu companheiro que ele está pensando
exatamente a mesma coisa, que ele não pode resistir mais.
Ele pega meu rosto entre as mãos... e me beija apaixonadamente.
Capítulo 12
LONGE DEMAIS
Adam

Depois de tanto tempo envenenado, cercado pela morte... finalmente


me sinto vivo.
O beijo de Gennie me traz de volta à vida.
Seus lábios são macios e assim como eu me lembro deles. Mas há uma
nova faísca entre nós também.
Nós dois mudamos muito desde que fui sequestrado.
Eu me afasto por um momento e olho em seus olhos. A necessidade
que vejo lá corresponde à minha, então eu a beijo novamente.
Desta vez, mais profundamente. Eu despejo toda a minha dor, todo o
meu amor no beijo, e ela corresponde à minha paixão.
Suas mãos agarram minhas costas, me puxando para mais perto dela.
Minha língua passa em sua boca, acariciando sua língua, desejando
provar mais e mais dela.
Ela solta um gemido e meu lobo fica louco em minha mente. Mas este
não é o lobo selvagem que anseia por sangue e destruição.
Este é o lobo que prosseguiria a loba de Gennie pela floresta,
delirando de amor.
Este é o lobo que está tão feliz por ter sua fêmea de novo que nada
mais importa.
Eu a puxo para mais perto de mim, então seu corpo está encaixado no
meu.
A luxúria queima dentro de mim pela primeira vez em muito tempo.
Não sinto alívio há seis anos. Eu só me concentrei na sobrevivência.
Mas agora eu sinto meu pau começar a endurecer. Gennie me puxa
para ainda mais perto, esfregando seus quadris em mim...
Minhas mãos estão por todo o corpo dela, agarrando sua bunda,
subindo por sua blusa e apertando seus seios perfeitos sob o tecido leve
de seu sutiã.
Eu suspiro com a incrível sensação de estar perto dela.
Suas mãos estão no meu abdômen, no meu peito... e então ela se
abaixa e aperta minha ereção dolorida sob minhas calças.
Eu estremeço de prazer e beijo seu pescoço, respirando seu cheiro.
O cheiro de minha mulher me deixa selvagem. Meu lobo está logo
abaixo da superfície, o animal em mim ameaçando sair.
Minhas presas se alongam e arranham sua pele. Estou morrendo de
vontade de afundar meus dentes em sua carne, para reclamá-la como
minha mais uma vez...
Mas Gennie salta para longe de mim. Há terror em seus olhos.
O feitiço está quebrado. A realidade volta para mim. Minhas presas
encolhem e viram dentes.
Ela não é mais só minha. Ela não é minha mulher para marcar.
— Não posso fazer isso, — sussurra Gennie, balançando a cabeça.
— Sinto muito, — digo a ela. — Foi sem querer. Claro que não vou
marcar você agora...
Ela se afasta de mim, passando as mãos pelos cabelos.
— Não posso fazer nada disso, — diz ela.
— Mas podemos levar as coisas devagar, — eu digo, seguindo atrás
dela.
Ela balança a cabeça. — Não, não podemos.
Ela encontra meus olhos, e o que vejo lá me assusta.
— Adam, eu amo Ardon, — ela diz, e meu coração se parte a cada
palavra. — Eu não posso fazer isso com você.
— Querida... o que você está dizendo? Passei seis anos longe de você, e
esses foram os piores anos da minha vida. Não por causa do veneno ou da
violência... mas porque eu não estava com você.
Lágrimas enchem seus olhos e começo a chorar. — Você sabe o
quanto eu senti sua falta? — Eu pergunto a ela.
— Eu sei, porque eu também senti sua falta, — ela diz. — Mas as
coisas são diferentes agora. Estou diferente agora.
Eu balanço minha cabeça em descrença. — Gennie, não sei o que você
quer. Eu serei seu companheiro. Podemos cuidar dos filhos de Alexia
juntos. Eu não sei, porra! Mas eu tenho que estar perto de você.
Eu continuo: — Eu sei que não me controlei perto de você, mas posso
mudar.
As lágrimas continuam caindo por seu rosto.
— A única coisa que sei é que preciso de você, — digo a ela. — Agora
que te encontrei de novo, te deixar ir me mataria. Você é minha vida
inteira. Você é mais importante para mim do que o ar.
Minhas palavras pairam no ar e odeio como elas soam.
Desesperadas. Fracas. Mas elas são verdadeiras.
— Eu não posso ficar longe de você, — eu termino.
Gennie suspira. Ela parece tão derrotada quanto eu.
— Bem, você precisa, — ela responde.
E com isso, ela se afasta de mim e caminha de volta para a casa da
matilha.
Estou sozinho e parece que meu maldito coração foi arrancado do
meu peito.
As lágrimas vêm e eu caio de joelhos. Eu fui tão estúpido em pensar
que poderia ter tudo de novo.
Eu fui tão estúpido em pensar que ainda merecia o amor dela.
Capítulo 13
TEMPESTADE DE CULPA
Gennie

Pensamentos rodopiam em minha mente como um furacão enquanto


eu caminho de volta para o meu quarto.
O quarto que divido com meu companheiro escolhido, Ardon.
Por um segundo, me permiti ceder a velhos desejos. Eu sucumbi à
atração por Adam e eu juntos.
Parece que a chama que costumava arder entre nós não se apagou
completamente. Porque parecia certo, como voltar para casa.
Eu me senti atraída por ele como se fosse o dia em que descobrimos
que éramos companheiros.
Eu o queria. Naquele momento, eu queria ser dele de novo... mas me
contive.
E agora uma nuvem de culpa me segue pelos corredores do casa da
matilha. Estive tão perto de trair Ardon. O homem que amei nos últimos
cinco anos.
Ele, que tem sido tão atencioso e compreensivo desde o retomo de
Adam. Ele me colocou acima de qualquer sentimento de ciúme ou
angústia territorial típica masculina.
Se eu tivesse cedido a Adam, não tenho certeza se poderia me perdoar.
Não importa o quão forte nosso vínculo permaneça, não importa o
quanto eu queria sentir seus lábios pressionados contra os meus mais
uma vez...
Eu sei o quanto isso machucaria Ardon. E eu não poderia fazer isso
com ele.
Chegar tão perto quanto acabei de traí-lo faz meu estômago revirar
nauseante.
Eu paro quando chego à porta do nosso quarto. Eu coloco a mão na
maçaneta.
Por algum motivo, ainda não consigo entrar. Esse sentimento de culpa
que está me queimando por dentro não é apenas para Ardon.
Antes de entrar em nossos aposentos, preciso admitir para mim
mesma que também me sinto responsável pela expressão arrasada de
Adam na floresta.
Sou responsável pela dor que ele está sentindo agora.
Ele já passou por muito. Ele esteve no inferno e voltou, e quero fazer
tudo o que puder para tomar as coisas melhores para ele.
Mas eu sei que minha rejeição só aumentará sua dor.
Ele vai me perdoar por me afastar dele? Ele me odeia por não ter
esperado? Por desistir de nós tão facilmente?
E Ardon algum dia entenderá o vínculo que ainda compartilho com
meu ex-companheiro? Ele vai perdoar o desejo persistente que sinto por
Adam no fundo?
Uma única lágrima cai da minha bochecha e cai no chão de mármore
abaixo.
— Gennie? — Eu ouço a voz de Ardon do outro lado. — Querida, é
você?
Ele deve ser capaz de sentir minha presença, assim como eu posso
sentir a dele. Não tenho escolha a não ser enfrentá-lo agora.
Eu respiro, puxo meus ombros para trás e giro a maçaneta da porta.
Quando entro em nosso quarto, fico impressionada com o cheiro no
ar. E tudo Ardon, um almíscar amadeirado que me lembra da chuva
fresca e das manhãs de inverno perto do fogo.
Eu quero respirar até ser preenchida por ele.
Ele se levanta de onde estava sentado em uma poltrona perto da
janela. Posso notar pela preocupação em sua expressão que ele sabe que
algo está acontecendo.
— Querida, o que há de errado?
— Ardon, eu... — Minha voz vacila e Ardon responde cruzando a sala e
pegando meu braço. Gentilmente, ele me leva para a cama e nos
sentamos na beirada, com nossas mãos entrelaçadas.
Por um momento, ficamos sentados, nos afogando em silêncio antes
que Ardon fale.
É
— É Adam, não é?
Eu olho para ele com olhos arregalados. Ele pode sentir o cheiro do
meu outro companheiro? Como ele sabe?
— O que você quer dizer?
— É meio óbvio. — Ele encolhe os ombros. — Além disso, ele era seu
companheiro antes de mim. Eu sei que isso deve ser difícil para você.
Meu coração explode de alívio e alegria. Este homem sentado ao meu
lado é o homem mais doce e compreensivo que já conheci.
— Nós nos beijamos. Mas eu fui embora.
Ardon me olha como se soubesse que não estou dizendo toda a
verdade.
— Eu... eu não pude evitar. A atração do acasalamento veio até mim,
sinto muito. Eu realmente parei as coisas antes que fossem longe demais.
— Entendo. — Os ombros de Ardon se endireitam ligeiramente. —
Mas você queria ir mais longe?
Eu posso ver as nuvens rolando em sua visão, escurecendo seus olhos
brilhantes. Mas não posso mentir para ele. Eu devo muito a ele.
Eu concordo.
— Bem, não posso dizer que estou muito feliz com isso, — diz ele,
respirando fundo. — Mas eu sei como isso deve ser confuso para você.
— Você não me odeia?
— Claro que não! — Ardon envolve seus braços fortes em volta de
mim. — Claro que você ainda se sente atraída por ele. Vocês eram... são
companheiros. E assim que funciona o vínculo. Eu ficaria mais surpreso
se você não sentisse nada.
Eu aconchego meu rosto em seu peito musculoso, me sentindo segura
e grata.
— Obrigada, — eu digo enquanto ele me puxa para mais perto. — Eu
te amo.
Ardon coloca um dedo sob meu queixo e levanta meu rosto para que
nossos olhos se encontrem.
— Eu sempre estarei aqui por você, — ele diz, e então me beija.
Seu beijo é quente e profundo, e eu me derreto completamente em
seu abraço.
Minhas mãos encontram seu rosto e eu agarro seu cabelo, querendo
puxá-lo para mais perto, querendo beijá-lo e esquecer o pensamento de
Adam.
Caímos de costas na cama e a mão de Ardon se move lentamente, com
confiança, pelo meu corpo.
Ele desliza uma mão por baixo da minha camisa, encontrando meu
seio e o apertando. Ele esfrega o polegar sobre meu mamilo enrijecido, a
sensação é uma mistura deliciosa de prazer e dor.
Eu gemo um pouco e essa é toda a confirmação de que Ardon precisa
para rolar em cima de mim.
Ele puxa minha camisa pela cabeça e arranca meu sutiã. Ele se inclina
beijando uma trilha entre meus seios, trabalhando ambos os mamilos
com os polegares.
Minhas mãos encontram a bainha de sua camisa e rapidamente a
rasgo sobre sua cabeça. Descendo, eu vou desabotoando sua braguilha.
Eu quero mostrar a ele o quanto eu me importo. Eu quero mostrar a
ele o quanto eu o quero. Eu quero dar a ele todo o prazer que ele me dá.
Eu retiro seu membro já duro como uma rocha e o pego na minha
mão. Parece mármore sob minha pele macia. Suave e delicado, mas bem
sólido.
Eu começo a acariciá-lo enquanto ele mordisca meu mamilo
esquerdo, movendo-me cada vez mais rápido conforme meu prazer
aumenta. Ele começa a se balançar na minha direção, gemendo.
Seus quadris resistem enquanto eu continuo movendo nele e,
finalmente, com um grunhido de prazer, Ardon libera sua carga na
minha barriga.
Ele abre os olhos e sorri para mim.
— Sua vez, — ele diz. Rapidamente, ele puxa meu jeans e minha
calcinha.
Eu deito nua embaixo dele enquanto ele se posiciona entre minhas
pernas.
Sua língua entra em mim com fome. Ele me explora com uma
intensidade e uma ansiedade que não consigo explicar.
Minhas costas arqueiam e meus olhos reviram na minha cabeça. Eu
aperto-os e agarro os lençóis. Eu sinto meu clímax crescendo como se
estivesse flutuando acima da cama e estou prestes a cair em um poço de
êxtase.
Eu coloco minhas mãos na parte detrás de sua cabeça e o seguro
contra meu sexo.
— Meu companheiro, — eu gemo.
E quando meu orgasmo floresce como uma flor na primavera, eu o
imagino... meu companheiro... meu...
Adam?!
Lá está ele, Adam, olhando para mim em minha mente.
Meus olhos se abrem e eu olho para baixo para Ardon, que está
sorrindo presunçosamente.
— Uau, — ele diz. — Eu não acho que já senti você gozar tão forte.
— Sim, — eu digo, tentando tirar a imagem do rosto de Adam da
minha mente. — Uau.
Capítulo 14
DISTRAÇÃO DE RAINIER
Alexia

Sinto como se estivesse olhando fixamente para peças centrais por


dias.
O Festival de Colheita da Lua está chegando.
Um dos maiores eventos do calendário social da matilha. E é meu
trabalho como Luna garantir que tudo corra sem problemas.
Mas não consigo decidir entre peônias e lírios.
E eu sei por quê.
Desde que trouxemos Adam de volta para a matilha, tenho me
preocupado com ele. Estou preocupada que ele esteja tendo problemas
para se reajustar à vida da matilha.
E o que eu realmente quero fazer é passar um tempo com ele, não
ficar olhando para as flores.
Quero compensar todo o tempo que perdemos e ajudá-lo a se instalar.
— Aquele, — eu digo apaticamente, apontando para um vaso murcho
de girassóis antes de me virar e voltar para o meu quarto.
Quando fecho a porta, fico agradavelmente surpresa ao encontrar
Rainier vagando para fora do banheiro, com uma toalha enrolada em sua
cintura e a outra sendo usada para secar seu cabelo preto.
Como de costume, seu abdômen ondulado chama minha atenção,
mas apenas por um momento antes de me lembrar por que estou me
sentindo tão estressada.
Eu bufo e caio no sofá.
— Problemas com o festival? — Ele pergunta, parando na minha
frente.
— Eu apenas sinto que estou perdendo meu tempo, — eu digo.
Os olhos de Rainier viajam pelo meu corpo, me examinando como um
médico, tentando isolar a causa dos meus problemas.
Então ele aperta os olhos e sorri.
— Eu tenho algo que pode tirar sua mente das coisas.
Percebo que a protuberância sob sua toalha começa a endurecer e
crescer. Seus olhos estão ficando mais escuros a cada segundo.
— Você acha que agora é a hora certa?
Estou cansada e estressada, mas ver o olhar de Rainier e o membro
enrijecido está reavivando minha alma.
Ele dá um passo em minha direção e deixa a toalha cair no chão. Seu
pênis fica ereto, livre de suas restrições.
Eu engulo em seco enquanto a saliva inunda minha boca. Meus lábios
se abrem involuntariamente.
— E sempre o momento certo para um pouco de distração.
Ele coloca as mãos em cada lado do meu rosto e me leva até a ponta
de seu membro sólido. Eu abro minha boca obedientemente. Eu o pego
entre meus lábios, e ele enche minha boca.
Eu balanço para frente e para trás, ganhando velocidade. Minha
língua se move em sua ponta, saboreando o salgado pré-sêmen que estou
persuadindo dele.
Rainier grunhe e eu posso dizer que ele está chegando perto, mas ele
se afasta e eu olho para ele com sede.
— Você pode não precisar de punição, mas ainda precisa de uma lição,
— diz ele.
Rainier cai de joelhos e segura meu rosto com as mãos. Sou atraída
por ele como um ímã e nossos lábios se encontram.
Abraçando-me, ele me beija apaixonadamente, segurando minha nuca
com uma das mãos e desabotoando minha blusa com a outra.
Ele fica impaciente e desiste dos botões, rasgando minha camisa. Eu
tiro a roupa rasgada enquanto ele desabotoa minha calça jeans e a tira de
mim em um movimento rápido.
Todos os meus problemas vão embora enquanto ele passa o dedo ao
longo da borda da minha calcinha, que está ficando cada vez mais
molhada.
— Tire-a, — eu ordeno. Ele obedece, jogando a calcinha de cetim
úmida pela sala.
Rainier me beija novamente enquanto passa uma mão pela minha
coxa. Seu polegar encontra meu clitóris e começa a esfregar em círculos
deliciosos que fazem fogos de artifício estourarem atrás dos meus olhos
fechados.
Cada músculo do meu corpo fica rígido quando ele desliza dois dedos
em meu núcleo. Ele os manobra para dentro, enviando ondas pulsantes
de êxtase através de mim.
Ele empurra contra minhas paredes, me esticando, e eu sei que ele
está me preparando para tomar seu pau.
De repente, Rainier puxa para fora, me agarra pela cintura e me vira.
Estou curvada sobre o encosto do sofá com minha bunda para cima.
Ele dá um tapa na minha bunda, um... dois... e eu estremeço com a
dor, mas me inclino para trás querendo mais. Ele passa a mão calejada
sobre minha pele rosada, com seu toque calmante e tentador.
Em seguida, ele me bate pela terceira vez, com mais força de novo, e
uma respiração ofegante escapa dos meus lábios. Minha mente fica em
branco e tudo que posso sentir é a dor e o prazer.
Não há festival em que pensar. Somos apenas Rainier e eu.
Eu o sinto se posicionar na minha entrada. Seus dedos enfiam em
meus quadris enquanto ele se empurra para dentro de mim.
Eu gemo enquanto me ajusto para tomar seu tamanho. Ele está
coberto até a base. Meus líquidos estão cobrindo sua barra de aço quando
ele começa a se mover para frente e para trás. Eu sinto seu braço envolver
meu pescoço, me puxando para ele e fazendo minhas costas arquearem.
Seu ritmo aumenta, com cada impulso empurrando mais e mais para
dentro de mim.
Rainier estende a mão e segura meu seio enquanto continua me
comendo até quase ficar sem sentidos.
Minhas pernas começam a ficar fracas enquanto meu clímax aumenta
em meu núcleo. Eu aperto meus olhos com força e ofego.
Rainier começa a grunhir e sinto suas presas afiadas roçarem meu
pescoço.
Seu lobo está bem na superfície, querendo me reivindicar novamente.
É estou desesperada para experimentar seu toque penetrante. Eu quero
me perder nele.
Enquanto ele me morde, sinto uma dor lancinante que rapidamente
se transforma em euforia. Parece que estou gozando mil vezes. Meu
corpo balança enquanto ele continua a meter em mim. Eu fico mole em
seus braços, mas ele não para.
E eu não quero que ele pare.
Eu quero que ele me faça gozar de novo e de novo.
O braço que Rainier envolveu em volta do meu pescoço se soltou um
pouco e sua mão segurou o lado do meu rosto.
Eu me inclino para ele enquanto minhas presas se alongam. Ele
desliza um dedo entre meus lábios e eu o deixo sentir as pontas afiadas
que cresceram lá, deixando-o saber que eu quero marcá-lo também.
Rainier puxa e me pega. Ele me carrega para a cama e me joga no chão
com força.
Eu rolo em minhas costas, com minhas pernas largas e convidativas.
Ele deita em cima de mim, deslizando facilmente de volta ao lugar.
Seus olhos são negros como obsidiana e há uma fina camada de suor
em sua testa.
Ele recupera o ritmo, metendo cada vez mais forte, trabalhando meu
clitóris com o polegar.
Ele fecha os olhos, sinalizando para mim que está perto. E eu estou
bem ali com ele.
Enquanto outra explosão arrebatadora atinge meu corpo, eu mordo
seu pescoço, afundando minhas presas em sua pele, reivindicando meu
companheiro, Alfa Rainier Stone, o pai dos meus filhos e o amor da
minha vida.
Rainier bombeia sua semente quente dentro de mim, metendo mais
algumas vezes enquanto goza.
Sem puxar para fora, ele nos rola de lado. Nossos corpos estão
escorregadios de suor e nossas almas estão conectadas.
Não há nada além de nós.
Eu fico olhando em seus olhos, que lentamente voltam de ônix para
dourado.
Tudo parece simples e silencioso. Todo o estresse do dia desapareceu.
Começo a desejar que tudo pudesse ser tão simples. Tão simples
quanto a necessidade que Rainier e eu temos de estar um com o outro.
O Festival da Colheita da Lua é um momento para novos começos.
Talvez o festival deste ano ajude Adam a se reajustar à sociedade,
trazendo a simplicidade que eu anseio.
— Obrigada, — eu digo ao meu homem.
— Pelo quê? — Rainier pergunta, apertando minha bunda.
— Por tudo, — eu digo, e o beijo.
Capítulo 15
CICATRIZES CORRESPONDENTES
Rainer

— Isso mesmo, Artemis. Mantenha suas mãos para cima, — eu digo.


Minha filha me olha com uma expressão determinada. Ela e Jackson,
filho do meu Beta Toby, estão de pé nas esteiras de treinamento do lado
de fora da casa da matilha.
Eu dou a ela um aceno severo de encorajamento antes que ela volte
para sua oposição.
— Pronto, lute! — Quando eu dou o sinal, o par se posiciona.
Eles começam a circular um ao outro.
— Mantenha os pés leves, — eu grito. — Não tire os olhos do seu
oponente.
Jackson se abaixa e ataca. Descendo, ele tenta agarrar Artemis pela
cintura. Mas ela dá uma cotovelada nas costas dele e ele tropeça atrás
dela.
— Bom trabalho, querida. Mas não perca o foco agora.
Artemis gira em tomo de Jackson, mantendo os punhos erguidos e os
olhos fixos em sua presa.
Sempre fico impressionado com seus reflexos rápidos. E eu observo
com orgulho enquanto ela luta sem medo.
— Você está observando sua irmã, Raiden?
Eu me afasto da partida em andamento para encontrar meu filho
vagando ao redor da base de uma árvore atrás de mim.
— Raiden! — Eu grito, mas o menino não me ouve. Ele está segurando
uma folha, balançando-a no ar como se fosse um avião.
Ao contrário de sua irmã, Raiden nunca esteve tão interessado em
treinar. Ele prefere explorar a floresta ou inventar algum jogo para ele e
sua irmã jogarem.
Eu bufo quando ele não responde, mas eu tenho de sorrir um pouco.
Ele é tanto sua própria pessoa quanto Artemis.
Infelizmente, como futuros líderes deste bando, eles devem ser
treinados — nossa sobrevivência depende disso. Isso pode significar a
diferença entre a vida e a morte para meus filhos.
Então, embora eu entenda que Raiden pode não querer lutar, devo
ensiná-lo a ser um guerreiro valente, pelo seu próprio bem.
— Raiden! — Eu rujo, fazendo meu filho acordar de seu devaneio. —
Venha e veja a luta.
Raiden suspira e deixa cair a folha antes de voltar para o meu lado. Eu
coloco uma mão reconfortante em seu ombro.
Quando eu olho de volta para os tatames, vejo que Jackson encurralou
Artemis. Ela está rosnando como um cachorrinho selvagem.
Jackson, que é um ano mais novo que Artemis, mas já uma cabeça
mais alto, está sorrindo presunçosamente.
— Você não tem para onde ir, — ele provoca.
Artemis não está à altura de sua provocação. Ela simplesmente range
os dentes e fecha os punhos.
Jackson ataca ela, tentando derrubá-la do tatame e vencer a partida.
Mas Artemis salta para o lado, esquivando-se de seu ataque.
Ela se vira para cima dele, chutando-o nas costas e fazendo-o cair do
tatame. A partida termina quando Jackson cai de joelhos.
— Boa menina! — Eu digo, aplaudindo seu sucesso.
Sem o espírito esportivo, Artemis vai até o amigo e estende a mão para
ajudá-lo a se levantar.
Jackson aceita a oferta.
— Eu te pego na próxima vez! — Ele diz, cutucando-a enquanto eles
caminham de volta para mim.
— Acho que não, — responde Artemis.
— Muito bom, — digo quando eles chegam até mim.
— Vocês dois lutaram excepcionalmente bem hoje.
Atrás de mim, ouço alguém batendo palmas ao se aproximar.
Eu me viro para ver Adam caminhando em nossa direção.
Nunca tive a chance de conhecer o irmão de minha companheira, mas
sei que um homem é mais do que seu passado. Quero dar a ele a
oportunidade de conhecer sua sobrinha e sobrinhos, além da chance de
se tomar parte da minha matilha.
— Você treinou alguns pequenos ninjas, Rainier, — ele diz enquanto
nos alcança.
— Tio Adam! — Artemis diz, correndo para abraçar o tio.
— Cuidado, — ele diz, apertando-a. — Não me esmague com a sua
superforça!
Todas as crianças riem de sua piada e Raiden se junta ao abraço.
— Tudo bem, chega de vocês dois, — eu digo, pensando que Adam
provavelmente está cansado de ser escalado por eles. — Quero quarenta
flexões cada um e então é hora do banho.
As crianças gemem, mas voltam para o tatame e caem em posições de
prancha.
Adam acena para mim enquanto nós dois observamos as crianças.
Raiden, em particular, luta para se levantar do tatame a cada repetição.
— Você está fazendo um ótimo trabalho, — Adam diz ao meu lado.
— Obrigado, — eu digo.
— Eu realmente gostaria de poder estar aqui, você sabe. Para ajudar a
treiná-los. Apenas para fazer parte de suas vidas.
— Se você pudesse estar aqui, você estaria, — eu digo.
Eu sinto a postura de Adam cair ao meu lado. Eu olho para as crianças
e penso na sorte que tive de estar aqui com elas para vê-las crescer.
Percebo como sou sortudo por ter encontrado Alexia, alguém que me
ajudou a superar o trauma do meu passado.
Sem ela, ainda seria um animal selvagem e vingativo. Ela mudou
minha vida.
Mas Adam não teve tanta sorte. Ele perdeu muito.
Eu me viro para ele e coloco minha mão em seu ombro.
— Você fará parte da vida deles de agora em diante, irmão, — eu digo.
Ele parece chocado com o meu uso da palavra irmão. Mas quero mostrar
a ele que agora ele é membro desta família.
— Obrigado, — ele responde. — Obrigado.
Ele aperta os punhos.
— É só que quando penso sobre o que aqueles selvagens fizeram
comigo... o que eles tiraram de mim...
— Eu sei, — eu interrompo. — Você quer destruí-los. Você quer
quebrar seus ossos e esmagar seus crânios.
— Exatamente. — Adam cerra os dentes.
— Eu também senti a mesma coisa sobre as pessoas no meu passado.
Adam olha para mim com um olhar questionador.
— Sentiu?
— Eu também tenho cicatrizes.
Um olhar de reconhecimento passa pelo rosto de Adam, e eu aceno
para confirmar sua suposição.
— As coisas vão ficar mais fáceis, — eu digo.
— Acredite em mim.
Só então meu Beta, Toby, chega correndo ao nosso encontro.
— Alfa! — Ele diz, ofegante. — Acabamos de receber um relato de um
avistamento de bandidos perto da fronteira.
— Quantos? — Eu rosno.
— Pelo menos três, — responde Toby.
— Crianças, entrem agora! Artemis, encontre sua mãe e todos vocês
fiquem com ela.
Artemis acena para mim e começa a conduzir seu irmão e Jackson de
volta para a casa.
— Toby, comigo. — Estou me virando para a floresta quando a voz de
Adam me impede.
— Deixe-me ir com você, — ele diz. — Eu posso ajudar.
Eu paro por um momento. Não sei se ele está pronto para um
confronto. Ele ainda é imprevisível. Seu trauma está conduzindo suas
ações.
Mas estaremos mais seguros se formos mais numerosos do que os
bandidos.
E eu quero mostrar a este homem que ele pode se tomar um membro
ativo da sociedade mais uma vez.
— Muito bem, — eu digo, balançando a cabeça.
— Vamos lá.
Nós três corremos em direção à floresta, nos transformando conforme
avançamos.
Capítulo 16
O PASSADO SE APROXIMA Gennie
Estou ajudando Alexia a encher balões no salão de banquetes quando
os filhos dela chegam correndo.
Artemis está liderando o ataque, tão corajoso e estoico como sempre.
Raiden e Jackson seguem de perto em seus calcanhares.
— Crianças? — Alexia diz, parecendo surpresa e um pouco
preocupada. — Eu pensei que vocês estavam treinando com seu pai.
— Estávamos, — Raiden diz através de respirações apressadas. — Ele
nos disse para ficar com você.
— Mas por quê? — Alexia pergunta.
— Houve um avistamento de bandidos, — diz Artemis.
Meu sangue gelou de repente. A última vez que encontrei bandidos,
Alexia e Rainier quase morreram.
E antes disso, perdi meu companheiro.
Eu me levanto da cadeira e corro para as crianças. Alexia pegou
Raiden nos braços e está segurando o ombro de Artemis com a mão livre.
Recolho Jackson em meus braços.
É óbvio que todas as três crianças estão agitadas.
Não vimos bandidos tão perto da terra da matilha há anos, desde
antes que as crianças se lembrassem.
Depois que Rainer e Alexia derrubaram Silas, isso mandou uma
mensagem para os bandidos, de que não se mexia com a matilha
Southridge.
Mas os bandidos são persistentes.
Era apenas uma questão de tempo até que viessem rondar nossas
fronteiras mais uma vez.
— Vai ficar tudo bem, — eu digo, ajoelhando-me para que eu possa
olhar Jackson em seu rostinho preocupado. — Seu pai foi com Rainier?
Jackson balança a cabeça e afasta as lágrimas que se aproximam.
— E tio Adam, — Artemis diz.
— O quê? — Eu pergunto.
— O tio Adam foi com o papai e o Toby lutar contra os bandidos.
Eu compartilho um olhar preocupado com Alexia. Adam ainda está
ferido de seu tempo no ringue. Seus ferimentos ainda são recentes, eu sei
porque os vi de perto. Muito perto.
Nós dois sabemos que ele não está em condições de entrar em uma
batalha.
— Eu gostaria de poder ter ido com eles também, — Artemis diz,
fazendo beicinho com os pequenos lábios.
— Não, você não quer, querida, — diz Alexia, colocando a mão
gentilmente em sua bochecha.
— Sim, eu quero. Eu quero lutar contra os bandidos e proteger a
matilha. Eu sou uma boa lutadora, pergunte ao papai!
Claro que o filho de Alexia e Rainier iria querer correr para a batalha
contra um bando de bandidos selvagens.
— Sim, você é, — diz Alexia. — E um dia, quando você for mais velho,
você vai lidar com o seu quinhão de bandidos. Mas, por enquanto, é
função do papai nos manter seguros.
Artemis bufa um pouco e se afasta, mas sua mãe permanece calma.
— Venha aqui, querida, — diz Alexia, chamando Artemis para se
juntar a ela e Raiden. Ela é uma garotinha durona, mas não precisa falar
duas vezes pra ela.
Ela envolve seus pequenos braços em volta da mãe e do irmão.
— O papai está seguro? — Jackson me pergunta.
— Claro que ele está, — eu digo, puxando-o para perto de mim mais
uma vez.
Claro que ele está...
Repito essa frase continuamente em minha mente. Só que não estou
pensando em Toby ou Rainier.
Estou pensando em Adam.
Porque por mais que odeie admitir, estou preocupada.
Acabei de recuperá-lo e não estou pronta para perdê-lo novamente.
— Ele vai ficar bem, — diz Alexia, me tirando de meus pensamentos.
— Crianças, por que não vão para o nosso quarto e vamos trazer um
pouco de chocolate quente para vocês.
— Ok, mamãe, — diz Raiden.
Raiden estende a mão para Artemis. Ela pega a mão dele e agarra
Jackson com a outra, em seguida, leva os três para fora do salão de
banquetes em direção às escadas.
Alexia me olha como se soubesse exatamente o que está acontecendo
na minha cabeça. E fico vermelha, sentindo todo tipo de culpa e
constrangimento.
— Você está preocupada, — diz ela sem questionar.
Eu concordo.
— Eu tentei ignorar, — eu digo, finalmente incapaz de esconder meus
verdadeiros sentimentos por mais tempo. — Mas eu ainda sinto o
vínculo entre nós.
Mesmo depois de todo esse tempo.
Alexia pega minha mão e a aperta de forma tranquilizadora.
— Claro que você sente.
— Mas está errado. Eu tenho um novo companheiro agora. E eu sei
que ele é seu irmão, mas eu amo Ardon, eu o amo. Eu me sinto tão em
conflito.
Alexia abaixa o olhar, sua expressão nada além de carinho e
compreensão.
— Escute, você é minha melhor amiga. Eu só quero o que é melhor
para você, — diz ela.
— Eu só queria saber o que é o melhor.
— Você precisa parar de se punir e confiar que a Deusa da Lua tem um
plano. Aconteça o que acontecer, é o que ela quer, — diz Alexia.
— Obrigada, — eu digo, piscando para conter as lágrimas.
— Agora eu conheço algumas crianças que precisam de um pouco de
conforto com chocolate.
Eu rio um pouco enquanto sigo Alexia em direção à cozinha.
A Deusa da Lua tem um plano...
Mas qual é? l
Adam

Onde eles estão? Eu penso, enquanto sigo Rainier.


Todos nós mudamos para nossas formas de lobo e estamos correndo
em direção ao perímetro da propriedade.
Rainier e seu Beta são rápidos, seus músculos são magros e fortes.
E embora eu possa acompanhá-los, dores estão disparando pelo meu
corpo por causa dos meus ferimentos de luta que nunca vão cicatrizar
totalmente.
Rainier late e muda rapidamente de curso, virando uma curva fechada
à esquerda. Ele deve ter cheirado algo.
Eu levanto meu nariz no ar e posso sentir o cheiro deles também.
O cheiro distinto de bandidos, lobos sem matilha, persistindo a
alguma distância a oeste. Mas então outro cheiro chamou minha
atenção.
Algo mais familiar.
Ainda tem um leve cheiro de cobre dos bandidos, mas esse cheiro
pertence a um bandido que conheci antes.
Eu bufo para Rainier, tentando dizer a ele que peguei outro bandido e
mudo o curso, voltando para o leste.
Rainier e Toby avançam sem prestar muita atenção.
Sozinho, corro para onde o cheiro familiar ainda permanece.
Eu entro em uma clareira e olho ao redor quando chego ao centro.
Está vazio. Mas eu sei que alguém está aqui nas sombras, esperando.
Rapidamente eu mudo de volta para minha forma humana.
— Você pode parar de se esconder, — eu digo.
Eu me viro quando uma figura emerge das árvores.
Um rosnado aparece na minha garganta quando eu o vejo.
— Asher! Como você ousa invadir aqui!
Meu antigo inimigo começa a rir ameaçadoramente, com suas
bochechas encovadas enfatizando seu sorriso perverso.
Asher é um dos bandidos que trabalharam para meu antigo captor,
Maximus. Ele estava sempre lá me olhando, rápido com um chicote para
agradar seu mestre.
De todos os lacaios de Maximus, Asher era um dos piores. Ele tinha
mais prazer em torturar os cativos do que qualquer um dos outros.
Sua gargalhada característica sempre ficará gravada em minha
memória, desde as vezes em que ele se encarregou de me punir.
— Vim ver você, velho amigo, — ele ri.
— Não somos amigos.
— Não, suponho que não. Mas há alguém que sente muito a sua falta.
Eu cerro meus punhos porque sei exatamente de quem ele está
falando.
— Eu vou te matar antes de deixar você me levar de volta.
— Não haverá necessidade disso. Simplesmente vim com uma
mensagem de nosso mestre.
— Diga então!
— Maximus quer que você volte para casa, Adam.
— E se eu recusar?
— Se você se recusar, ele reunirá os bandidos, viremos aqui para sua
nova matilha e o destruiremos. Vamos matar tudo e todos aqui. — 'Você
não ousaria.
'Vamos queimar tudo o que encontrarmos!
Eu rosno com sua explosão. Eu quero rasgar sua garganta, quero
chegar em seu peito e puxar seu coração ainda batendo nas minhas
mãos.
Mas então me lembro de Gennie. Eu vejo seu rosto tão claro como se
ela estivesse aqui comigo.
Não posso deixar que nada de ruim aconteça com ela, ou com sua
nova matilha. Depois de tudo que ela passou, ela não merece isso.
Voltei para a vida dela e não trouxe nada além de problemas.
Se eu matar esse idiota, por mais que ele mereça, Maximus reunirá o
máximo de lobos que puder e atacará essa matilha.
Ele não trará nada além de morte e dor para essas pessoas.
Portanto, fico quieto e resisto ao meu impulso de atacar sua jugular.
— Você tem até a lua cheia para decidir. Se você não estiver de volta
na manhã seguinte, nós atacamos.
Asher se vira e desaparece na floresta.
Eu tenho até a lua cheia...
Então, preciso decidir o que é mais importante... a segurança de todos
que amo ou minha liberdade.
Capítulo 17
MINHA QUALIDADE MAIS FORTE
Alexia

— Senhora, — diz um mensageiro, aparecendo pela porta do meu


quarto.
Eu olho para Gennie, que está sentada no sofá, cercada pelas crianças.
Deixo a janela, onde estive esperando o retomo de Rainier.
— Sim, você tem novidades?
— O Alfa está voltando.
— Estão todos bem? — Eu pergunto.
— Sim, eles prenderam dois bandidos. Eles estão sendo levados para a
masmorra.
Eu volto para a janela quando os homens aparecem. Rainier e Toby
estão arrastando os corpos inconscientes de bandidos com eles.
Adam está atrás.
Eu dou um suspiro de alívio.
Demora mais ou menos uma hora — para processar e prender os
bandidos — antes que Rainier e Adam voltem aos nossos aposentos.
Corro para os braços de Rainier e o seguro com força. Eu sei que meu
companheiro é formidável, um guerreiro feroz. Seria preciso muito mais
do que alguns bandidos para derrubá-lo.
Mesmo assim, sempre me preocupo quando ele sai para lutar.
Eu estendo a mão e aperto a mão de Adam. Estou grata por ele ter
retomado ileso.
De repente, me sinto uma boba por ter me preocupado com ele. Claro
que ele manteve a calma. Claro que ele foi capaz de ajudar Rainier e não
atrapalhá-lo.
Ele é Adam. Ele é meu irmão. Eu sei que tipo de homem ele é. Eu
preciso confiar nele.
— O que aconteceu? — Eu pergunto.
— Os bandidos ainda estão inconscientes, — diz Rainier, parecendo
um tanto satisfeito. — Toby e eu demos trabalho a eles. Eles serão
questionados assim que acordarem.
— Eram apenas os dois ou você acha que há mais?
Adam limpa a garganta desconfortavelmente e dá um passo em minha
direção.
— Havia um terceiro, mas eu... eu não consegui pegá-lo. Ele se foi.
A cabeça de Adam está baixa, como se ele tivesse vergonha de não ter
capturado sua presa.
— Não se preocupe, irmão, — Rainier diz, dando tapinhas nas costas
dele. — Você terá sua força de volta logo. Até então, obteremos todas as
informações de que precisamos dos dois que temos.
A expressão de Adam não muda e meu coração dói um pouco. Eu
gostaria que ele não fosse tão duro consigo mesmo.
Ele já passou por muito. Ninguém espera que ele seja capaz de
acompanhar Rainier.
Eu quero fazer algo para animá-lo e tirá-lo desse humor.
E então me lembro do festival e da surpresa que venho planejando.
— Eu preciso pegar Adam emprestado por um momento, — eu digo
para Rainier, que acena com a cabeça e então volta sua atenção para as
crianças. — Papai, — Artemis diz, correndo para abraçar a perna de
Rainier. Enquanto Rainier entra em nosso quarto para brincar com as
crianças, Gennie se levanta.
Seu rosto é uma pétala de rosa tom de rosa quando ela chega até nós.
— Estou feliz que você esteja bem, — diz ela, com lágrimas de alívio
nos olhos.
— Obrigado, — Adam diz, olhando para seus sapatos. Lentamente,
Gennie estende a mão e pega a mão de Adam. Ele olha para ela com
olhos arregalados e surpresos.
Ela se inclina e o beija na bochecha. Adam permanece tão quieto
quanto humanamente possível. Enquanto Gennie se afasta, os dois se
encaram.
Algo se passa entre eles e eu sei que é o vínculo de companheiros. De
repente, Gennie tira a mão e se vira para sair.
— Vamos, — eu digo para Adam, puxando-o de seu estado congelado.
Eu levo Adam para o nosso quarto e o deixo ao lado da cama. Entro no
armário e removo uma caixa grande.
Trazendo de volta para o quarto, posso dizer pela expressão de Adam
que ele não tem ideia do que está acontecendo.
— Eu queria fazer algo por você, — eu digo, colocando a caixa na
cama. — Para ajudar a recebê-lo à matilha. Bem, abra!
Por um segundo, Adam apenas encara a caixa como se nunca tivesse
recebido um presente antes. Só quando eu o cutuco, ele o abre.
Ele puxa o paletó, que faz parte de um conjunto que combina, e olho
para ele.
— É feito do melhor cetim, — eu digo. — Eu o fiz sob medida para o
seu tamanho também, então deve caber.
Adam não diz nada. Ele apenas fica boquiaberto com a roupa preta.
— Bem, você gosta?
— Para que serve?
— É para você, bobo. Para usar no Festival da Colheita da Lua.
Percebo Adam engolir enquanto sua mandíbula fica tensa.
— Você não gostou? — Eu pergunto, e ele olha para mim com uma
expressão de pânico. — Me desculpe, eu só pensei que já que estou
gastando todo o meu tempo organizando este festival, o mínimo que eu
poderia fazer era tomá-lo especial para você.
— Não, — Adam diz severamente. — É incrível. Eu adorei isso. É só
que... você não deveria. Eu não mereço isso.
Eu estendo a mão e pego os braços do meu irmão em minhas mãos.
— Adam, é o mínimo que posso fazer depois de perder você por tanto
tempo.
Olhamos nos olhos um do outro e vejo os olhos do menino com quem
cresci, que me ensinou a patinar no gelo e me protegeu dos valentões da
escola.
— Estou tão feliz por você estar de volta, — digo, começando a chorar.
— Lamento ter estado tão ocupada com este festival estúpido. Eu queria
fazer uma festa de boas-vindas.
Adam coloca o paletó de volta na caixa com as calças e envolve seus
braços em volta de mim.
— Obrigado, — ele diz enquanto eu relaxo em seus braços.
*
Mais tarde naquela noite, volto para o nosso quarto depois de colocar
as crianças na cama.
Rainier está vestindo shorts de ginástica e fazendo flexões perto da
cama.
Estou acostumada com meu companheiro malhando, mas pela
velocidade de suas repetições, posso dizer que algo está acontecendo.
— É um pouco tarde, não é? — Eu pergunto com uma risada,
colocando o monitor do bebê na minha mesa de cabeceira.
Rainier completa mais algumas repetições antes de se levantar de um
salto.
Gotas de suor escorrem de seu peito nu e seus bíceps estão inchados e
latejantes. Ele me olha com olhos escuros e ferozes.
— Rainier? Você está bem?
— Os bandidos se recusam a falar, — diz ele.
— Tenho certeza que você vai tirar a verdade deles, — eu digo, me
aproximando dele.
— Eles ameaçaram minha família, — ele rosna.
Suavemente, coloco a mão em seu peito. Seu músculo peitoral é como
aço sob o meu toque.
— Você cuidou deles.
— Eles são uma ameaça!
Quando eu olho para cima, posso ver o animal nos olhos de Rainier.
Seu lobo está bem na superfície. Algo nessa intrusão fez com que seus
atributos selvagens passassem para o primeiro plano.
Quando penso nisso, não é de admirar. A última vez que tivemos
qualquer interação com bandidos foi a tentativa de invasão de Silas.
E esses bandidos claramente desencadearam algum tipo de resposta
inata em meu companheiro. Eu pego sua mão e passo a outra pelo seu
rosto.
Ele está respirando com dificuldade e rangendo os dentes. Seus
músculos estão tensos e o calor irradia de seu corpo. Há um calor e o
cheiro de um predador.
Eu me pego olhando para o animal selvagem na minha frente.
Rainier deve ser capaz de sentir a mudança em minhas emoções
porque um rosnado faminto começa a crescer em sua garganta.
Ele tem uma frustração reprimida. Ele precisa se livrar da energia não
utilizada. E de repente estou desesperada para ser reivindicada por ele.
Eu quero ser tomada e devastada por sua besta interior.
Sem precisar de confirmação, Rainier envolve a mão em minha
garganta e pressiona seus lábios nos meus.
Seu beijo é faminto, insaciável e selvagem, enquanto seu aperto é forte
e constrangedor. Eu sou sua para fazer o que quiser.
E eu quero ser tratada com rudeza.
Meu núcleo inflama, minha calcinha fica encharcada
instantaneamente quando eu retomo seu beijo e envolvo meus braços
em volta de seus ombros.
Eu posso sentir a masculinidade impressionante de Rainier já dura,
pressionando em meu quadril. Eu deslizo minhas mãos pelo seu corpo e
puxo para baixo seu calção de ginástica.
Ele geme e morde meu lábio inferior com suas presas. Sinto a picada
de sua mordida e sinto o gosto do cobre do sangue.
Rainier se afasta e caminha para frente, quase me levantando do chão
e me empurrando para trás. Eu bato na parede atrás de mim com força e
suspiro com o impacto.
Rainier me encara, com seus olhos completamente negros. Ele é mais
animal do que homem agora.
Com uma garra estendida, ele corta o tecido do meu vestido, e a peça
cai no chão.
Sua garra se retrai e ele agarra meus quadris, me girando. Ele
pressiona meu rosto contra o gesso frio, então puxa meus quadris para
trás para encontrar sua barra de ferro.
Enquanto ele pressiona contra o tecido da minha calcinha, estou
desesperada para ficar nua. Rainier morde meu pescoço e respira ar
quente em meu ouvido enquanto ele se empurra em mim.
Eu me aproximo dele para sentir sua masculinidade, mas ele agarra
meus braços, levantando-os acima da minha cabeça e os segurando
contra a parede.
Estou à sua mercê. Com a mão livre, ele rasga meu sutiã, liberando
meus seios, antes de deslizar minha calcinha para o chão.
Eu gemo quando ele coloca a mão entre as minhas pernas, me
forçando a espalhar mais meus pés. Então, sem aviso, ele mergulha dois
dedos dentro de mim.
Minha boca se abre em um grito silencioso com o choque, que
rapidamente se transforma em prazer. Implacável, ele pressiona minhas
paredes, me abrindo.
E em um movimento ele remove seus dedos e bate seu pau dentro de
mim.
Ele bate em mim como um demônio feroz. Uma mão segura meus
punhos cerrados enquanto a outra puxa meus quadris para ele.
Eu pressiono minha testa na parede, sentindo o gesso frio em minha
pele escorregadia de suor.
Rainier continua a meter, me fodendo como se quisesse me obliterar.
Repetidamente ele resiste e eu suspiro. A força é extrema, mas o
prazer também.
Seu ritmo aumenta e eu sei que ele está perseguindo seu clímax. A
única coisa que o libertará.
Com um gemido que parece mais um uivo, ele se libera dentro de
mim.
Eu suspiro quando sinto sua semente quente gotejando da minha
entrada.
Ele puxa e me gira, mantendo minhas mãos no lugar, então me
encara.
Eu vejo um pouco de seu lado humano retomar às suas feições. Ele me
beija antes de sorrir.
— Sua vez, — ele diz enquanto desliza dois dedos de volta para dentro
de mim. Massageando meu clitóris com o polegar, ele mexe com meu
sexo.
Minhas paredes estão escorregadias, encharcadas por uma mistura de
nossos líquidos, e seus dedos deslizam para dentro e para fora facilmente.
Ainda tenho muitas coisas que preciso fazer no mundo real. Tenho
um irmão que precisa da minha ajuda e de um festival para sediar.
Há muito o que pensar e fazer. Mas conforme Rainier me empurra
para o êxtase, o mundo desmorona.
Ele olha nos meus olhos e não há nada no mundo, exceto ele e eu.
Minhas presas se alongam enquanto corro em direção ao meu clímax.
Sou como um barco sem motor, preso na maré e rumo a uma cachoeira.
Conforme eu tombo sobre a borda, caindo em um prazer desenfreado,
eu me inclino para frente e afundo meus dentes na pele do meu homem.
Capítulo 18
UMA DESPEDIDA DIFÍCIL
Adam

A noite que eu temia chega com toda a velocidade de um trem


desgovernado.
Eu sabia que isso ia acontecer. Alexia até me comprou um temo para a
ocasião. Mas de alguma forma eu esperava que esta noite nunca
acontecesse.
O tempo é uma força imparável e não há nada que eu pudesse ter
feito.
Porque esta noite é inevitável.
Esta noite é a noite do Festival da Colheita da Lua.
Minha última noite com a matilha Southridge.
Eu passei por todas as opções em minha mente. Imaginei todos os
cenários possíveis.
Eu tentei o meu melhor para encontrar uma maneira de escapar do
inevitável. Para encontrar uma solução que me deixasse ficar.
Tenho negócios inacabados nesta matilha. Tenho uma irmã com
quem me reencontrei depois de anos de ausência.
Eu tenho de aprender quem eu sou depois de todo esse tempo.
E eu tenho uma companheira... uma companheira que mudou.
Não há como negar que nosso vínculo ainda resiste. Talvez com
tempo e esforço eu poderia ter trazido Gennie de volta para mim.
Mas não há mais tempo.
E não consigo pensar em nenhuma outra opção que não coloque em
perigo as pessoas de quem gosto.
Se eu ficasse, colocaria Gennie, Alexia, minha sobrinha e meus
sobrinhos em perigo. E por mais que eu queira ficar, não posso fazer isso.
Não posso deixar os homens que querem me machucar, machucar
mais ninguém.
Portanto, decidi conceder a Maximus. Eu farei o que ele deseja.
Eu voltarei para ele. Voltarei a lutar em sua jaula mortal.
Farei qualquer coisa, se isso significar que Gennie estará segura.
Eu caminho para o salão do banquete com um nó na garganta.
O temo que Alexia comprou me serve perfeitamente, mas esta gravata
parece uma corda em volta do meu pescoço.
Eu sei que preciso contar a Gennie.
Este festival é minha última chance de falar com ela, de dizer por que
estou indo embora, antes que desapareça para sempre.
Mas como posso dizer a ela que a estou deixando de novo... como
posso ao menos encontrar as palavras?
Entro no salão de banquetes e fico maravilhada com o que Alexia
realizou.
O quarto está espetacularmente decorado.
Flâmulas estão penduradas nas vigas, as mesas hospedam lindas peças
de centro, o chão é acarpetado com balões de prata e ouro.
Para onde quer que eu olhe, as pessoas estão vestidas com esmero em
temos e vestidos. Eles estão dançando e rindo.
Todos eles parecem tão felizes.
Não posso destruir isso.
Eu examino a multidão e localizo Alexia na outra extremidade da sala
com Rainier. Eles estão cumprimentando os membros de sua matilha.
Encho-me de orgulho ao ver minha irmã. Ela se parece com a Luna
que eu sempre soube que ela poderia ser.
Mas não posso demorar muito. Eu preciso encontrar Gennie.
Avisto-a na lateral da sala. Ela está de pé ao lado de uma mesa e
oferece champanhe às pessoas quando elas passam.
Por um segundo, não consigo respirar. Ela parece radiante. Seu
vestido é azul claro e envolve sua figura de uma forma elegante e
reveladora.
Seus ombros expostos exibem seu pescoço longo e gracioso, o que
desperta meus sentidos, enchendo minha boca de saliva.
Eu tenho de me forçar a impedir que minhas presas se alonguem com
a visão de sua pele pálida.
Eu coloco meus ombros para trás e caminho até minha ex-
companheira.
— Adam, — ela diz, com uma mistura de nervosismo e alegria. — Você
está aqui!
— Você está linda, — eu digo.
Gennie fica vermelha. — Esse é o temo que Alexia comprou para você?
Ele se encaixa incrivelmente bem. Você está... muito bonito.
— Podemos conversar? — Eu pergunto em um tom abafado.
— Estou aqui com Ardon, — ela diz categoricamente. Seu olhar
vagueia por cima do meu ombro e me viro para vê-lo conversando com
alguns dos guerreiros da matilha. Meu lobo começa a rosnar no fundo da
minha mente.
— Eu sei, — digo, forçando as palavras a saírem. — Eu não quero nada
de você. Eu só quero conversar.
Gennie olha em volta como se não tivesse certeza se deveria
abandonar seu posto. Ou talvez ela não queira que Ardon a veja saindo
do salão de banquetes comigo.
— Ok, — ela diz, e eu dou um suspiro de alívio. — Por aqui.
Ela me leva a um salão vazio próximo ao salão de banquetes e entra
em uma sala escura.
Eu a sigo e percebo que estamos em uma espécie de sala de estar. Dois
grandes sofás estão de frente um para o outro no centro da sala, e as
paredes estão forradas com estantes repletas de livros.
— O que é? — Ela pergunta.
Na escuridão desta sala, a única coisa que posso ver é o rosto dela. Ela
é como uma luz em uma noite sem fim.
Sei que ela sempre foi um farol de esperança para mim. Em todos os
anos em que estive cativo, em todas as lutas, nas longas noites difíceis,
nos momentos em que desejei a morte... ela foi a única coisa que me
trouxe de volta a este mundo.
Dou um passo em sua direção. As palavras de que preciso não vêm até
mim. Eu nunca fui muito bom em falar de qualquer maneira.
Eu deveria estar dizendo a ela que estou indo embora. Eu deveria estar
dizendo adeus. Mas, em vez disso, quero mostrar a ela o que ela significa
para mim.
Estou tomado por uma necessidade desesperada de mostrar a ela o
quanto ainda a amo.
Ela deve ver o desejo em minha expressão, porque ela dá um passo
para trás.
— Achei que você só queria conversar, — diz ela.
Sua voz está vacilando, mas posso sentir seu corpo me chamando.
— Você sabe como eu fiquei vivo todo esse tempo? — Eu pergunto e
dou mais um passo à frente.
— Não, — diz ela, avançando ainda mais em direção à estante de
livros atrás dela.
— Foi você, — eu digo, dando outro passo. — Foi só por você.
— Adam... — Gennie bate na estante e para. Não há nenhum outro
lugar para ela ir. Não há espaço para ela se afastar de mim.
— Você é a única coisa que me manteve são. — Eu diminuo a
distância entre nós. — Você é minha esperança e minha luz.
Estamos a apenas alguns centímetros de distância, mas Gennie não
me olha nos olhos.
Eu levanto um dedo até seu queixo e inclino seu rosto para que nossos
olhares se encontrem.
Lágrimas brilham em seus olhos, seu lábio treme de medo. Mas
também há saudade e amor.
Seus lábios se abrem, convidando-me a beijar.
— Devo minha vida a você, Gennie. Você é minha companheira.
— Pare..., — ela sussurra, mas sua resolução já se foi. Nossos lábios se
encontram e é como se eu tivesse acabado de me lembrar de como
respirar.
Eu a beijo com força. Tentando transmitir a necessidade desesperada
que carreguei por tanto tempo. No começo ela resiste, mas depois ela
suaviza e retribui o beijo.
Eu pressiono meu corpo no dela e sinto que seus seios empurram meu
peito.
Eu passo a mão pela sua cintura, sentindo sua curva e a suavidade de
seu quadril.
Deslizando minha mão para baixo, por baixo da bainha de seu vestido,
corro meus dedos pela pele lisa de sua perna.
Ela me observa com a boca aberta, o peito arfando com respirações
profundas e ofegantes.
Eu envolvo a mão na parte detrás de sua cabeça e a beijo ainda mais
ferozmente.
É como se fôssemos adolescentes de novo, sentindo como se o mundo
estivesse prestes a acabar e tudo o que temos é este momento.
Tudo o que tenho é este momento.
Posiciono minha mão sob as coxas de Gennie e a levanto contra os
livros. Meu pau parece que pode explodir para fora dessas calças chiques.
Eu pressiono minha virilha contra a dela e a sinto engasgar de prazer.
Tudo está me dizendo que isso está certo. Mesmo sabendo que não
posso ficar, não me importo. Neste momento, tudo que preciso é estar
com minha companheira.
Para que nossos corpos estejam unidos como antes.
Eu coloco Gennie de volta no chão e começo a desafivelar meu cinto.
— Espere, — diz Gennie, quebrando o momento.
— Eu não posso, meu amor, — eu digo e a beijo novamente. Mas desta
vez ela me empurra.
Sua expressão é de dor, confusa. Uma mecha de cabelo caiu fora do
lugar.
— Me desculpe, eu não deveria...
— Você não quer isso? — Eu fico olhando para ela, tentando
comunicar tudo o que estou sentindo com um olhar.
Gennie não responde. Ela olha em volta freneticamente, como se
estivesse perdida em uma floresta escura.
Então eu rosno. — Companheira.
Eu me movo em direção a ela novamente, mas desta vez ela se abaixa,
me evitando.
— Desculpe, não sei o que estou fazendo! — Ela diz. Então, diante dos
meus olhos, ela se transforma.
Seu vestido se despedaça enquanto seus ossos racham e se reformam.
Em segundos, a linda mulher com quem eu estava se transformou em
uma loba selvagem e frenética.
Ela estala as mandíbulas para mim e sai correndo da sala.
Eu a sigo pelo corredor, mas ela é muito rápida em sua forma animal.
Eu sei que preciso segui-la...
Eu não posso deixar as coisas assim.
Então eu fecho meus olhos e deixo meu lobo assumir.
Sinto muito. Alexia, -penso, enquanto meu lobo rasga meu temo.
E como um foguete, vou atrás de Gennie.
Amanhã devo deixá-la, mas esta noite irei persegui-la por toda a
eternidade.
Capítulo 19
TRÊS É DEMAIS
Gennie

Não sei para onde estou correndo.


Tudo que sei é que precisava ir embora.
Minhas garras cavam no solo enquanto eu salto continuamente para
frente.
Eu estava tão perto de ceder, tão perto de me entregar aos meus
desejos... ao Adam.
Mas me entregar a ele significaria trair Ardon, e por mais que eu ainda
sinta o vínculo de acasalamento com meu ex-companheiro, essa não é
quem eu sou.
Não sou o tipo de pessoa que joga as pessoas umas contra as outras ou
faz coisas pelas costas.
Estou correndo, porque, se ficasse mais um segundo naquela
biblioteca, teria me perdido.
A minha volta, a floresta está escura, grilos cantam e corujas arrulham.
A lua está prateada e avulta na minha visão periférica.
Eu daria qualquer coisa por um sinal da Deusa da Lua. Sem diminuir o
ritmo, faço uma oração silenciosa.
Por favor, me diga o que fazer como posso escolher entre meus dois
companheiros? Qual é o caminho certo?
Eu me sinto uma estranha para mim mesma.
Nunca estive tão conflituosa. Dividido em duas direções.
Minha única opção era fugir.
O vento está frio ao passar pela minha pele. Eu salto sobre raízes que
parecem brotar do solo como se estivessem estendendo as mãos. Elas
querem me puxar para baixo e me fazer escolher. Mas eu não posso...
Simplesmente não consigo escolher entre eles, porque a verdade
inevitável é que amo os dois.
Posso admitir isso para mim mesma agora.
Eu amo os dois.
Quando Adam voltou, pensei que poderia ignorar aquela atração
persistente, mas aqui, depois do que acabou de acontecer, não posso
negar por mais tempo.
E isso está me rasgando por dentro.
Não sei para onde estou indo, mas sei que quero ficar o mais longe
possível da casa da matilha, o mais longe da mulher que estou me
tomando e o mais longe desta escolha impossível.
Mas parece que não posso escapar quando um cheiro do perfume de
Adam flutua em minha consciência.
Eu levanto meu focinho e aquele cheiro inconfundível, couro e frutas
silvestres, chega às minhas narinas.
Eu estava tentando fugir do destino, mas o destino está me
alcançando.
Adam me perseguiu até a floresta e ele quase me alcançou.
Finalmente, ele aparece. Seu grande lobo preto está acelerando por
entre as árvores à minha esquerda, prestes a interceptar meu curso.
Eu chego a uma clareira e paro. Minha loba está ofegante, tentando
recuperar o fôlego.
Das sombras da clareira, Adam emerge. Seu lobo abaixa o olhar e nós
travamos os olhos.
Posso ver a determinação em seu rosto e sei que ele nunca vai me
deixar ir. Nossas almas foram unidas anos atrás, e ele nunca vai parar de
me perseguir, não importa o quão longe eu corra.
Eu quero manter a distância entre nós, mas minha loba tem outros
planos. Ela dá um passo em direção a seu velho companheiro.
Adam reflete nossos movimentos e nos encontramos no centro da
clareira. Ele encosta em meu pescoço, lambendo o pelo macio da minha
bochecha.
Minha loba ronrona e se inclina para ele.
Mas algo ainda não está certo. Parte da minha alma também pertence
a Ardon. Até minha loba pode sentir isso.
Ela recua, rosnando. Posso sentir sua confusão, a angústia enquanto
sua alma é puxada em diferentes direções.
Em seguida, outro lobo emerge das sombras.
Esta grande besta cinza-prateada caminha para o luar e eu o
reconheço instantaneamente. Claro que eu reconheço.
Porque este lobo é meu companheiro também. E o Ardon.
Ele rosna um pouco e meu lobo corre para o seu lado, pressionando o
focinho contra ele, para confrontá-lo.
Ele morde o ar e ela se afasta.
Eu olho para frente e para trás de Ardon a Adam. Ambos os lobos são
grandes e impressionantes, fortes e ágeis.
Aqui está... minha escolha impossível diante de mim em carne e osso.
Dois lobos, dois homens, dois companheiros.
E eu sei que deveria me sentir em conflito. Eu deveria sentir o destino
puxando minha alma, rasgando-a ao meio. Mas o que sinto é uma
sensação fria de calma.
Ela sobe do solo até meus pés, passa pelas pernas e chega ao peito.
É como se eu estivesse flutuando em um riacho no meio do verão. O
sol bate enquanto a água me segura, tocando cada centímetro do meu
corpo.
Não quero correr mais porque não há escolha. Não há conflito. Tenho
dois companheiros e não posso negar isso. Não posso negar meus
sentimentos por nenhum deles.
Ambos estão com as costas arqueadas e os ombros baixos como se
estivessem prontos para atacar. Eles estão se olhando de cima a baixo,
rosnando.
Eu não quero um conflito, então eu me transformo de volta para
minha pele humana.
Eu afasto os efeitos colaterais da mudança e fico diante dos meus dois
companheiros, nua e banhada pelo luar.
Quero mostrar a eles que pertenço a ambos. Estou me oferecendo,
pedindo que entendam.
Ardon se mexe primeiro, seus músculos rangendo e ossos estalando, e
em um momento ele está de pé diante de mim. Sua pele pálida brilha
luminescente e seus músculos são definidos pelas sombras noturnas.
Meu olhar desce para sua masculinidade, que está semiereta.
Deve parecer errado que esteja animada com a presença de ambos os
homens, que o que deveria ser um momento íntimo e privado entre mim
e Ardon está sendo compartilhado.
Mas não parece errado, parece muito certo.
Eu olho para Adam, ainda em sua forma de lobo, esperando para ver
se ele sente o mesmo. Seu lobo bufa e estala suas mandíbulas. Mas posso
ver uma luta ocorrendo dentro de mim.
E, eventualmente, Adam vence.
Ele muda de volta para a forma humana. Seu cabelo escuro está
despenteado e cobre os olhos, mas posso dizer que ele também está
excitado.
Sem que ninguém precise dizer uma palavra, os dois homens se
aproximam de mim.
Ardon coloca a mão em meu quadril, enquanto Adam segura minha
nuca. Eu estendo a mão e toco os dois no ombro.
Eu deixei Ardon envolver seu braço em volta de mim e nós nos
beijamos, lenta, hesitantemente, ambos cautelosos sobre dar este passo.
Quando nos separamos, eu imediatamente me viro para Adam e
travamos os olhos.
Eu deslizo meu braço em seu ombro e o puxo para mim.
Quando nossas bocas encontram minha pele formiga e cores
aparecem atrás dos meus olhos.
Seus beijos são mais famintos que os de Ardon, mais duros e ferozes.
Sua língua desliza para dentro e para fora da minha boca, brincando com
a minha.
Eu puxo Ardon para mais perto e sua boca encontra meu pescoço.
Suas presas são afiadas e roçam a pele, mas seus lábios são macios e
sua língua é quente. Meus braços estão em volta dos ombros musculosos
de ambos os homens, enquanto suas mãos estão em cima de mim.
Ardon está mexendo no meu mamilo duro, ele sabe que isso me deixa
excitada. Enquanto o toque de Adam é mais baixo, apertando minha
bunda.
Suas mãos se movem e eu sinto que estou sendo segurada por mil
homens enquanto eles vagueiam e me apalpam.
Eu perco a noção de quem é o toque de quem.
Eu não posso dizer de quem é a mão que está subindo pela parte
interna da minha coxa. Ou acariciando meu peito.
Antes que eu perceba, meus lábios deixam os de Adam e encontram os
de Ardon novamente. Adam se inclina e trilha beijos pelo meu lado,
parando para chupar meu mamilo e continuando para o sul ao longo do
meu quadril.
Eu arqueio minhas costas quando sua língua encontra meu clitóris e
começa a sugá-lo. Eu me inclino para trás de Ardon e suspiro.
Eu aperto meus olhos fechados e me deixo ser apoiada por ambos os
pares de braços fortes.
Eu suspiro quando uma língua entra na minha dobra e uma mão viaja
entre a fenda macia da minha bunda.
Há mãos em meus seios, lábios em meus mamilos rígidos e uma
masculinidade esfregando meu sexo.
Eu sinto que estou nadando em um mar de deleite avassalador.
Nunca fiz nada assim antes e nunca pensei que faria. A ideia de estar
com dois homens ao mesmo tempo nunca foi algo que fantasiei. Sempre
pensei que seria estranho ou errado.
Mas, conforme me perco no toque de meus dois companheiros,
percebo como isso parece certo. Não há hesitação nem dúvida. Eu quero
os dois.
Sinto lábios em meu quadril e dedos calejados entrando em mim
suavemente.
Eu fico sem peso.
Um orgasmo explode do meu núcleo, enviando arrepios e tremores
em meus membros.
Mas meus companheiros não param.
Eles continuam a explorar com a boca e as mãos. Enviando novas
ondas de prazer pelo meu corpo.
O sentimento é intenso, mas não está errado.
Parece mais certo do que qualquer coisa antes.
Eu gozo de novo e de novo até não conseguir ficar de pé sozinha e
tudo que posso ver são luzes piscando.
Amanhã podemos ter de contar com as ramificações desta noite. Tudo
pode parecer diferente à luz do dia.
Mas esta noite, eu só quero aproveitar a sensação de felicidade do
toque dos meus companheiros e me perder nesta nova experiência.
Capítulo 20
ORAÇÕES NÃO RESPONDIDAS
Gennie

Eu mal me lembro de deixar a floresta.


Tudo que sei é que sou levantada por um par de braços fortes e
carregada de volta para o meu quarto.
Meus machos, meus dois companheiros, me cansaram tão
completamente que mal consigo manter os olhos abertos.
Normalmente, meu cérebro hiperativo ficava confuso, pensando
demais nas coisas e analisando demais. Mas esta noite, estou cansada
demais para fazer qualquer coisa além de sorrir.
Em algum momento, sinto uma frieza em um lado do meu rosto e um
vazio rastejando em meu coração.
É quando eu sei que Adam nos deixou para ir para seu quarto.
Ardon me traz de volta ao nosso quarto e me coloca suavemente na
cama.
Ele puxa as cobertas sobre mim e fica atrás de mim, envolvendo-me
em seus braços. Me sinto aquecida e confortada, mas como se algo
estivesse faltando.
Acho difícil dormir no início. Eu continuo tendo flashbacks do que
aconteceu na floresta. Eu sei que deveria parecer errado.
A Deusa da Lua acredita em companheiros verdadeiros, devemos estar
com apenas uma outra pessoa por todas as nossas vidas.
Mas não posso deixar de sorrir, porque sentir o toque dos meus dois
companheiros foi a sensação mais incrível que já experimentei.
Parecia mais certo, mais correto do que qualquer coisa na minha vida
até aquele ponto.
Ardon se aninha atrás de mim e me pergunto se ele está pensando a
mesma coisa. Eu sei como foi para mim, mas não posso deixar de me
preocupar que seja diferente para os homens.
Ambos são meus companheiros, mas eles são adversários um para o
outro.
— Como você está se sentindo? — Digo baixinho, não querendo
perturbar o ambiente calmo da sala.
— Eu me sinto... diferente, — responde Ardon.
— Diferente de uma maneira ruim?
Ardon fica quieto por um tempo, ele apoia o queixo no meu ombro e
pensa.
Depois de uma longa pausa, ele finalmente fala: — Não, não de um
jeito ruim, isso foi... Eu nunca fiz nada assim antes.
— Você gostaria que não tivéssemos feito? Você se arrepende?
— Eu... eu não tenho certeza... eu sempre pensei que uma vez que
você encontrou seu companheiro, isso seria meio que o fim. Você foi
definida. Meus pais se conheceram quando tinham dezesseis anos e
ainda estão juntos. Agora não sei o que pensar.
Uma única lágrima escorre pela minha bochecha. Não posso suportar
a ideia de ter chateado Ardon ou colocando-o em uma situação que o
deixaria desconfortável.
— Eu não quero te aborrecer, — eu sussurro, segurando seu braço
com mais força.
— Você nunca poderia me aborrecer, — ele diz e beija meu pescoço. —
Só não sei como me sinto.
Ficamos os dois em silêncio por um segundo e começo a temer ter
alterado as coisas de maneira irreparável. Nosso relacionamento é como
um castelo e abri uma porta escondida, deixando o frio entrar.
Nenhum de nós diz mais nada. Nós apenas nos aconchegamos juntos
e, finalmente, caio no sono.
*
— Gennie...
Eu ouço minha voz sendo chamada e corro.
Estou em um labirinto feito de gelo. Em ambos os lados de mim, paredes
altas de água sólida se erguem no céu nublado.
Uma leve rajada de neve está caindo de cima.
— Gennie..., — a voz chama novamente.
Eu não reconheço quem está me chamando. Mas não estou com medo. Há
algo de acolhedor em seu tom. Algo quente e amoroso em sua cadência.
Eu corro pelo labirinto de gelo, meus pés cavando na neve. Eu passo meu
dedo ao longo da superfície lisa das paredes.
Estou usando uma camisola branca fina. Eu deveria sentir frio, mas não
sinto.
Viro esquina após esquina tentando encontrar a fonte da voz, mas cada
curva que faço apenas leva a mais caminhos vazios.
Eventualmente, chego a uma intersecção. O caminho em que estou leva
direto a uma parede com dois caminhos indo em direções opostas.
— Gennie! — A voz chama novamente, mais alto desta vez.
Preciso fazer uma escolha, mas não sei que caminho seguir.
Os sons da voz, é como se estivessem bem na minha frente. Dirijo-me da
direita para a esquerda, focando cada vez mais em pânico.
Qual direção devo tomar?
— Gennie. — Eu ouço a voz, e desta vez não está mais distante, além das
paredes. Está bem atrás de mim.
Eu me viro e fico cara a cara com a mulher mais linda que já vi.
Sua figura escultural é alta e esguia, seus cabelos dourados caem sobre os
ombros e descem pelas costas em cachos delicados.
Seu rosto é rosado e redondo, sua pele é pálida e sutil. Ela usa uma tiara
no topo da cabeça e segura um cetro.
Eu não tenho de perguntar quem ela é porque eu sei instintivamente.
A Deusa da Lua!
Eu faço uma breve reverência, lançando meus olhos para o chão nevado.
— Olhe para mim, minha filha, — diz ela, e sua voz me enche de calor e
conforto, como beber chocolate quente.
Eu levanto meus olhos e ela sorri.
— Deusa da Lua, — eu digo. — Não sei que caminho tomar. O que devo
fazer?
— Minha querida, doce criança. Os únicos caminhos que existem são
aqueles que eu estabeleci para você.
— Mas este... este labirinto?
— Essas paredes de gelo são uma criação sua e vão derreter quando o sol
nascer.
Enquanto ela diz isso, eu me viro. As nuvens acima de mim desaparecem e
uma luz brilhante e ofuscante surge lá de cima.
As paredes encolhem e desaparecem, a neve sob os pés derrete e uma
espessa grama verde aparece. Eu olho em volta e estamos parados em uma
campina. As flores silvestres crescem em todos os tipos de cores e formas.
— E lindo, — eu digo. — Mas o que isso significa?
— Sim, minha querida. Você foi abençoada com dois companheiros
porque achei por bem dar a você.
— Você achou?
— Eu vi a maneira como você sofreu quando pensou que Adam estava
perdido, então eu trouxe Ardon para você. E eu vejo como você ainda o ama,
embora Adam tenha retornado.
Eu pisquei meus olhos em estado de choque. A Deusa da Lua trouxe meus
dois companheiros para minha vida. Ela me deu os dois por um motivo.
— Não existem caminhos nesta vida que eu tenha dado a vocês sem a
força para percorrê-los.
Você foi abençoada com o presente de dois companheiros, preciosa
Gennie. Mostre a eles o amor que eu sei que está dentro de você.
Com um aceno de seu braço, de repente estou cega por uma luz branca. Eu
fecho meus olhos e, quando os abro novamente...
*
Sento-me na cama, sorrindo de orelha a orelha. Eu estico meus
membros e vejo a luz do sol espreitando através das cortinas.
Dormimos até tarde.
Ao meu lado, Ardon ainda está roncando. Seu rosto parece satisfeito e
em paz.
Eu o amo mais neste momento do que nunca. Inclinando-me, coloco
um beijo suave em sua testa antes de pular para fora da cama.
Eu deslizo meus pés em um par de chinelos e me envolvo em um robe.
Preciso ver Adam, contar a ele o que vi.
Eu sei que Ardon estará aqui quando ele acordar. Adam tem que saber
o que aprendi no meu sonho.
Foi apenas um sonho?
Enquanto corro pelos corredores da casa da matilha, me pergunto se
eu realmente poderia ter sido visitada pela Deusa da Lua. Mesmo
sabendo o quão louco isso parece.
Não tenho ideia se o que vi era real. Mas acordei com uma clareza que
não tinha quando fui dormir.
Eu sei qual é a escolha certa e o que a Deusa da Lua quer de mim.
Ambos são meus companheiros, Ardon e Adam, e não posso me
dividir em dois por eles. Amarei os dois igualmente com todo o meu ser.
Finalmente chego à porta de Adam e respiro fundo. Minha excitação é
palpável. Finalmente, não preciso me conter ou fingir que nosso vínculo
não existe.
Eu bato suavemente, e então mais forte quando não há resposta.
Quando Adam ainda não apareceu depois de uma terceira tentativa,
giro a maçaneta da porta e entro na sala.
Está vazia.
Uma sensação sombria de pavor toma conta de mim como uma
sombra ameaçadora.
Algo não está certo.
Dou alguns passos para dentro, mas posso dizer que Adam não está
aqui. Ele não vem aqui há várias horas.
A sala parece grande, fria e vazia.
Percebo um pedaço de papel dobrado sobre uma mesa e, ao examinar
mais de perto, vejo meu nome escrito nele.
Minhas mãos começam a tremer quando pego a carta e começo a ler.
Toda a empolgação que eu sentia se esvai enquanto o pavor envolve
meu corpo no gelo.
Adam deixou esta carta para explicar por que ele não podia mais ficar
na matilha.
Mas não posso absorver os detalhes ou prestar atenção em seu
raciocínio porque tudo que consigo pensar... continuamente é... que ele
foi embora.
Adam se foi.
Capítulo 21
UM APELO À AÇÃO
Alexia

Na manhã seguinte ao festival, abro os olhos meio grogue e rolo para


o lado. Eu envolvo um braço em tomo de Rainier, provocando um
gemido cansado de meu companheiro.
Para todos os efeitos, a festa foi um sucesso. Rainier e eu passamos a
maior parte da noite cumprimentando nossos membros da matilha, pois
é nosso dever como Alfa e Luna fazê-lo.
Mas, com todas as minhas responsabilidades, mal tive tempo de falar
com nenhum de meus amigos mais próximos.
Eu vi Adam e Gennie conversando brevemente, antes de escapar.
Talvez eles finalmente conversaram sobre a tensão entre eles.
Bocejo e espero que tenham tido uma boa noite.
— Devemos levantar, — eu digo enquanto Rainier aperta os olhos
com raiva.
— Nada poderia me acordar esta manhã, — ele responde. Rainier
costuma acordar cedo, mas desde que se tomou pai, ele arrisca-se para
dormir até tarde.
De repente, as crianças irromperam pelas portas do nosso quarto,
rindo e gritando.
Parece que o destino tem outros planos para você esta manhã, Rainier —
Oomph, — eu resmungo enquanto as crianças pulam em nossa cama,
bem e verdadeiramente nos acordando.
— Mamãe, conte-nos sobre o festival, — diz Raiden.
— Foi divertido? — Pergunta Artemis.
— Foi muito divertido, — digo, e sorrio para Rainier, que continua
tentando dormir.
— Pai! — Raiden diz, cutucando-o na lateral. Seu pai rosna e, de
brincadeira, o puxa para o travesseiro e o segura no lugar.
Raiden se debate e Rainier sorri.
No que diz respeito a chamadas de despertar, já tive piores.
— Alexia!
Nosso aconchegante momento familiar termina quando ouço a voz
em pânico de Gennie na sala ao lado.
— Alexia!
— Gennie?
Eu deslizo para fora da cama, jogando um robe sobre meus ombros e
indo para a nossa sala de estar.
Gennie está fechando a porta atrás dela. Sua expressão aflita me
preocupa, e então vejo o pedaço de papel em sua mão.
— Gennie, o que é?
— Ele se foi, — diz ela, segurando o papel enquanto as lágrimas rolam
por suas bochechas avermelhadas.
— O que você quer dizer? Quem?
— Adam, ele se foi.
O quê? Não... não!
Pego o papel dela e vejo que é uma carta com a letra do meu irmão.
Mesmo depois de todo esse tempo, ainda consigo reconhecê-la.
Eu leio a carta o mais rápido que posso, com meu estômago dobrando.
Meu coração começa a bater como uma britadeira enquanto ouço as
palavras do meu irmão: Querida Gennie,
Sinto muito por ter causado tanta confusão em sua vida. Eu sempre quis
fazer você sorrir.
Mas tudo que fiz desde que fui resgatado foi causar dor a você.
Eu sei agora que o melhor para todos é eu ir embora.
Eu gostaria que as coisas fossem de outra maneira, mas eu fiz minha
escolha.
Para mantê-la segura, vou voltar para o único lugar ao qual sei que
pertenço.
E o único lugar em que estou apto agora.
Por favor, não chore por mim. Eu não quero que você se machuque mais.
Um dia, você olhará para trás e ficará feliz por eu ter partido.
Por enquanto e sempre, desejo a você toda a paz e felicidade que a Deusa
da Lua pode oferecer.
Meu amor, minha companheira.
Adeus.
Adam
Largo a carta e pego Gennie.
Eu a puxo em meus braços e, juntas, choramos. Mas minha tristeza
rapidamente se transforma em raiva.
Como ele poderia simplesmente sair assim? Sem dizer um adeus
adequado?
E quão burro ele é em pensar que essa era a única opção?
Por que ele não veio até mim?
Minha raiva rapidamente se transforma em resolução.
Deve haver algum motivo desconhecido para ele ter feito essa escolha.
O que quer que tenha acontecido com ele nos últimos seis anos,
claramente o confundiu.
Deve ser algum sintoma do abuso que ele sofreu. Esses idiotas o
fizeram se sentir inútil e deslocado no mundo real.
É culpa deles ele está correndo de volta para eles.
De repente, sei o que tenho de fazer.
— Nós vamos trazê-lo de volta, — eu digo.
Gennie me olha como se eu tivesse acabado de falar em uma língua
estrangeira.
— Rainier! — Eu chamo meu companheiro, pegando a carta e
entregando a ele.
Ele verifica as palavras rapidamente.
— Ele voltou ao ringue de luta?
— Temos de ir buscá-lo.
Rainier fica quieto por um momento, mas posso ver as engrenagens
rodando atrás de seus olhos. Ele está traçando estratégias.
— Sim, irei com um grupo dos meus melhores lutadores.
— Nós vamos também, — digo, pegando a mão de Gennie.
— Não, é muito perigoso, — Rainier diz com firmeza.
— Nós somos mais do que capazes, — eu solto. — Ele é o
companheiro de Gennie e meu irmão. Estamos indo, Rainier!
— Eu não vou permitir isso, — ele rosna.
— Rainier, — eu digo. — Quando Adam morreu, você me proibiu de ir
ao funeral. Eu vou com você para resgatá-lo.
A boca de Rainier fecha. Foi um golpe baixo trazer o funeral. Rainier e
eu éramos pessoas diferentes naquela época. Nosso mundo era diferente.
Mas não posso sentar aqui e não fazer nada enquanto Adam está
correndo de volta para uma vida de servidão, miséria e dor.
— Tudo bem, — ele murmura a contragosto.
Rainer

Eu saio de meus aposentos.


Eu não queria que Alexia voltasse para aquele covil de violência e
depravação. Não é seguro.
Mas eu vi o fogo em seus olhos e sabia que não adiantava discutir. Sua
mente estava decidida e, quando isso acontece, não havia como falar com
aquela mulher.
Eu deveria estar com raiva do meu cunhado por fugir e causar todos
esses problemas. Mas estou muito ciente do domínio que um mestre
abusivo pode exercer sobre uma pessoa.
Todos os anos em que meu pai me bateu até eu sangrar, tudo que eu
sempre quis foi agradá-lo. Eu me coloquei no inferno tentando deixá-lo
orgulhoso.
Até o dia em que surtei.
Adam é o mesmo, correndo de volta para um lugar que sempre
mostrou desdém por ele. E sentir que o anel é o único lugar que vale a
pena.
Mas se ele for levado longe demais, ele vai quebrar também. E ao
contrário de mim e meu pai, Adam será derrotado.
Se ele quebrar, ele morrerá.
Não temos muito tempo.
— Papai! — Ouço a voz de Artemis atrás de mim e me viro. — Eu
quero ir!
Eu me ajoelho enquanto minha garotinha corre para me encontrar.
— Deixe-me lutar com você, papai. Eu quero trazer o tio Adam para
casa.
Eu acaricio o cabelo da minha filha e a seguro em mim.
— Um dia você será a guerreira mais forte que esta matilha já viu,
menina. Mas hoje eu preciso que você fique aqui e cuide de seus irmãos.
Eu me inclino para trás e olho em seu rosto carrancudo.
— Eles precisam de você agora. Você entende?
Artemis considera o que eu disse antes de concordar.
— Não se preocupe, vou protegê-los, — diz ela.
— Boa menina, — eu digo, beijando sua testa com orgulho. Ela se vira
e volta para o nosso quarto. Depois que ela desapareceu de volta para
dentro de nossos aposentos, vou procurar Toby. Dou-lhe instruções para
reunir nossos melhores lutadores e me encontrar na entrada oeste da
casa da matilha em meia hora.
Volto para nossos aposentos para descobrir que nossa babá já veio
buscar as crianças, e Alexia e Gennie estão se vestindo.
Elas parecem fortes e prontas em seus equipamentos de batalha.
Eu ando até Alexia e coloco a mão em seu ombro.
— Vamos trazê-lo de volta, — eu digo. Ela balança a cabeça em
concordância.
Dentro de uma hora, estamos na estrada, dirigindo para oeste na
direção do ringue de combate.
Vamos trazer Adam para casa mais uma vez...
E desta vez pretendo fechar aquele lugar para sempre.
Capítulo 22
O RETORNO À ARENA Adam
Estou sentado em um banco esperando minha próxima luta e só
consigo pensar no fedor.
Assim que voltei, o cheiro fétido e podre deste lugar atingiu meu
nariz, e não deixou minha consciência desde então.
Será que ele sempre cheira assim tão mal? Ou eu esqueci tão
rapidamente dele?
Eu estava acostumado a isso antes?
Voltar foi fácil. Eu não me importava com as provocações e vaias dos
outros lutadores enquanto eu andava através da multidão para encontrar
Maximus.
Meu antigo mestre sorriu quando me viu chegar, batendo-me nas
costas antes de me empurrar direto para uma de suas celas vazias.
Disseram-me que, porque voltei por conta própria, eles não me
forçariam a ficar na minha forma de lobo.
Eu me pergunto quanto tempo isso vai durar.
Por volta do meio-dia, Asher veio para se gabar e zombar. Sentei-me
em silêncio e o deixei se exaurir.
Mais uma hora se passou antes que alguém, outro lacaio de Maximus,
viesse me buscar.
Minha primeira luta seria esta noite.
Então, aqui estou eu na cela, prestes a entrar na arena mais uma vez.
Há um par de outros caras aqui comigo. Um deles é uma grande
montanha de homem.
Ele está parado em silêncio no canto estalando os nós dos dedos,
evitando contato visual.
O outro é mais magro, esguio e taciturno. Ele está agachado a alguns
metros de distância, murmurando para si mesmo.
Ambos são muito musculosos, cobertos de cicatrizes e hematomas. Eu
os reconheço de lutas que eu tive ao longo dos anos. Embora eu não sei
se eu já havia enfrentado qualquer um deles antes.
Os últimos seis anos são um borrão.
Eu me pergunto contra qual lutarei esta noite?
A porta da arena se abre, deixando entrar o barulho de uma multidão
barulhenta e um fluxo de luz empoeirada. Na escada, está Maximus.
Ele se eleva acima de mim, mas não lhe dou a satisfação de reconhecer
sua presença.
— Olhe para mim, garoto, — ele diz, chutando meu pé.
Relutantemente, eu olho para ele.
— Só vim ver como você estava. Você está pronto para lutar?
Eu não respondo. Ele ri.
— O quê? Você acha que é melhor do que nós agora? Você sente o
gostinho de casa e de repente pensa que está acima de tudo isso?
Cuspe voa de sua boca enquanto ele fala, e cerro os dentes.
— Bem, ouça, seu merda. Você tem muito a provar em sua próxima
partida, se entende o que quero dizer. Tenho muito a ganhar se você for o
vencedor.
Ele está me ameaçando. Eu sei porque é o que ele fez durante os
últimos seis anos. Mas ele sabe que eu vou ganhar, porque existem
apenas duas maneiras de sair dessa gaiola. Ou você ganha ou você morre.
— Grande coisa, — Eu solto.
— Você acha que isso é uma piada? — Ele diz, se abaixando e
chegando perto do meu rosto. — Eu deixei você escapar uma vez, garoto.
Não cometa o erro de pensar que isso vai acontecer novamente. Você é
meu, entendeu?!
Eu engulo em seco.
— Eu te possuo. Esta vida é tudo que existe para você agora.
Compreende? E isso para você, para sempre.
Minhas narinas dilatam e minhas mãos se fecham em punhos. Eu
quero dar um soco em seus dentes.
— Você está com raiva, — ele diz. — Bom, use-a.
Porque a única maneira de você sair desta vida é em um saco.
Maximus endireita e vira a cabeça para a porta. Mas ele volta a colocar
sal na ferida.
— Lembre-se, — ele zomba, — você só vale alguma coisa para mim se
ganhar.
Maximus sai, deixando a porta bater atrás de si.
Pouco depois, a porta se abre novamente. Um menino é jogado para
dentro antes que se feche mais uma vez.
A criança não pode ter mais de oito ou nove anos. Ele tropeça para
frente e eu pulo para alcançá-lo.
Ele cai em meus braços e imediatamente posso dizer o quão magro ele
é. Eu posso sentir seus ossos sob sua pele.
Eu ajudo o garoto a se sentar e me ajoelho na frente dele.
Ele não está nada bem. Bochechas pálidas, hematomas no peito e uma
grande cicatriz escorrendo pelo rosto.
Droga, ele é apenas uma criança!
Por mais duro que pareça, posso dizer que ele está lutando há um
tempo. Seus músculos estão muito mais desenvolvidos do que deveriam
ser para alguém de sua idade.
— Ei, qual é o seu nome? — Eu pergunto.
— Aeros, — ele murmura.
Sua cabeça está caindo de um lado para o outro e parece que ele está
tendo dificuldade em focar sua visão.
Alguém drogou essa criança ou algo assim?
— Aeros, você está bem?
— Cuidado com ele, — diz o ocupante esguio do nada. — Que aí está
o campeão da gaiola.
— Isso está certo? — Eu digo a Aeros.
Ele concorda.
— Ele matou mais homens do que você jamais lutou, — continua
Lanky.
O garoto cai de lado e eu o ajudo suavemente a levantar as pernas para
que ele possa se deitar. Ele não está em condições de lutar.
Só de ver esse pobre garoto faz meu sangue ferver.
A raiva começa a me consumir e eu fico de pé, bufando.
Isso não está certo..., eu acho. -Todo esse lugar fodido está errado.
Não tem como aquele garoto escolher essa vida, e agora ele está preso
aqui em um sistema fodido que vai arrancar todos os vestígios de sua
humanidade.
Eu sei porque voltei. Eu sabia que precisava proteger Gennie, Alexia e
sua família. Mas agora que estou aqui, vejo que não posso mais fazer
parte disso.
Maximus estava certo. Eu sou melhor que isso Eu não posso escapar e
eu nunca poderei voltar para a matilha. Mas isso não significa que eu não
possa fazer a diferença.
Maximus quer me forçar a lutar, e se eu me recusar?
E se eu me deitar e me submeter?
Ele pode me matar. Mas pelo menos minha consciência estará limpa.
Pelo menos terei defendido o que é certo.
Quando eu era o Alfa da matilha Northridge, costumava acreditar nas
coisas. Honra, dever, justiça. Eu costumava defender tudo isso.
E no meu tempo como escravo de Maximus, esqueci. Eu esqueci quem
eu sou.
Mas não mais. Maximus tirou muito de mim. Forçou-me a uma vida
de violência que não escolhi.
E não tenho de escolhê-la agora.
Aposto que esse garoto também não escolheu. Eu tomo a decisão de
mostrar a ele que ele não pode mais escolher por mim.
Talvez se eu fizer isso, alguém notará. Talvez eles ajudem esse garoto.
De qualquer maneira, não vou lutar. Mesmo que isso signifique que eu
morra.
Um trabalhador grosseiro enfia a cabeça pela porta e chama meu
nome.
— Adam, é você agora. Você também, Brock.
Eu me viro e vejo o homem montanha levantar a cabeça. Ele dá um
passo estrondoso em direção à porta.
Enteio, este é o homem que vai acabar com minha vida.
Eu o deixei ir na minha frente enquanto caminhamos pelo corredor
escuro em direção ao ringue.
Tantas coisas terríveis aconteceram comigo em minha vida. E eu não
tive nenhum controle.
Mas estou assumindo o controle de volta agora.
Maximus não pode mais definir meu valor.
Eu entro na arena com os gritos e provocações de uma multidão de
lobos vorazes. Eles estão todos bêbados. Com sede de ver sangue
derramado.
Eles estão prestes a realizar seu desejo.
Brock precisa se abaixar para passar pela porta da arena. Eu o sigo e
tomo meu lugar no ringue.
A porta da arena está fechada e trancada.
Uma buzina soa, sinalizando o início da luta.
Brock muda para sua forma de lobo. Mas eu não quero.
Eu não movo um músculo.
Fecho os olhos, respiro fundo e penso em Gennie.
Eu quero que ela seja a última coisa que eu vejo antes de morrer.
Capítulo 23
LIVRE
Alexia

Estou cercado por homens gritando e erguendo os punhos no ar.


Rainier e eu estamos levando os outros para a multidão que enche o
armazém onde o ringue de luta acontece. Está tão lotado que somos
forçados a viajar em linha reta.
Pelos gritos ao meu redor, posso dizer que uma nova partida acabou
de começar e a multidão está preparada para ver alguém cair.
Alguém derrama cerveja em mim quando eu passo, e Rainier,
percebendo, os empurra de lado.
— Vai, — ele me diz. — Encontre Adam. Nós vamos fechar este lugar.
Eu levo Gennie comigo e abrimos caminho até a frente da multidão.
Minha boca se abre quando vejo Adam de pé na arena e o pilar gigante
de músculo que ele está prestes a enfrentar.
Gennie engasga.
Seu oponente parece pronto, sedento de violência. Mas Adam está de
pé, com os braços flácidos ao lado do corpo.
O que ele está fazendo?
Uma buzina soa, sinalizando o início da partida, e o gigante se mexe
antes de atacar meu irmão com suas mandíbulas estalando.
Mas Adam não se transforma!
Ele nem mesmo tenta se esquivar de seu ataque quando o gigante
avança sobre ele.
— O que ele está fazendo?! — Gennie grita, com sua voz frenética.
O lobo começa a trabalhar chicoteando suas garras na garganta de
Adam. Suas mandíbulas são largas e suas presas como facas.
Por que ele não está revidando?!
Se eu não fizer algo neste segundo, Adam vai ser morto. A partida vai
acabar antes mesmo de começar.
— Temos de tirá-lo de lá! — Eu grito, e sem pensar, nós duas
mudamos para nossas formas de lobo.
Juntas, avançamos na porta da gaiola. Ela entorta um pouco quando
colidimos com ele. Mas não cede.
Basta que o lobo gigante se distraia momentaneamente. Conseguimos
pelo menos mais um segundo para Adam.
Gennie e eu recuamos e batemos no portão mais uma vez, e desta vez
ele se solta das dobradiças e eu caio no ringue.
A multidão está enlouquecendo. Mas sua atenção está sendo desviada
do ringue. Uma luta estourou atrás deles.
Não tenho tempo para me perguntar se Rainier está envolvido ou para
me preocupar com ele, porque quando me levanto, percebo que o lobo
gigante está olhando para mim.
Eu estalo minhas mandíbulas como um aviso, mas o gigante não se
intimida.
Ele se afasta do corpo machucado e ensanguentado de Adam e faz
uma carranca em minha direção.
Claro que ele não está com medo, eu penso.
Tenho menos da metade do tamanho dele.
Mas sua arrogância será sua ruína.
Antes que ele tenha a chance de atacar, eu pulo no ar, rasgando-o com
minhas garras enquanto eu voo sobre ele e pouso suavemente do outro
lado.
Ele se vira de novo, mas é muito lento. Eu pulo em sua garganta e
rasgo sua pele.
Lutando, ele tenta me arrancar, mas eu balanço meu corpo,
desviando-me de seus golpes. Sou muito rápida para ele e agora ele sabe
disso.
A pequena porção da multidão que ainda está assistindo ao ringue
está ficando louca — eles vão receber duas lutas pelo preço de uma esta
noite.
Eu me agarro ao gigante com meus dentes, enquanto Gennie, tendo
mudado de volta para sua forma humana, se arrasta para dentro da
gaiola, correndo para o lado de Adam.
Uivando, meu oponente resiste e sou jogada no ringue. Eu bato nas
barras de metal da gaiola e bato no chão com força.
Eu dou uma olhada rápida para meu irmão. Ele não está se movendo.
A raiva consome meu ser e pulo no gigante mais uma vez.
Desta vez, não estou brincando. Miro sua garganta e, com um
movimento rápido, arranco sua jugular.
O sangue respinga no chão enquanto o gigante cai.
Em um instante, mudei de volta para minha forma humana. Corro até
Adam e pego seu rosto em minhas mãos.
Passo os dedos em sua testa e olho preocupada para Gennie, que tem
lágrimas nos olhos.
Por favor, esteja vivo. Por favor, esteja vivo!
Ele tosse e abre os olhos.
Graças à Deusa!
— Você veio atrás de mim, — diz ele, parecendo confuso. — Vocês
duas.
— Claro que sim, — eu digo. — Eu perdi você uma vez, nunca que eu
iria te perder uma segunda vez. Você consegue se levantar?
Adam balança a cabeça, estremecendo, e com cuidado Gennie e eu o
ajudamos a se levantar.
— Você está voltando para casa para sempre desta vez, — eu digo.
Rainer

— Vá, — eu digo para Alexia. — Encontre Adam.


Vamos fechar este lugar para sempre.
Acabamos de chegar ao armazém e estamos pressionados no meio da
multidão. Alexia e Gennie vão em frente para encontrar Adam,
desaparecendo instantaneamente no caos.
Meus lobos e eu estamos prestes a sair em busca dos homens
responsáveis por tudo isso quando alguém entra em meu caminho.
Ele tem cabelo comprido e oleoso, e seu rosto é envelhecido.
— Você não deveria estar aqui, Alfa, — ele zomba.
— Este ringue de luta é uma violação clara das leis da matilha. Eu vim
para fechá-lo.
— Entendo, — ele diz, acariciando o queixo. — A questão é que não
operamos sob a lei da matilha. E você está invadindo nosso território.
Enquanto ele fala, a atenção da multidão muda da gaiola no centro
para nós. Um grupo de lobos de aparência sarnenta aparece atrás do
homem de cabelos oleosos.
— Quem você pensa que é? — Eu rosno.
— Meu nome é Maximus e este é meu reino.
— Você negocia com escravidão e morte, você não é um governante.
— Talvez, mas não é assim que os bandidos aqui veem a questão. E o
fato é que você não é bem-vindo aqui.
— Afaste-se, — eu exijo, apertando minha mandíbula.
— Eu não posso fazer isso. Eu e meus bandidos, não aceitamos
invasores, sabe?, — diz ele, enquanto seus homens começam a se mexer
um por um.
— Se você quiser sair daqui vivo, eu voltaria agora, Alfa.
Eu rosno ameaçadoramente, mas esse idiota simplesmente sorri.
— Nunca. Lobos, ataquem! — Eu exclamo para minhas tropas antes
de pular para frente, me transformando conforme avanço.
Atrás de mim, ouço a transformação de meus homens. O bando de
bandidos salta para a frente e em um segundo todo o inferno se abre.
Minhas tropas estão lutando com unhas e dentes contra esses
bandidos enquanto a multidão começa a entrar em pânico e fugir.
Ninguém está mais olhando para o ringue principal, e espero que dê
tempo para Alexia e Gennie resgatarem Adam. Em vez disso, eles estão
assistindo a uma nova luta.
Gritos sobem até as vigas da arena.
Quando eu pouso, Maximus também se transformou. Nós circulamos
um ao outro.
Você gosta de colocar os homens uns contra os outros, eu penso. -Vamos
ver como você se sairia no ringue.
Rosnando, avanço sobre meu inimigo. Meus dentes estão à mostra e
desejo derramar seu sangue.
Maximus salta para me encontrar e nós colidimos. Eu agarro seu
pescoço, mas ele se vira para me evitar.
Eu o bato de lado e giro, golpeando com minhas garras.
Ele se abaixa e me derruba. Eu bato no chão com força, mas não tenho
tempo para me recompor.
Maximus está em cima de mim, suas presas perigosamente perto do
meu pescoço. Eu olho ao redor e vejo meus homens lutando, caindo.
Estamos perdendo a batalha.
Mas não posso deixar isso acontecer. Não vou deixar esses lobos, esses
mercadores da miséria, vencerem.
Uivando, empurro Maximus de cima de mim, fazendo-o voar. Ele
pousa com um baque e um grito. Todos os outros lobos se viram para
assistir enquanto eu avanço.
Saltando no ar, eu caio sobre meu inimigo e aperto minhas
mandíbulas em volta de seu pescoço. Em um movimento rápido, eu ouço
o estalo de sua espinha.
Ele cai frouxamente no chão.
Mas sua morte não é suficiente. Não depois de anos de dor e tortura
que ele infligiu a seus escravos e a meu cunhado.
Eu mudo de volta para a forma humana, mas mantenho minhas garras
alongadas. Então eu atravesso meu punho em seu peito, esmagando suas
costelas e arrancando seu coração.
De pé, jogo o coração no meio da briga.
Os lobos de Maximus encaram a força vital de seu mestre, agora uma
poça vermelha espalhada no concreto.
Meus homens continuam lutando. Estimulados pelo meu triunfo, eles
empurram o inimigo para trás. O sangue respinga enquanto eles rasgam
as gargantas dos bandidos, levando-os para fora um por um.
A multidão vai à loucura, mas não com aplausos. Eles sabem que estão
com problemas e estão correndo para todas as direções. Ninguém quer
ser pego por mim ou por meus lobos.
Em minutos, o lugar está vazio, exceto por mim e meu povo.
Alexia cambaleia para fora da arena, ela e Gennie carregando Adam
nos ombros. Ele parece gravemente ferido, mas vai sobreviver.
Eu examino o armazém e a arena. Tirando os cadáveres de nossos
inimigos, o lugar é um deserto.
O ringue de luta foi dissolvido, pelo menos por enquanto.
E nós resgatamos Adam da morte certa.
Eu olho para Alexia e sorrio.
Finalmente, sou capaz de compensar meus erros do passado.
Consegui trazer o irmão da minha companheira para casa.
Capítulo 24
SANTÍSSIMA TRINDADE
Adam

Eu levanto minha camisa enquanto me examino no espelho. Uma


semana atrás, meu abdômen parecia uma bagunça, mas agora minhas
feridas do ringue estão quase completamente curadas.
A definição no meu abdômen voltou e apenas cicatrizes leves quase
imperceptíveis permanecem.
Eu nunca deveria ter voltado.
Eu quase morri...
Se não fosse por Alexia...
E Gennie...
Preciso me desculpar com Gennie por ter saído do jeito que saí.
Achei que estava fazendo a coisa certa ao me distanciar, mas só acabei
machucando ela ainda mais.
Eu preciso acertar as coisas entre nós.
Deixo meu quarto e vou para a casa de Gennie, esperando que ela
esteja com disposição para perdoar.
Quando eu chego, bato suavemente à sua porta, mostrando minha
hesitação.
Não é hora de adivinhar.
Eu vim aqui para encontrar um encerramento.
Meu lobo rosna em desaprovação.
Eu não posso culpá-lo. Ele quer estar com sua companheira.
E eu também — mas...
A porta se abre e Ardon está diante de mim com uma expressão
ilegível.
Sinto meu lobo amolecer, mas não entendo por quê.
~ Não é Ardon minha maior ameaça? A pessoa que está atrapalhando
meu relacionamento com Gennie?
Ardon me dá um sorriso estranho e me conduz para dentro.
— Ótimo, você está aqui, — ele diz. — Precisamos falar com você.
Sigo Ardon para a sala de estar me sentindo muito confuso. Gennie
está sentada no sofá, mas se levanta quando eu entro.
Ela corre e joga os braços em volta de mim, quase me derrubando.
Meu rosto está quente. -Ardon está bem aqui!
Eu posso sentir meu lobo se aninhando contra a borda da minha
mente, tentando alcançar sua companheira.
Pare! Digo a ele. -Ela não é mais sua.
Mas quando olho nos olhos de Gennie, fico surpreso.
Tudo o que vejo é amor e admiração.
Mas talvez eu esteja apenas vendo o que quero ver...
Gennie, eu...
— Adam, espere, — ela diz, dando um passo para trás. — Antes de
dizer qualquer coisa, preciso que me escute.
Eu aceno, olhando de soslaio para Ardon. Ele parece calmo e
composto.
Gennie coloca a mão sob meu queixo e volta minha atenção para ela.
— Adam, antes de você sair, havia algo que eu estava tentando lhe
dizer.
Ela quer que eu recue, parei deixá-la viver sua nova vida com Ardon.
Meu lobo se coça de irritação.
O quê? Você sabe que é verdade.
Mas eu nunca poderia ter previsto as palavras que saíram da boca de
Gennie em seguida...
— Eu te amo.
— O quê? — Eu gaguejo.
Meu lobo abana o rabo e levanta o focinho como se dissesse: — Veja,
eu te disse.
— Mas e quanto... — Eu olho para Ardon, que ainda está
completamente à vontade.
— Eu também o amo, — diz Gennie.
Gennie segura minhas mãos nas dela.
— Recebi uma visão da própria Deusa da Lua — este é o meu destino.
Gennie olha para Ardon, depois volta para mim.
— Nosso destino. De nós três.
Minha cabeça está girando, mas de alguma forma tudo isso faz
sentido. Meu lobo sabia disso antes de mim.
Senti na floresta naquela noite antes de partir e agora sinto de novo.
Ardon ri de mim enquanto eu me esforço para absorver tudo.
— Também era difícil para mim compreender, — diz ele. — Mas quem
sou eu para questionar a vontade da Deusa da Lua?
Ardon se aproxima e coloca a mão no meu ombro. — Ela nos deu sua
bênção, e eu também estou dando a minha a você.
Viro-me para Gennie e não consigo deixar de sorrir.
— Vocês dois foram feitos para serem meus companheiros, — diz ela.
Eu aceno silenciosamente, ainda sorrindo. Meu coração e minha
mente estão limpos.
Gennie pega minha mão e depois a de Ardon.
Eu sinto um choque incrivelmente poderoso de eletricidade passar
por mim. Meu corpo inteiro está zumbindo.
Gennie começa a nos puxar em direção ao quarto.
— Vamos tomar isso oficial, — diz ela.
Gennie

Estou sentindo minha atração por meus companheiros como nunca


antes.
E estou sentindo por ambos os meus companheiros.
Eu os conduzo até a cama e empurro cada um deles para que eles se
sentem e eu fique de pé sobre eles.
Ardon e Adam trocam olhares nervosos e eu tenho que conter uma
risada.
Este é um território novo e inexplorado para todos nós, mas estou
seguindo meus instintos e deixando o controle do acasalamento assumir.
Está me dando um novo tipo de confiança que nunca experimentei
antes.
Eu puxo meu vestido sobre minha cabeça, e meus dois companheiros
bebem de meu corpo com desejo.
— Tirem as camisas, — eu digo.
Adam e Ardon tiram suas camisas e eu admiro seus corpos definidos.
Adam — com seu abdômen perfeitamente tonificado, acentuado por
cicatrizes de batalha...
Ardon — com sua linha em V definida e seu peito cabeludo...
Eu deslizo para fora do meu sutiã e calcinha, em seguida, monto em
Ardon.
Não vou apenas olhar para essas obras de arte. Eu vou tocá-las.
Enquanto me contorço no colo de Ardon, agarro Adam e o puxo para
mim.
Nossos lábios colidem e sua língua desliza sem esforço em minha
boca.
Eu mal me permito respirar antes de mudar para Ardon.
Enquanto nossas línguas se enredam, ouço Adam desfazendo a fivela
do cinto.
De repente, sinto sua mão na minha nuca e ele me vira para encará-lo.
Seu pau está totalmente ereto e a apenas alguns centímetros de meus
lábios entreabertos. Eu abro totalmente — eu tenho de fazer se vou
tomar tudo dele.
Minha boca está instantaneamente cheia e eu deixo o comprimento
de Adam deslizar sobre minha língua. Ele grunhe em aprovação.
Ardon está tirando as próprias calças e chutando-as para o lado. Agora
eu sinto sua masculinidade por baixo do meu sexo molhado.
Eu quero gritar para ele me encher, para me dar cada centímetro, mas
eu mal posso fazer um som com Adam no fundo da minha garganta.
Ardon sabe exatamente o que eu quero...
Soltei um grito abafado quando seu pau entrou no meu sexo apertado.
Ele agarra meus quadris e eu me movo para cima e para baixo
ritmicamente.
Adam segura meu cabelo e enfia na minha boca com ainda mais força.
Tento ao máximo não engasgar, mas ele é tão grande.
Ele finalmente sai, com seu pau molhado com minha saliva. Limpo
minha boca, mas ainda estou com fome de mais.
Meus instintos mais primitivos assumiram o controle.
Eu mordo o lábio de Ardon enquanto o beijo, em seguida, deslizo
lentamente para fora de seu pau.
É a vez de Adam.
Eu rastejo para o centro da cama e Adam pressiona sua mão na parte
inferior das minhas costas, fazendo-me arquear. Ele provoca meu sexo
com seu pau.
Ardon se move na minha frente e agora é seu comprimento na minha
boca, enquanto eu estou de quatro.
Eu sinto Adam pressionar em mim e eu o aceito prontamente.
Meus companheiros começam a meter em mim de ambas as
extremidades, e eu sinto uma onda de eletricidade que se conecta ao meu
núcleo, explodindo com um prazer indescritível.
Estou tendo um orgasmo de uma maneira que nenhum companheiro
sozinho poderia proporcionar por conta própria.
Eu quero que isso continue para sempre, mas tenho medo de
desmaiar com as sensações avassaladoras.
Ardon geme, incapaz de se conter por mais tempo. Ele libera sua
semente quente em minha garganta.
Adam goza dentro de mim apenas um momento depois, quase em
sincronia.
Ainda dentro de mim, Adam me puxa para que eu fique de pé. Ardon
pressiona contra mim pela minha frente.
Estou imprensada entre meus dois companheiros, cavalgando o
prazer abençoado, quando...
Adam afunda os dentes no meu ombro por trás.
Ardon segue imediatamente, mordendo meu outro ombro.
Meus companheiros estão me marcando... juntos desta vez.
Achei que o prazer que acabara de experimentar fosse do outro
mundo, mas não era nada comparado a isso.
Estou mais do que satisfeita quando eles retraem suas presas, e todos
nós caímos na cama em uma pilha de nossos membros emaranhados.
Adam acaricia meu cabelo suavemente enquanto Ardon enxuga o suor
da minha testa.
— Aquilo foi... — Adam tenta expressar seus pensamentos, mas ele
está sem palavras.
Perfeito nem vou começar a descrevê-lo.
Parece que todo o meu mundo, todo o meu universo finalmente se
encaixou no lugar.
Tudo está como deveria ser.
E mal posso esperar para passar o resto da minha vida com os homens
que amo.
Capítulo 25
DORES CRESCENTES
Artemis

Dezessete Anos Depois


Enquanto me sento na minha cama na casa da matilha, respiro fundo
e olho ao redor da sala. Este é o quarto em que cresci.
As prateleiras ainda estão cheias de livros que meus pais leram para
mim quando criança. Livros sobre os deuses e Alfas nórdicos do passado.
Por muito tempo, compartilhei este quarto com meu irmão gêmeo,
mas ele se mudou para o quarto ao lado há alguns anos. O dia em que
paramos de dividir o quarto foi um grande dia para nós.
E agora é um dia ainda maior. Porque as coisas estão prestes a mudar
ainda mais drasticamente.
Consegui convencer meu pai a me deixar sair da casa da matilha. Vou
ficar em uma cabana na floresta e estou animada por finalmente ter uma
casa só minha.
Mas com Raiden saindo ao mesmo tempo da minha mudança, parece
que tudo está acontecendo muito rápido.
Eu só queria não ter de enfrentar essas mudanças sozinha.
Por vinte e três anos, meu irmão gêmeo Raiden e eu temos sido
inseparáveis.
Nós brincamos, choramos e sempre estivemos lá um pelo outro. Eu o
protegi e defendi contra agressores e durante momentos de violência.
E em troca, ele me fez rir e me trouxe alegria.
Ele e eu somos pessoas extremamente diferentes. Ele é selvagem e
divertido, enquanto eu sou mais pé no chão. Mas temos uma coisa em
comum: faríamos qualquer coisa um pelo outro.
Meus pais são os líderes da matilha, e um dia Raiden deveria receber o
título de Alfa de nosso pai.
Mesmo que tudo que eu sempre quis em toda a minha vida fosse ser
como meu pai e me tomar o Alfa, o costume afirma que o título deve ir
para o herdeiro homem.
No entanto, tudo isso está mudando hoje.
Raiden não apenas desistiu oficialmente de seu direito a ser Alfa, mas
também está partindo para viajar. Ele sempre quis ver mais do país, então
ele está indo para a Costa Oeste e dirigindo de lá para o norte.
Ele vai ver de tudo, do Grand Canyon às sequoias gigantes.
Meus pais ficaram um pouco chocados quando ele anunciou que
estava indo embora, mas não ficaram surpresos ao ouvir que ele estava
deixando o cargo e permitindo que eu me tomasse uma Alfa.
Como meu gêmeo, ele provavelmente podia sentir que era a única
coisa que importava para mim. Considerando que ele se preocupa mais
com aventura e exploração... e garotas.
Vou ficar triste por me despedir. Mas também tenho muito trabalho e
muito treinamento a fazer para me tomar a líder que desejo ser.
Raiden deixar o cargo é uma coisa, ele sair por um longo período de
tempo é outra.
Uma parte de mim sente que minha vida pode finalmente começar,
enquanto outra pensa que tudo está acabando.
Pela primeira vez, vou ficar sozinha sem meu irmão gêmeo. E não
tenho ideia de como vou lidar com isso.
Estou sentada em meu quarto, esperando para descer para seu
banquete de despedida, sem saber se posso encarar os rostos avaliadores
de nossa matilha, quando alguém bate à porta.
— Entre, — eu digo, me levantando. Eu me certifico de que não haja
vincos no meu vestido quando Raiden entra na sala.
— Ei, mana, — ele diz.
Eu dou a ele um sorriso relutante.
— Achei que poderíamos descer juntos.
Como de costume, sinto como se ele pudesse ler minha mente.
— Isso seria bom, — eu digo.
Eu deslizo meu braço no dele e nós descemos as escadas.
Antes de chegarmos ao salão do banquete, ouço nosso irmão mais
novo, Adam, nos chamando. — Espere! — Ele diz, descendo as escadas de
três em três, tentando nos alcançar.
— Você está sempre atrasado, — eu digo provocadoramente quando
ele chega até nós e se enrola, bufando.
— Não consegui deixar meu cabelo do jeito que gosto, — ele suspira.
— Parece ótimo, — eu digo. — Vamos lá, eles estão esperando.
Juntos, nós três entramos.
Lá dentro, nossos pais, junto com nossos companheiros membros da
matilha, estão esperando.
Todos estão sentados ao redor de mesas circulares, bebendo vinho e
mordiscando pão antes da chegada das refeições. Eles se levantam e
aplaudem enquanto nos dirigimos para nossa mesa.
Eu deslizo para o lado do meu melhor amigo Jackson e sento. Ele
ergue a sobrancelha e sussurra conspirativamente para mim.
— Isso foi uma entrada.
— Cale a boca, — eu digo, cutucando-o nas costelas.
— Eu gostaria de conseguir uma sala onde as lobas olhassem para
mim assim!
Tudo o que posso fazer é revirar os olhos. Jackson é obcecado por
mulheres. Muita gente pensa que, porque crescemos juntos, nós dois
acabaremos sendo companheiros.
Mas não pensamos um no outro assim. Treinamos juntos desde
pequenos e nos metemos em todo tipo de dificuldades. Ele é mais como
um terceiro irmão para mim.
Se ele alguma vez tentasse algo comigo, seria mais provável que eu o
colocasse em um estrangulamento do que retribuísse.
Além disso, não tenho interesse em encontrar um companheiro de
qualquer maneira.
Eu olho para meus pais. Mamãe está conversando com Raiden,
provavelmente pedindo para verificar se ele está levando roupas íntimas
suficientes para sua viagem mais uma vez.
Meu pai me olha e me pega olhando. Ele me dá uma piscadela.
— Vamos sentir sua falta, Raiden, — diz minha mãe, enxugando as
lágrimas. Odeio admitir, mas vê-la chorando está me deixando com
medo de fazer o mesmo.
Não sei por quê. Eu sabia que esse dia estava chegando.
Raiden sempre falou sobre querer sair e ver o mundo. E depois que o
tio Adam partiu para viajar pelo mundo com a tia Gennie e Ardon, era
apenas uma questão de tempo até que Raiden seguisse o exemplo.
— Pelo menos ela ainda terá você, — Jackson sussurra em meu
ouvido. — Ei, você acha que Raiden vai encontrar sua companheira
enquanto ele está lá fora, vendo o mundo?
— Ha! — Eu ri. — Se ele conseguir encontrar alguém que aguente
seus pés fedorentos, será um lobo de sorte.
— Quero dizer, é hora de vocês dois começarem a pensar em
encontrar alguém para se estabelecerem, não é?
Eu pressiono meus lábios e balanço minha cabeça para Jackson. Ele
sempre sabe como irritar.
— Tanto faz, — eu digo, sem olhar nos olhos dele.
— Estou mais interessado em chutar o seu traseiro no treinamento do
que encontrar algum homem para me estabelecer.
— Você não deve ser tão rápida em desconsiderar o destino, Artemis,
— minha mãe interrompe do outro lado da mesa. Ela sempre teve uma
audição anormalmente boa. Especialmente quando se trata de seus filhos
discutindo sobre companheiros.
Ela me olha com um sorriso astuto e um brilho malicioso nos olhos.
— Eu quase desisti de encontrar meu companheiro quando seu pai
chegou. Mas o amor pode aparecer quando você menos espera.
Eu zombo e cruzo os braços.
Agora eu realmente queria que Raiden ficasse. Com ele ausente, vou
suportar todo o peso da busca de minha mãe por netos.
Acho que nunca vou entender o porquê de tanto alarido.
Cada lobo da matilha está tão obcecado em encontrar um
companheiro. Mas eu não.
Eu nunca tinha pensado nisso até chegar à puberdade, e então se
tomou a única coisa sobre a qual as pessoas podiam falar.
E mesmo assim não estava na minha lista de prioridades. Tenho
planos maiores em mente.
Talvez nunca entenderei por que os companheiros são tão
importantes, mas tudo bem, porque um dia serei responsável por toda
essa matilha.
E nada vai me impedir de me tomar a melhor Alfa que esta matilha já
teve.
Nada...
Livro Três
Livro sem Revisão

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Capítulo 1
O CORAÇÃO DE UMA FÊMEA ALFA Artemis
— Só a pele. Sem dentes.
Meu pai me encara, me avisando para não levar isso muito longe, mas
onde está a diversão nisso?
Eu olho para o homem excessivamente orgulhoso na minha frente e
sorrio perversamente, deixando meus caninos descerem apenas o
suficiente para ele ver.
Seus olhos se arregalam de surpresa, e é neste momento que ele sabe
que cometeu um erro.
Já faz um tempo que não sou desafiada por um homem, ou qualquer
um, mas sei como o ego de um jovem Alfa pode rapidamente colocá-lo
em apuros, então não vou usar isso contra ele.
Minha loba, no entanto, pode não ser tão indulgente.
O jovem futuro Alfa foi enviado aqui por seu pai algumas semanas
atrás para um treinamento extensivo, e ele tem testosterona suficiente
para fazê-lo fazer merdas como essa.
Por mais irritado que ele ficasse quando eu o colocava no chão
durante o treinamento, eu sabia que esse desafio estava por vir.
Mal sabe ele, treinei minha vida inteira para isso. — Você pode muito
bem desistir agora, — eu ouço Jackson falar de algum lugar atrás de mim.
— Evite o constrangimento de ela te dar uma surra na frente de todas
essas pessoas.
O rosto do jovem Alfa fica vermelho, suas pupilas dilatam até seus
olhos ficarem totalmente pretos. Ele rosna furiosamente com o
desrespeito antes de lançar-se rapidamente contra mim.
Eu saio do caminho com facilidade assim que ele joga um punho
direto no meu rosto, e eu retribuo com um soco rápido e afiado em sua
garganta.
É apenas o suficiente para pegá-lo desprevenido e, enquanto ele leva
um segundo para se recuperar, eu me coloco em seus ombros largos e
rapidamente fecho minhas pernas em volta de seu pescoço.
Jogando todo o meu peso para trás, ele cai para trás comigo, e
batemos no chão com força suficiente para tirar o fôlego dos meus
pulmões.
Felizmente, consigo manter minha perna travada sobre a que ainda
está em sua garganta e aperto com força.
Eu seguro quando ele começa a se debater descontroladamente, com
suas mãos agarrando minhas pernas enquanto ele começa a ofegar. Ele
continua a lutar e depois de um pouco mais, começa a perder a
consciência.
— Chega, Artemis! — Meu pai berra do meu lado, mas eu não paro.
Tudo o que esse homem precisa fazer é dar três tapas e se submeter a
mim.
— Eu disse que é o suficiente! — Ele ruge enquanto me puxa para
longe do macho.
Um grunhido alto sai da minha garganta, minha loba chateada por ela
não ter conseguido sua submissão. No entanto, o tom do meu pai é o
suficiente para me fazer recuar.
— Tudo bem, isso é entretenimento o suficiente por um dia. Todos os
meus guerreiros, vão até meu escritório para suas ordens em exatamente
vinte minutos.
Meu pai me lança um olhar severo antes de se virar e caminhar de
volta para a casa da matilha.
Virando-me para o homem com quem acabei de lutar, rosno
enquanto ele se levanta do chão. Antes que eu possa dizer qualquer coisa,
ele grunhe e sai furioso na direção oposta.
Inspirando profundamente para recuperar o fôlego, me viro para
seguir meu pai quando sinto alguém cutucar meu lado.
— Eu adoro uma boa luta à tarde, — Jackson ri enquanto caminha
comigo.
Jackson é meu amigo mais próximo e mais antigo, além do meu irmão
gêmeo, Raiden. Fomos todos criados juntos, já que seu pai, Toby, é o Beta
do meu pai.
— Tenho quase certeza de que você deu uma ereção naquele cara, —
ele ri, e eu dou uma cotovelada nas costelas.
— Aí, credo. Ele não é o meu tipo, J.
— Sim, sim, — ele diz. — Eu tenho que dizer, porém, vai ser
necessário um homem forte para lidar com você. Se você tivesse sorte o
suficiente para encontrar seu verdadeiro companheiro, aposto que ele
seria um filho da puta durão.
— É uma coisa boa que provavelmente nunca o encontrarei, — digo a
ele, e ele me empurra de brincadeira.
— Não com essa atitude, você não vai.
Revirando os olhos, eu zombo e continuo andando. Eu não poderia
me importar menos em encontrar meu companheiro agora.
Provavelmente seria do interesse de todos se eu nunca o encontrasse.
Ele provavelmente será outro Alfa egocêntrico, e não estou
interessado em perder meu tempo em um relacionamento que nunca
funcionará.
Minha submissão não será facilmente alcançada por ninguém.
Especialmente por algum idiota que tenta me possuir, como a maioria
dos Alfas tenta fazer.
Meu único interesse é ser a melhor líder que posso para minha
matilha, e definitivamente não preciso de um companheiro para isso.
Quando finalmente chegamos ao escritório do meu pai, ficamos no
fundo da sala enquanto ele termina de dar ordens.
— Então, eu ouvi que Raiden está voltando para casa com sua nova
companheira em algumas semanas, — Jackson sussurra. — Ficarei feliz
em vê-lo.
— Eu também, — eu respondo baixinho. — Senti tanto a falta dele.
— Você está de guarda esta noite, Stone, — meu pai diz,
interrompendo nossa conversa. — Pegue a fronteira sul.
— O quê? — Eu pergunto, esperando ter ouvido mal. Ele me dá mais
um de seus olhares paternais, e depois de um momento, eu abaixo meus
olhos.
— Sim, Alfa, — eu solto.
— O resto de vocês tem suas ordens. Estão liberados. — Meu pai se
recosta na cadeira e esfrega a mão no rosto. — Exceto você, Artemis.
Todos rapidamente se dispersam para fora do escritório do Alfa
enquanto Jackson puxava uma mecha do meu cabelo. — Vejo você mais
tarde, — ele diz. — Ligue-me se precisar de mim.
Eu aceno silenciosamente antes de lentamente andar até a mesa do
meu pai.
— Antes de você começar, aquele lobo me desafiou e você sabe tão
bem quanto eu que nossos lobos não vão nos deixar parar até que
tenhamos a submissão completa, — digo a ele.
— Você poderia tê-lo matado, Artemis. Seu pai está contando com ele
voltando para casa inteiro.
— Eu sei que sua loba precisa de submissão, mas você tem que
aprender a se controlar se quiser assumir como Alfa algum dia. Alguém
não pode se submeter se estiver morto, e você sabe que não fazemos isso
aqui.
Frustrada, abaixo minha cabeça e silenciosamente reconheço que ele
está certo. Não tenho muito orgulho de admitir que ainda tenho muito
que aprender.
De várias maneiras, eu sinto que carrego um peso no meu ombro por
ser uma fêmea Alfa. Sempre sinto necessidade de me provar.
No entanto, não vou deixar ninguém me atropelar e não vou desistir
de um desafio.
Nós dois ficamos em silêncio pelo que parece uma eternidade antes
que ele fale novamente. — Eu estou supondo que você aprendeu esse
movimento com sua mãe?
Quando eu olho para ele, o canto de sua boca se inclina em um sorriso
malicioso.
— Onde mais eu teria aprendido? Você não conhece nenhum
movimento assim, — provoco.
Ele ri e parece mergulhar em pensamentos profundos, o silêncio me
lembrando de fui colocada de guarda. — Então, você estava falando sério
sobre o dever de guarda? — Pergunto-lhe. — Desculpe, A. Eu preciso de
você. Johnson está em casa dando as boas-vindas a um novo filhote,
então dei a ele o resto da semana de folga.
Deixando minha cabeça cair para trás, deixei escapar um suspiro
exagerado. O serviço de guarda é uma droga, mas meu pai diz que é
necessário, embora nada aconteça aqui.
Normalmente fico vagando pela floresta por horas, entediada demais.
Eu sei que ele tem um bom motivo para nossa história de ataques de
bandidos, mas não houve um ataque desde antes de eu nascer.
Apesar de tudo, sempre fico feliz em ouvir sobre o nascimento de um
filhote novo e saudável, então deixo para lá.
— Tudo bem, — eu falo lentamente, — mas apenas porque estou feliz
por Johnson.
Meu pai balança a cabeça e sorri com conhecimento de causa. — Não
importa o quão forte você seja, você sempre terá o mesmo coração mole.
—'
Capítulo 2
VIRADA INESPERADA DO DESTINO
Artemis

É tarde quando saio da minha velha cabana, a porta range alto ao se


fechar atrás de mim.
Durante anos, implorei a meu pai por esta velha cabana de madeira,
mas ele sempre disse que ficava muito longe na floresta. Muito longe da
matilha.
Finalmente consegui que ele cedesse no ano passado pelo meu
vigésimo terceiro aniversário, e moro aqui desde então. Amo estar aqui
sozinha, onde minha mente pode descansar e minha alma pode estar em
paz.
Aqui, a solidão é minha fortaleza.
Eu saio da minha varanda de madeira nua como no dia em que nasci.
Meus pés descalços tocam o solo quente e úmido, e enterro os dedos dos
pés no chão, sentindo as vibrações calmantes da mãe terra.
Fechando meus olhos, eu me firmo e deixo minha loba vir à frente da
minha mente.
A natureza a chama, e ela não perde tempo assumindo o controle. A
mudança faz com que meus sentidos se intensifiquem, cores opacas se
transformando em tons brilhantes e vividos.
Meus olhos captam cada leve movimento ao meu redor e eu inspiro
profundamente.
O cheiro de uma tempestade que se aproxima enche meu focinho, e
minha loba suspira contente. Sempre amamos a chuva e a maneira como
o céu escurece como se estivesse bravo.
Sempre foi um bálsamo calmante para minha alma.
Logo, sacudo meu pelo e saio em um trote lento por entre os arbustos
e a folhagem.
As folhas rangem sob minhas patas quando vejo todos os cheiros que
posso captar e, sem surpresa, nada fora do comum acontece.
Depois de uma hora observando alguns esquilos lutando por algumas
nozes, ele troveja no alto, e esse é o único aviso que recebo antes que o
céu desabe.
Sentando-me de cócoras, levanto minha cabeça em direção ao céu e
deixo a chuva molhar meu pelo da meia-noite. As gotas pesadas caem ao
meu redor, criando poças no chão macio em minhas patas.
Então, uma forte rajada de vento sopra ao meu redor, trazendo
consigo um cheiro estranho e inebriante. Erguendo meu focinho no ar,
eu inalo profundamente, o cheiro característico causando um arrepio na
minha espinha.
Seja o que for, estou me movendo por entre as árvores densas e os
arbustos com um profundo senso de urgência.
Eu sigo meu nariz todo o caminho até a borda do território da
matilha. Estou a cerca de um quilômetro e meio atrás da minha cabana
quando paro de repente.
Um enorme lobo cor de ônix está a cerca de seis metros à minha
frente e ele não cheira à morte, mas com certeza se parece com ela.
Dou alguns passos em direção a ele com cautela, com minha loba
choramingando quando vejo os cortes profundos cobrindo a maior parte
de seu corpo enorme.
A maioria de seus ferimentos que posso ver são recentes, e ele parece
que não come há meses.
Contra meu melhor julgamento, uma força avassaladora faz com que
eu me aproxime ainda mais dele.
Quando eu fecho a distância entre nós, eu abaixo minha cabeça e o
respiro com longas e profundas tragadas.
Seu perfume masculino me envolve, tocando e incendiando cada
nervo e célula do meu corpo.
Minhas emoções correm soltas enquanto as chamas me envolvem.
Juro que parece que sua alma está chamando a minha, implorando por
algo que não consigo entender.
Demoro mais do que esperava para descobrir o que está acontecendo
comigo, mas quando o faço, meu coração bate violentamente no meu
peito.
Este lobo é meu companheiro.
Minha pulsação troveja em meus ouvidos enquanto minha loba se
inclina e começa a lamber sua carne à vista.
Eu observo com fascinação enquanto cada ferida lentamente começa
a se fechar até que não seja nada mais do que cicatrizes rosa claro.
Deusa, como isso é possível?
Minha mente gira enquanto tento pensar em uma explicação. Eu li
histórias sobre companheiros que possuem habilidades de cura, mas
eram apenas contos de fadas. Se fossem verdade, eu teria visto isso antes.
Enquanto minha loba continua sua investigação, meu cérebro se
esforça para chegar a um acordo com o que está acontecendo.
De onde esse lobo veio? Como ele veio parar aqui?
Acima de tudo, o que vou fazer com ele?
Por um lado, eu poderia levá-lo de volta para a minha cabana, mantê-
lo lá até que ele acordasse e partir daí, mas ele é enorme apesar da
desnutrição. Ele pode ser perigoso, pelo que sei, e duvido que pudesse
pegá-lo se ele me atacasse.
Deixar meu pai cuidar disso seria a coisa certa a se fazer, mas é
realmente a coisa certa a se fazer?
Com a história da minha matilha, ele não gostaria do fato de um lobo
sem matilha estar à espreita em tomo do território da matilha.
Companheiro ou não.
Há uma boa chance de meu pai forçá-lo a sair.
Uma forte sensação de proteção me envolve com o pensamento. O
que quer que esse pobre cara tenha passado, meu coração dói por ele, e
isso é o suficiente para me decidir.
Passei os próximos minutos discutindo com minha loba, tentando
convencê-la a me deixar voltar para a minha pele.
Ela finalmente cede quando eu prometo que não vou contar a nosso
pai sobre ele ainda. Não até que eu mesma possa descobrir mais sobre
ele.
Pela próxima hora, eu luto com seu corpo enorme enquanto o arrasto
através do mato denso. A chuva cai constantemente ao nosso redor, e
isso só toma muito mais difícil.
Uma hora depois, finalmente volto para casa e o puxo para dentro
antes de cair no sofá.
Meu peito arfa com o esforço, mas finalmente me recomponho o
suficiente para pegar algumas toalhas do armário de linho. Depois de nos
secar, eu faço uma ligação mental a Jackson.
— O que é, A? — Ele pergunta, e mesmo através da ligação, eu ouço o
resmungo em sua voz.
— Eu preciso que você termine meu turno esta noite. Aconteceu algo.
A ligação fica em silêncio por um momento antes de eu ouvi-lo
suspirar. — Tudo bem, mas você me deve. Vejo você amanhã.
Grata por ele não fazer nenhuma pergunta, eu exalo um suspiro
trêmulo enquanto me viro para o lobo ônix deitado no meu chão.
Não sei se esse cara foi torturado, abusado ou ambos, mas meu
coração se aperta só de olhar para ele. Mesmo que a maioria de suas
feridas estejam curadas agora, ele ainda parece tão lamentável.
Ninguém merece o que quer que este lobo tenha passado, e se eu
descobrir quem fez isso, vou garantir que a justiça seja feita.
Estendendo a mão, limpo minha bochecha quando sinto algo
molhado deslizar por ela. Essas malditas emoções giram em mim de
novo, me deixando tonta, então me sento no chão ao lado dele.
— O que aconteceu com você? — Eu sussurro enquanto estendo a
mão e passo meus dedos pelo seu pelo.
Meus lábios se separam quando ele começa a ronronar
profundamente em seu peito, as vibrações suaves começando na ponta
dos meus dedos até que se expandam por todo o resto do meu corpo.
Não quero admitir a quantidade de conforto que me dá só de tocá-lo.
E a sensação mais estranha, mas é tão natural quanto respirar.
Quando me deito no chão ao lado dele, sinto meus olhos caírem e,
eventualmente, o caos da noite dá lugar a sonhos ainda mais caóticos.
Capítulo 3
MENTINDO EM VÃO
Artemis

Ao acordar na manhã seguinte, bocejo e esfrego os olhos para tirar o


sono.
Os músculos do meu corpo doem quando tento me sentar, mas não
tenho tempo para pensar na dor porque um rosnado baixo e ameaçador
ressoa muito perto do meu rosto.
Meus olhos pousam imediatamente no enorme lobo preto e meu
coração bate descontroladamente no meu peito.
A apenas trinta centímetros de mim, seus lábios se curvam para trás
em advertência, exibindo um enorme conjunto de dentes afiados como
navalhas.
Com muito cuidado, tento me afastar dele, mas ao meu menor
movimento, outro grunhido profundo sai de seu peito, me fazendo parar.
O rosnado gutural é o de um macho Alfa. Poderoso e dominante, faz
minha respiração ficar presa na garganta.
Medo misturado à outra coisa que não quero nomear percorre minhas
veias como um incêndio.
Deusa, eu realmente estrague! tudo desta vez!
Eu me esforço para controlar minha respiração, mas falho
miseravelmente. Decidindo que é agora ou nunca, rolo para longe dele o
mais rápido que posso.
Espero que mandíbulas enormes me rasguem a qualquer momento,
mas o momento nunca chega. Uma vez que estou a uma distância segura,
lentamente me levanto e faço um esforço para recuperar o fôlego.
— Eu te salvei, idiota! — Eu ofego.
Não estou surpresa quando ele mostra os dentes para mim
novamente, mas quando ele tenta se levantar e cai de volta com um grito
agudo, minha raiva se dissipa instantaneamente.
Então, pela primeira vez, nossos olhos se conectam e isso rouba o ar
direto de meus pulmões.
Seus olhos são assustadoramente belos, um de um âmbar nebuloso, o
outro de um azul claro. O desejo em seu olhar misturado com a dor que
vejo nele faz algo dentro de mim doer fisicamente.
Não tenho certeza de por que me sinto assim, mas caio de joelhos,
com minhas mãos com a palma para cima em minhas coxas.
— Eu não vou te machucar, — eu digo a ele suavemente. — Você pode
se transformar para que possamos conversar?
O lobo me observa, com sua enorme cabeça inclinada para o lado
curiosamente.
— Você consegue entender o que estou dizendo?
Ele oferece apenas outra leve inclinação da cabeça, então tento uma
tática diferente.
— Está com fome? — Eu pergunto.
Eu sinto um sorriso puxar os cantos da minha boca quando sua língua
se lança para lamber seu focinho, e suas orelhas instantaneamente se
animam.
Então, ele pode me entender.
— Eu pensei que sim, garotão, — eu rio. — Acho que tenho algo de
que você vai gostar na geladeira. — Depois de pegar um bife cru da
minha geladeira, eu lentamente me movo de volta para ele. Mesmo que
eu ache que ele não vai me morder, não quero correr nenhum risco.
— E melhor você não me morder, — digo a ele enquanto ponho o
pedaço de carne na frente dele, mas ele nem está prestando atenção em
mim agora.
Ele está focado exclusivamente no pedaço de came ensanguentado à
sua frente, e eu vejo com espanto quando ele o engole com apenas
algumas mordidas.
Pobrezinho, provavelmente não comia há muito tempo, pelo que
parecia.
— Você estava morrendo de fome, não estava, garotão?
Ele olha para mim, lambendo o sangue de seu focinho e realmente
balança o rabo.
Caindo no chão a alguns metros de distância dele, passamos a
próxima hora em um silêncio estranhamente confortável apenas olhando
um para o outro.
Há tantas perguntas que quero fazer a ele, mas se ele não pode voltar à
sua forma humana, então isso não será possível.
Isso me faz imaginar o que ele passou para que seu lobo assumisse o
controle permanente.
Havia tantos ferimentos quando o encontrei ontem. Se não fosse por
seu lobo e suas habilidades de cura esquisitas, ele provavelmente estaria
morto.
Ele foi abusado? Deixado pra morrer de fome?
Ele parece bem castigado até para um bandido. Ele está obviamente
com medo, mas por mais grande que seja, não entendo do que
exatamente ele teria medo.
Não há dúvida de que ele é um macho Alfa, mas quem já ouviu falar
de um macho Alfa se matilha?
Perdido em pensamentos, sinto um formigamento no fundo da minha
mente, então eu abandono meus limites mentais para receber qualquer
mensagem que esteja sendo enviada através da ligação mental.
— Onde você está? — Meu pai pergunta. — Por que você não estava
presente no café da manhã?
— Hum, estou muito cansado do meu turno na noite passada. Vou
consertar algo aqui, — -digo a ele, repreendendo-me quando minha voz
vacila com a mentira.
— Bem, certo. Tem certeza que está tudo bem?
Você nunca perde o café da manhã.
— Tenho certeza, pai. Estou muito cansada. Te vejo mais tarde, ok?
Meu estômago ronca alto com a menção do café da manhã, então
assim que termino a ligação com meu pai, pego as sobras de ontem, uma
garrafa de água e uma tigela limpa da minha cozinha.
Volto ao meu lugar anterior a poucos metros do lobo e rio novamente
quando ele olha o espaguete no meu prato.
Revirando os olhos, coloquei o prato na frente dele.
— Ok, ok, mas apenas porque você é fofo.
Ele termina o espaguete enquanto eu despejo a água na tigela limpa, e
ele bebe cada pedacinho dela também.
— Então, eu acho que se você pode me entender, eu poderia te contar
um pouco sobre mim, — digo a ele. — Meu nome é Artemis Stone. Eu
pertenço à matilha Southridge. E onde você está agora.
Ele ouve atentamente enquanto eu falo, suas orelhas tremendo de vez
em quando o tom da minha voz muda.
— Meu pai é o Alfa aqui. Tenho dois irmãos, Raiden e Adam. Raiden é
meu gêmeo, na verdade. Ele se parece comigo, mas não é tão bonito.
Algo semelhante à diversão pisca nos olhos do lobo e me faz sorrir.
Alguns segundos depois, sinto aquele maldito formigamento em
minha mente novamente e gemo quando ouço a voz de Jackson.
— Quer almoçar?
Suspirando, eu ligo de volta. Eu sei que se eu não for, ele
definitivamente virá aqui para me verificar. Se isso acontecer, ele vai
perder o controle quando vir que tenho um lobo sem matilha abrigado
em minha casa.
Então, quando meu pai descobrir, o que quer que aconteça com este
lobo estará fora do meu controle.
— Encontre-me na comedoria da matilha em uma hora, — digo a ele
antes de encerrar a ligação.
Levantando, pego algumas roupas do meu quarto para que eu possa
tomar um banho antes de ir. Meu cabelo está uma bagunça imunda por
ter ficado encharcada na chuva ontem à noite, e tenho certeza de que
estou com cheiro de cachorro molhado.
Eu me visto rapidamente depois de me esfregar, optando por um par
de jeans e uma camiseta sem mangas. Eu jogo meu cabelo longo e
molhado em um coque bagunçado para que eu não tenha que gastar
trinta minutos para secá-lo.
Quando finalmente termino, volto para a minha sala de estar, onde o
lobo ainda está deitado no meu chão de madeira.
— Eu tenho de ir, — eu digo a ele. — Eu tenho de encontrar um amigo
para almoçar, e eu tenho o dever de guarda novamente esta noite. Estarei
de volta assim que puder. Por favor, fique aqui. Não é seguro para você
estar do lado de fora agora.
Ele achatou as orelhas contra a cabeça novamente, choramingando. O
som envia uma pontada de dor no meu peito, mas tenho de ir. Minha
família vai ficar desconfiada se eu não fizer isso.
Além disso, tenho um dever para com minha matilha, e um
verdadeiro Alfa sempre coloca esse dever em primeiro lugar.
Depois de sair, eu tranco a porta atrás de mim. Estranhamente, esta é
a primeira vez que preciso trancá-la, e nem mesmo é para minha
segurança.
No meu caminho para encontrar Jackson para o almoço, luto para
encontrar uma desculpa para pedir a ele para cobrir meu turno na noite
passada.
Conhecendo-o, será a primeira coisa que ele perguntará.
Capítulo 4
PRISIONEIRO TORTURADO
Artemis

Quando chego ao refeitório, Jackson está do lado de fora esperando


por mim.
— Noite longa? — Ele sorri, com seus olhos verdes cheios de malícia.
— Você poderia dizer isso, — eu respondo enquanto dou um soco no
ombro dele. — Agora, cale a boca e venha antes que eu mude de ideia.
Ele ri enquanto me segue para dentro da fila de pessoas pegando sua
comida, e assim como eu esperava, ele pergunta sobre a noite passada.
— Então, o que aconteceu ontem à noite?
Com um leve encolher de ombros, coloco uma pilha de purê de batata
no meu prato. — Eu simplesmente não estava me sentindo bem.
— Você parecia bem para mim.
— Ok, — eu assobio. — Eu recebi um amigo.
Jackson rosna baixo em seu peito com a minha mentira, e eu dou a ele
um falso olhar de choque.
— O quê? Não aja como se você fosse melhor. Eu cuidei de você
inúmeras vezes. Lembra da vez em que você estava com aquela garota...
oh, qual era o nome dela?
Sentamos em uma mesa vazia no fundo da grande sala, e Jackson
geme. — Você sempre tem de mencionar a Layla?
Ignorando-o, dou uma grande mordida nas costelas de veado no meu
prato, gemendo quando a multidão de sabores explode em minha boca.
— Nossa, quem quer que tenha feito isso precisa ser devidamente
agradecido.
Ele revira os olhos com a mudança de assunto, e dou um suspiro de
alívio quando ele fala porque ele teve de me cobrir na noite passada.
— Então, há um motivo específico para você querer almoçar comigo,
ou você estava apenas sendo amigável? — Pergunto-lhe.
Ele fica em silêncio, o que não é normal para ele, então eu olho para
ele com desconfiança.
— Ok, ok, — ele ri. — Eu só estava me perguntando quem era a nova
garota? Aquela que você treinou na semana passada.
Eu deveria saber.
Inclinando-me para trás na cadeira, levanto uma sobrancelha para ele.
— O que você vai me dar se eu te contar?
Ele revira os olhos dramaticamente e zomba. — É sempre dar e
receber com você?
Encolhendo os ombros, continuo comendo apenas para mexer com
ele.
— Ok, o que você quer? — Ele pergunta.
Eu dou uma enorme mordida no purê de batata e sorrio para mim
mesma. — Pegue o resto dos meus turnos esta semana.
Ele olha para mim com falsa surpresa e bufa.
— O quê? De jeito nenhum! — Ele balança a cabeça enquanto termina
seu prato antes de finalmente falar novamente. — Vou ficar com o seu
turno esta noite, mas é só isso.
Dando um suspiro de alívio, eu silenciosamente agradeço à deusa.
Pelo menos posso sair de mais uma noite de guarda. Isso me dará mais
tempo para descobrir quem é meu companheiro.
Isso é... se eu conseguir fazer com que ele se transforme.
— O nome dela é Aaliyah, — digo a ele. — Ela está aqui visitando o
grupo Mercury. — Ele me dá seu sorriso torto característico, e eu sei que
ele ainda não fez perguntas. — Você pode me apresentar a ela? — Ele
pergunta.
Antes que eu tenha a chance de responder, meu pai se senta à mesa na
minha frente.
— Tudo deu certo ontem à noite? — Ele pergunta.
Jackson sorri antes de abrir a boca para dizer o que tenho certeza que
será um comentário inteligente, mas eu dou a ele um olhar duro,
fazendo-o fechar a boca.
— Sim, tudo correu bem, — minto.
— Ótimo. Eu estava fora esta manhã e pensei que tinha sentido o
cheiro de um lobo.
O olhar do meu pai é intenso enquanto ele me observa, fazendo com
que uma risada nervosa escape dos meus lábios. — Bem, nós somos lobos
afinal, — eu digo, olhando para qualquer lugar menos para ele.
— Não, — ele diz, balançando a cabeça. — Eu conheço todos os
cheiros dos meus lobos. Este não era um dos nossos. Eu só peguei o
cheiro por uma fração de segundo, mas agitou meu lobo. Tenho certeza
de que era outro Alfa.
Felizmente, Jackson fala, me livrando de inventar mais mentiras. —
Provavelmente apenas alguns lobos passando. Muitos lobos usam o
caminho fora da fronteira sul para viajar. — Ele me lança um olhar
rápido e eu silenciosamente agradeço a ele enquanto meu pai acena com
a cabeça em concordância.
— Espero que você esteja certo, — diz ele. — O Alfa da matilha
Gorion ligou esta manhã e disse que um de seus prisioneiros escapou
alguns dias atrás.
— Duvido que ele consiga chegar até aqui, mas fiquem atentos caso
ele consiga.
Eu engulo em seco com suas palavras antes de concordar. — Ele disse
a aparência do prisioneiro?
— Apenas um grande lobo preto. Nada específico, mas ele disse que
era feroz e extremamente perigoso, — ele responde. — Mas,
provavelmente não é nada para se preocupar. A matilha de Gorion fica a
cem milhas daqui.
Eu fico em silêncio enquanto ele se levanta e beija o topo da minha
cabeça. — Bem, eu preciso ir. Esses lobos não vão treinar sozinhos. Você
vem, A?
— Sim, — digo a ele, com meu coração batendo freneticamente no
meu peito. — Eu estarei lá.
Depois que ele se foi, soltei a respiração que não percebi que estava
segurando.
— Tudo bem, quem era? — Jackson pergunta. — Quem você teve em
sua casa ontem à noite? — Ele cruza os braços musculosos sobre o peito e
me lança um olhar severo.
— Apenas um amigo, — minto. Meus olhos nunca vacilam enquanto
mantêm contato com os dele e, por um segundo, acho que ele não vai
acreditar. Ele me olha desconfiado por vários segundos, mas concorda
com relutância.
Quando ele tem aquele olhar, sei que não vai deixar isso passar. Ele vai
sentar, assistir e esperar até descobrir. E ele sempre descobre isso.
Esconder qualquer coisa dele é inútil.
Vou ter de descobrir algo antes que meu segredinho seja revelado. Se
meu companheiro for de fato o prisioneiro fugitivo, tenho muito mais a
descobrir do que pensava originalmente.
— Vou dizer a Aaliyah que você está interessado, já que me salvou
agora com meu pai, — digo a ele enquanto me levanto, e é o suficiente
para fazê-lo esquecer nossa conversa anterior.
— Obrigado, A, — ele sorri. — Bem, eu preciso ir se vou cobrir seu
turno esta noite.
Depois de mais alguns minutos zombando um do outro, nos
despedimos.
Enquanto vou para o centro de treinamento da matilha, não consigo
pensar em nada além do que meu pai me disse.
~ É possível que meu companheiro seja o prisioneiro da matilha
Gorion?
Se eu não chegar ao fundo disso logo, posso estar colocando toda a
minha matilha em perigo, e isso não é algo que estou disposta a fazer.
Capítulo 5
O CORAÇÃO DE UMA BESTA PARTIDA
Artemis
O céu já está escuro quando volto para casa após o treino.
O dia inteiro, minha mente esteve preocupada com pensamentos
sobre a besta que atualmente está habitando minha casa.
Não posso negar que estou animada para vê-lo novamente, mas o fato
de que ele poderia ser um prisioneiro fugitivo não é um bom presságio
para nenhum de nós.
Mesmo se ele for, estou determinada a chegar ao fundo desta situação.
Talvez seja o vínculo do companheiro fazendo com que eu seja parcial,
mas algo simplesmente não parece certo.
A gravidade de seus ferimentos me faz acreditar que ele foi abusado,
mas talvez eu esteja errada. Talvez ele seja um prisioneiro que fez coisas
terríveis e aquelas cicatrizes foram um castigo.
Seja qual for o motivo, preciso descobrir isso rapidamente.
Ao abrir a porta da frente, meus olhos se arregalam para a besta
enorme parada do lado de dentro. De alguma forma, ele parece muito
mais saudável do que quando o deixei.
Mantendo minhas mãos para cima, dou alguns passos cautelosos para
trás enquanto ele se aproxima lentamente de mim. Agora que ele está de
pé, ele parece ainda maior do que antes.
Sua enorme cabeça atinge facilmente meu peito, e eu não sou uma
mulher pequena.
Ele choraminga enquanto eu me afasto dele, então eu paro de me
mover. Eu fico completamente imóvel quando ele começa a me
inspecionar. Seu focinho se move ao longo do meu corpo, respirando
fundo enquanto ele se aproxima.
Lentamente, estendo a mão para tocá-lo. Não tenho certeza de como
ele vai reagir, mas quando ele treme e se encolhe sob minha mão, a raiva
cresce dentro de mim.
Percebo imediatamente que ele não é um criminoso perigoso.
Ele é vítima de abuso.
A revelação enfurece minha loba, e eu não posso controlá-la quando
ela assume e meu corpo se transforma com uma facilidade natural.
Uma emoção espessa cresce em meu coração quando ela começa a
esfregar seu corpo ao longo do dele. Quando ele começa a fazer o
mesmo, cada lugar que ele encosta envia ondas suaves de pulsos elétricos
através de mim.
Minha mãe tentou me explicar os efeitos de um vínculo de
companheiro, mas ela estava certa quando disse que não havia palavras
para descrevê-lo. A conexão entre nós é evidente.
Depois de deixá-los passar algum tempo se conhecendo, eu mudo de
volta para minha pele.
Um ronronar profundo ronca em seu peito enquanto eu passo meus
dedos por seu pelo, e ele enterra seu focinho em minha barriga.
— Minha promessa para você é esta, — digo a ele. — Ninguém nunca
vai te machucar de novo, garotão. Eu vou ter certeza disso. — Uma
semana inteira se passou e as desculpas e mentiras estão ficando mais
difíceis de inventar.
O lobo ainda não se transformou. O que quer que tenha acontecido
com ele realmente o confundiu para seu lobo não abrir mão do controle
de volta para sua pele. É como um mecanismo de defesa no mundo de
quem se transforma.
Não posso dizer que ele não tentou mudar, no entanto. A primeira vez
foi extremamente dolorosa para ele.
Seu corpo tremia e balançava, com suas patas enormes se
transformando em mãos humanas ainda maiores antes de retomar à sua
forma original.
Nem preciso dizer que não o forcei. Estou tentando dar a ele o tempo
que ele precisa, porque ele já passou por muita coisa já.
Jackson tem estado mais do que desconfiado, e não sei por quanto
tempo mais poderei mantê-lo longe da minha casa.
Felizmente, meu pai tem estado ocupado treinando os guerreiros mais
jovens, então ele realmente não prestou atenção ao que está
acontecendo.
O lobo está deitado ao meu lado agora no meu sofá, com sua cauda
enrolada em volta da minha coxa. É aqui que temos dormido nas últimas
noites.
Ele não vai me perder de vista quando estou em casa, e quando tenho
de sair para os treinos diários, ele choraminga e espera na porta até eu
voltar.
Sou grata por seu corpo estar completamente curado agora. As sessões
extras que meu lobo passou curando suas feridas realmente aceleraram o
processo de recuperação.
Se ele fosse forte o suficiente para dominar seu lobo agora, eu estaria
mais perto de descobrir quem ele é.
Imerso em pensamentos, nem percebo minha porta da frente se
abrindo.
— QUE PORRA É ESSA?!
Eu imediatamente reconheço a voz de Jackson, e meu coração quase
sai pela boca.
O lobo rapidamente salta e paira sobre mim, um rosnado furioso
saindo de seu peito. Antes que eu possa avisar Jackson para ficar para
trás, o lobo se lança contra ele.
Jackson nem mesmo tem tempo de mudar antes que o lobo o prenda
no chão.
Meu companheiro é muito maior do que Jackson, muito mais forte.
Eu sei que isso está prestes a piorar, então eu envolvo meus braços em
volta do pescoço da fera e o abraço com força.
Imediatamente, ele relaxa em meu aperto, e quando eu aliso o pelo
despenteado em seu pescoço, toda a sua atenção se volta para mim. Ele
pressiona seu focinho contra minha bochecha com amor, esquecendo
completamente de Jackson.
Atrás dele, meu amigo mais antigo se levanta lentamente e dá alguns
passos para trás, com as mãos levantadas. O lobo permanece relaxado,
mas seus olhos seguem cada movimento de Jackson.
— Puta merda, — Jackson sussurra. — Quem é esse desgraçado?
— Por favor, não conte a ninguém. Eu o encontrei perto da fronteira
da matilha há uma semana. Ele estava gravemente ferido e eu tenho
cuidado dele.
— VOCÊ O QUÊ?! — Jackson grita, fazendo com que o lobo fique
tenso novamente.
— Abaixe a porra da sua voz, — eu solto. — Ele é meu companheiro.
Seus olhos se arregalam em descrença. — Seu companheiro? Tem
certeza? Deusa, ele é enorme! — Quando o choque finalmente passa, ele
observa o lobo com curiosidade. — Por que ele está na forma de lobo, e o
que há com todas as cicatrizes?
— Ele não pode se transformar, — eu respondo. — Quanto às
cicatrizes, tenho quase certeza de que ele é vítima de abuso.
— Quem faria algo assim? — Ele diz. — Um desgraçado doente. O
Alfa sabe sobre ele?
— Ainda não. Eu direi a ele, mas ainda não. Pelo menos deixe-me ver
se posso ajudá-lo a se transformar primeiro. Ele não é uma ameaça para
mim, e você sabe como meu pai se sente em relação aos bandidos.
Jackson me encara, os músculos de sua mandíbula se contraem.
— Tudo bem, você tem uma semana ou eu mesmo direi a ele. Toda
esta situação pode ser perigosa. Quem fez isso com ele provavelmente
está procurando por ele.
Ele faz uma pausa por um momento enquanto parece pensar. —
Espere, e se ele for o prisioneiro que escapou da matilha Gorion?
— Mesmo se ele for o prisioneiro, eu nunca vou deixar que eles o
levem de volta e continuem abusando dele. Tudo vai ficar bem, — eu
asseguro a ele. — Você se preocupa muito.
Ele passa a mão no rosto e suspira. — Seu pai vai enlouquecer, você
sabe?
— Eu sei, — digo a ele, — mas lidarei com ele quando chegar a hora.
— Agora, eu preciso me preparar para ir encontrar meus pais no café
da manhã. Não preciso dar mais razões ao meu pai para suspeitar de
mim. Quer vir?
— Pó, sim, — ele diz. — Estou morrendo de fome.
Ele espera na sala de estar enquanto eu vou para o meu quarto, com o
lobo enorme espreitando atrás de mim.
— Eu tenho de ir de novo, — digo a ele enquanto coloco um moletom.
— Estou agendada para treinar hoje, mas vou tentar ser rápida. Deixei
comida e água para você na cozinha.
Eu pressiono meus lábios no topo de sua cabeça, e ele me dá um
pequeno gemido, mas vejo o reconhecimento cintilar em seus olhos.
Deixá-lo aqui sozinho está ficando cada vez mais difícil de fazer, e
enquanto saio pela porta com Jackson, gostaria que fosse meu
companheiro com quem tomaria café da manhã.
Capítulo 6
TENDÊNCIAS DE TREINAMENTO
Artemis

— Bom dia, querida, — minha mãe me cumprimenta assim que me


sento à mesa com meu prato.
Sorrindo com alegria em sua voz, eu me inclino em minha cadeira e a
beijo na bochecha. Jackson se senta ao meu lado, já meu pai e meu irmão
mais novo, Adam, se juntam a nós logo depois.
Comemos em silêncio por alguns minutos, meus olhos rolando para
Jackson enquanto ele engole sua comida como um cachorro faminto.
Pela maneira como ele come, você poderia pensar que ele não vê comida
há semanas.
Depois de alguns momentos, minha mãe fala. — Então, todos vocês
sabem que Raiden está voltando para casa na próxima semana com sua
nova companheira. Quero dar a ele uma festa de boas-vindas.
Ela encara Jackson, que ainda está colocando comida na boca.
— Sem essas suas festas malucas, Jackson. Este será um evento de
matilha. Eu não quero que você assuste sua companheira antes que
possamos conhecê-la.
Eu rio enquanto os ouço discutir de um lado para outro.
Honestamente, mal posso esperar para ver meu irmão gêmeo.
Ele esteve viajando pela costa oeste e visitando outras matilhas.
Foi uma surpresa quando ele ligou algumas semanas atrás dizendo
que tinha encontrado sua companheira e que estava voltando com ela.
Quando todos nós terminamos de comer, meu pai me olha
interrogativamente.
— Você vem treinar hoje? — Ele pergunta. — Eu realmente poderia
usar a sua ajuda.
Assentindo, imediatamente sinto uma pontada de culpa. Tenho
falhado no treinamento ultimamente, mas é difícil tentar conciliar meus
deveres com minha matilha com meu companheiro, que precisa de mim
da mesma forma.
Espero que a Deusa me dê força para descobrir como fazer as duas
coisas.
*
Ao chegar em nossa área de treinamento, a última pessoa que quero
ver é o homem egoísta que me desafiou há uma semana.
Continuo caminhando com a esperança de que ele não me perceba,
mas acho que a sorte não está do meu lado hoje porque ele para de falar
com o grupo de lobos com quem está e vem até mim.
— Ei, — ele diz casualmente enquanto se aproxima de mim, então eu
paro de andar e levanto uma sobrancelha para ele. — Eu só queria dizer
que sinto muito por agir como uma idiota. A propósito, sou Byron.
Assentindo, tento esconder o sorriso no meu rosto. — Desculpas
aceitas.
Eu me viro para andar na direção oposta, mas sou parada quando ele
agarra meu braço.
— Quer tomar uma bebida algum dia? — Ele pergunta.
Eu olho para os grandes dedos em volta do meu pulso antes de olhar
para ele e estreitar os olhos.
— Eu não bebo, — digo, não gostando de ser tocada sem permissão.
Eu não conheço esse homem assim, então quando um grunhido de
aviso ressoa no meu peito, ele libera seu aperto e dá alguns passos para
trás.
— Que tal jantar então? Certamente você come, — ele diz
zombeteiramente enquanto cruza os braços sobre o peito, tentando
fazer-se parecer maior do que é.
Mesmo que eu não possa negar que ele seja atraente, as vibrações que
ele emite definitivamente não me atraem.
— Não, obrigada.
Seu sorriso desvanece e é substituído pelo que parece ser um olhar
malicioso, que Raiden e eu costumávamos chamar de — olhar fedorento
— quando éramos filhotes.
Eu rio com a memória do meu irmão, e acho que Byron se ofende com
isso.
— Você acha que é melhor do que eu? — Ele zomba, mas antes que eu
tenha a chance de colocá-lo em seu lugar, meu pai nos interrompe.
— Está tudo bem aqui? — Ele pergunta enquanto estreita os olhos
para Byron.
— Sim, na verdade, está, — eu digo. — Eu estava saindo.
Virando-me, lanço um último olhar de advertência para Byron antes
de ir procurar um parceiro de treino.
Pelas próximas oito horas, eu me concentro no treinamento de um de
nossos guerreiros em potencial. Alguns de nossos rapazes são muito mais
fortes do que meu pai acredita, mas estou orgulhosa deles.
Eles trabalham duro tanto quanto eu e merecem o reconhecimento.
Eventualmente, meu estômago ronca, então decido que é hora de
parar e jantar.
Pego alguns pratos para viagem e os encho com o máximo de comida
que posso antes de me preparar para voltar para casa por um tempo.
Bem quando estou saindo, Jackson se aproxima de mim com um
prato.
— Ei, A, — ele diz com a boca cheia de comida. — Eu perguntei ao seu
pai se eu poderia ficar com o resto dos seus turnos de treinamento esta
semana. Eu disse a ele que era porque eu queria a experiência, se eu
quisesse ser seu Beta algum dia. Ele concordou.
Inclinando a cabeça para mais perto de mim, ele sussurra: — Espero
que isso lhe dê tempo para resolver o seu probleminha em casa. Ligue-
me se precisar de mim.
Grata por ele, eu o abraço o melhor que posso enquanto ainda tento
equilibrar os pratos para viagem em minhas mãos.
— Venha amanhã à noite, — digo a ele. — Vou fazer espaguete com
almôndegas como presente de agradecimento. Talvez você e o
grandalhão possam se tomar amigos.
Eu rio quando seu rosto se ilumina com a menção de comida, mesmo
que ele não pareça gostar muito da outra ideia. Depois de nos
despedirmos, vou para casa.
Assim que chego lá, abro a porta da frente, e os pelos na minha nuca
se arrepiam enquanto observo as condições da minha sala de estar.
Todos os meus livros estão espalhados pelo chão e diferentes fotos de
família estão espalhadas ordenadamente pela mesa da sala de jantar.
Tento não entrar em pânico, mas é meio difícil não entrar.
Alguém esteve na porra da minha casa.
Capítulo 7
INDO DEVAGAR
Artemis

Respirando fundo, preparo-me para o caso de o intruso ainda estar


aqui. Meu sangue está bombeando tão alto em meus ouvidos que não
acho que conseguiria ouvir mais nada se tentasse.
Silenciosamente, eu olho pela esquina em minha cozinha, e fico
boquiaberta com o que vejo.
Não há intruso, mas a geladeira e meus armários foram
completamente saqueados.
Embalagens e caixas vazias estão espalhadas pelo chão e isso só me
confunde ainda mais.
De repente, ouço o que parece ser um choro profundo e abafado
vindo de dentro do meu quarto.
O som enche meu coração de tanta tristeza que um nó se forma na
minha garganta, e eu tenho de engolir em seco para sufocá-lo.
Eu empurro a porta do meu quarto lentamente, e meus joelhos
enfraquecem enquanto eu observo a cena na minha frente.
Um homem gigante está sentado enrolado em um canto, com seus
grandes músculos tensos e relaxando com cada soluço suave.
Não é preciso ser um cientista para descobrir quem é. As cicatrizes
revelam tudo.
Congelado no lugar, meu coração dói de uma maneira que eu nunca
conheci. Com cada tremor de seus ombros largos, aquele sentimento de
proteção cresce dentro de mim, me incitando a ir até ele.
Conforte-o. Console-o.
Quando eu finalmente dou um passo em sua direção, seus olhos se
erguem para encontrar os meus. A emoção girando nessas órbitas
multicoloridas é quase o suficiente para me deixar de joelhos.
Ele é lindo. Lindo pra caralho.
Cabelo escuro na altura dos ombros que eu instantaneamente
imagino passando meus dedos. Sua mandíbula acentuada e masculina é
coberta por uma barba escura, e há uma cicatriz profunda e irregular que
desce por sua testa, passando por seu olho até o outro lado de sua
bochecha.
O olho por onde corre a cicatriz é de um tom de azul muito claro,
quase branco, confirmando que a ferida o deixou cego daquele olho.
Eu o observo em silêncio enquanto ele fica de pé com as pernas
trêmulas, seu corpo enorme se desenrolando lentamente até sua altura
máxima.
Meu olhar percorre automaticamente o comprimento dele de seus pés
descalços, até suas coxas grossas e musculosas até que eu alcanço o
apêndice muito grande pendurado entre eles.
Meus olhos se arregalam antes de me repreender mentalmente por
cobiçá-lo.
Logo, ele dá um passo lento e inseguro na minha direção e se retrai
quando passo meu dedo pela cicatriz em seu rosto.
— Tudo vai ficar bem agora, — eu sussurro, a dor no meu peito quase
insuportável.
Cautelosamente, ele estende a mão para mim e eu fico
completamente imóvel enquanto seus dedos traçam um caminho ao
longo da minha mandíbula até meus lábios.
Depois de alguns segundos, ele cai de joelhos e envolve seus braços
grossos em volta de mim. Ele enterra o rosto no meu peito, com seu
corpo gigante lutando contra mim enquanto ele começa a chorar
novamente.
Eu o seguro com força, deixando minha mão correr pelo seu cabelo
escuro e despenteado.
Eu o seguro por mais alguns minutos enquanto ele chora, e minhas
próprias lágrimas escorrem pelo meu rosto e caem em seu cabelo.
Este homem suportou coisas que nenhum ser vivo deveria suportar.
As cicatrizes em seu corpo contam uma história tão sombria que temo o
dia em que vou ouvi-la.
Ele se acalma alguns momentos depois, com os soluços intensos se
transformando em fungadas silenciosas. Quando ele inclina a cabeça
para olhar para mim, eu dou a ele um sorriso suave.
Então, seu olhar escurece e ele enterra o nariz entre meus seios.
Como se estivesse respirando pela primeira vez, ele me inala
profundamente. Ele suga uma respiração profunda após a outra, e o
gemido que ressoa em seu peito faz com que uma emoção muito
diferente flua através de mim.
Suas mãos grandes agarram os lados da minha camisa com força
enquanto ele tenta me puxar para mais perto dele, mas não há espaço
entre nós. — Calma aí, garotão, — eu digo a ele suavemente. Colocando
minhas mãos em seus ombros, eu me afasto dele antes que as coisas
saiam do controle.
Depois de colocar um pouco de distância entre nós, estendo a mão e
aliso o cabelo de seu rosto. — Você pode me dizer seu nome? — Eu
pergunto.
Seus olhos seguram os meus por um segundo antes de pular para
baixo. Ele não diz nada, e me pergunto se ele pode até falar.
Eu espero mais alguns segundos em silêncio antes de ir para o meu
armário e puxar um par de shorts de ginástica de Raiden que roubei dele
alguns anos atrás.
— Você quer tomar um banho? — Eu pergunto. Ele está em sua forma
de lobo há tanto tempo que não há como dizer quando tomou banho
pela última vez.
Não que ele cheire mal. Não consigo sentir o cheiro de nada além
daquele perfume masculino intrigante que faz minha cabeça girar.
Ele me observa atentamente enquanto eu pego os shorts, e ele me
segue quando eu pego sua mão e o levo para o meu banheiro.
Pego uma toalha do pequeno armário do banheiro e a estendo para
ele.
Ele a pega, mas não faz nenhum movimento para entrar no chuveiro.
Andando ao redor dele, eu ligo o chuveiro e espero a água atingir a
temperatura certa.
— Ok, — eu digo, passando minha mão sob a água uma última vez. —
Você pode mudar a temperatura da água com este botão. Há xampu,
condicionador e sabonete líquido. Desculpe se cheira à menina.
Ele olha para a água corrente e de volta para mim antes de respirar
fundo. Deixando a toalha, ele entra no chuveiro e se encolhe quando a
água atinge suas costas.
Observo enquanto ele pega o sabonete líquido e o examina antes de
abri-lo e cheirá-lo.
Percebendo que provavelmente deveria dar a ele sua privacidade,
começo a fechar a cortina do chuveiro, mas sua mão se estende e
gentilmente agarra meu braço.
— Sss... fique, — ele gagueja, com sua voz dura e incrivelmente grave.
— Por favor.
Capítulo 8
UMA CRIATURA GENTIL
Artemis

Quase me atordoa quando ele fala, com o barítono rico e profundo


enviando um arrepio pela minha espinha.
Dando a ele um sorriso suave, eu aceno antes que ele me solte e se
ensaboa.
Enquanto nós dois nos observamos, um silêncio confortável se instala
no pequeno espaço que nos rodeia, e eu pressiono meus lábios com força
para me impedir de rir quando percebo que ele é cerca de trinta
centímetros mais alto que o chuveiro.
Se eu tivesse que dar um palpite, esse cara deve ter pelo menos 2, 10
metros de altura.
Enquanto continuo minha observação, meus olhos começam a seguir
cada passagem que ele faz com a toalha e, em pouco tempo, tenho que
desviar o olhar.
A maneira como meu corpo está reagindo a este homem tomando um
banho simples é constrangedora, então eu limpo minha garganta sem
jeito antes de tentar puxar conversa.
— Então, você pode me dizer seu nome? — Eu pergunto de novo.
Ele fica em silêncio por um tempo, e quase começo a me perguntar se
o ouvi falar mesmo.
— Lixo, desgraçado, faça sua escolha, — diz ele calmamente enquanto
se inclina e fecha a água.
Meu estômago aperta com a dor em sua voz, mas fico em silêncio, sem
saber realmente o que dizer.
Ele pega a toalha e se seca antes de pegar os shorts do meu irmão e
vesti-lo. — Mas minha mãe me chamava de Aeros.
— Aeros, — eu repito em voz alta. Aeros. O nome parece tão certo na
minha boca e, assim que eu digo, um rosnado baixo passa por seus lábios.
— Eu gosto disso, — ele murmura.
Prendo minha respiração enquanto ele dá um passo em minha
direção, com sua cabeça mergulhando na curva do meu pescoço. Um
arrepio percorre minha espinha quando ele me inspira, e minhas
bochechas esquentam quando o sinto endurecer entre nós.
— Você se lembra do meu nome? — Eu engasgo enquanto tento
colocar algum espaço entre nós, mas ele não se move.
— Artemis, — ele respira enquanto se inclina para trás. Seus olhos
encontram os meus novamente e eu mordo meu lábio com força
enquanto tantas emoções me inundam.
Sua voz falando meu nome é melódica e cativante, como o canto de
uma sereia para um marinheiro perdido no mar.
Acho que nunca ouvi nada parecido, mas antes que possa me alongar
mais nisso, ouço uma batida à porta da frente antes de ouvi-la sendo
aberta.
— Artemis? — Eu ouço Jackson chamar.
— Eu realmente preciso me lembrar de começar a trancar a porta, —
digo para mim mesma enquanto me afasto do meu companheiro e vou
para a sala de estar. — O que foi, J?
— Eu só queria passar antes do meu turno para ter certeza de que
tudo estava bem... Uau. — Seus olhos se arregalam e fica boquiaberto
enquanto seu olhar vagueia atrás de mim.
— Puta merda! É o lobo? — Ele pergunta com um olhar de surpresa.
Eu aceno quando sinto Aeros nas minhas costas, com o domínio que
de repente está escorrendo dele quase me assustando.
— Nossa, ele é enorme pra caralho, — ele continua, sua voz cheia de
preocupação. — Tem certeza de que está segura aqui sozinha com ele?
O corpo de Aeros fica tenso com suas palavras, com um rosnado
profundo retumbando em seu peito, e minha pele arrepia com a estranha
energia que de repente começa a exalar dele.
Quando eu olho para ele, ele está olhando diretamente para Jackson.
Sua mandíbula se contrai e seus músculos se contraem como se ele
estivesse se preparando para atacar.
Sei que preciso parar esse confronto rapidamente se não quiser que
meu melhor amigo se machuque ou possivelmente morra.
— Aeros, — eu digo suavemente, e isso é tudo o que preciso. Assim
que ele ouve minha voz, seus olhos se voltam para os meus rapidamente
e a tensão em sua mandíbula diminui. — Jackson é meu amigo, lembra?
Ele apenas oferece um aceno de cabeça e um leve grunhido antes de se
virar e ir para a cozinha. Voltando-me para Jackson, eu passo a mão pelo
meu cabelo e suspiro. — Que dia de merda, — murmuro.
— Você não pode mais manter isso em segredo, A, — ele começa. —
Você precisa dizer ao Alfa.
— Eu sei. Eu sei, — eu gemo. — Eu só preciso de um pouco mais de
tempo.
Eu sei que assim que meu pai descobrir, ele vai ficar furioso por eu ter
escondido isso dele.
Prometi a Aeros que não deixaria mais nada acontecer com ele, mas se
meu pai descobrir, fico com medo de que eles o forcem a sair e não posso
deixar isso acontecer.
Jackson balança a cabeça. — Artemis, ele pode ser perigoso. Ele
poderia ser o prisioneiro da matilha Gorion e, se for, provavelmente é um
prisioneiro por um motivo.
— Você o viu, Jackson? Ele obviamente foi abusado, — eu digo em
descrença, mas ele me interrompe antes que eu possa continuar.
— Sim, eu o vi, e ele é maior do que qualquer homem que eu já vi. Eu
sei que ele provavelmente poderia arrancar cada uma de nossas cabeças
se ele tivesse essa ideia. Você sentiu a energia que ele estava jogando em
mim?
— Ele é meu companheiro, Jackson. Ele está apenas tentando me
proteger, — digo a ele. — Olha, não sei quem ele é ou de onde veio, mas
não vou deixar ninguém causar mais danos a ele do que já fizeram.
— Prisioneiro ou não. Ele estava completamente selvagem quando o
encontrei, pelo amor da Deusa. Ele é meu companheiro, quer você ou
qualquer outra pessoa goste ou não. — Jackson passa a mão no rosto. —
Só tome cuidado, Artemis, — ele diz antes de se virar e sair pela porta.
Jogando minha cabeça para trás, deixei escapar um longo suspiro
antes de andar até a cozinha. Estou um pouco surpresa ao ver Aeros
limpando a bagunça de antes.
— Por favor, me perdoe, — ele murmura. — Faz muito tempo que não
tenho comida de verdade.
— Não há necessidade de se desculpar, — digo a ele, com meu coração
doendo com sua revelação. — Sirva-se do que quiser. Sempre tenho
muita comida aqui e fico mais do que feliz em compartilhar.
Quando ele termina a limpeza, coloco nossos pratos para viagem no
micro-ondas e espero que esquentem.
Eu faço um gesto para ele se sentar à mesa de jantar quando a comida
estiver pronta, e nossos estômagos roncam simultaneamente quando o
cheiro de carne assada e vegetais enche o ar.
Sentado um de frente para o outro, ele espera até que eu comece a
comer antes de dar sua primeira mordida.
Eu mastigo pensativamente, com minha mente agitada por todas as
perguntas que quero fazer a ele.
Não, eu PRECISO perguntar a ele.
Antes de contar ao meu pai, preciso saber de onde ele veio e quem fez
isso com ele.
Mesmo que eu não queira apressá-lo sobre o assunto, é importante
para mim saber para determinar meu próximo passo.
— Então, — eu digo casualmente, — você pode me falar um pouco
sobre você?
Ele levanta os olhos da comida e uma expressão de dor cruza seu
rosto.
— Você tem uma matilha? Família? — Eu continuo.
Ele balança a cabeça e olha para a mesa. — Não. Não tenho ninguém.
Eu aceno e limpo minha garganta. — Você sabe quem eu sou para
você? — Eu pergunto curiosamente.
Ele balança a cabeça novamente, mas seus olhos voltam para os meus
rapidamente.
— Não, mas eu sei que pertenço a você.
Capítulo 9
UMA LONGA JORNADA PARA CASA Aeros
Uma Semana Antes
— Ajude-me a tirá-lo de lá! — Uma voz áspera familiar berra de fora
da minha jaula. — Então, me ajude, se você deixar ele me morder de
novo, você estará na cova a seguir!
Levanto minha cabeça cansada e rosno para a voz, a voz que tem sido
uma tortura pura nos últimos vinte anos.
A promessa explícita de dor naquela voz costumava me fazer encolher
como um cachorrinho. Agora, isso só alimenta meu ódio pela minha
espécie.
— Então, como vamos fazer isso hoje? — Ele ri cinicamente. — Do
jeito fácil... ou do meu jeito?
Vários passos me cercam enquanto ele fala, e tampo meus ouvidos
enquanto o barulho da gaiola de metal sendo aberta ecoa pelas paredes
imundas. Por mais que eu queira lutar, permaneço imóvel, sabendo que a
batalha seria inútil.
Segundos depois, ele agarra minha nuca e me puxa para fora da prisão
que tem sido minha casa desde que me lembro.
Meu corpo ainda quebrado, dói quando bate no chão de concreto e,
neste momento, espero que hoje seja o meu último.
Contudo, eu sei que não mereço a paz que virá com a morte. As coisas
que fiz para sobreviver no mundo em que vivo irão atormentar minha
alma por toda a eternidade.
Dia Atual
Linda. Nunca vi nada tão bonito e desconcertante quanto a mulher
sentada à minha frente agora.
Seu cabelo comprido e escuro lembra uma noite sem estrelas, tão
pacífico e sereno. Seus olhos são da cor de chamas e brasas ardentes.
Existem tantas palavras que eu poderia usar para descrevê-la, mas
nenhuma faria justiça a ela.
Mesmo que eu não saiba quem ela é ou onde estou, minha alma me
diz que estou em casa.
Por mais que minha mente atormentada me avise contra confiar nesta
mulher, meu coração me implora para chegar um pouco mais perto, mas
sei que não é possível. Eu sei que não posso ficar aqui muito mais tempo.
Se ele descobrir onde estou, ele não vai parar por nada até me atingir,
incluindo machucá-la, e eu não vou deixar isso acontecer.
— Você sabe quem eu sou para você? — Ela pergunta, quebrando
minha linha de pensamento atual.
Eu balanço minha cabeça lentamente, sem saber realmente por que
me sinto tão atraído por ela, mas ela obviamente sabe algo que eu não
sei, então respondo o melhor que posso.
— Não, mas eu sei que pertenço a você, — declaro simplesmente.
Uma expressão curiosa cruza seu rosto com a minha resposta, mas ela
rapidamente máscara com um sorriso suave.
— Eu sou sua companheira, — ela explica. — Você sabe o que é um
companheiro?
A palavra faz com que lembranças fracas da minha infância arranhem
as bordas da minha mente, mas por mais que tente, o significado não me
aparece.
Me sentindo um pouco ridículo, eu balanço minha cabeça e olho de
volta para o meu prato. Verdade seja dita, não sei muito sobre minha
espécie ou suas estranhas tradições.
— Acreditamos que a Deusa da Lua não queria que seus filhos
ficassem sozinhos, — ela começa. — Então, ela criou um verdadeiro
companheiro para cada um de nós. Os verdadeiros companheiros estão
ligados desde o nascimento, suas almas são duas metades de um todo.
— Depende de você e do destino encontrá-los e, por algum motivo, a
deusa decidiu deixá-lo bem na minha porta.
— Então, eu pertenço a você? — Eu a questiono, e ela sorri novamente
antes de responder.
— Hum, não exatamente, mas meio que, eu acho, — ela ri. Eu sinto os
cantos da minha boca se inclinarem ligeiramente ao som de sua risada, o
barulho melódico como música em meus ouvidos.
Faz tanto tempo que eu não ouço uma risada genuína que isso só a
toma muito mais doce. Seria tão fácil esquecer por que eu odeio minha
espécie se eu ficasse com ela por muito mais tempo.
Logo, um silêncio confortável se segue enquanto continuamos a
comer e, quando terminamos, ela se levanta e estende os braços sobre a
cabeça.
— Vou tomar um banho, — diz ela com um bocejo e, sem nem mesmo
pensar, me levanto para segui-la.
A besta dentro de mim me insiste para ir com ela, mas algo me faz
pensar melhor e eu me sento.
— Sinta-se em casa, — ela me diz quando vê o olhar conflituoso em
meu rosto. — Não tenho TV, mas tenho toneladas de livros, se você gosta
de ler. — Eu aceno quando ela se vira para ir embora, mas antes que ela
chegue muito longe, eu a paro.
— Obrigado, — digo com sinceridade, — por tudo o que você fez por
mim. Minha pele não vê a luz do dia há muito tempo, e a bondade que
você tem me mostrado é algo que nunca poderei retribuir.
Ela me dá um último sorriso antes de se retirar para o banheiro, e
guardo a imagem para os tempos difíceis que sei que enfrentarei em
breve.
Quando ouço o chuveiro ligar, vou até a porta da frente e a abro
silenciosamente. Fiquei muito tempo e já coloquei essa fêmea em tanto
perigo que ela nem sabe.
Se eu partir agora enquanto a lua está alta, sua luz certamente me
guiará.
Quando eu saio, eu inspiro profundamente o ar úmido da noite
infiltrando-se profundamente em meus ossos.
Meu lobo implora que eu fique com esta fêmea que ele reivindicou
como sua, com o uivo incessante na minha cabeça me guiando para
voltar para dentro e protegê-la, mas eu sei que a única coisa da qual ela
precisa ser protegida sou eu e meu passado.
Meus pecados são uma sombra que me seguirá aonde quer que eu vá,
e sei que nunca poderia dar a ela a felicidade que ela merece.
Talvez em outra vida, a lua graciosamente a presenteie para mim
novamente.
Eu só posso esperar.
Capítulo 10
A CALMA ANTES DA TEMPESTADE
Artemis

— Aeros? — Eu grito enquanto limpo a condensação do espelho do


banheiro. — Acho que pode haver alguma sobra de torta de mirtilo que
fiz na geladeira. Coma um pedaço, se quiser. Um copo de leite frio vai
muito bem com ela.
Depois de alguns momentos e nenhuma resposta, eu acho que ele
provavelmente está dormindo, então eu enrolo minha toalha em volta de
mim e vou para o meu quarto.
Enquanto eu caminho para o armário, fico surpresa quando ouço uma
batida na porta da frente.
Pegando uma camisa grande e um moletom, eu os visto rapidamente
enquanto me pergunto quem poderia estar aqui a esta hora da noite.
Enquanto eu caminho para a sala de estar, uma sensação de mal-estar
se instala na boca do estômago quando vejo que ela está vazia.
Não tenho muito tempo para pensar nisso porque outra batida, desta
vez mais alta, me leva até a porta e, quando a abro, aquela sensação de
mal-estar floresce em plena agitação.
— Byron? — Eu pergunto incrédula. O arrogante macho Alfa está do
lado de fora da minha porta com um sorriso doentio estampado no rosto
e os braços cruzados sobre o peito.
Eu faço uma careta quando o cheiro de álcool sai dele e atravessa a
porta aberta, fazendo meu estômago revirar.
— O que diabos você está fazendo aqui? — Eu pergunto enquanto
minha loba começa a ficar ansiosa.
— Bem, eu estive sentado nesta floresta atrás da sua casa por algumas
horas pensando sobre o que você me disse, — ele começa.
Ele inclina a cabeça para o lado enquanto dá um passo para frente,
fazendo-me dar um passo para trás.
— Nunca fui tão humilhado, — continua ele. — Quem me conhece
sabe que não aceito não como resposta.
— Você precisa sair, — digo a ele com firmeza, interrompendo
efetivamente seu discurso bêbado. Não sei de onde esse homem de
repente teve culhões, mas estou quase pronta para entregá-los a ele em
uma bandeja de prata.
— Eu não acho que vou, — ele responde presunçosamente. — Papai
não está aqui para salvá-la desta vez.
Estreitando meus olhos para ele, cerro os dentes em um esforço para
manter minha boca fechada, mas ela se abre mais rapidamente do que
posso impedir.
— Se bem me lembro, não foi meu pai que te deu uma surra, — eu
digo.
Eu imediatamente me arrependo de ter dito isso porque só adiciona
lenha à fogueira.
A raiva explode em seu rosto e antes que eu tenha a chance de bater à
porta nele, ele estende a mão e agarra um punhado do meu cabelo.
O movimento repentino de seu braço me faz perder o equilíbrio e ele
me arrasta para dentro de minha casa e me joga no chão.
— Eu vi seu namorado sair mais cedo, — ele rosna enquanto tento me
levantar. — Você escolheu um filho da puta feio como aquele em vez de
mim? Você deve ser idiota pra caralho. — Meu coração aperta quando
percebo que ele está falando sobre Aeros. Ele deve ter saído de casa
enquanto eu estava no banho, mas por quê?
Ele está seguro aqui e não tinha motivo para sair.
Levantando-me de novo, não perco tempo e corro para a porta na
esperança de encontrar meu companheiro antes que outra pessoa o faça,
mas antes que eu possa abrir a porta, Byron agarra meu braço e me puxa
de volta.
— Me deixe! — Eu grito enquanto puxo meu braço livre para trás e
bato meu punho direto em seu nariz. Ele imediatamente me solta, com
sua raiva quase palpável enquanto o sangue escorre pelo seu rosto.
— Vadia! — Ele grita furiosamente, mas antes que ele possa me
agarrar novamente, eu abro a porta e corro para fora.
Meu coração bate descontroladamente em meu peito enquanto eu
ganho velocidade, com o uivo implacável da minha loba me impelindo
para frente.
Quando eu chego na linha das árvores atrás da minha casa, eu paro e
respiro, esperando poder sentir o cheiro de Aeros. Não demorou muito
para encontrá-lo, mas antes que eu pudesse agir, sou abruptamente
jogada no chão novamente.
Minha cabeça gira ao bater em uma grande pedra incrustada no solo,
e grito quando Byron rasteja em cima de mim.
— Chega de besteira! — Ele grasna enquanto se atrapalha com seu
cinto. — Pare de se fazer de difícil.
Minha visão fica embaçada conforme o latejar da minha cabeça fica
pior, e eu sinto minha energia se esgotando rapidamente.
Eu grito quando o sinto se posicionar entre minhas pernas e meu
estômago rola de náusea quando percebo o que está acontecendo.
— Por favor, não faça isso, — eu imploro enquanto ele rasga minha
camisa. — Você sabe que meu pai vai te matar quando descobrir.
Minha tentativa final de pará-lo não adianta nada, porque ele me dá
um soco forte na boca.
— Ele não vai descobrir, — ele zomba. — Seu corpo já terá ido
embora.
À medida que minha consciência vai e volta, ouço vagamente um
rosnado profundo e estrondoso atrás dele.
Em um estado de sonho, eu apenas assisto quando uma grande mão
envolve seu pescoço e o puxa para longe do meu corpo.
Um som de estalo nauseante ecoa pela quietude da noite e, logo
depois, eu me sinto sendo levantada do chão por dois braços enormes
antes de desmaiar completamente.
— O que aconteceu?! — Uma voz familiar grita furiosamente, me
acordando de um sono profundo. — Como isso aconteceu?
Um rosnado ameaçador segue as perguntas, e tento abrir meus olhos
apenas para encontrar um crânio latejante.
— Artemis? Você está bem? — Jackson pergunta freneticamente
enquanto tento me sentar.
— Acho que sim, — digo a ele enquanto esfrego a parte detrás da
minha cabeça dolorida. — Aeros? Onde está Aeros?
— Bem aqui, — uma voz profunda e familiar responde atrás de mim.
Virando-se, o alívio inunda meu corpo enquanto eu observo Aeros, e
solto um suspiro de alívio.
— Você está bem, — eu digo. — Porque você saiu? — Eu franzo a testa
quando ele olha para o chão, seu silêncio não é nada reconfortante, mas
eu ignoro porque Jackson começa a gritar.
— Diga-me o que aconteceu! — Ele exige, e é quando as memórias do
meu ataque piscam em minha mente.
— Byron, — digo a ele enquanto minha cabeça começa a girar
novamente. — Byron me jogou no chão e eu bati com a cabeça em uma
pedra.
Aeros rosna baixo com a minha declaração, seus músculos ficam
tensos enquanto um olhar de raiva substitui a expressão solene em seu
rosto.
— Bem, Byron está morto, — Jackson diz rigidamente, e eu sinto
meus olhos se arregalarem quando a ficha cai. — Seu companheiro o
matou.
Capítulo 11
UM SALVADOR IMPROVÁVEL
Aeros

Não se passaram muitas luas desde a última vez que tirei uma vida.
Admitindo-se que a maioria das vidas que tirei foi em uma situação
em que era matar ou morrer, a tristeza e o arrependimento que
geralmente sinto por devolver uma alma à lua não estão em lugar
nenhum agora.
O homem que tentou estuprar Artemis não era digno de sua vida, não
merecia andar livre sobre a terra.
Eu sei em meu coração que nenhum homem deve machucar uma
mulher. A mulher é a fonte da vida, aquela que traz a própria vida a este
mundo.
É a única coisa que me lembro dos ensinamentos da minha mãe, mas
é algo que nunca esquecerei.
Eu estava vivo há apenas cinco verões quando fui levado dela. Minha
infância foi frustrada pelo próprio diabo, me forçando a lutar e com
punições extremas quando recusava por anos.
Isso eventualmente nublou tanto minha memória dela que eu nem
consigo mais me lembrar de como ela é.
Meu lobo, sentindo-se vitorioso ao matar o inimigo de sua fêmea, uiva
alto na minha cabeça, me trazendo de volta ao presente, enquanto ele
deseja confortá-la.
Meu ser me diz que esta mulher é minha para proteger, e sei que, do
fundo da minha alma, faria qualquer coisa para fazer exatamente isso.
Achei que era de mim que ela precisava se proteger, mas agora não
tenho tanta certeza.
Eu olho para ela, meu coração apertando dolorosamente enquanto eu
observo o sangue emaranhado em seu cabelo e manchando seu rosto.
Se eu tivesse atrasado mais alguns minutos, ela certamente não estaria
sentada aqui olhando para mim com aqueles olhos de fogo que
cresceram tanto sobre mim nos últimos dias.
— Você o matou? — Ela me pergunta, com seus olhos se arregalando
de horror e descrença.
Eu fico em silêncio enquanto ela pula da cama e balança algumas
vezes antes de eu estender a mão e gentilmente estabilizá-la.
Ela se afasta do meu alcance e rapidamente caminha até a pequena
janela em seu quarto e olha para fora com expectativa.
— Eu não vi ninguém ainda, — ela diz preocupada. — Você contou a
alguém, J?
— Não, — ele diz enquanto esfrega a mão no rosto. — Eu estava
patrulhando quando ouvi você gritar. Vim aqui o mais rápido que pude.
Achei que o gigante aqui tivesse feito algo com você.
Ele acena para mim enquanto fala, e eu rosno com a acusação.
O rosto do homem empalidece enquanto eu caminho até ele, com a
fúria de mais cedo ainda fervendo dentro de mim.
— Eu nunca a machucaria, seu tolo, — eu rosno para ele. — E eu vou
matar qualquer um que tentar.
— Isso é o suficiente, — Artemis sibila enquanto ela se posiciona entre
nós. — O que está feito está feito. Agora tenho que descobrir como
consertar isso.
— Jackson, você vai pegar o corpo de Byron? Traga-o aqui para que
não fique apenas exposto. Vou precisar de algum tempo para dar um jeito
nisso.
— Você não pode estar falando sério, — ele zomba. — Precisamos
contar ao seu pai. Aquela besta acabou de matar um Alfa!
— Aquele porco nojento não é digno de ser chamado de Alfa, — ela
ferve, com os dentes cerrando com tanta força que tenho medo de que
possa quebrá-los.
— Ele tentou me estuprar e definitivamente teria me matado depois.
A única razão pela qual estou viva é por causa dessa besta.
Eu assisto completamente pasmo enquanto ela me defende deste
homem. Nunca tive ninguém me defendendo antes.
Há uma força nesta fêmea que posso sentir, a mesma força que posso
sentir em outros machos Alfa.
Assim que as palavras saem de sua boca, a expressão de seu amigo
muda para uma de preocupação.
— Eu sinto muito, A, — ele afirma com simpatia enquanto estende a
mão e toca seu ombro.
Eu mordo de volta a raiva que ameaça me engolfar quando ele toca
minha mulher, mas consigo segurá-la por causa dela.
— Vou buscá-lo, — diz ele gravemente, — mas temos que contar ao
seu pai logo de manhã. Estamos em uma merda profunda agora.
Ela acena com a cabeça uma vez e então ele vai embora, deixando-nos
sozinhos na escuridão de seu quarto.
O silêncio do espaço ao nosso redor faz pouco para acalmar meus
pensamentos, e começo a me preocupar se ela está com raiva de mim,
embora não tenha certeza do porquê.
Logo, esses pensamentos são colocados de lado quando ela coloca a
mão no meu peito nu.
— Obrigada, — ela diz baixinho enquanto uma lágrima desliza por
sua bochecha.
Alcançando seu rosto, eu limpo a umidade com meu polegar antes de
levantar seu queixo com meu dedo.
— Por favor, não chore, — digo a ela, e sem pensar, eu me inclino e
pressiono meus lábios nos dela.
A eletricidade pura flui entre nossas bocas pelo momento fugaz em
que se unem, e é nesse momento que sei que não posso deixá-la.
O gosto dela me deixa sem fôlego de uma maneira que eu nunca
conheci ou experimentei. Seu doce perfume corre em minhas veias
enquanto a inspiro, com meu corpo ansiando por algo que nunca teve.
Quando me afasto, seus olhos estão arregalados com uma emoção que
ainda não entendi muito bem, mas tenho certeza de que é a mesma que
estou sentindo agora.
Eu nunca estive tão perto de uma mulher, nunca realmente tive o
desejo de estar tão perto de uma mulher até que a conheci.
Seu corpo suaviza contra o meu enquanto eu a puxo com força para
mim, com apenas um toque dela acalmando meus medos e preocupações
mais profundos.
— Por que você saiu? — Ela pergunta baixinho, com sua voz abafada
ao pressionar seu rosto no meu peito.
— Achei que estava fazendo a coisa certa, — digo a ela. — Eu pensei
que estava te protegendo.
— Me protegendo do quê? — Ela pergunta enquanto eu passo meus
dedos por seu cabelo escuro e macio.
Eu sei que vou ter de dizer a ela se pretendo ficar por aqui. Ela precisa
saber contra o que estou lutando, contra o que estamos lutando.
— De mim, — eu finalmente digo. — Daqueles que certamente estão
me caçando agora.
Ela se inclina para trás e olha para mim, com preocupação gravada em
seu lindo rosto.
— Diga-me, — ela diz. — Diga-me quem está te caçando. Eu preciso
saber tudo. — Olhando para ela, decido que é agora ou nunca, e se ela me
odiar depois de descobrir tudo de que sou culpado, que seja, mas quero
que ela saiba quem eu sou. O verdadeiro eu.
— Eu sou um monstro, — digo a ela lentamente.
— Uma besta que foi criada para lutar. Eu não tenho liberdade. Meu
único propósito é obedecer ao meu mestre, lutar e matar. Minha alma
não é minha há muito tempo.
Ela se agarra a cada palavra enquanto eu falo, com seus olhos ficando
mais arregalados a cada segundo.
Por um momento, temo ter cometido um erro. Eu percebo o quão
insano isso deve soar para ela, para alguém que fala de matilhas e
companheiros pacíficos.
Antes que eu tenha a chance de continuar, o som da porta da frente se
abrindo chama minha atenção. Alguns segundos depois, Jackson entra na
sala.
— Espero que você tenha descoberto alguma coisa, — ele diz
freneticamente através da respiração ofegante. — Daniel estava
patrulhando na fronteira sudeste e ouviu você gritar. Ele alertou o Alfa, e
ele está vindo para cá com seus guerreiros agora.
Capítulo 12
ACALMANDO A DOR
Artemis

Eu quase não registro o que Jackson diz quando ele irrompe em meu
quarto, mas minha mente está girando com o que Aeros acabou de me
dizer.
Estou ainda mais confusa agora do que quando não sabia nada sobre
ele.
Acho que uma pequena parte disso tem a ver com aquele beijo porque,
mesmo que tenha sido breve, acendeu um fogo dentro de mim diferente
de tudo que eu já senti.
Estou começando a aprender que o vínculo do companheiro e sua
química estranha são muito reais.
Seu perfume masculino único ainda permanece no meu nariz, e a
forma como seus lábios macios traem o resto dos planos ásperos e duros
de seu corpo, eu simplesmente não consigo pensar direito.
— O que nós vamos fazer? — Jackson pergunta apressadamente,
efetivamente quebrando minha linha de pensamento atual. Sua
expressão tem pânico estampado em tudo, mas por algum motivo, o
pânico não me atinge.
— Saia, J, — eu digo a ele calmamente. — Você não teve nada a ver
com isso.
— Mas, A, — ele começa a argumentar, mas eu o interrompo e o
chamo em direção à pequena janela do meu quarto.
— Pode ir, — eu digo enquanto abro a janela. — Não se preocupe
comigo. Tudo ficará bem.
Ele me dá uma olhada, deixando-me saber que ele não concorda, mas
ele sobe de qualquer maneira a janela do tamanho exato de seu corpo
grande, e ele desaparece na escuridão da noite.
— Por que ele está tão preocupado? — Aeros me pergunta enquanto
eu me viro para encará-lo. — Esse homem não é mais uma ameaça para
você. — Não tenho tempo de responder porque minha porta da frente se
abre, fazendo a velha casa tremer com a força disso.
— ARTEMIS!? — A voz do meu pai ecoa pela sala de estar.
— Aqui, pai, — eu grito de volta para ele enquanto deslizo minha mão
da mão muito maior do meu companheiro.
Ele me segue até a sala de estar onde meu pai e oito de seus guerreiros
estão e, ao que parece, eles estão prontos para lutar assim que meu pai
der a ordem.
Assim que meu pai me vê, seu rosto se contorce de raiva e
preocupação. — O que aconteceu?! — Ele berra, com sua raiva rastejando
ainda mais em sua voz. — Quem fez isso com você?!
Ele nem parece notar o enorme macho ao meu lado enquanto ele
percebe meus ferimentos, e estou grata que Aeros permanece em
silêncio.
— Byron, — digo a ele. — Ele estava bêbado e tentou me estuprar.
— Aquele filho da puta! — Meu pai grita enquanto se vira para seus
guerreiros. — Encontre-o e traga-o para mim agora! Ele terá sorte de ver
amanhã! — Seus guerreiros obedecem e se dispersam rapidamente, e
quando ele se vira, sua expressão se desfaz enquanto ele estende a mão
para tocar minha bochecha inchada.
— Sinto muito, querida, — ele me diz, e é então que Aeros faz sua
presença ser conhecida como um rosnado baixo retumbando em seu
peito.
— Está tudo bem, — digo ao meu companheiro suavemente. — Este é
meu pai. Ele não vai me machucar.
A tensão em seu rosto diminui quando nossos olhos se encontram, e
ele acena com a cabeça uma vez enquanto meu pai olha, perplexo.
— Quem é você? — Meu pai pergunta. — O que está acontecendo,
Artemis?
Algo que quase parece orgulho, junto com um monte de nervosismo,
toma conta de mim quando apresento meu companheiro ao meu pai
pela primeira vez.
— Pai, este é Aeros, — digo a ele ansiosamente. — Meu companheiro.
— Seu companheiro? — Ele pergunta enquanto a raiva em sua voz
diminui. — Como isso aconteceu?
Como vocês se conheceram?
Respirando fundo, engulo o nó na minha garganta enquanto me
preparo para sua reação.
— Eu o encontrei perto do limite da fronteira da matilha, — eu digo.
— Eu acho que ele pode ser o prisioneiro da matilha Gorion. Ele estava
quase morto quando o encontrei. Eu acredito que eles o machucaram,
até o torturaram.
— Há quanto tempo você o encontrou? — Ele pergunta enquanto
estuda o gigante ao meu lado, e eu fico tensa sabendo que ele não vai
gostar da minha resposta.
— Há mais de uma semana, — quase sussurro, e sinto Aeros apertar
minha mão de maneira tranquilizadora.
— Por que você não me contou? — Ele pergunta, sua voz ficando mais
alta com cada palavra. — Ele cheira a um dos sem matilha.
Meu pai rosna o nariz ao dizer isso, e a raiva que de repente me
domina é quase tangível.
— E daí se ele não tiver matilha? — Eu pergunto enquanto cruzo
meus braços sobre o peito. — É exatamente por isso que eu não te contei.
— Ele pode ser perigoso, Artemis, — ele responde, nunca tirando os
olhos do meu homem. Depois de alguns momentos de silêncio
desconfortável, um de seus guerreiros volta.
— Encontramos Byron, senhor, — diz ele. — Lamento informar que
ele já está morto. — Meu pai olha para mim e depois de volta para Aeros,
e eu sei que ele sabe.
— Diga-me exatamente o que aconteceu, — ele diz severamente, e eu
faço exatamente isso.
Depois de contar toda a história, meu pai esfrega a mão no rosto,
cansado.
— Obrigado, — ele diz a Aeros sinceramente, — por proteger minha
filha quando eu não pude. Estou muito grato por isso, mas isso poderia
muito bem iniciar uma guerra.
— O pai de Byron vai no mínimo desafiá-lo, e essa batalha será uma
luta até a morte.
— Ele estava apenas me defendendo daquele idiota, — eu interrompi.
— Ele não deveria ser desafiado por isso, por tentar proteger sua
companheira! Se alguém deve ter alguma culpa em alguma coisa, sou eu.
— Eu o trouxe aqui, afinal, e o mantive em segredo. Ele é minha
responsabilidade. Sou eu quem deveria ser desafiada!
— De jeito nenhum, — ele diz. — Nada disso é culpa de ninguém, e
até onde eu sei, a justiça foi feita, mas o fato de ele não ter matilha e
acabar de matar o filho de um Alfa, ele será desafiado como tal.
— Ele precisa vir comigo agora até que eu consiga resolver isso. Eu
preciso ter certeza de que ele não é um perigo para o resto da matilha.
Aeros endurece ao meu lado com sua declaração, e eu sei que isso não
será uma possibilidade agora.
— Não, — digo com firmeza, — ele fica comigo. Eu realmente não
acredito que ele seja um perigo para ninguém. Seu coração é bom,
mesmo se ele não tiver matilha, e mesmo isso não é culpa dele. — Ele não
é como o resto de nós, e ele não é como os outros de quem você me
falou. Ele não sabe nada sobre a vida da matilha. Ele foi mantido contra
sua vontade por muito tempo, disso eu sei. Ele precisa de sua
companheira agora. Ele precisa de mim!
Eu viro minha cabeça quando termino de falar, não sendo mais capaz
de manter contato visual com o Alfa, que é meu pai.
— Ok, ele pode ficar, — ele diz, seu tom suavizando, antes de se virar
para Aeros, — por enquanto. Se fosse eu, eu sei que provavelmente teria
matado aquele desgraçado também, então não vou usar isso contra você.
— Eu tenho um mau pressentimento sobre ele desde que ele chegou
aqui, mas seu pai e eu somos aliados e não acreditava que ele fosse
perigoso.
— Quanto a quem está te caçando, vou designar dois de meus
guerreiros para ficar de guarda do lado de fora, e se algo acontecer,
acredite em mim, eu serei o primeiro a saber. Falaremos mais sobre isso
amanhã.
Eu dou um suspiro de alívio e aceno com a cabeça, grata por meu pai
ter sido tão compreensivo. Depois de um pouco mais, ele beija minha
testa antes de ir embora.
— Venha, — Aeros diz assim que estamos sozinhos, com o tom de
barítono profundo de sua voz vibrando em meus pensamentos e se
estabelecendo nas partes mais profundas de mim.
Ainda me sinto um pouco tonta do que tenho certeza que é uma
concussão, mas o sigo até meu banheiro e me sento na lateral da
banheira enquanto ele abre a torneira.
A pequena sala se enche de vapor quente enquanto ele enche a
banheira e, quando ele termina, ele me agarra por baixo dos meus braços
e me levanta para que eu fique na frente dele.
Eu realmente nem tenho tempo para pensar enquanto ele se abaixa e
levanta minha camisa para cima e sobre a minha cabeça.
— O que você está..., — eu começo, mas meus pés rapidamente
deixam o chão quando ele me levanta novamente, desta vez com um
braço em volta das minhas costas e o outro sob minhas coxas. Então, sou
suavemente colocada na água morna.
Afundando um pouco mais, fecho meus olhos e suspiro, grata pelo
calor que se infiltra em meu crânio dolorido.
Depois de alguns minutos de molho, me sinto melhor e me sento para
ver que Aeros ainda está parado no mesmo lugar, parecendo um tanto
desconfortável.
— Você está bem? — Eu pergunto enquanto meus olhos baixam, e só
então eu vejo porque ele parece tão desconfortável. É muito difícil não
perceber.
Os shorts de ginástica que ele está vestindo faz muito pouco para
esconder o que eu acabei de ver latejando.
O tamanho dele deve ser o suficiente para me fazer encolher, mas eu
juro que só faz minha barriga treme, pois deseja ser preenchida por ele.
Quando meu olhar encontra o dele novamente, ele quase parece
envergonhado.
— Estou bem, — diz ele depois de limpar a garganta, e noto que sua
voz está ainda mais grave do que o normal.
— Quantos anos você tem? — Eu pergunto.
— Vinte e seis verões.
— Você já esteve com uma mulher?
— Não, nunca, — diz ele. — Eu te disse. Antes da minha última
transformação, minha pele não via a luz do dia há muito tempo.
— Quanto tempo? — Eu questiono, genuinamente curiosa para saber
mais sobre ele.
— Já se passaram pelo menos dez verões desde minha última
transformação antes de conhecer você, — ele responde, e eu franzo a
testa com a dor em seu rosto enquanto ele tenta se ajustar discretamente
através dos shorts.
— Isso é natural, — digo a ele casualmente enquanto aponto para a
metade inferior de seu corpo.
— Eu sou sua companheira. Sem falar que estou completamente nua.
— Eu pensaria que algo está errado se você não tivesse essa reação.
Não precisa ficar envergonhado.
— Eu não vou mentir, — ele murmura enquanto seus olhos
penetrantes permanecem na minha pele nua. — Meu lobo está me
dizendo para afundar meus dentes tão profundamente em sua garganta
para que fique permanentemente marcada. — Ele para de falar por um
momento, como se para se recompor, e eu mordo meu lábio com força
enquanto ele se abaixa e aperta seu membro inchado através do tecido
fino.
— Meus instintos me dizem que você é minha. Eles me dizem que eu
deveria estar dentro de você. Tão profundamente dentro de você que eu
não posso dizer onde você começa e eu termino.
Capítulo 13
ALIVIANDO A TENSÃO
Aeros

Instinto.
Esse desejo inato e primordial tem sido a força motriz que me
manteve vivo pela maior parte da minha vida, mas, neste momento,
parece mais uma fome insaciável.
É como uma sede profunda, o que esta mulher despertou tão
profundamente dentro de mim.
Esse sentimento é tão estranho para mim, com sua mera presença
como uma chama ameaçando engolfar meu próprio ser. Nunca vi a pele
nua de uma mulher até ela, e sei que nunca vou querer ver outra.
Sua pele nua é tão provocantemente bela, seus seios fartos e redondos
mal escondidos sob o comprimento de seu cabelo comprido e escuro.
Sem ela dizer uma palavra, posso sentir suas curvas suaves implorando
pelo meu toque. Eu anseio por estar dentro dela de todas as maneiras
possíveis, ser um com ela, fazer seu corpo e alma serem meus.
— Meus.
O animal dentro de mim repete isso indefinidamente na minha
cabeça como um mantra.
Ele me implora para marcá-la com meus dentes, para marcar
permanentemente sua pele delicada, pois só então ela será nossa
completamente, mas eu nunca poderia infligir-lhe tanta dor.
Respirando fundo, tento empurrar a besta ainda mais para trás em
minha mente enquanto ele tenta assumir o controle, pois me preocupo
em não ter nenhum poder sobre ele depois que ele o fizer, e não vou
deixá-lo machucá-la.
Não aquela que me mostrou a única bondade que já conheci.
— Aeros..., — sua doce voz sussurra suavemente, tirando-me dos
pensamentos caóticos que passam pela minha cabeça.
Eu engulo em seco quando ela se levanta de seu banho, com meus
olhos seguindo cada gota de água que rola de seu corpo.
Minha respiração fica superficial quando ela dá alguns passos para
mais perto de mim e a dor entre minhas pernas acelera, fazendo-me
apertar o apêndice latejante novamente na esperança de algum tipo de
alívio.
— Eu não quero te machucar, — eu engasgo enquanto sinto meus
dentes se alongarem em pontas afiadas.
Mordendo meu lábio com pontas de navalha, o gosto acobreado de
sangue enche minha boca, mas não faz nada para aliviar a dor que está
passando por mim.
— Você não vai, — ela responde com sinceridade, e não posso deixar
de pensar que lobinha corajosa ela é.
Há uma verdade em sua voz que me faz querer acreditar nela. Ela não
me deu nenhuma razão para não acreditar nela, mas não é ela. Sou eu em
quem não confio.
Afastando-me dela, coloco minhas mãos na parede e me preparo, com
minha cabeça baixa enquanto tento dominar meu lobo.
Depois de algumas respirações profundas, enrijeço-me quando sinto
suas mãos percorrerem minhas costas, com o menor toque dela fazendo
a besta dentro de mim enlouquecer novamente.
— Não, — eu digo a ela, com minha voz afiada e tensa.
— Eu posso te ajudar, — diz ela de forma tranquilizadora, seu corpo
tão perto do meu que posso sentir o calor dela nas minhas costas. —
Deixe-me ajudá-lo.
Embora eu tenha medo do que pode acontecer, fico em silêncio e
imóvel enquanto ela envolve seus braços em volta de mim, com meu
estômago apertando enquanto suas mãos se movem lentamente do meu
peito para o lugar que mais dói.
— Artemis, — eu sibilo com os dentes cerrados, minha voz mal
reconhecível aos meus próprios ouvidos enquanto seus dedos macios
roçam meu comprimento inchado através do pedaço de pano que me
cobre. — Por favor.
Seus lábios roçam nas minhas costas enquanto ela desliza a mão
dentro dos shorts e me liberta, com meus quadris empurrando para
frente enquanto ela me agarra com força, e eu mantenho minhas mãos
firmemente plantadas na parede à minha frente para me equilibrar.
— Se você não gostar, eu paro, — ela respira enquanto começa a me
acariciar lentamente.
Sua mão macia parece incrível ao meu redor, com a sensação de um
calor escaldante se espalhando lentamente pelo meu corpo, apenas
esperando para ser liberado.
— Por favor, — eu grito. — Não pare.
Meu pedido não passa despercebido porque seu aperto aumenta ainda
mais, e um pequeno gemido escapa de seus lábios enquanto eu me
empurro em sua mão com mais força, mais rápido, cada golpe me
trazendo mais perto do alívio que procuro.
Hipnotizado, eu observo enquanto meu comprimento se move para
frente e para trás, a substância pegajosa vazando da ponta cobrindo sua
mão e me fazendo deslizar sem esforço em suas mãos.
Depois de mais alguns momentos, eu viro minha cabeça para olhar
para ela, com meu olhar indo de seus lábios entreabertos até onde sua
mão livre está atualmente situada entre suas coxas.
Eu gemo quando seus dedos se movem dentro dela, os dedos
brilhantes e úmidos com seu desejo.
Não sendo capaz de me impedir, eu chego para trás e substituo seus
dedos pelos meus, com a carne lisa e aveludada dentro dela se contraindo
quase imediatamente quando eles entram nela. Ela grita enquanto pulsa
em volta do meu dedo, com o som dela fazendo o calor se transformar
em pura eletricidade enquanto rasga meu corpo em uma chama
consumidora.
— Artemis! — Eu rugi enquanto meus quadris sacudiam
descontroladamente, meu comprimento latejando e pulsando enquanto
minha semente derrama em sua mão.
— Puta merda, — ela sussurra após a última das ondas de choque
passar por mim. — Isso foi tão bom.
Virando-me, limpo minha garganta, incapaz de formar qualquer
palavra coerente, então me inclino e pressiono meus lábios contra sua
testa.
*
Um tempo depois, de volta à escuridão de seu quarto, ela veste uma
camisa e se arrasta para a cama.
— Devíamos dormir um pouco, — diz ela com um bocejo. — Seja o
que for que traga amanhã, provavelmente não será nada bom.
Entrando nos lençóis macios atrás dela, eu envolvo meu braço em
tomo dela e a puxo para cima de mim. Com sua cabeça no meu peito, eu
enterro meu nariz em seu cabelo, com o cheiro dela infiltrando cada
célula do meu corpo.
— Aeros? — Ela chama com o sono pesado em sua voz. — Prometa-
me que se o pai de Byron desafiar você, você não o deixará vencer.
— Não se preocupe comigo, — digo a ela suavemente enquanto passo
meus dedos por seu cabelo. — As probabilidades estavam contra mim
durante toda a minha vida e, no entanto, aqui estou.
Eu não disse a ela apenas uma semana atrás que eu estava implorando
pela morte enquanto era arrastado para outra batalha para tirar outra
vida. Não importa o quanto eu implorasse, meu lobo não nos permitiria
perder.
A morte me acompanhou por toda a minha vida, mas de alguma
forma, sempre estou um passo à frente.
Finalmente sinto, pela primeira vez em minha existência solitária, que
tenho algo pelo que viver e lutar, e pretendo fazer exatamente isso.
Capítulo 14
UM VISITANTE INESPERADO
Artemis

Acordo na manhã seguinte com o som da chuva. As grandes gotas


batiam continuamente no meu telhado de zinco, enchendo a sala com
sua canção reconfortante.
Suspirando satisfeita, eu olho para o enorme macho adormecido que
ainda está situado embaixo de mim. Sua respiração é profunda e
constante, e eu aproveito o momento para estudar o quão pacífico seu
rosto está agora.
Estendendo a mão, eu lentamente traço os ângulos ásperos de sua
mandíbula mal barbeada por todo o caminho até as maçãs salientes do
rosto.
A aspereza de seus bigodes contra minha palma envia um arrepio pela
minha espinha, e eu continuo até que meus dedos roçam a suave
curvatura de seus lábios.
— Você é tão bonita, — eu sussurro enquanto pressiono um beijo
gentil na cicatriz longa e irregular que se estende por seu rosto.
Ele se mexe um pouco enquanto eu aconchego meu rosto em seu
peito, e não posso deixar de pensar em como fiquei mole com esse
homem.
Minha mãe estava certa quando me disse que minhas prioridades
mudariam quando eu encontrasse meu companheiro. Liderar minha
matilha ainda é importante para mim, mas estar com aquele a quem eu
estava destinada parece muito importante.
Embora não conheça Aeros há muito tempo, sinto que o conheço há
anos. Meus sentimentos por ele estão se fortalecendo em um ritmo que
eu nunca imaginei ser possível.
Eu quero construir uma vida com ele e ensinar-lhe tudo sobre ser
parte de uma matilha.
Pego-me querendo saber cada pequeno detalhe sobre ele. Eu quero
saber o que o faz vibrar, o que o faz sorrir, o que o faz gozar.
Com o pensamento, minha mente vagueia de volta para a noite
passada. A maneira como ele se sentia na minha mão, a maneira como
seu corpo reagiu a mim, a maneira como meu corpo reagiu a ele.
Não consigo nem me lembrar de uma vez em que desmoronei tão
rapidamente. Apenas um toque dele e eu sumi.
— Bom dia, linda. — A voz de Aeros ainda está rouca de sono quando
ele acorda, o som percorrendo cada célula do meu corpo, deixando um
rastro de calor em seu rastro.
Eu olho para cima para ver seus olhos completamente focados em
mim, com sua expressão curiosa.
— Sobre o que você está pensando tanto?
Dando a ele um sorriso suave, pressiono meus lábios em seu peito. —
Você. — Eu me contorço quando sinto seu comprimento duro tocando
minha coxa enquanto ele muda seu peso debaixo de mim.
— Sonhei com você ontem à noite, — diz ele.
— Oh? Qual foi o sonho?
Ele cantarola no fundo da garganta enquanto suas mãos percorrem
toda a extensão dos meus lados antes de se estabelecerem firmemente na
parte detrás das minhas coxas.
Seus olhos escurecem e sua voz fica mais profunda enquanto ele fala,
com o animal dentro dele tomando sua presença conhecida. — Te quero
tanto. Mais do que tudo que eu sempre quis.
Cada músculo em seus braços flexiona quando ele de repente me
arrasta para cima de seu corpo, apenas parando quando meus lábios
estão pairando acima dos dele, e quando eu olho em seus olhos, é seu
lobo que eu vejo.
Ele me encara de volta tão intensamente, puro desejo em seu olhar
enquanto ele passa a mão pelo meu cabelo e inclina minha cabeça para
trás.
Meu coração dispara enquanto seus dentes afiados desciam pela
minha garganta, mas a emoção envia um raio de eletricidade direto para
o meu núcleo.
— Queremos estar dentro de você, — ele rosna, sua voz soando mais
animalesca do que eu já ouvi. Ficando em silêncio, prendo a respiração,
esperando o que vem a seguir, mas um formigamento no fundo da minha
mente me faz enrijecer.
O transe em que ele estava parece se dissipar porque ele solta meu
cabelo rapidamente, seu rosto se contorcendo com preocupação.
— Eu te machuquei?
Abaixando minha cabeça com decepção, eu suspiro e balanço minha
cabeça antes de diminuir meus limites mentais.
— Ei. querida, — ligação mental do meu pai. — Você está se sentindo
melhor esta manhã?
— Sim. — eu respondo. — Muito melhor. Você contou ao pai de
Byron?
Há uma longa pausa antes que ele diga qualquer outra coisa, e sinto
um aperto no estômago.
— Eu fiz a ligação alguns minutos atrás. Ele desligou antes que eu pudesse
explicar o que aconteceu.
— Merda, — eu digo baixinho antes de responder.
— O que devemos fazer?
— Nós apenas temos de esperar e ver, Artemis. Por enquanto, sua mãe
quer que você venha tomar o café da manhã. Ela está morrendo de
preocupação com você e não ficará satisfeita até que veja que você está bem
para ela.
— Não vou deixar Aeros aqui sozinho, — digo a ele.
— Você não precisa. Sua mãe quer conhecê-lo. Ela também tem algo para
lhe contar.
Depois de encerrar a ligação, desço de Aeros. Ele me olha com
curiosidade enquanto eu caminho para o meu armário e visto uma
camiseta e um par de jeans.
Vasculhando algumas das minhas roupas, encontro a maior camiseta
que tenho e jogo para ele. — Vou ver que roupas sobraram de Raiden
quando chegarmos à casa da matilha, mas isso terá de servir por agora.
— Aonde estamos indo? — Ele pergunta enquanto puxa a camisa pela
cabeça.
— Você vai conhecer minha mãe, — eu respondo. — Se você vai fazer
parte da minha vida, você terá de fazer parte da minha família e da vida
da matilha também.
— Tem certeza de que é uma boa ideia? Não tenho certeza se estou
pronto.
Caminhando de volta para ele, coloco sua mandíbula em minha mão.
— Você não precisa ter medo. Minha mãe vai te amar. Além disso, estarei
com você o tempo todo.
Quando finalmente chegamos à casa da matilha, parece mais ocupada
do que o normal. Aeros agarra minha mão com força enquanto o
conduzo para dentro, e assim que cruzamos a porta, todos ficam em
silêncio.
Ele fica tenso ao meu lado quando dezenas de olhos arregalados
pousam em nós, mas eu aperto sua mão de forma tranquilizadora e o
conduzo através da multidão até a mesa de comida.
— Uau, — ele diz enquanto toma a enorme quantidade de bacon, ovos
e qualquer outra coisa que você possa querer no café da manhã. — Você
consegue comer assim todos os dias?
Eu sorrio enquanto pego dois pratos e entrego um deles para ele. —
Sim. Agora você também pode.
Nós dois empilhamos nossos pratos e, quando nos viramos, vejo
minha mãe, meu pai e Adam em uma mesa do outro lado da sala.
O sorriso da minha mãe é brilhante quando ela acena para nós, e
quando nos aproximamos, ela envolve seus braços em volta de mim com
força.
— Você está bem, querida? — Ela pergunta enquanto se afasta, seus
olhos vidrados com lágrimas não derramadas.
— Estou bem, mãe, — respondo enquanto coloco minha comida na
mesa.
Ela inclina a cabeça para trás para olhar para a torre de um homem
parado ao meu lado, com seus olhos se arregalando antes de se corrigir.
— E você deve ser Aeros.
Ele engole em seco e acena com a cabeça, sua ansiedade é quase
palpável.
— Obrigada, — ela diz enquanto o puxa para um abraço. — Obrigado
por proteger minha garota. Não sei o que faria se algo acontecesse com
ela. — Aeros se enrijece em seu abraço, então eu dou um tapinha gentil
em seu ombro. — E aí, o que você precisava me dizer? — Eu pergunto a
ela enquanto me sento.
Ela o solta quando se lembra de tudo o que ela precisa me dizer, e seu
rosto relaxa instantaneamente.
— Oh! — Ela diz, com sua voz cheia de entusiasmo. — Tem alguém
aqui para te ver! — Seus olhos brilhantes piscam atrás de mim e minha
cabeça se vira em direção a sua linha de visão.
— RAIDEN!!! — Eu pulo da minha cadeira, quase tropeçando no
processo, e corro para ele. Quase o derrubo ao pular sobre ele, mas ele se
firma e me segura com força.
— Droga, A, é bom ver você também, — ele diz enquanto me aperta
ainda mais forte.
Quando ele finalmente me coloca no chão, ele me mantém com os
braços estendidos.
— Eu ouvi o que aconteceu e vim assim que pude. Você está bem? —
Seus olhos verdes estão cheios de preocupação enquanto ele verifica se
há ferimentos em mim.
Eu o puxo para outro abraço, feliz que meu irmão finalmente voltou
para casa. — Sim, estou bem. Estou tão feliz por você estar em casa. Senti
muita falta de você.
Eu sorrio quando o ouço rir, aquela mesma risada boba que ele
sempre deu. — Idem, — ele diz.
— Hum, com licença? — Uma loira baixa com dentes brancos
perfeitos espia por trás dele e faz seu melhor beicinho falso. — Não se
esqueça de mim, querido.
Raiden sorri largamente enquanto puxa a fêmea para ficar ao seu lado.
— Claro que não, querida. Eu nunca poderia esquecer de você. A,
gostaria que conhecesse minha companheira, Victoria. Querida, esta é
minha irmã gêmea, Artemis. — Ele a encara, com espanto claramente
escrito em seus olhos.
Estendo minha mão, e dou a ela meu sorriso mais genuíno. — Prazer
em conhecê-la, Victoria. Bem-vinda à matilha Southridge.
Ela olha para minha mão e sorri docemente, mas não oferece a mão
dela em troca, então eu coloco a minha de volta ao meu lado.
— Igualmente. Raiden me falou muito sobre você.
Capítulo 15
AMIGOS E INIMIGOS
Aeros

A cadeira de Artemis range no chão quando ela pula da mesa. Eu me


viro para segui-la, apenas para parar quando a vejo pular nos braços de
um homem que nunca vi.
Um lampejo fugaz de raiva acende dentro de mim quando ele o
abraça, mas leva apenas um segundo para minha mente descobrir quem
ele é.
Exceto pela cor dos olhos, eles são quase idênticos, seus traços são tão
semelhantes que é óbvio que já compartilharam um útero.
Eu sinto o canto da minha boca se inclinar para cima com o quão
intensamente os olhos de Artemis se iluminam em sua presença. O
vínculo que eles compartilham é evidente, e isso me faz sentir saudades
de uma família que nunca tive. Todos aqui parecem compartilhar um
vínculo de uma forma ou de outra e, por apenas uma fração de segundo,
me pergunto se um dia eu poderia me tomar parte de algo maior. Algo
mais.
Antes que minhas reflexões possam ir mais longe, elas são
interrompidas quando uma mulher familiar anda até minha linha de
visão.
Cada músculo do meu corpo fica tenso, e rezo para que meus olhos
estejam apenas me enganando, mas outro olhar acaba de confirmar
minhas suspeitas.
Mesmo que eu só tenha estado perto dela algumas vezes, não há como
confundir aqueles olhos azuis celestes que são iguais aos de seu pai.
— Vicki, — minha besta rosna cruelmente. Sinto ela se arrepiar com
intenção e os pelos finos da minha nuca se arrepiam também.
Quer sua presença seja coincidência ou não, apenas a visão dela faz
com que uma estranha mistura de medo e raiva ferva logo abaixo da
superfície da minha pele.
Tudo o que suportei nas mãos de seu pai passa pela minha mente, e
meus dentes cerram com a ideia de ser capturado.
A punição que será imposta por minha fuga certamente será a pior
que já conheci.
Minha vida inteira fui mantido trancado a sete chaves, apenas sendo
liberado para cumprir as ordens de meu mestre.
Minha própria existência me desgastou de uma maneira que nunca
pensei ser possível, e eu paguei o preço uma e outra vez pelos desejos
perversos de meu mestre.
Matar todas aquelas almas vivas para se divertir, quer elas merecessem
ou não, é algo a que nunca poderia me acostumar, e os castigos pelos
quais me recusei foram maiores do que qualquer ser vivo deveria sofrer.
Injeções, chicotadas e fome eram algumas de suas técnicas favoritas, e
durante um de meus muitos castigos de fome, foi a primeira vez que
conheci Vicki.
Dominado pela fome, meu lobo sacudiu o rabo com entusiasmo
quando ela desceu as escadas do porão com um prato de sobras. Achei
que certamente ninguém poderia ser como ele era, mas estava errado.
Ela parecia tão inocente no início, mas acontece que a natureza vil
que habitava seu pai foi instilada nela ou ela nasceu naturalmente com
ela. De qualquer forma, em vez de me dar a nutrição vital de que eu
precisava, ela riu da minha infelicidade.
— Animal imundo, — ela disse quando enfiou um bastão de gado nas
barras de metal da minha jaula.
A forte corrente elétrica passou por mim e chamuscou todas as
terminações nervosas quando o bastão fez contato com meu corpo, e eu
caí no chão, me debatendo, o que só a fez gargalhar mais alto.
Essa risada sinistra foi a última coisa que ouvi antes de desmaiar. Mais
tarde naquela noite, depois que finalmente acordei, algo finalmente
quebrou dentro de mim.
Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar. Demorou
mais três verões para ganhar meu tempo, mas tarde da noite, finalmente
tive minha chance.
— A lua não salvará sua alma agora.
Eu ainda posso ouvir o ódio agudo em sua voz quando ele me injetou
a substância metálica dolorosa que fez o sangue em minhas veias
queimar com uma intensidade equivalente a um fogo furioso.
Mal sabia ele que, ao ser submetido a esse soro, eu de alguma forma
construí uma imunidade da minha besta a ele, e essa foi a única maneira
que consegui escapar.
Ele pensou que eu tinha desmaiado de dor, mas me esforcei para ficar
acordado. Eu vinha praticando com cada dose que ele me deu e, naquela
noite, ele tolamente deixou minha gaiola destrancada.
Meu lobo e eu sabíamos que era agora ou nunca, então aproveitei a
chance.
De alguma forma, como se alguém ou algo estivesse nos guiando,
minha besta encontrou seu caminho para fora. Quando meu lobo chegou
à linha das árvores, ele correu.
Nosso corpo grande e desnutrido estava gravemente ferido, mas
nossas veias bombearam fogo líquido e corremos até não poder mais.
A única coisa de que me lembro depois disso é de acordar no conforto
da casa de Artemis.
Agora que estou encarando a descendente de meu captor mais uma
vez, sei que ou a morte do pai dela ou a minha é a única maneira de ser
verdadeiramente livre.
O desejo torturante de correr, de escapar, é quase insuportável
enquanto Artemis a leva de volta à nossa mesa, mas continuo estoico.
Mesmo com medo, meu coração não me permite abandonar minha
fêmea, e meu lobo apenas confirma o pensamento.
Sabendo que coloquei sua vida em perigo, não posso simplesmente
me encolher e sucumbir ao medo. Eu protegerei o que é meu, o que foi
tão graciosamente presenteado para mim.
A importância da minha vida empalidece perto da dela e, embora seja
a liberdade que procuro, terei prazer em desistir da minha vida se isso
significar a segurança dela.
Endireitando-me em toda a minha altura, eu me preparo para o pior;
para ser exposta e, em seguida, ter que explicar a Artemis e sua família
por que tive que matar a bruxa depois do fato.
Para minha consternação, eles se aproximam ainda mais, e o olhar
inocente no rosto da mulher me deixa vermelho.
Neste momento, eu não quero nada mais do que ver o sangue dela
derramar, e meu corpo inteiro começa a tremer com fúria silenciosa.
Então, como se Artemis sentisse minha agitação interna, ela estava ao
lado e entrelaçando os dedos nos meus.
Meu olhar encontra o dela e, como uma espécie de feitiço divino,
sinto as pontas afiadas do meu rosto suavizar e, momentaneamente, a
paz toma conta de mim.
— Aeros, eu gostaria que você conhecesse meu irmão, Raiden, e sua
companheira, Victoria, — Artemis diz antes de olhar para mim. —
Raiden, este é meu companheiro, Aeros.
— Prazer em conhecê-lo, irmão, — diz Raiden enquanto estende a
mão em saudação. Limpando minha garganta, eu aceno e agarro sua mão
com firmeza.
— Digo o mesmo, — eu respondo antes de me virar para Vicki. Minha
mandíbula aperta enquanto espero sua reação, e sufoco um grunhido
que fica alojado na minha garganta.
Surpreendentemente, ela jogou o cabelo loiro por cima do ombro
antes de sorrir educadamente.
— É um prazer conhecê-lo, Aeros. Eu sou Victoria. — Minhas
sobrancelhas se juntam em confusão quando ela não diz mais nada. Ela
então se vira para Raiden, que começa a apresentá-la ao resto da família
de Artemis.
Eu sinto que estou perdido em como ela poderia me dispensar tão
facilmente como se ela não me conhecesse. Certamente o pai dela ainda
está procurando por mim.
Perplexo, eu vejo quando Raiden puxa sua cadeira antes de todos nós
eventualmente tomarmos nossos assentos na pequena mesa.
Ou isso é algum tipo de truque ou ela realmente não percebe quem eu
sou. Depois de um tempo e ela não lançar um olhar na minha direção, a
ficha cai.
Ela não me reconhece.
Como ela pôde?
Ela só viu meu lobo, e Artemis e sua família são os únicos que sabem
meu nome verdadeiro.
— Então, quais são seus planos agora? — A voz de Artemis chama
minha atenção, então eu olho para cima e vejo que seus olhos estão
voltados para o irmão.
Raiden sorri amplamente e envolve o braço em volta dos ombros de
Vicki.
— Bem, eu pensei que nós faríamos algumas viagens. Ver o mundo e
tudo o que ele tem a oferecer. Eu experimentei enquanto estava fora, e
foi... libertador.
Percebo uma sugestão de escárnio no rosto de Vicki, mas desaparece
tão rápido quando Raiden olha para ela. — Não é isso, querida?
Enquanto ele fala com ela, ele parece tão apaixonado, tão apaixonado,
mas tão alheio a quem esta maldita fêmea realmente é.
Ou será que ele é tão doente quanto ela?
Mesmo assim, ela balança a cabeça em resposta, um pouco
excessivamente para alguém que eu acabei de ver zombar da ideia apenas
um momento atrás, mas eu fico quieto para não chamar atenção para
mim.
O que quer que eles decidam fazer depois daqui, goste ela ou não, pelo
menos ela irá embora.
Depois de um tempo, Artemis finalmente se levanta e começa a se
despedir. Agradeço o adiamento porque tive bastante interação social por
um dia.
Enquanto espero ela terminar, fico do lado de fora da porta do grande
edifício de pedra.
As nuvens no céu escurecem como um mau presságio e, embora ainda
não esteja chovendo, o clarão de um raio cai à distância.
Como se fosse uma deixa, a porta se abriu e a mulher que tentei evitar,
sai.
Ela não diz nada, mas fica tão perto de mim que o impulso de
estender a mão e arrancar a cabeça de seus ombros faz meus dedos se
contorcerem.
Como se ela lesse meus pensamentos, seus lábios se curvaram em um
sorriso torto.
— Meu pai está procurando por você.
Meus olhos se arregalam e o silêncio que se segue me faz pensar se já a
ouvi antes.
Ela deve ver o choque escrito na minha expressão, porque ela sorri
docemente para mim antes de voltar seu olhar para a frente dela.
— Não fique tão surpreso. Seus olhos delataram você no minuto em
que te vi. Sem mencionar todas as cicatrizes que meu pai deixou como
um lembrete para não se comportar mal. Você não escuta muito bem,
não é, Besta?
Um rosnado baixo e ameaçador ressoa das partes mais profundas do
meu peito, e seus olhos iluminam com uma intenção sinistra.
— Não fique tão chateado, — ela diz zombeteiramente. — Não tenho
intenção de delatá-lo, desde que concorde em me ajudar com o meu
probleminha.
— O que você poderia querer de mim? — Eu rosno.
Seus olhos ficam virados diretamente à sua frente, mas o sorriso
malicioso me deixa saber que, seja o que for, terá um alto custo.
— É simples, realmente. Elimine Artemis para que meu companheiro
não tenha escolha a não ser tomar seu lugar de direito como Alfa de
Southridge. Suas fantasias bobas de nós viajando pelo mundo juntos
nunca vão funcionar para mim.
Ela continua, — Você só pode imaginar minha surpresa ao descobrir
que eu deveria ser Luna, apenas para meu companheiro rejeitar seu título
de Alfa.
— Então, a resposta para isso é tirar Artemis totalmente de cena, e
nem mesmo pensar em contar a ninguém.
— Vou me certificar de que meu pai saiba as suas localizações. Tenho
certeza que ele adoraria um novo brinquedo.
Preciso de cada grama de força que posso reunir para não quebrar seu
pescoço ali mesmo. Em vez disso, meus olhos fervem em sua direção. —
Eu vou te matar se você tocar nela.
— Achei que você fosse dizer isso, — ela diz, revirando os olhos. — Eu
posso ver em seus olhos o quanto você se preocupa com Artemis. Então,
deixe-me colocar em termos mais simples para que você entenda.
Ela faz uma pausa por um momento antes de seu olhar azul gelado
virar para encontrar o meu.
— Eu não tenho medo de você, Besta. Ou você se livra dela ou eu vou,
e não se engane, vou me certificar de que ela sofra.
Capítulo 16
PROCURAR
Artemis

— Eu não acreditei em Jackson quando ele me disse, — Raiden ri.


Seus olhos verdes se enchem de alegria quando ele se inclina para
frente em seu assento.
— Ele falava de Aeros como se fosse uma espécie de criatura
mitológica. Com essa sua atitude, eu deveria ter adivinhado que seria
literalmente necessário uma besta para domar você.
Eu reviro meus olhos e o empurro de brincadeira. — Aeros não é uma
besta. Ele acabou de passar por uma merda muito ruim, — eu digo. — E
eu sou totalmente indomável.
Raiden zomba. — Como se eu acreditasse nisso. Você deveria ter se
visto quando o apresentou a mim.
Meu irmão faz uma cara de apaixonado, e sua voz sobe algumas
oitavas enquanto ele tenta me imitar.
— Este é meu companheiro, Aerosss, — ele murmura antes que sua voz
grave falhe, e nós dois acabamos explodindo em uma gargalhada.
— Você é um idiota, — eu digo. — Por falar nisso, eu provavelmente
deveria ir encontrar meu companheiro antes que os problemas o façam.
Assim que as palavras saem da minha boca, um grito de gelar o sangue
ecoa. Raiden e eu trocamos uma olhada antes de correr rapidamente para
fora para encontrar a fonte.
Meus olhos pousam imediatamente em Victoria, com seu corpo
trêmulo espalhado no chão com um lobo preto imponente pairando
sobre ela.
Seus lábios estão curvados para trás em um rosnado cruel, e seus
dentes afiados brilham com intenção letal.
Meu estômago se revira quando percebo o que está prestes a
acontecer, e antes que eu possa alertá-la para não fazer nenhum
movimento brusco, Victoria joga o braço para proteger o rosto.
Eu assisto com horror quando Aeros afunda os dentes profundamente
em seu braço antes de balançar a cabeça violentamente.
O som angustiante de carne sendo arrancada do osso faz a náusea
subir na minha garganta, mas eu o mordo de volta quando um rugido
furioso soa ao meu lado.
O lobo de Raiden se adianta com um rosnado ensurdecedor, e ele se
lança para cima de Aeros. Em um instante, seu grande lobo bate no lado
do meu companheiro, com muita força o empurrando para longe de
Victoria.
Ela grita antes de tropeçar em seus pés, com seus olhos cheios de dor
enquanto ela segura seu braço ensanguentado e mutilado perto de seu
corpo.
Ela dá uma última olhada em Aeros antes de correr de volta para a sala
de jantar.
Um forte estrondo de trovão sacode a terra sob meus pés enquanto
Raiden se vira para enfrentar Aeros, e então, o caos irrompe.
O pelo preto da meia-noite e os dentes afiados colidem em uma
batalha de força, e em apenas uma questão de segundos, Aeros joga
Raiden no chão.
Sem perder mais tempo, chamo minha loba, e ela vem mais rápido do
que nunca. Pelo preto sedoso brota dos poros da minha pele, e minhas
unhas se alongam em garras afiadas.
Então, minhas roupas são retalhadas enquanto meu corpo muda para
um muito maior e mais forte.
Um rosnado gutural rasga minha garganta, efetivamente atraindo a
atenção de Aeros para longe do meu irmão.
A distração rápida dá a Raiden tempo suficiente para sair debaixo dele,
mas em vez de terminar a luta como eu esperava, meu irmão se prepara
para outro ataque.
Antes que as coisas possam piorar, eu me jogo entre eles e enfrento
Raiden, meus instintos mais íntimos me chamando para proteger meu
companheiro, mesmo contra minha própria família.
Um flash de dor passa pelos olhos do meu irmão, e ele choraminga
enquanto eu mostro meus dentes para ele. Com um último olhar
desconfiado para Aeros, ele grunhe e sai atrás de Victoria.
Virando-me para encarar meu companheiro, eu rapidamente mudo de
volta para minha pele, incapaz de confiar em meu lobo com a tarefa em
mãos.
— Traga Aeros de volta, — eu estalo assim que sou transformada. —
AGORA!
Ele rosna brevemente em protesto, mas logo seu corpo gigantesco
treme e se contorce, e depois de alguns segundos lentos e agonizantes,
sua pele substitui seu pelo mais uma vez.
— Que porra você estava pensando?! — Eu grito com ele. — Você
poderia tê-la matado! Teremos sorte se meu pai não te banir!
Seu olhar escuro se levanta para encontrar o meu, e seus lábios
pressionam juntos em uma linha firme.
A raiva irradia para dentro e para fora de todo o seu ser, com a emoção
tão forte que posso senti-la girando em tomo de nós como um incêndio.
Quando seu silêncio confirma que ele não vai explicar o que
aconteceu, eu agarro seu pulso e começo a arrastá-lo de volta para casa.
Meu ritmo acelera conforme os raios caem no céu enegrecido, e assim
que desaparecemos na folhagem densa que leva à minha casa, a chuva
começa a cair com força.
De repente, Aeros para e puxa seu braço para longe do meu alcance.
— Precisamos ir embora, — diz ele.
Sua voz é profunda e calma, mas a rigidez de seu corpo musculoso diz
que ele é tudo menos isso. — NÓS não precisamos fazer nada, —
respondo furiosamente. — VOCÊ precisa me explicar por que atacou a
companheira do meu irmão!
— Não é seguro aqui, — ele rosna, ignorando minha pergunta. — Para
qualquer um de nós. Precisamos sair. Agora.
Ele fala devagar, como se estivesse falando com uma criança que não
quer ouvir e, por algum motivo, isso faz minhas bochechas queimarem
de raiva.
— Eu não vou a lugar nenhum, — eu solto.
Mesmo em meio à chuva densa, eu ainda vejo sua mandíbula tremer
antes que um olhar de determinação de aço se estabeleça em seu rosto.
Sem esforço, ele se inclina e me pega em seus braços.
— Aeros, — eu digo lentamente. — Ponha-me no chão. Agora.
Minha respiração é longa e irregular enquanto tento controlar a raiva
pulsando em minhas veias, e quando ele começa a nos levar na direção
oposta da minha casa, eu perco o controle.
— Aeros! — Eu grito. — Coloque-me no chão agora ou...
Minhas palavras são cortadas quando ele inesperadamente me deixa
cair no chão, e eu caio firmemente em meus pés.
Enquanto eu dou um passo lento para longe dele, seus olhos
calculistas observam cada movimento meu. Sua postura grita predador e,
embora eu não tenha medo dele, faz arrepios explodir em minha pele
nua.
De repente, ele dá um passo gigante para frente e sua mão enorme
envolve meu queixo. Ele me leva para trás até que minhas costas
encostem no tronco de um enorme carvalho.
— Por que você não me deixa protegê-la? — Ele rosna, com sua voz
agora raivosa e descontrolada. — Você me diz todas essas coisas sobre
companheiros. Como eles deveriam confiar um no outro, mas você não
confia em mim!
Seu corpo implacável me prende à árvore, a casca áspera cavando em
minhas costas sem camisa.
— Deixe-me ir, Aeros, — eu cerro meus dentes.
Nossas respirações pesadas e irregulares se misturam quando ele
inclina minha cabeça para cima, com seu rosto agora a meros
centímetros do meu.
Meu peito arfa rapidamente com cada respiração, e meus mamilos
traidores endurecem enquanto deslizam através da superfície dura de seu
abdômen molhado pela chuva.
Mesmo com raiva, meu corpo não pode negar o vínculo de
companheiro que começa a zumbir através de cada célula e cada
terminação nervosa dentro de mim.
Isso não passa despercebido por ele também porque seus olhos se
voltam para meus seios e sua expressão escurece.
Quando seu olhar aquecido encontra o meu novamente, um rosnado
baixo ressoa em seu peito.
— Farei o que for preciso para protegê-la, — ele murmura.
Então, sua boca vem até a minha.
Seus lábios são firmes e exigentes, e eu luto por apenas mais um
momento antes de sucumbir ao golpe áspero de sua língua quando ele a
empurra para dentro da minha boca.
Ele tem um gosto tão masculino, tão deliciosamente selvagem, que
minha raiva é momentaneamente esquecida, mas então, como se
queimada, ele de repente se afasta de mim.
— Sinto muito, — diz ele, com o peito arfando com o esforço. — Eu
não quero te machucar.
Sua raiva de antes parece voltar ainda mais forte, e antes que eu possa
impedi-lo, ele se desloca e foge para a floresta.
Capítulo 17
UMA TRAIÇÃO DOLOROSA
Aeros

Não consigo pensar direito.


Não com toda a raiva e luxúria nublando minha mente. Estou com
nojo de mim mesmo por ter sido tão rude com Artemis, mas ainda mais
por quão incrivelmente bem me senti.
Apenas um monstro se excitaria ao sentir sua mandíbula agarrada
com tanta força em sua mão. Isso tinha excitado a besta dentro de mim, a
forma como seu corpo se submetia naturalmente a mim.
Talvez os anos passados sob meu mestre tenham me contaminado
mais do que eu pensava.
Através de um estrondo de trovão, ouço Artemis gritar de algum lugar
atrás de mim, mas não desacelero. Eu não posso confiar em mim perto
dela.
A cada dia me sinto ficando mais forte, mais poderoso, mas aquela
quantidade minúscula de controle que ganhei escapa no segundo em que
chego muito perto dela.
Um rugido meio furioso e meio desesperado rasga meu lobo, com o
pensamento nos forçando a correr ainda mais rápido pela densa extensão
da floresta.
As árvores se confundem enquanto eu corro por elas, a torrente de
chuva é tão implacável que não noto o barranco íngreme até estar bem
sobre ele.
Felizmente, eu derrapo até parar bem a tempo antes de chegar ao
limite.
Meu coração bate em meu peito, e eu lentamente dou um passo para
trás da saliência enquanto seixos e pedaços de terra caem no chão.
Assim que penso que estou a salvo, uma força bruta atinge meu lado,
com o impacto me fazendo cair na ravina lamacenta.
A queda é mais curta do que o esperado e, quando finalmente
recupero o equilíbrio, olho para cima a tempo de ver vários lobos grandes
deslizando pelo barranco para a ravina.
Eles me cercam, me envolvendo por todos os lados até que não haja
mais saída.
Então, quando estou me preparando para lutar, o maior lobo do grupo
dá um passo à frente, com seus dentes enormes expostos por um
rosnado.
— Pai! Pare!
Eu olho para cima e vejo Artemis parada no topo da garganta, com seu
rosto tomado de medo.
O olhar do lobo sobe para olhar para ela brevemente antes de mudar
para sua pele.
— Sinto muito, Artemis, — ele berra. — Ele atacou a companheira de
seu irmão. Ele é um perigo para minha matilha e para você.
— Não! — Ela grita, mas é tarde demais.
Um rápido assobio do que parece ser uma flecha sibila no ar antes que
algo parecido com uma agulha perfure minha garganta.
Por um momento, não sinto nada, mas então, minhas pernas
começam a ficar dormentes. Balançando, eu caio no chão e meu corpo
começa a ficar frio.
Logo, minha respiração fica mais lenta e meus pulmões de repente
parecem pesados demais para respirar.
— O que você vai fazer com ele?! — A voz frenética de Artemis está
muito mais perto agora, mas meus olhos se fecham por conta própria
antes que eu possa ver onde ela está.
Quando um abismo escuro toma minha visão, ouço a voz tensa de seu
pai, Alfa Stone.
— Sinto muito, — diz ele, — mas você sabe o que tenho de fazer.
Minha cabeça gira quando eu abro os olhos pela primeira vez, com o
cheiro familiar de decomposição e sangue velho fazendo meu nariz
enrugar de nojo.
Onde diabos estou?
A escuridão ao meu redor é fracamente iluminada pelo brilho de
algumas velas tremeluzentes, mas minha visão turva me impede de
distinguir muito mais.
Gemendo, tento me sentar, com meu corpo doendo pelo esforço.
Lutando contra a dor, eu me forço a ficar de pé. Minha visão clareia
lentamente o suficiente para eu ver, e um grito estrangulado se forma na
minha garganta.
Paredes de concreto cinza escuro me prendem, e barras de prata
fecham a entrada com uma fechadura aparafusada.
Minhas pernas quase cederam, então me inclino contra a parede para
me equilibrar.
Como diabos eu vim parar aqui?
Minhas memórias são nebulosas; a única coisa que consigo lembrar é
a voz em pânico de Artemis logo antes de a escuridão me puxar para
baixo.
Ela me colocou aqui? Ela tinha ficado com tanta raiva de mim.
— O que você esperava? — Meu lobo rosna.
- — Ninguém poderia amar verdadeiramente uma besta.
Todos aqueles anos de tortura não fazem nada para me preparar para
o sentimento de traição que de repente se insinua em meu coração.
A verdade dói mais do que eu gostaria de admitir, mas enquanto tento
juntar as peças de tudo o que aconteceu, a angústia logo se transforma
em raiva quando me lembro de Vicki.
Ela deveria estar morta!
Ela estaria se eu tivesse um pouco mais de tempo.
Depois de alguns minutos de auto aversão, passo as próximas horas
tentando quebrar a fechadura que está me mantendo aqui, mas meu
braço é muito grande para passar pelas grades e alcançá-la corretamente.
Desistindo, deitei-me no chão para aliviar um pouco a dor em meu
corpo. Minha exaustão eventualmente dá lugar a um sono agitado, e eu
sonho com nada além dela, mesmo em meio à dor amarga da traição.
— Aeros? — A voz suave de Artemis me faz acordar. — Aeros? Você
está acordado?
Sentando-me, eu olho para a entrada da minha cela.
— Artemis? — Eu chamo.
Parte de mim fica aliviada ao vê-la, mas tudo desaba quando me
lembro onde estou.
— Você está bem? — Ela pergunta, e sem pensar, ela agarra as barras
de prata da minha cela antes de se afastar com um assobio.
— Porra! — Ela grita. — Esqueci que eram de prata!
— Onde estou, Artemis? — Eu exijo.
Ela respira fundo e seus olhos não alcançam os meus. — Em uma das
celas de prisão da minha matilha. Meu pai acredita que você é um perigo
para nossa matilha.
Eu resmungo em resposta, já que esperava isso, e me inclino contra a
parede de concreto frio. — E nisso que você acredita?
— Não sei, Aeros, — ela responde baixinho. — Eu acho que você
passou por alguma merda muito ruim que pode te levar a fazer coisas
perigosas. Meu pai está apenas tentando proteger nossa matilha.
Meu coração aperta dolorosamente no meu peito quando ela admite,
mas fico quieto, não querendo ouvir mais nada.
Eu não a culpo por não confiar em mim, mas ainda dói mais do que
qualquer coisa que meu mestre poderia ter feito para mim.
— Por que você fez isso? — Ela pergunta baixinho depois de alguns
minutos.
— Fiz o quê?
Ela me lança um olhar penetrante. — Por que você atacou Victoria?
Eu rosno furiosamente ao ouvir esse nome, mas eu respondo à sua
pergunta com silêncio, saber a verdade só vai colocar sua vida em perigo
ainda mais.
Se Vicki descobrir que eu contei a ela, ela não perderá tempo ligando
para o pai, e não posso proteger Artemis de dentro de uma gaiola. Além
disso, quem diabos vai acreditar em mim, afinal? Eu não sou idiota.
Eu sei o quão ruim isso parece, mas esse é quem eu sou. Eu comeria o
coração ainda batendo de Vicki se tivesse a chance novamente.
— Me deixe sair daqui, Artemis, — eu digo em vez disso, minha voz
perigosamente baixa.
Estar trancado aqui está bagunçando minha cabeça e trazendo de
volta memórias das quais anseio me livrar.
— Fui mantido enjaulado durante toda a minha vida, — continuo. —
Eu preferia morrer a passar mais tempo na sua prisão.
— Sinto muito, — ela sussurra. — Eu não posso.
Dando um passo à frente, envolvo minhas mãos em tomo das barras
de prata.
Ela engasga quando meus dedos se apertam em tomo delas, mas em
vez da queimadura que qualquer outro lobo sentiria, é apenas a raiva e a
traição que me queimam. — Então, saia daqui.
— Tudo bem, — ela bufa enquanto levanta o queixo
desafiadoramente. — Mas voltarei em breve com o seu jantar. Talvez um
pouco de tempo sozinho faça você ver que estou do SEU lado!
Eu não digo nada enquanto a vejo sair. Independentemente do que ela
sinta por mim, vou encontrar uma maneira de sair daqui e vou destruir
todos os que a ameaçam, mesmo que isso me mate.
Isso é o que eu sempre quis de qualquer maneira.
A morte será a única salvação para alguém como eu.
Capítulo 18
PODER ROUBADO
Artemis

Dor. Uma dor insuportável e profundei, diferente de tudo que eu já senti.


O sangue fluindo em minhas veias arde, com as chamas acendendo e
envolvendo meu corpo de dentro para fora.
Abro a boca para gritar, mas nenhum som escapa.
Acorde!
Eu engasgo a cada respiração e olho para baixo para ver que o meu corpo
não é meu.
-Estou muito maior, meu pelo de ônix foi substituído por feridas
profundas e abertas que sangram abundantemente. Meus pulmões se
contraem, meus músculos se contraem.
Por favor, acorde!
— Precisa de ajuda, pai? Eu prometo que vou fazer melhor desta vez.
A voz feminina, estranhamente familiar, me deixa arrepiada. Eu conheço
essa voz!
Medo. Ódio. Fúria. Dor.
Oh, Deusa, a dor!
Eu não consigo me mover! Eu não consigo respirar!
Pelo amor da Deusa, ACORDE!
Meus olhos se abrem e eu salto para frente, com meus pulmões ainda
queimando enquanto eu suspiro por ar.
Eu imediatamente procuro na escuridão ao meu redor por qualquer
sinal de ameaça antes que o fedor me lembre que eu ainda estou na
masmorra decrépita da minha matilha.
Eu toco meu peito, concentrando-me fortemente em acalmar meu
coração errático.
As velas bruxuleantes sustentadas por velhos candelabros de metal
lançam sombras misteriosas ao longo das paredes moldadas, deixando
meu cabelo em pé.
— Foi apenas um pesadelo, — sussurro para mim mesma, mas a dor
fantasma que ainda persiste em meu corpo diz o contrário.
O que diabos eu acabei de experimentar? Eu estava revivendo uma das
memórias de Aeros?
E essa voz... Eu conheço essa voz.
Inclinando-me na parede de cimento duro onde eu tinha cochilado,
eu espio para dentro da cela de Aeros. Grata por ele estar descansando,
eu jogo minha cabeça para trás e suspiro, exausta e um tanto confusa.
De repente, outra dor aguda passa por mim, e Aeros e eu gememos,
seu rosto se contorcendo em pura agonia.
— Aeros! — Eu digo alto o suficiente para acordá-lo.
Seus olhos se abrem e pousam instantaneamente em mim. Ele respira
fundo várias vezes, seu peito arfando com cada uma.
— Por que você ainda está aqui? — Ele solta. — Eu disse para você ir
embora.
— E eu disse que não iria a lugar nenhum, — respondo, ignorando a
animosidade em sua voz.
Tivemos várias palavras bem escolhidas quando eu trouxe comida
para ele mais cedo, mas de jeito nenhum eu iria deixá-lo aqui sozinho a
noite toda.
— Vá embora, — ele exige, mas não me movo, nunca fui de seguir
ordens muito bem.
— Eu sei que você me culpa por estar trancado aqui, mas eu nunca
faria nada para te machucar. Você tem de acreditar nisso.
— Por que eu deveria acreditar em você? — Ele rosna.
— Você é meu companheiro, Aeros. Eu quero te ajudar, mas há tanto
que você não está me contando. Eu posso sentir isso, e não posso ajudá-
lo se você não se abrir. — Ele grunhe e passa a mão pelo cabelo escuro e
desgrenhado. — Ninguém vai acreditar em nada do que eu digo. Eu não
sou um idiota.
— Olhe para mim. — Minha voz é firme, chamando seu olhar escuro
para encontrar o meu, e a dor que está embutida no fundo de seus lindos
olhos iridescentes faz meu coração apertar dolorosamente no meu peito.
Eu continuo: — Eu sei que você nunca teve ninguém para cuidar de
você como você merece, mas eu... eu me importo com você.
Suas feições afiadas suavizam brevemente, então eu continuo.
— Eu vou acreditar em você, Aeros. Farei o que for necessário para
tirar você daqui, mas você deve me contar tudo. Eu não posso ir contra
meu pai sem qualquer base para me firmar, então me diga por que você
atacou Victoria.
Ele fica em silêncio por um momento, como se decidisse se deveria
confiar em mim ou não. Depois de alguns momentos, ele finalmente fala.
— Você precisa sair. Sua matilha não é mais segura para você.
— Por quê? — Eu pergunto suplicante. — Você fica me dizendo isso,
mas por quê? Você conhece Victoria? É por isso que você a atacou? Foi a
voz dela que ouvi no sonho?
Seus olhos se arregalam de surpresa. — Como você sabe disso?
— Você estava tendo um pesadelo antes de eu te acordar. Não sei
como, mas acredito que estava tendo o mesmo sonho. Eu sei que parece
loucura, mas parecia tão real. A dor... eu senti tudo. E nós nem
reivindicamos um ao outro!
Sua mandíbula aperta com força, os músculos flexionando enquanto
ele cerra os dentes.
— Diga-me, Aeros!
— Sim, — ele rosna, baixo e animalesco. — Sim, eu a conheço. Vicki é
filha do meu mestre. Ela ameaçou te machucar se eu não te afastasse de
sua matilha.
Meus punhos se apertam ao meu lado.
Aquela vadia!
Eu soube que algo estava errado com ela no momento em que a
conheci.
— Por que ela iria me querer longe da minha matilha? — Eu cerro os
dentes.
— Ela quer que seu irmão se tome Alfa.
Minhas sobrancelhas se erguem. — Raiden? — Eu pergunto,
incrédula.
Ele nunca quis ser Alfa, ou assim pensei. O pensamento de minha
própria carne e sangue me traindo dói demais, mas eu afasto a ideia.
Raiden não faria isso comigo.
— Ela também disse que contaria a ele -sobre a minha localização se
eu falasse sobre isso com alguém. Ele vai te machucar, Artemis. A dor que
ele pode trazer é diferente de tudo que você já experimentou.
Engolindo em seco, eu aceno, lembrando como meu corpo parecia
estar submerso em ácido puro no sonho. Ou pesadelo, devo dizer.
— Não se preocupe comigo. Eu posso cuidar de mim mesma, — digo a
ele, tentando me tranquilizar tanto quanto possível. — Agora, esse cara
tem nome?
Aeros me olha como se não quisesse dizer mais nada, mas, felizmente,
não se conteve desta vez. — Alfa Gorion, — afirma.
— Alfa Alastair Gorion, — digo em voz alta.
Então Aeros era o — prisioneiro — fugitivo da matilha Gorion o
tempo todo!
— É ele, — continua. — Eu fui o seu melhor lutador. Eu não queria
matá-los, mas não tinha escolha.
— Não importa o quanto eu quisesse deitar e morrer, minha besta não
deixaria isso acontecer. Quando eu me recusei a lutar, ele me injetou
algo que fez minhas veias queimarem.
Um arrepio percorre seu corpo enquanto ele fala, e eu quero tanto
abraçá-lo e confortá-lo. — Minha imunidade acabou crescendo, mas ele
encontrou formas alternativas de me punir.
Bem, isso explica por que ele pode tocar as barras de prata em sua cela
sem ser queimado.
— Você se lembra de alguma vez antes de estar com Alastair? — Eu
pergunto.
Muitas coisas apontam para ele ser mais do que apenas um bandido.
Ele é maior do que qualquer homem que eu já vi. Sua aura grita Alfa.
— Não muito, — ele responde. — Eu me lembro da minha mãe. Eu era
jovem quando fui tirado dela. Não mais do que cinco verões de idade.
A luz fraca das velas meio derretidas dança em seu rosto, destacando
cada cicatriz, e isso misturado à forma como seus músculos se tensionam
contra as roupas que coloquei nele antes, o faz parecer um guerreiro
endurecido.
— Você se lembra do nome da sua mãe? — Eu pergunto baixinho,
esperando que isso me dê algum tipo de pista de quem ele realmente é.
Aeros fecha os olhos com força, como se tentasse se lembrar. Em seguida,
ele inspira profundamente e expira.
— Aurora.
Seu nome é falado em um sussurro profundo, e uma rajada de vento
frio chicoteia ao meu redor, fazendo as chamas das velas tremularem
loucamente.
— O que é que foi isso? — Eu pergunto enquanto um arrepio percorre
minha espinha.
— Não sei, — diz ele, surpreso consigo mesmo.
Esta noite pode ficar mais estranha?
Afastando a sensação estranha, dou alguns passos mais perto de sua
cela. — Preciso falar com meu pai sobre tudo isso.
Quero tirar Aeros daqui o mais rápido possível, mas quero ser
racional. Depois que Aeros estiver fora daqui e seguro, irei cuidar de
Victoria.
— Você ficará bem aqui embaixo por um tempo? — Ele alcança as
barras de prata e agarra minha mão. — Passei minha vida inteira em uma
jaula, — diz ele. — Eu vou ficar bem. Obrigado por acreditar em mim.
Ele traz minha mão para cima e cuidadosamente a passa pelo espaço
entre as barras de prata antes de colocar um beijo suave na minha palma.
— Por favor, me perdoe por ter sido tão rude com você antes.
Eu dou a ele um sorriso suave. — Acho que gosto de algo agressivo.
Ele sustenta meu olhar por mais um momento antes de eu me virar e
subir as escadas e sair.
A lua está brilhando no céu, e peço a ela força e coragem para o que
estou prestes a fazer.
Capítulo 19
NADA A PERDER
Artemis

A casa da matilha está escura e silenciosa quando eu entro, a agitação


usual da vida diária desapareceu.
Eu sei que é tarde. Muito tarde, na verdade, mas francamente, eu não
dou a mínima.
Depois de expor essa desculpa nojenta de uma fêmea, vou adorar
deixar minha loba fazer o que quiser com ela.
Alfa Gorion, por outro lado, provavelmente será julgado pelo que fez a
Aeros, então ele será intocável. Quanto a Victoria, com política de não
matar ou não... ela é minha.
Dando dois passos de cada vez, eu corro escada acima para o quarto
andar, o andar do Alfa. Minha loba está no limite, a necessidade de
vingança superando todo pensamento racional.
Eu dou os últimos passos restantes até a porta do quarto do meu pai e
me preparo. Erguendo minha mão, bato três vezes.
Um segundo depois, ouço um barulho atrás da porta antes que ela se
abra. Os olhos do meu pai se enrugam de preocupação quando ele vê que
sou eu. — O que há de errado, Artemis?
— Precisamos conversar, — declaro. — Agora.
Antes que eu tenha a chance de dizer qualquer outra coisa, a grande
porta de carvalho do outro lado do corredor se abre, e meu irmão e sua
cadela saem para o corredor.
— O que está acontecendo? — Raiden pergunta, esfregando o sono de
seus olhos, mas minha atenção agora está exclusivamente focada na
bruxa loira parada ao lado dele.
Eu me arrepio com a visão dela, com cada músculo do meu corpo
tenso, minha loba ansiosa para vingar nosso macho.
Meus olhos viajam por todo o seu comprimento, e não posso evitar o
sorriso perverso que curva meus lábios quando vejo o molde branco
espesso moldado em tomo de seu braço.
Espero que tenha doído pra caralho. -Bom para você, garotão.
— Do que se trata, Artemis? — Meu pai cruza os braços sobre o peito e
levanta uma sobrancelha questionadora para mim.
— Você, — eu rosno, com meu olhar nunca deixando o demônio.
Os olhos de Victoria se arregalam de medo, e ela dá um passo mais
perto de Raiden.
— Diga a eles, — eu solto.
— Diga a meu irmão o que você realmente é. Conte a ele como seu pai
sequestrou meu companheiro quando ele era apenas um filhote! Diga a
ele como seu pai o manteve trancado em uma jaula e como você ajudou a
torturá-lo por toda a vida!
— Eu... eu não sei do que você está falando, — ela chia. — Eu nem
conheço aquele homem. — Ela olha para Raiden com grandes olhos de
corça, e que eu morra agora se ele não estiver acreditando em tudo que
ela está afirmando.
— Artemis! — Raiden entra enquanto envolve seu braço ao redor dela
de forma protetora. — Eu não sei o que deu em você, mas precisa parar.
Não vá procurar colocar a culpa na minha companheira, porque o seu é
um maluco de merda.
A veia em minha testa lateja e lágrimas de raiva aparecem em meus
olhos, mas não as deixo cair.
— Ela está mentindo! — Eu grito furiosamente. — Ela está mentindo
para você, porra!
Meu corpo estremece e treme enquanto meu lobo tenta assumir o
controle, e meus caninos se estendem para entrar na carne macia do meu
lábio inferior.
— Acalme-se, Artemis, — meu pai diz com cautela. — Não faça nada
de que se arrependerá.
— Dane-se, — eu zombo, e com a velocidade da luz, eu avanço para
ela.
Seu corpo ágil se contorce quando eu a prendo na parede, e minhas
unhas afiadas afundam em cada lado de sua garganta. — Diga a eles a
verdade, — eu assobio, — ou eu vou te matar agora. — O terror enche
seus olhos azuis gelados, mas antes que eu possa terminar a tarefa, sou
varrida e derrubada no chão, com o impacto tirando o ar de meus
pulmões.
Raiden paira sobre mim, com seus olhos verdes derretendo em um
preto sólido.
— Chega, Artemis, — ele rosna. — Seu companheiro é aquele que é
um perigo para esta matilha. Ele é uma fera que precisa ser sacrificada.
Ele tem sorte de eu não arrancar sua garganta agora pelo que ele fez à
minha mulher.
— Foda-se, — eu cuspo enquanto me coloco de pé. — Os dias daquela
vadia estão contados. Marque minhas palavras.
Outro grunhido profundo reverbera em seu peito, e seus olhos fixam-
se nos meus em um desafio silencioso. — Não ameace minha
companheira, Artemis.
— Já basta! Vocês dois! — Meu pai berra, mas ele sabe melhor do que
ninguém que eu não desisto de um desafio. Mesmo do meu próprio
sangue.
— Foda-se sua companheira, — eu rosno antes que meu punho faça
contato com o rosto de Raiden. Sua cabeça balança para trás com a força
e a satisfação me preenche quando vejo sangue jorrar de seu nariz.
— Vamos lá, irmão, — eu persuado. — Você queria uma luta. Venha
tê-la então.
A fúria me fez chegar ao meu ponto de ruptura, e Raiden não recua.
Ele rosna antes de me pegar com um cruzado de direita, e minha boca se
enche com o gosto de sangue.
— Isso é tudo que você tem? — Eu ri. Meus lábios se espalharam em
um sorriso, e cuspo um bocado de sangue em seus pés. — Patético. —
Com minhas palavras, as portas do inferno se abriram. Ele me acerta
embaixo do queixo com um gancho dessa vez, e quando eu me endireito,
eu o acerto mais quatro vezes, três de direita e uma de esquerda.
De repente, me sinto sendo levantada para cima, com meus pés
balançando a vários centímetros do chão. Eu olho para trás para ver meu
pai, e a fúria gravada em seu rosto é o suficiente para me trazer de volta à
realidade.
— Chega, Artemis! — Ele late. — Vá para casa e refresque-se!
Um grunhido de raiva rasga minha garganta enquanto Raiden entra
como uma tempestade de volta em seu quarto, arrastando Victoria com
ele antes de fechar a porta.
Voltando minha atenção para meu pai, começo a implorar.
— Pai, você tem que acreditar em mim! Ela está mentindo! Alfa
Gorion é o pai dela. Ele é aquele que manteve Aeros prisioneiro. E por
isso que ele atacou Victoria!
— Artemis, eu sei que você se preocupa profundamente com aquele
homem, mas mentir não levará você a lugar nenhum. Agora vá para casa.
Não quero ouvir mais nenhuma palavra sobre isso.
Eu cerro os dentes, tentando desesperadamente conter minhas
lágrimas. Ele me dá um último olhar de advertência antes de me colocar
de volta no chão, e eu me viro e saio correndo pelo corredor.
Aeros estava certo. Eles não acreditaram em mim. Ainda bem que
tenho um plano alternativo.
Virando a esquina no corredor escuro, paro na frente do escritório do
meu pai. Eu verifico para ter certeza de que a barra está limpa antes de
torcer a maçaneta. Felizmente, ela está desbloqueada.
Eu entro em silêncio e fecho a porta atrás de mim. A mesa do meu pai
está terrivelmente desorganizada e eu procuro em cada gaveta até
encontrar o que procuro.
Colocando a chave de metal brilhante no bolso do meu jeans, eu corro
escada abaixo.
Quando finalmente volto para Aeros, ele se levanta assim que me vê, e
o alívio que se espalha em seu rosto dura pouco quando ele dá uma boa
olhada em meu rosto.
— O que aconteceu? — Ele ferve. — Quem fez isso com você?
Em vez de respondê-lo, estabilizo minha mão trêmula por tempo
suficiente para deslizar a chave na fechadura, e um clique audível soa
antes que a porta pesada se abra.
Aeros sai e imediatamente envolve seus braços fortes em volta de
mim. Eu sei que meu tempo com ele está quase acabando, então eu me
permiti derreter em seu calor.
Ele enterra o nariz no meu cabelo e inala, com seus longos dedos
tecendo entre os fios escuros com amor. Depois de um momento, ele
inclina minha cabeça para trás e beija suavemente meus lábios.
— Quem fez isso com você? — Ele pergunta novamente, seu polegar
roçando suavemente sobre meu lábio inferior inchado.
— Não importa, — eu digo. — Você estava certo. Eles não acreditaram
em mim.
— O que nós vamos fazer? — Ele pergunta, mas eu não respondo.
Resta apenas uma coisa a fazer e, por mais que parta meu coração, sei
que não há outra maneira.
Pegando sua mão na minha, eu o levo para fora e para a floresta densa.
Grilos e outras criaturas noturnas chamam seus próprios companheiros
enquanto caminhamos em silêncio, e eu sinto meu coração começar a se
partir em dois.
Quando alcançamos o limite do território da minha matilha, eu paro e
me viro para ele.
— Você tem de ir agora, — eu sussurro. Eu sei que tenho de fazer isso.
Ele não está seguro aqui, mas eu estaria mentindo se dissesse que essa
não foi a coisa mais difícil que já fiz.
Seu olhar mantém o meu cativo, e a confusão enche seus lindos olhos.
— Você não vem? — Ele pergunta.
— Eu não posso. — Minha voz vacila e a primeira lágrima desliza pela
represa que criei. — Eu não posso deixar minha matilha. Não com
Victoria aqui.
A mandíbula de Aeros aperta e uma emoção que não é minha quase
me deixa de joelhos.
— Não vou embora sem você, — ele diz. — Se você vier comigo,
podemos resolver isso juntos. Precisamos de tempo para bolar um plano.
— Balançando minha cabeça lentamente, eu envolvo meus braços em
tomo de seu corpo muito maior. — Sinto muito, Aeros. Eu não posso.
Minha matilha precisa de mim.
Minhas lágrimas mancham o material cinza de sua camisa, e ele me
abraça com força. Seus lábios pressionam contra o topo da minha cabeça
e eu saboreio o conforto de seu toque.
— Minha mulher, — ele fala baixinho em meu ouvido, com sua voz
grave. — Você é a única luz em minha escuridão, a única esperança que já
tive nesta vida.
Ele faz uma breve pausa e inclina minha cabeça para trás para
pressionar um beijo carinhoso em meus lábios antes de continuar. — Por
favor, não me peça para sair sem você porque isso é algo que eu não
posso fazer.
Capítulo 20
OLHOS EM CHAMAS
Artemis

Nunca em um milhão de anos eu pensei que seria forçada a escolher


entre as duas coisas que nasci para amar mais do que qualquer coisa na
Terra: minha matilha e literalmente a outra metade de minha alma.
Meu cérebro luta para chegar a um acordo com a decisão que devo
tomar, embora meu coração já saiba a quem realmente pertence. Não
importa há quanto tempo conheço Aeros.
Nossas almas gêmeas se conheceram muito antes de nós nascermos.
Sempre pensei que não seria tão facilmente influenciada pelo meu
companheiro, mas vejo agora que nunca foi minha escolha, para
começar.
Mas como posso deixar minha casa, a matilha que estava destinada a
liderar?
— Por que não? — Minha loba rosna no fundo da minha mente. - —
Nosso pai não acredita em você. Aos olhos dele, ainda somos uma filhote
fraca.
Uma dor ressoa em meu peito com a revelação dela, mas ela tem um
ponto válido, não importa o quanto doa.
Por que ele não acreditou em mim? Mesmo se eu tivesse agido
precipitadamente, nunca dei a ele um motivo para duvidar de mim. E
como se Victoria cobrisse seus olhos com um véu.
— Esta é nossa oportunidade de provar que somos dignos de nosso título
de Alfa, — minha loba continua com muito mais confiança do que eu
sinto agora.
— Você realmente achou que você teria tudo entregue de mãos beijadas
porque somos a filha do Alfa? Nada que valha a pena é fácil.
— Vá com nosso homem e descubra seus segredos. No fundo, você sempre
soube que fomos feitos para algo maior.
Meu coração bate forte no peito como um pássaro preso na armadilha
de um caçador, mas talvez ela esteja certa.
Aeros não pode ficar aqui. Alfa Gorion saberá onde está pela manhã,
se já não sabe agora.
Pela lei da matilha, meu pai será forçado a devolver o prisioneiro
fugitivo à matilha de direito, mas ele não será capaz de fazer merda
nenhuma se Aeros escapar novamente.
Em algum lugar nas profundezas do meu coração, sinto um puxão,
algo me incitando a ir com meu macho, para ajudá-lo a superar seus
inimigos. A questão é: por onde eu começaria? Eu nunca estive sozinha
antes, e não há como Aeros e eu podermos enfrentar toda a matilha
Gorion sozinhos.
A matilha Gorion é muito grande. Mesmo que meu pai me apoiasse,
seus guerreiros ainda superam os nossos em cinco para um.
— Encontre a matilha do nosso macho, — minha loba rosna em
resposta. — Olhe para ele. Você sabe que ele não é um lobo normal. Sua
matilha deve ter procurado por ele por muito tempo depois que ele foi
sequestrado. Eles vão nos ajudar.
Silenciosamente, eu bufo. Ela diz isso como se fosse a coisa mais fácil
do mundo, mas não oferece nenhum conselho adicional sobre como
realmente encontrá-los.
Aeros não tem memória de sua velha matilha. Estaríamos indo nessa
jornada às cegas, sem nenhuma informação para prosseguir.
Lentamente, eu me afasto de Aeros, e ele está relutante em me deixar
ir.
Seu olhar escuro procura o meu com cuidado, a guerra violenta
travada por trás de suas orbes multicoloridas parece combinar com a
travada dentro do meu coração.
— Minha matilha é tudo que eu já conheci, — eu sussurro mais para
mim mesma do que para ele, e ele acena com a cabeça.
— Eu sei o quanto você se preocupa com sua matilha, — ele diz, o
timbre profundo de sua voz é um contraste gritante com o chilrear agudo
vindo das criaturas da noite.
— Eu vejo isso escrito em seus olhos quando você fala deles.
Ele estende a mão para tirar uma mecha de cabelo do meu rosto antes
de levantar meu queixo, e eu juro que parece que seu olhar penetra
direto na minha alma.
— Mas também vejo a maneira como você me olha. Você me mostrou
apenas uma amostra do que é amar e cuidar de alguém, e não estou
pronto para deixar isso passar.
Eu engulo em seco enquanto a luz forte da lua cheia brilha através da
copa espessa dos carvalhos acima, com as manchas de luz salpicando o
chão da floresta e iluminando cada cicatriz em seu rosto masculino.
De repente, o ar úmido da noite fica anormalmente parado, a
cacofonia de criaturas noturnas silencia como se um predador estivesse
por perto.
Então, uma rajada de vento carregada de outro mundo chicoteia meu
cabelo escuro em volta da minha cabeça, e a mesma sensação estranha
que se apoderou de mim na masmorra anterior sobe pela minha espinha.
Como se esta noite não pudesse ter nenhum estranho, o corpo
imponente de Aeros fica rígido e meus lábios se abrem em admiração
enquanto seus olhos brilham com um inferno de chamas vermelho-
sangue.
— Fenrirssons, — ele rosna, com um som tão animalesco que levanta
os pelos da minha nuca.
O antigo nome que escapou de sua boca é um que só ouvi em
histórias e mitos.
Os Filhos de Fenrir.
Eles eram um clã nórdico de lobos que viveu há séculos. Foi dito que
eles eram os descendentes diretos de Fenrir, o filho do deus nórdico Loki.
Meu tio Toby costumava nos contar histórias quando éramos filhotes
dos grandes guerreiros do exterior.
Os lobos extraordinariamente enormes que lutaram e ganharam
muitas batalhas para proteger o que era deles antes de serem
exterminados pelos caçadores.
— O que está acontecendo? — Eu pergunto, me sentindo muito
assustada. — Por que você acabou de dizer isso?
— Minha mãe, — ele diz enquanto seus olhos voltam ao tom normal.
— Ela está aqui conosco agora.
O sangue latejando em meus ouvidos é quase ensurdecedor enquanto
meus olhos procuram a escuridão da floresta ao nosso redor, mas não
vejo ninguém.
— Onde? — Eu pergunto.
— O espírito dela, — ele esclarece. — Eu posso sentir a presença dela
ao meu redor. Eu não sabia o que era antes na masmorra, mas não tenho
dúvidas. E ela.
Minha pele fica arrepiada e ele segura minhas mãos. — Não tenha
medo, — diz ele, com a emoção enchendo sua voz. — Ela está me
chamando para casa.
— Onde fica sua casa? — Eu pergunto, embora eu tenha quase certeza
de que já sei a resposta.
Se ele realmente faz parte dos Filhos de Fenrir, teremos que cruzar o
Oceano Atlântico e abrir caminho pelos confins da Escandinávia.
Noruega para ser exato. Pelo menos, é o que tenho lido nos livros.
— Longe daqui, — ele responde enquanto olha para o céu da meia-
noite, — mas minha mãe vai me guiar.
— Por que agora? — Eu pergunto. — Por que ela não o ajudou quando
você estava sendo torturado nas mãos de Alfa Gorion?
— Ainda não sei a resposta, — afirma. — Mas eu sei que devo fazer
isso, e sei que somos mais fortes juntos. Venha comigo. Eu quero você ao
meu lado.
O olhar de pura admiração e devoção que ele me dá é o suficiente para
eu tomar minha decisão, embora eu saiba que deixar minha matilha seja
doloroso.
Vou ajudá-lo a encontrar sua casa, mesmo quando a incerteza me
domina com força. Vamos pôr fim ao reinado de Alfa Gorion e, quando
terminarmos, voltarei para minha matilha como uma verdadeira
guerreira.
Uma verdadeira fêmea Alfa. Este será meu legado. Paramos
brevemente em minha casa antes de partir e, por sorte, não encontramos
nenhum guarda patrulhando.
Apressadamente, coloco uma pequena bolsa de viagem com algumas
coisas de que podemos precisar: roupas, algumas ferramentas e um
facão.
Não sei o que enfrentaremos nesta longa jornada, mas essas coisas
podem ser úteis.
Antes de deixar minha velha e amada cabana, pego um pedaço de
papel e uma caneta antes de escrever uma pequena carta para minha mãe
explicando por que tive de sair e que voltarei para casa depois de resolver
toda essa merda.
Rezo à Deusa para que ela não se preocupe muito. Com isso, nossos
lobos assumem o controle e partimos para a escuridão da noite em uma
busca que certamente determinará nossos destinos.
Capítulo 21
ENCONTRANDO NOSSO DESTINO
Artemis

Uma semana se passou desde que pisei em terra de ninguém.


Cruzamos centenas de quilômetros em direção ao norte, a vegetação da
minha terra natal lentamente se transformando em um terreno
congelado.
Pelos meus estudos, devemos estar no Canadá agora.
Parar apenas para comer, beber e algumas horas de sono quando
necessário me deixou exausta.
A distância que cobrimos enfraqueceu meu vínculo com minha
matilha, colocando minha loba no limite, mas eu estaria mentindo se
dissesse que não era emocionante estar aqui sozinha.
Eu pensei que já vivia na selva antes, mas não. Isto é a selva. Arvores e
arbustos são tão densos que a maioria dos lugares fica intransitável.
Tivemos a sorte de encontrar este pequeno pedaço de terreno limpo
com um rio sinuoso, e é por isso que Aeros decidiu que deveríamos parar
aqui para descansar à noite.
Ele parece estranhamente familiarizado com a selva, com a maneira
como ele navega pelas densas florestas.
Ele parece saber exatamente para onde estamos indo, mesmo sem
nenhum mapa ou conhecimento desta terra. Não só isso, mas ele é um
caçador extremamente habilidoso. O predador por excelência.
Nunca vi nada igual, e me pergunto por que ele tem tanto medo de
Alfa Gorion.
Eu observo enquanto o sol da tarde se põe atrás do horizonte,
pintando o céu com uma infinidade de laranjas, vermelhos, roxos e azuis.
Neve empoleira-se delicadamente no topo dos galhos nus das árvores
enquanto um cobertor de penugem branca cobre o chão, e eu estremeço
quando uma brisa gelada me envolve.
O fogo que Aeros construiu antes envia um fluxo constante de fumaça
nebulosa, e eu chego um pouco mais perto para aquecer minha pele.
Pegadas na neve atrás de mim me fazem virar a cabeça rapidamente,
apenas para encontrar um Aeros muito nu com um grande cervo jogado
por cima do ombro.
— Espero que você esteja com fome, — ele sorri antes de colocar o
animal no chão e jogar outra lenha no fogo. — Cru ou cozido?
— Cozinharemos esta noite, — eu respondo. Comi carne crua o
suficiente na última semana para uma vida inteira.
Ele dá a volta e pega minha mochila — aquela que eu peguei antes de
sairmos — e tira o grande facão antes de começar a trabalhar na
preparação do enorme animal.
Algumas horas depois, suspiro satisfeita ao terminar meu jantar, com
minha barriga vazia agora cheia de uma deliciosa carne de veado. Aeros
está sentado do outro lado do fogo, com seus olhos treinados nas chamas
enquanto ele come.
Tenho tantas perguntas que quero fazer a ele. O pouco que peguei em
seus sonhos me diz que algumas de suas memórias de infância voltaram.
Ainda não entendo como ele está projetando seus sonhos para mim,
mas tenho visto lugares que sei que nunca tinha visto antes quando isso
acontece.
Campos abertos de lavanda e salgueiro rosa, longos trechos de praias
arenosas sem nada além do oceano até onde a vista alcança, mas acima
de tudo, sonhei com uma mulher, sua mãe.
Forte, poderosa e sobrenatural. Seu cabelo longo e escuro cai em
cascata sobre os ombros, uma coroa de ouro incrustada de joias no topo
de sua cabeça.
Ela sempre sussurra para ele em uma língua que não consigo
entender.
Ainda acho que é um pouco exagerado que ele seja um Filho de Fenrir,
não importa quantas vezes ele me tranquilize.
Alfa Gorion atravessou o oceano só para sequestrá-lo? Talvez Aeros
seja muito mais valioso do que eu imagino. De qualquer forma, espero
que ele saiba para onde está indo.
— Para onde vamos daqui? — Eu pergunto a ele curiosamente. — Se
você é um Filho de Fenrir, teremos de cruzar um oceano para chegar à
sua terra natal. Como você acha que cruzaremos o Atlântico sem barco?
Aeros enxuga o sangue da boca, tendo optado por consumir sua
refeição crua, antes de erguer os olhos para o céu noturno que dança
com milhares de estrelas cintilantes.
— Você vê aquela estrela aí? — Ele pergunta apontando para cima. —
Minha mãe me disse que aquela estrela me levará para casa. Quanto à
travessia do mar, vou descobrir isso quando chegarmos lá.
— Uma estrela? — Eu pergunto, perplexo. — É assim que você sabe
para onde ir?
— Minha mãe me guia, — ele responde enquanto olha para longe.
Deusa, ele poderia ser mais misterioso?
O fogo crepita e crepita enquanto eu o observo, com as chamas
dançando e iluminando suas maçãs do rosto afiadas, e o reflexo delas
queimando em seus olhos.
Ele não é nada como o Aeros que conheci quando o encontrei pela
primeira vez no território de minha matilha. Temeroso e abusado. Aqui
na selva, ele é todo masculinidade. Todo macho Alfa. Honestamente, ele
é muito sexy, devido à maneira como seus músculos se flexionam a cada
movimento que ele faz.
Faria todo o sentido se ele realmente descendesse de um deus
porquê... bem, ele se parece com um deus. Um deus terrivelmente lindo.
Ele não tira os olhos de mim enquanto eu me levanto e vou até ele,
com o instinto de estar perto dele guiando meus movimentos.
Ele está vestindo apenas short de ginástica velho de Raiden, e eu sei
que ele deve estar congelando, mas quando eu me sento em seu colo, seu
corpo irradia um calor mais quente do que o fogo crepitante.
— Como você não está congelando? — Eu murmuro enquanto passo
minhas mãos em seu peito. — Sua pele está tão quente.
Um rosnado suave vibra em seu peito, e ele agarra meus pulsos e os
segura com força.
— Minha mulher, — ele ronrona. — Eu acredito que você gosta de me
tentar.
— Eu gosto, — digo a ele enquanto me inclino para frente e esfrego
minha bochecha na dele. — Os lobos não podem resistir ao chamado de
seus companheiros. A maioria já estaria acasalada. Você não precisa ter
medo de me machucar. — Um rosnado sensual deixa seus lábios
enquanto ele enterra o nariz no meu pescoço e inala. — Você não sabe do
que sou capaz.
Eu cantarolo com prazer enquanto seus lábios deslizam pelo meu
pescoço, e quando eu sinto as pontas afiadas de seus dentes na minha
garganta, minha cabeça se inclina para trás com um convite.
— É inevitável, não é? — Ele pergunta, com sua voz profunda abafada
na minha pele. Seus lábios fazem o seu caminho do meu pescoço, ao
longo da minha mandíbula, e quando ele alcança minha boca, ele me
beija profundamente.
O gosto dele faz com que endorfinas explodam em meu corpo, mas
logo ele se afasta.
— Mas não esta noite. Esta noite, você vai descansar. Vou ficar
acordado e vigiar. Ainda temos uma longa jornada pela frente.
Soltando um grande bufo, eu concordo relutantemente. Está muito
frio aqui e estou cansada. Muito cansada.
Eu me levanto de seu colo antes de tirar minhas roupas e deixar
minha loba emergir. Seu pelo e a pele do meu companheiro vão me
manter mais quente do que qualquer quantidade de roupa pode.
Uma vez que estou totalmente transformada, Aeros me puxa de volta
para seu colo, passando as mãos pela minha pele de ônix e, antes que eu
perceba, a exaustão me puxa para baixo e meus sonhos assumem o
controle.
Capítulo 22
SEM DESCANSO PARA OS ÍMPIOS
Artemis

Em algum momento durante a noite, Aeros me cutuca para acordar.


Meus olhos se abrem lentamente, com minha mente mal fora dos limites
do sono quando ele sussurra: — Estamos sendo vigiados.
O pelo da minha nuca arrepia-se com o seu aviso sinistro e eu olho
através da paisagem congelada, mas mesmo com a visão da minha loba,
quase não consigo distinguir nada.
O fogo ardente que antes rugia com vida se reduziu a brasas, e grandes
nuvens onduladas desceram sobre a lua, fazendo com que a escuridão
engolisse tudo.
Apressadamente, eu mudo de volta para minha pele.
— O que você viu? — Eu pergunto, com meu andar instável enquanto
eu puxo meu suéter sobre a minha cabeça.
— Eu não vi nada, — ele disse calmamente. Ele pega o facão que usou
para cortar o veado antes e o coloca na minha mão. — Eu posso sentir.
Ele fica em silêncio por um momento antes de falar novamente. —
Fique aqui. Eu cuidarei disso.
— Fique aqui? — Eu pergunto incrédula. — Nem fodendo. Eu vou
contigo.
Aeros balança a cabeça, sua expressão é séria. — Não. Você não sabe
nada sobre esses bosques ou o que pode estar escondido neles. Você
estará mais segura aqui.
Eu olho para a lâmina longa e grossa em minha mão e aperto o cabo
com força.
Não sei merda nenhuma sobre esse território, e a última coisa que
precisamos é que eu me separe dele e acabe perdida.
Além disso, duvido que qualquer coisa aqui possa ser tão intimidante
quanto a besta de um homem parado na minha frente.
— Ok, — eu sussurro asperamente. — Mas se apresse.
Ele acena com a cabeça uma vez antes de recuar para a linha das
árvores, e assim que ele desaparece de vista, um arrepio percorre minha
espinha. Depois de jogar outra tora no fogo, espero.
O tempo passa incrivelmente lento, cada minuto parecendo uma vida
inteira. Cada pequeno som da natureza me faz pular e tento me
convencer de que não há nada a temer.
— Você é uma fêmea Alfa pelo amor da Deusa, — Eu me repreendo. —
Controle-se e aja como uma.
Felizmente, a conversa estimulante parece funcionar. Isso é até que eu
ouço o estalo de um galho de árvore morta, e eu praguejo enquanto
quase pulo da minha própria pele.
Olhando na direção do barulho, espero ver Aeros, mas em vez disso,
meu coração pula na minha garganta.
Quatro machos corpulentos saem das sombras, cada um maior que o
anterior, e pelo que parece, eles não estão aqui para uma visita amigável.
De grande utilidade foi meu encorajamento.
— Nossa, que linda mulher, — o maior deles sussurra. Seu cabelo
dourado é quase tão longo quanto o meu, sua barba é despenteada.
Eu me encolho quando seus lábios se curvam em um sorriso
malicioso. — Uma coisinha como você não deveria estar aqui sozinha. É
perigoso, sabe?
Os outros riem de sua observação enquanto se aproximam, com suas
botas pesadas esmagando a neve a cada passo que dão.
— Não estou sozinha, — digo a ele, tentando engolir o medo espesso
que se instalou na minha garganta.
— Parece que você está sozinha comigo. — Ele sorri enquanto se
aproxima ainda mais. — Você está invadindo, pequena exilada. Este é
meu território. Você sabe o que fazemos com exiladas como você?
Ele finge lamber os lábios como se estivesse prestes a participar de
uma refeição digna de um rei. — Melhor ainda, acho que vou apenas
mostrar a você.
Engolindo em seco, meu pulso troveja em meus ouvidos enquanto
meus olhos vão de um homem para o outro.
Durante toda a minha vida, meu pai me ensinou a nunca demonstrar
medo, que isso apenas revela suas fraquezas.
Eu sei que vou morrer aqui esta noite se eu deixar que eles vejam meu
medo.
Lembrando-me de todos os ensinamentos de meu pai, levanto meu
queixo e respiro fundo. Quando exalo, deixo o medo desaparecer junto.
Se for a minha hora de encontrar a lua esta noite, que seja, mas vou
levar pelo menos um desses idiotas comigo.
— Eu não sou uma exilada, — eu rosno, segurando minha arma com
força. — E eu não sabia que estava em território reivindicado, mas se
você chegar mais perto, eu vou te matar.
Uma risada sinistra ressoa em seu peito enquanto ele olha para o
facão em minha mão.
— Uma coisinha tão corajosa, não é? — Ele sorri. — Acho que vou
arriscar.
Eu me firmo enquanto ele fecha a distância entre nós e agarro o cabo
da lâmina com tanta força que meus nós dos dedos ficam brancos.
— Este é o seu último aviso, — digo a ele. — Cai fora.
Com um lampejo de dentes, ele estende a mão para pegar a lâmina da
minha mão, mas eu me movo rapidamente, trazendo-a para trás da
minha cabeça e girando-a de volta com cada grama de força em mim.
Há um olhar momentâneo de surpresa em seu rosto quando a lâmina
se curva no ar antes de cortar seu pescoço.
Então, tudo fica silencioso.
Alguns momentos angustiantes depois, um gorgolejo nauseante
borbulha de sua boca antes que sua cabeça deslize de seu pescoço, caindo
no chão congelado com um baque repulsivo.
Um grosso borrifo de sangue jorra do espaço vazio onde sua cabeça
estava antes, e o líquido quente respinga em meu rosto.
Meu peito arfa rapidamente, com meus olhos arregalados enquanto o
choque do que acabei de fazer se instala profundamente em meus ossos.
A bile sobe na minha garganta e eu me dobro enquanto engasgo a
carne de veado que comi no jantar mais cedo.
Antes que eu possa me endireitar novamente, alguém me empurra no
chão com força, e o facão quica da minha mão e desliza pela neve quando
eu caio.
— Aquele foi o meu Beta que você acabou de matar, vadia, — o
homem de cabelos escuros cospe enquanto sobe em cima de mim.
Sua respiração não faz nada para aliviar meu estômago revolto, e eu
viro minha cabeça apenas para encontrar os olhos vidrados da cabeça
decepada de seu Beta.
Dedos sujos agarram minhas bochechas, apertando com força e
puxando meu rosto de volta para encontrar o dele.
— Você vai pagar por isso com sua vida.
— Eu não faria isso se fosse você, — interrompe uma voz profunda e
familiar.
Com o canto do olho, vejo a forma maciça de Aeros caminhando em
nossa direção, com seus passos largos poderosos e cheios de propósito.
— Quem diabos..., — o idiota em cima de mim começa a dizer, mas
suas palavras são instantaneamente cortadas quando Aeros agarra sua
garganta e o levanta no ar.
Os olhos do meu companheiro estão tão brilhantes como o fogo do
inferno agora, e eles são tão aterrorizantes e inspiradores como da
primeira vez que os vi.
Um arrepio me percorre enquanto o poder e a raiva irradiam para
dentro e para fora de todo o seu ser.
Ele se parece com o próprio diabo, direto das entranhas do inferno.
— Não... não pode ser, — o tolo engasga, com sua voz agora cheia de
medo enquanto ele tenta recuperar o fôlego. — A... a marca da besta.
Meu coração bate de forma irregular no meu peito quando Aeros solta
um rugido ensurdecedor.
Eu quero desviar o olhar, mas não posso deixar de assistir à cena
macabra quando o punho de Aeros mergulha direto no peito do homem.
A bile sobe na minha garganta mais uma vez enquanto ele puxa seu
coração ainda batendo, com o vapor saindo da ferida aberta como em um
filme de terror.
O macho se inclina na mão de Aeros, e ouço alguém gritar atrás de
mim: — Pegue o Alfa! Agora!
Levantando-me do chão, finalmente fico de pé antes de agarrar o
braço de Aeros.
— Essa é a nossa deixa para sair, garotão, — digo a ele enquanto o
puxo para frente, mas ele não se move.
Ele é como uma parede de concreto dura e imóvel. Sua fúria é
palpável, zumbindo no ar ao nosso redor.
— Aeros, — eu tento novamente. — Aeros, por favor. Nós precisamos
ir.
Minha voz está trêmula de novo, mas desta vez, não sei se é por medo
ou pelo fato de eu ter acabado de decapitar alguém, ou talvez seja por ver
o coração de alguém ser arrancado do peito.
De qualquer forma, meu estômago ainda está se revirando de náusea,
e se eu tivesse um espelho agora, aposto que pareceria tão selvagem
quanto me sinto.
Por fim, os olhos de Aeros encontram os meus, e as chamas neles
ficam ainda mais brilhantes. Ele deixa cair o corpo mutilado a seus pés, e
sua expressão se suaviza quando suas mãos sobem para embalar meu
rosto.
— Você está machucada? — Ele pergunta, o sangue em suas mãos é
pegajoso e quente contra a minha pele.
Ele não espera por uma resposta, porque ele me pega em seus braços e
se vira para ir embora.
— Espere! — Um dos babacas restantes grita.
Aeros para e olha para ele, e não sei se o homem deseja morrer ou se é
simplesmente burro, mas se Aeros estivesse me olhando assim, eu
fugiria. Rápido.
A garganta do homem balança sob o olhar intenso de Aeros, mas o
que ele diz em seguida desperta minha curiosidade o suficiente para que
eu espere que Aeros não o mate. Não imediatamente, pelo menos.
— Não vá embora, — ele gagueja. — Eu conheço algumas pessoas que
estão procurando por você há muito tempo.
Capítulo 23
TÃO PERTO, MAS TÃO LONGE
Aeros

Se há uma coisa que aprendi em minha existência miserável, é que a


raiva pode ser uma coisa formidável.
Ela pode crescer até te consumir. Ela pode puxá-lo para baixo como
uma forte correnteza.
Eu experimentei isso inúmeras vezes enquanto era forçado a lutar,
mas nunca experimentei mais do que quando alguém a machuca ou a
ameaça.
Mesmo com o coração ensanguentado de seu agressor em minhas
mãos, não é o suficiente. Nunca será suficiente para aqueles que desejam
prejudicar o que é meu.
Quando eu terminar aqui esta noite, os covardes que atacaram
Artemis saberão quem eu sou e terão medo de mim.
O cheiro da morte mancha o ar fresco da noite, lembrando-me de
todas as vidas que tirei no passado.
A besta dentro de mim está furiosa porque alguém ousou tocar o que
é seu. Seu antigo poder corre em minhas veias. Sua necessidade de
vingança preenche todos os meus pensamentos.
Tudo o que importa para ele é nossa companheira, nossa salvadora.
Todo esse tempo, temi que ele pudesse machucá-la por causa da minha
falta de controle sobre ele.
Eu sei agora que ele não mataria apenas por ela; ele morreria por ela.
É uma verdade que sinto no meu coração.
Através do caos em minha mente, ouço Artemis chamar meu nome, e
a fera se suaviza ao ouvir sua doce voz.
Quando eu olho para ela, há sangue manchando seu rosto pálido e os
grandes olhos esmeralda, que eu gosto tanto que olhe para mim. Ela é
linda demais para alguém como eu.
Minhas cicatrizes são um lembrete doloroso de como sou indigno
dela. Mesmo sabendo que isso é verdade, ainda vou matar qualquer um
que tentar tocá-la.
Cada parte dela foi feita para mim. Apenas para mim.
Estendo a mão, eu gentilmente seguro seu rosto. Sua pele é macia
como uma pena contra minhas mãos calejadas, e não posso deixar de
pensar em como o resto de seu belo corpo deve ser suave. — Você está
machucada? — Eu pergunto a ela, mas não espero por uma resposta.
Preciso senti-la pressionada em mim, sentir aquela corrente elétrica
suave que só acontece quando nos tocamos.
Erguendo-a facilmente, eu a puxo para o meu peito e enterro meu
nariz em seu cabelo escuro. Ela parece tão pequena em meus braços, mas
sua força e coragem rivalizam com as de um grande guerreiro.
Eu não a mereço. Sua alma é muito preciosa para os caminhos
perversos deste mundo.
Artemis encosta a cabeça no meu peito e a raiva da fera diminui
completamente. Ele anseia pelo toque dela tanto quanto eu. Ele anseia
estar completo com ela, anseia por ela.
Satisfeito, me viro para ir embora, mas uma voz trêmula nos chama,
me deixando imóvel.
— Esperem! Não vão! — A voz diz. — Eu conheço algumas pessoas
que estão procurando por você há muito tempo.
Eu me viro para olhar para o homem, e a calma que senti momentos
antes se esvai.
— Covarde, — eu rosno enquanto coloco Artemis de volta no chão. Eu
ando até ele e envolvo minha mão em tomo de sua garganta frágil. —
Esta noite, você vai morrer como um covarde.
— Aeros, espere! — Artemis grita. — Ouça-o!
A urgência em seu tom me faz parar mais uma vez e, ao longe, ouço
uma voz profunda e estrondosa começar a cantar.
Parece tão deslocada no silêncio, mas assim que ouço as palavras,
memórias que há muito esqueci voltam à minha mente.
Memórias de minha mãe e minha terra natal, de um passado que
tenho lutado para lembrar.
— Minha mãe me disse...
— Eu seria um grande guerreiro...
— E quando eu morrer, ela não vai chorar...
— Pois com Fenrir, estarei festejando, — respiro, terminando a letra
da canção.
Logo, um homem mais velho entra na clareira, com seu corpo
adornado com peles pesadas e um largo sorriso espalhado em seu rosto.
Seu cabelo comprido e sua barba desgrenhada o fazem parecer um
pouco sinistro, mas não sinto nenhuma ameaça imediata dele.
Há algo familiar em seus traços, mas por mais que tente, não consigo
identificá-lo.
Ele dá alguns passos mais perto, com seu sorriso se alargando ainda
mais quando ele consegue me olhar bem.
— Não acredito, — diz ele. — Sobrinho? É realmente você?
— Quem é você? — Eu rosno. A emoção transparece em seus olhos
quando ele leva a mão ao coração.
— Eu sou Alfa Rowan Echethier, irmão da Rainha Aurora Ulednar, e
você, lobo, é meu sobrinho. A personificação do próprio Fenrir todo-
poderoso!
Minha mãe. E por isso que ele parece familiar.
Será que esse homem realmente é meu parente?
Sei que esta não é minha casa, mas minha mãe deve ter me trazido
aqui por um motivo.
Quando os olhos de Rowan finalmente deixam meu rosto, ele observa
os corpos dilacerados espalhados pelo chão.
— O que aconteceu aqui? — Ele pergunta, com uma carranca
profunda substituindo o sorriso de antes.
— Seus homens atacaram minha mulher. Tenho certeza de que você
pode descobrir o resto.
Ele acena com a cabeça, pensativo. — Minhas desculpas, querido
sobrinho.
Ele vai até a cabeça deitada no chão e a cutuca com a bota. Eu sorrio,
satisfeito com o pensamento de que minha pequena e corajosa guerreira
se defendeu de um homem muito maior.
Isso apenas confirma minha crença em sua força e coragem.
— Parece que um Beta decente é difícil de conseguir hoje em dia.
Quanto aos que você deixou vivos, tenha certeza de que serão punidos
por seu comportamento, — continua Rowan.
— Mas não importa. Meu sobrinho voltou e não há nada que possa
estragar isso. Você está em família agora, e eu vou cuidar para que você
seja bem cuidado aqui.
— Eu não confio em você, — eu rosno. — Esta não é a minha casa.
— Você está certo, — ele diz. — Esta não é sua casa, mas sua mãe
nasceu e foi criada aqui. Você e sua mulher estarão seguros aqui.
— Há muito que você não sabe sobre sua terra natal e os eventos que
aconteceram desde que você partiu, mas vou lhe contar tudo quando
você tiver descansado e de barriga cheia.
— Eu acredito nele, — Artemis sussurra do meu lado. Ela enfia os
dedos nos meus e aperta minha mão de forma tranquilizadora. — Ele
está dizendo a verdade.
Rowan junta as mãos com entusiasmo.
— Então está resolvido! Venham agora! Amanhã, haverá uma grande
festa para celebrar o retomo de Aeros Ulednar, o legítimo rei dos Filhos
de Fenrir!
Artemis olha para mim, perplexa.
— Ele acabou de dizer rei? — Ela pergunta, mas ele já desapareceu na
escuridão da noite.
— Venham! — Ele chama da floresta, então puxo Artemis para perto e
o sigo com relutância. Se o que esse homem diz é verdade, estou mais
perto de descobrir meu passado do que imaginava.
Capítulo 24
PARA AMAR UMA FERA Artemis
O ar fresco da noite fica mais espesso à medida que nos aproximamos
da matilha de Rowan. As árvores estão cada vez mais esparsas e as poucas
casas por onde passamos não passaram despercebidas por mim.
As casas aqui são cabanas de toras primitivas, os edifícios rústicos não
muito diferentes da minha própria casa em Southridge.
As plumas de fumaça cinza e branca que saem de suas chaminés nos
telhados me lembram dos meses de inverno no Missouri.
Logo, chegamos a uma clareira e no meio está uma réplica muito
maior das cabines menores pelas quais passamos no caminho para cá.
Seguimos o Alfa para dentro e eu suspiro, grata pelo calor que
imediatamente me envolve.
— Este é a casa da matilha, — Rowan diz, parando para que Aeros e eu
possamos absorver tudo. O lugar parece antigo, mas é extremamente
bem cuidado.
Os chifres gigantes pendurados nas paredes fazem com que pareça
um alojamento de caçador, e as únicas luzes que posso ver são as velas
que revestem as paredes em candelabros de bronze antigos.
Muito primitivo, de fato.
Rowan começa a andar novamente, então nós o seguimos. Ele nos
conduz por um corredor estreito até o final, onde uma pequena morena
está parada do lado de fora de uma das muitas portas que estão colocadas
ao longo do corredor.
— Rei Ulednar, — ela cumprimenta educadamente quando paramos
na frente dela. — É uma honra estar em sua presença.
A bela mulher se curva graciosamente, com seu olhar demorando em
Aeros um pouco mais do que eu gostaria.
Não posso dizer que a culpo, mas um rosnado sobe pela minha
garganta antes que eu possa impedir. Seus olhos rapidamente voam para
mim, com suas bochechas queimando em um tom profundo de
vermelho.
— E você é, senhorita?
— Eu sou Artemis Stone da matilha Southridge. Eu sou a
companheira de Aeros.
— Entendo, — diz ela antes de trocar olhares com Rowan. — E um
prazer te conhecer.
— Esta é Inga, — diz Rowan. — Ela é minha serva pessoal e
providenciará para que você seja cuidado enquanto estiver aqui.
— Inga, — ele continua. — Traga aos nossos convidados uma refeição
quente e algumas roupas limpas. Espero que você já tenha enchido a
bacia como solicitei?
— Sim, Alfa, — ela responde antes de inclinar a cabeça e ir embora.
Aeros e eu entramos pela porta, Rowan seguindo logo atrás. A sala
enorme é muito parecida com o resto do prédio, rústica, mas
aconchegante.
Há uma lareira à esquerda e à direita uma pequena cama coberta com
cobertores de lã e peles.
Em frente à janela solitária está uma grande bacia de metal cheia de
água fumegante e no parapeito da janela vários sabonetes caseiros
diferentes.
— Então, é verdade, — diz Rowan. — O que minha querida irmã
predisse aconteceu.
— O que você quer dizer? — Aeros pergunta depois de estar tranquilo
durante todo esse tempo. — Até agora, só falou em enigmas. Conte-me
sobre a minha mãe.
Rowan ri.
— Você aprenderá tudo o que precisa saber no devido tempo, mas vou
lhe dizer isso. Sabíamos que você era muito especial desde o momento
em que nasceu. Seus olhos mantiveram a marca de Fenrir, e todos em sua
matilha se alegraram.
— Depois que você foi levado, Aurora previu que você voltaria. Ela
também previu que você não estaria sozinho, mas com alguém muito
importante. Uma guerreira com a força e a coragem de mil homens
valentes. Sua verdadeira companheira.
Os olhos azuis brilhantes do Alfa me encontram e parecem procurar
em meu corpo por algo que não está lá.
— No entanto, não vejo nenhuma marca de reivindicação em sua
carne. Nem sinto os aromas usuais de um par acasalado.
Sinto minhas bochechas esquentarem quando percebo o que ele está
dizendo.
— Nossa vida sexual não é da sua conta, — eu declaro.
— Oh, mas é, minha querida menina. Pois essa é a única maneira de
meu sobrinho adquirir suas verdadeiras habilidades. Veja, minha irmã foi
abençoada com a profecia.
— Ela era uma vidente, um oráculo que podia ler as verdadeiras
intenções de alguém tão bem quanto ela podia ler o futuro.
— Ela só foi capaz de desbloquear essas habilidades uma vez que se
acasalou totalmente com seu verdadeiro companheiro, o pai de Aeros, o
rei Eirik Ulednar. Só então os deuses falariam com ela e falariam
através dela.
Eu rolo meus olhos e me viro para a água limpa e morna que está
chamando meu nome tão desesperadamente. Meu rosto está coberto de
sangue seco e estou mais do que pronta para lavá-lo.
— Isso é loucura e impossível, — digo a ele.
— Tudo é possível, garota. Especialmente quando se trata dos deuses.
— De que deuses você está falando? De onde eu sou, existe apenas
uma deusa. A deusa da lua.
— De onde você é, não é aqui, — diz ele, sua voz subindo alguns tons.
— Acreditamos em muitos deuses e deusas semelhantes. O mesmo
pode ser dito dos Filhos de Fenrir, mas é Fenrir que eles adoram. Foi ele
quem lhes deu vida e é ele quem mora no coração do meu sobrinho.
Atrás de mim, Aeros rosna profundamente, lembrando Rowan de sua
presença. — Abaixe a sua voz quando falar com ela.
O Alfa sorri timidamente e limpa a garganta. — Minhas desculpas,
sobrinho. Eu tendo a ficar um pouco empolgado ao falar dos deuses.
Ele então se vira para mim, com sua voz muito mais baixa desta vez.
— Você disse que seu nome é Artemis. Em nossas lendas, Artemis é a
deusa da lua e uma guerreira e caçadora habilidosa. Diga-me, qual é o
papel que você ocupou em sua matilha?
— Meu pai é o Alfa de Southridge, e eu irei tomar o lugar dele um dia.
Rowan ri novamente antes de caminhar até a porta.
— Você não será a Alfa de Southridge, garota.
Coisas muito maiores esperam por você. Agora, sugiro que vocês dois
descansem um pouco.
Verei vocês no banquete depois que o sol se pôr amanhã.
Eu começo a perguntar o que diabos ele quer dizer com isso, mas ele
desaparece pela porta, fechando-a atrás de si.
— In-crí-vel, — murmuro enquanto eu volto para Aeros. Ele se senta
na cama agora, seus antebraços em cima dos joelhos com sua cabeça
baixa.
Ele passa a mão pelo rosto e pelos cabelos e, pela primeira vez desde
que começamos nossa jornada, ele parece exausto.
Não consigo nem imaginar o que ele está passando, como isso deve
ser difícil para ele.
— Venha aqui, — diz ele, quando ele percebe que estou olhando. Sem
perder o ritmo, eu me aproximo, e ele me puxa entre suas pernas
musculosas.
Minha respiração cessa enquanto seus dedos deslizam sob minha
camisola, acariciando a minha pele e deixando rastros de fogo.
Então, ele se levanta e puxa o suéter pela minha cabeça.
Eu respiro profundamente quando ele se inclina para tirar minhas
botas e jeans, e me sinto leve quando ele me levanta e me senta
suavemente na gigantesca bacia de metal cheia de água morna.
Depois de deixar cair os shorts de ginástica que ainda está usando, ele
desliza atrás de mim e começa a ensaboar meu cabelo com um dos
sabonetes caseiros deixados no parapeito da janela.
Eu inalo o cheiro de mel e rosa selvagem, e isso combinado com o
perfume masculino natural de Aeros me faz sentir inebriante.
— Vamos esquecer um pouco onde estamos e por que estamos aqui,
— ele murmura ao meu ouvido. Ele massageia com ternura meu couro
cabeludo e eu inclino minha cabeça para trás em seu peito.
Ele leva seu tempo ensaboando o resto do meu corpo, sendo
extremamente gentil quando ele lava meus seios e entre as minhas
pernas.
Ficamos assim por um tempo em silêncio, com minhas costas em seu
peito.
Suas mãos exploram lentamente meu corpo, me tocando de uma
forma que me faz doer por ele, e por mais que eu tente, não consigo
ignorar o comprimento grosso e duro pressionado em minha bunda.
— Eu quero que você me reivindique, — diz ele, sua voz profunda com
luxúria.
Meu estômago aperta quando sua mão trilha dos meus seios até o
ápice das minhas coxas. Suas pontas dos dedos mal tocaram a carne
macia e escorregadia lá, fazendo um gemido ofegante escapar dos meus
lábios.
Instintivamente, eu separo minhas pernas para ele, mas ele remove
sua mão e me vira de forma que eu fique de frente para ele.
Eu solto um pequeno gemido de protesto, mas ele engole o som com
um beijo exigente.
Sua língua dominante se enreda na minha, me lambendo
desesperadamente como se ele estivesse se afogando, e eu sou sua
próxima respiração.
Seus dedos logo começam a explorar novamente, e eu grito quando
um desliza dentro de mim.
Ele acaricia o dedo para dentro e para fora, encontrando um local que
faz meus quadris balançarem para frente e para trás por conta própria.
Uma pressão repentina cresce dentro de mim e minha cabeça cai para
trás em puro êxtase.
Quando a pressão aumenta demais, ele encontra meu clitóris e o
circunda com o polegar, acompanhando o ritmo do dedo que está dentro
de mim.
— Goze para mim, — ele rosna em meus lábios, o som vibrando em
seu peito e direto em meu núcleo.
Seu olhar nunca se desvia do meu rosto enquanto eu desmorono,
contraindo em tomo de seu dedo enquanto ondas de choque
devastadoras se movem por mim.
Eu monto nessas ondas violentas em êxtase, e quando elas começam a
diminuir, meus lábios encontram sua garganta. Meus dentes se afiam em
pontas delgadas, e eu os afundo profundamente em sua carne.
— Minha amada, — ele geme enquanto sua cabeça cai para trás. Seu
corpo enorme estremece, e eu sinto seu eixo rígido pulsar embaixo de
mim, com seu aperto na minha cintura implacável enquanto ele goza
violentamente.
Então, algo dentro de mim muda, e quando a tensão em seu corpo
cessa, seus olhos finalmente encontram os meus.
Eu suspiro com a emoção crua e desenfreada que vejo lá. Uma emoção
tão profunda, profunda demais para ser totalmente apreendida. Uma
lágrima solitária cai por sua bochecha mal barbeada enquanto ele
estende a mão para segurar meu rosto.
— Eu posso sentir você, — diz ele, com a voz trêmula. — Eu posso
sentir tudo o que você sente por mim.
Ele me envolve em seu peito, seu punho de ferro me segurando
firmemente contra ele. — Meu amado Artemis, meu coração nunca
esteve tão cheio.
Capítulo 25
O MAIS DOCE RESGATE
Artemis

Vulnerável.
Exposta.
Estimada.
Tantas palavras sem sentido que eu poderia usar para descrever as
emoções que estão surgindo através de mim agora, mas nenhuma faria
justiça ao meu coração.
Não sei como chegamos a esse ponto e definitivamente não imaginei
isso acontecendo em uma matilha estranha no meio do nada, mas talvez
seja assim que deveria ser.
Talvez seja isso que a Deusa planejou o tempo todo, ou talvez ela
encontre humor em tudo isso de alguma forma. Seja qual for o motivo,
fica para trás em minha mente com facilidade.
Tudo o que aconteceu na minha vida empalidece neste momento.
Todas as paredes que construí não tiveram chance contra ele.
Minha doce besta habitou as partes mais profundas de mim até que
não houvesse espaço para dúvidas e incertezas.
Estou apaixonada por ele.
Eu não tive tempo para reconhecer isso, mas eu soube no momento
em que deixei minha matilha para ele. Eu soube então que iria segui-lo
até os confins da terra, custasse o que custasse.
Nossas almas estão amarradas, presas pela bênção eterna da lua. Ele é
minha maior força e minha maior fraqueza.
Minha mais doce prorrogação e meu desejo mais sombrio.
Minha pulsação troveja em meus ouvidos, neste momento muito
intenso. Sinto-me exposta e não tenho onde me esconder. Eu o sinto em
meu coração, em minha mente, procurando e sondando por tudo o que
existe.
Minhas memórias, minhas esperanças, meus sonhos. Eles estão todos
expostos a ele, revelando minha própria essência.
Eu puxo uma respiração instável enquanto Aeros descansa sua testa
na minha, seu com olhar penetrante me mantendo cativa.
Então, um sorriso raro e lindo se espalha por seu rosto, e é quase o
suficiente para me colocar de joelhos.
Eu me inclino para seu toque enquanto sua mão vem para embalar
meu rosto, com seu polegar traçando um caminho suavemente sobre
meu lábio inferior.
— Eu te amo, Artemis, — ele diz, com sua voz cheia de emoção. — Eu
te amo mais do que a preciosa luz do dia. Você me mostrou seu coração.
O meu é seu para fazer o que quiser.
Inclinando-se para frente, ele passa seus lábios contra os meus, e eu os
abro para ele. Seu doce beijo me arrasta para baixo, a suave carícia de sua
língua um sussurro de seu amor eterno.
Quando uma lágrima escorre pela minha bochecha, digo a ele algo
que nunca disse a nenhum homem.
— Eu também te amo, Aeros. Diferente de tudo que eu já amei.
Ele me dá mais um beijo lento e demorado antes de ser retirada da
água, seus braços fortes são uma âncora calmante de conforto.
Vários passos longos depois, ele me deita em cima das peles macias
estendidas sobre a cama. Dando um passo para trás, sua expressão
escurece enquanto seus olhos se movem sobre minha carne nua.
— Você vai me dizer se eu for muito bruto, — ele rosna baixo. —
Agora, abra essas pernas bonitas para que eu possa te ver.
Engolindo em seco, faço o que ele diz, com o comando flagrante
fazendo meu coração martelar no meu peito. Minha pele queima, meus
mamilos instantaneamente endurecem sob seu olhar intenso.
Quando seus olhos viajam mais para baixo, ele para quando alcança
minhas partes mais íntimas. — Tão linda, — ele murmura, com seus
olhos dilatando até que eles iluminam com aquelas brasas de outro
mundo.
Ao mesmo tempo, as chamas da lareira atrás dele ganham vida, a luz
bruxuleante acariciando sua pele nua.
Como se estivesse em transe, meus lábios se separam enquanto eu o
considero pelo que parece ser a primeira vez.
Ele parece etéreo. Uma visão não destinada a olhos mortais.
O cabelo escuro e macio que emoldura suas feições marcantes, a linha
dura de sua mandíbula mal barbeada. Cada cicatriz em seu corpo parece
brilhar intensamente.
Meus olhos o bebem avidamente, daquele abdômen formidável à
tentadora linha escura de cabelo que se estende do umbigo até a virilha.
Quando finalmente chego ao fim dessa trilha escura, a lâmina de aço
grossa e ingurgitada que espera lá lateja como se exigisse minha atenção.
Aeros começa a acariciar aquela carne endurecida, com seus lábios se
curvando em um sorriso diabólico. — É isso que você quer, meu amor?
Um pequeno som de miado que eu nem mesmo reconheço sai da
minha garganta, a visão fazendo com que um calor líquido revestisse
minha parte interna das coxas.
Ele me dá um último sorriso sexy antes de se ajoelhar na cama diante
de mim. Levando minha perna à boca, ele pressiona um beijo suave
contra a parte interna do meu tornozelo.
Ele viaja para cima, dolorosamente lento, com sua língua deixando
uma faixa de prazer em seu rastro. Quando ele chega ao lugar onde estou
molhada para ele, ele faz uma pausa e inala profundamente.
— Eu queria provar você há tanto tempo, — ele respira, o calor de sua
respiração soprando em minha pele hipersensível.
Sem aviso, seus dedos me abrem e eu gemo quando sua língua faz seu
primeiro golpe através da minha carne escorregadia.
Um prazer puro se desdobra na minha barriga, cada golpe
subsequente de sua língua fazendo minhas pernas tremerem.
Suas mãos deslizam pela parte detrás das minhas coxas, empurrando
minhas pernas para trás e me expondo ainda mais. Um gemido de
apreciação ressoa em seu peito, e eu aperto as peles embaixo de mim com
a sensação avassaladora.
Cada movimento abrasador envia ondas de felicidade espiralando
através de mim, e quando ele suga meu botão inchado entre seus lábios,
um soluço estrangulado sai de minha garganta.
O orgasmo me consome de dentro para fora, meu corpo inteiro
tremendo com cada pulso elétrico disparado por mim.
Ainda estou tremendo quando seu corpo surge para cobrir o meu.
Abaixando a cabeça, ele me beija com tanta paixão que fico sem fôlego.
Com um braço o segurando, o outro envolve minha parte inferior das
costas e puxa meus quadris em direção a ele.
A grossa cabeça de sua carne endurecida se aninha entre meus lábios
inferiores, e um olhar de pura devoção brilha nos olhos de sua besta
enquanto ele lentamente empurra para dentro de mim.
— Eu te amo, minha rainha, — ele sussurra em meus lábios, e eu grito
quando a lâmina de sua carne penetra profundamente. Ele é tão grande,
tão grosso, que parece que estou sendo aberta.
Ele parece notar também, porque ele para momentaneamente apenas
para cobrir minha boca com a dele novamente.
Como a vazante e o fluxo do oceano azul profundo, ele toma seu
tempo enquanto explora minha boca.
Com cada golpe suave de sua língua, meu corpo começa a relaxar e,
após um impulso final, ele se embainha até o punho.
Sua mandíbula aperta com força enquanto ele se mantém lá, me
dando tempo para me ajustar ao tamanho dele.
Depois de um momento, ele lentamente se retira e nós dois exalamos
um suspiro trêmulo enquanto ele empurra de volta para dentro.
Minhas mãos logo se descobrem explorando as linhas curvas de
músculos em seus braços.
Cada um se curva e flexiona com cada movimento de seus quadris,
seus movimentos lentos e constantes enquanto ele encontra um ritmo
que faz meus dedos do pé se curvarem.
A cada segundo que passa, ele me deixa mais perto da conclusão. Mais
perto de casa.
Não demorou muito para seus quadris irem mais rápido, com mais
força, até que o único som na sala fosse o de suspiros suaves e a pele
escorregadia se encontrando.
Meus lábios procuram os dele fervorosamente com a necessidade de
estar conectados de todas as maneiras possíveis. Em vez do beijo gentil
com o qual me acostumei, sua boca domina completamente a minha.
Eu sinto minha loba se submetendo a ele.
Sinto que estou me submetendo a ele e, neste momento, parece mais
do que certo. É uma sensação incrível.
Cada impulso poderoso envia uma corrente de eletricidade por todas
as terminações nervosas do meu corpo.
Seus lábios escaldantes se movem pela minha mandíbula, descendo
pelo meu pescoço até os meus seios. Meu aperto nele aumenta, o
movimento requintado de sua língua contra o mamilo endurecido me faz
estremecer.
Seus dentes beliscam levemente minha pele antes de puxar meu seio
em sua boca, sugando e mordendo até que eu esteja uma bagunça de
contorções.
Eu estou tão perto de algo que sei que vai mudar minha vida, mudar
todo o meu mundo.
Seus braços estão amarrados em volta de mim, me levantando da
cama e me puxando para seu colo.
Eu fracamente registro minha própria voz enquanto repito seu nome
uma e outra vez, com seu aperto de ferro me segurando no lugar
enquanto ele bate em mim com estocadas fortes e impiedosas.
Eu o sinto engrossar dentro de mim, com seus movimentos ficando
cada vez mais frenéticos. Eu gemo quando sua mão segura meu cabelo,
inclinando minha cabeça para trás para expor minha garganta.
Uma pontada de dor aguda me faz engasgar quando seus dentes
afundam em minha carne, mas é rapidamente substituída por um êxtase
absoluto. Não estou mais acorrentada a este mundo terreno. Estou
subindo, voando em uma altitude que me consome completamente.
Um som gutural sai de seu peito enquanto meus músculos internos
convulsionam rapidamente em tomo dele. Ele enfia em mim uma última
vez, pulsando e latejando enquanto ele se libera nas minhas profundezas.
A frota de emoções que começa a empurrar meu coração e enche
minha alma de êxtase. Compará-los ao mero amor seria como comparar
um furacão a uma chuva de primavera.
Quando percebo que essas emoções não são minhas, as lágrimas se
acumulam em meus olhos antes de rolar pelo meu rosto em gotas
pesadas. Suas memórias passam pela minha mente rapidamente como
um filme que avança rápido, e antes que eu perceba, estou soluçando em
seu peito.
Tudo o que vejo confirma a vida torturada que ele viveu, mas, mais do
que tudo, vejo lembranças nossas.
Em cada encontro que já tivemos, ele os mantém perto de seu
coração, guardando-os para sempre. Ele me segura perto, passando as
mãos pelo meu cabelo suavemente até que meus soluços se transformem
em choros silenciosos. Então, sem quebrar nossa conexão, ele se deita na
cama, puxando-me com ele.
Não há palavras para descrever tudo o que acabou de acontecer, então
ficamos ali em silêncio, absorvendo a gravidade do momento.
Logo, eu ouço o ritmo de nossos corações sincronizarem, e o zumbido
suave que existe entre nós, me embala em um sono profundo e pacífico.
Fim
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