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N1 – Fundamentos Linguísticos e Psicolinguísticos – Grace C S Castro

A escola na qual a professora Taís atua é confrontada por antigas


questões relativas ao ensino infantil e que visam combater o fracasso no
processo de alfabetização.i A unidade conta com equipe pedagógica experiente
e com conhecimento sólido que compartilha em sua rotina metodologia e
estratégias, mas os resultados de avaliação diagnóstica indicam que os bons
índices do passado não se repetem no presente. Outra geração de alunos, novo
contexto socioeconômico da região, enfim, o que mudou? O fato é que a antiga
rotina pedagógica se mostra defasada e já não atende às novas demandas.
Taís é o elemento novo na equipe de trabalho e está responsável por
uma turma bastante heterogênea, o que a motiva a abraçar o desafio de
conseguir convencer a equipe da necessidade da escolha de uma nova
metodologia que seja viável, e à aplicação de estratégias que possam sanar as
dificuldades dos alunos a fim de que eles avancem nas hipóteses sobre a leitura
e a escrita (nível pré-silábico; nível silábico; nível silábico-alfabético e nível
alfabético).
A proposta de mudança, certamente, vai interferir na “zona de conforto”
da equipe. Apresentar um plano de trabalho com etapas bem estruturadas é
fundamental para que Taís possa convencer seus pares. Visando à
aplicabilidade na mudança da rotina pedagógica na unidade, Taís pode propor
algumas ações para a equipe de trabalho:
- Estabelecer contato com as famílias para que os professores possam
conhecer os hábitos relativos à leitura e à escrita no ambiente doméstico, saber
das expectativas em relação à alfabetização e escolaridade. Esse contato com
a família vai auxiliar, ainda, na compreensão por parte do professor do processo
psicogenético da criança, auxiliando a identificar dificuldades no processo de
aprendizagem da leitura / escrita e as respectivas soluções, além de esclarecer
familiares a respeito do desenvolvimento das etapas metodológicas e orientar
procedimentos que estimulem o letramentoii;
- Uma vez identificados os impedimentos para o desenvolvimento das
hipóteses, a equipe de professores poderá discutir a respeito de qual
metodologia será mais adequada à situação e contexto social, sendo mais
favorável ao processo de alfabetização e letramento;
- Escolhida a metodologia, elaborar material de trabalho com propostas
diversificadas nas atividades, para atender às demandas de forma divertida e
motivadora para as classes;
- Estabelecer mecanismo que possa registrar e aferir competências dos
alunos e apontar aspectos que necessitem de maior suporte, a fim de nortear
individualmente as melhores estratégias de intervenção para cada caso.
As ações acima, vão atualizar dados importantes para a compreensão
do perfil sócio cultural dos alunos, do seu nível psicogenético e das expectativas
e ações presentes na rotina familiar em relação à instrução. A escolha de um
método adequado a esta realidade, certamente, vai passar pelo processo de
recapacitação da equipe pedagógica, através de leituras, debates e mesmo
treinamento com profissionais especializados da área. O fato é que a soma de
esforços terá como resultado a solução para o processo de compreensão da
língua e da escrita, com maior capacidade de compreensão e possibilidade de
interação no contexto social do qual fazem parte.

i
“O fracasso escolar sempre foi um dos impulsionadores das mudanças e concepções sobre alfabetização”
– Roteiro de Estudos;
ii
“(...) eventos e práticas de letramento surgem em circunstâncias da vida social ou profissional,
respondem a necessidade ou interesses pessoais ou grupais, são vividos e interpretados de forma natural,
até mesmo de forma espontânea(...)” (SOARES, 204, p.106, apud BORDIGNON, Lorita; PAIM, Marilane;
Educação em Debate, Fortaleza, ano 39, nº74 – jul./dez. 2017, p 59).

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