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Título : SERVIDOR PÚBLICO PODE SER DONO DE EMPRESA?


Autor : Agnaldo Bastos

DOUTRINA – 239/JUN/2021

SERVIDOR PÚBLICO PODE SER DONO DE EMPRESA?

AGNALDO BASTOS

Advogado atuante no Direito Administrativo, especialista em causas envolvendo concursos públicos e


servidores públicos. Sócio-proprietário do escritório Agnaldo Bastos Advocacia Especializada.

Não é raro ter pessoas que investem e buscam outras rendas mesmo quando estão amparados
pela conhecida estabilidade do serviço público.

Por outro lado, na Administração Pública devem ser respeitados os princípios que estão na
Constituição Federal, e um deles diz que o servidor não tem a liberdade de montar uma empresa.

Isso porque o servidor está obrigado ao princípio da legalidade, só podendo fazer o que lhe é
permitido em lei, ao passo que o empresário ou o trabalhador da iniciativa privada pode fazer tudo,
desde que não seja proibido legalmente.

Vamos demonstrar, a seguir, como o servidor público pode formar uma empresa e em que
condições pode atuar, a depender da categoria. Acompanhe!

O SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PODE TER EMPRESA?

No caso do funcionário público federal, ele é proibido por lei de participar como sócio-
administrador ou gestor de uma empresa.

Já na qualidade de acionista, cotista ou comanditário, isso é possível!

Entenda as modalidades em que o servidor federal pode atuar em uma empresa:

- Acionista: quando alguém tem ações em uma sociedade, tornando-se dona de uma parcela da
empresa.

- Cotista: é a pessoa que compra uma parte do valor do patrimônio (cota) de um fundo de
investimento.

- Comanditário: nas sociedades em comandita, quem é responsável até o limite do capital


investido, não fazendo parte da administração da empresa.

Perceba que o servidor pode até ser participante de uma empresa, mas não pode ser responsável
por sua gestão ou administração, uma vez que já se dedica integralmente à Administração Pública.

O SERVIDOR ESTADUAL OU MUNICIPAL PODE TER EMPRESA?

Agora, resta o questionamento sobre os servidores municipais e estaduais. Para quem trabalha
para o município ou o estado, a situação deve ser verificada conforme o estatuto do servidor.

Com isso, deve-se verificar a Lei Orgânica do Município, a Constituição estadual ou o Estatuto
próprio para saber em que condições o servidor pode atuar como empresário.

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Mas, se não houver nenhuma regra, é aplicada a regra estabelecida para o servidor federal.

QUEM TIVER EMPRESA ANTES DE ENTRAR NO SERVIÇO PÚBLICO, O QUE PODE FAZER?

Comentamos que o servidor federal não pode ser responsável pela gestão ou administração da
empresa.

Logo, caso o administrador da empresa seja aprovado para entrar em um cargo público federal,
ele deve passar sua gestão para outro sócio.

Mas, no caso do servidor federal que é MEI (microempreendedor individual), ele deve dar baixa.
Ou, ainda, mudar para uma empresa Limitada em que atue de forma colaborativa, e não como seu
principal administrador.

Vejamos, a seguir, as modalidades que podem ser permitidas ao servidor federal:

- Sociedade Limitada (Ltda.): formada por um ou mais sócios, em que cada participante
responde individualmente por sua participação, mas respondem juntos pelo capital total da empresa.

- Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli): ainda que não haja sócios, é
possível nomear outra pessoa para administrar o negócio.

No caso da Eireli, é aplicado o entendimento da Portaria Normativa nº 6, de 15 de junho de 2018,


da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão: “Não
se considera exercício de gerência ou administração de sociedade privada: a constituição de empresa
individual de responsabilidade limitada”.

Atenção! Para quem atua perante entidades municipais e estaduais, deve ser verificado o estatuto
próprio para saber quais empresas o servidor pode abrir.

QUAIS AS PENALIDADES PARA O SERVIDOR QUE TIVER UMA EMPRESA DE MANEIRA


INCORRETA OU ILEGAL?

O órgão público não pode interferir no que os servidores públicos realizam no âmbito privado,
desde que não tenha reflexos na esfera pública.

Afinal, a Constituição diz que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas.

Por outro lado, o funcionário público está limitado ao princípio da legalidade, só podendo fazer o
que lhe é permitido por lei.

Por isso, a Administração Pública pode e deve punir o agente público que contrariar seus
princípios, em especial, o interesse público.

De início, a infração do servidor é apurada em uma sindicância e, depois, pode se tornar um


processo administrativo disciplinar ( PAD).

Veja quais penalidades podem ser aplicadas a depender da gravidade:

1. Advertência;

2. Suspensão;

3. Demissão;

4. Destituição de cargo em comissão (para quem não tem cargo efetivo);

5. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

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Logo, a depender da gravidade da falta, é possível ser demitido do cargo público.

Ainda, pode ser aplicada uma pena de proibição de prestar novo concurso pelo período de
cinco anos após o desligamento.

Caso tiver dúvidas, é sempre bom consultar um especialista em servidores públicos, para que ele
apresente orientação correta ao seu caso e, assim, você tenha segurança jurídica.

Como citar este texto:


BASTOS, Agnaldo. Servidor público pode ser dono de empresa? Revista Zênite – Informativo de
Regime de Pessoal (IRP), Curitiba: Zênite, n. 239, jun. 2021, seção Doutrina.

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